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RAPHAEL CAVALCANTI FERRAZ FLORÍSTICA E FITOSSOCIOLOGIA DE UMA ÁREA DE CAATINGA LOCALIZADA NO MONUMENTO NATURAL GROTA DO ANGICO, SERGIPE

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RAPHAEL CAVALCANTI FERRAZ

FLORÍSTICA E FITOSSOCIOLOGIA DE UMA ÁREA DE

CAATINGA LOCALIZADA NO MONUMENTO

NATURAL GROTA DO ANGICO, SERGIPE

SÃO CRITÓVÃO - SE

JULHO – 2009

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RAPHAEL CAVALCANTI FERRAZ

FLORÍSTICA E FITOSSOCIOLOGIA DE UMA ÁREA DE

CAATINGA LOCALIZADA NO MONUMENTO

NATURAL GROTA DO ANGICO, SERGIPE

Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal de Sergipe, como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Florestal.

SÃO CRITÓVÃO - SE

JULHO – 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE - UFS CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE - CCBS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FLORESTAIS - DCF

FLORÍSTICA E FITOSSOCIOLOGIA DE UMA ÁREA DE CAATINGA

LOCALIZADA NO MONUMENTO NATURAL GROTA DO ANGICO,

SERGIPE

Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal de Sergipe, como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Florestal.

APROVADA: 07 de Julho de 2009. ORIENTADO: Raphael Cavalcanti Ferraz

________________________________________ Profª. Dra. Anabel Aparecida de Mello

(Orientadora)

_________________________________ __________________________________ Prof. Dr. Robério Anastácio Ferreira Profª. Dra. Ana Paula do Nascimento Prata

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Dedico

a minha família, em especial minha mãe, meu pai e meu irmão, aos meus amigos e ao povo sertanejo, que mesmo sendo menosprezado perante os nossos políticos e de viver em situações desumanas, não perdeu o seu espírito acolhedor.

(5)

ii AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pela oportunidade que me deu em ser um jovem saudável e determinado para a realização desse trabalho, colaborando ainda em me presentear com uma família que sempre esteve presente nos momentos mais especiais da minha vida.

Aos meus pais exemplares, Jorge e Ana Lúcia pela educação que me proporcionaram, por toda paciência que tiveram durante o meu período de formação, pelo apoio incondicional, investimento, conselhos e pelo conhecimento aprendido no dia-a-dia, os quais fizeram de mim o homem que sou.

Ao meu irmão Rodrigo pelas brincadeiras que nos acompanha desde a época de berço, pela amizade, pelo companheirismo e pelo fato de ter aprendido a conviver com tamanhas diferenças que fizeram com que eu olhasse a vida de uma maneira diferente.

Ao meu avô materno Arlindo Cavalcanti que durante o período que esteve entre nós foi um amigo que me aconselhou e me ensinou a gostar de futebol através de conversas, cartas e jornais a respeito do Sport e me incentivou a estudar e atingir meus objetivos.

A minha avó materna Semíramis Cavalcanti por ser uma pessoa que sempre estará ao meu lado, por toda a sua influência nos meus estudos me levando inclusive ao colégio quando não era possível que meus pais me levassem, pelas férias inesquecíveis que passei em sua casa, onde aprendi a admirá-la e ter certeza que a família é indispensável nas nossas vidas.

Aos meus avós paternos Mauro Ferraz e Terezinha Ferraz por tudo que são e por estarem presentes contribuindo ainda na minha educação e sendo sempre umas das primeiras pessoas a lembrarem de datas marcantes na minha vida.

(6)

Aos meus tios, em especial aos meus padrinhos Amaury e Glauce, por tudo aquilo que vivemos juntos e por esses terem acompanhado de perto o meu crescimento contribuindo, além disso, na minha formação como ser humano.

Aos meus tios de consideração, Gerson e Reginadja pelos conselhos dados, pelo carinho que me propuseram fazendo com que o sentimento de solidão decorrente do fato de residir em um estado longe da minha família fosse minimizado e por terem acreditado no meu potencial.

Aos meus primos, em especial a Fabianna, por ser ela a pessoa mais próxima a mim,pois mesmo morando longe, a distância não foi um fator limitante, sempre esteve presente, aconselhando-me para que eu pudesse atingir meus objetivos.

A Wanessa Borges, por se tornar em tão pouco tempo uma pessoa que eu irei carregar no meu coração e na minha lembrança como umas daquelas que mais me identifiquei e que sinto um imenso carinho e admiração. Sem esquecer ainda, a força prestada nos momentos de aperto com relatórios, trabalhos e monografia.

Aos meus amigos Danilo, Coelho, André, Henrique, Ariane, Dedé, Estevisson, Poliete, Camila, Marilene, Solange, Rebeca e Gersinho que foram fontes de alegria, união e fidelidade mostrando-me qual é a verdadeira definição da palavra “Amizade”.

Aos meus amigos universitários Klébson, Jean, Tati, Diogo, Dani, Magão, Natalie, João Paulo, Kid, Mara, Lucas, Diego, Luise, Dudu, Yuri, Mohamed, Antônio, Thadeu, Paula, Ângela, Thaís, Geisi, Vivian, Aline, Elísio, Sidney, entre outros, pelo apoio que me deram direta e indiretamente para a realização desse trabalho.

A SEMARH (Secretária do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do estado de Sergipe) pelo apoio oferecido no transporte para a área de estudo.

Ao mateiro, Sr. Elias e seus filhos pela força de vontade em prestar ajuda nos trabalhos de campo. A dona Rita e família pelo carinho, preocupação e acolhimento dado durante os dias que passei na Caatinga.

A professora Dra. Anabel Aparecida de Mello por ter me dado a oportunidade de desenvolver o trabalho, acompanhando-me com profissionalismo, seriedade e dedicação.

Ao professor Dr. Robério Anastácio Ferreira pelo conhecimento ético e profissional passado durante as aulas e pelo apoio dado para o desenvolvimento do trabalho.

(7)

iv A professora Dra. Ana Paula Prata e os seus estagiários que me ajudaram na identificação das espécies durante o período que o trabalho foi desenvolvido. E a todos aqueles que contribuíram para a minha formação profissional.

(8)

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS ... vii

LISTA DE FIGURAS ... viii

LISTA DE ABREVIATURAS... x

RESUMO ... xii

1. INTRODUÇÃO... 1

2. REVISÃO DE LITERATURA ... 4

2.1 ASPECTOS GERAIS SOBRE O BIOMA CAATINGA ... 4

2.2 LEVANTAMENTO FLORÍSTICO ... 6 2.3 LEVANTAMENTO FITOSSOCIOLÓGICO... 8 2.3.1 ANÁLISE ESTRUTURAL ... 10 2.3.1.1 ESTRUTURA HORIZONTAL ... 11 2.3.1.2 ESTRUTURA VERTICAL ... 14 2.4 ESTIMATIVA DO VOLUME... 16 2.4.1 EQUAÇÕES DE VOLUME ... 17 2.4.2 FATOR DE FORMA ... 17 2.4.3 FATOR DE AFILAMENTO ... 18

(9)

vi

3. MATERIAL E MÉTODOS ... 19

3.1 ÁREA DE ESTUDO ... 19

3.2 OBTENÇÃO DOS DADOS ... 20

3.3 ANÁLISE DOS DADOS ... 22

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 23

4.1 LEVANTAMENTO FLORÍSTICO ... 23

4.1.1 ANÁLISE DO LEVANTAMENTO FLORÍSTICO ... 27

4.2 LEVANTAMENTO FITOSSOCIOLÓGICO... 28

5. CONCLUSÃO... 38

(10)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Famílias e espécies botânicas amostradas em área de Caatinga do Monumento Natural Grota do Angico, Canindé do São Francisco-SE, com nome popular e forma de vida ou hábito. 24

Tabela 2 Parâmetros fitossociológicos caracterizando a distribuição horizontal das espécies amostradas no Monumento Natural Grota do Angico, em Canindé do São Francisco, Sergipe, ordenados decrescentemente pelo IVI. N - Número de indivíduos amostrados; U – Quantidade de parcelas que a espécie foi encontrada; AB - Área basal absoluta; DR – Densidade relativa (%); FR – Freqüência relativa (%); DoR – Dominância relativa (%); IVC – Índice de Valor de Cobertura (%);

IVI – Índice de Valor de Importância (%). 29

Tabela 3 Estrutura vertical da área de Caatinga estudada no Monumento Natural Grota do Angico, com o nome científico das espécies encontradas; Volume de madeira calculado para os indivíduos menores que 3,15 (H < 3,15); Volume de madeira calculado para os indivíduos maiores ou iguais a 3,15 e menores que 5,82 (3,15 <= H < 5,82); Volume de madeira calculado para os indivíduos maiores ou iguais a 5,82 (H >=

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viii LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Mapa da área de estudo contornada por pontos georeferenciados, localizada dentro da reserva Monumento Natural Grota do Angico, no município de Canindé do São Francisco, estado de Sergipe. Escala 1:20000. Fonte: SEMARH / SE (Secretaria Estadual do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do estado de Sergipe).

