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UNISA UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO Licenciatura em História. Thayná Alves Rocha SURREALISMO: GÊNESE DE UMA LEITURA REVOLUCIONÁRIA

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UNISA – UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO Licenciatura em História

Thayná Alves Rocha

SURREALISMO: GÊNESE DE UMA LEITURA REVOLUCIONÁRIA

São Paulo 2017

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Thayná Alves Rocha

SURREALISMO: GÊNESE DE UMA LEITURA REVOLUCIONÁRIA

Projeto de pesquisa apresentado para produção de artigo de conclusão da Graduação em História pela UNISA – Universidade de Santo Amaro.

Orientação por: Prof. Me. Diogo dos Santos Brauna

São Paulo 2017

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1. INTRODUÇÃO

O surrealismo surgiu na França, em 1924, com a publicação do primeiro Manifesto do Surrealismo, escrito por André Breton. O presente trabalho pretende investigar as concepções de materialismo histórico e trotskismo presentes no surrealismo.

Considerado um dos movimentos artísticos-literários mais marcantes do século XX, o surrealismo tinha como objetivo central a exposição do interior do ser humano para alcançar o "eu primitivo", a fim de restaurar os mais verdadeiros sentimentos humanos como ponto de partida para se produzir uma nova linguagem artística e a emancipação do homem através de suas obras, como apresenta Risolete Maria Hellmann (2012) e Marguerite Bonnet (1975). O surrealismo é "mais propriamente um movimento de revolta do espírito e uma tentativa eminentemente subversiva de re-encantar o mundo." (LÖWY, 2002, p. 9)

Entre tantos infortúnios por nós herdados, deve-se admitir que a maior liberdade de espírito nos foi concedida. Devemos cuidar de não fazer mau uso dela. Reduzir a imaginação à servidão, fosse mesmo o caso de ganhar o que vulgarmente se chama a felicidade, é rejeitar o que haja, no fundo de si, de suprema justiça. Só a imaginação me da contas do que pode ser, e é bastante para suspender por um instante a interdição terrível; é bastante também para que eu me entregue a ela, sem receio de me enganar (como se fosse possível enganar-me mais ainda). (BRETON, 1924, p. 1)

Desde o início, os ideais e aspirações revolucionárias sempre impactaram os surrealistas, não atoa, que um dos primeiros textos publicados coletivamente se chamava "A revolução antes e sempre". Como cita Löwy (2002), a necessidade surrealista de rompimento com a sociedade ocidental burguesa levou Breton a se aproximar das ideias revolucionárias da Revolução Russa, e a aproximação com as teorias do revolucionário Leon Trotsky. Inspirados pelas leituras de Karl Marx e Trotsky, o impacto revolucionário foi grande, como Eclair Antonio Almeida Filho (2006) afirma, partindo de 1925. Com o surgimento da Revista La Révolution Surréaliste, o grupo passa a se interessar mais fortemente pelos ideais ligados a teoria filosófica e política relacionada ao marxismo, assim como o envolvimento com o Partido Comunista. "O surrealismo passa a unir poesia e ação revolucionária para

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'transformer le monde' (transformar o mundo) e 'change la vie" (mudar a vida). (ALMEIDA FILHO, 2006, p. 36)

Nesse sentido, como o movimento surrealista expressa a ideia de revolução dentro de suas produções? Quais e que aspectos do marxismo estão presentes na produção de André Breton? Como se deu a aproximação com Leon Trotsky e o trotskismo? Quais os aspectos do trotskismo estão presentes no pensamento surrealista?

O movimento surgiu em um momento em que o mundo sofria uma grande crise, por consequência da Primeira Guerra e as perdas que esta gerou. "O grande edifício da civilização do século XX desmoronou nas chamas da guerra mundial, quando suas colunas ruíram" (HOBSBAWM, 1995, p. 30), assim como a economia mundial teve uma estagnada no período entre guerras, causando um impacto negativo social e economicamente.

A Primeira Guerra Mundial foi seguida por um tipo de colapso verdadeiramente mundial, sentido pelo menos em todos os lugares em que homens e mulheres se envolviam ou faziam uso de transações impessoais de mercado. Na verdade, mesmo os orgulhosos EUA, longe de serem um porto seguro das convulsões de continentes menos afortunados, se tornaram o epicentro deste que foi o maior terremoto global medido pela escala Richter dos historiadores econômicos - a Grande Depressão do entre guerras. (HOBSBAWM, 1995, p. 91)

A partir das diversas transformações sociais, políticas e econômicas que ocorreram, os movimentos artísticos compreenderam uma necessidade de ver o mundo e o ser humano de modo diferente. A luta surrealista se dava contra a visão de realidade lógica, contra o conservadorismo encontrados na sociedade burguesa, queriam através do movimento re-encantar o mundo, trazer para o homem momentos considerados mágicos, que são sufocados pela sociedade burguesa e seus costumes. Como diz Löwy (2002), exemplos disso são: a poesia, a paixão, o amor-louco, a imaginação, a magia, o mito, o maravilhoso, o sonho, a revolta, a utopia.

