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A Armadura Espiritual - Hank Hanegraaff

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Academic year: 2021

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o Pl a n o d e D e u s p a r a P R O T E G E R V O C Ê DO M A L

HANK HANEGRAAFF

Traduzido por M a rta D o re to de A ndrade

CB©

(3)

Todos os direitos reservados. Copyright © 2<«»5 para a língua portuguesa da Casa PuWiçadora das Assembléias de Deus. Aprovado pelo Conselho de Doutrina.

Titulo do original em inglês: 17 w Comwg

W PuWtshmg Group, Nasliville.Teniiessee, USA Primeira edição em inglês: 2002

Tradução: Marta D oreto de Andrade Preparação dos originais: Kleber C ruz Revisão: Alexandre (. 'oelho

Projeto gráfico e editoração:Joede Bezerra Adaptação de capa: Eduardo Souza G D I): 24S Vida Crista ISBN: 85.263.» >67i 1-7

As litaçòes bíblicas foram extraídas da versão Almeida Revista e Corrigida, edição de 1995, da Sociedade Bíblica do Brasil,salvo indicação em contrário. Para maiores informações sobre livros, revistas, periódicos e os últimos lançamentos da ( 'PAD, visite nosso site: http: wwsY.cpad com .br SAC — Serviço de Atendimento ,m Cliente usou 701-7373

Cnsa Publicadora das Assembléias de Deus

Caixa Postal 33!

20MI il-‘Co. Ru» de Janeiro, RJ, Brasil !J edição: 21 >< *í>

Digitalizado Por - Alex machado

(4)

Para Graça Fabian, que usa c> capacete da salvação como um a cobertura; e para Graça Hanegraajf, que trocou

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Em primeiro lugar, uma palavra de agradecimento ao conselho, à equipe e aos amigos do Christian Research Institute por suas orações. Eles não foram apenas a minha cobertura; foram o meu conforto. Ademais, quero agra­ decer a Stephen Ross por seus insights, Elliot Miller, por

seus comentários, Gretchen Passantino e Lee Strobel,por seu encorajamento e sugestões, Mark Sweenwy e toda a equipe da W Publishing, por seu suporte e perita revisão. Finalmente, meu amor e gratidão a Kathy e a nossos pe­ quenos — Michelle, Katie, David, John Mark, Hank Jr., Christina, Paul Stephan, Faith, e o bebê Graça, que pre­ cedeu-nos no céu. Acima de tudo, sou supremamente agradecido ao meu Pai celeste, que se reveste de “justiça, como de uma couraça” (Is 59.17).

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Su m á r io

A g r a d e c im e n to s 6

In tr o d u ç ã o 9

1. O Diabo Levou-mea Fazê-lo 23

2. A Batalhapela Mente 37

3. A Armadurada Verdade 45 4. A Armadurada Justiça 59 5. A Armadurada Paz 73 6. A Armadurada Fé 81 7. A Armadurada Salvação 89 8. A Armadura da Escritura 99 9. A Armadurada Oração 113

10. A Armaduracomoum Estilo de Vida 123

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Uma das realidades inescapáveis à visão cristã deste mundo é que “ não temos que lutar contra carne e san­ gue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais’’ (Ef 6.12). Em outras palavras, você e eu estamos engajados numa guerra contra um inimigo invisível. E da mesma forma que fazemos com a nossa guerra contra o terrorismo, o ocidente encontra-se, repentinamente, preocupado em descobrir estratégias para vencer esta guerra invisível.

A A m a zo n .c o n i alista, agora, mais de quinhentos títu­

los sobre combate espiritual. E a Coogle, que faz pesqui­

sas pela Internet, identificou mais de cinquenta mil refe­ rências à luta espiritual. Na qualidade de erudito cristão, o Dr. Clinton Arnolds bem o disse: “Em nenhum perío­ do da história da Igreja escreveu-se tanto sobre a guerra

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A Armadurade Deus

espiritual quanto na década passada. Parece que existem mais cristãos pensando no assunto hoje do que existia há alguns séculos”.

Ironicamente, não faz tanto tempo que Satanás pare­ cia qualquer coisa, menos m orto e enterrado — o desas­ tre de uma disposição mental modernista, inclinada a ra­ cionalizar o sobrenatural da existência. Mas quando o modernismo rendeu-se à espiritualidade do pós-moder- nismo, Satanás reapareceu com uma vingança. Contudo, a declaração de que o Diabo havia emergido não mais se baseava numa visão cristã de mundo. Em vez disto, sur­ giu de repente a caricatura cultural, movida pela indús­ tria do entretenimento.

Um dos momentos definidos como a reaparição de Satanás deu-se em 1973, quando O Exorcista, de William

Peter Blatty, surgiu no cinema. A América assistia sem fôlego, enquanto o filme tornava-se o mensageiro da demonização. Misteriosas marcas satânicas surgiram no corpo da atriz Linda Blair. E isto foi apenas o começo. Hollywood estimulava as massas com uma linguagem se­ xualmente perversa, e com episódios de levitação sensa­ cionalmente produzidos.

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A Fascinação da América pela Possessão

Í ( ( J _

s >j> '-'T,

Inúm eras idéias dos séculos X I X e X X combinaram-se a f i m âe preparar nossa cultura para a sua atual fascinação pela possessão demoníaca. N o século X I X , o surgim ento do espiritualism oa crença na existência da comunicação com os mortospreparou o cam inho para os modernos film es do gênero, corno O Sexto Sentido, ou o seriado de

T V A rquivo X .2

A s psicanálises de Freud atravessaram os séculos X I X e X X com a crença, agora com umente aceita, de que as enferm i­ dades atuais de um a pessoa (física, m ental ou emocional) p o ­ dem ter sido causadas por experiências traumáticas do passa­ do. A presença das doenças, argumentam Freud e seus suces­ sores, “provam ” a presença âe traumas passados, sem qual­ quer evidência empírica.3

A últim a metade do século X X lançou uma base de credu­ lidade e superstição sustentada pela pseudociência, pelo espetá­ culo público e pela experiência pessoal. A decadência dos anos 6 0 fo i compendiada nos desenhos de A n to n Szandor Lavey, na celebração da "missa negra” sobre o altar de uma mulher nua. Lavey fo rm o u a igreja de Satã em 1 9 6 5 , e em 1 9 6 8

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A Armadura de Deus

publicou a Bíblia Satânico, num convite à adoração pública, exemplificado na ode ao satanismo apresentada por Hollywood no film e O Bebê de Rosemavy, de 1 9 6 8 .4

O s anos 8 0 e 9 0 deram passagem ao grande susto do satanismo, o correlativo do século X X p a r a a Salem da A m é r i­ ca colonial, com os seus julgamentos. ‘ O grande espanto do satanismo acelerou com os rumores de um a vasta conspiração satânica internacional e multigeracional, quase não dctectávcl, descrita em M idielle Kem em bers, em 1983. A tin g iu a for­ ça to ta l no “pânico sa tâ n ic o ” cristia n iza d o de .SataiTs U nderground e The Satan Seller. Testemunhes pessoais sen­ sacionais, e não confirmados, promoveram um período sem pre­ cedentes de execuções criminosas, institucionalização psiquiá­ trica e desintegração fam iliar.6

Milhões de modernistas que haviam tentado raciona­ lizar o mal sobrenatural começaram, de repente, a abra­ çar a teologia de Flip Wilson. Aparentemente de um dia para o outro, o novo mantra das massas materialistas tor­ nou-se: “O Diabo levou-me a fazê-lo” . Pessoas de todos os espectros sociológicos tornaram-se certas de que ne­ las habitavam demônios, e procuravam libertação.

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Tragicamente, a fascinação pelos demônios na cultura livre tem levado a um forte movimento de libertação entre os evangélicos. C om o explica o antropólogo Michael Cuneo, alguém estaria ocupado em inventar um esquema melhor. “Qualquer seja o problema pessoal — depressão, ansiedade, dependência química, ou mesmo um apetite sexual descomedido — há ministérios de exor­ cismo disponíveis, hoje, que alegremente declaram-se habilitados a lidar com o problema. E ainda com o bônus significativo de não ser, na maioria dos casos, responsável pelo problema. Os demônios são para serem repreendi­ dos, e livrar-se deles é a chave para a redenção moral e psicológica”.

