Se considerarmos os anos de atividade produtiva de um atacante de futebol, o número de jogos oficiais de que ele poderá participar e o fato de que ainda que ele seja um goleador nato, não há a mínima possibilidade de esse jogador, durante toda a sua carreira, marcar mais de mil gols.
Voltemos ao tempo em que a afirmação acima era verdadeira:
PRIMEIRA PERGUNTA CRIATIVA:
Qual a solução ideal, mas impossível?
Seria muito bom se fosse possível um goleador chegar à marca dos mil gols, pois seria um feito memorável e espetacular.
SEGUNDA PERGUNTA CRIATIVA:
O que impede essa solução tornar-se possível?
O que impede é que, considerando as condições já mencionadas no início deste texto, não há como um jogador marcar mil gols.
TERCEIRA PERGUNTA CRIATIVA:
Por que não ter como ponto de partida justamente o que impede de ir além do atual paradigma?
Edson Arantes do Nascimento, Pelé, transformou o impossível no possível.
Antigo paradigma: É impossível um goleador marcar mais de mil gols em jogos oficiais durante toda a sua carreira.
Novo paradigma: Por que não passar a ser um goleador incomum? Por que não desenvolver e ampliar todas as habilidades pessoais que facilitam marcar o gol?
Pelé nasceu craque.
Reportagem do jornal Folha de S. Paulo de 23 de agosto de 1997 evidencia que Pelé era um goleador nato. Transcrevo parte do artigo do jornalista Wagner Oliveira, baseado no livro Pelé de Bauru
, escrito por Luiz Carlos Cordeiro, que destaca a genialidade nata de Pelé: “
Pelé tinha aos 14 anos um futebol tão superior ao dos garotos de sua idade que a Liga de Futebol Amador de Bauru teve que inventar uma nova regra para que o jogador pudesse
equipes.
Depois do primeiro jogo, em que o Radium goleou por 10 a 0 o time dos Marianos, com 8 gols de Pelé, o dirigente da liga, Sérgio Ribeiro, resolveu que o jogador só poderia ficar no gol ou na defesa.
Se optasse pela zaga, não poderia passar do Meio-de-campo, caso contrário seria falta em favor do time adversário. Mesmo jogando na defesa, Pelé ajudou o Radium a ser campeão”.
Mas por que Pelé aparece neste livro que ora escrevo? Tudo bem que ele foi um gênio na arte do futebol. Tudo bem que ele foi o único jogador que conseguiu ultrapassar a barreira dos mil gols (precisamente 1 281 gols). Mas que caminho prático, sem ser sua genialidade, ele pode nos mostrar para conseguirmos tornar possível o impossível?
Vamos ao que mais nos interessa em relação a Pelé. Ele, pela sua genialidade, por ter nascido craque, poderia ter pensado: “Posso treinar menos do que meus colegas, pois eu já sei tudo o que eles no treino têm a aprender ”; “Chuto muito bem com a perna direita, portanto não preciso aprender a chutar com a perna esquerda
”.
Pelé poderia assim pensar, mas não pensou:
a) Quando se encerrava o horário dos treinos e todos iam embora, ele continuava treinando;
b) De tanto treinar, aprendeu a chutar muito bem tanto com a perna direita quanto com a perna esquerda;
c) Ao cabecear a bola ele fechava os olhos (conseqüência do nosso reflexo natural). De tanto treinar, aprendeu a cabecear sem fechar os olhos, para que, mesmo naquele rápido instante, pudesse ter visão de jogo;
d) De tanto treinar, passou a ser também um bom jogador na defesa e um excelente goleiro;
e) Apesar da sua genialidade, Pelé foi sempre humilde, colocando-se naturalmente apenas como um dos integrantes da equipe;
f) Considerando-se um eterno aprendiz, Pelé conversava constantemente com os jogadores mais velhos, procurando aprender com a experiência deles.
Agora fica claro o que temos que aprender com Pelé. Esta é a mensagem que ele nos deixou: “ Sou bom nisto? Posso ser melhor ainda
”.
Existem pessoas e empresas que se acomodam por serem boas no que fazem. Com seu exemplo, Pelé nos diz: “Você é bom no que faz? É possível ser melhor ainda”.
Caro leitor, falando um pouco mais sobre Pelé: se você for à maioria dos países do mundo e pedir uma coca-cola, todos saberão o que você está pedindo; se você for à maioria dos países e falar sobre Pelé, todos saberão a quem você está se referindo. Pelé é, comprovadamente, umas das marcas mais conhecidas do mundo.
E não somente é uma das marcas e figuras mais conhecidas, como também uma das mais solicitadas pelos repórteres. Se ele estiver ao lado da rainha da Inglaterra (o que já ocorreu várias vezes), a quem os repórteres irão dar preferência? A Pelé. Fato também já comprovado.
