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PRODUÇÃO DE HIPOTERMIA LOCALIZADA NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL POR MEIO DE PERFUSÃO DOS VENTRÍCULOS CEREBRAIS DO CÃO

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Academic year: 2021

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PRODUÇÃO DE HIPOTERMIA LOCALIZADA NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL POR MEIO DE PERFUSÃO DOS VENTRÍCULOS

CEREBRAIS DO CÃO

ANTONIO CARLOS ZANINI *

REGINA OEHLING * JOÃO TEIXEIRA-PINTO ** LAONE RAMOS *** ARMANDO OCTÁVIO RAMOS ***

Devido ao interesse em estudar os efeitos do frio sobre a excitabilidade do sistema nervoso central, procurou-se estabelecer um método para a pro-dução de hipotermia localizada no encéfalo e a verificação das alterações fisiológicas que disto possam advir. Ademais, sabe-se que a diminuição da temperatura produzida por circulação extracorpórea acarreta sensível re-dução do volume cerebral, fenômeno esse a que se atribui importância na terapêutica da hipertensão intracraniana.

A redução da temperatura, restrita ao sistema nervoso central, foi des-crita por Golovin1, que realizou a perfusão dos 3.° e 4.° ventrículos

cere-brais do cão, com solução de Ringer a 7°C. Klykov 2 realizou a perfusão da

cisterna magna de cães, obtendo o resfriamento seletivo dos centros bul-hares.

M A T E R I A L E MÉTODO

D e z c ã e s t r a q u e o t o m i z a d o s o u i n t u b a d o s , a n e s t e s i a d o s c o m p e n t o b a r b i t a l sódico ( 3 m g / k g , v i a i n t r a v e n o s a ) f o r a m preparados p a r a o r e g i s t r o da respiração e da p r e s s ã o a r t e r i a l f e m o r a l . A r e s p i r a ç ã o artificial foi praticada, sempre que n e c e s -sário, por m e i o d e a p a r e l h o AGA. A p ó s f i x a ç ã o da c a b e ç a do a n i m a l , r e a l i z o u - s e a t r e p a n a ç ã o bilateral, p a r a m e d i a n a , a f i m de permitir a c o l o c a ç ã o , de u m lado, de u m a c â n u l a de p o l i e t i l e n o no v e n t r í c u l o l a t e r a l e, de outro, do e l e t r o d o c o m c e r c a de 3 c m de c o m p r i m e n t o , para o r e g i s t r o da t e m p e r a t u r a e n c e f á l i c a . A p u n ç ã o da c i s t e r n a m a g n a foi r e a l i z a d a c o m a g u l h a de p u n ç ã o s u b o c c i p i t a l . A t e m -p e r a t u r a r e t a l foi r e g i s t r a d a -por m e i o a-pro-priado.

A perfusão foi e f e t u a d a c o m liqüido d e Tyrode, c o m v e l o c i d a d e v a r i á v e l de 20 a 220 g o t a s / m i n . I n i c i o u - s e a p e r f u s ã o c o m Tyrode à t e m p e r a t u r a de 39°C, sob T r a b a l h o d o D e p a r t a m e n t o d e F a r m a c o l o g i a ( P r o f . C h a r l e s E . C o r b e t t ) e d a C l í n i c a N e u r o l ó g i c a ( P r o f . A d h e r b a l T o l o s a ) d a F a c u l d a d e d e M e d i c i n a d a U n i v e r -s i d a d e d e S ã o P a u l o , a p r e -s e n t a d o n o D e p a r t a m e n t o d e N e u r o l o g i a d a A -s -s o c i a ç ã o P a u l i s t a d e M e d i c i n a e m 5 d e z e m b r o 1 9 6 1 : * M o n i t o r e s d o D e p a r t a m e n t o d e F a r -m a c o l o g i a ; ** A s s i s t e n t e e x t r a n u -m e r á r i o d a C l í n i c a N e u r o l ó g i c a ; *** A s s i s t e n t e s d o D e p a r t a m e n t o d e F a r m a c o l o g i a .