N o A m erica n E xorcism , Cuneo traça a expansão da

mania de libertação, da cultura popular para o cristianis­ mo — de O Exorcista para os ministérios de exorcismo

evangélicos. Ele observa que a demanda por libertação, estimulada pelo filme O E xo rcista , poderia bem ter-se

extinguido, não fosse pela liberação, em 1976, de H ostage to the D c v il (Refém do Diabo), do controverso jesuíta

Malachi Martin. Não obstante demonstrar “um notável talento para a invencionice e o embelezamento — trans­

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A Armadura de Deus

formando meias verdades pelo truque prestidigitador li-9

terário, e aludindo a fatos imutáveis da história”, Martin teve sucesso ao assoprar a chama do exorcismo, tornan­ do-a um autêntico inferno.

Naquele mesmo ano, Ed e Lorraine Warren, aponta­ dos como “Os mais Famosos Demonólogos do M undo”, acertaram em cheio com o resultado do que viria a ser conhecido como T h e A m ity v ille Horror. Os Warrens de­

clararam amaldiçoada uma casa em Amityville, Long Island — cenário de múltiplos assassinatos — e dirigiram no

1M

local uma sessão espírita televisionada. N o frenesi que se seguiu na mídia, os Warrens retrataram Amityville como um microcosmo de atividades demoníacas na América.

Nos livros e filmes que vieram a seguir ( G lw st H unters, T h e H a u n te d , etc.), os Warrens contaram sombrias histó­

rias de misteriosas marcas em banheiros, e seres demoní­ acos que podiam arranhar e ferir suas vítimas. Até mes­ mo remodelaram, em prosa contemporânea, o incubo e

12

o súcubo da mitologia medieval. De acordo com os Warrens, estes demônios sexuais masculinos e femininos freqüentavam os lares da classe média americana,

pilhan-13 do as mulheres e satisfazendo os homens.

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Enquanto, na década seguinte à estréia de O Exorcista,

as pessoas estavam às voltas com debates acerca da pos­ sessão demoníaca, o famoso autor e psicoterapeuta M. Scott Peck supria a moda da libertação com alguma

legi-14

timidade muito necessária. Em 1983, no lançamento

de People o f the Lie, o psiquiatra formado em Harvard/

Columbia argumentou que o exorcismo não era apenas heróico, mas também o único remédio para muitos de seus pacientes problemáticos.

Ao confidenciar que este seu ponto de vista sobre o exorcismo fora iniciado com O Exorcista e instruído com H ostage to the D evil, Peck proporcionou à industria da

libertação o ar de respeitabilidade de que ela desesperada­ mente carecia. Cuneo declara:“Nos anos que se segui­ ram à publicação de People o f the L ie, o namoro da Amé­

rica com o exorcismo deu, gradualmente, passagem a uma 1K bem desenvolvida fascinação cultural pelo satanismo” .

Esta fascinação pelos demônios na cultura livre levaria, inexoravelmente, a um forte movimento de combate es­ piritual entre os evangélicos. Havendo perdido a habilida­ de de pensar biblicamente, os crentes pós-modernos fo­ ram rapidamente transformados de agentes e introdutores

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A Armadura de Deus

de mudança cultural a conformistas e imitadores. A cultu­ ra popular acenou, e os cristãos pós-modernos morderam a isca. Como resultado, o modelo discipular de guerra es­ piritual, uma vez patrocinado pelos puritanos na América pré-moderna, deu passagem a um motivo de libertação. Em outras palavras, a paixão puritana pelo exercício da disciplina espiritual, a fim de viver à semelhança de Cristo, cedeu lugar à agitada atividade de exorcizar demônios.

Liderando a onda de libertação estão homens como Bob Larson, convencidos de que os demônios podem aci­ onar, simultaneamente, centenas de alarmes de incêndios independentes, materializar do nada armas perigosas, danificar freios de carros, e causar terremotos que

atin-22

jam 5.0 na escala Richter. A incursão de Larson no cam­ po do exorcismo resultou em dramáticos encontros com um vasto sortimento de espíritos impuros, incluindo o que ele chama de “demônios sexuais” . Num de seus livros, Larson reconta a história de uma mulher a quem ajudou, que precisava de um aborto após ter sido “violentada por um demônio incubo”. Conta ele:“Nós lutamos contra esta fecundação demoníaca com orações, e ordenamos que o

23 fruto sobrenatural de Satanás fosse abortado” .

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Como Larson, o Dr. Neil Anderson acreditava em de­ mônios sexuais. De seu ponto de vista, a interação entre humanos e demônios sexuais é “uma experiência sufici­ entemente comum para ser incluída no primeiro de seus sete “passos para a liberdade”, como um possível pecado - - cometido no passado — a ser renunciado”. Anderson também está convencido de que o abuso de rituais satâni­ cos e situações de personalidade múltipla são problemas causados por uma ampla conspiração satânica. “ Há reprodutores lá fora”, afirma ele. “Temos encontrado mé­ dicos, advogados e pastores que são satanistas disfarçados

25

de ministros de justiça”. Anderson observa que tem “acon­ selhado vítimas do satanismo o suficiente para saber que há reprodutores (gerando filhos especialmente para sacri­ fícios, ou para transformá-los em líderes), e agentes com- prometidos a infiltrar-se e a romper o ministério cristão”.

Em seu best-seller T h e Bondage Breakcr, Anderson des­

creve como as forças das trevas o atacaram pessoalmente, objetivando expor as estratégias de Satanás: “Quando saí do chuveiro, encontrei diversos símbolos estranhos tra­ çados no espelho embaçado... Fui tomar o café da manhã sozinho, e quando estava me sentando na cozinha, senti

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A Armadura de Deus

de repente uma leve dor na mão, que me fez recuar. Olhei e vi em minha mão o que parecia duas pequenas marcas de mordidas.‘Este é o seu melhor projétil?’, indaguei aos poderes das trevas que me atacavam.‘Você acha que sím­ bolos no espelho e uma marquinha vão impedir-me de

27 entregar a mensagem na capela, hoje? Saia daqui!’”

Ele adverte que “os satanistas reúnem-se entre meia- noite e três horas da madrugada, e parte de seu ritual é convocar e enviar demônios. Três horas é o primeiro m omento para atividades demoníacas, e se você acordar neste momento, pode ser que tenha sido atacado. Já fui

2rt

atingido por demônios inúmeras vezes”. Anderson alerta ainda que crianças adotadas são especialmente vulnerá­ veis à possessão demoníaca, que os monstros que as cri­ anças vêem à noite em seus quartos são demônios que devem ser repreendidos em nome de Jesus, e que os

. 31

espíritos malignos podem atacá-las com objetos. Anderson e Larson,sem dúvida, discordam sobre vá­ rios aspectos da guerra espiritual, mas partilham a cren­ ça de que os cristãos são os alvos p rin c ip ais da demonizaçâo. Segundo Anderson, 85% da comunidade cristã evangélica acha-se apanhada em algum nível de

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servidão satânica. E Larson vai mais longe ao sustentar que os crentes não se ocupam de tentar “expulsar o

de-!t 33

mônio de alguém que não seja cristão”.

Este ponto de vista não é, de maneira alguma, único. Durante os últimos trinta anos, formou-se uma verda­ deira controvérsia no cristianismo quanto à noção dc que os cristãos podem ficar endemoninhados, e de que a cura

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é a libertação. A maioria confessa que duvidava, mas experiências pastorais forçaram -nos a repensar seus paradigmas intelectuais. Don Basham, autor do difundi­ do D elirer U s From E vil, é um exemplo clássico.

Logo após mergulhar no ministério da libertação, Basham foi impactado pela compreensão de que todos os seus exorcismos envolviam crentes nascidos de novo, que haviam sido batizados no Espírito Santo. Informado de que a sua experiência estava em conflito com a Bíblia e a teolo­ gia pcntecostal, Basham procurou conselho com um antigo professor de filosofia de Cambridge, chamado Dcrck Prince,

35 que se tornara um experiente ministro da libertação.