20 Figura 2 Espécies e famílias encontradas em levantamentos florísticos

realizados em alguns estados do nordeste, ordenados

cronologicamente. 25

Figura 3 Curva coletora representando a suficiência amostral para a área de Caatinga localizada no Monumento Natural Grota do Angico no

município de Canindé do São Francisco. 28

Figura 4 Valores de densidade relativa em ordem decrescente para as 10 principais espécies catalogadas no Monumento Natural Grota do

Angico. 30

Figura 5 Valores de dominância relativa em ordem decrescente para as 10 principais espécies catalogadas no Monumento Natural Grota do

Angico. 31

Figura 6 Valores de freqüência relativa em ordem decrescente para as 10 principais espécies catalogadas no Monumento Natural Grota do

(12)

Figura 7 Valores de Índice de Valor de Cobertura (IVC) em ordem decrescente para as 10 principais espécies catalogadas no

Monumento Natural Grota do Angico. 33

Figura 8 Valores de Índice de Valor de Importância (IVI) em ordem decrescente para as 10 principais espécies catalogadas no

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x LISTA DE ABREVIATURAS

AB Área Basal

ABi Área Basal de determinada espécie K Intervalo de amostragem

CAP; DAP Circunferência e Diâmetro à altura do Peito CV Classe de Vitalidade

QF Qualidade do fuste HT Altura total

D Densidade

DAi Densidade absoluta

∑ DAi Densidade absoluta de todas as espécies DRi Densidade relativa

Do Dominância

DoAi Dominância Absoluta

ΣABi Somatório da área basal de todas as espécies DoRi Dominância Relativa

F Freqüência

FAi Freqüência Absoluta

OCi Número de unidades amostrais em que i ocorre

∑OCi Somatório de todos as OCi. FRi Freqüência relativa

IVC Índice de valor de cobertura IVI Índice de valor de importância Ni Número de indivíduos da espécie i

N Número de indivíduos de todas as espécies ff Fator de forma

Vol Volume

ha hectare

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística U Quantidade de parcelas que a espécie foi encontrada

sp. Espécie

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Média Aritmética das alturas

Sh Desvio Padrão das árvores mensuradas VF Valor Fitossociológico

Ei, Em, Es Estratos inferior, médio e superior

n Número de indivíduos da espécie considerada PsA Posição Fitossociológica da espécie estudada PsR Posição sociológica relativa

∑PsA Somatório Posição Fitossociológica da espécie estudada IVIA Índice de Valor de Importância Ampliado

UTM Universal Transverse Mercator

SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação GPS Sistema de Posicionamento Global

SAD South American Datum h

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xii RESUMO

A Caatinga é uma vegetação de ocorrência exclusivamente brasileira e tipicamente nordestina e estudos sobre a sua composição florística e fitossociológica são requisitos indispensáveis para entender o comportamento, distribuição e estrutura dessa vegetação fornecendo subsídios para a elaboração de planos de manejo florestal sustentável e o estabelecimento de áreas prioritárias a conservação desse bioma. O presente trabalho foi realizado com o objetivo de levantar informações de natureza florística e fitossociológica de uma área de Caatinga com aproximadamente 191 ha, localizada dentro da Reserva Monumento Natural Grota do Angico, situada no município de Canindé do São Francisco, estado de Sergipe. Para realização desse estudo utilizou-se o método de área fixa e o processo de amostragem sistemática, onde 30 parcelas de 20m x 20m (400 m2) foram distribuídas e georeferenciadas com um intervalo aproximado de 252 m entre elas, totalizando assim 1,2 ha de área amostrada. Para medição das variáveis altura total e circunferência à altura do peito foram considerados todos os indivíduos com CAP (circunferência à altura do peito) acima de 6 cm. Os procedimentos metodológicos de mensuração da vegetação foram realizados de acordo com o protocolo de medições da Rede de Manejo Florestal da Caatinga. No total do levantamento, foram identificadas 12 famílias, 20 gêneros e 24 espécies. As famílias que apresentaram uma maior fitodiversidade na área de estudo foram Leguminosae com 7 espécies, Anacardiaceae e Euphorbiaceae, ambas com 3 espécies. As famílias que apresentaram um maior número de indivíduos amostrados no levantamento fitossociológico

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foram Leguminosae, Euphorbiaceae e Apocynaceae. Das espécies amostradas 14 foram identificadas até o nível de espécie, 8 até gênero e 2 ficaram indeterminadas devido à falta de material botânico fértil. Das identificadas 18 possuem hábito de vida arbóreo, 2 são arbustivas e 4 não tiveram sua forma de vida identificada. Na análise dos parâmetros fitossociológicos a espécie Caesalpinia pyramidalis da família Leguminosae - Caesalpinioideae foi a detentora dos maiores valores de densidade relativa, dominância relativa, frequência relativa, índice de valor de cobertura, índice de valor de importância, área basal e volume. As espécies subsequentes a ela, que apresentaram uma maior importância ecológica na área foram Jatropha mollissima (Pohl.) Baill. (Euphorbiaceae), Bauhinia sp. (Leguminosae - Caesalpinioideae), Anadenanthera colubrina (Leguminosae - Mimosoideae) e Mimosa sp. (Leguminosae - Mimosoideae). A área basal e o volume de madeira encontrado no estudo, considerando o fator de forma recomendado pela rede de manejo florestal da Caatinga como sendo de 0,9 foi de 8,34 m2.ha-1 e 34,10 m3.ha-1. As espécies que mais contribuíram para obtenção desses resultados foram Caesalpinia pyramidalis, Mimosa sp. e Anadenanthera colubrina.

________________________________________________________________________ Palavras chave: Caatinga, análise estrutural, manejo florestal

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1. INTRODUÇÃO

A região Nordeste, com 1.558.196 Km2 de área e cerca de 51,6 milhões de habitantes, é extremamente heterogênea nos aspectos climáticos e edáficos, apresentando como resultado ampla variedade de biomas, sendo a Caatinga o mais extenso deles (IBGE, 2006). De acordo com Andrade et al. (2005) o bioma se estende por uma área com cerca de 900.000 Km2, aproximadamente 11% do território brasileiro.

A importância desse bioma para a população brasileira, em especial a nordestina, não resulta apenas da sua extensão territorial, mas também do fato que ele é considerado como um importante centro de biodiversidade, apresentando inúmeras espécies endêmicas. De acordo com Juncá et al. (2005), a sua vegetação é caracterizada pela predominância de herbáceas ,árvores e arbustos baixos que, na maioria, são profusamente ramificados e freqüentemente espinhosos com folhagem decídua na estação seca. Tal vegetação apresenta ainda, formas de vida peculiares como cactos colunares, globulosos e bromélias terrestres.

Dos grandes domínios florísticos-vegetacionais brasileiros, o da Caatinga nordestina é um dos mais desconhecidos apresentando variações fisionômicas e florísticas que se manifestam como produtos da evolução, traduzidas em adaptações e mecanismos de resistência ou tolerância às adversidades climáticas sendo que, o principal fator que determina a existência da Caatinga são os fatores climáticos do semi-árido, em especial a precipitação (ALCOFORADO-FILHO et al., 2003;. ANDRADE-LIMA, 1981; RODAL et al., 1992; PEREIRA, 2000).

