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INDICADORES DE COMPETITIVIDADE DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE SUCO DE LARANJA CONCENTRADO E CONGELADO - SLCC,

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INDICADORES DE COMPETITIVIDADE DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE SUCO DE LARANJA CONCENTRADO E CONGELADO - SLCC, 1980-2002

Cristiane Márcia dos Santos

Economista, Mestranda em Economia Aplicada na Universidade Federal de Viçosa - UFV Departamento de Economia Rural –Universidade Federal de Viçosa, Campus Universitário

CEP: 36571.000 - Viçosa – MG e-mail: cristiane_ufv@yahoo.com.br

Antônio Carvalho Campos

Professor Titular da Universidade Federal de Viçosa – UFV

Departamento de Economia Rural –Universidade Federal de Viçosa, Campus Universitário CEP: 36571.000 - Viçosa – MG

e-mail: accampos@ufv.br

Área Temática: 5 Comércio Internacional

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INDICADORES DE COMPETITIVIDADE DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE SUCO DE LARANJA CONCENTRADO E CONGELADO - SLCC, 1980-2002

Resumo

O Brasil é, historicamente, um país exportador de produtos primários. Contudo, a pauta de exportação de produtos agrícolas brasileiros tem se diversificado, passando a exportar produtos com maior valor agregado. Para verificar o comportamento da exportação brasileira de suco de laranja concentrado e congelado (SLCC) no período de 1980 a 2002 utiliza-se do modelo de Balassa, que serve para identificar se o país apresenta ou não Vantagem Comparativa Revelada (VCR) na comercialização de determinado produto no mercado internacional e dos modelos de Lafay que servem para determinar a Posição Relativa e a VCR deste país nesse mercado. A análise da competitividade do SLCC brasileiro no mercado internacional revela que, de 1980 a 2002, as exportações brasileiras de SLCC obtiveram o mesmo êxito alcançado pela expansão da produção doméstica.Sabe-se que as restrições comerciais e/ou os subsídios que freqüentemente têm sido utilizados por países europeus e pelos EUA, e a deficiente infra-estrutura brasileira que compromete a boa operacionalização logística do país, prejudicam a capacidade de exportação brasileira. No entanto, essas dificuldades não foram suficientes para impedir o crescimento contínuo das exportações do SLCC brasileiro.

Palavras-chave: Suco de Laranja, Vantagem Comparativa Revelada e Indicadores de Competitividade

1- INTRODUÇAO

O grande desenvolvimento da citricultura nacional é um dos exemplos mais interessantes da “modernização conservadora” na agricultura brasileira, no período de 1965 a 1979, que se caracterizou pela oferta de crédito rural subsidiado, pelos incentivos à exploração e isenção tributária, dentre outros. Incentivado por tais medidas de política, o complexo cítrico ultrapassou o período de vigência da modernização mencionada, chegando fortalecido à década de 80, na qual o emprego daquelas políticas não era mais sustentável (Burnquist, 1994, citado por FERREIRA, 1998).

A indústria de suco de laranja no Brasil ganhou notoriedade a partir de 1962 quando uma geada destruiu boa parte da produção de laranja na Flórida/EUA, que até então, era o maior produtor mundial de citrus. A competitividade do Brasil, no caso do suco de laranja concentrado e congelado (SLCC) dá-se pelo baixo custo dos fatores (terra e mão-de-obra), visto que a produtividade norte americana está entre 4 a 5,3 caixas1 de laranja por planta enquanto a do Brasil não chega a 2,5 caixas por planta, porém os baixos custos de produção, mais que compensam essa baixa produtividade. Segundo NEVES e MARIANO (2002), a agroindústria de SLCC é o setor da indústria brasileira que possui excelente capacidade competitiva, devido ao baixo custo da matéria-prima e da alta qualidade do produto.

