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Atuação do enfermeiro em um hospital especializado em práticas integrativas

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RESUMO: RESUMO: RESUMO: RESUMO:

RESUMO: A busca pelas práticas integrativas nos serviços de saúde pela população brasileira é crescente. Regulamen-tadas pelo Ministério da Saúde, abrem novos rumos para a área da saúde. Esta pesquisa objetiva investigar o trabalho do enfermeiro em um hospital especializado em práticas integrativas em Goiânia. Trata-se de um estudo descritivo exploratório de natureza qualitativa. A obtenção dos dados se deu por meio de entrevistas gravadas nos meses de setembro a novembro de 2006. Participaram cinco enfermeiros e da análise dos dados emergiram as categorias temáticas: A busca pelas práticas integrativas e o Contexto das Práticas integrativas. Pelos resultados, foi possível delinear as características dos enfermeiros, as ações administrativas, educativas e assistenciais do cuidar e as relações interpessoais com profissio-nais e usuários. É importante considerar as práticas integrativas com aspecto do mercado de trabalho promissor e em expansão, podendo servir para o direcionamento no do ensino de graduação na área de saúde.

Palavras-chave: Palavras-chave: Palavras-chave: Palavras-chave:

Palavras-chave: Terapia alternativa; enfermagem; gestão em saúde; assistência integral à saúde. ABSTRACT

ABSTRACT ABSTRACT ABSTRACT

ABSTRACT: : : : : The demand for integrative practices in health services by the Brazilian population is growing. Regulated by the Ministry of Health, they open up new horizons in the health area. This piece of research aims at investigating the nurse’s work at a hospital specialized in integrative practices in Goiânia, GO, Brazil. It is an exploratory descriptive study of qualitative nature. Data was collected through interviews recorded from September, 2006 to November, 2006, with the participation of five nurses. Out of data analysis there emerged the following thematic categories: the demand for integrative practices and the context of integrative practices. With the results it was possible to sketch the nurses’ characteristics, the administrative, educational, and assistance actions of the care, and the interpersonal relations with professionals and users. It is important to consider integrative practices as an aspect of the promising and growing job market in so far as this perception can direct undergraduate teaching in the health area.

Keywords: Keywords: Keywords: Keywords:

Keywords: Alternative therapy; nursing; health management; comprehensive health care. RESUMEN:

RESUMEN: RESUMEN: RESUMEN:

RESUMEN: La búsqueda para las prácticas integradoras en los servicios de salud para la población brasileña está creciendo. Reguladas por el Ministerio de la Salud, ellas abren nuevas direcciones para el área de la salud. Esta pesquisa objetivó investigar el trabajo del enfermero en un hospital especializado en prácticas integradoras en Goiania – GO – Brasil. Es un estudio descriptivo, exploratorio, de naturaleza cualitativa. La obtención de los datos fue a través de entrevistas grabadas entre los meses de septiembre y noviembre de 2006. Participaron cinco enfermeros y del análisis de los datos surgieron las categorías temáticas: la búsqueda por las prácticas integradoras y el contexto de las prácticas integradoras. Por los resultados, fue posible delinear las características de los enfermeros, las acciones administrativas, educativas y asistenciales del cuidar y las relaciones interpersonales con profesionales y usuarios. Es importante conside-rar las prácticas integradoras con el aspecto del mercado de trabajo prometedor y en expansión, pudiendo servir para el direccionamiento en la enseñanza de graduación en el área de salud.

Palabras Clave: Palabras Clave: Palabras Clave: Palabras Clave:

Palabras Clave: Terapia alternativa; enfermería; gestión en salud; atención integral a la salud.

A

TUAÇÃODOENFERMEIROEMUMHOSPITALESPECIALIZADO

EMPRÁTICASINTEGRATIVAS

N

URSEPERFORMANCEATAHOSPITALSPECIALIZEDININTEGRATIVE

PRACTICES

A

CTUACIÓNDELENFERMEROENUNHOSPITALESPECIALIZADOEN

PRÁCTICASINTEGRADORAS

Thatianny Tanferri de Brito ParanaguáI Ana Lúcia Queiroz BezerraII

IAcadêmica do 7º período de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás; Bolsista do Programa de Iniciação

Científica. Estudo vinculado ao Núcleo de Estudos em Paradigmas Assistenciais da FEN/UFG. Financiamento pelo CNPq.

