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Encontrabilidade da informação: avaliação das affordances dos ambientes informacionais analógico e digital da Biblioteca Central Zila Mamede (BCZM) da UFRN

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

CURSO DE BIBLIOTECONOMIA

BRÍGIDA FELIPE DE PAIVA

ENCONTRABILIDADE DA INFORMAÇÃO: AVALIAÇÃO DAS ​AFFORDANCES

DOS AMBIENTES INFORMACIONAIS ANALÓGICO E DIGITAL DA BIBLIOTECA CENTRAL ZILA MAMEDE (BCZM) DA UFRN

NATAL 2019

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BRÍGIDA FELIPE DE PAIVA

ENCONTRABILIDADE DA INFORMAÇÃO: AVALIAÇÃO DAS ​AFFORDANCES​ DOS AMBIENTES INFORMACIONAIS ANALÓGICO E DIGITAL DA BIBLIOTECA

CENTRAL ZILA MAMEDE (BCZM) DA UFRN

Monografia apresentada ao curso de graduação em Biblioteconomia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Biblioteconomia. Orientador: Prof. Dr. Fernando Luiz Vechiato.

NATAL 2019

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA

Paiva, Brígida Felipe de.

Encontrabilidade da informação: avaliação das affordances dos ambientes informacionais analógico e digital da Biblioteca Central Zila Mamede (BCZM) da UFRN / Brígida Felipe de Paiva. - 2019. 60f.: il.

Monografia (Graduação em Biblioteconomia) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Departamento de Ciências da Informação. Natal, RN, 2019. Orientador: Prof. Dr. Fernando Luiz Vechiato.

1. Encontrabilidade da informação - Bibliotecas universitárias - Monografia. 2. Affordance - Monografia. 3. Ambientes informacionais - Monografia. I. Vechiato, Fernando Luiz. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/Biblioteca do CCSA CDU 027.7

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BRÍGIDA FELIPE DE PAIVA

ENCONTRABILIDADE DA INFORMAÇÃO: AVALIAÇÃO DAS ​AFFORDANCES​ DOS AMBIENTES INFORMACIONAIS ANALÓGICO E DIGITAL DA BIBLIOTECA

CENTRAL ZILA MAMEDE (BCZM) DA UFRN

Monografia apresentada ao curso de graduação em Biblioteconomia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Biblioteconomia. Aprovada em: 09/12/2019.

Local: Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

BANCA EXAMINADORA

______________________________________ Prof. Dr. Fernando Luiz Vechiato

Orientador(a)

Departamento de Ciência da Informação – UFRN

______________________________________ Profa. Dra. Mônica Marques Carvalho Gallotti

Membro interno

Departamento de Ciência da Informação – UFRN

______________________________________ Magnólia de Carvalho Andrade

Membro externo

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Ao que lhe disse Jesus: Se podes! Tudo é possível ao que crê.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a ​Deus​, à Ele toda honra, glória e louvor para todo o sempre.

Ao meu querido orientador ​Fernando Luiz Vechiato​, obrigada por correr, junto comigo, contra o tempo para que essa obra fosse realizada.

Aos meus ​pais​, que me fizeram ser o que sou. Apoiaram as minhas escolhas e incentivaram neste projeto, principalmente meu pai, ​Lenilton​. Obrigada por não me deixar desistir do meu sonho e permanecer comigo até o fim. Eu te amo, pai!

Aos meus ​irmãos​, especialmente ​Rosalina​, pelos ouvidos prestados a me ouvir tagarelar sobre o presente trabalho.

A BCZM pelo acolhimento, o carinho e a amizade que fiz com os funcionários, em especial, o pessoal do ​Setor de Circulação do turno da noite. Obrigada pelos maravilhosos momentos que passamos durante os dois anos de bolsa e estágio, vocês moram no meu coração!

Agradeço também a ​Pró-Reitoria de pesquisa (PROPESQ/UFRN)​, pela oportunidade de desenvolver esta pesquisa de Iniciação Científica como voluntária e abrir meus olhos para esta temática. Meu muitíssimo obrigada!

E ao meu gatinho, ​Floquinho​. Obrigada pela companhia felina durante todas as horas de escritas dedicadas ao projeto, você merecia coautoria!

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RESUMO

A informação tem aumentado em termos de quantidade e, em meio a esse caos informacional, as pessoas muitas vezes se perdem tentando sanar suas necessidades informacionais. Para auxiliar no processo de busca e recuperação de informação nos contextos institucionais nas bibliotecas universitárias, são desenvolvidos estudos no campo da Ciência da Informação, especialmente na Biblioteconomia, que favorecem com que as informações sejam apresentadas de forma que sejam encontradas mais facilmente pelos seus usuários. As​affordances são consideradas pistas que fornecem possibilidades de ações e podem ser aplicadas no contexto das bibliotecas universitárias, potencializando a encontrabilidade da informação disponível. Tem-se como objetivo, portanto, avaliar as ​affordances nos ambientes informacionais analógico e digital da Biblioteca Central Zila Mamede da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, avaliação esta realizada a partir do método hipotético-dedutivo, por meio de pesquisa descritiva, com abordagem qualitativa e com a utilização da técnica observacional para a coleta de dados. Os resultados demonstram há muitas ​affordances que podem não ser percebidas pelos usuários e que poderiam ser melhoradas com poucas alterações, as quais são posteriormente sugeridas.

Palavras-chave: ​Encontrabilidade da Informação. ​Affordance​. Ambientes Informacionais.

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ABSTRACT

Information has been increasing in quantity and amidst this information chaos, people often get lost trying to address their information needs. To assist in the process of information searching and retrieval in institutional contexts in university libraries, studies are carried out in the field of Information Science, especially in Librarianship, which favor the presentation of information so that it is more easily found by its users. The affordances are considered clues that provide possibilities of actions and can be applied in the context of university libraries, enhancing the findability of the available information. Therefore, the objective is to evaluate the affordances in the analogue and digital informational environments of the Central Library Zila Mamede of the Federal University of Rio Grande do Norte, an evaluation based on the hypothetical-deductive method, through descriptive research, with approach using the observational technique for data collection. The results demonstrate that there are many affordances that may not be noticed by users and could be improved with few changes, which are later suggested.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Fluxo de percepção de ​affordance.​... 28

Figura 2 – Planos de design de interfaces... 30

Figura 3 – Exemplo comum de ​affordance​... 32

Figura 4 – Mapa de entrada da biblioteca………. 39

Figura 5 – Quadro com informações e serviços………... 40

Figura 6 – Banner​ com orientações de uso da biblioteca………... 41

Figura 7 – Computadores de acesso ao catálogo……… 42

Figura 8 – Totem de consulta do acervo da BCZM………. 43

Figura 9 – Banner​ contendo taxonomia da classificação……… 44

Figura 10 – Sinalizações nas estantes………. 45

Figura 11 – Tarjas coloridas para sinalização………. 46

Figura 12 – Estante de novas aquisições……….... 47

Figura 13 – Sinalização do guichê de empréstimos e devoluções………….. 48

Figura 14 – Página inicial do site da BCZM………. 49

Figura 15 – Página de notícias da BCZM……….... 50

Figura 16 – Fim da página inicial do site………. 51

Figura 17 – Textos Linkados……….. 51

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Atributos da Encontrabilidade da Informação... 20

Quadro 2 – Quadro síntese do ambiente analógico da BCZM……….... 53

Quadro 3 – Quadro síntese do ambiente digital da BCZM... 54

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LISTA DE​SIGLAS

BCZM Biblioteca Central Zila Mamede CDU Classificação Decimal Universal

SIGAA Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas TIC Tecnologia da Informação e Comunicação

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO​... 11

2 BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS E ENCONTRABILIDADE DA INFORMAÇÃO​……….. 15

3 AFFORDANCES​ NO CONTEXTO DE ENCONTRABILIDADE DA INFORMAÇÃO​……….. 24

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS​………. 34

4.1 Biblioteca Central Zila Mamede​……….. 35

5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS​... 38

5.1 Observação das ​affordances​ presentes nos ambientes informacionais analógico e digital da BCZM………... 38

5.1.1 Affordances​ no ambiente informacional analógico da BCZM……… 38

5.1.2 Affordances​ no ambiente informacional digital da BCZM……….. 49

5.1.3 Síntese dos resultados………. 53

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS​... 56

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1 INTRODUÇÃO

Considerando o grande volume informacional disponível e oferecido em diversos ambientes, sejam analógicos (como bibliotecas, centros de documentação, arquivos entre outros) e/ou digitais (como web sites, repositórios digitais, bibliotecas digitais entre outros), se tornam cada vez mais relevantes estudos que busquem promover a encontrabilidade da informação nesses ambientes.