O Brasil, principalmente o estado de São Paulo, e os Estados Unidos, principalmente a Flórida, dominam a produção de suco cítrico concentrado desde a década de oitenta. Da

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produção de suco de laranja realizada em São Paulo, aproximadamente 90% é direcionada para o mercado externo. Por outro lado, na Flórida, principal centro produtor norte americano, 90% da produção é para processamento, mas o mercado interno consome 86% do suco de laranja produzido no país (ABECITRUS, 2002).

Na safra de 2002/2003, o Brasil, produziu 51,55% da produção mundial de SLCC (Tabela 1). A produção do suco de laranja no Brasil é comercializada quase que totalmente no mercado internacional, sendo o país um dos maiores produtores e exportadores do mundo, com uma participação nesse mercado da ordem de 60% do total comercializado em 2002. Entre os principais importadores do (SLCC) brasileiro destacam-se a União Européia (UE), os países do NAFTA e da Ásia. As exportações do SLCC brasileiro para esses blocos econômicos no início de 2001 foram algo em torno de 75% do total das vendas externas brasileiras (BOTEON, 2001).

Tabela 1 - Maiores produtores mundiais de SLCC em toneladas métricas no ano safra compreendido entre 1991/1992 e 2002/2003

Ano Safra Brasil EUA México Espanha Demais Países Total 91/92 1.145.000 661.495 14.000 33.000 161.683 2.015.178 92/93 1.118.000 858.678 25.000 24.000 136.769 2.162.447 93/94 1.126.000 801.891 36.000 25.000 139.479 2.128.370 94/95 1.085.000 894.239 65.000 48.000 112.698 2.204.937 95/96 1.152.000 913.070 45.000 59.000 129.202 2.298.272 96/97 1.360.000 1.029.000 40.000 39.000 115.998 2.583.998 97/98 1.218.000 1.106.069 47.600 46.000 153.372 2.571.041 98/99 1.360.000 879.165 45.300 45.300 112.769 2.442.534 00/01 1.197.000 1.071.713 41.000 52.000 130.429 2.492.142 01/ 02 978.000 966.725 40.500 58.000 104.111 2.147.336 02/03 1.306.000 1.001.010 45.000 62.000 119.539 2.533.549 Fonte: Agrianual (2004).

A partir de 1990, houve um declínio das exportações para os países do NAFTA, um forte crescimento das exportações para os países da EU e uma penetração notável no mercado asiático (Tabela 2).

Tabela 2 - Exportações brasileira de SLCC para a União Européia, NAFTA e Ásia no período compreendido entre 1990 e 2001 em kilograma

ANO UNIÃO EUROPÉIA NAFTA ASIA

1990 467.396.197 439.618.940 37.576.196 1991 487.349.810 341.315.396 66.664.364 1992 523.996.919 355.518.900 83.872.315 1993 707.047.744 348.529.919 101.291.340 1994 645.115.281 335.555.921 142.846.357 1995 705.883.959 116.126.947 114.998.725 1996 798.421.624 239.523.742 116.861.443 1997 804.549.721 217.357.544 125.883.277 1998 908.786.325 196.313.331 94.182.271 1999 819.322.854 223.901.755 99.256.709 2000 818.353.165 241.912.758 122.450.867 2001 859.109.745 177.072.080 137.463.595

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Fonte: MDIC (2004).

A posição brasileira de maior exportador mundial de SLCC não encontra ameaças de outros competidores, exceto por questões geopolíticas no âmbito do NAFTA. Segundo SILVA (1997), a partir da década de 90 a política comercial norte americana sobretaxa o produto brasileiro, reduzindo a sua competitividade frente a outras regiões, principalmente ao México. À exceção do ano de 2002, completamente atípico em termos da participação do Brasil nas exportações mundiais, o Brasil vem se mantendo em níveis acima de 70% no mercado internacional (Tabela 3).