Nota-se com mais precisão, a partir da década de 1930, com a criação do Segundo Manifesto Surrealista, uma visão de arte mais voltada para o marxismo, que os ligaram ao Partido Comunista Francês, e posteriormente, à Oposição de Esquerda, liderada por Leon Trotsky. Nesse momento, o Surrealismo busca a emancipação do

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ser humano a partir da revolução surrealista, que possibilitava a libertação "interior". Em 1938, André Breton dirige-se ao México para conhecer Trotsky, onde desenvolvem em parceria o Manifesto Por uma Arte Revolucionária Independente, com a participação também do artista Diego Rivera.

É possível compreender a importância e influência que as diversas leituras tiveram sobre os participantes do grupo surrealista, sobretudo André Breton, que desde sua adolescência, teve grande interesse pela literatura, escrita, e a aproximação com Sigmund Freud e os manuais de psicanálise, Leon Trotsky, Karl Marx, Arthur Rimbaud, entre outros. Graças a essas leituras, pode-se compreender e relacionar as ações culturais e filosóficas que tanto impactaram o movimento.

Apesar de toda a crise nos movimentos de vanguarda enfrentados na segunda metade do século XX, o Surrealismo perdurou até a morte de André Breton, em 1969. Löwy (2002) acredita que o movimento ainda continua sendo extremamente necessário para a sociedade, pois ainda vivemos num mundo tradicionalista, conservador e opressor. Como o mesmo apresenta, na década de 1990, diversos grupos surrealistas se formaram pelo mundo, além de Paris, lugares como Praga, Madri, Estocolmo, São Paulo e Chicago. Toda a inspiração poética e revolucionária perdura em sua história, podendo servir como combustível utópico inesgotável para a reafirmação da possibilidade de um futuro distante, como cita Querido (2011). O surrealismo ainda se mantém vivo na memória e nos sonhos mais profundos daqueles que ainda creem na revolução pela arte.

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2. OBJETIVOS 2.1. Objetivos gerais:

Esse trabalho pretende investigar a gênese dos ideais revolucionários na vanguarda surrealista, compreendendo os significados dados às leituras feitas pelo pai do surrealismo, André Breton, que acabou por influenciar as criações do movimento.

2.2. Objetivos específicos:

2.2.1. Entender a gênese do pensamento revolucionário no movimento surrealista

2.2.2. Estudar a concepção de revolução através do surrealismo, considerando as proposta de André Breton

2.2.3. Compreender como e quais os aspectos no marxismo e trotskismo se apresentam nas obras surrealistas

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3. JUSTIFICATIVA

A escolha do tema se deu com o interesse particular sobre o movimento surrealista. Com um levantamento bibliográfico e alguns estudos, foi possível observar o impacto das teorias revolucionárias dentro da vanguarda, como foi possível encontrar em Löwy, em "A Estrela da Manhã: surrealismo e marxismo".

Através de uma sondagem feita nas plataformas da CAPES e Scielo, é possível concluir que no Brasil, pouco foi produzido referente ao movimento surrealista, sendo que menos de 80 artigos de um número de 800, estão em português na CAPES, e nenhum encontrado na Scielo. A maioria não enfoca unicamente nas ações revolucionárias dos surrealistas, tratando-as de modo secundário, focando em sua maioria, na trajetória do grupo enquanto vanguarda, e tratando de alguns membros do movimento, como análise de suas obras e o papel que estes tinham dentro do surrealismo. É notória, seguindo as informações citadas, a pouca quantidade de referências que tratem deste tema em particular, por esse motivo, deu-se a escolha da temática envolvida nesta pesquisa.

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4. MATERIAL E MÉTODO

O enfoque principal dessa pesquisa será analisar como as leituras feitas por André Breton das obras de Leon Trotsky e Karl Marx, foram importantes para o surgimento dos costumes e propostas apresentadas pelo grupo surrealista. Considerando essas leituras, a teoria utilizada para o desenvolvimento do trabalho será a História da Leitura, enfatizando Roger Chartier e Robert Darnton como principais historiadores da metodologia aplicada.

Há uma grande importância a década de 1980, pois é considerada como uma época de muita relevância para o enriquecimento e crescimento dos métodos de se produzir História, começando nesse momento, a reflexão sobre a "Nova História Cultural". A História da leitura através da compreensão de Chartier e Darnton, se trata da compreensão dos indivíduos ou leitores que fizeram em algum momento, um determinado tipo de leitura, e deram a ela um significado a partir das mensagens encontradas nos textos, independente do seu tipo textual.

Através da História da Leitura, podemos retirar diversas informações valiosas sobre comportamentos e crenças de determinados grupos sociais, considerando um leitor específico. No caso estudado, encontra-se em André Breton, e na história do movimento surrealista, indicações de diversas leituras que serviram de engrenagem para o conjunto de práticas e costumes dos integrantes do movimento, assim como encontra-se nos próprios manifestos escritos por Breton diversos significados dados por ele das leituras que este fez em determinado momento.