Sendo assim, a encontrabilidade da informação é a facilidade com que a informação é encontrada, a qualidade de ser localizável ou navegável, e ocorre por duas formas: pela navegação e por mecanismos de pesquisa. (MORVILLE, 2005; VECHIATO; VIDOTTI, 2014).

Os aspectos teóricos e práticos deste estudo contribuem para a melhor eficiência dos ambientes informacionais, no sentido de melhor atender as demandas dos usuários em suas buscas, na medida em que navegam ou transitam nestes espaços.

Vechiato e Vidotti (2014) definiram treze atributos que sustentam a encontrabilidade da Informação. Nesta pesquisa, será enfatizado o atributo affordance​.

O termo ​affordance surgiu na década de 1970, na área da Psicologia, proposto por James Gibson. Nos anos 1980, foi adaptado por Donald Norman e abordado no campo do Design. (DICK; GOLÇALVES, 2014). As ​affordances são pistas de ação, que têm a finalidade de indicar e/ou orientar o usuário de como interagir/usar um recurso informacional ou um ambiente informacional.

Através do presente estudo, entendemos que as ​affordances podem ser investigadas na perspectiva da Ciência da Informação como um atributo para a facilidade de busca de informação e interação do usuário.

Em um ambiente informacional analógico, as sinalizações podem ser utilizadas como exemplo. Sabemos que, quando se visita uma biblioteca em busca

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de uma informação específica, necessitamos de uma orientação espacial. As sinalizações e um mapa podem auxiliar o indivíduo nesta busca.

No meio digital, podemos citar o exemplo das trilhas de navegação (​breadcrumbs​). Elas possibilitam que o usuário conheça o caminho por onde percorreu dentro da taxonomia navegacional presente no ​web site​. Geralmente ficam localizadas abaixo do cabeçalho do site. Outro exemplo de ​affordance são as “cores linkadas”, que são utilizadas em ambientes como o Google. Os links se apresentam, originalmente, na cor azul e, quando clicados, mudam a cor para roxo, indicando que aquele link já foi visitado.

Os exemplos mencionados, tanto em ambientes analógicos quanto digitais, contribuem para a percepção dos usuários em como agir, favorecendo a navegação intuitiva e, consequentemente, a agilidade na encontrabilidade da informação disponível.

A partir dessas premissas, tem-se como questão norteadora dessa pesquisa: as ​affordances presentes nos ambientes analógico (espaço físico) e digital (​web site​) da Biblioteca Central Zila Mamede da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (BCZM/UFRN) favorecem a encontrabilidade da informação disponível?

O objetivo do presente trabalho é compreender se as ​affordances presentes nos ambientes analógico (espaço físico) e digital (web site) da Biblioteca Central Zila Mamede da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (BCZM/UFRN) favorecem a encontrabilidade da informação disponível.

Para atingir o objetivo geral, foram delineados os seguintes objetivos específicos:

● Investigar o conceito de ​affordance no contexto da encontrabilidade da informação, com ênfase na aplicação em bibliotecas universitárias;

● Mapear as ​affordances existentes no ambientes informacionais analógico (espaço físico) e digital (web site) da BCZM/UFRN;

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O estudo desta atribuição da encontrabilidade da informação poderá nos proporcionar uma visão de como as pistas intuitivas podem facilitar o entendimento, a busca e a recuperação da informação requerida pelo usuário.

É de suma importância que o aprofundamento de forma experimental sobre as ​affordances seja aplicado a fim de responder à questão norteadora da presente pesquisa, visto que a BCZM/UFRN possui em seu acervo, pelo menos até Julho de 2019, mais de 440.890 volumes, sendo livros, fascículos, periódicos, teses, dissertações entre outros, além de possuir disponíveis a comunidade acadêmica acesso a 3.536 livros digitais. (BIBLIOTECA CENTRAL ZILA MAMEDE, 2019).

A aplicação deste estudo nesta unidade de informação, portanto, é necessária tendo em vista o grande acervo e a diversidade de seus materiais informacionais que precisam ser devidamente encontrados pelos seus usuários, além dos serviços de informação que precisam ser conhecidos a partir do acesso ao seu ​web site​.

Os resultados decerto revelarão as dificuldades que podem ser enfrentadas pelos usuários e devem contribuir para a relevância do estudo das ​affordances no campo da Ciência da informação e sua aplicação nos ambientes informacionais das bibliotecas universitárias.

Este trabalho está estruturado nas seguintes seções. A primeira, introdutória, apresenta o recorte temático, bem como a problemática, os objetivos e a justificativa da pesquisa.

Na segunda seção, sobre bibliotecas universitárias e encontrabilidade da informação, foi abordado um breve histórico dos livros e das bibliotecas, conceitos gerais destas unidades e o conceito de biblioteca universitária. Abarca também sobre o tema encontrabilidade da informação, seus conceitos e seus atributos, no âmbito das bibliotecas universitárias.

Na terceira seção, sobre ​affordances no contexto da encontrabilidade da informação, enfatiza este atributo, voltado para a navegação e para a interação do

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usuário. Aborda os conceitos e os tipos de ​affordances e seu impacto no contexto das bibliotecas universitárias.

Na quarta seção são apresentados os procedimentos metodológicos da pesquisa, abarcando os métodos e as técnicas usadas para a elaboração do presente trabalho. Também caracteriza a Biblioteca Central Zila Mamede.

A quinta seção apresenta os resultados e as discussões referentes a aplicação da pesquisa.

A sexta seção apresenta as considerações finais e sugere possibilidades de prosseguimento de pesquisas a partir desta.

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2 ​BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS E ENCONTRABILIDADE DA INFORMAÇÃO

Desde os primórdios, a humanidade já sentia a necessidade de registrar e guardar informações sobre sua cultura, seu povo e seu dia a dia, para que fosse eternizada e passada através dos tempos, utilizando diferentes suportes informacionais (SOUZA, 2010). Junto com as mudanças de suportes e, consequentemente, o aumento de quantidade de materiais produzidos, houve a necessidade de armazenar toda a informação contida em espaços físicos específicos para a guarda e preservação das informações. Assim nasceram as bibliotecas.

As bibliotecas, no seu início, eram vistas como santuário da memória da humanidade. Isso significava que a guarda de seu interior era tão forte que os livros, que eram objetos de alto valor, eram acorrentados às estantes para evitar furtos.A origem da nomenclatura “Biblioteca” vem do Grego, “​Biblion​” que significa livro e​Theke​” que significa caixa ou depósito, local onde se guardavam rolos ou volumes. Ou seja, local onde se depositam livros. (REBELO, 2011). O termo originário das bibliotecas traz a concepção do que ela realmente era na época. Um espaço para a guarda de livros com o objetivo de preservar o passado para que o futuro soubesse de sua cultura, existência, do que foi pensado e registrado.