Prince destacou que 95% das pessoas que haviam ex­ perimentado libertação genuína eram crentes sinceros e que ele havia sido pessoalmente exorcizado do demônio

32

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A Armadura de Deus

da ira. Com o explicou Prince, “fora como se alguma opressão, algum peso, houvesse sido tirado de dentro do meu peito e passado por minha boca. Senti,

distintanien-30

te, alguma coisa saindo” . Prince admitiu que não havia evidência bíblica direta quanto ao fato de um cristão so­ frer possessão demoníaca. A seu ver, contudo, a evidência empírica era esmagadora. Deste modo, a sua mudança de opinião foi influenciada pela experiência subjetiva, e não

37 pela evidência bíblica.

E esta é precisamente a questão. Experiências subjeti­ vas são notoriamente falíveis. Assina sendo, devem sempre 3X ser testadas à luz das verdades objetivas das Escrituras. Nas páginas a seguir, demonstrarei que a chave da vitória na guerra espiritual não se encontra na libertação, mas no discipulado. Conquanto devemos dar ao Diabo o que lhe é devido, ousamos não superestimar o seu poder e o seu território. Espíritos sexuais, demônios que mordem, e fór­ mulas da moda para a libertação não passam de tantasias passageiras da cultura popular e da superstição pagã.

De qualquer modo, a cobertura descrita na Bíblia como a armadura completa de Deus é uma barreira im­ penetrável contra a qual os dardos inflamados do

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no são impotentes. Quando estamos vestidos com a ar­ madura, somos invencíveis. Porém, quando não estamos, somos fantoches no esquema malévolo do Diabo.

Meu desejo de escrever A A rm a d ura E spiritual nasceu

de meu livro anterior, .4 Oração de Jesu s. No último pedi­

do desta oração modelo, Jesus ensinou os discípulos a orar:“E não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal” (Mt 6.13). Quando você o faz, deve ser imediatamente lembrado: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do dia­ bo ” (Ef 6.11). Isto, é claro, significa que você não apenas está intimamente familiarizado com cada peça da arma­ dura descrita por Paulo em Efésios 6, mas que entende o que cada peça representa.

Quando terminei de escrever A Oração de Jesu s, disse

à minha esposa, Kathy, que se não o tivesse escrito para ninguém, mas para mim mesmo, teria sido igualmente válido o esforço. Esse livro revolucionou absolutamente a minha vida de oração. Meu único pesar é que o espaço não me permitiu expor toda a armadura de Deus. Por­ tanto, estou vibrando pela oportunidade de fazê-lo ago­ ra, neste livro.

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Um

O D ia b o L e v o u -m e a F a zê -lo

... fortalecei-vos rw Senhor e na forço do sen poder.

Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo. (E f 6.10,11)

F oi um m om ento que ja m a is esquecerei. A in d a posso lem ­ brar e x a ta m en te de onde m e encontrava e o que estava f a z e n ­ do, quando ouvi, pela prim eira v e z , o Dr. C lin to n A rn o ld contar a história. E le debatia com E llío t M íller, editor-chefe do C h ristia n Research Jo u rn a l, sobre o tem a "O C ristão e a Influência D em o n ía ca ”. T erm inando as apresentações de aber­ tura, A r n o ld contou a história de E d m u n d F abian, tradutor da Bíblia W ycliffe, que fora brutalm ente assassinado em Papua N o va G u in é.

Prolongando-se, Arnold expôs sua convicção de que “há um grande perigo, e às vezes perigo de m orte”, em achar que um cristão não pode ser possuído por um de­ mônio. Ele prosseguiu observando que o assassinato de Edmund Fabian instigou 'Wycliffe a “repensar seu ponto de vista sobre a relação entre crentes e possessão” .

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Segundo A n w ld , E d m tin d Fabian cometeu o engano fatal de supor que R i n , seu consultor cristão de tradução, não pudesse ser possuído por um demônio. Em bora R iu declarasse que uma v o z poderosa em sua m ente insistia em dizer-lhe para pegar um m achado e golpear a cabeça de E d m ttn d , este recom endou-lhe: “D e ix e de se preocupar achando que possa ser um espírito m a ­ ligno — demônios não podem possuir cristãos“. Pouco depois, R in acabou rendendo-se ao comando do demônio, apanhou uma m achadinha c brutalm ente assassinou E d m u n d Fabian.

Embora eu houvesse, ao longo dos anos, ouvido ou lido centenas de histórias sobre os chamados “cristãos endemoninhados’’, a história da morte de Edmund Fabian prendeu-me como nenhuma outra.Talvez porque Arnold seja o líder cristão mais digno de confiança sobre a ques­ tão de que os crentes podem cair sob possessão demoní­ aca. Ou foi, talvez, a importância das palavras: “há um grande perigo, e às vezes, perigo de m orte”.

Se já houve um exemplo de idéias tendo conseqiiên- cias, este foi um! Edmund praticamente assinou o seu próprio atestado de óbito por, teimosamente, recusar acre­ ditar que cristãos possam ser possuídos por demônios. Pior ainda, a imagem ensangüentada da morte de Edmund

(22)

O

Diabo Levou-me a Fazê-lo

forçou-me a considerar a possibilidade de que eu posso ser culpado por acalmar os cristãos com um falso senso de segurança. Se o assassinato de Edrnund levou uma or­ ganização mundial como a Wycliffe a repensar sua posi­ ção sobre a possessão demoníaca de crentes, talvez eu também devesse reconsiderar as minhas crenças.

DeVo l t a à Bíb l ia

A morte de Edrnund Fabian levou-me a experimen­ tar um genuíno paradoxo psicológico. Por um lado, eu estava certo de que as Escrituras excluem a possibilidade de cristãos caírem sob possessão demoníaca. Por outro, eu não tinha dúvidas de que o relato de Arnold sobre a morte de Edrnund nas mãos de um cristão possesso fora cuidadosamente investigado, c era digno de crédito. Fi­ nalmente, houve aquela tensão emocional que me levou a um exame mais aprofundando das Escrituras, além de rever o relato do episódio.

À medida que eu mergulhava na Bíblia, era conforta­ do ao descobrir que o próprio Cristo exclui a possibili­ dade de um cristão ser possuído por demônios. Usando a

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ilustração de uma casa, Jesus indaga: “Ou como pode al­ guém entrar em casa do homem valente e furtar os seus bens, se primeiro não manietar o valente, saqueando, en­ tão, a sua casa?” (Mt 12.29) No caso de uma pessoa pos­ suída por demônios, o hom em forte é obviamente o D i­ abo. No crente habitado pelo Espírito, contudo, o ho­ mem forte é Deus. A força do argumento de Cristo leva inexoravelmente à conclusão de que, para os demônios possuírem um crente, eles teriam, primeiro, que atacar aquEle que o habita — isto é, o próprio Deus!

Jesus forneceu um argumento que leva à dedução, ao frisar:“E, quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso, e não o encon­ tra. Então, diz:Voltarei para a minha casa, donde saí. E, vol­ tando, acha-a desocupada, varrida e adornada. Então, vai e

leva consigo outros sete espíritos piores do que ele, e, en­ trando, habitam ali; e são os últimos atos desse homem pio­ res do que os primeiros” (Mt 12.43-45, ênfase do autor).A questão aqui é clara e precisa: se não estamos ocupados pelo Espírito Santo, sujeitamo-nos à possibilidade de ser habitados por demônios. Se, por outro lado, a nossa casa é habitação de Cristo, o Diabo não acha lugar em nós.

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O

Diabo Levou-me a Fazê-lo

Ademais, descobri no Evangelho de João um argu­ mento igualmente incontestável contra a possessão de cristãos. Os judeus estavam, mais uma vez, acusando Je­ sus de estar possuído por um demônio. Em vez de evitar­ as acusações, Ele rebateu seus acusadores usando a razão. A essência de seu argumento é:“Eu não tenho demônio; antes, honro a meu Pai” (Jo 8.49). Portanto, é impossível se enganar quanto à questão: ser possuído por demônios

J 2

e honrar a Deus são situações distintas!