IIOrientadora. Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professor Adjunto III da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. E-mail:

analuciaqueiroz@uol.com.br.

I

NTRODUÇÃO

A

resolução de agravos

à saúde humana tem se

mostrado, desde remotas organizações sociais, permeada da influência de práticas, crenças, valores e recursos populares. Além disso, a utilização de te-rapias não alopáticas na prevenção e resolução de

problemas de saúde é uma realidade que precisa ser considerada no contexto saúde-doença.

Nesse sentido, a Organização Mundial da Saú-de (OMS) tem estimulado o uso da Medicina Integrativa nos sistemas de saúde. No Brasil, o

(2)

Mi-nistério da Saúde recomenda a adoção dessas práti-cas por meio da Portaria no 971, de 3 de maio de 20061

.Para divulgar essa prática, apoiar, incorporar e implementar experiências que já vêm sendo desen-volvidas na rede pública de muitos estados e muni-cípios, instituiu a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS, cuja implementação envolve justificativas de natu-reza política, técnica, econômica, social e cultural2. Isso tem contribuído para uma crescente procura de tais serviços por parte da população brasileira.

O desenvolvimento da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares tem contri-buído para uma crescente procura de tais serviços por parte da população brasileira. Ao atuar nos cam-pos da prevenção de agravos e da promoção, manu-tenção e recuperação da saúde baseada em modelo de atenção humanizada e centrada na integralidade do indivíduo, a PNIPIC contribui para o fortaleci-mento dos princípios fundamentais do SUS2.

O foco de atenção da medicina integrativa é voltado para o doente, e não para a doença. É uma abordagem que visa uma ciência mais humana, eco-lógica e integradora, ou seja, uma postura naturalística diante da saúde e da doença3.

Tendo em vista que essas práticas foram reco-nhecidas como especialidade e/ou qualificação do profissional de enfermagem4 – Resolução COFEN no197, de 19/03/1997 – e na tentativa de acompa-nhar essas transformações, o enfermeiro deve buscar cada vez mais novas estratégias para a gestão do cui-dado, incluindo a possibilidade de implementação das práticas integrativas nos diferentes contextos de atenção à saúde. Devem desempenhar uma gerên-cia amenizando as conseqüêngerên-cias do modelo de ge-rência clássica, adotando formas participativas de agir em saúde, tanto em nível profissional quanto dos usuários, proporcionando maior satisfação para a equipe de enfermagem5,6.

Nesse intuito, o presente estudo objetivou in-vestigar o processo de trabalho do enfermeiro no aten-dimento aos usuários de um hospital especializado em práticas integrativas, visando o destaque das ativida-des ativida-desenvolvidas, a percepção do profissional enfer-meiro quanto à sua satisfação ocupacional, bem como a sua relação com as demais categorias profissionais.

R

EFERENCIAL

T

EÓRICO

A

s práticas integrativas

são consideradas um

conjunto de ações de prevenção, diagnóstico e tra-tamento fora do modelo médico dominante que, em

vez de se opor à doença e impedir certas manifesta-ções sintomáticas, tenta compreender suas causas buscando envolver o indivíduo e seu modo de vida7,8, assumindo uma visão holística frente ao processo saúde-doença.

O holismo pressupõe a idéia de conjunto e de totalidade para todas as questões relativas do domí-nio biológico, como também se estende às mais altas manifestações do espírito humano, considerando tanto o indivíduo no contexto da doença, como a doença no contexto do indivíduo, desenvolvendo uma relação mais humanística9.

As ações em práticas integrativas envolvem abordagens que buscam estimular os mecanismos naturais de prevenção de agravos e recuperação da saúde por meio de tecnologias eficazes e seguras, com ênfase na escuta acolhedora, no desenvolvimento do vínculo terapêutico e na integração do ser hu-mano com o meio ambiente e a sociedade. Além disso, busca-se a valorização de uma visão ampliada do processo saúde-doença e a promoção global do cuidado humano, especialmente do autocuidado2.

As práticas integrativas desempenham um pa-pel simbólico, de ordenação de significados, e práti-co, possibilitando a incorporação de diferentes es-pecialistas8.

