Hiperprolactinemias
Armadilhas no Diagnóstico
Armadilhas no Diagnóstico
Caso clínico
• Mulher de 40 anos procura o Serviço de Diabetes e Endocrinologia do HUWC por amenorréia há 15 anos. • Refere que se queixava ao ginecologista do seu posto de
saúde sobre a amenorréia no início do diagnóstico, pois saúde sobre a amenorréia no início do diagnóstico, pois desejava engravidar (recém-casada).
• Paciente refere que ginecologista disse que não havia
problema em não menstruar e “pra quê você quer ter filhos”? • Ao exame físico em 2009, no SED: galactorréia presente.
Médico
Agenda
• Fisiologia • Causas de hiperprolactinemia • Quadro Clínico • Quadro Clínico • Diagnóstico • Tratamento • ArmadilhasAgenda
• Fisiologia • Causas de hiperprolactinemia • Quadro Clínico • Quadro Clínico • Diagnóstico • Tratamento • ArmadilhasWilliams Textbook of Endocrinology 2008
Causas de hiperprolactinemia
• Fisiológicas– Gravidez, estímulo mamário, exercício, stress, sono
• Farmacológicas • Patológicas
• Patológicas
– Prolactinomas ou lesões de haste hipofisária – Hipotireoidismo
– Insuficiência renal/hepática/adrenal – Lesões torácicas/neurológicas
– Pseudociese – Idiopático
Quadro clínico
• Mulheres: amenorréia e galactorréia
• Homens: diminuição da libido
Diagnóstico
• História • Exame Físico • Dosagem de prolactina • Dosagem de prolactina • Função tireoideana • ImagemDiagnóstico
• História • Exame Físico • Dosagem de prolactina • Dosagem de prolactina • Função tireoideana • ImagemIndicações e “pseudo-indicações” da
dosagem de prolactina
• Alterações menstruais • Infertilidade • Galactorréia • Galactorréia • Disfunção erétil • Diminuição da libido • “Check-up” (???)Caso clínico
• Mulher de 25 anos • Assintomática
• Referida por Prolactina = 50 ng/mL em “exame de rotina” • Referida por Prolactina = 50 ng/mL em “exame de rotina” • Usou cabergolina durante 6 meses com diminuição da PRL • PRL voltou a subir após suspensão da medicação
Formas de prolactina
• Prolactina monomérica (23 kD) • Big prolactin (45 kD): dímero
• Big big prolactin/macroprolactina (150-170 kD): PRL + IgG
80-90%
• Big big prolactin/macroprolactina (150-170 kD): PRL + IgG
– Alto peso molecular – Bioindisponibilidade – Diminuição do clearence
Macroprolactina é comum?
n % Bjoro 1995 605 26 Vieira et al 1998 1279 36 Olukoga 1999 188 15 Olukoga 1999 188 15 Leslie 2001 1225 26 Gibney 2005 2089 22 Vilar 2007 115 16Bjoro et al. Scand J Clin Lab Invest. 55:139 –147. 1995 Vieira et al. Clin Chem. 44:1758 –1759. 1998
Olukoga et al. Clin Endocrinol. 51:119 –126. 1999
Leslie et al. J Clin Endocrinol Metab 86: 2743–2746, 2001 Gibney et al. J Clin Endocrinol Metab 2005;90:3927-32. Vilar et al. Arq Bras Endocrinol Metab 51: 86-91. 2007
Investigando macroprolactina
nesse caso
PRL 50 ng/mL Precipitação com PEG PRL 10 ng/mL (<30-40%) (sobrenadante) Macroprolactina presenteOpções para o caso
• Opção 1: Tratamento crônico desnecessário com cabergolina • Opção 2: RM eventualmente mostrando incidentaloma
• Opção 3: Pesquisa de macroprolactina e tranquilização do • Opção 3: Pesquisa de macroprolactina e tranquilização do
Opções para o caso
• Opção 1: Tratamento crônico desnecessário com cabergolina • Opção 2: RM eventualmente mostrando incidentaloma
• Opção 3: Pesquisa de macroprolactina e tranquilização do • Opção 3: Pesquisa de macroprolactina e tranquilização do
Diagnóstico
• História • Exame Físico • Dosagem de prolactina • Dosagem de prolactina • Função tireoideana • ImagemDiagnóstico
• História • Exame Físico • Dosagem de prolactina • Dosagem de prolactina • Função tireoideana • ImagemDiagnóstico
• História • Exame Físico • Dosagem de prolactina • Dosagem de prolactina • Função tireoideana • ImagemCaso clínico
• Menina de 10 anos de idade
• Adinamia, anemia, queda de cabelo • Impúbere
• Impúbere
• Altura < P5, Peso P10
• Idade óssea 4 anos e 2 meses
• Prolactina (inicial) = 317 ng/mL (vr < 25) • Prolactina (repetida) = 54 ng/mL
Ressonância Magnética de Sela Turcica
Caminhos possíveis
• Opção 1:
– Diagnóstico: prolactinoma (ou não secretor)
– Tratamento com agonistas dopaminérgicos (ou pior, cirurgia!) – Tratamento medicamentoso: resposta parcial, falha em entrar na
puberdade
– Tratamento cirúrgico: hipopituitarismo, neurológicos
• Opção 2:
Caminhos possíveis
• Opção 1:
– Diagnóstico: prolactinoma (ou não secretor)
– Tratamento com agonistas dopaminérgicos (ou pior, cirurgia!) – Tratamento medicamentoso: resposta parcial, falha em entrar na
puberdade
– Tratamento cirúrgico: hipopituitarismo, neurológicos
• Opção 2:
Função tireoideana checada!