Tabela 3 - Exportações brasileiras e mundiais de suco de laranja concentrado e a parcela de mercado em relação às exportações mundiais –1980-2002

Exportações Brasileiras Exportações Mundiais

Ano

mil toneladas

mil US$

FOB mil toneladas

mil US$ FOB Quantidade Exportada Brasileira em Relação a mundial(%) 1980 401.026 338.653 555.207 516.552 72 1981 639.046 659.156 805.185 846.811 79 1982 521.217 573.388 677.168 769.055 77 1983 553.110 607.931 728.162 814.807 76 1984 904.805 1.414.500 1.101.550 1.681.290 82 1985 484.782 748.925 660.922 1.000.443 73 1986 808.262 682.186 960.000 847.713 84 1987 754.967 830.502 967.364 1.079.000 78 1988 663.600 114.332 864.560 424.545 77 1989 724.174 1.018.950 925.583 1.321.374 78 1990 953.969 1.468.440 1.252.966 1.929.150 76 1991 913.738 900.290 1.170.711 1.245.581 78 1992 972.428 1.052.960 1.235.797 1.414.646 79 1993 1.165.350 826.352 1.454.001 1.143.757 80 1994 1.146.920 985.563 1.430.866 1.334.631 80 1995 961.193 1.105.390 1.218.276 1.499.642 79 1996 1.182.240 1.393.780 1.402.732 1.759.182 84 1997 1.179.570 1.003.020 1.416.105 1.338.293 83 1998 1.227.870 1.262.340 1.470.654 1.573.019 83 1999 1.168.140 1.235.060 1.402.663 1.565.291 83 2000 1.224.460 1.019.260 1.518.812 1.407.729 81 2001 1.348.190 812.554 1.649.403 1.135.563 82 2002 1.002.816 869.308 1.734.175 1.710.909 58 Fonte: Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), (2004).

A partir da intensificação da abertura de sua economia no início da década de 90, o Brasil tem buscado alcançar saldos positivos na balança comercial. Historicamente, o país tem se constituído em um grande país exportador de produtos primários. Mesmo tendo sido reduzida a participação relativa nas exportações brasileiras, é inegável a grande contribuição da agricultura para o alcance de superávits na balança comercial do país. De acordo com dados da Secretaria do Comércio Exterior - SECEX, o valor absoluto das exportações de produtos básicos passou de US$ 2.049 bilhões, em 1970, para US$ 12.561 bilhões FOB em 2000. Mas, de acordo com o mesmo órgão, devido ao processo de industrialização e a

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diversificação da pauta de exportações, esses produtos tiveram sua participação relativa reduzida de 74,8% em 1970 para 22,8% em 2000.

Uma vez caracterizado que mudanças vêm ocorrendo no que diz respeito ao padrão de comércio internacional, em que produtos de maiores valores agregados e mais intensivos em tecnologia passam a ganhar importância relativa na pauta de exportação brasileira, enquanto que as exportações tradicionais perdem mercados, faz-se necessário verificar como essa nova estrutura de comércio internacional está baseada quanto aos tipos de produtos exportados. Torna-se importante, então, analisar o comportamento da exportação de SLCC brasileiro no período de 1980 a 2002 que, por meio de indicadores de Vantagem Comparativa Revelada, evidenciará a natureza dessas mudanças na medida em que permite identificar a trajetória das exportações do produto analisado.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

O modelo teórico em que se baseia este trabalho está fundamentado nos conceitos econômicos de competitividade entre as nações e de variações em suas respectivas parcelas de mercado. O enfoque da competitividade iniciou-se com os estudos de Adam Smith sobre a teoria da vantagem absoluta. Em 1817, David Ricardo surge, contrapondo-se as idéias de Smith, para o qual o essencial na determinação do comércio entre os países estaria relacionado com os custos comparativos. A teoria da vantagem comparativa de Ricardo tem como idéia central o fato de que as empresas empregam tecnologias distintas no uso de seus fatores de produção. Assim, o crescimento das nações depende apenas do desenvolvimento de um parque industrial que faça uso eficiente de seus fatores de produção. Dessa forma, cada país deveria exportar os produtos para os quais detêm vantagem comparativa em sua produção e importar aqueles produtos que não apresentam vantagens comparativas.