Nesse sentido, a multiprofissionalidade é um conjunto de ações integradas por seus diversos pro-fissionais buscando alcançar um estado de equilíbrio na compreensão da totalidade10. Essa prática é con-siderada uma estratégia orientada pela integralidade segundo as políticas públicas do Sistema Único de Saúde – SUS.

Entretanto, a integralidade não pode ser defi-nida apenas como um princípio do SUS, mas sim como um conjunto de noções pertinentes a uma as-sistência livre de reducionismo, tratando não somen-te como seres doensomen-tes, mas como pessoas que têm sentimentos, desejos e aflições11.

A integralidade do cuidado é uma somatória de pequenos cuidados prestados ao paciente, que se complementam de maneira mais ou menos consci-ente, e negociada entre os vários cuidadores que tran-sitam nas instituições de atenção à saúde12.

Considerar as práticas integrativas nos serviços de atenção à saúde prescinde de uma visão de integralidade dos profissionais de serviços de saúde e passa necessariamente pelo aperfeiçoamento da coordenação do trabalho de equipe como temática a ser trabalhada pelo gestor. Nesse aspecto, a adoção dessas práticas na assistência à saúde pode favorecer

(3)

o alcance de melhores resultados no que diz respeito ao processo saúde-doença13.

Tendo a integralidade como balizador na ges-tão hospitalar, esta se caracteriza pela coordenação de distintos processos de trabalho de vários tipos de profissionais, que serão utilizados no cuidado ao pa-ciente, incluindo o uso de práticas integrativas.

Entendemos gerenciamento como a capacida-de capacida-de utilizar capacida-de maneira eficaz os recursos humanos e os materiais disponíveis; de motivar e manter a moral da equipe; e direcionar o planejamento e ati-vidades de modo a atingir objetivos propostos e a melhoria organizacional14. O gerenciar vai além do ato de cuidar diretamente; deve-se ter um compro-metimento com o processo de trabalho, ter raciocí-nio clínico, além de utilizar instrumentos de gestão a fim de planejar, coordenar, supervisionar e avaliar a assistência prestada15.

No gerenciamento das práticas integrativas, faz-se necessária a participação dos enfermeiros na di-vulgação das possibilidades terapêuticas e preventi-vas aos usuários e na necessidade de investimento em capacitação específica de profissionais.

Tendo em vista o exposto, o enfermeiro geren-te poderá subsidiar o planejamento da assistência, baseado em características do holismo, trabalhando juntamente com seus clientes e possibilitando um aprendizado simultâneo na relação enfermeiro-pa-ciente, além de uma satisfação profissional diante do sucesso da abordagem holística do indivíduo.

Percebe-se que o exercício de estudar a reali-dade dos enfermeiros no gerenciamento da equipe, no âmbito da medicina integrativa, torna-se rele-vante, uma vez que possibilitará aos profissionais e graduandos que desejarem atuar nessa área, o co-nhecimento das necessidades reais da capacitação esperada para atuação nesse segmento do mercado de trabalho em saúde.

M

ETODOLOGIA

E

studo descritivo,

exploratório, com abordagem

qualitativa, desenvolvido em um hospital especializa-do em práticas integrativas, em Goiânia-GO, com cinco enfermeiros que constituem a totalidade dessa classe profissional na referida instituição. Vinculada à Secretaria Estadual de Saúde do Estado de Goiás, a instituição funciona em regime ambulatorial e aten-de em média 921 usuários por mês, sendo a aten- deman-da espontânea ou encaminhamentos por Unideman-dades Básicas de Saúde. Congrega profissionais das seguin-tes áreas: medicina, enfermagem, farmácia,

psicolo-gia, serviço social, nutrição, fonoaudiolopsicolo-gia, fisiote-rapia, biologia e agronomia. As práticas integrativas oferecidas aos usuários compreendem fitoterapia, homeopatia, acupuntura e quiropraxia.

O trabalho recebeu parecer favorável do Co-mitê de Ética em Pesquisa do Hospital Materno-In-fantil e todos os sujeitos assinaram o Termo de Con-sentimento Livre e Esclarecido.

Utilizou-se a técnica de entrevista para coleta de dados, por meio de um questionário semi-estruturado, com o auxílio de gravador. Foi utilizada a técnica de análise de conteúdo, modalidade temática, proposta por Bardin16, considerada adequa-da por permitir a identificação de categorias. Para garantir o anonimato dos depoentes, foi atribuída a letra E, seguido de um número cardinal, conforme a seqüência das entrevistas.