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A utilização dos recursos da Caatinga ainda se fundamenta em princípios puramente extrativistas e sem a perspectiva de um manejo sustentável, o que têm acarretado graves problemas ambientais ao semi-árido nordestino, entre os quais se destacam: a redução da biodiversidade, a degradação dos solos, o comprometimento dos sistemas produtivos e recursos hídricos, fragmentação e desertificação de extensas áreas na maioria dos estados que compõem a região (PEREIRA et al., 2001).

Andrade-Lima (1981) destaca ainda que, além da degradação ocasionada pelo extrativismo irracional, os processos antrópicos são considerados como intensificadores de tais danos, principalmente no que se refere às práticas de extração de lenha para produção de carvão, caça, pecuária bovina, cultivos agrícolas, desmatamentos e queimadas. O mesmo autor menciona que esses processos são decorrentes do período de colonização do Brasil ocorrendo até os dias atuais.

Para Santana (2005) às restritivas condições ambientais do semi-árido, a falta de políticas adequadas e de incentivos aos reflorestamentos, a fiscalização ineficiente e os altos níveis de pobreza são algumas das razões que propiciam o surgimento desses processos na Caatinga.

Zanetti (1994) menciona que devido ao caráter sistemático dessas atividades, associada a sua intensificação nas últimas décadas, o bioma tem sido destruído ou seriamente descaracterizado. Entretanto, mesmo estando seriamente ameaçado e sendo a única grande região natural brasileira cujos limites estão inteiramente restritos ao território nacional, pouca atenção tem sido dada à conservação da variada e marcante paisagem da Caatinga (SILVA et al., 2004).

No que tange à proteção destas áreas, existe no país 129 unidades de conservação (32 federais, 53 estaduais e 44 privadas) com variados, precários e até mesmo inexistentes regimes de gerenciamento, apresentando ainda problemas com antigos proprietários, sem contar que seus limites não são adequadamente demarcados. Apesar de conter um número expressivo de unidades de conservação, no total elas somam apenas 60086,09 Km2 de área protegida, aproximadamente 7,12% do Bioma. Para piorar tal situação, das unidades de conservação apresentadas, apenas 35 delas, cobrindo menos de 1% da região, são de proteção integral. Estes dados conferem à Caatinga o status de um dos biomas brasileiros menos protegido (TABARELLI et al., 2000; LEAL et al., 2005; HAUFF, 2008).

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3 No estado de Sergipe, a Caatinga se estende por uma área de 10.536 Km2, sendo que apenas 0,2% dela se encontra protegida por unidades de conservação, representada pelo Monumento Natural Grota do Angico (HAUFF, 2008). Devido à negligência quanto à conservação desse bioma no estado, o mesmo se encontra bastante devastado, sendo representado praticamente por remanescentes.

Considerando a importância social, econômica e biológica desse ecossistema para a população do Nordeste, bem como o nível de alteração que o bioma já apresenta e a constante pressão com sua utilização sem critérios, justifica-se a preocupação com a biodiversidade, tornando necessária a realização de estudos que forneçam subsídios para a conservação e o uso racional dos recursos naturais nele existentes (PEREIRA, 2000).

Para que se possam executar projetos de conservação e planos de manejo sustentável na Caatinga é necessário que se conheça a vegetação da área de interesse, suas limitações e sua capacidade de resiliência. Sendo assim, o presente trabalho foi realizado com o objetivo de levantar informações de natureza florística e fitossociológica de uma área de Caatinga, localizada dentro da Reserva Monumento Natural Grota do Angico, situada no município de Canindé do São Francisco, estado de Sergipe.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Aspectos gerais sobre o bioma Caatinga

O nordeste brasileiro possui alta importância do ponto de vista ecológico em razão de apresentar, em sua maior parte, um bioma único nomeado primeiramente pelos índios locais de Caatinga, “a mata branca”. De acordo com Andrade et al. (2005), o bioma está compreendido entre os paralelos de 2º 54’ S a 17º 21’ S distribuindo-se, segundo Prado (2003) pelos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, a maior parte da Paraíba e Pernambuco, sudeste do Piauí, oeste de Alagoas e Sergipe, região norte e central da Bahia, e uma faixa seguindo o rio São Francisco em Minas Gerais, juntamente com um encrave no vale seco do médio rio Jequitinhonha. Andrade-Lima (1981) inclui também a vegetação da ilha de Fernando de Noronha como pertencente ao bioma.

Essa região possui, segundo a classificação de Köppen, um clima do tipo BSh caracterizado por altas temperaturas com precipitação escassa e irregular (350–700 mm/ ano) concentradas praticamente em três a quatro meses durante o ano. A combinação desses fatores resulta em baixa disponibilidade hídrica para as plantas durante um período de 7 a 9 meses, conhecido como período seco (SAMPAIO, 1995). Essas secas tornam a vida na Caatinga difícil para o sertanejo e determinam mudanças adaptativas na biota local (LEAL et. al, 2005). Para Rodal (1992), a deficiência hídrica origina-se da baixa pluviosidade, má distribuição das

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5 chuvas ao longo do ano, da elevada taxa de evapotranspiração potencial, que em geral ultrapassa os 2.000mm anuais, e da baixa capacidade de retenção de água dos solos.

Diversos autores afirmaram que a Caatinga possui um número relativamente baixo de espécies (SILVA et al., 1993). Zanella e Martins (2003) mencionam que o resultado de tal característica associada a condições de semi-aridez do bioma, resulta em situações de precariedade quanto à conservação da sua fauna e flora.

Entretanto, Silva e Dinnouti (1999) não concordam com tal declaração. Para eles a Caatinga não é tão pobre em espécies e endemismo, na realidade, ela é um dos biomas menos estudados do Brasil, e por isso sua diversidade biológica foi subestimada durante décadas. Para reforçar essa linha de pensamento Tabarelli et al. (2000) destacam que 41,1% da área da Caatinga ainda não foi amostrada e 80 % está sub-amostrada.

Andrade-Lima (1981) e Sampaio (1995) reconhecem que a flora da Caatinga possui menor riqueza de espécies que outras florestas tropicais, porém é altamente diversificada, apresentando uma enorme variabilidade de faciações fitogeográficas devido a grande extensão territorial que ocupa e os diferentes ambientes em que pode ser encontrado. Essa alta variabilidade é evidenciada principalmente pelas diferenças fisionômicas, densidades, aspectos fenológicos e composição de espécies (SAMPAIO et al., 2007).

Andrade-Lima (1981) e Bernardes (1985) complementam a questão salientando que a vegetação xerófila das caatingas é essencialmente heterogênea no que se refere à fitofisionomia e à estrutura, tornando difícil a elaboração de esquemas classificatórios capazes de contemplar satisfatoriamente as inúmeras tipologias ali ocorrentes.

De acordo com Andrade-Lima (1981) são reconhecidos 12 tipos diferentes de Caatingas, as quais despertam atenções especiais pelos exemplos fascinantes de adaptação aos habitats semi-áridos. Segundo o IBGE (1992), a vegetação da Caatinga é classificada como savana-estépica, hierarquizadas em diversas tipologias. Já Fernandes (2000) menciona que é mais prático e acertado considerar basicamente duas fitofisionomias: Caatinga arbórea e Caatinga arbustiva.

Embora Reis (1971) apud Fonseca (1991) afirme que a vegetação das Caatingas está sempre na dependência do clima e, ao contrário dos Cerrados, se estabelece independentemente do tipo ou do grau de fertilidade do solo, foi devido à variabilidade de solos existentes nessas áreas que foram descritos os mais diversos tipos de vegetação desse

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bioma. Além das diferenças fisionômicas observadas devido aos fatores edáficos, estes também condicionam limitações florísticas, pois restringem determinadas espécies às condições de textura e ou fertilidade do solo (FONSECA, 1991).