A definição de bibliotecas é, de modo geral, como um lugar de memória e de preservação do patrimônio documental. Para Souza (2010), a biblioteca é mais que um espaço arquitetônico, é uma fonte de informação para todo e qualquer usuário. Segundo Vargues, Calíxto e Dionísio (2012, p. 3), “As bibliotecas em geral são organizações sem fins lucrativos que procuram na sua gestão integrar métodos que melhorem os seus serviços e a qualidade da oferta aos utilizadores.”

As bibliotecas da antiguidade e Idade Média foram o santuário da memória da humanidade, sendo também poucas e restritas a apenas uma pequena parcela da sociedade, considerando que, na época, informação era sinônimo de poder. (REBELO, 2011). Os responsáveis por tal santuário, os religiosos, eram os

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guardiões e sua função consistia em preservar todos os materiais que estivessem em sua guarda, pois os livros, por serem de grande valor, ficavam acorrentados às estantes dos mosteiros como uma forma de prevenir furtos. O processo de fabricação dos livros, nesta época, foi moroso e caprichoso, pois sua forma de produção consistia no manuscrito, por Monges copistas, e isso também influenciava muito no seu preço final. Porém, os mosteiros e igrejas da época, tinham cuidado em suas produções. Não permitiam mudanças, os copistas estavam proibidos de alterar os textos. (GOMES; CAVALCANTE, 2011).

Com o surgimento da prensa de Gutenberg no Século XV, os livros passaram a ser fabricados mais rapidamente. Houve um barateamento dos livros e o material passou a ser mais compacto e acessível. Porém, ainda para uma parcela da sociedade, como os nobres. Agora as bibliotecas não eram só em mosteiros, as casas da alta sociedade também possuíam seu acervo pessoal. (GOMES; CAVALCANTE, 2011).

No fim do século XIX e início do Século XX, surgiram as Universidades e esta necessitava de obras voltadas para as áreas que seriam ensinadas ali, isto estimulou a criação de bibliotecas ligadas a essas instituições. (SOUZA, 2010).

Segundo Rebelo (2011), com o surgimento das primeiras universidades, surgem também as primeiras bibliotecas universitárias, que agora possuíam variedade em seu acervo e não apenas os livros de cunho religioso que haviam nas bibliotecas dos mosteiros. O aparecimento das instituições de ensino superior fez com que a produção de obras crescesse consideravelmente e o acesso e disseminação da informação também fossem alavancados. (SOUZA, 2010). Toda a demanda por livros, e com o avanço tecnológico da época, para criar vários exemplares e distribuí-los pelas universidades, houve mais um barateamento do livros e o material que era disponível apenas a uma parcela passou a ser acessível a quase todas as comunidades.

O conceito de biblioteca tem sido modificado, sendo atualmente, uma coleção organizada de publicações disponíveis para empréstimo. (REBELO, 2011). E o

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conceito de biblioteca universitária não se diferencia muito do conceito comum. É uma organização sem fins lucrativos que visa dar suporte à disseminação da informação, porém seu acervo e seus serviços se voltam totalmente para a comunidade acadêmica. Apesar de algumas unidades ser de livre acesso para todas as comunidades em geral, o foco é, portanto, manter o ensino, pesquisa e extensão da instituição pertencente, disseminando informação de qualidade em prol da geração de novos conhecimentos.

As bibliotecas universitárias, como toda biblioteca, estão ligadas a uma instituição mantenedora. Ela deve obedecer às políticas e cultura da instituição a que pertence, sendo seu reflexo em todos os aspectos, como confirma (REBELO, 2011, p. 10-11):

Uma biblioteca universitária já nasce subordinada à uma instituição de ensino que serve e por conseguinte está condicionada pelas funções da própria instituição. Neste contexto, a biblioteca é uma extensão da instituição, podendo até ser considerada como espelho da instituição de ensino que serve. O objetivo primordial dessas instituições é o ensino, formação e investigação e à biblioteca cabe apoiar essas actividades.

Porém, a função das bibliotecas universitárias não é apenas ser reflexo da instituição mantenedora. Para Vargues, Calíxto e Dionísio (2012, p. 4), “A biblioteca existe no meio universitário para responder às necessidades de ensino e investigação da instituição onde se insere.”

Segundo Souza (2010, p. 18), “A biblioteca universitária tem como finalidade fornecer serviços de informação para a comunidade acadêmica (corpo docente, discente e técnico), atendendo às necessidades informacionais de ensino, pesquisa e extensão da universidade.”

A sua função é dar apoio ao ensino, com os recursos necessários para produzir conhecimento, promovendo o acesso e recuperação da informação para toda a comunidade acadêmica. (REBELO, 2011).

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A finalidade das bibliotecas é, portanto, prestar suporte e serviços para a comunidade acadêmica em geral, promovendo o acesso à informação e proporcionando a geração de novos conhecimentos. É a biblioteca universitária quem vai, nesse objetivo, dar a base que o estudante e pesquisador precisam para o desenvolvimento acadêmico e científico.

Portanto, se é objetivo das bibliotecas universitárias promover o acesso e a recuperação da informação para toda a comunidade acadêmica de forma eficaz, logo ela deve se atualizar e utilizar tecnologias para alcançar o maior número de usuários da comunidade. Porém, sua contextualização, bem como barreiras externas podem impedir essa promoção.

Por ser subordinada a uma instituição mantenedora, Vargues, Calíxto e Dionísio (2012, p. 3) afirma que “A situação do ambiente que envolve as bibliotecas universitárias compreende, entre outros, os aspetos econômicos e a disponibilidade financeira das instituições em investir nos vários recursos.” Ou seja, a evolução das bibliotecas universitárias, no que se refere a sua modernização, depende da instituição a que está relacionada, que por sua vez está ligada aos diversos fatores políticos, sociais e econômicos externos. Isto pode influenciar na modernização das bibliotecas e consequentemente na fidelização de usuários, visto que hoje, com a era digital, os usuários buscam mais conforto e agilidade para encontrar a informação desejada.

E, no atual contexto, as bibliotecas universitárias estão cada vez mais se atualizando, focando no conforto e orientação do usuário com intuito que ele se localize e navegue com segurança e facilidade dentro da unidade informacional para encontrar o que necessita em sua área acadêmica de forma autônoma. As bibliotecas universitárias atuais também estão prestando serviços, que até então não eram prestados pelas bibliotecas universitárias antecessoras, como a produção de fichas catalográficas para trabalhos acadêmicos e livros, orientação das normas da ABNT, entre outros.

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A biblioteca moderna ultrapassa as paredes do edifício que a alberga, as novas tecnologias derrubaram os limites que o documento impresso tem. A biblioteca tornou-se também uma fornecedora de serviços de informação em suporte electrónico. (REBELO, 2011). Isto faz das bibliotecas universitárias uma unidade de relevância notória, no sentido de que a informação disseminada, em vários suportes informacionais, alcança uma grande variedade de usuários e isto possibilita a acessibilidade e atinge a principal função dessa organização.

Com o aumento descontrolado de informações, em termos de quantidade, o bibliotecário destas unidades não deve ser apenas um fornecedor de informação, mas um mediador que dá apoio a transformação de informação em conhecimento, disponibilizando informações verídicas e de qualidade para seu usuário. E este é o papel do bibliotecário das bibliotecas universitárias.

As TIC têm sido, cada vez mais, incorporadas nas unidades informacionais, considerando que, até pouco tempo, os suportes eram essencialmente em papel e hoje estão acessíveis na Web, e a preocupação volta-se para a rapidez do serviço e o acesso a essa informação. (REBELO, 2011). Estes novos atributos da biblioteca na Web estão se ativando cada vez mais e isso influencia diretamente a forma como os usuários da biblioteca universitária navegam e utilizam estes serviços. A facilidade para a navegação neste ambiente é imprescindível para fidelizar, ou não, um usuário e até mesmo a satisfação de sua necessidade informacional.