R

ESULTADOSE

D

ISCUSSÃO

A

população foi

composta por cinco

enfermei-ros, que representa o total do quadro da instituição. A faixa etária foi de 33 anos para um entrevistado e acima de 51 anos para os demais. O sexo feminino foi predominante, com quatro profissionais, o que não contraria o contexto da enfermagem.

O tempo de formação de um entrevistado é de 10 anos e os demais compreende um período maior que 20, sendo o maior tempo de 28 anos.

Quanto ao tempo de serviço na instituição, fo-ram encontrados valores bastante distintos, sendo um dos entrevistados com 15 anos; dois com oito anos; um com oito meses e o último com apenas três semanas.

Para melhor compreensão do processo de traba-lho do enfermeiro no atendimento aos usuários em práticas integrativas, apresentaremos a análise dos re-sultados em duas categorias: a busca pelas práticas integrativas e o contexto das práticas integrativas.

A Busca pelas Práticas Integrativas

Os motivos pelos quais os profissionais de en-fermagem buscaram a instituição para trabalhar fo-ram diversos, entre os quais fofo-ram destacadas cren-ças, influência familiar e experiência com o tipo de tratamento:

Afinidade de hábitos de vida, por princípios filosófi-cos. (E4)

Todo cuidado que minha mãe teve. A influência dela com práticas naturais. Isso influenciou a minha es-colha. (E2)

(4)

Eu vim para cá como paciente aos 18 anos e comecei a acreditar no tratamento, pois eu já tinha passado por muitos médicos e não tinha resolvido o meu pro-blema. (E5).

O papel de um profissional é definido de acor-do com sua atuação, participação social e os valores que o identificam17. A escolha de um local de traba-lho, bem como a profissão, é diretamente influenci-ada por processos de educação, treinamento, habili-dades e conhecimentos desenvolvidos, além de va-lores/crenças assumidos.

Apesar de a enfermagem ser uma profissão com ampla área de atuação, percebe-se que a maioria dos enfermeiros da instituição em estudo escolheu uma área de trabalho condizente com o que acreditam.

Tendo em vista que a terapia integrativa é uma prática antiga e que ainda requer bastante estudo, torna-se imprescindível a capacitação do profissio-nal nessa área. Os enfermeiros da instituição em pes-quisa relatam ter pelo menos um curso de capacitação nessa área.

Recebemos curso de massagem ayurvédica, de quiropraxia. (E1)

Fiz cursos de fitoterapia, massagem, acupuntura. (E4)

As capacitações em práticas integrativas são importantes e vêm ao encontro das necessidades do contexto da prática, mas a atualização deve ocorrer em um processo contínuo.

O desenvolvimento de programas educacionais prepara os profissionais capacitados para darem suas contribuições ao âmbito social, promovendo a va-lorização dos recursos humanos em saúde18. Assim, a educação continuada é necessária para que os pro-fissionais construam conhecimentos e os fortaleça. Além disso, essa continuidade traz contribuição para manter a competência do enfermeiro, tornando sua atuação profissional mais efetiva e eficaz.

O saber diferenciado dos profissionais faz a di-ferença e faz parte do cuidar integral, favorecendo também o trabalho multiprofissional. Contudo, sabe-se que existem conflitos entre as diferentes ca-tegorias profissionais na maioria das instituições, o que não é diferente no hospital em estudo. Os pro-fissionais enfermeiros ainda estão lutando para con-quistar seu espaço de trabalho, demonstrando cer-ta insatisfação:

Estamos brigando para trabalhar, os outros profissi-onais não dão espaço. (E4)

Na instituição em estudo, a atividade multipro-fissional ainda não é um instrumento do processo de trabalho.

Infelizmente ainda é utilizado esse modelo médico.(E4) Não tem uma integração das áreas. (E2)

Entretanto, o trabalho em equipe se faz impor-tante por gerar uma complementaridade entre os sa-beres específicos dos profissionais envolvidos alcan-çando, assim, a integralidade do cuidar10. Dessa for-ma, deve ser considerada uma conquista não só dos profissionais, mas, principalmente, da instituição.