Nota dos autores: A g r a d e c e m o s a o s S r s . C a r l o s E d u a r d o P . C o r b e t t e P e d r o C a r l o s B i s s e t t i p e l a a s s i t ê n c i a t é c n i c a .

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p r e s s ã o de 150 m m de á g u a . Cada a n i m a l foi, a seguir, s u b m e t i d o a u m a ou m a i s perfusões a 0°C, c o m a d u r a ç ã o a t é de 40 m i n u t o s .

R E S U L T A D O S

A) Modificações da temperatura retal: A temperatura decresceu pro-gressivamente no decorrer de todas as experiências até 35 ou 36°C. Seme-lhante queda de temperatura foi verificada também em animais simples-mente anestesiados, não submetidos à perfusão dos ventrículos cerebrais.

B) Modificações da temperatura no sistema nervoso central: A tem-peratura cerebral não sofreu alterações durante a perfusão com Tyrode a 39°C. Quando se utilizou liqüido perfusor a 0°C, houve diminuição progres-siva da temperatura cerebral até valores mínimos de 21°C.

Em alguns animais, na vigência de perfusão fria e depois de estabele-cida a hipotermia, verificou-se elevação da temperatura encefálica com tendência a valores normais.

A reinstalação da perfusão a 39°C, nos animais que apresentavam hipo-termia do sistema nervoso central, resultou em rápida volta da temperatura aos valores iniciais.

A tabela 1 mostra as variações de temperatura sofridas pelos animais submetidos à perfusão fria.

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C — Modificações da respiração: A perfusão dos ventrículos cerebrais com Tyrode a 0°C causou acentuada depressão ou parada da respiração es-pontânea, de forma a exigir a prática da respiração artificial. O reaqueci-mento do sistema nervoso central, por meio de perfusão a 39°C, geralmente propiciou pronto reaparecimento dos movimentos respiratórios espontâneos

(fig. 1). Um único animou apresentou recuperação da respiração espontâ-nea durante a perfusão fria.

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D) Modificações cardiovasculares: A perfusão fria dos ventrículos ce-rebrais influenciou irregularmente a pressão arterial dos animais a ela sub-metidos. Em alguns, não ocorreu modificação apreciável da tensão san-güínea, enquanto em outros verificou-se hipo ou hipertensão.

Em 3 animais, acompanhando a hipotensão, manifestou-se bradicardia, que desapareceu após a injeção venosa de 1 mg/kg de sulfato de atropina. Em outros 2 assinalou-se parada cardíaca (com duração de cerca de 5 a 6 minutos). Nestes animais, o coração recuperou seus batimentos nor-mais, após a administração intracardíaca de 50 y de adrenalina.

DISCUSSÃO

As experiências realizadas mostram a possibilidade de se obter hipo-termia localizada no sistema nervoso central. Os animais suportaram va-riações amplas de temperatura cerebral, enquanto a temperatura retal não foi acentuadamente afetada.

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A função fisiológica mais atingida pela instalação da hipotermia no sistema nervoso central foi a respiração, que foi abolida em todas as expe-riências, exigindo a aplicação de respiração artificial.

De fato, o centro respiratório parece ser bastante sensível à queda de temperatura, pois sua atividade já se mostra deprimida desde os primeiros instantes de perfusão fria e a parada completa da respiração se verificou quando a temperatura cerebral se encontrava o redor de 30°C. A esse pro-pósito, é conveniente assinalar que a respiração artificial só foi praticada após depressão muito acentuada ou parada completa da respiração, perma-necendo os animais de experiência, desde o início da perfusão fria até a instalação da respiração artificial, em condição de anoxia, que, a nosso ver, pode ser de importância na gênese de certas ocorrências verificadas no decorrer dos experimentos, tais como a hipertensão arterial e a parada car-díaca.

Fato digno de nota é a tendência de elevação da temperatura cere-bral, mesmo na vigência de perfusão fria. Tal observação sugere que o organismo põe em jogo mecanismos compensadores. É provável que, em tais condições, ocorra vasodilatação em áreas cerebrais, a fim de que se processem mais rapidamente as trocas calóricas entre o sangue e o liqüido de perfusão.