Como essa teoria não foi suficiente para explicar as diferentes posições que os países ocupam em relação ao comércio internacional, surgiu, então, a teoria da dotação relativa dos fatores, ou teoria Heckescher-Olhin. Segundo essa teoria, cada país deveria exportar os produtos que empregassem intensivamente os fatores de produção abundantes e importar os produtos intensivos em seus fatores escassos.

A partir dessa teoria, foram se formando novas bases para o entendimento dos fluxos comerciais no mercado internacional, a vantagem competitiva passou a ser um tema central nesse cenário. É importante perceber que a vantagem competitiva, assim como a própria competição, é um alvo em constante movimento, ou seja, sua essência está em não se ater a uma idéia fixa e única do que seja sua fonte de vantagem (MONTGOMERY et al., 1998).

O termo competitividade tem conceitos amplos que variam de acordo com o objetivo do trabalho a ser realizado. Sob a ótica do comércio internacional, a competitividade pode ser definida também como a capacidade de um país, setor ou empresa particular em participar dos mercados externos. Mais especificamente é definida como a capacidade de a empresa formular e implementar estratégias concorrenciais que lhe permitam ampliar ou conservar, de forma duradoura, uma posição sustentável no mercado.

Segundo OLIVEIRA (1996), a perda de competitividade das empresas nacionais em face das concorrentes estrangeiras, dá-se devido à influência de fatores sistêmicos que acabam prejudicando o espaço ocupado por essas empresas no mercado internacional. O custo Brasil está relacionado com a perda de competitividade brasileira no mercado internacional, que pode ser entendido com um custo adicional ao padrão internacional de custos associados à desvantagem peculiares ao ambiente brasileiro, provocadas pelas distorções de políticas, ineficiência pública e, ou, falhas de mercados.

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anos trouxeram à tona um novo padrão de concorrência e de vantagens competitivas, no qual a competitividade está sendo requerida cada vez mais, em virtude do processo de globalização da economia, que intensificou o comércio internacional de produtos e serviços.

3. Modelo Analítico

A análise dos dados fundamenta-se no cálculo dos indicadores de Posição Relativa no Mercado – POS e de Vantagem Comparativa Revelada – VCR, pelos quais, pode-se analisar a competitividade do SLCC no mercado internacional e, principalmente, o posicionamento do produto brasileiro frente a esse mercado, verificando se o mesmo revela vantagens comparativas e eficiência em seu sistema de produção, que o permita competir com os demais concorrentes ao longo do tempo. Tais indicadores permitem uma melhor análise sobre a evolução das exportações de SLCC, podendo, dessa forma, contribuir para caracterizar a estrutura do mercado internacional do SLCC e as mudanças ocorridas no período de estudo. 3.1.1. Índice de Posição Relativa no mercado (POS)

Para LAFAY (1999), para que se determine a posição de uma nação no mercado internacional de um produto, ou seja, a competitividade entre países, faz-se necessário que se calcule o seu saldo comercial: exportações (X) menos importações (M) do produto k, no tempo n, do país i; em relação ao valor total das exportações do referido produto (k) comercializado no mundo (W), mais as importações totais mundiais deste produto, em um determinado período de tempo.

Algebricamente, o índice POS é definido por: n k n ik n ik n ik W M X POS =100* − (1)

Para a análise dos resultados, deve-se considerar que os países que apresentarem resultados superiores a zero estarão obtendo saldos relativos superavitários e os países que apresentarem resultados negativos serão aqueles que têm um posicionamento relativo deficitário no mercado internacional.