Apesar das dificuldades em relação ao trabalho multiprofissional, o hospital em estudo é uma institui-ção diferenciada por trabalhar com enfoque na abor-dagem holística da saúde humana e nos princípios de humanização da assistência. O trabalho do enfermeiro é realizado junto ao cliente, fazendo o mesmo perceber a importância que ele tem para o seu tratamento.

Ajudar o paciente a identificar o processo da doen-ça, as causas mais importantes da crise que ele está vivendo; tentar ajudá-lo a perceber o que é que a gente chama de tratamento, que é uma mudança desses fatores adoecedores. (E4)

Para a implantação do atendimento holístico é necessário que o cliente coopere com o profissional para que ele possa identificar situações de risco em seus hábitos e traçar um plano de promoção da saú-de e/ou prevenção saú-de doença.

Percebe-se que as atividades desenvolvidas pelos enfermeiros do hospital em estudo visam o atendimento das necessidades dos pacientes, desta-cando-se a educação em saúde, como pode ser visto na Figura 1.

As palestras realizadas pelos enfermeiros entre-vistados têm como principal objetivo buscar a adap-tação dos usuários ao tratamento baseado nos prin-cípios da terapia integrativa, pois nem todos os paci-entes têm o conhecimento e/ou a total aceitação do tratamento.

A formação de grupos específicos, como o de hipertensão, diabetes e obesidade, é uma estratégia utilizada pelos enfermeiros da instituição a fim de atingir um melhor resultado na aplicação da educa-ção em saúde, pois motiva o cliente para o autocuidado, sistematizando o atendimento para al-cançar com êxito a promoção da saúde.

Percebe-se que as atividades dos enfermeiros estão relacionadas, principalmente, ao atendimen-to direatendimen-to ao paciente, em detrimenatendimen-to das atividades administrativas. Assim, acredita-se que o papel do enfermeiro como gerente da instituição em estudo deva ser revisto, pois o bom gerenciamento interfe-re de forma positiva e significativa na assistência ao indivíduo.

(5)

O Contexto das Práticas Integrativas

Os enfermeiros entrevistados ressaltaram di-versos pontos que interferem no cotidiano do seu trabalho e que necessitam de mudanças imediatas. Relataram estrutura física inadequada, escassez de materiais, ausência de indicadores epidemiológicos, desmotivação em relação às pesquisas, ausência de programas de capacitação profissional e baixo reco-nhecimento do profissional de enfermagem pelas demais categorias profissionais.

A gente está com dificuldade de espaço físico. Só dois consultórios é que são da enfermagem, e tem dia que tem três enfermeiros no mesmo horário. (E5) Gostaria de sentir satisfação; se a gente tivesse mais apoio, material para trabalhar; muitas vezes com-prei [material] do meu bolso. (E1)

Uma das perguntas que fiz é se o hospital tinha um documento que pudesse me dar o perfil epidemiológico do hospital. E não tem. (E2) A dificuldade em relação aos outros profissionais é reconhecer o trabalho da enfermagem como impor-tante na equipe.(E3)

Por outro lado, afirmam que a satisfação em tra-balhar com a prática integrativa está ligada com a resposta que o cliente traz ao enfermeiro, o que su-pera as dificuldades citadas anteriormente.

Quando você ouve uma pessoa, e te dá um “feedback” daqueles, é muito importante pra gente, é o que nos estimula. (E2)

Eu me sinto satisfeita pelo usuário, pelo trabalho que a gente faz e pelo retorno que a gente recebe. (E3) Eles dão o retorno. Então isso traz muita satisfação para nós. (E5)

Um aspecto facilitador da atividade do enfer-meiro na instituição é a adesão do paciente ao trata-mento e, principalmente, a crença no processo de cura com a terapia integrativa.

As facilidades em trabalhar com a medicina alterna-tiva é a adesão da comunidade, a aceitação é muito boa. (E3)

Os sentimentos de felicidade e satisfação dos profissionais foram enfatizados em outros estudos e freqüentemente se referem às atividades que desen-volvem e aos eventos que têm êxito19.

Dessa forma, verificamos que é a satisfação pelo trabalho realizado que motiva os profissionais a buscarem cada vez mais uma melhoria no atendi-mento. E é essa constante busca pela melhoria da assistência que contribui e reflete diretamente no processo de humanização em saúde.

Na instituição, os profissionais estão inician-do discussões sobre diversas temáticas, entre as quais

FIGURA 1: FIGURA 1: FIGURA 1: FIGURA 1:

FIGURA 1: Atividades dos Enfermeiros do HMA-GO, Dezembro, 2006.