Sampaio et al. (1981) apud Fonseca (1991) explicaram que a causa mais relevante para o aumento do porte dos indivíduos e da biomassa das comunidades é, sem dúvida, a pluviosidade. Associado a essa questão é importante mencionar que os rios intermitentes que compõe em parte o bioma, também contribuem para o aumento da diversidade fisionômica e florística, pois, na maioria das vezes, a disponibilidade de umidade, em diferentes quantidades (gradientes) ao longo das margens de um rio define a composição e estrutura da vegetação, proporcionando zonação de espécies ou estratificação da comunidade promovida por questões de habitat preferencial. A topografia, por sua vez, tem influência direta nos teores de umidade de um local. Vale ressaltar que quanto mais próximo do curso d’água mais amena será a declividade, mais úmido o solo e, conseqüentemente, mais densa e alta a vegetação, comparando com outras regiões.

Rodal (1992) menciona que mesmo com a existência de alguns trabalhos fitossociológicos da vegetação, ainda falta muito para o conhecimento das Caatingas como um todo, havendo necessidade de se continuar, em áreas localizadas, o levantamento das espécies, determinando seus padrões de distribuição geográfica, abundância e relação com os fatores ambientais, para que se possa estabelecer, com base em dados quantitativos, os diferentes tipos e suas conexões florísticas. A mesma autora afirma ainda que essas informações, pelo menos para os principais tipos fisionômicos da Caatinga, são básicas para a preservação do patrimônio genético via estabelecimento de unidades de conservação, para fornecer subsídios a uma correta exploração econômica das Caatingas e recomposição de áreas degradadas.

2.2 Levantamento florístico

A vegetação se revela como um dos principais recursos naturais renováveis, podendo ser utilizada pelo homem para a retirada de madeira, servir de abrigo e alimento para a fauna, proteger o solo contra a erosão causada pela chuva, desempenhar papel fundamental nos balanço hídricos, do oxigênio e do gás carbônico, além de produzir distintos microclimas locais, proporcionando, em muitas situações, papel cênico. Devido a esta multiplicidade de

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7 funções da vegetação, gera-se uma complexidade de técnicas de aproveitamento que tem sua base na precisa descrição da sua fisionomia, composição florística e no estudo das relações ecológicas entre as plantas e o ambiente (FREITAS et al,. 2007; PEARS, 1977 apud CARDOSO et al., 2002).

Martins (1990) destaca que um dos estudos iniciais para o conhecimento da flora de determinada área é o levantamento florístico, produzindo uma lista das espécies ali instaladas, sendo de fundamental importância a correta identificação taxonômica dos espécimes e a manutenção de exsicatas em herbário, que poderão contribuir para o estudo dos demais atributos da comunidade. Uma das metodologias aplicadas para catalogar a flora de uma região consiste na realização de visitas periódicas na área de estudo de modo a verificar a distribuição das espécies no ambiente analisado, coletando, sempre que possível, materiais botânicos (estruturas reprodutivas) para identificação das espécies em herbário.

Nas últimas décadas, houve considerável avanço nos estudos de comunidades florestais, principalmente por causa de sua importância para a conservação da diversidade biológica. Essa importância se torna cada dia mais acentuada devido ao processo desordenado de ocupação do solo que, nas mais diversas regiões do país, tem transformado formações florestais contínuas em meros fragmentos (OLIVEIRA FILHO et al., 1994).

Dentre os diversos componentes que formam o ambiente natural, a vegetação pode ser considerada como um bom indicador, não só das condições do meio ambiente como também do estado de conservação dos próprios ecossistemas envolvidos (DIAS, 2005).

Lopes (1984) citou que a distribuição da flora, além de ser condicionada pelos fatores básicos como clima, características químicas e físicas do solo, disponibilidade de água e nutrientes, é fortemente influenciada pela latitude, freqüência de queimadas, profundidade do lençol freático, pastejo e inúmeros fatores antrópicos.

Tendo em vista que a vegetação responde de forma consideravelmente rápida às variações ambientais, a sua avaliação permite inferir sobre o estado de conservação dos demais componentes do ambiente natural (DIAS, 2005).

Sendo assim, estudos que identifiquem os padrões de diversidade biológica e o impacto da ação antrópica sobre a vegetação são fundamentais, para se planejar o manejo racional dos diversos produtos florestais, permitindo ainda, a seleção de áreas prioritárias que devem ser utilizadas para conservação (AGRONLINE, 2007).

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2.3 Levantamento fitossociológico

A metodologia de estudos fitossociológicos nasceu na Europa, mas foi na América que foram desenvolvidas as técnicas de análise quantitativa, dando-se maior enfoque aos estudos do componente arbóreo das florestas (MARTINS, 1979 apud MOREIRA, 2007).

No Brasil, os primeiros estudos fitossociológicos foram realizados com o objetivo de conhecer melhor a estrutura florestal, sendo realizados através do Instituto Oswaldo Cruz. Os estudos começaram a ter caráter acadêmico, com enfoques ecológicos, quando o pesquisador Stanley A. Cain, da Universidade de Michigan (EUA) veio ao Brasil com o intuito de aplicar os conceitos e métodos fitossociológicos, que foram desenvolvidos para florestas temperadas, nas florestas tropicais (MARTINS, 1989 apud MOREIRA, 2007).

Os estudos fitossociológicos desenvolvidos no Nordeste tiveram, inicialmente, o objetivo de inventariar o estoque e o potencial madeireiro e posteriormente passaram a ter outros objetivos, como estabelecer padrões vegetacionais, caracterizar a composição florística de diferentes formações ou, ainda, correlacionar fatores ambientais com características estruturais da vegetação (RODAL et al., 1992).

Na Caatinga, o início desses levantamentos deu-se a partir de uma série de inventários florestais realizados por Tavares et al. (1970), que abrangeram áreas do sertão de Pernambuco, Vale do Jaguaribe, no Ceará, e bacia dos rios Piranhas e Açu, na Paraíba e no Rio Grande do Norte (PEREIRA, 2000).

De acordo com Martins (2004), a fitossociologia pode ser definida como o estudo das causas e efeitos da co-habitação de plantas em um dado ambiente, do surgimento, constituição e estrutura dos agrupamentos vegetais e dos processos que implicam em sua continuidade ou na sua mudança ao longo do tempo e espaço. Silva et al. (2002) acrescentam ainda que a fitossociologia analisa possíveis afinidades entre espécies ou grupos de espécies.

Dansereau (1957) apud Cardoso et al. (2002) complementam a definição citando que quando uma lista completa das espécies vegetais de uma área de estudo é obtida podem-se estabelecer graus de hierarquização entre as espécies estudadas a fim de indicar a importância de cada uma em relação às demais. A este conjunto de dados que retratam as proporções e inter-relações de indivíduos de uma ou mais espécies chamamos “Fitossociologia”.

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9 Segundo Martins (1991) apud Alvarenga et al. (2007), a análise da vegetação por meio de levantamentos fitossociológicos, permite obter informações quantitativas sobre sua estrutura horizontal (expressa pela abundância ou densidade, freqüência e dominância) e vertical (posição sociológica e regeneração natural), constituindo umas das alternativas para se conhecer as variações fisionômicas, estruturais e florísticas. Meunier et al. (2001) acrescenta ainda que a sua avaliação permite definir a estrutura dendrométrica para uma dada comunidade florestal.

O estudo detalhado desse levantamento permite a obtenção de algumas informações inerentes à vegetação, apontando o comportamento e os locais preferenciais das espécies através da análise da distribuição espacial e possibilidades de associações intraespecíficas e interespecíficas através de estudos criteriosos sobre a agressividade, propagação vegetativa, ciclo de vida e dispersão. Além disso, a análise quantitativa da vegetação permite comparar diferentes tipologias na mesma área ou a mesma tipologia em áreas diferentes, sendo justamente esta idéia de quantificação que a distingue de um estudo florístico (TABARELLI et al., 1993; MARTINS, 1991 apud ALVARENGA et al., 2007).

Os levantamentos fitossociológicos são aplicados seguindo métodos eficientes, porém com grande variação em critérios, dependendo de uma prévia avaliação da fitofisionomia ou da prática do autor. Segundo Silberbauer-Gottsberger e Eiten (1983), podem ser variados o tamanho e formato da área escolhida, o tamanho mínimo da inclusão de plantas a serem amostradas, o perímetro da unidade amostral, entre outras. Cada método tem suas vantagens e desvantagens dependendo do objetivo do estudo.