Ainda segundo LAFAY (1999), essa medida de competição internacional, entre países, é influenciada pelas variáveis macroeconômicas, pelo peso da economia do país em relação à economia mundial, pelas características estruturais do consumo e da produção desse bem e pelas distorções que podem ser introduzidas pelo poder público, tais como a subvenção às exportações e, ou, a introdução de barreiras às de importações.

3.1.2. Índice de Vantagem Comparativa Revelada de Balassa

O conceito de vantagem comparativa, de maneira simplificada, procura demonstrar que o comércio internacional é vantajoso quando os países se dedicam a produzir apenas aqueles bens em que são comparativamente mais eficientes do que outros. Busca-se, assim, mensurar o desempenho exportador em produtos em que o país apresenta vantagem comparativa com base nos registros de comércio passado, pressupondo-se que a eficiência produtiva relativa de um país pode ser identificada por meio de seu desempenho no comércio internacional.

Uma maneira tão simples e objetiva, quanto o conceito acima, de se aproximar da mensuração da vantagem comparativa de uma região ou país, foi definida pelo índice de Vantagem Comparativa Revelada – VCR, de BALASSA (1989), em que aqueles resultados que apresentam valores acima da unidade estariam indicando uma vantagem comparativa do

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país no setor estudado. Tradicionalmente, a Vantagem Comparativa Revelada é calculada em relação ao mundo, podendo ser definida matematicamente por:

Mundo T Mundo K País T País k X X X X VCR= (2) em que:

= exportações do bem k do país; País

k

X

País T

X = exportações totais do país; Mundo

k

X = exportações mundiais do bem k, e Mundo

T

X = exportações totais do mundo.

No entanto, a vantagem comparativa revelada pode, também, ser calculada de maneira dinâmica, quando se tem o intuito de verificar os ganhos e, ou, perdas obtidas em relação à sua vantagem comparativa, quando os países trocam de posição em suas capacidades de inserção no comércio internacional. Para isto, selecionam-se os países a serem comparados, calculando-se, em seguida, os seus respectivos índices de VCR para uma dada série temporal de dados, o que permite a observação de seus respectivos posicionamentos no mercado internacional do bem sob consideração.

3.1.3. Índice de Vantagem Comparativa Revelada de Lafay (VCR)

Após Balassa ter apresentado seu índice de Vantagem Comparativa Revelada, algumas novas versões foram desenvolvidas. Neste trabalho, optou-se pelo indicador de VCR de LAFAY (1999), com a finalidade de confirmar ou negar os resultados obtidos com o indicador de Balassa. Tal indicador trata de avaliar a competitividade entre produtos ou setores em um determinado espaço econômico, seja qual for o saldo global que afete o seu conjunto de bens e serviços, permitindo que se aprofunde a análise sobre a tendência à especialização de um país, dissociando-a da conjuntura macroeconômica. Dessa forma, para um produto k de um país i, primeiramente, calcula-se o seu saldo em relação ao Produto Interno Bruto (Yi), ou seja, em relação ao tamanho do mercado nacional.

i ik ik ik Y M X y =1000* − (3) em que:

Xik = exportação de produto k por um país i;

Mik = importação de produto k por um país i;

Yi = PIB (Produto Interno Bruto) do país í.

A seguir, definem-se as contribuições do saldo comercial do produto k à balança comercial e desta em relação ao PIB (equações 5 e 6). Assim, o índice desenvolvido por LAFAY (1999), que é utilizado para mensurar a VCR, é expresso pela equação 4:

(4) i ik ik ik y g y f VCR= = − * Sendo: i i ik ik ik M X M X g + − = (5)

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i i i i Y M X y = 1000 − (6) Onde:

Xi = exportações totais do país i;

Mi = importações totais do país i;

O primeiro termo da equação 4 mostra o saldo efetivo do SLCC e sua participação relativa no produto nacional, ou seja, no PIB. O segundo termo indica o saldo que ocorreria se a participação de cada produto no saldo total da balança comercial fosse igual a sua participação no fluxo total de comércio. Se o saldo observado for maior que o saldo em condições de neutralidade, ou seja, a primeira parte da equação for maior que a segunda, o índice será positivo (há vantagem comparativa), caso contrário será obtido um valor negativo demonstrando situação de desvantagem (equação 4).