A partir da atualização em diversos suportes é que chega a necessidade de abordar os estudos de encontrabilidade da informação e o uso de seus atributos, com vistas a promover facilidades para o processo de busca, recuperação e encontrabilidade das informações disponíveis para os seus usuários, a fim de cumprir a missão e a função das bibliotecas universitárias.

Considerando o grande volume informacional disponível que é oferecido em diversos ambientes, sejam analógicos (como bibliotecas, centros de documentação, arquivos entre outros) e/ou digitais (como web sites, repositórios digitais, bibliotecas

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digitais, entre outros), se tornam cada vez mais relevantes estudos que busquem promover a encontrabilidade da informação.

A encontrabilidade da informação é uma das vertentes da Arquitetura da Informação. Seu termo é derivado do inglês, ​findability​, termo introduzido por Morville (2005) para abordar a possibilidade de uma informação ser encontrada, incluindo a qualidade em ser navegável e localizável, ocorrendo a partir da busca de informação por meio da navegação em um web site ou por meio das estratégias de pesquisa lançadas em um mecanismo de busca. (VECHIATO; VIDOTTI, 2014).

Segundo Vechiato e Vidotti (2014), esta vertente é um elemento que se situa entre as funcionalidades de um ambiente informacional - seja analógico, digital ou híbrido - e as características dos seus usuários, sendo possibilitada quando o sujeito consegue se orientar no espaço informacional, entender sua lógica de organização e utilizá-lo de maneira facilitada.

Sendo assim, a encontrabilidade da informação é a facilidade em que a informação é encontrada, a qualidade de ser localizável ou navegável, e ocorre por duas formas: pela navegação e por mecanismos de pesquisa. (MORVILLE, 2005 apud VECHIATO; VIDOTTI, 2014). De acordo com Vechiato e Vidotti (2014), este processo vai depender das experiências do indivíduo no momento da busca, levando em conta também a qualidade dos sistemas de informação.

A encontrabilidade, portanto, é um atributo contributivo para a melhor eficiência desses ambientes informacionais, no sentido de atender melhor às demandas dos usuários em suas buscas, à medida que navegam ou transitam nestes espaços de informação a fim de recuperar e encontrar a informação de forma rápida e eficaz.

Vechiato e Vidotti (2014) definiram treze atributos que sustentam a Encontrabilidade da Informação, conforme apresenta o Quadro 1 que segue:

Quadro 1 – Atributos da Encontrabilidade da Informação

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Taxonomias Navegacionais

Utilizadas em estruturas de organização ​top-down​, se referem à organização das categorias informacionais com vistas a facilitar a navegação e a descoberta de informações. Essas categorias, por exemplo, são organizadas geralmente em menus ou no corpo das páginas ​Web​, nas comunidades e coleções de repositórios ou nas legendas utilizadas para descrição dos assuntos nas estantes das bibliotecas, organizadas previamente a partir de um sistema de classificação. Conforme Aquino, Carlan e Brascher (2009), as taxonomias navegacionais devem ser apoiadas nos seguintes aspectos: categorização coerente dos assuntos em relação ao entendimento dos sujeitos; controle terminológico para redução de ambiguidade; relacionamento hierárquico entre os termos; e multidimensionalidade, possibilitando que um termo possa ser associado a mais de uma categoria de acordo com o contexto de uso.

Instrumentos de controles terminológicos

Compreendem os vocabulários controlados, como os tesauros e as ontologias, para apoiar a representação dos recursos informacionais.

Folksonomias

Estão relacionadas à organização social da informação e propiciam ao sujeito a classificação de recursos informacionais, bem como encontrar a informação por meio da navegação (uma nuvem de ​tags​, por exemplo) ou dos mecanismos de busca, ampliando as possibilidades de acesso. São utilizadas em estruturas de organização bottom-up​. Quando associadas aos vocabulários controlados e às tecnologias semânticas, potencializam as possibilidades de encontrabilidade da informação.

Metadados Compreendem a representação dos recursos informacionais e são armazenados em banco de dados para fins de recuperação da informação.

Mediação dos informáticos Está associada ao desenvolvimento de sistemas, dispositivos, bancos de dados e interfaces com utilização de linguagens computacionais, com vistas à gestão e à recuperação da informação.

Mediação dos profissionais da informação

Ocorre em ambientes informacionais em que há sujeitos institucionais envolvidos na seleção, estruturação e disseminação da informação.

Mediação dos sujeitos informacionais

Está relacionada às ações infocomunicacionais que os sujeitos informacionais empreendem em quaisquer sistemas e ambientes informacionais, por exemplo, no que diz respeito à produção e à organização da informação e do conhecimento em ambientes colaborativos, gerados a partir de seus conhecimentos, comportamento e competências que caracterizam sua Intencionalidade.

Affordances Funcionam como incentivos e pistas que os objetos

possuem e proporcionam aos sujeitos a realização de determinadas ações na interface do ambiente. Essas ações estão relacionadas à orientação, localização,

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encontrabilidade, acesso, descoberta de informações entre outras.

Wayfinding Associado a orientação espacial, utilizando-se de aspectos

que facilitem a localização, a encontrabilidade e a descoberta de informações por meio da navegação na interface do ambiente.

Descoberta de informações Está condicionada aos demais atributos de encontrabilidade da informação no que diz respeito às facilidades que a interface (navegação e/ou mecanismos de busca) oferece para encontrar a informação adequada às necessidades informacionais do sujeito, bem como a possíveis necessidades informacionais de segundo plano.

Acessibilidade e Usabilidade Relacionados à capacidade do sistema permitir o acesso equitativo à informação (acessibilidade) no âmbito do público-alvo estabelecido em um projeto com facilidades inerentes ao uso da interface (usabilidade).

Intencionalidade A teoria da Intencionalidade fundamenta a importância em se enfatizar as experiências e habilidades dos sujeitos informacionais no projeto de ambientes e sistemas de informação.

Mobilidade, Convergência e Ubiquidade

Estão associados ao meio ambiente, externo aos sistemas e ambientes informacionais, mas que os incluem, dinamizando-os e potencializando as possibilidades dos sujeitos em encontrar a informação por meio de diferentes dispositivos e em diferentes contextos e situações.

Fonte: Vechiato, Oliveira e Vidotti (2016, p. 7).

Os atributos da Encontrabilidade da Informação são características que possibilitam o encontro de informações por sujeitos em um sistema ou ambiente informacional. (VECHIATO; VIDOTI, 2014). Estes atributos “orientam projetos de Arquitetura da Informação para que possam estar de acordo com as necessidades informacionais dos sujeitos.” (SILVA; VECHIATO; VIDOTI, 2017, p.486).

Dentre estes atributos da Encontrabilidade da Informação, está o ​Wayfinding, traduzindo no literal, “encontrar o caminho”. Segundo Vechiato e Vidotti (2014, p. 142), o termo ​Wayfinding é utilizado para descrever os elementos do ambiente, com o intuito de possibilitar a navegação em espaços complexos, como mapas e sinalizações. Ou seja, o ​Wayfinding é o atributo da encontrabilidade da Informação voltado para a orientação espacial do indivíduo. Este atributo pode ser caracterizado por ser um tipo de ​affordance​. Porém, nem toda ​affordance​ é ​Wayfinding​.

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Neste trabalho, será focado o atributo ​affordance​, aprofundando os tipos existentes e “a partir dos estudos de encontrabilidade da informação, entendemos que as ​affordances também estão associadas à encontrabilidade, visto que fornecem subsídios para o encontro da informação.” (VECHIATO; VIDOTI, 2014, p. 51).