Realçando esta preocupação com relação aos métodos, Gibbs et al. (1980) apud Moreira (2007) afirmam que o método utilizado deve fornecer máxima informação, com menor tempo de trabalho no campo e que em qualquer levantamento fitossociológico a qualidade do resultado da informação sobre a composição e estrutura da comunidade será de acordo com o método de amostragem empregado e o esforço despendido na coleta dos dados.

De acordo com Felfili et al. (1993) e Mendonça et al. (1998) uma metodologia adequada para a caracterização da vegetação é aquela que busca a realização de um levantamento florístico em área demarcada, pois o mesmo abre perspectivas para o desenvolvimento de pesquisas relacionadas a fitossociologia, à fenologia e à dinâmica das populações, permitindo-se a partir do amplo conhecimento da flora, obter importantes informações que permitindo-servirão como

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subsídios para o planejamento e a implementação de áreas que devem ser priorizadas para a conservação e uso racional. Portanto, mesmo considerando as diferentes abordagens, o que forma o corpo principal do conhecimento da vegetação são as descrições da composição, estrutura e funcionamento da vegetação, uma importante ferramenta que se usada adequadamente, permite fazer várias inferências sobre a comunidade em questão.

Diversos trabalhos sobre florística e fitossociologia foram realizados na Caatinga visando o preenchimento de lacunas a respeito do comportamento dessa vegetação. Dentre esses podemos citar: Pereira et al. (2002), no agreste do estado da Paraíba, Alcoforado-Filho et al. (2003), em Caruaru, Pernambuco e Santana e Souto (2006) na Estação Ecológica do Seridó no Rio Grande do Norte. No estado de Sergipe a quantidade de trabalhos que envolvem o bioma Caatinga ainda é muito limitado, sendo representado apenas por Souza (1983) nos municípios de Glória e Frei Paulo, Fonseca (1991) nos municípios de Poço Redondo e Canindé do São Francisco e Dória Neto (2008) no município de Porto da Folha.

2.3.1 Análise estrutural

A comunidade florestal sofre constantes mudanças em sua estrutura, fisionomia e composição florística, sendo que essas mudanças acontecem até que a floresta atinja o seu estado clímax. Mesmo quando isso acontece, a morte de árvores por causas naturais ou não, implicará em mudanças na vegetação, ainda que em menor proporção (SCOLFORO, 2006). Este mesmo autor considera a realização da análise estrutural de uma vegetação como uma maneira de detectar o estágio em que a floresta se encontra, assim como as alterações que esta sofre, podendo ser observado tanto os aspectos que envolvem as espécies quando consideradas isoladamente (aspectos auto-ecológicos), como as interações relativas aos indivíduos que compõem a comunidade florestal (aspectos sinecológicos).

De acordo com Ricklefs & Miller (1999) apud Dias (2005) quando estudamos o número e os tipos de espécies presentes, suas abundâncias relativas, as características físicas da vegetação e as relações tróficas entre as populações que interagem na comunidade, estamos preocupados com a estrutura da comunidade.

Fernandes e Bezerra (1990) mencionam que a análise estrutural é obtida por meio de estimativas ou de parâmetros quantitativos, cujos dados numéricos significativos são

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11 alcançados pela contagem das plantas em áreas determinadas, segundo critérios previamente estabelecidos, que permitam comparações com outros estudos.

2.3.1.1 Estrutura Horizontal

De acordo com Scolforo (2006), a análise da estrutura horizontal indica a participação na comunidade de cada espécie vegetal em relação às outras e a forma em que esta se encontra distribuída espacialmente nas áreas.

Para caracterização da estrutura horizontal de uma floresta, empregam-se alguns parâmetros quantitativos que, segundo Moreira (2007) podem ser definidos e calculados da seguinte forma:

a) Densidade (D): refere-se ao grau de participação das diferentes espécies identificadas na comunidade vegetal.

a.1) Densidade absoluta (DAi): este parâmetro expressa o número de indivíduos de uma espécie com relação a uma unidade de área e é dado por DAi=Ni, onde DAi é densidade absoluta da espécie i e Ni o número de indivíduos da espécie i.

a.2) Densidade relativa (DRi): a densidade relativa, que é expressa em porcentagem, é a relação entre o número de indivíduos de uma determinada espécie (Ni) e o número de indivíduos de todas as espécies (N), sendo representada por:

DAi DAi DRi ∑ = onde:

DAi= densidade absoluta de cada espécie; ∑ DAi= densidade absoluta de todas as espécies.

b) Dominância (Do): é definida como a taxa de ocupação do ambiente pelos indivíduos de uma espécie e é normalmente representada pela área basal.

b.1) Dominância Absoluta (DoAi): a dominância absoluta da espécie é calculada com base na área basal.

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ha ABi DoAi= onde: 40000 ² DAP .

ABi=π (área basal);

ha = unidade de área.

b.2) Dominância Relativa (DoRi): expressa em porcentagem, representa a relação entre a área basal absoluta de uma determinada espécie (ABi) e a área basal absoluta de todas as espécies. 100 ABi ABi DoRi Χ      Σ = onde:

ABi = área basal;

∑ABi = área basal de todas as espécies.

c) Freqüência (F): é dada pela probabilidade de se encontrar uma espécie numa unidade de amostragem e o seu valor estimado indica o número de vezes que a espécie ocorre, num dado número de amostras.

c.1) Freqüência absoluta (FAi): expressa o percentual calculado considerando o número de parcelas em que determinada espécie ocorre (OCi) e o número total de parcelas amostradas (UA). 100 UA OCi FAi Χ      = onde:

OCi = número de unidades amostrais em que i ocorre; UA = número total de unidades amostrais.

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13 c.2) Freqüência relativa (FRi): esta freqüência é o valor percentual calculado para OCi de cada espécie em relação à freqüência total (∑OCi) , que é o somatório de todos as OCi.

100 OCi OCi FRi Χ      Σ = onde:

OC i = número de unidades amostrais em que i ocorre; ∑ OCi = somatória de ocorrências para todas as espécies.

d) Índice de Valor de Cobertura (IVC): expressa a contribuição da espécie na cobertura vegetal, sendo calculado pela soma da densidade relativa e a dominância relativa:

DoRi DRi

IVC= +

onde:

DRi = densidade relativa; DoRi = dominância relativa.

e) Índice de Valor de Importância (IVI): expressa a importância ecológica da espécie no ambiente, sendo calculado pela soma da densidade relativa, da dominância relativa e da freqüência relativa. FRi DoRi DRi IVI= + + onde:

DRi = densidade relativa; DoRi = dominância relativa; FRi = freqüência relativa.

De acordo com Sampaio et al. (1996), nenhum parâmetro fitossociológico horizontal isolado fornece uma idéia ecológica clara da comunidade ou das populações vegetais. Para Rodrigues et al. (1989) esses parâmetros podem, em conjunto, caracterizar formações e suas subdivisões e suprir informações sobre estágios de desenvolvimento da comunidade e das

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populações, distribuição de recursos ambientais entre populações e possibilidades de utilização dos recursos vegetais.

2.3.1.2 Estrutura Vertical

Através da análise da estrutura vertical de uma floresta pode-se obter pelo menos um indício sobre o estágio sucessional em que se encontra a espécie em estudo, podendo verificar também qual a espécie mais promissora para compor um povoamento dinâmico. Segundo Scolforo (2006) os índices utilizados para a realização desta análise estrutural são:

a) Posição Sociológica: possibilita inferir sobre a composição florística dos distintos estratos da floresta no sentido vertical, além do papel das diferentes espécies em cada um deles. Sendo assim, para dimensionar esse parâmetro faz-se por necessário a subdivisão do estrato vertical (inferior, médio e superior) que é definido de acordo com as características da floresta e são calculados da seguinte maneira:

Estrato inferior: hj < ( h - 1 Sh)

Estrato médio: h - 1 Sh < hj < h + 1 Sh Estrato superior: hj > h + 1 Sh

onde:

hj = Altura total das árvores; h = Média Aritmética das alturas;

Sh = Desvio Padrão das árvores mensuradas.