Robert Kennedy, antigo e reverenciado político dos Estados Unidos, na época provável futuro presidente (se não tivesse sido assassinado), ao término de um jogo de futebol fez questão de visitar Pelé no vestiário. Foi quando um sorrateiro fotógrafo tirou a célebre foto de Pelé nu, todo ensaboado, tendo ao seu lado, como se fosse um simples fã, uma das grandes personalidades do mundo político.
Um dos chefes de uma das tribos da África (o chefe da tribo era como se fosse um rei ou um presidente de uma nação) queria por todo custo que Pelé tivesse relação com uma de suas prediletas filhas, para que ele pudesse ser avô do filho de Pelé.
Certa vez em jogo na Colômbia, o juiz o expulsou. No entanto, a comoção do público foi tamanha, que os organizadores do torneio fizeram com que Pelé voltasse ao campo, ao mesmo tempo em que expulsaram o juiz!
A revista Placar de março de 1999, publicada pela Editora Abril, teve como tema principal a vida esportiva de Pelé:
“Pelé em 21 anos de carreira conquistou 59 taças.
Por três vezes participou como goleiro em jogos oficiais (em virtude de expulsões ou faltas sofridas pelos goleiros principais). Nas três oportunidades, Pelé saiu do gol invicto”.
Tostão, também um dos grandes craques que o mundo do futebol conheceu, comentou na citada revista:
“Pelé tinha as qualidades de um grande atacante. Driblava curto e em velocidade, tinha visão periférica, passe preciso, chute forte, saltava alto e cabeceava com os olhos abertos. Era imaginativo, surpreendia o adversário. (...) Além disso, Pelé era um guerreiro em campo, crescia quando marcado. Sua perfeição confundia-se com sua simplicidade. Jogava com grande objetividade. Seu futebol não admitia excessos, enfeites nem faltas. Ele quase não fazia embaixadas, não driblava para os lados, mas sempre em direção ao gol. Quando tentavam derrubá-lo, não caía, devido à sua estupenda massa muscular e equilíbrio ”.
Aos 21 anos Pelé já tinha chegado aos 500 gols. Para se ter uma idéia do que é atingir essa marca aos 21 anos, comparemo-lo com outros grandes goleadores, como Romário, que só chegou aos 500 gols com 31 anos, e Bebeto, aos 35.
Na Copa de 1970, o italiano Tarcisio Burgnich tinha a missão impossível
de segurar Pelé. Sobre isso ele comentou: “Pensei: ele é de carne e osso como eu. Me
enganei ”.
Todos os presidentes americanos, de Richard Nixon a Bill Clinton, quiseram apertar a mão do Rei. Dois papas (Paulo VI e João Paulo II) escancararam as portas do Vaticano para recebê-lo.
Pelé corria 100 metros em 11 segundos, saltava 1,80 metro de altura, 6,50 metros em distância, jogava com competência basquete, vôlei e qualquer outro esporte que exigisse coordenação: “Tenho certeza de que, bem treinado, Pelé seria um dos dez maiores do mundo em decatlo ”, dizia o preparador físico Júlio Mazzei.
“Quando vi Pelé jogar, tive vontade de pendurar as chuteiras”. Frase dita por Fontaine, atacante francês, artilheiro da Copa de 1958.
Mas por que falar tanto sobre Pelé? Porque sua vida de sucesso e glória passa-nos outra lição: depois de tudo o que fez, ele continua simples e humilde. E a humildade, como disse Padre Vieira, é sinal de grandeza. Portanto, sejamos grandes e humildes líderes. O mar é grande por quê? Porque se coloca abaixo do nível dos rios. Perde a sua grandeza por causa disso? Não. Aí está a razão de sua grandeza.
Currículo do autor: Alkindar de Oliveira, Palestrante, Escritor e Consultor de Empresas radicado em São Paulo-SP, profere palestras e ministra treinamentos comportamentais em
todo o Brasil. Juntamente com sua equipe de consultores, tem seu foco de atuação em diversas áreas de treinamento, como VISÃO SISTÊMICA, CULTURA DO DIÁLOGO,
ORATÓRIA, LIDERANÇA, COACHING, RELACIONAMENTO, MOTIVAÇÃO, COMUNICAÇÃO ESCRITA, COMUNICAÇÃO VERBAL, CRIATIVIDADE, HUMANIZAÇÃO DO AMBIENTE EMPRESARIAL, VENDAS, FINANÇAS, EFICAZ COMUNICAÇÃO INTERNA, NEGOCIAÇÃO, PRODUÇÃO/CHÃO DE FÁBRICA, ETC.
Suas teses e artigos estão expostos em renomados veículos de comunicação, como: as revistas Você S/A e Bons Fluidos, da Editora Abril; revista Pequenas Empresas Grandes
Negócios , Editora Globo; revista “
Venda Mais
”, Editora Quantum; e os jornais Valor Econômico
,
O Estado de São Paulo e
Jornal do Brasil , etc.