Em suma, vê-se a importância da Encontrabilidade da Informação e seus atributos para a estruturação de ambientes informacionais, sobretudo das bibliotecas universitárias, visto que são unidades informacionais que tendem a ter um grande e variado volume de informações e atendem a uma diversidade de sujeitos.

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3 ​AFFORDANCES ​NO CONTEXTO DA ENCONTRABILIDADE DA INFORMAÇÃO

As pessoas são instintivamente movidas pela percepção, refletindo, consequentemente, na forma como elas se comportam e o conhecimento que adquirem ao interagir com os ambientes. A percepção é construída a partir da aprendizagem por associação e isso forma a interação indivíduo-ambiente. É nessa interação que ele busca informações que possibilitam o controle de suas ações e estas buscas são determinadas pelas intenções, capacidades e informações oferecidas pelo ambiente que o envolve (OLIVEIRA, 2005).

Para Saffer (2010), a interação é a transação entre duas entidades, geralmente uma troca de informações, mas que também pode ser uma troca de bens ou serviços. Esta troca de informações possibilita ao indivíduo sua adaptação e posteriormente sua familiaridade com determinado objeto. Segundo Oliveira (2005, p. 11-12), “quanto mais esta relação se aprimora, comportamentos mais compatíveis com as suas metas podem ser observados.”

Ou seja, quanto mais experiência de interação o indivíduo tiver, mais fácil a percepção nos ambientes. Isso significa também que todo o conhecimento de mundo que o indivíduo tiver influencia diretamente ou indiretamente em sua percepção.

Segundo Trindade e Vechiato (2016, p. 912), “o usuário é um organismo visualmente sensitivo”. Ou seja, há maior facilidade no momento de trocar informações com o ambiente a partir da visão e o que se percebe através dela. A interação com um objeto localizado em um determinado ambiente se dá por pistas contidas nos objetos presentes nele, as quais denominamos como ​affordances​.

O termo​affordance surgiu na década de 1970 na área da Psicologia, proposto por James Gibson. Nos anos 1980, foi adaptado por Donald Norman e abordado no campo do ​Design​. (DICK; GOLÇALVES, 2014). Gibson utilizou o termo para descrever pistas intuitivas que levam um animal a interagir com um objeto sem necessariamente ter um conhecimento prévio porém, uma vez percebidas, estas pistas, ou ​affordances, têm mais rapidez em sua execução pelo mesmo ser. O termo

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tem sido utilizado por várias áreas que estudam o comportamento humano, suas percepções e necessidades, contribuindo para melhorar a vida dos indivíduos e tendo, portanto, grande relevância no âmbito da Ciência.

Gibson (apud OLIVEIRA, 2005) afirma que as ​affordances são a Informação para o indivíduo. Em concordância com Gibson, entendemos as ​affordances são realmente a informação voltada para o indivíduo, pois trata-se de uma informação para orientá-lo e auxiliá-lo na tomada de decisões.

Um objeto pode conter várias ​affordances e a percepção ocorre de formas diferentes por indivíduos diferentes, no que diz respeito ao ambiente e ao conhecimento prévio. Ou seja, a mesma ​affordance pode ser percebida por vários indivíduos diferentes e o mesmo objeto interpretado de formas diferentes pela mesma pessoa, a partir do que ela acumula em termos de conhecimento ao longo do tempo.

Affordance é um termo usado em várias outras áreas do conhecimento, como a Filosofia e a Psicologia, visando também a sua possibilidade de ação, percepção e interação do sujeito com os objetos. Porém, no presente trabalho, será abordado especialmente no contexto da Ciência da Informação em diálogo com o ​Design a partir dos estudos realizados sobre Encontrabilidade da Informação.

Norman (1999 apud TRINDADE, 2017, p. 43), por sua vez, as definiu como “características físicas dos objetos, indicando o modo de fazer”. Para Cooper (2007 apud TRINDADE, 2017, p. 43), ​affordances ​“São um conjunto de propriedades reais e percebidas do objeto, principalmente aquelas fundamentais para determinar como este poderia ser utilizado.”

Segundo Vechiato e Vidotti (2014), as ​affordances são pistas de uso, possibilidades de ação contidas em objetos e/ou ambientes informacionais, podendo ser estes analógicos ou digitais. Os autores ainda as entendem como “um princípio de usabilidade, relacionado aos incentivos e pistas atribuídos ao sistema que proporcionam aos sujeitos a realização de determinadas ações.” (VECHIATO; VIDOTTI, 2012, p. 181).

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Para Preece, Rogers e Sharp (2005 apud DICK, 2014, p. 21),

Em suma, affordance é o atributo do objeto que permite às pessoas saber como utilizá-lo. Em uma interface gráfica, por exemplo, ícones devem ser projetados para permitir que sejam clicados (ou tocados), barras de rolagem, para que sejam movidas em alguma direção, botões, para que sejam pressionados.

As ​affordances ​no contexto dos ambientes informacionais são, portanto, pistas de ação, que têm a finalidade de indicar e/ou orientar o sujeito de como interagir/usar um recurso nesses ambientes. Devem ser intuitivas e auxiliar o sujeito a encontrar a informação que necessita ou mesmo descobrir acidentalmente informações que não estavam sendo buscadas em um primeiro momento. Também ajudam a instruir o sujeito de como se deve utilizar os recursos presentes no ambiente, seja este analógico ou digital.

Oliveira (2005) aborda que Gibson afirmou que a percepção é, na verdade, uma captação de ​affordances e que durante o processo de percepção não são as propriedades do ambiente que são captadas, mas sim as possibilidades de ação.

Segundo Gaver (2002), há três tipos de ​affordances​, quais sejam: a percebida, a escondida e a falsa ​affordance​, detalhadas a seguir:

● A ​affordance ​percebida: ocorre quando o objeto é interativo e a ​affordance de fácil percepção pelo indivíduo. Não significa que será percebida por todos de uma forma geral. Todos os seres vivos estão em contextos, ambientes e possuem conhecimento de vida diferentes e isso implica em percepção ou não da pista ou a percepção de ação diferente de outras;

● A ​affordance ​escondida: ocorre quando o objeto é interativo, mas affordances possuem suas pistas tão implícitas que não há percepção por parte do seu sujeito ou há dificuldade para ele percebê-las. Lembrando que não pode ser tomado de forma geral uma ​affordance não percebida, pois ninguém reage igualmente na percepção de objetos no ambiente;

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● A falsa ​affordance​: se trata da pista que não leva a lugar nenhum. O objeto não é interativo e nem suas ​affordances perceptíveis. São mais comuns na web, por haver imagens linkadas que não levam a página alguma. Isto é um exemplo de falsa ​affordance​. O objeto dá as pistas mas a ação não possui feedback.

Os três tipos de ​affordances são uma classificação para a determinação de uma ​affordance ​perceptível ou não, sendo isso classificado de forma quantitativa, ou seja, pela frequência na qual a percepção ou a não-percepção acontece, ou simplesmente de forma individual, quando o próprio sujeito a classifica dessa forma. Partindo da ideia de que as ​affordances são pistas de ação que podem ser interpretadas de várias formas diferentes pelos indivíduos e suas competências adquiridas influenciam na percepção ou não destas pistas, a sua colocação nos três tipos, citados acima, não é classificado de forma aleatória. Os três tipos de affordances ​colocados por Gaver (2002) são, na verdade, a colocação pela percepção da ​affordance ditada pelo sujeito. Ou seja, o próprio indivíduo, que interage com as pistas contidas no objeto, é quem define em qual dos três tipos as pistas vão se encaixar. O ambiente muda, as competências do sujeito também e isso pode afetar a forma como a ​affordance é percebida e até realocada de um tipo de affordance​ para outro.