Os estratos em altura são analisados de forma a obter um valor numérico em função da quantidade de indivíduos presentes, obtendo o Valor Fitossociológico por estrato (superior, médio e inferior), expresso em porcentagem e calculado da seguinte forma:

V.F. = observados indivíduos de total nº estrato no indivíduos de nº x 100

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15 Para calcular o valor absoluto da Posição Sociológica de uma espécie, soma-se os valores fitossociológicos da mesma em cada estrato, sendo estes obtidos através da multiplicação do número de indivíduos da espécie pelo valor fitossociológico do estrato:

PsA = [VF (Ei) . n(Ei)] + [VF (Em) . n(Em)] + [VF (Es) . n(Es)]

onde:

PsA = Posição Fitossociológica da espécie estudada; VF = Valor Fitossociológico do Estrato;

Ei, Em, Es = Estratos inferior, médio e superior; n = número de indivíduos da espécie considerada.

A posição sociológica relativa (PsR) para cada espécie, será expressa em porcentagem do valor absoluto desta, em relação ao total dos valores absolutos de todas as espécies.

PsR =

PsA

PsA

b) Índice de Valor de Importância Ampliado: reflete de modo mais preciso a complexa composição estrutural da vegetação, na sua grande heterogeneidade e irregularidade entre os estratos. Este índice reúne os valores obtidos na análise estrutural horizontal e vertical, destacando a real importância do indivíduo dentro da comunidade vegetal (SCOLFORO, 2006). Sendo assim esse parâmetro pode ser calculado da seguinte maneira:

IVIA = Estrutura horizontal + Estrutura Vertical IVIA = IVI + PsR

onde:

IVIA = Índice de Valor de Importância Ampliado; IVI = Índice de Valor de Importância;

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2.4 Estimativa do Volume

Os produtos florestais são utilizados em diversas atividades, cobrindo uma gama de utilidades, indispensáveis ao bem-estar do homem. No entanto, a exploração desses produtos está sendo conduzida de maneira indiscriminada, colocando em risco os benefícios diretos e indiretos que a floresta fornece à sociedade (FARIAS et al., 2002). Devido à crescente demanda por madeira aliada a necessidade do uso social e econômico, considerando ainda o extrativismo irracional promovido pelo homem, justifica-se a preocupação com o conhecimento e a precisão em se avaliar o volume de madeira existente em uma determinada área (SCOLFORO, 2006).

De acordo com este mesmo autor, o conhecimento cada vez mais preciso do estoque e da estrutura das florestas nativas está intimamente ligado ao estabelecimento de critérios para definir que espécies devem ser manejadas ou ainda, se a floresta tem potencial de produção/conservação ou de preservação ambiental.

Segundo Farias et al. (2002) as estimativas do estoque e da estrutura das florestas devem ser obtidas utilizando procedimentos de inventário florestal que consistem de mensurações de parte da vegetação localizada em unidades amostrais para posteriormente extrapolar os resultados para área total (amostragem). Através do uso de fundamentos da teoria da amostragem podemos obter informações quantitativas e qualitativas dos recursos florestais existentes em uma determinada área, fornecendo estimativas precisas e de probabilidade conhecida (SCOLFORO, 2006).

É importante citar que as relações dendrométricas são de fundamental importância na avaliação de povoamentos florestais, principalmente nas estimativas de volume de madeira e de biomassa (ARAÚJO et al, 2007).

Paula Neto et al. (1983) afirmam que, mesmo havendo diferenças biológicas entre os gêneros e espécies florestais, o DAP - Diâmetro à Altura do Peito é a variável mais utilizada na determinação do volume ou biomassa, já que é impraticável a cubagem de todas as árvores de um povoamento. Além do DAP, outra variável que influencia diretamente no volume de povoamentos florestais é a altura dos indivíduos. Diversos autores mencionam que nos métodos de estimação do volume, a altura é considerada como a segunda variável mais importante, estando portanto, apenas atrás do DAP. Dentre os métodos usuais de estimação

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17 para cálculo do volume de um povoamento florestal, pode-se citar: equações de volume, fator de forma e fator de afilamento.

2.4.1 Equações de Volume

Umas das principais formas de quantificação do volume de uma árvore ou até mesmo de um povoamento se dá através do ajustamento de equações volumétricas. De acordo com Guimarães e Leite (1996), o emprego dessas equações constitui o procedimento mais eficiente para a quantificação da produção em volume de um povoamento florestal.

Couto e Bastos (1987) afirmam que a vantagem das equações de volume é proporcionar a obtenção do volume sólido, árvore a árvore, através do ajuste de modelos matemáticos que apresentem os menores erros possíveis.

Nesse método são utilizados modelos hipsométricos em conjunto com modelos volumétricos, de taper ou de múltiplos volumes. Assim, para obter as equações desses modelos, executa-se uma cubagem rigorosa em árvores-amostra abatidas e utilizam-se os dados reais de volume obtidos no processo para ajustar uma equação através da análise de regressão (LEITE e ANDRADE, 2002).

De acordo com Scolforo et al. (1994) a existência de relações quantitativas e modelos matemáticos que sejam consistentes e numericamente compatíveis para a predição do desenvolvimento do povoamento em qualquer idade, além de permitir o monitoramento do desenvolvimento de espécies florestais nativas, é elemento fundamental no manejo florestal sustentável.

2.4.2 Fator de Forma

Segundo Campos e Leite (2002), o fator de forma é um fator de redução do volume do cilindro para o volume da árvore. Este deve ser multiplicado pela área seccional e altura total dos indivíduos para se obter o volume real. Quando o volume da árvore for determinado corretamente, o valor encontrado é válido para outras árvores de igual diâmetro, altura e forma.

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HT * ff * AB ³) m ( Vol = onde: 40000 ² DAP . AB= π ; ff = fator de forma; HT= altura total. 2.4.3 Fator de Afilamento

Os modelos de afilamento são relações funcionais que envolvem variáveis dependentes e independentes permitindo a avaliação do perfil longitudinal e transversal do fuste. De maneira pratica são funções que permitem estimar o diâmetro a qualquer altura e a altura a qualquer diâmetro, maximizando o conhecimento do fuste e otimizando a sua utilização.

A integral de um modelo de afilamento permite estimar o volume entre quaisquer segmentos ao longo do fuste – procedimento denominado sortimento e, desse modo, maximizar o aproveitamento de uma árvore e, conseqüentemente, de um povoamento florestal. O estudo do sortimento de povoamentos de florestas de produção (nativas ou plantadas) é uma das ferramentas importantes no planejamento da utilização dos recursos florestais e na avaliação do manejo empregado, em razão de permitir a quantificação da matéria-prima, classificando-a de acordo com as dimensões e qualidade, para os múltiplos usos da madeira (FISCHER, 1997).

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19 3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Área de estudo

O presente estudo foi desenvolvido às margens do Rio São Francisco, em um remanescente de Caatinga localizado no município de Canindé do São Francisco, Sergipe. O local de trabalho possui uma área com aproximadamente 191 hectares (Figura 1) inseridos nos 2.183 hectares que formam a reserva Monumento Natural Grota do Angico. O Monumento foi criado através do Decreto 24.922de 21 de dezembro de 2007, sendo considerado conforme o SNUC (Lei Nº 9.985) como uma unidade de conservação de proteção integral, cujo objetivo básico é preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica.