Finalmente, enquanto eu fluía através das páginas das Escrituras, não surgiu um único exemplo de cristão

dos, contra a sua vontade, por possessão demoníaca. O prin­ cípio é perfeitamente seguro. Se você é um seguidor de Jesus Cristo, o próprio R ei habita em você (veja Jo 14.23; R m 8.9-17). E você pode descansar seguro de que “maior é o que está em vós do que o que está no mundo” (1 Jo 4.4).

O ensinamento

consistentedas O ensinamento consistentedas

endemoninhado. Em vez disso, o ensina­ mento consistente da Palavra de Deus é que os cristãos não podem ser

controla-Escritmascqueoscristãosnão podem sercontrolados, contraasua

vontade, porpossessão demoníaca.

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Pesquisar as Escrituras fez mais que satisfazer-me in­ telectualmente. Se Cristo afirmou que honrar a Deus e ser possuído por demônios são circunstancias distintas, e se a Bíblia não contém um único exemplo de um cris­ tão endem oninhado, o assunto ficou esclarecido em minha mente. Em meu coração, contudo, eu ainda luta­ va com o impacto emocional do bárbaro assassinato de Edmund Fabian.

Pode o Crente Ficar Endemoninhado?

tStçi . . ti A

D iz -s e que aqueles que persistem cm superestimar0poder e o campo de ação de Satanás têm dc recorrer ao uso da história da m ulher paralítica, relatada em Lucas 13, como “o caso claro de um crente que estivera endem oninhado".'

Seu argumento c apresentado tipicamente como sc segue: A

mulher que Jesus encontrou“tinha um espírito de enfermidade, havia j á dezoito anos". Ela estava na sinagoga, e fo i mencio­ nada como uma "filha de A bra ã o ”. Consequentemente, ela deve ter sido uma crente endemoninhada. X ã o obstante, isto acha-se longe da verdade. Para começar, esta narrativa de Lucas carece totalmente da feição comum dc um caso de exorcismo.

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O Diabo Levou-me a Fazê-lo

Jesus dirigiu-se à mulher, cm lugar de dirigir-se ao demônio; Satanás não falou através da m ulher aleijada, cia manteve-se silenciosa até que Jesus a curasse; e não apenas Lucas, mas os principais da sinagoga referiram-se ao acontecimento como uma cura, e não como um exorcismo.

E mesmo que consideremos isto um exorcismo, o fa to de Jesus encontrara m ulher na sinagoga não f a z dela uma cristã. Cristo encontrava todo tipo de pessoas na sinagoga, c que não eram crentes. N a verdade, Ele referiu-se aos rabinos que ensi­ navam a Lei na sinagoga como '‘hipócritas", "guias cegos", "raça de víboras ”, e "sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda im undícia’' (Alt 2 3 .1 3 ,1 6 ,2 7 ,3 3 ) . A lém do que, o fato de Jesus referir-se a ela corno "filha de Abraão" não fa z dela, necessariamente, um a cristã possessa. O Senhor referiu-se a Zaqueu como "filho de A braão", apesar de, clara­ mente, ele não ser um crente naquele momento ( l x 19 .9 ). N a realidade, a frase "filha de A braão” não implica nada mais que descendência física. Conforme as Escrituras explicitamente ensinam, nem todos que são descendentes de Abraão têm a fé que ele possuía (R m 9 .7 ,8 ; A lt 3 .9 ).

(27)

A H i s t ó r i a da Gr a ç a

Fiquei fascinado ao assistir ao vídeo intitulado A tra

-4

vês de tudo aquilo com Jesus, no qual Grace Fabian conta

a história do assassinato de seu marido. Uma coisa im­ pressionou-me mais que tudo. Os Fabians podiam ser qualquer coisa, menos cristãos dados ao sensacionalis- m o.Ao contrário, eram, sem dúvida, firmem ente enrai­ zados nas Escrituras.

Esta impressão foi ainda mais reforçada, quando tive o privilégio de falar pessoalmente com Grace. Em vez de estar fixada no poder de Satanás para possuir os cren­ tes, ela focava o poder de Deus para sustentar-nos em meio ao sofrimento. Longe de superestimar o poder e o domínio de nosso adversário, ela reconhecia que Deus é soberano sobre todas as coisas, inclusive as tentações do Diabo. Através do sofrimento, Grace veio a conhecer, de modo mais pleno, que nada pode acontecer-nos sem pri­ meiro passar pelo filtro do amor de Deus.

De um modo humilde, porém sentencioso, Grace enfatiza que Satanás nunca teve o controle — nem mesmo no dia do brutal assassinato de seu marido. Nem por um momento a idéia de que um cristão possesso pudesse lhes fazer algum

(28)

O Diabo Levou-me a Fazê-lo

mal lhe ocorrera. A mera noção era estranha para Grace. Sua resposta ao relato de Arnold sobre a morte do marido fora enfatica:“Não, não!”, exclamara ela.“Simplesmente, não é verdade! Eu não sei de onde veio essa história. Odeio quando alguém escreve isso, e nunca chequei suas fontes”.

Além disso, Grace deixou claro que, uma vez que Arnold não tinha um conhecimento direto do assassino de Edmund, não possuía bases sobre as quais determinar se ele era endemoninhado. De modo inverso, Grace, que tivera com ele contato direto, declarou: “Não acredito que o homem que matou meu marido estivesse possesso. Ele é um esquizofrênico”. De fato, afirmou Grace:“Quan- do ele foi transferido da cadeia para uma clínica psiquiá­ trica, tornou-se calmo, normal e capaz de ter pensamen­ tos sobre o Salvador”. Ela fez uma pausa por um m o­ mento, e acrescentou: “Eu sei que quando ele estava sob vigilância psiquiátrica, nós líamos para ele as Escrituras, c ele parecia estar experimentando a graça de Deus, ao menos naquele momento, senão antes”.

Finalmente, de modo inflexível, Grace negou a idéia de que o assassinato de Edmund levara Wycliffe a “re­ pensar seu ponto de vista sobre a relação entre crentes e

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possessão” . Em suas palavras: “A nossa organização não mudou qualquer orientação, que eu saiba, relacionando a morte de meu marido aos demônios. Nem mesmo te­ mos uma política sobre demonização”. O presidente da Wycliffe nos Estados Unidos, Roy Petcrson, confirmou que Grace está certa, como ele mesmo assumiu: “A nossa organização não empreendeu qualquer forma de revisão sobre a ligação entre crentes e possessão demoníaca. Se este fosse o caso, Grace teria, certamcnte, sido informada a respeito. Usar a história de Grace de um modo com que ela não esteja familiarizada é errado”.

Su p e r e s t i m a n d o o n o s s o Ad v e r s á r i o

Ao longo dos anos tenho lido uma grande variedade de histórias sustentando a idéia de que os cristãos podem ser possuídos por demônios. No final, todas elas têm algo em comum: superestimam grandemente o poder e o do­ mínio de Satanás. Alguns ministros da libertação fazem uma tentativa mais valente que outros, a fim de prover bases bíblicas para a argumentação de que Satanás pode possuir crentes. Inevitavelmente, contudo, suas experiên­

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O

Diabo Levou-me a Fazê-lo

cias c histórias obscurecem sua exegese das Escrituras. Em T h e Botidage Breaker, o Dr. Neil Anderson usa, em

excesso, setenta e cinco histórias (algumas chocantes) para demonstrar que 85% dos crentes são apanhados em al­ gum nível de escravidão satânica. De igual modo, em 3 Crucial Q uestions about S p iritu a l Harfare (Três Questões

Cruciais sobre Guerra espiritual), Arnold busca respon­ der a indagação “ Pode um cristão ser possuído por de­ mônios?” , começando com três histórias extraordinári­ as. Além disso, numa versão ligeiramente mais dramática do assassinato de Edmund, ele emprega a história notici­ ada de uma mulher que fora subjugada c violentada por um demônio, e a história registrada de um homem, cujo casamento foi maravilhosamente salvo por Cristo, mas a quem o demônio da raiva ainda leva ao descontrole toda vez que discute com a esposa.