Segundo Trindade e Vechiato (2016, p. 909), “as ​affordances são percebidas pelos sujeitos em situações específicas, as quais estão inseridas em um contexto. Quando falamos de​affordances é necessário abordar a percepção, pois na relação e na identificação dessas pistas pelo indivíduo ela se torna indispensável.”

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Figura 1 – Fluxo de percepção de affordance

Fonte: Trindade e Vechiato (2016, p. 907).

Em suma, o fluxo leva o indivíduo a uma decisão e duas consequências diferentes. Se a ​affordance for percebida, o processo segue sua conclusão, que é a ação de uso, caso contrário, finaliza ali mesmo e a ação não ocorre.

A ​affordance, no contexto analógico, resume-se a objetos que possibilitam que o sujeito os utilize de forma intuitiva, sem que ele perceba que, essencialmente e inconscientemente, ele utilizou seu conhecimento prévio. O uso de uma cadeira, por exemplo, se torna um processo intuitivo, fácil e rápido, pois o sujeito, por associação, percebe a ​affordance​ contida neste objeto e realiza a ação que é sentar.

Em um ambiente informacional analógico, as sinalizações podem ser utilizadas como exemplo. Sabemos que, quando se visita uma biblioteca em busca de uma informação específica, necessitamos de uma orientação espacial. As sinalizações podem auxiliar o indivíduo nesta busca. Trindade e Vechiato (2016, p. 913) apresentam outros exemplos nesse contexto:

Como exemplos, podemos citar: as sinalizações, legendas que contemplam áreas e subáreas do conhecimento, notações de

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assunto e autor, as tarjas com cores diferenciadas que indicam, geralmente, a obra que é destinada a consulta local, ou seja, obra de referência.

Os autores ressaltam que a informação pode ser descoberta, por isso, pensando em ambientes analógicos como bibliotecas, as ​affordances podem ser utilizadas visando a descoberta de informação. Isso pode auxiliar o sujeito que busca informação, mas que não sabe exatamente o que deseja, ou complementar uma necessidade informacional específica. A proposta neste ambiente informacional analógico é investir em ​affordances visando esta descoberta de informação, auxiliando os sujeitos na busca.

Podemos afirmar que as affordances estão significativamente presentes em ambientes informacionais, tornando-se atributos de interface importantes e, por isso, devem ser refletidas que modo que facilitem sua compreensão pelos usuários desses ambientes, especialmente das bibliotecas. Com isso, as affordances disponíveis no ambiente e em seus objetos facilitam a encontrabilidade da informação, bem como a descoberta de novas informações. (TRINDADE; VECHIATO, 2016, p. 913).

Nos ambientes informacionais digitais, as ​affordances estão presentes no mecanismo de busca e na navegação e elas influenciam no processo de busca, recuperação e encontrabilidade da informação. Portanto, devem ser claras e perceptíveis pelos sujeitos.

Quando falamos nesse tipo de ambiente, nossa mente sempre nos remete a Web e seus ​websites​, que são desenvolvidos através de camadas, as quais são divididas em planos que vão do abstrato ao concreto, conforme demonstra a Figura 2 que segue:

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Figura 2 – Planos de design de interfaces

Fonte: Santa Rosa (2010, p. 27).

Os planos são descritos da seguinte forma:

● Plano estratégico: Consiste nos objetivos do ​site​, considerando suas necessidades;

● Plano de escopo: É a definição de conteúdo do ​site e tem suas funcionalidades embasadas pelo plano estratégico;

● Plano de estrutura: Define a maneira como o conteúdo será organizado, ou seja, a arquitetura da informação e a estrutura de navegação do ​site​;

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● Plano de superfície: Consiste na criação da interface no qual irá navegar o usuário (fundos, títulos, imagens, fotos, etc.).

Os planos do design de interfaces são vistos de forma comum na área de Tecnologia da Informação (TI) e afins, por ser ligada ao processo de programação e arquitetura da informação. Porém no que se refere à Arquitetura da Informação, no contexto da Ciência da Informação, é a mediação da programação feita por TI aos sujeitos que utilizam o sistema, de modo que possam navegar de forma intuitiva e rápida com a utilização de seus princípios, bem como dos atributos da encontrabilidade da informação, como as ​affordances.​Em suma, estes planos fazem parte do design de interfaces e estão ligados diretamente com a Arquitetura da Informação e com a Encontrabilidade da Informação.

Segundo Dick e Gonçalves (2014), onde há uma interface, há uma interação entre o homem e a máquina e no meio digital, como prova desta interação, podemos citar o exemplo das trilhas de navegação ( ​breadcrumbs​). Elas possibilitam que o usuário conheça o caminho por onde percorreu dentro da taxonomia navegacional presente na web. Geralmente ficam localizadas abaixo do cabeçalho do ​site​.

Outro exemplo de ​affordance são as “cores linkadas”, que são utilizadas em ambientes como o Google. Os links se apresentam, originalmente, na cor azul e, quando clicados, mudam a cor para roxo, indicando que aquele link já foi visitado, conforme apresenta a Figura 3 que segue:

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Figura 3 – Exemplo comum de ​affordance

Fonte: Disponível em: http://www.google.com.br. Acesso em: 11 set. 2019.

No exemplo, a alteração da cor permite que o sujeito perceba que já clicou nos ​links ​em roxo, podendo explorar os ​links ​em azul, que ainda não foram clicados. Com relação a navegação em ambiente digital, Vechiato e Vidotti (2014, p. 51) afirmam que “na navegação, as ​affordances auxiliam na orientação espacial (​wayfinding​), podendo ser utilizados: metáforas, trilhas de navegação, priorização da informação mais significativa, utilização adequada de elementos estéticos entre outros.”

Em casos contrários a estes exemplos, quando há falhas na arquitetura da informação dos websites, o usuário não consegue navegar e isso faz com que ele desista de tentar interagir com um sistema que não está funcionando. “O problema dos websites é que as pessoas não encontram o que buscam e acabam desistindo da tarefa. Há muitos casos que esta desistência se dá por falhas na sua arquitetura.” (SANTA ROSA, 2010, p. 25). Em muitos casos, não só a arquitetura, mas a forma

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como estão empregadas as ​affordances ​podem também causar desistência pelos sujeitos.

A importância das ​affordances em ambientes digitais se dá por guiar o sujeito sobre a capacidade do sistema em ser utilizado e como ele pode manipular a interface. Um livro digital, por exemplo, devido ao seu caráter de interface, necessita de ​affordances​, para que seja possível explorar os objetos interativos ou para navegar na estrutura do próprio livro. (DICK; GONÇALVES, 2014).

Os exemplos mencionados, tanto em ambientes analógicos quanto digitais, contribuem para a percepção dos usuários em como agir, favorecendo a navegação intuitiva e, consequentemente, a agilidade na encontrabilidade da informação disponível.

As ​affordances tem seu objetivo e funcionalidade, porém o conhecimento prévio do sujeito, ao utilizá-las, também é importante. Caso não as compreenda, ele pode ficar preso nas ações de tentativa e erro até conseguir (ou não) executar determinada ação.

A percepção de affordances pode exigir do usuário uma interpretação e essa depende do contexto, ou seja, de fatores externos (ambientais) e internos (aspectos culturais, cognição, concentração, intelecção, memórias oriundas de experiências anteriores que se relacionam para dar sentido a uma affordance dentre outros aspectos). (TRINDADE; VECHIATO, 2016, p. 909).

Oliveira (2005, p. 88) afirma que “negar a existência de ​affordances significa negar a existência de possibilidades de ação no ambiente.” E negando esta percepção, está se negando a interação do usuário com o ambiente.

