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Controle de qualidade da casca de sangra d água comercializadas no mercado municipal Antônio Valente, Campo Grande-MS

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Controle de qualidade da casca de sangra d’água comercializadas no

mercado municipal Antônio Valente, Campo Grande-MS

Sthefany Caroline Bezerra da Cruz-Silva1 (PQ/PG–sthefany.bcruz@gmail.com), Karen Silva Santos2 (PQ-karensantos02@hotmail.com), Rosemary Matias3 (PQ-rosematiasc@gmail.com ), Marcus Vinicius Cabral Miranda4 (IC-marcus.miranda@uniderp.edu.br), Thairis Severiano Silva4 (IC-thairis.silva@uniderp.edu.br), Adriana Oliveira de Sousa5 (IC - dricabela.77@uniderp.edu.br)

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Doutoranda em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional da Universidade Anhanguera-UNIDERP; 2Enfermeira do Grupo de Pesquisa em Produtos Naturais da Universidade Anhanguera-UNIDERP; 3Docente Pesquisadora do Programa de Pós-graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional da Universidade Anhanguera-UNIDERP;

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Graduando(a) de Farmácia da Universidade Anhanguera-UNIDERP; 5PIBIC-CNPq do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Anhanguera – Uniderp, Rua Alexandre Herculano, 1400 - Bairro Jardim Veraneio - CEP 79037-280, Campo Grande – MS.

RESUMO

O principal local de comercialização de plantas medicinais em Campo Grande é o Mercadão Municipal de Campo Grande (Mercado Antônio Valente), Mato Grosso do Sul, e entre as espécies botânicas encontradas nas bancas estão as cascas da Croton urucurana. O objetivo desta pesquisa foi verificar se estas atendem a legislação vigente, RDC nº14 de 31 de março de 2010, determinando as características físicas e químicas das cascas. As cascas de C. urucurana foram encontradas em apenas três bancas de raizeiros do Mercadão Municipal de Campo Grande. Foram obtidas três amostras de cada banca e codificadas como A1; A2 e A3 e avaliadas quanto: peso, análise das impurezas e análise fitoquímica. As análises de massa demonstram que não há um padrão das cascas comercializadas no Mercadão. Na avaliação de sujidade 100% das amostras apresentaram algum tipo de material estranho. Os resultados da análise fitoquímica clássica indicaram a presença de compostos fenólicos, flavonoides, taninos, glicosídeos cardiotônicos, saponinas, antraquinonas, esteroides e triterpenos. Os resultados indicam que o comercio de plantas medicinais em Campo Grande - MS apresentam variações quanto à quantidade do produto nas embalagens, a forma de armazenamento, na maioria das vezes, é inadequada, presença de materiais não identificados e a variação em seus componentes fitoquímicos.

Palavras-chave: Plantas medicinais, Croton urucurana, fitoquímica.

INTRODUÇÃO

Em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, a população local utiliza de plantas comercializadas por “raizeiros” no Mercadão Municipal Antonio Valente de Campo Grande–MS e entre as plantas de uso popular na região está a Croton urucurana Baillon, uma Euphorbiaceae, conhecida como sangra d'água e sangue de dragão, é uma árvore do cerrado brasileiro e tem um grande potencial medicinal (LIMA et al., 2008).

Embora as cascas de Croton urucurana faça parte da medicina popular local e em outros Estados brasileiros, esta espécie não faz parte das plantas citadas na RDC

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(ANVISA, 2010), que dispõe sobre o registro de medicamentos, e visa segurança e qualidade dos produtos.

Considerando que não há evidências científicas sobre a segurança e eficácia da utilização da C. urucurana, e, ainda, como a qualidade das espécies vegetais sofre influência de diversos fatores extrínsecos e intrínsecos, exigindo a obediência às condições ideais de cultura, colheita, secagem, estabilização, manufatura, conservação e armazenamento, o propósito deste trabalho foi avaliar e determinar a qualidade das cascas de C. urucurana comercializadas no Mercadão Municipal Antonio Valente de Campo Grande, conforme a legislação.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizadas amostras de cascas Croton urucurana Baillon comercializadas por três raizeiros, escolhidos aleatoriamente, no Mercado Municipal Antonio Valente (Mercadão Municipal), Campo Grande-MS. Para cada banca foram obtidas 3 amostras: Banca 1 (B1.1, B1.2, B1.3), Banca 2 (B2.1, B2.2, B2.3) e Banca 3 (B3.1, B3.2, B3.3), as quais foram registradas em planilhas, com o nome da banca, dia de coleta e peso de cada amostra.