O que estas histórias têm em comum é que elas supe­ restimam enormemente o poder e a autoridade de Sata­ nás. Demônios sexuais são o recorrentes na mitologia me-

<)

dieval, e homens temperamentais precisam enxergar a realidade de que a desculpa “o Diabo levou-me a fazê- lo” é pouco mais que um conveniente pretexto para pe­

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car. Conquanto tornou-se moda honrar o Diabo com cada tentação que enfrentamos, devemos estar sempre cientes de que a guerra espiritual envolve tanto o mundo quanto a carne. Como Paulo deixou claro em sua Epís­ tola aos Efésios, somos às vezes derrotados em nossa guerra espiritual porque seguimos “ o curso deste m undo” e os “desejos da nossa carne” (Ef 2.2,3).

Sugerir que um cristão pode ser controlado, contra a sua vontade, a ponto de assassinar um outro crente, é um exemplo quinta-essencial de superestimação de nosso adversário. Igualmente, a idéia de que um demônio pode morder, escrever num espelho embaçado de banheiro, ou violentar sexualmente um ser humano, tem mais em co­ mum com a mitologia grega que com a visão cristã. In­ ventar “demônios da luxúria”, “demônios das drogas”, ou “demônios da ira” é, na melhor das hipóteses, um exemplo de ênfases mal colocadas, e na pior, uma ilustra­ ção de como a desculpa “o Diabo levou-me a fazê-lo” tornou-se a teologia prevalescente de uma subeultura cristã, que busca desesperadamente bodes expiatórios.

Em patente contraste, a teologia cristã opõe-se à pos­ sibilidade de um cristão ser, contra a sua vontade,

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O

Diabo Levou-me a Fazê-lo

ído e controlado por demônios. Portanto, quando Jesus ensinou os discípulos a orar:“E não nos induzas à tenta­ ção, mas livra-nos do mal” , salientou a tentação, e não a possessão, como o meio pelo qual o Diabo nos atrai. En­ quanto a libertação devota crédito ao Diabo por motiva­ ções assassinas, sensações sexuais e ira desenfreada, o Se­ nhor Jesus deixa claro que “ os maus pensamentos, m or­ tes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias” procedem do coração (Mt 15.19). As palavras do M estre ecoam pelos corredores do tem po com acuidade profética: “O homem bom, do bom tesouro do seu coração, tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro do seu coração, tira o mal, porque da abundância do seu coração fala a boca” (Lc 6.45).

Assim sendo, antes de tratar da armadura que é a nossa proteção na guerra invisível, o apóstolo Paulo pri­ meiro adverte os crentes quanto à superestimação do poder de Satanás, em supor que ele possa possuir e con- imlar-nos contra a nossa vontade. Uma perspectiva apro­ priada sobre a guerra espiritual é locada sobre o poder de Deus, e não sobre as manobras de Satanás. “No de­ mais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força

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do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do

diabo” (Ef 6.10,11). Embora o nosso “ad­ v e rs á rio anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pe 5.8), ele é, acima de tudo, um leão numa correia, cujo com prim ento é determ inado pelo Senhor.

^ x Uma perspectiva apropriada sobre a guerra espiritual c focada sobre o poder de Deus, e não sobre as

manobras de Satanás.

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Dois

&rJ v ,* A Batalha pela M e n te P o r q u e n ã o t e m o s q u e l u t a r c e n tr o c a r n e e s a n g u e , m a s , s i m , c o n t r a o s p r i n c i p a d o s , c o n t r a a s p o t e s t a d e s , c o n t r a o s p r í n c i p e s d a s tr e n a s d e s t e s é c u lo , c o n tr a a s h o s t e s e s p i r i t u a i s d a m a l d a d e , n o s lu g a r e s c e le s tia is . P o r t a n t o , t o m a i t o d a a a r m a d u r a d e D e u s , p a r a q u e p o s s a i s r e s i s t i r n o d i a m a u e , h a v e n d o f e i t o t u d o , fi c a r fi r m e s . (Ef 6.12,13)

Uma das coisas que mais aprecio na vida é passar o dia com meus filhos. Desde o m om ento em que saí­ mos pela porta da frente, até a hora de irem para a cama, eles desafiam-me em todas as coisas, de tiro ao alvo a jogo de xadrez. Geralm ente caio no sono com as palavras “Só mais uma brincadeira!” soando em meus ouvidos.

D urante anos, eu tive a supremacia. Entretanto, à medida que meus filhos cresciam, a balança começou a p ender para o o utro lado. M eus m eninos, agora, freqiientem ente me vencem no basquete, e as meninas ganham no xadrez mais vezes do que eu gostaria de admitir. Mas um jogo sobre o qual ainda conservo o m onopólio é o golfe. De fato, prom eti aos meus filhos

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que se eles me superarem no golfe, depositarei cem dólares em sua poupança.

Numa tarde, o inevitável aconteceu. John Mark, que ti­ nha apenas nove anos na ocasião, desafiou-me a uma com­ petição e... ganhou. A bola de Johnny mal alcançara o bura­ co, e ele olhou para mim com um sorriso travesso, dizendo:

— Hora de pagar, papai! Eu fui esperto, e arrisquei: — Que tal o dobro ou nada?

— Nem pensar! — Johnny respondeu categórico. — E se eu lhe der duas tacadas de vantagem? — Não!

— Deixe-me dizer o que farei: vou lhe dar três taca­ das de vantagem. É pegar ou largar.

Aos poucos, Johnny começou a vacilar: — Não sei — evadiu-se ele, nervosamente.

— Vamos lá, John Mark, duzentos dólares. Estou lhe dando três tacadas. Como você poderá perder com uma vantagem de três tacadas?

Pude ver que Johnny estava começando a cair no laço. — Sim ou não? — pressionei, acrescentando um sen­ so de urgência à minha oferta.

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A Batalha pela Mente

Relutantemente Johnny cedeu. Dez minutos mais tar­ de, ele estava olhando para mim com lágrimas nos olhos, e queixando-se.

— Isto não foi justo.

— Não foi justo? O que você quer dizer com “não foi ju sto ”? Não forcei você a aceitar o dobro ou nada, forcei? Foi escolha sua, não foi?

— Sim, papai ■— lamentou ele. — Mas o senhor... o senhor foi como uma tentação, um diabinho sentado no meu ombro!

res. A tentação está sempre á porta. Está tão próxima quanto um clique do m ouse do seu computador, e tão

atraente quanto dinheiro fácil.Todavia, não importa quão sedutora seja a tentação, somos responsáveis pelas esco­ lhas que fazemos. Posso ter feito “a jogada” parecer boa demais para deixar passar, mas em última análise, a es­ colha foi de Johnny.

tentação, somos responsáveis pelas escolhas que fazemos.

Jo h n M ark ainda não tinha dez anos, mas aprendeu uma li­ ção de vida bem mais valiosa que cem

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Hoje, o engraçado “diabinho tentador sentado no meu om bro”, de John Mark é algo trivial. Em qualquer opor­ tunidade, nós o citamos como exemplo. Mas há um lado sério: o Diabo é real, c ele nos tenta em miríades de ma­

neiras. Enquanto superestimamos o poder de Satanás, su­ pondo que ele possa controlar-nos contra a nossa vonta­ de, algo igualmente errado seria subestimar a sua astúcia. Por isso, antes de falar da armadura que nos protege das artimanhas do Diabo, Paulo enfatiza, primeiro, o fato de que “não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espi­ rituais da maldade, nos lugares celestiais” (Ef 6.12). O combate espiritual é travado contra seres invisíveis que personificam as extremidades do mal. E as suas armas são espirituais, não físicas. Eles não nos podem morder fisi­ camente, violentar-nos sexualmente, ou fazer-nos levi­ tar, mas podem tentar-nos a trapacear, roubar e mentir.