A partir das discussões realizadas nesta seção, entendemos que, no contexto da Ciência da Informação e da Encontrabilidade da Informação, as ​affordances ​são as pistas contidas em um objeto ou recurso informacional, que está presente em um ambiente informacional analógico ou digital, que indicam como utilizá-lo, permitindo que o seu uso seja intuitivo.

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4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Os procedimentos metodológicos consistem em traçar o caminho que a pesquisa vai trilhar para a obtenção dos resultados, a fim de responder à questão norteadora (LAKATOS, 2010).

Segundo Mesquita (1980, p. 135), o método científico “é a reunião dos processos a serem utilizados pelos cientistas na investigação e na demonstração da verdade relativa.” Ou seja, é o processo pelo qual a pesquisa passa para chegar às considerações que levaram a estes resultados, com base no problema do projeto.

Adota, como procedimento, a pesquisa descritiva, que segundo Gil (2006, p. 42) é a “Descrição das características de determinada população ou fenômeno”, e a abordagem qualitativa que consiste em um tipo de método de investigação, que mantém aberta a forma de coleta de dados tornando-a subjetiva, tais como entrevistas, questionários e técnicas de observação participante. (LAKATOS, 2010).

O motivo da escolha da pesquisa descritiva, como método da presente monografia, se dá pela obtenção da resposta através da experiência, pois seu objetivo é reunir e analisar dados. Entende-se que este método pode responder a problemática do trabalho.

Para o cumprimento do primeiro objetivo específico, utiliza a técnica de pesquisa exploratória, que consiste em proporcionar uma maior familiaridade com o tema através de bases teóricas (GIL, 2006). Sendo assim, foi realizado um levantamento bibliográfico sobre os temas ​affordances​, encontrabilidade da informação e bibliotecas universitárias, por meio da pesquisa bibliográfica, a fim de compreender os conceitos básicos para a aplicação do estudo. Para Lakatos (2010), a pesquisa bibliográfica é um procedimento de busca, que abrange vários tipos de suportes informacionais, feito sobre um determinado tema ou assunto já existente com o objetivo de propiciar ao pesquisador uma base para um novo enfoque e, consequentemente, a produção de um novo material sobre o assunto.

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Para atingir o segundo e o terceiro objetivo específico, foram mapeadas e avaliadas as ​affordances nos seus ambientes informacionais analógicos (espaço físico) e digital ( ​web site​), a partir da técnica de observação, com base na literatura pesquisada. Segundo Lakatos (2010, p. 173), a técnica observacional “é uma técnica de coleta de dados para conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade.” O autor também caracteriza a técnica de observação como “um elemento básico de investigação científica, utilizado na pesquisa de campo.”

O tipo de observação foi a participante. A observação participante consiste em uma observação na qual o pesquisador está incluído nela, juntamente com o grupo estudado (LAKATOS, 2010). Além disso, a observação participante possui dois tipos e o que será utilizado no presente projeto é a observação participante natural em que, segundo Lakatos (2010, p. 177), “O observador pertence à mesma comunidade ou grupo que investiga.”

Os resultados decerto contribuirão para a relevância do estudo das affordances no campo da ciência da informação e sua aplicação nos ambientes informacionais das bibliotecas universitárias. A partir da realização da pesquisa, será possível encaminhar, posteriormente, um relatório técnico para a direção da Biblioteca Setorial Zila Mamede (BCZM) da UFRN, contemplando os resultados da análise e possíveis indicações de melhorias para os ambientes analisados.

4.1 Biblioteca Central Zila Mamede

A Biblioteca Central Zila Mamede (BCZM) é uma unidade suplementar da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e é subordinada diretamente à reitoria. Tem como missão “fornecer suporte informacional às atividades de ensino, pesquisa e extensão, contribuindo com a geração de produtos e serviços em ciência, tecnologia e inovação na UFRN”.(BIBLIOTECA CENTRAL ZILA MAMEDE, 2019).

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Fundada em 02 de maio de 1959 pela primeira bibliotecária do estado do Rio Grande do Norte, Zila Mamede e o então Reitor, Onofre Lopes, a biblioteca nasceu com o objetivo de reunir o acervo das faculdades que haviam se unido para formar a UFRN. (BIBLIOTECA CENTRAL ZILA MAMEDE, 2019).

Primeiramente, a BCZM possuía a nomenclatura de “Serviço Central de Bibliotecas”. Em 1974, mudou para “Biblioteca Central” e apenas após o falecimento de Zila, em 1985, que foi sua diretora nos primeiros anos, recebeu seu nome como forma de homenagem póstuma. A Biblioteca conta com dois prédios para suportar seu acervo, denominados prédio principal (prédio original da biblioteca central) e prédio Anexo, inaugurado em 2011, aumentando assim, a área construída da unidade. (BIBLIOTECA CENTRAL ZILA MAMEDE, 2019).

Atualmente a biblioteca possui uma área total de 8.586,49 m². É a maior biblioteca do Estado. É responsável pela coordenação, planejamento e fiscalização das atividades técnicas das unidades informacionais que fazem parte do Sistema de Bibliotecas da UFRN, composto pela Própria BCZM e 22 mais bibliotecas setoriais, espalhadas por todo o estado e campi da UFRN. (BIBLIOTECA CENTRAL ZILA MAMEDE, 2019).

A Biblioteca Central possui a seguinte estrutura: ● Direção;

● Secretaria;

● Coordenadoria das Bibliotecas Setoriais; ● Coordenadoria de Seleção e Aquisição; ● Coordenadoria de Processos Técnicos; ● Coordenadoria de Apoio Tecnológico; ● Coordenadoria de Apoio ao Usuário.

Na Coordenadoria de Apoio ao Usuário, há uma subdivisão definida em setores:

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● Setor de Repositórios Digitais; ● Setor de Coleções Especiais; ● Setor de Circulação.

Possui também uma ótima estrutura física, dentre elas, videoteca, auditório e miniauditório, laboratório de informática, sala de estudo em grupo e individual e reprografia. Atualmente atende usuários da comunidade acadêmica e externa. (BIBLIOTECA CENTRAL ZILA MAMEDE, 2019).

Segundo o site da BCZM (2019), o acervo físico geral da BCZM, até julho de 2019, consiste em um total de mais de 440.890 volumes, distribuídos em vários suportes informacionais, entre livros, periódicos, folhetos e multimeios, além de disponibilizar aproximadamente 3.536 Livros Digitais para a comunidade acadêmica da UFRN.

Em suma, A BCZM é uma biblioteca universitária, com um enorme acervo digital e físico e este fato é um dos motivos pelo qual o atributo da encontrabilidade da informação, no caso as ​affordances​, devem ser mapeadas e avaliadas. É importante saber se todo este grande volume de materiais informacionais pode ser encontrado com facilidade pelos usuários, a partir das pistas existentes nos seus ambientes.

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5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Nesta seção, são apresentados os resultados referentes ao mapeamento (objetivo específico b) e a avaliação (objetivo específico c) das ​affordances ​nos ambientes pesquisados, nas seguintes subseções que seguem.

5.1 Observação das ​affordances ​presentes nos ambientes informacionais analógico e digital da BCZM.

A partir dos métodos adotados para esta pesquisa, ressalta-se com o referencial teórico que as ​affordances são um atributo da encontrabilidade da informação que consistem em pistas ou possibilidades de ação que o usuário pode realizar (VECHIATO; VIDOTTI, 2014). Além disso, percebeu-se três tipos de affordances​: ​affordance percebida; ​affordance não percebida; e falsa ​affordance (GAVER, 2002). ​Destaca-se também o atributo ​Wayfinding​, que é um tipo de affordance​ voltada para a orientação espacial.