De acordo com o IBGE (2008) essa região está localizado na mesorregião do Sertão Sergipano e microregião Sergipana do Sertão do São Francisco, a cerca de 213 km da capital Aracaju, a 09º39'36" de latitude Sul e 37º47'22" longitude Oeste. Possui uma vegetação conhecida como Caatinga hiperxerófila, sendo enquadrada na faixa climática do semi-árido, variando de Megatérmico Semi-árido a Megatérmico Árido, sem excedentes hídricos e elevados valores negativos de índice hídrico geral. As precipitações são irregulares e mal distribuídas anualmente, variando entre 700 a 300 mm, sendo a média anual de mais de 30 anos inferior a 500 mm. O período seco da região é superior a 8 meses e as chuvas estão condicionadas a um reduzido período (março a julho), sendo que os maiores índices de precipitação são registrados em abril. A temperatura média anual é de 25,6°C, não havendo grandes variações no decorrer dos meses, sendo dezembro o mês mais quente e agosto o mais

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frio. De maneira geral, destacam-se 2 tipos de solos: Neossolo Litólico e Planossolo (LEITE et al., 1976).

Figura 1 - Mapa da área de estudo contornada por pontos georeferenciados, localizada na extremidade superior da reserva Monumento Natural Grota do Angico, município de Canindé do São Francisco, estado de Sergipe. Escala 1:20000. Fonte: SEMARH / SE (Secretaria Estadual do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do estado de Sergipe).

3.2 Obtenção de Dados

Para estudar a estrutura da vegetação e composição florística de um determinado tipo vegetacional é importante que a amostragem seja representativa, ou seja, que os processos e métodos utilizados para mensuração florestal sejam compatíveis com a vegetação englobando ainda uma porção significativa da sua flora (PELLICO NETO e BRENA, 1997).

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21 Sendo assim, para a obtenção dos dados utilizou-se o método de área fixa e através deste foram demarcadas 30 parcelas de 400 m2 (20m x 20m), lançadas sistematicamente na área, de modo que à primeira unidade amostral foi distribuída de forma preferencial e o restante de maneira uniforme, obedecendo à posição da primeira e ao intervalo K de 252 m de distância entre elas. Tal intervalo foi calculado a partir da raiz quadrada da divisão do tamanho da área estudada (191.0000 m2) pelo número de parcelas a serem instaladas (30). Vale citar que este procedimento é muito útil para áreas pouco conhecidas, já que devido a distribuição uniforme das parcelas é possível conhecer a distribuição espacial das espécies florestais, sendo considerado ainda um procedimento preciso e com menores custos, se comparados a outros.

Para estabelecimento das parcelas na área estudo, utilizou-se o programa AUTOCAD. A partir da plotagem do mapa da área no programa, as parcelas foram espaçadas de acordo com intervalo k, desenhadas e lançadas virtualmente dentro do próprio mapa, com a finalidade de se obter as coordenadas geográficas das mesmas. De posse desses dados, cada parcela foi georeferenciada com GPS, utilizando datum SAD 69 com coordenadas UTM, visando a sua fácil localização em caso de averiguação dos dados. É interessante destacar que as parcelas foram demarcadas e medidas de acordo com as normas estabelecidas pela rede de manejo florestal da Caatinga (CTC/RMFC, 2005).

Os indivíduos que apresentaram CAP acima de 6 cm foram mensurados, identificados e etiquetados com plaquetas feitas com latas descartáveis de alumínio cortadas em tiras de aproximadamente 4 cm x 3 cm contendo o número da árvore dentro da parcela, os seguintes dados coletados: identificação da espécie (coleta do material botânico); circunferência à altura do peito (CAP) com utilização de fita métrica comum; altura total (HT), com vara telescópica; Com a medição da altura total e da circunferência à altura do peito foi calculado o volume de cada espécie, utilizando o fator de forma de 0,9, recomendado pela Rede de Manejo Florestal da Caatinga.

A coleta do material botânico na área de estudo foi feita em apenas uma visita, realizada no mês de julho/2008, onde foi dada preferência aos indivíduos que apresentavam estruturas reprodutoras. Todo o material coletado foi levado para o Herbário da Universidade Federal de Sergipe – ASE. Aqueles que possuíam estruturas reprodutoras foram identificados até o nível de espécie e os que não apresentaram ficaram indeterminados ou com suas identificações incompletas. A identificação dos exemplares foi feita por comparação com

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exsicatas do próprio herbário e o sistema de classificação adotado foi o de Engler (1964). As espécies foram identificadas quanto a sua forma de vida através de comparações dos trabalhos de Pereira et al. (2002), Alcoforado-Filho et al. (2003) e Santana e Souto (2006).

3.3 Análise dos Dados

Os cálculos dos parâmetros fitossociológicos e florísticos foram realizados com o auxílio do Software Mata Nativa 2, instalado no Departamento de Engenharia Agronômica e licenciado para a Universidade Federal de Sergipe. Através desse programa pôde-se analisar a florística dos indivíduos e os seguintes parâmetros fitossociológicos: DA - densidade absoluta; DR - densidade relativa; FA - freqüência absoluta; FR - freqüência relativa; DoA – dominância absoluta; DoR – dominância relativa; IVC= Índice de Valor de Cobertura (%); IVI = Índice de Valor de Importância (%). Além disso, os resultados encontrados permitem inferir sobre a amostragem realizada na área.

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23 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Levantamento florístico

A flora arbustiva/arbórea da área de estudo, representada pelos indivíduos remanescentes do Monumento Natural Grota do Angico, apresentou um total de 24 espécies distribuídas em 20 gêneros, agrupadas em 12 famílias (Tabela 1). Do total amostrado, 14 foram identificadas até a sua espécie (58,33%), 8 até o nível de gênero (33,33%) e 2 ficaram indeterminadas (8,33%) devido à falta de material botânico fértil. Das identificadas, 18 possuem hábito de vida arbóreo, 2 são arbustivas e 4 não tiveram sua forma de vida identificada.

As famílias com maior diversidade de espécies foram Leguminosae (7), Anacardiaceae e Euphorbiaceae (3) que contribuíram juntas com aproximadamente 54,1% do total de espécies amostradas, enquanto que as outras (37,5%) apresentaram apenas 1 espécie. Apesar dessas 3 famílias serem as que possuem maior riqueza, as mais importantes na área de estudo foram Leguminosae, Euphorbiaceae e Apocynaceae, o que pode ser explicado devido ao padrão de distribuição horizontal das espécies no ambiente analisado.

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Tabela 1 – Famílias e espécies botânicas amostradas em área de Caatinga do Monumento Natural Grota do Angico, Canindé do São Francisco-SE, com nome popular e forma de vida ou hábito.

Família Espécie Nome Popular Hábito

Anacardiaceae Myracrodruon urundeuva (Allemão) Engl. Aroeira Árvore

Anacardiaceae Spondias tuberosa Arruda Imbuzeiro Árvore

Anacardiaceae Schinopsis brasiliensis Engl. Braúna Árvore

Apocynaceae Aspidosperma pyrifolium Mart. Pereiro Árvore

Bignoniaceae Tabebuia sp. Craibeira Árvore

Boraginaceae Cordia globosa (Jacq.) Kunth Muleque-Duro Arbusto

Bombacaceae Pseudobombax sp. Embira Árvore

Burseraceae Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B. Gillett Imburana Árvore

Euphorbiaceae Jatropha mollissima (Pohl.) Baill. Pinhão Árvore

Euphorbiaceae Manihot sp. Maniçoba Árvore

Euphorbiaceae Croton heliotropiifolius Kunth Velame Arbusto

Leguminosae - Caesalpinioideae Caesalpinia pyramidalis Tul. Catingueira Árvore

Leguminosae - Caesalpinioideae Bauhinia sp. Mororó Árvore

Leguminosae - Caesalpinioideae Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul. var. férrea Pau-Ferro Árvore

Leguminosae - Mimosoideae Piptadenia sp. (1) Arranhento -

Leguminosae - Mimosoideae Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Angico Árvore

Leguminosae - Mimosoideae Mimosa sp. Jurema Árvore

Leguminosae - Mimosoideae Piptadenia sp. (2) Espinhento -

Nyctaginaceae Guapira sp. João-Mole Árvore

Rhamnaceae Ziziphus joazeiro Mart. Juazeiro Árvore

Rubiaceae Tocoyena bullata (Vell.) Mart. Genipapo-Bravo Árvore

Sapotaceae Sideroxylon obtusifolium (Roem. e Schult.) T.D.Penn. Quixabeira Árvore

- Espécie não identificada (1) - -

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25 A variabilidade no número de espécies e de indivíduos levou Andrade-Lima (1981) a afirmar que as Caatingas situadas em locais onde as precipitações são mais elevadas apresentam maior fitodiversidade.