A análise das impurezas seguiu os procedimentos descritos na FARMACOPÉIA (FARMACOPÉIA, 2010). Para as análises fitoquímicas 20g de cada amostra, trituradas, tamisadas e extraídas com etanol em banho de ultrassom por 60 minutos, macerado por 4 horas, e filtrados em balão volumétrico de 100 mL (VALENTE et al., 2006). A análise fitoquímica foi baseada em metodologia descrita por Matos (2009) e foram executadas em três repetições e os resultados, comparados e contrastados observando a alteração de cor e de precipitação com os extratos originais (COSTA, 2002).

Para quantificação de flavonoides totais foi utilizado 100 mg de cada amostra e como padrão a quercetina (QE = 0,5 mg mL-1) para construir a curva de calibração (y= 0,0465 . x + 0,0213 R²= 0,9993). As análises foram realizadas por espectrofotometria no comprimento de onda de 420 nm. O delineamento experimental dos flavonoides totais foi realizado com três repetições para cada concentração e o cálculo das médias foi acompanhado do desvio padrão (PEIXOTO SOBRINHO et al., 2008).

Foram realizadas analise de: pH (pH DM-20, Digimed), condutividade elétrica (CE DM3, Digimed) e concentração de sólidos solúveis, determinada utilizando um refractômetro digital (RTD-45, Refractometer), com resultados expressos em ºBrix corrigidos para 20 °C.

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A determinação de Cinzas totais e perda por dessecação seguiu metodologia descrito na Farmacopéia Brasileira 5° edição (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 2010). Os dados de massa, sujidade e pH foram calculados média e desvio padrão e os resultados foram comparados com a literatura consultada e com a ANVISA (2010).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Das amostras das cascas de Croton urucurana adquiridas no Mercadão Municipal de Campo Grande-MS, todas estavam acondicionadas em sacos plásticos, etiquetados. Os resultados da massa total e da porcentagem de sujidades estão apresentados na Tabela 1 e demonstram que o produto comercializado pelas bancas não são uniformes em massa e sujidade. Apenas as amostras da banca 2 apresentaram valor de sujidades acima do que recomenda a Farmacopéia Brasileira 5° ed. (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 2010) que admite no máximo 2% de sujidades.

Tabela 1. - Resultados da massa total das cascas de C. urucurana e da massa da análise de

sujidades comercializadas no Mercadão Municipal de Campo Grande-MS.

Banca 1 Massa total

(g) Sujidades (g) Massa da sujeira (g) Porcentagem de sujidades (%) 1.1 66,6160 (x) sim ( ) não 0,6699 1,0 1.2 66,5370 (x) sim ( ) não 0,3682 0,5 1.3 70,2061 (x) sim ( ) não 1,5571 2,2 67,7863 ± 2,09 0,8650 ± 0,61 1,2 ± 0,63

Banca 2 Massa total /

(g) Sujidades (g) Massa da sujeira (g) Porcentagem de sujidades (%) 2.1 71,1617 ( x ) sim ( ) não 3,1357 4,4 2.2 72,6088 ( x) sim ( ) não 2,9639 4,1 2.3 81,8429 ( x ) sim ( ) não 5,0015 6,1 75,2044 ± 5,7 3,7003 ± 1,1 4,9 ± 0,8

Banca 3 Massa total/

(g) Sujidades (g) Massa da sujeira (g) Porcentagem de sujidades (%) 3.1 89,0951 ( x ) sim ( ) não 1,3766 1,5 3.2 77,5851 ( x ) sim ( ) não 0,6546 0,8 3.3 65,8657 ( x ) sim ( ) não 1,1207 1,7 77,5153 ± 11,6 1,0506 ± 0,36 1,3 ± 0,3

Na abordagem fitoquímica todas as amostras apresentaram as mesmas classes de metabólitos secundários: compostos fenólicos, taninos, flavonoides, antocianinas, saponinas, esteroides, triterpenos e glicosídeos cardiotônicos.

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Em nosso estudo apenas as amostras B2 foram positivo para antraquinonas. A utilização terapêutica da maioria das plantas medicinais que contem antraquinona é devido à sua atividade laxativa, essa indicação consiste na associação de vários extratos vegetais (SIMÕES, 2004). Os teores de flavonoides foram superiores nas amostras das bancas B1 e B2 em relação às amostras da banca B3.

O pH ficou ente 5,89 e 6,32, valores estes considerados levemente ácidos. Segundo Ardisson et al. (2002) o pH de extratos vegetais esta relacionado com o solvente extrator, extratos com maiores concentrações de água conduzem a extratos mais enriquecidos em polifenois e taninos, que têm características ácidas. Neste trabalho o solvente extrator foi o etanol que extrai substâncias apolares e polares e com menor concentração os polifenois e taninos o que justiça um pH mais elevado (BORELLA; CARVALHO, 2011).

A condutividade elétrica ficou entre 208,3 e 296,1 μS cm-1, esses resultados sugerem que nas cascas de C. urucurana possuem substâncias com potencial de dissociação como os ácidos fenólicos e triterpenos ácidos. Os sólidos solúveis ficaram entre 1,2 e 4,3 ºBrix e esses resultados indicam a presença de monossacarídeos e dissacarídeos.