Com o intuito de manter uma estrutura mais compreensível, os mapeamentos de ​affordances nos ambientes analógico e digital da BCZM foram subdivididos nas subseções que seguem.

5.1.1 ​Affordances​ no ambiente informacional analógico da BCZM

A partir da técnica de observação diária em turno vespertino, no ambiente analógico, foi realizado um mapeamento das ​affordances ​pertencentes aos ambientes analógicos e digitais da BCZM/UFRN, como ilustram as figuras que seguem:

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Figura 4 - Mapa de entrada da biblioteca

Fonte: Elaboração do autor, 2019.

Assim que se entra no ambiente analógico da BCZM, nos deparamos com este mapa. Como já foi citado na seção 3 deste trabalho, este mapa é um tipo de affordance e, além de ​affordance​, este também é definido como ​wayfinding,​sendo este outro dos treze atributos da encontrabilidade da informação propostos por Vechiato, Oliveira e Vidotti (2016) ​. Partindo desta análise, percebe-se que as informações contidas no mapa são ilegíveis e confusas.

Esta se encaixa, portanto entre os três tipos de ​affordances​, no caso, na affordance não percebida. Ou seja, a pista está lá, mas não são todos os usuários que a percebem. Esta ​affordance não atinge todos os usuários no que se refere a percepção da informação, inviabilizando, assim, a encontrabilidade da informação. Portanto, se esta é uma ​affordance não percebida, logo é um ​wayfinding que não está cooperando para a orientação espacial do usuário.

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Figura 5 - Quadro com informações e serviços

Fonte: Elaboração do autor, 2019.

O quadro com informações e serviços fica localizado à direita da entrada da Biblioteca, e a partir das observações diárias, em horário vespertino, é uma affordance não percebida e ​wayfinding​. O quadro não chama muita a atenção dos usuários, porém não pela sua posição geográfica e sim a forma como as informações estão disponibilizadas. Seguindo o fluxo da percepção de ​affordance apresentado por Trindade e Vechiato (2016), quando não percebida, a informação contida no quadro não é consumida. A sugestão para esta situação é deixar o quadro menos sobrecarga de informações e aumentar a fonte para que as informações sejam lidas à distância.

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Figura 6 - ​Banner​ com orientações de uso da biblioteca

Fonte: Elaboração do autor, 2019.

O banner com orientações é um mecanismo informacional que está localizado logo após a entrada. Ele descreve um passo a passo de como fazer um empréstimo na biblioteca, bem como aborda brevemente regras da instituição, como restrições de bolsas e alimento. Apesar de visível, é uma ​affordance não percebida pois, tendo como base a técnica observacional, o fluxo de percepção proposto por Trindade e Vechiato (2016) e os tipos de ​affordances proposto por Gaver (2002), não há um efeito por parte dos usuários, quando se passa por perto. Percebe-se, portanto, que a leitura minuciosa não é a melhor alternativa, visto que o usuário procura sempre poupar seu tempo e espera rapidez, objetividade e eficácia.

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Figura 7 - Computadores de acesso ao catálogo

Fonte: Elaboração do autor, 2019.

Os computadores de acesso ao catálogo possuem os mesmos objetivos do Totem, auxiliar na busca e recuperação da informação a partir do catálogo. É uma affordance​, entre os três tipos existentes, percebida. Sua forma é visível e dificilmente seu uso é ignorado. Porém, sem o conhecimento prévio de que o objeto possa lhe trazer a recuperação do material desejado, a ​affordance torna-se não percebida, pois como defendido na Seção 3 do presente trabalho, a classificação dos tipos de ​affordance é subjetiva e muda de usuário para usuário, além de não possuir uma sinalização que mencione o que computador pode fazer para auxiliar e isso pode dificultar a sua percepção. Os computadores também podem gerar uma certa confusão, pois, no mesmo prédio, no andar inferior, os computadores são de livre acesso à internet e redes sociais, enquanto os do andar superior, apenas acessam o catálogo. A sugestão, neste caso, é a padronização das ações possíveis com os computadores da BCZM.Se a biblioteca deve dar apoio ao ensino, pesquisa e extensão, como defende Rebelo (2011), a melhor sugestão a ser acatada seria permitir o acesso a internet advindo de todos os computadores exceto dos totens, que serão apresentados a seguir.

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Figura 8 - Totem de consulta do acervo da BCZM

Fonte: Elaboração do autor, 2019.

O totem de consultas ao acervo da BCZM é uma forma de o usuário encontrar a informação através da consulta direta ao catálogo a partir da navegação. A affordance contida neste objeto se dá por sua aparência em si, que caracteriza um computador, como por sua sinalização na parte superior do objeto. Há um certo ruído na questão do mouse do totem e como utilizá-lo. O mouse do totem consiste em uma esfera que poderia lembrar um pouco a parte debaixo de um mouse antigo, a esfera é percebida como um mouse, no momento da busca, o ruído vem na ação “clicar”. A esfera não possui esse mecanismo, que está no teclado, tornando, assim uma barreira para quem está utilizando o equipamento pela primeira vez. Dentre os três tipos de Gaver (2002), este se encaixa na affordance ​percebida, entre os tipos de affordances​, apesar de haver barreiras com relação ao cursor do objeto. Esta escolha se justifica pois, por sua aparência comum de computador e a própria sinalização acima, induz o usuário a utilizá-lo, mesmo sem ter tido contato com este objeto antes.

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Figura 9 - ​Banner​ contendo taxonomia da classificação

Fonte: Elaboração do autor, 2019.

As sinalizações das estantes de forma geral tem o objetivo de auxiliar na orientação espacial do sujeito, para que ele possa, de forma autônoma, encontrar o que deseja. É ​wayfinding pois, de forma geral, orienta espacialmente o usuário naquele setor e é ​affordance pois é perceptível. Pode ser classificado como affordance percebida e atinge bem seu objetivo em situar o usuário. Textos curtos e objetivos. Porém, poderia haver setas indicando para que lado ficam as áreas destacadas no mapa.

Vale aqui destacar que a equipe de marketing da BCZM está trabalhando em um novo padrão para mapas e sinalização, o que encaixa perfeitamente a consideração das sugestões aqui apresentadas.

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Figura 10 - Sinalizações nas estantes

Fonte: Elaboração do autor, 2019.

As sinalizações contendo a Classificação Decimal Universal (CDU) e os assuntos nas estantes é uma representação do ​Wayfinding​, pois tem a finalidade de orientar, espacialmente, o usuário na sua busca pela informação. E também é uma affordance​, a partir da percepção de que há uma pista para a recuperação da informação. Dentre os tipos de ​affordances​, as sinalizações se encaixam nas affordances percebidas, pois facilmente um usuário as percebe por suas cores e sua colocação nas estantes. A partir do conhecimento prévio, de como decifrar a informação contida na ​affordance​, o usuário vai se utilizar disso para encontrar a informação desejada.

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Figura 11 - Tarjas coloridas para sinalização

Fonte: Elaboração do autor, 2019.

As tarjas coloridas para sinalização são uma forma de se identificar visualmente o material que se encontra com status especial ou pertencente ao acervo de desbaste.

A BCZM utiliza deste método para identificar o desbaste (tarja vermelha), que consiste em materiais de nenhuma ou pouca circulação nos últimos dez anos, e os materiais especiais (tarja amarela), que saem para empréstimo apenas nos fins de semana, ou por apenas três horas. As tarjas em si são ​affordances e pode ser encaixada dentre os tipos na ​affordance não percebida, pois nem todo usuário vai perceber, apenas se tiver um conhecimento prévio de que aquilo representa algo e uma percepção já conhecida do ambiente. Também, a tarja, em si, não é intuitiva, o que passa, então, despercebida por muitos usuários da BCZM.

Referências

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