Além do mais, é crucial notar que, embora o Diabo não possa interagir diretamente conosco, de modo físico, pode ter acesso a nossas mentes. Ele não pode ler a nossa mente, mas pode influenciar os nossos pensamentos. Por­

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A Batalha pela Mente

tanto, o gracejo de Johnny, “o diabinho da tentação sen­ tado em meu om bro”, não estava muito longe da verda- de. De fato, se abrirmos a porta a Satanás, por falhar em vestir a completa armadura de Deus, ele fará algo como sentar-se em nosso ombro e cochichar em nosso ouvido. O cochicho não pode ser discernido com os ouvidos fí­ sicos; pode, no entanto, penetrar “ o ouvido” da mente.

Não podemos explicar como esta comunicação acon­ tece mais do que podemos explicar as sinapses físicas de nosso cérebro. Mas que tais comunicações de mente para mente ocorrem é indiscutível. Não fosse assim, o Diabo e le e M /c w evn 7-jÒu 3 ' , .

nao poderia ter tentado Judas para trair seu Mestre, sedu­ zido Ananias e Safira para enganar Pedro, ou incitado Davi a fazer o censo. Nem o apóstolo Paulo teria de nos ins­ truir a vestir “toda a armadura de Deus, para que [possa­ mos] resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar fir­ mes” (Ef 6.13). Em última análise, toda a Escritura infor-■í-Ç./ámEói-i, re/o CncfaCiXQ enáfCnV.Aide-s J ^ rna-nos que a guerra espiritual 'e a batalha pela mente.

Finalmente, Paulo deseja que entendamos que, embora os anjos caídos não sejam seres físicos, são tão reais quanto a carne sobre os nossos ossos. Eles são seres malévolos, e a imensidão de seu intelecto excede a de qualquer pessoa

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que já viveu. Assim sendo, “não devemos esperar que um homem, sem o auxílio do alto, seja páreo para um anjo, especialmente um anjo cujo intelecto tenha sido afiado pela malícia”. Do jardim do Éden à presente geração, Satanás e suas hostes infernais têm aprimorado a arte da tentação.

Para deleite do Diabo, frequentemente o retratamos numa figura grotesca — vestido em uma roupa vermelha e com uma calda comprida — ou como uma caricatura cultural, que desenha “símbolos estranhos” sobre espelhos de banheiros, avisa um líder cristão com “duas pequenas marcas de mordidas” , ou “violenta sexualmente” uma mulher. Longe de ser tolo ou estúpido, Satanás aparece como um anjo cosmopolita de iluminação. Nas palavras de C. S. Lewis, “O maior mal não é feito naqueles sórdidos ‘covis de crimes’ que Dickens adorava descrever em seus livros. Nem é feito em campos de concentração e de tra­ balho forçado. Nesses, vemos o seu resultado final. Mas é concebido e dirigido (movido, assistido, cuidado e cronometrado) em belos escritórios acarpetados, aqueci­ dos e bem iluminados, por homens tranqüilos, de colari­ nho branco, unhas cortadas e rostos bem barbeados, que

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não precisam erguer a voz”. Em vez de animalescos, os

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A Batalha pela Mente

demônios são brilhantes. Conforme observa Randy Alcorn, “eles operam dentro de uma hierarquia dependente de emissão, recebimento e execução de ordens. Eles travam guerras contra Deus, os santos anjos e nós. Reunião de inteligência, estratégia, organização de tropas, comunica­ ção das ordens de batalhas e relatórios sobre os resultados do combato são aspectos fundamentais da guerra... Eles vivem num mundo espiritual, onde há certa clareza de pensamento, mesmo entre os anjos caídos... Sua maneira de agir é torcer, enganar e desencaminhar, mas são intima- mente familiarizados com a verdade que torcem”.

Enquanto os cristãos contemporâneos fixam-se em programas de sete passos, oferecidos por pessoas como Frank e Ida Mae Hammond (Pigs in the Parlot), eles têm

tudo, mas se esquecem dos sete passos para a liberdade, apresentados nas Escrituras pelo apóstolo Paulo. Satanás sabe muito bem que, sem a armadura espiritual descrita por Paulo em Efésios 6, somos peões no jogo do Diabo. Não admira, então, que desde os dias dos puritanos, pouquíssima coisa que valha a pena tenha sido escrita sobre a armadura de Deus.

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A A r m a d u r a da Verdade

E s t a i , p o i s , f i r m e s , t e n d o c i n g id o s o s v o s s o s l o m b o s c o m a v e r d a d e .

(Ef 6.14)

Imagine voltar no tempo, retornar ao final dos anos 60. Enquanto você está sentado na igreja, num domingo de manhã, seu pastor anuncia que na próxima semana a igreja terá uma conferência especial com um antigo satanista, que foi miraculosamente transformado pelo poder do evangelho.

Você mal pode acreditar em seus ouvidos. Isto é preci­ samente o que você vinha esperando. Durante meses, você vem tentando convencer um vizinho, que se envolveu com o ocultismo, de que isso é algo muito perigoso. Não obstan­ te, seus esforços não tiveram êxito. Assim, você apressa-se em visitá-lo e o convida a ir à igreja. Apesar de seu vizinho tê-lo rotulado de “fundamentalista ingênuo”, ele não é capaz de dizer o mesmo sobre um ex-satanista genuíno.

O final de semana chega rápido, e você está sentado com o seu vizinho no banco da igreja. John Todd é

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A Armadura de Deus

sentado com um antigo satanista, um mensageiro do con­ selho satânico Illuminati. Agora, ele é um irmão em Cristo, livre das algemas do poder maligno.

Todd abre sua mensagem com uma bomba. Segundo ele, poucas pessoas têm uma idéia de quão poderoso e penetrante é o satanismo. Filmes como O Exorcista e O Bebê de R osem ary são apenas a ponta do iceberg verdadei­

ramente insidioso. O perigo real, segundo ele acredita, encontra-se num cartel cuidadosamente enredado, abran­ gendo policiais, políticos e até mesmo pastores, que se acham secretamente comprometidos com subterfúgios para levar adiante sua agenda — uma agenda que tem introduzido o satanismo nos gabinetes do poder, bem como nos santuários religiosos.Todd deve saber, pois como um mensageiro do Illuminati, ele fez, pessoalmente, o pagamento de dezenas de pessoas proeminentes, inclusi­ ve líderes cristãos. Nenhuma organização — incluindo a igreja — é imune a infiltrações.

No mesmo instante, as imagens começam a passar em sua mente em rápida sucessão. Você se pergunta se Todd poderia estar se referindo a um evangelista que você viu implorando por dinheiro na televisão, exatamente on­

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tem à noite. Ou seria o bispo m órm on que dirige o con­ selho ecumênico de sua comunidade?

Três palavras, contudo, mandam-no de volta à reali- dade:“Pastor Chuck Smith”. Numa descrença atordoante, você ouve Todd insinuar que Chuck Smith, o fundador do movimento Chapei Calvary, é um satanista secreto. Ele foi estrategicamente colocado por Satanás para sedu­ zir os jovens, aprisionando suas mentes com canções

^ •*•<003 ia I d / a u f c!

de melodias seculares e letras enganosamente molensi- vas, que mascaram as mensagens satânicas subliminares.

Você não consegue acreditar — e provavelmente não irá acreditar — que um dos catalisadores para o movi­ mento de Jesus é, na realidade, um peão nas mãos do Inimigo. Como que antecipando os seus pensamentos, Todd recorda ao seu auditório que Satanás raramente usa candidatos óbvios para as suas fraudes mortais, pois sabe que estes não serão acreditados. Em vez disso, afirma Todd, ele usa aqueles conhecidos por sua piedade e honestida­ de. Além de tudo,Todd sabe dessas coisas de fonte origi­ nal. Ele esteve lá. Como um mensageiro do Illuminati, ele entregou pessoalmente oito milhões de dólares a Chuck Smith, dando-lhe instruções para que fundasse a

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A

Armadura dh

D eu s

Maranatha Music e a usasse para corromper as mentes de convertidos de boa fé.

Entretanto, você acha isto difícil de engolir. Como pode alguém que proclama tão efusivamente o nome de Cristo vir a trair o seu Senhor? Todd parece ter uma res­ posta pronta para cada indagação. Judas traiu o Senhor por apenas trinta moedas de prata. Por que alguém acha­ ria não ser natural que Chuck Smith traísse a Cristo por oito milhões de dólares?