Além disso, faz-se necessário eliminar a influência das alterações na vantagem comparativa que não sejam específicas da região analisada, mas que resultem da própria evolução da participação do produto no mercado mundial. Para isso, toma-se por base um ano

r como referência e, utilizando-se do fator de ponderação, corrige-se cada um dos fluxos X e M para as diversas observações de n.

n n k r r k n k W W W W e = (7) em que: r k

W = exportações mais importações mundiais do produto k, no ano de referência r, r

W = exportações mais importações mundiais totais, no ano de referência r,

n k

W = exportações mais importações mundiais do produto k, no ano n, n

W = exportações mais importações mundiais totais, no ano n.

Para calcular o indicador de Vantagem Comparativa Revelada f´ik, em relação aos pesos mundiais do ano de referência r, tem-se que: o ano de referência coincide com f, enquanto os outros anos (n) diferenciam-se quanto mais o comércio mundial do produto k tender a se desviar da tendência média registrada para o conjunto de bens. Neste trabalho, considera-se 1990 como o ano de referência ou ano-base.

De acordo com SILVA et al. (2001) o uso do indicador de VCR permite analisar a tendência à especialização de um país dissociando-a da conjuntura macroeconômica, e identificar os pontos fortes e fracos de uma economia.

3.2.Fontes de Dados

Os dados utilizados neste trabalho são oriundos do Ministério do Desenvolvimento, Industria e Comércio Exterior (MDIC), do Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) e do Banco Mundial.

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4.RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados, a seguir, estão divididos de acordo com cada um dos indicadores utilizados para análise do comportamento das exportações de SLCC (POS – Lafay, VCR – Balassa, VCR – Lafay,). A plotagem dos valores obtidos para cada um dos indicadores define configurações gráficas em que se podem visualizar as evoluções das exportações nos países selecionados. Dessa forma, espera-se que se tenha traçado um quadro mais amplo no que diz respeito à participação competitiva de cada um dos países produtores/exportadores, especialmente para o Brasil, no mercado internacional do SLCC.

4.1. Indicador de Posição Relativa no mercado (POS)

Com relação à aplicação do índice de Posição Relativa no mercado (POS), para os países e período selecionados, os resultados encontrados demonstram uma hegemonia brasileira nas exportações do SLCC que apresentou tendência crescente em todo o período analisado. À exceção da forte queda no seu índice de participação em 1988, o Brasil apresentou uma evolução constante em seu posicionamento no mercado internacional, não sendo jamais superado pelo seu concorrente. Em 2002, o índice de posicionamento do Brasil foi 776,97% maior do que os dos Estados Unidos (Figura 1). Tal fato deve-se ao forte incremento na produção e, principalmente, no aumento das exportações brasileiras que passaram de 401.026 para 1.002.816 toneladas métricas no período considerado.

-60 -40 -20 0 20 40 60 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Brasil Eua F Fonte:Elaboração dos autores a partir de dados da FAO e do Banco Mundial

Figura 1. Índice de Posição Relativa do Brasil e Estados Unidos de SLCC.

Em relação ao comportamento dos Estados Unidos, observa-se que seu índice de posicionamento relativo no mercado piorou entre os anos de 1981 e 2001. Os resultados negativos nesse período caracterizam valores importados de SLCC superiores aos exportados. Em 2002, as exportações dos Estados Unidos recuperaram-se o índice de posição relativa no mercado foi positivo, o que indica exportações maiores que importações.

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4.2. Indicador de Vantagem Comparativa Revelada de Balassa (VCR – Balassa)

Por meio dos resultados encontrados, pode-se demonstrar a grande diferença apresentada entre o Brasil e o seu principal concorrente (EUA) no mercado internacional, o que caracteriza um forte indicativo de especialização do Brasil nas exportações do SLCC (Figura 2). O principal fator determinante dessa especialização foi o crescimento do consumo no mercado europeu, que é o seu principal mercado importador.