Na determinação de umidade e cinzas não foi encontrado valores de referencia para esta espécie, uma vez que a mesma, como já apontado anteriormente não consta na lista da (RDC) nº 14 (ANVISA, 2010). Na determinação de perda por dessecação, umidade, os valores médios das amostras analisadas ficaram entre 7,6 e 9,7%, esta determinação representa a quantidade de substância volátil, de qualquer natureza, eliminada das amostras em estudo, principalmente a água. Esses teores de umidade podem ser considerados elevados, para as drogas vegetais citadas na FARMACOPÉIA Brasileira o limite máximo esta entre 8 a 14%, especificamente para o ginco (Ginkgo biloba L.) a FARMACOPÉIA Americana (2001) preconiza em 11% o percentual de água. A partir dos teores de cinzas pode-se estimar a presença de sais minerais ou possíveis impurezas e os valores encontrados para as amostras analisadas de 8,9 a 11,0% estão de acordo com a FARMACOPÉIA Brasileira 4 edição (FARMACOPÉIA BRASILEIRA , 2010) que é admitido no máximo 14% de cinzas totais.

Os resultados apresentados neste trabalho demonstra que o comercio de plantas medicinais em Campo Grande - MS apresentam variações quanto à quantidade do produto nas embalagens, a forma de armazenamento, na maioria das vezes, é inadequada, presença de materiais não identificados e a variação em seus componentes

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fitoquímicos. O uso de plantas medicinais sem comprovações de sua qualidade e efeitos desejados podem interferir na eficácia dos tratamentos convencionais.

AGRADECIMENTOS

A Universidade Anhanguera- Uniderp. .

REFERÊNCIAS

ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) N. 14, de 31 de março de 2010. Dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos. Diário Oficial da União, N. 63, 5 de abril de 2010.

ARDISSON L.; GODOY, J.S.; FERREIRA, L.A.M.; STEHMANN, J.R.; BRANDÃO, M.G.L. Preparação e caracterização de extratos glicólicos enriquecidos em taninos a partir das cascas de Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville (Barbatimão). Revista Brasileira

de Farmacognosia, v.12, p.27-34, 2002.

BORELLA, J.C.; CARVALHO, D.M.A. Avaliação comparativa da qualidade de extratos de Calendula officinalis L. (Asteraceae) comercializados em farmácias de manipulação em Ribeirão Preto - SP. Revista Brasileira de Farmácia, Rio de Janeiro, v. 92, n. 1, p. 13-18, 2011.

COSTA, A.F. Farmacognosia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2002. v. I, II e III.

FARMACOPÉIA AMERICANA, USP. 25. Toronto: The United States Pharmacopeial

Convention. 2001.

FARMACOPÉIA BRASILEIRA. 4.ed. Parte II. São Paulo: Atheneu, 2010.

LIMA, E.C.; PAIVA, R.; NOGUEIRA, R.C.; SOARES, F.P.; EMRICH, E. B.; SILVA, Á. A. N. Callus induction in leaf segments of Croton urucurana Baill. Ciência e Agrotecnologia, v.32, n.1, p.17-22, 2008.

MATOS, J.F.A. Introdução a Fitoquímica Experimental. 2 ed. Fortaleza: UFC. p.141, 2009.

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PEIXOTO SOBRINHO, T.J.S.; SILVA, C.H.T.P.; NASCIMENTO, J.E.; MONTEIRO, J.M.; ALBUQUERQUE, U.P.; AMORIM, E.L.C. Validação de metodologia espectrofotométrica para quantificação dos flavonoides de Bauhinia cheilantha (Bongard) Steudel. Revista

Brasileira de Ciências Farmacêuticas, n.44, p.683-689, 2008.

SIMÕES, C.M.O.; SCHENKEL, E.P.; GOSMAN. G; MELLO. J.C.P. DE; MENTZ, L.A.; SOUZA, M.A.A.; SOUZA, S.R.; VEIGA JR, V.F.; CORTEZ, J.K.P.C.; LEAL, R.S.; DANTAS, T.N.C.; MACIEL, M.A.M. Composição química do óleo fixo de Croton cajucara e determinação das suas propriedades fungicidas. Revista Brasileira de Farmacognosia, v.16, Supl., p.599-610, 2006.

VALENTE, A.S.M.; GARCIA, P.O.; SALIMENA, F.R.G. Zona da Mata Mineira: aspectos fitogeográficos e conservacionistas. In: Oliveira, A.P.L. de P.; (org.) Arqueologia e

patrimônio da Zona da Mata mineira: Juiz de Fora. Editar Editora Associada Ltda. Juiz

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de São Paulo. Professora associada III da Universidade Federal Fluminense, onde atua na pós graduação stricto sensu e na graduação em Psicologia. Endereço: