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PESQUISA-FORMAÇÃO: A BUSCA PELO APRIMORAMENTO PROFISSIONAL DE PROFESSORAS DE BEBÊS E CRIANÇAS PEQUENAS

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Academic year: 2021

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PESQUISA-FORMAÇÃO: A BUSCA PELO APRIMORAMENTO PROFISSIONAL DE PROFESSORAS DE BEBÊS E CRIANÇAS PEQUENAS

Arlene Araújo Nogueira1 Ilaine Inês Both2 Michelle de Freitas Bissoli3

Resumo: Este trabalho busca apresentar os pressupostos teórico-metodológicos de duas

investigações em andamento, em nível de Doutorado, cujos objetivos se coadunam por se tratarem de pesquisas-formação, cujos objetos são, respectivamente, as interações entre adultos e crianças e entre crianças em uma creche municipal da cidade de Manaus/AM e a organização dos tempos em uma pré-escola municipal da mesma localidade. Ambas as pesquisas se ligam a um projeto maior, que integra um conjunto de investigações voltadas para a formação de professores de Educação Infantil a partir da observação acurada e da reflexão coletiva sobre as práticas pedagógicas de professores(as) de creches e pré-escolas, tendo como base teórico-metodológica a abordagem histórico-cultural e considerando a escola como espaço privilegiado de formação docente. São procedimentos metodológicos comuns aos dois trabalhos os encontros formativos com professores(as), a intervenção na realidade a partir da propositura de práticas pedagógicas a serem objeto de análise e discussão coletiva e o enriquecimento das possibilidades de pensar a prática a partir do aprofundamento dos conhecimentos teóricos sobre as especificidades de aprender e ensinar na Educação Infantil. Aliadas à observação participante com traços etnográficos, estarão as entrevistas a professoras, os grupos de discussão. O material que será utilizado para mediar a formação das professoras será coletado por intermédio de gravações de áudio e vídeo, além das anotações do caderno de campo. Consideramos que a pesquisa-formação pode contribuir para a pesquisa-formação continuada de professores(as) de creches e pré-escolas a partir da valorização do diálogo como propulsor do desenvolvimento de sua identidade profissional.

Palavras-chave: Educação Infantil; Formação Docente; Práticas Pedagógicas.

Pesquisar e atuar sobre a formação de professores tem sido, desde 2004, o foco do Grupo de Pesquisa “Teoria Histórico-Cultural, Infância e Pedagogia”, na Faculdade de Educação da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Temos nos dedicado, prioritariamente, nos últimos anos, a pesquisar a formação inicial e continuada de professores da Educação Infantil, tendo em vista a problemática que envolve o cuidar e

1 Professora Assistente do Departamento de Métodos e Técnicas da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação – PPGE/UFAM.

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Professora Assistente do Departamento de Métodos e Técnicas da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação – PPGE/UFAM.

3 Professora Adjunta do Departamento de Métodos e Técnicas da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação – PPGE/UFAM.

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educar as crianças pequenas em nossa região, as práticas pedagógicas desenvolvidas e a relação teoria prática que caracteriza o trabalho docente nas creches e pré-escolas.

Neste trabalho, objetivamos apresentar os pressupostos teórico-metodológicos que têm conduzido a atual pesquisa de nosso grupo, intitulada “A formação de professores de Educação Infantil em foco: reflexões sobre o desenvolvimento profissional a partir das contribuições da Teoria Histórico-Cultural”, relatando, prioritariamente, como tem sido desenvolvidas duas investigações em andamento, em nível de Doutorado, a ela vinculadas: Interações na educação infantil: o trabalho de

educar cuidando em uma creche pública da cidade de Manaus, e A Criança Fala! A Escola Escuta? A organização do tempo escolar na perspectiva de crianças e profissionais de uma Instituição Pública Municipal de Educação Infantil de Manaus-AM, cujos objetivos se coadunam no sentido de constituírem-se como

pesquisas-formação, realizadas em duas instituições públicas municipais de Educação Infantil.

As pesquisas são aqui apresentadas juntamente por integrarem um conjunto de investigações que se voltam para a formação de professores de Educação Infantil a partir da observação acurada e da reflexão coletiva sobre as práticas pedagógicas de professores(as) de creches e pré-escolas, tendo como base teórico-metodológica a abordagem histórico-cultural e considerando a escola como espaço privilegiado de formação docente.

Sabemos que a oferta de matrículas na Educação Infantil brasileira tem sido ampliada significativamente na última década, fruto, principalmente, da luta empreendida por diversos segmentos da sociedade em prol dos direitos educacionais das crianças pequenas. Segundo a Síntese de Indicadores Sociais (IBGE, 2012), entre 2001 e 2011, a taxa bruta de crianças atendidas em creches passou de 10,6% para 20,8% enquanto as crianças pré-escolares passaram de 55,0% para 77,4%. No entanto, o acesso das crianças a creches e pré-escolas é desigual entre as regiões brasileiras, assim como é desigual a qualidade no atendimento.

O estado do Amazonas encontra-se entre aqueles com mais baixo atendimento, especialmente na faixa etária de zero a três anos. Números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes a 2012 apontam uma defasagem em relação ao número de crianças que frequentam a escola no estado. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) de 2012 revelou que apenas 5,1 % das crianças de 0 a 3 anos frequentaram alguma instituição educativa em 2012, enquanto

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59,2% das crianças de 4 e 5 anos frequentaram pré-escolas na capital e região metropolitana. No município de Manaus, até o ano de 2012, havia apenas uma creche pública, número ampliado para cinco em 2013. Além disso, é importante destacar que na atuação docente junto ao curso de Pedagogia da UFAM, em diversas situações acadêmicas, observamos situações problemáticas que comprometem a qualidade da educação da criança pequena neste município. Foi possível constatar, além de espaços físicos inadequados, insuficiência e precariedade de materiais e práticas pedagógicas permeadas pelo autoritarismo, mesmice, e por fazeres mecanicistas e enfadonhos que não contribuem para o desenvolvimento integral das crianças (BRASIL, 2009).

Não basta, portanto, às crianças, estarem matriculadas em creches e pré-escolas. É necessário considerar, igualmente, as condições do atendimento, os aspectos que envolvem a organização e as práticas pedagógicas com elas desenvolvidas. Isso requer ações concretas que passam, também e necessariamente, pela formação inicial e continuada dos profissionais que atuam nessa etapa da Educação Básica, embora entendamos que a superação dos inúmeros problemas que envolvem a Educação Infantil no Brasil não possa resultar unicamente dos processos formativos, envolvendo também investimentos públicos em melhores salários e condições de trabalho.

Mello (2007) afirma que a todos os profissionais da Educação Infantil cabe estudar, pois muito do que tem sido feito com a educação das crianças pequenas carece de uma base científica. Desta forma, o aprofundamento conceitual é um caminho necessário para a transformação de concepções de base – de criança, infância, educação e papel do(a) professor(a) e, no caso das investigações que aqui trazemos, também, as concepções de interação e tempo – que permeiam o trabalho docente em creches e pré-escolas.

Barbosa e Horn (2008), ao refletirem sobre a formação de professores(as) da Educação Infantil no Brasil, afirmam que, de modo geral, ainda há uma considerável precariedade: os cursos de formação nem sempre possibilitam que os(as) professores(as) superem, em suas práticas, o senso comum ou aquilo que aprenderam em sua infância.

Consideramos, entretanto, que o professor é um intelectual, que deve possuir saberes teóricos e práticos sólidos para propiciar à criança aquilo que ela não tem em seu cotidiano, e contribuir significativamente com suas aprendizagens e com o desenvolvimento que delas decorre (VIGOTSKII, 1998). Para isso, é importante que o professor planeje, estude os conteúdos e busque metodologias eficazes que condigam com as especificidades da infância. E, nesse sentido, formação inicial e continuada têm

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grande importância já que, por seu intermédio, é possível ampliar o patrimônio cultural dos(as) professores(as), contribuindo para a consolidação de práticas educativas que, incrementando o acesso da criança à cultura, possam atuar em função da criação de novas necessidades nos pequenos e, assim, de sua humanização (LEONTIEV, 1978). Isto requer dos processos formativos o envolvimento em atividades que visem, em última instância, ao desenvolvimento da identidade de professores de Educação Infantil, considerando as especificidades da docência que aí se realiza.

Becchi e Bondioli (2003) informam que o percurso metodológico da pesquisa-formação, a que nos filiamos em ambas as investigações, possibilita a metarreflexão, permitindo que os sujeitos desenvolvam a autoconsciência sobre seu próprio fazer. O pesquisador e observador externo torna-se, assim, um suporte de crescimento do coletivo e elemento provocador de reflexão por parte do grupo pesquisado.