0 15 30 45 60 75 90 105 120 135 19801981198219831984198519861987198819891990199119921993199419951996199719981999200020012002 Brasil Eua

Fonte: Elaborado pelos autores a partir de dados da FAO e do Banco Mundial

Figura 2. Vantagem Comparativa Revelada do Brasil e Estados Unidos de SLCC, na exportação do SLCC entre 1980 e 2002 (Balassa).

Deve-se observar que o Brasil apresentou o seu maior índice de VCR em 1999, quando nos anos subseqüentes vem apresentando uma tendência de queda. Tal fato encontra explicação nos problemas relacionados com evolução da produção do país.

Para os Estados Unidos, as vantagens comparativas reveladas foram observadas em 52% do período analisado, devendo-se observar que esse país apresentou o seu melhor índice em 1988, ano problemático para a produção brasileira, e que, desse ano em diante, passou a oscilar entre vantagens comparativas reveladas e desvantagens comparativas reveladas, no contexto do mercado internacional de SLCC.

4.3. Indicador de Vantagem Comparativa Revelada de Lafay (VCR – Lafay)

Quando se analisa o indicador de Vantagem Comparativa Revelada de Lafay, os resultados foram semelhantes ao de Balassa (Figura 3). A diferença mais significativa deve-se ao comportamento apresentado pelo Brasil que, apesar de apresentar índice muito superior aos Estados Unidos, demonstrou um crescimento ao longo do período. O país experimentou ganhos dinâmicos de vantagem comparativa revelada, diferentemente do encontrado por meio do modelo de Balassa. Tal diferença deve-se ao fato de que a metodologia de Lafay dissocia os resultados da análise dos efeitos causados pelas mudanças na conjuntura macroeconômica.

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-1 0 1 2 3 4 5 6 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Brasil EUA

Fonte: Elaborado pelos autores a partir de dados da FAO e do Banco Mundial

Figura. 3. Vantagem Comparativa Revelada do Brasil e Estados Unidos de SLCC, na exportação do produto, entre 1980 e 2002 (Lafay).

Os Estados Unidos apresentaram, no período analisado, índices positivos apenas nos anos de 1980, 2001 e 2002, caracterizando que experimentou, na maioria dos anos do período analisado, perdas na vantagem comparativa revelada no mercado internacional do SLCC e, principalmente, após assumir a posição de importador líquido do produto.

5. CONCLUSÕES

Por meio dos indicadores de Posição, de Vantagem Comparativa Revelada (Balassa e Lafay) constatou-se que, de 1980 a 2001, a posição competitiva do Brasil no mercado internacional do SLCC obteve o mesmo êxito que o alcançado em sua produção. A influência de restrições comerciais e, ou, de subsídios, que freqüentemente têm sido utilizados por países europeus e pelos Estados Unidos, e a deficiente infra-estrutura brasileira, o que compromete a boa operacionalização logística das cargas no país, prejudicam a capacidade de exportação brasileira. Mas, mesmo assim, o SLCC brasileiro conseguiu superar essas barreiras e aparece claramente com vantagem competitiva estruturada.

Nesse sentido, a atuação do Brasil no combate aos subsídios e às barreiras tarifárias, na melhoria da infra-estrutura de estradas e portos e no desenvolvimento de práticas agronômicas que visem o aumento da produtividade dos laranjais permitirá que o país melhore ainda mais o seu posicionamento competitivo no mercado internacional de SLCC, o que deverá estimular a produção nacional. Desta forma, a produção nacional de laranja que sempre esteve associada com o desempenho exportador brasileiro, poderá, mais uma vez, vir a ser beneficiada com o crescimento do mercado internacional para o SLCC.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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