Os resultados que obtivemos mostram uma diferente sensibilidade dos centros nervosos à exposição ao frio. Enquanto o centro respiratório é logo deprimido, os centros vegetativos parassimpáticos parecem ser pri-meiramente estimulados, pois as hipotensões e bradicardias que foram cons-tatadas foram abolidas pela atropina, indicando dessa forma que esses fe-nômenos provavelmente se devem a estimulação dos centros vagais.

RESUMO

A perfusão com Tyrode a 39°C não ocasionou modificações apreciáveis das temperaturas cerebral e retal. Da mesma forma, não se observaram alterações pronunciadas da respiração e da pressão arterial.

As seguintes alterações foram verificadas com a perfusão a 0°C: a) A temperatura cerebral baixou gradativamente até o nível mínimo de 21°C. b) A temperatura retal não foi influenciada pela perfusão fria. As even-tuais diminuições observadas, podem ser atribuídas à anestesia, pois ocor-reram em cães utilizados para contrôle e, por outro lado, o aquecimento do animal preveniu a referida queda de temperatura, c) Depressão e/ou parada respiratória foram fenômenos observados de maneira constante em tôdas as perfusões. A depressão respiratória ocorreu mesmo com tempe-r a t u tempe-r a cetempe-rebtempe-ral ao tempe-redotempe-r de 30°C. Reiniciadas as petempe-rfusões a 39°C, houve pronta recuperação respiratória, d) Bradicardia, suscetível de ser inibida pela atropina, foi verificada em 3 animais, acompanhando-se de são arterial. Entretanto, as respostas tensionais foram variáveis: hipoten-são ou hipertenhipoten-são, e) Elevação da temperatura cerebral (com tendência

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a valôres normais), durante a perfusão fria, foi observada em alguns ani-mais. Conquanto não se possa, ainda, explicar convenientemente o fato, talvez decorra de vasodilatação secundária, f) E m 2 animais ocorreu pa-rada cardíaca, passível de tratamento pela adrenalina.

SUMMARY

Localized hypothermia of the brain produced by perfusion through the cerebral ventricles of the dog.

Dogs were anesthetized with sodium pentobarbitone (30 mg/kg, intra-venously). After tracheotomy, the record of the arterial blood pressure was performed, in the femoral artery. The lateral branch of the tracheal cannula was attached to a Marey apparatus. A cannula was planted in the lateral ventricle and other in the cisterna magna. A electrode was also planted in the brain to record the encephalic temperature. Also, the rectal temperature was recorded. The perfusion was performed with Tyrode so-lution at 0°C or 39°C. The perfusion at 39°C did not change the brain or rectal temperature.

The following modifications were verified with perfusion at O0C : a)

T h e cerebral temperature decreased until 21°C. No changes were observed in the rectal temperature, b) Respiratory arrest, reversible when the brain was warmed with perfusion at 39°C. c) Vagal stimulation, with fall of blood pressure and bradycardia, which was abolished by atropine.

R E F E R Ê N C I A S 1. G O L O V I N , A. P . — C h a n g e s in r e s p i r a t i o n a n d b l o o d p r e s s u r e p r o d u c e d by p e r f u s i o n of a cold fluid t h r o u g h t h e c e r e b r a l v e n t r i c l e s . In T h e P r o b l e m of A c u t e H y p o t h e r m i a . P e r g a m o n , L o n d r e s , 1960, p p . 5 3 - 6 1 . 2. K L Y K O V , N . V. — C h a n g e s i n r e s p i r a t i o n a n d a r t e r i a l blood p r e s s u r e p r o d u c e d b y t h e d i r e c t e f f e c t of l o w t e m p e r a t u r e in t h e b u l b a r c e n t r e s . In T h e P r o b l e m of A c u t e H y p o t h e r m i a . P e r -g a m o n , L o n d r e s , 1960, p p . 62-68.

Departamento de Farmacologia — Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo — Av. Dr. Arnaldo — São Paulo, Brasil.

Referências

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