ECONOMIA
MÓDULO 1
Índice
Economia
1. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
A disciplina Economia de Mercado objetiva apresentar as relações econômicas que balizam as decisões dos agentes econômicos (pessoas, empresas, governo e não-residentes no país).
Os assuntos são tratados em cinco ítens fundamentais, além deste. No segundo, nossa preocupação é voltada à análise do que se denomina “problema econômico”, representado pelo confronto entre as necessidades dos agentes e a capacidade da economia de atendê-los, dada a escassez dos recursos de que dispomos, qualquer que seja o nível de riqueza da sociedade. Procuramos entender como a economia se organiza para resolver as suas questões básicas de produção, circulação e designação de quem terá direito aos diferentes bens e serviços.
No ítem três, procuramos compreender a sociedade de mercado em que vivemos, identificando, inclusive, aspectos históricos que apontem de que maneira novas orientações, como, por exemplo, as relacionadas com os lucros das operações e a concessão de maior liberdade às atividades comerciais e, posteriormente, industriais determinaram o crescimento econômico de várias nações.
O ítem quatro, complementado com uma visão histórica, contém as diferentes estruturas do mercado e dos modos de produção adotados pela sociedade e pelas forças produtivas para o atingimento de seus objetivos econômicos, isto é, para a solução do “problema econômico”.
No ítem cinco, abordamos o funcionamento básico dos mercados e da interação entre os agentes, através da conhecida “Lei da oferta e da procura”. É aí que tratamos de mostrar como o sistema se mantém em equilíbrio, direcionado não de forma central, mas pelos preços que assumem
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os vários bens e serviços. E mostra-se como o mercado, por sua livre atuação, atinge o grau de eficiência econômica.
O último ítem apresenta argumentos que contrapõem os modelos baseados em planejamento e controle centrais aos da liberdade dos mercados, mencionando que existem também vários problemas que não podem ou são insuficientemente resolvidos com a estrutura baseada no funcionamento dos livres mercados, notadamente quando a preocupação é a distribuição equitativa dos bens e serviços criados na economia.
Finalmente, incluímos uma lista das obras referenciadas ou consultadas, para a elaboração deste texto.
A disciplina Economia de Mercado é um importante suporte para o desenvolvimento das atividades do administrador, já que estamos inseridos num sistema econômico baseado na livre atuação dos mercados, que determina as diferentes políticas adotadas pelos governos.
O estudo da economia pode ser dividido basicamente em:
¾ microeconomia: estuda os aspectos e influências sobre a atuação das unidades econômicas individuais, como as pessoas (famílias), as empresas, o governo e mesmo os agentes não-residentes. Esse é o foco fundamental do presente texto;
¾ macroeconomia: tem a sua preocupação voltada para a mensuração dos agregados econômicos, tais como consumo, poupança, investimento e produto total gerados pela sociedade num determinado período de tempo;
¾ desenvolvimento econômico: objetiva a compreensão das razões que levam ao crescimento econômico sustentável e não apenas no curto prazo.
A economia é, acima de tudo, uma ciência social, e os seus assuntos estão presentes no dia a dia de todos nós, fartamente demonstrados na mídia e no próprio contato entre as pessoas e em presas.
Naturalmente, estamos sempre preocupados com os assuntos a ela relacionados, como, por exemplo:
• aumentos dos preços dos produtos;
• pouco crescimento das atividades econômicas;
• maior ou menor participação das entidades governa-mentais nessas atividades;
• dívidas contraídas pelo governo com os habitantes do próprio país ou do exterior;
• má distribuição dos frutos do crescimento econômico, entre os indivíduos e as organizações.
Economia
São variadas as correlações com outras disciplinas, dado que, afinal, estudam uma mesma realidade.
Conceitos econômicos originaram-se de estudos em física e biologia. Os primeiros pensadores econômicos foram, também, bastante influenciados pela filosofia, pela moral e pela justiça.
Aspectos religiosos também determinavam certas condutas dos indivíduos.
A matemática e a estatística auxiliam na constituição de modelos de trabalho para uma melhor análise dos fenômenos econômicos.
Economia e política são fortemente inter-relacionadas. Com a segunda, temos as instituições sobre as quais serão desenvolvidas as atividades econômicas. Mas decisões e fatos econômicos conduzem a mudanças na estrutura política das nações.
Podem ser constatados vários exemplos do inter-relacionamento com a política, lembrando, como fazem Vasconcellos e Garcia (2003, p. 11), a política do café com leite, antes de 1930, dividindo o poder federal entre São Paulo e Minas Gerais. Enumeram, também, práticas e políticas visando combater latifúndios, oligopólios e monopólios e tentando aliviar o poder das grandes corporações, mesmo estatais.
Mencionamos como importante relação a que se dá com a história, dado que muitas ocorrências históricas podem ser mais bem compreendidas quando se levam em conta as questões econômicas, em cada uma das épocas estudadas.