ATIVIDADES DISCRIMINAÇÃO EXPRESSÕES DOS PROFISSIONAIS

EDUCAT

IVAS

PALESTRAS Orientações sobre práticas integrativas e atendimento do hospital.

"A gente fala do trabalho no hospital,

os tipos de atendimento que tem”. (E3)

GRUPOS DE

EDUCAÇÃO Grupos: Terceira Idade; Hipertensão; Diabetes; Controle de Peso.

“Grupo de controle de peso”. (E3)

"Grupo de hipertensão”. (E4)

PESQUISA Pesquisa da Limpeza Auricular;

Pesquisa sobre a auto-hemoterapia. “Pesquisa de limpeza do ouvido”. (E1)

A SSIS TEN C IA IS CONSULTA DE ENFERMAGEM

Orientações sobre hábitos de vida, alimentação, Hipertensão e Diabetes. Shantala; respiração; relaxamento.

“Mudança do hábito de vida; orientações para hipertensos,

diabéticos”. (E3)

PROGRAMA DA

MULHER Consulta em planejamento familiar, climatério, orientação às gestantes; coleta de material para exame de colpocitologia e exame de mama.

"Prevenção do câncer de colo uterino e de mama; climatério, consulta de

planejamento familiar”. (E3)

A D MI NI ST RAT IVAS

GERENCIAMENTO Escala de serviço; divisão de atividades dos enfermeiros; escala de enfermeiros para palestras.

“Nós somos cinco enfermeiros, e uma

chefia a sessão de enfermagem”. (E4)

ADMINISTRATIVO- BUROCRÁTICA

Agendamento, encaminhamento,

divisão e encaixe de usuários. “Agendo as pessoas para tratamento e consulta de enfermagem. A gente faz

(6)

está o trabalho multiprofissional, que certamente irá contribuir para as relações interpessoais, o trabalho em equipe e a melhoria no atendimento ao usuário.

A gente ainda está tentando criar uma maneira de o enfermeiro atuar nessas práticas alternativas. (E4) Eu vejo que isto está sendo trabalhado, então tende a melhorar, a mudar, para que possamos trabalhar mais em equipe. (E5)

O trabalho do enfermeiro é baseado em ativi-dades educativas que necessitam, entretanto, envol-ver a interdisciplinaridade20. Vale ressaltar que as perspectivas dos enfermeiros entrevistados refletem na assistência de forma a contribuir para a melhoria da saúde pública. Pois, por meio da a prática de edu-cação em saúde, a aprendizagem do indivíduo sobre autocuidado será reforçada e ele poderá auxiliar na promoção da saúde das pessoas que o cercam.

Diante do exposto, ressalta-se a necessidade de conhecer os fatores que propiciam prazer, desprazer e sofrimento para a enfermagem no âmbito das prá-ticas integrativas. Dessa forma, surgirão possibilida-des de mudanças para o trabalho do enfermeiro, con-tribuindo, assim, para a realização de um processo inovador e humanizado.

C

ONCLUSÃO

N

o estudo ficou

evidente a satisfação dos

enfer-meiros com a atividade que exercem, pela aceitação e crença nas práticas integrativas por parte do clien-te e a afinidade com a área em que atuam, assim como uma insatisfação com as relações interpessoais com as demais categorias profissionais e a predomi-nância do modelo biomédico no processo de cuidar. Porém, eles já se mobilizaram em busca da integralidade a fim de garantir melhor atendimento e uma assistência mais humanizada ao cliente.

A partir do estudo, foi possível delinear as ca-racterísticas dos enfermeiros, as atividades que de-senvolvem com base nas ações do cuidar e suas rela-ções com profissionais e usuários de uma instituição especializada em práticas integrativas. Os resultados podem servir para o direcionamento do ensino de graduação em enfermagem no campo das terapias complementares.

Todavia, há que se estimular essa discussão como responsabilidade de todos os envolvidos: docentes, enfermeiros dos serviços e dos próprios graduandos, visto ser o cenário das práticas integrativas um novo aspecto do mercado de trabalho na área da saúde, promissor e em expansão.

R

EFERÊNCIAS

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Recebido em: 03.04.2008 Aprovado em: 10.05.2008

Referências

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