Será analisado nessa pesquisa os manifestos, revistas e textos relacionados ao surrealismo produzidos por André Breton, como fontes principais para obter as respostas para questões centrais levantadas. Será analisado também para contextualização e entendimento de conceitos artigos e livros relacionados a temática e o período analisado. Alguns artigos encontrados, foram retirados de revistas acadêmicas, como a NUPEM; Espaço Acadêmico; Cadernos de Campo, da Unesp e a Revista Contigentia. Para análise do pensamento surrealista e do contexto histórico serão fundamentais os trabalhos de LÖWY (2002) e HOBSBAWM (1995), dentre outras obras. O presente trabalho analisa os manifestos, revistas e textos publicados por André Breton, com o propósito de averiguar as leituras e apropriações feitas relacionando com as práticas surrealistas.

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A pesquisa será dividida em dois eixos principais de análise, sendo o primeiro, a busca do conhecimento do contexto histórico debatendo com o surgimento e trajetória do movimento surrealista, explorando a trajetória de André Breton e o que o levou à criação das primeiras publicações com viés surrealista.

Na segunda parte, o enfoque será na gênese dos ideais revolucionários que impactaram o movimento surrealista. Nessa questão, será observado como Breton utilizou de algumas leituras de Marx e Trotsky para a criação de algumas ideologias apresentadas no grupo surrealista.

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5. CRONOGRAMA

Roteiro de atividades Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro

Levantamento bibliográfico X X X X X

Fichamento de obras X X

Levantamento do material

documental X X

Reuniões com o orientador X X X X

Apresentação da pesquisa no GP/CISGES/UNISA/CNPq X Escrita do artigo X X X X Revisão e conclusão do artigo X X Apresentação do tcc X

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA FILHO, Eclair Antonio. A revolução surrealista antes e sempre (apesar dos cadáveres). La Salle – R. Educ. Ciên. Cult. Canoas, v. 11, n. 1, p. 33-44, jan./jun. 2006.

ANDERSON, P. Modernidade e revolução. Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, n.14, p. 02-15, 1986.

AZEVEDO, E.; PONGE, R. André Breton e os primórdios do surrealismo. Revista Contingentia, v. 3, n. 2, p. 277-284, nov. 2008.

BONNET, Marguerite. Trotsky e Breton. The Marxists Internet Archive. 1975. BRETON, A. Manifesto Surrealista. 1924.

_______, A.; TROTSKY, L. Manifesto por uma arte revolucionária independente. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.

COUTO, J. G. André Breton: A transparência do sonho. São Paulo: Brasiliense, 1984. DA COSTA, A. Surrealismo e Marxismo: A necessidade contra o desejo de ortodoxia. Tabuleiro de Letras, Universidade do Estado da Bahia – UNEB, n. 6, p. 19, 2013.

FILHO, D. B. Pequena História da Arte. Papirus, 1991

FONSECA, A. D. A instigante e complexa história da leitura: apontamentos teóricos e metodológicos. Revista Espaço Acadêmico, n. 144, p. 87-94, mai. 2013. GROSSI DOS SANTOS, LÚCIA. A experiência surrealista da linguagem: Breton e a Psicanálise. Ágora, v. V, n. 2, p. 229-247, jul/dez. 2002.

HELLMANN, R. M. A trajetória da arte surrealista. Revista NUPEM, Campo Mourão, v. 4, n. 6, jan./jul. 2012.

HOBSBAWM, E. A era dos extremos: um breve século XX: 1914 – 1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

LAGROU, E. A arte do outro no Surrealismo e hoje. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 14, n. 29, p. 217-230, jan./jun. 2008.

LÖWY, M. A estrela da manhã: Surrealismo e Marxismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.

LUCIE-SMITH, E. Os movimentos artísticos a partir de 1945. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

MIGLIOLI, J. O marxismo e o sistema econômico soviético. Crítica Marxista, São Paulo, Brasiliense, v. 1, n. 2, 1995, p. 28-48

NETTO, José Paulo. O que é stalinismo. São Paulo: Nova Cultura: Brasiliense, 1985. OLIVERI, R. Surrealismo e Marxismo na obra de André Breton. Feira de Santana, p. 57-66, jan./jun. 1984.

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QUERIDO, F. M. Romântico, moderno e revolucionário: O Surrealismo e os paradoxos da Modernidade. Cadernos de Campo (UNESP), v. 14/15, p. 81-97, n. 2011.

RIVERA, T. Arte e psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2005.

SHARPE, E. F. Análise dos Sonhos - um Manual Prático para Psicanalistas. Rio de Janeiro: Imago, 1971. 145 p.

TROTSKY, L. A Revolução Permanente. São Paulo: Ciências Humanas LTDA, 1979 WOOD, A. As origens da Revolução Russa de 1861 a 1917. São Paulo: Ática, 1991.

Referências

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