E, claro, não pode ser olvidada a interação com o direito, considerando que a economia depende do estabelecimento de normas jurídicas, como, por exemplo, leis que combatam os entraves ao livre funcionamento dos mercados e que também permitam a resolução dos problemas e ineficiências deste último (as imperfeições de mercado).
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É, pois, bem significativo o efeito trazido pelas normas jurídicas sobre a atuação dos diferentes agentes econômicos.
Como indicam Vasconcellos e Garcia (2003, p. 25):
No texto constitucional de 1988 encontra-se que a competência para a execução da política monetária, de crédito, cambial e de comércio exterior é da União. Esta tem a competência para emitir moeda e para legislar sobre o sistema monetário e de medidas, títulos e garantias de metais; a respeito da política de crédito, câmbio, seguros e transferências de valores; e sobre o comércio exterior. Porém, cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, dispor sobre a moeda, seus limites de emissão e montante da dívida mobiliária federal, conforme estipula o art. 48 da Constituição Federal.
A economia é reconhecida como uma ciência jovem, surgida na segunda metade do século XVIII, com o reconhecimento mais ou menos geral de que a obra seminal de Adam Smith, publicada em 1776 (Uma investigação sobre a natureza e a causa da riqueza das nações) é a sua “certidão de nascimento”.
Anteriormente, mesmo na Antiguidade e na Idade Média, existiram preocupações econômicas, mas não de forma sistematizada e organizada, e fortemente determinadas por aspectos morais e religiosos.
Entre os mais imediatos precursores de Smith, destacaram-se os mercantilistas (a partir do século XVI), que incentivavam o crescimento do comércio e a acumulação de riquezas, sob a forma de ouro e prata, propugnando a não-intervenção do governo nos assuntos econômicos. É atribuído a esse movimento o estímulo às guerras entre as nações e o exacerbado desenvolvimento do espírito nacionalista.
Os fisiocratas, que, na verdade, representavam uma reação ao mercantilismo, acreditavam que o mundo era comandado por leis naturais e universais que contribuíam para a felicidade da humanidade. Para eles, a agricultura deveria ser privilegiada, dado que a terra era a fonte fundamental da riqueza, em relação a outras atividades, como o comércio e as finanças.
Smith (1723-1790) e outros economistas clássicos, como David Ricardo (1772-1 823), Thomaz Robert Malthus (1766-1834) e John Stuart Mills (1806-1873), apesar de divergirem em alguns aspectos, tinham como premissa
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básica a crença no livre funcionamento dos mercados, fundamentados na propriedade privada dos meios de produção.
A situação social extremamente difícil (subnutrição, jornada de trabalho de mais de quatorze horas por dia, utilização acentuada de mulheres e crianças nas manufaturas e fábricas, más condições de higiene) dos primeiros momentos (1770/1830) da Revolução Industrial conduziu ao surgimento de ideias socialistas, traduzidas pelos trabalhos de Karl Marx (com destaque para O capital, cujos primeiros volumes foram publicados no final do século XIX ) e Friedrich Engels.
Outras escolas surgiram, como a neoclássica, que procura se abstrair dos aspectos relacionados às diferentes classes sociais e concentrar sua atenção na formulação de leis e princípios que mostram, muitas vezes com o auxílio da matemática, como a economia chega, naturalmente, ao seu ponto de equilíbrio e que este é eficiente.
No século XX, com o término da Segunda Guerra Mundial, tivemos o predomínio do chamado consenso keynesiano, alicerçado nas ideias e teorias propugnadas por John Maynard Keynes e expressas na obra Teoria geral do emprego, da moeda e dos juros, publicada em 1936, que procura justificar a necessidade de maior participação do governo na economia, quando o mundo enfrentava aquela que, até hoje, é considerada a maior recessão econômica, surgida a partir do final dos anos 1920.
As ideias e proposições clássicas e neoclássicas não foram eficientes para explicar a grave recessão da época (afinal, para elas, a economia sempre se equilibrava em condições de pleno emprego voluntário), ficando essa tarefa para Keynes.
Os acontecimentos da década de 1970 (alta e generalizada inflação, crise do fornecimento de petróleo, etc.) fizeram com que as ideias liberais fossem fortemente retomadas, voltando a proposição de uma drástica diminuição da intervenção do Estado nas atividades econômicas.
Ao tempo em que estamos escrevendo este texto, admite-se que novo ciclo de mudanças e orientações básicas poderá ocorrer, como reflexo da
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crise financeira mundial, aguçada a partir do segundo semestre de 2008 e que muitos debitam à excessiva desregulamentação das atividades econômicas.
Para a complementação das informações e dos conceitos apresentados neste texto, sugerimos a consulta às obras constantes ao final, nas referências bibliográficas.
Acreditamos, também, que é de muita importância a leitura de jornais e revistas relacionadas com economia e negócios, tendo
em vista a apreensão da realidade dos agentes e dos fatores de natureza econômica, política e social que os influenciam.