Nervosamente, você dá uma olhadela de soslaio ao seu vizinho. Para sua surpresa, ele não parece nem um pouquinho cético. Seus olhos estão fixos emTodd.É como se ele eTodd fossem as únicas pessoas no santuário. Quan­ do Todd faz o apelo, seu amigo apressa-se em direção ao púlpito e, sem hesitar, entrega o coração ao Senhor. Qual­ quer dúvida que você ainda abrigasse evapora-se instan­ taneamente. Todd deve estar certo ;— olhe só os frutos!

Saltemos juntos, do final dos anos 70 ao presente. John Todd não prega mais.Ele perdeu a sua popularidade numa queda do púlpito para a prisão — um criminoso conde­ nado, um impostor descoberto. E o seu vizinho? Triste­ mente, a sua fé teve pouca duração. Na última vez que

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vocês se encontraram, ele esfregou-lhe no nariz um jo r­ nal com a notícia da condenação de Todd. “Por que eu deveria seguir o seu Cristo?” , vociferou ele. “Vocês cris­ tãos são todos iguais. Se a verdade estivesse realmente do seu lado, vocês não teriam de forjar histórias para levar as

I” 1 pessoas a crer!

T o r c e d o r e s d a Ve r d a d e

Assim como John Todd, o antigo astro cristão, Mike Warnke, apresentou-se como “um sumo sacerdote ex- satanista, que guiara mais de 1.500 membros da ‘Irman­ dade’, no sul da Califórnia” . Como alguém íntimo do Illum inati, principal na administração do satanismo, Warnke pretensiosamente “revela toda a terrível — e as- sustadora — verdade” sobre o satanismo. Seu livro T he Satan Seller pretende contar a história de como “um ca­

louro da faculdade, distinto e freqüentador da igreja, foi atraído para o álcool, as drogas e as orgias sexuais” , e as obrigatórias “Missas Negras” do satanismo. A “Irmanda­ de” o satisfazia com tudo, desde “cortinas suntuosas” a

4

“dois pintinhos num tapete branco” . E a sua “missa ne­ 49

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A Armadura de Deus

gra” era repleta de sacrifícios de animais e altares “ador­ nados com nus artísticos” .

E n q u an to prosseguia, a narrativa carregada de

1’oyeurism o jorrava daquela imaginação um pouco mais

que fértil. Num mundo de fantasia, Warnke obteve po­ der, sexo e dinheiro, como servo de Satanás; no mundo real, ele conquistou o mundo, a carne e o Diabo, sob a aparência de um servo do Senhor.

À semelhança de T he Satan Seller, o best-seller S ta n ’s Underground, de Laurent Stratford, tornou-se“uma das prin­

cipais fontes de promoção, perpetuação e validação do abu­ so de ritual satânico (SRA), ‘sobrevivente adulto’ e ‘me­ mórias recalcadas’, histeria que atingiu o auge no início dos anos 90”. Todavia, detalhes e documentação revelam que Lauren Stratford é, na realidade,“Laurel Rose Willson, uma mulher perturbada do Estado de Washington, que passou a maior parte de sua adolescência e vida adulta in­ ventando historias horrendas de vitimação, por uma

vari-<j edade de pessoas, em uma variedade de cenários”.

Depois que seus contos pornográficos de abuso de ritual satânico foram expostos como invenções, Laurel Willson simplesmente reinventou a si própria como Laura

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Grabowski, uma sobrevivente judia do Holocausto. “An­ tes, ela apontava para as cicatrizes de sua automutilação como sendo obra de seus pais abusivos, dos pornógrafos ou dos satanistas; agora, ela aponta para as cicatrizes nos braços e sussurra:‘Filhos de M engele’, como sendo obra do Dr. Mengele e de suas experiências médicas”. Aqueles que descreem de sua história são apelidados de peões numa vasta conspiração satânica.

Desafortunadamente, estas histórias não são anomali­ as. Sob a aparência de verdade, os cristãos transmitiram a lenda da conversão de Darwin no leito de morte; boi­ cotaram a Proctor & Gamble, porque seu presidente su­ postamente confessara a ligação de sua companhia com o

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satanismo; defenderam a historicidade dos Evangelhos através de falsificações famosas, como a carta de Pilatos; discutiram a inspiração das Escrituras sobre as bases de

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códigos bíblicos enterrados; divulgaram o conto de James Bartley, que foi supostamente engolido por uma baleia, para sustentar a história bíblica de Jonas; difun­ diram a história de cientistas descobrindo o inferno na Sibéria, para respaldar o ensinamento bíblico a respeito

Ui

do torm ento eterno; perpetuaram a lenda urbana de

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A Armadura de Deus

que a NASA descobriu o “Dia Perdido” de Josué e empregaram um jornalismo piegas para fazer circular uma

. 1 8 infinita variedade de histórias de ressurreição.

À semelhança das crônicas de Os Guinness em T im e fo r Truth, tais histórias criativas são epidemia também na

cultura mais aberta. Ela vai desde “as notícias da NBC sobre a explosão dos caminhões da General Motors, que mais tarde descobriu-se ser um embuste”, à “história fabricada do rapto de Norma McCorvey (AKA Jane Roe), encorajada pelos líderes pró-aborto, que foi tão útil na decisão da Suprema Corte americana, em 1973, R oe v.

I V

IV a d e’. Estas táticas de torcer a verdade são inevitavel­

mente justificadas pela “Verdade Maior” que o produtor de filmes Oliver Stone usou, ao defender o fato em um de seus filmes:“Mesmo se eu estiver totalmente errado... ainda estou certo... Estou essencialmente certo porque

. , 20

estou descrevendo o Mal com ‘M ’ maiusculo”.

O q u e E a Ve r d a d e?

Numa era em que as “fabricações” da Internet “viajam meio caminho à volta do mundo, antes que a verdade te­

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nha uma chance de pôr os pingos nos ‘is’”, as palavras de Paulo soam através dos séculos com urgência dobrada: “Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade” (Ef 6.14). Uma vez que os seus lombos estão no centro do seu corpo, a verdade é fundamental para a ar­ madura de Deus. Sem ela, a armadura que o protege do mal simplesmente cairia, deixando-o nu e vulnerável.

Mas o que é a verdade? Foi justamente esta a pergunta que Pôncio Pilatos fez a Jesus (veja Jo 18.38). Ironicamen­ te, ele esteve face a face com a verdade, e não a percebeu. A geração pós-moderna está na mesma posição. Olha para a verdade, mas falha em reconhecer a sua identidade.

A verdade, como as outras peças da armadura, é na re-22 alidade um aspecto da natureza do próprio Deus. Por­ tanto, cingir-se com o cinturão da verdade é cingir-se de Cristo, pois Cristo é a “verdade” (Jo 14.6), e os cristãos são os portadores da verdade. Conforme explicado por Os Guinncss, o cristianismo não é a verdade porque funciona (pragmatismo); não é a verdade porque sente que está cer­ to (subjetivismo); não é a verdade porque é a “minha ver­ dade” (relativismo). Ele é a verdade porque acha-se anco­ rado na pessoa de Cristo. “A fé cristã não é a verdade por­

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A Armadura de Deus

que funciona; ela funciona porque é a verdade. Ela não é a verdade porque a experimentamos; nós a experimentamos — profunda e gloriosamente — porque ela é a verdade. Não é simplesmente a ‘verdade para nós’; é a verdade para qualquer um que a busca, pois a verdade é verdade mesmo se ninguém acredita nela, e a falsidade é falsidade mesmo se todos nela acreditam. É por isso que a verdade não se rende à opinião, moda, números, posto ou sinceridade — ela é simplesmente a verdade, e ponto final” .

Além disso, a verdade é essencial a uma visão de mundo realística. No momento em que tiramos o cinto da

ver-Tv. _ , , , dade, a nossa visão da

A verdade e

Q p realidade torna-se

seria-J j essencial a uma

mente distorcida. As

te-visão de mundo realística. . , .

onas de conspiração de Todd, os contos voyeurísticos de Warnke e as memórias

reprimidas de abuso de ritual satânico, de Stratford, en­ volvem sofisma, sensacionalismo e superstição, assim como os demônios sexuais de Larson, os demônios mordedores de Anderson, e os demônios da morte, de Arnold.