Entretanto, Rodal (1992) comenta que o maior ou menor número de espécies nos levantamentos realizados deve ser resposta a um conjunto de fatores, tais como situação topográfica, classe, profundidade e permeabilidade do solo e não apenas à disponibilidade hídrica, embora este seja um dos fatores mais importantes. Alcoforado-Filho et al. (2003) argumentaram que as práticas de manejo das áreas também influenciam na biodiversidade.

Além da diversidade florística observada na área de estudo é importante destacar que a variedade de elementos que compõem a flora da Caatinga também foi descrita em outros trabalhos realizados no Nordeste, o que pode ser verificado através da Figura 2.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 N ° d e F a m íl ia s e E sp é ci es Fonse ca (19 91) Lemo s e R odal (2002 ) Perei ra et al.(20 02) Alco forad o-Filh o et a l. (20 03) Santa na e Souto (200 6) Dória Neto (200 8) Autores e Anos Diversidade Florística Espécies Famílias

Figura 2 – Espécies e famílias encontradas em levantamentos florísticos realizados em alguns estados

do Nordeste, ordenadas cronologicamente.

Fonseca (1991) nos municípios de Poço Redondo e Canindé do São Francisco, estado de Sergipe, adotando como critério de inclusão todos aqueles indivíduos que estivessem dentro da parcela e que apresentasse diâmetro ao nível do solo ≥ 3 cm, registrou 46 espécies em 20 famílias.

Lemos e Rodal (2002) no Parque Nacional da Serra da Capivara, Piauí onde foram amostrados todos os indivíduos vivos ou mortos ainda em pé, inclusive cipós, com diâmetro do caule ao nível do solo ≥ 3 cm e altura total ≥ 1m, registraram 56 espécies e 19 famílias. As

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espécies identificadas nesse levantamento foram representadas além de cipós, por indivíduos com hábito de vida arbóreo, arbustivo e liana. Pereira et al. (2002) em um remanescente florestal no agreste Paraibano, onde o autor adotou os mesmos critérios de inclusão de Lemos e Rodal (2002), encontraram 54 espécies que se agruparam em 22 famílias, todas as espécies catalogadas tinham hábito de vida arbórea ou arbustiva.

Alcoforado-Filho et al. (2003) em um remanescente de vegetação caducifólia espinhosa arbórea em Caruaru, Pernambuco identificou 96 espécies distribuídas em 41 famílias. O estudo desse autor se destaca em relação aos outros, por este ter considerado na amostragem árvores, arbustos, subarburtos, ervas e cipós, além de espécies que não atendiam aos critérios de inclusão.

Santana e Souto (2006), na Estação Ecológica do Seridó, em Serra Negra, no Rio Grande do Norte, catalogaram 22 espécies e 12 famílias. Nesse estudo foi adotado como critério de inclusão todos aqueles indivíduos que possuíam diâmetro ao nível do solo ≥3 cm e altura total ≥1 m, na composição floristica desse estudo só foram amostrados indivíduos com hábito de vida arbóreo ou arbustiva. Dória Neto (2008) no município de Porto da Folha, estado de Sergipe utilizando os mesmos critérios de inclusão do presente estudo catalogou 32 espécies em 15 famílias.

Apesar da diversidade florística do estudo ter obtido valores próximos aos trabalhos realizados por Santana e Souto (2006) e Dória Neto (2008), a variabilidade florística catalogada nos estudos de Fonseca (1991), Lemos e Rodal (2002), Pereira et al. (2002) e Alcoforado-Filho et al. (2003) foram relativamente superiores. Essa diferença numérica quanto à distribuição da flora nessas áreas de estudo pode ser perfeitamente explicada devido ao caráter heterogêneo dos ambientes de Caatinga, ao nível de antropização que cada uma delas sofreu e aos critérios de inclusão que cada um desses autores utilizaram.

Um fato interessante verificado nesses trabalhos é que as famílias que obtiveram maior diversidade praticamente foram as mesmas, ou seja, Leguminosae e Euphorbiaceae foram as que apresentaram maior número de espécies. Estes resultados confirmam as observações de Rodal (1992), que apontou estas famílias como as principais na Caatinga, em número de gêneros, espécies e abundância de plantas.

(43)

27 Pereira et al. (2002) destaca que a ocorrência da família Rubiaceae também tem sido registrada no componente lenhoso de outras áreas de Caatinga, mas apenas nas de maior umidade, como Caruaru–PE (Alcoforado Flho et al., 2003).

Para Pereira et al (2001), algumas espécies como Croton sonderianus são típicas de ambientes antropizados, mostrando bastante tolerância a elevados níveis de perturbação. A ausência dessa espécie no trabalho pode ser uma evidência que a área estudada não apresenta um nível de antropização tão acentuado. Isso vem a se confirmar quando Andrade et al. (2005) citam que a presença de algumas famílias pode indicar o estado de conservação da flora de determinados ambientes, uma vez que não são adaptadas a colonizar ambientes fortemente antropizados. Algumas delas estão presentes no fragmento estudado, como é o caso de Anacardiaceae e Burseraceae.

4.1.1 Análise do levantamento florístico

A curva acumulativa de espécies adicionais, na ordem real das parcelas, permite que se avalie a suficiência amostral do levantamento florístico, definindo se o número de amostras estabelecidas foi adequado ou não para o conhecimento da população (CASTRO, 1987).

Sendo assim, a partir da análise da curva do coletor (Figura 3) podemos inferir que da primeira parcela até a sétima, o número de espécies catalogadas na área foram 21, caracterizando uma curva acentuada no gráfico. Da sétima parcela inventariada até a décima nona, o número de espécies não variou, ou seja, a curva do coletor permaneceu constante. De acordo com Jardim e Hosokawa (1986) a tendência de estabilização verificada nesse intervalo poderia ser considerada suficiente para indicar o número mínimo de parcelas a ser utilizado. Muniz et al. (1994) citaram que, mesmo quando se aumenta a área amostral a curva nunca alcançará a assintótica porque sempre irão aparecer espécies novas, mesmo que em número reduzido. Isso foi comprovado no estudo quando, da décima nona até a vigésima sexta houve apenas aumento de 3 espécies catalogadas passando-se de 21 para 24. A partir daí a curva do coletor tornou-se constante, ou seja, as 26 primeiras parcelas amostradas no levantamento foram suficientes para representar a diversidade florística da área de estudo.

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Figura 3 - Curva coletora representando a suficiência amostral para a área de Caatinga localizada no Monumento Natural Grota do Angico no município de Canindé do São Francisco.

O fato de não ocorrer uma estabilização muito nítida da curva provavelmente é consequência da característica heterogênea da floresta. Normalmente, as espécies que aparecem no final da curva são consideradas como raras, devido sua baixa densidade na população amostrada. Entretanto, para se afirmar isso deve-se considerar o esforço amostral e os critérios de inclusão, além do histórico da área (SANTANA, 2005).

No levantamento florístico e fitossociológico realizado por Fonseca (1991), nos municípios de Canindé do São Francisco e Poço Redondo, onde a área de estudo foi subdividida em 5 sub-áreas, constatou-se que a curva do coletor também teve um comportamento semelhante à curva apresentada nesse estudo. Nesse mesmo trabalho uma das sub-áreas definidas apresentou um comportamento diferenciado das outras, apresentando um aumento da diversidade florística em todas as parcelas inventariadas, caracterizando uma curva acentuada das parcelas iniciais até as finais.

4.2 Levantamento Fitossociológico

Nas 30 parcelas inventariadas foram amostrados 1987 indivíduos. A espécie com maior número de representantes foi Caesalpinia pyramidalis com 1121 indivíduos (56,4%), seguida por Bauhinia sp. com 238 (12,0%) e Jatropha mollissima com 165 (8,3%). Na Tabela 2 apresenta-se os resultados obtidos na análise da estrutura horizontal para as 30 parcelas instaladas na reserva Monumento Natural Grota do Angico.

Referências

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