Inseridas na creche e na pré-escola, respectivamente, como pesquisadoras, compreendemos que os dados de nossas investigações estão sendo produzidos em colaboração com os sujeitos pesquisados, convidados a se fazerem, também, pesquisadores, na medida em que puderem refletir sobre seu próprio trabalho, teorizando sua prática (BECCHI; BONDIOLI, 2003; GOMES, 2006).

Para tanto, elegemos, como procedimentos metodológicos das investigações que ora apresentamos – e que integram uma pesquisa maior – os encontros formativos com professores, a intervenção na realidade a partir da propositura de práticas pedagógicas a serem objeto de análise e discussão coletiva, o enriquecimento das possibilidades de pensar a prática a partir do aprofundamento dos conhecimentos teóricos sobre as especificidades de aprender e ensinar na Educação Infantil.

Aliadas à observação participante com traços etnográficos, visando a perceber como se estabelecem as relações no interior da creche (objeto da primeira investigação, que tem como foco principal as interações entre adultos e crianças e entre as crianças) e da pré-escola (objeto segunda investigação, que tem como foco a questão da organização dos tempos e possibilidades de se pensar intencionalmente em diferentes alternativas) estarão as entrevistas a professoras, os grupos de discussão. O material que será utilizado para mediar a formação das professoras será coletado por intermédio de gravações de áudio e vídeo, além das anotações do caderno de campo.

Partimos do pressuposto de que a atividade pedagógica na infância requer o diálogo ininterrupto entre as especificidades do desenvolvimento infantil em cada momento e os objetivos pedagógicos traçados, tendo em vista a formação integral da

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criança. E isso implica o aprofundamento teórico e a articulação real com a prática. Assim, almejamos somar esforços para a consolidação de uma formação continuada de profissionais de creches e pré-escolas que se constituam co-construtores do currículo, conhecendo as formas pelas quais os objetos da cultura material e não-material podem ser apresentados às crianças de forma significativa, para que, em atividade (LEONTIEV, 1978), elas possam apropriar-se de conhecimentos importantes a cada momento de seu desenvolvimento.

Se queremos professores engajados com a complexa atividade de educar é preciso considerar que profissional em formação é, acima de tudo, alguém com uma biografia única, com motivações particulares, com sentimentos e formas próprias de ler o mundo. Alguém que constrói a sua profissionalidade no ambiente de trabalho – na formação continuada –, e deve fazê-lo com sentido. Disso decorre a importância de pesquisas que investiguem o que se faz e o que se aprende nas atividades formativas.

Assim, finalizamos afirmando nosso intuito de contribuir com a formação de professores investigativos, profissionalmente comprometidos e capazes de construir práticas pedagógicas que elevem as capacidades humanas de crianças e do conjunto dos profissionais que atuam em creches e pré-escolas por intermédio da pesquisa-formação que tem, na prática pedagógica desenvolvida, o seu substrato.

Referências

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Conselho Nacional da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Parecer CNE/CEB nº 020/09 aprovado em 11 de novembro de 2009. Brasília, DF, 2009.

BARBOSA, M. C. S.; HORN, M. G. S. Projetos Pedagógicos na Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed, 2008.

BECCHI, E.; BONDIOLI, A. (Orgs.). Avaliando a pré-escola: uma trajetória de formação de professoras. Campinas, SP: Autores Associados, 2003.

GOMES, M. O. Grupos de pesquisa-formação: potencializando o desenvolvimento profissional de educadoras de crianças pequenas. In: PIMENTA, S. G.; GHEDIN, E.; FRANCO, M. S. A. (Orgs.). Pesquisa em educação: alternativas investigativas com objetos complexos. São Paulo: Edições Loyola, 2006.

IBGE. Síntese de Indicadores Sociais 2013. Brasília. Disponível em:

<ftp://ftp.ibge.gov.br/Indicadores_Sociais/Sintese_de_Indicadores_Sociais_2013/pdf/ed ucacao_pdf.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2014.

LEONTIEV, A. N. O desenvolvimento do psiquismo. Lisboa: Livros Horizonte, 1978. MELLO, S. A. O desenvolvimento da linguagem oral, escrita e visual. In: BISSOLI, Michelle de Freitas (Org.). Fundamentos da Educação Infantil. Manaus: CEFORT/EDUA, 2007.

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VIGOTSKII, L. S. Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar. In: VIGOTSKII L. S., LURIA, A. R., LEONTIEV, A. N. Linguagem, Desenvolvimento e Aprendizagem. São Paulo: Ícone: Edusp, 1998.

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