Sem dúvida, Satanás está tão contente com ministros que insinuam que os demônios “são literalmente

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los de humanidade de homem para hom em ”, como está satisfeito com aqueles cuja demonologia é movida por estereótipos de Hollywood. No livro Lord Voulgrín’s Letters,

de Randy Alcorn, Lord Foulgrin informa a seu substitu­ to demoníaco que “podemos beneficiar-nos de qualquer visão de nós, menos da verdadeira.Tente cuidadosamente descobrir a sua demonologia, e desenvolva-a da maneira mais vantajosa. Certifique-se de que a sua visão de nós provenha do ceticismo, da negação, ignorância, supersti­ ção, lenda, literatura, espiritismo, cultura popular, ou qual­ quer combinação disso. Deixe-a vir de qualquer e de toda

25 coisa, menos do livro proibido”.

Finalmente, tirar o cinto da verdade é expor-se ao pe­ rigo. Se você pensa que foi exorcizado do “demônio da bulimia”, você achará que descobriu uma solução fast-Jood

para.um problema de lopga data. Se você acredita que foi liberto do demonio do câncer, voce achara que não mais áa o a r j o da jOvetn L x ó t c o ( Mc-fU-v) «rjAe<y>e

precisa de intervenções médicas. E sé voce supõe que

liber-9*J t o a i s vúffa SS el

tou alguém do “demônio de homicídio”, achará que a pes­ soa deixou de ser uma ameaça a si mesma ou à sociedade. Pense novamente, por um instante, no assassinato de Edmund Fabian. Conforme documentado por Grace, o

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A Armadura de Deus

assassino de seu marido era um esquizofrênico comum. Quando estava sob medicação, era calmo e lúcido; quan­ do não, as vozes em sua cabeça retornavam.

Imagine o que teria acontecido se alguém supusesse que o assassino de Edmund fosse alguém possuído por Satanás, em vez de um psicótico. Imagine que o remédio escolhido fosse a libertação, em vez de medicaçcão. Supo­ nhamos que após o exorcismo, o assassino não mais fosse considerado uma ameaça à sociedade. Afinal, ele fora li­ berto do demônio que o levara a fazer aquilo.

Imagine, além disso, que a justiça discordasse dos exorcistas cristãos, e diagnosticasse o assassino de Edmund com psicose esquizofrênica, em vez de possessão satânica. Imagine que ele fosse posto sob medicação, c mandado de volta à sociedade. Agora imagine o inimaginável. Imagine o assassino de Edmund parando de tomar seus remédios, as vozes retornando e, novamente, ele com sangue nas mãos.

Agora pare de imaginar! O assassino de Edm und foi de fato trazido de volta à aldeia. Ele parou de con­ trolar com remédios os seus acessos psicóticos. As vo­ zes voltaram à sua cabeça, e ele tirou outra vida. Desta

, . 2,1 vez, a sua própria.

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De fato, o cinturão da verdade é essencial a uma vi­ são de mundo realística. Quando a sua fivela se quebra, a armadura cai. A realidade c nublada. O inimaginável acontece.

(54)

Qu a t r o

A A r m a d u r a da Justiça

E sta i,p o is,firm e s... vestida a couraça da justiça. (Ef 6.14)

A pergunta deveria ter sido: “Pode a Igreja Católica ajudar a salvar a sociedade?” Em vez disso, em grandes letras sobrepostas à imagem de um padre envergonhado, a indagação era: “Pode a Igreja Católica salvar a si mes­ ma?” A revista T im e de 1 de abril de 2002 noticiava uma

epidemia de abusos sexuais e o encobrimento da verda­ de, que abalaram, até ao núcleo, a Igreja Católica R om a­ na. Pior ainda, as práticas sexuais dos sacerdotes predató­ rios lançaram uma sombra funesta sobre o próprio cristi­ anismo. Seu comportamento despedaçou vidas, destruiu a confiança e marginalizou a credibilidade da igreja.

Poucos se interessam em saber por que Paulo insiste para estarmos “firmes... vestida a couraça da justiça” (Ef 6.14). A verdade sem a justiça é repugnante. Não importa quão correta seja a nossa visão de mundo, ou resplendente a nossa ortodoxia; se ela não for ligada à justiça,

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mos a autoridade moral para falar. Nas palavras do escri­ tor puritano William Gurnall, “Um julgamento ortodo­ xo vindo de um coração profano e de uma vida ímpia é tão repulsivo quanto seria uma cabeça humana sobre os ombros de uma besta. O miserável que conhece a verda­ de, mas pratica o mal, é pior que o ignorante”.

Era inconcebível a um soldado romano enfrentar um inimigo sem estar usando uma couraça. De igual modo, é

tem erário lutarmos com o . , _1. ,

um colete à prova de balas, é um protetor físico para o coração, assim a couraça da justiça é para ele um protetor espiritual.Sem ela,.somos impotentes na guerra invisível.

A justiça é o âmago do cristianismo resumido numa única palavra. As forças das trevas estão determinadas a frustrá-la. A “estrela brilhante da manhã” (Ap 22.16) veio para cumpri-la.Justiça é o assunto da Carta aos Romanos. Na verdade, esta carta bem poderia ser chamada de “cou­ raça da justiça” ,“porque [no evangelho] se descobre a

jus-inimigo de nossas almas sem a couraça da justiça firme­ mente em seu lugar. E)a mes­ ma forma que a couraça, ou

a A justiça é o âmago do cristianismo resumido

numa única palavra.

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A Armadura da Justiça

tiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fe” (Rm 1.17).“Mas, agora, se manifestou, sem a lei, a justiça de Deus, tendo o testemunho da Lei e dos Profetas” (3.21).“ Isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que creem” (3.22).

^Antes de tudo, a couraça da justiça protege contra a justiça própria. As Escrituras comparam a justiça própria a “trapos de imundície” (Is 64.6). Todo artificio religioso baseado em justiça própria tenta tornar-se suficientemente bom diante de Deus. Romanos, contudo, refuta os remé­ dios religiosos, ensinando que “Deus imputa a justiça sem

as obras” (Rm 4.6, ênfase do autor). O que Martinho Lutero descreveu como “o portão do céu” acha-se resumido nas palavras: “O justo viverá da fé” (cf. R m 1.17; 3.28).

Paulo começa a Epístola aos Romanos retratando a brecha entre Deus c o hom em :“Porque todos pecaram, e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23). E pros­ segue declarando que o abismo entre o nosso pecado e a justiça de Deus não pode ser resolvido pela observância da lei.“Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, sem as obras da lei” (Rm 3.28). O apóstolo finaliza demonstrando que a fé possuída por Abraão foi-lhe “im­

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putada como justiça” (Rm 4.9). E acrescenta: “Não só por causa dele está escrito que lhe fosse tomado em con­ ta, mas também por nós, a quem será tomado em conta, os que cremos naquele que dos mortos ressuscitou a Je­ sus, nosso Senhor” (Rm 4.23,24).

Ademais, vestimos a justiça como uma couraça, tor­ nando-nos escravos da justiça. Paulo assevera: “Mas gra­ ças a Deus que, tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues. E, libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça. Falo como homem, pela fraqueza da vossa carne; pois que, as­ sim como apresentastes os vossos membros para servirem à imundícia e à maldade para a maldade, assim apresentai agora os vossos membros para servirem à justiça para a santificação” (Rm 6.17-19).

Aqueles que desejam imitar o Tiger Woods não se tornam o famoso jogador de golfe simplesmente usando a mesma marca de tacos.Tampouco vencem o Grand Slam de golfe por meramente dizer o slogan da Nike, “J u s t do it” (Apenas faça). Em vez disto, eles tornam-se Tiger Woods

através da disciplina física e mental. Da mesma forma, aqueles que desejam imitar a Jesus Cristo não se tornam

Referências

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