• TSH: 135 UI/mL (0.3–5.0) e T4 livre: 0.22 ng/dL (0.75–1.80) • Iniciada reposição com levotiroxina
RM 8 meses após
Diagnóstico
• História • Exame Físico • Dosagem de prolactina • Dosagem de prolactina • Função tireoideana • ImagemAnatomia da região selar/suprasselar
RM da região selar/suprasselar
RM em T1 com gadolínio:
Microadenoma
Tratamento: Objetivos
• Restabelecer o eugonadismo • Eliminar sintomas neurológicos
Tratamento
• Prolactinomas
– Agonistas dopaminérgicos – Cirurgia transesfenoidal – Radioterapia
Tratamento
• Agonistas dopaminérgicos
– Elevada taxa de eugonadismo – Não induz hipopituitarismo – Não invasivo
Efeito do tratamento com Cabergolina
Tratamento
• Cirurgia transesfenoidal
– Elevada taxa de cura em microadenomas
– Cura improvável ou impossível em muitos macroadenomas – Induz hipopituitarismo
– Invasivo
Caso clínico
• Homem de 47 anos, investigado por diminuição da memória • Ganho de 18 kg, fadiga, sonolência, visão borrada ocasional • Negava sintomas neurológicos/hipogonadismo
• Negava sintomas neurológicos/hipogonadismo
• Exame físico/neurológico normal (campo visual normal) • PRL = 103 ng/mL
• Hipotiroidismo e hipogonadismo centrais
Macroadenoma não secretor, hiperPRL por compressão de haste?
Fundamento dos ensaios
imunométricos
C C Mensuração PRL = 200 ng/mL PRL C C C C C PRL = 200 ng/mLAnticorpo “fixo” anti-PRL
C Anticorpo anti-PRL com marcador Características do kit = 100 ng/mL Máximo = 400 ng/mL
Situação de excesso de Prolactina
C C C Mensuração PRL = 100 ng/mL: Efeito gancho!!! C C C C C Efeito gancho!!! [PRL] real = 700 ng/mLEvitando o efeito gancho:
método em dois passos
C C C C Mensuração PRL > 400 ng/mL C C C C C C
Opções para o caso
• Opção 1: Diagnóstico de adenoma não secretor: tratamento cirúrgico (cura impossível, melhora muito improvável,
complicações da cirurgia: hipopituitarismo e neurológicas)
• Opção 2: Investigação: tumor gigante com PRL pouco elevada, • Opção 2: Investigação: tumor gigante com PRL pouco elevada,
efeito gancho?
– Diluição
Opções para o caso
• Opção 1: Diagnóstico de adenoma não secretor: tratamento cirúrgico (cura impossível, melhora muito improvável,
complicações da cirurgia: hipopituitarismo e neurológicas)
• Opção 2: Investigação: tumor gigante com PRL pouco elevada, • Opção 2: Investigação: tumor gigante com PRL pouco elevada,
efeito gancho?
– Diluição
RM pós operatória
Avaliação clínica pós operatória
• Diplopia devido a paralisias do 3o, 4o e 6o nervos cranianos a direita.
• Imunohistoquímica fortemente positiva para Prolactina • PRL = 13.144 ng/mL
RM pós 9 meses de cabergolina
Melhora parcial do 3º nervo, mantida a diplopia pela lesão do 4º e 6º nervos.
Tratamento
• Radioterapia
– Início tardio de ação
– Elevada taxa de hipopituitarismo
– Pode induzir tumores secundários ou distúrbios cerebrais – Pouco usada hoje em dia
Tratamento
• Prolactinomas na gravidez
– Geralmente interrompido
– Se necessário continuar, prefere-se usar a bromocriptina – Não dosar prolactina
Tratamento da HiperPRL por
medicações
Caso clínico
• Paciente feminina, 16 anos
• Em tratamento para distúrbio bipolar com risperidona 6 mg/dia
• Episódio agudo de visão borrada, náuseas, vômitos, tremor e ataxia
• Prolactina = 135 ng/mL
• Função tireoideana normal
Causas farmacológicas de
hiperprolactinemia
• Antipsicóticos (neurolépticos) • Antidepressivos • Opiáceos e cocaína • Opiáceos e cocaína• Antihipertensivos (verapamil, metildopa, reserpina)
• Gastrointestinais (metoclopramida, domperidona, antiH2) • Inibidores de protease
• Estrógenos
Causas farmacológicas de
hiperprolactinemia
• Antipsicóticos (neurolépticos) • Antidepressivos • Opiáceos e cocaína • Opiáceos e cocaína• Antihipertensivos (verapamil, metildopa, reserpina)
• Gastrointestinais (metoclopramida, domperidona, antiH2) • Inibidores de protease
• Estrógenos
Antipsicóticos ↑ na PRL Antidepressivos ↑ na PRL Antidepressivos ↑ na PRL
Típicos Tricíclicos Outros
Fenotiazinas +++ Amitriptilina + Nefazodona 0
Butirofenonas +++ Desipramina + Bupropiona 0
Tioxantenas +++ Clomipramina +++ Venlaflaxina 0
Atípicos Nortriptilina - Trazodona 0
Risperidona +++ Imipramina CR
Molindona ++ Maprotilina CR Efeito (% dos pctes)
Clozapina 0 Amoxapina CR 0 s/ efeito
Quetiapina + IMAO ± mínimo
Ziprasidona 0 Pargilina, Clorgilina +++ + pequeno
Aripiprazol 0 Tranilcipromina ± ++ 25-50% Olanzapina + SSRIs +++ >50% Fluoxetina CR CR relato Paroxetina, Citalopram ± Fluvoxamina ± Molitch M. Pituitary (2008) 11:209–218
Avaliação do efeito da risperidona na
PRL
• Uso de risperidona por 12 semanas • n = 27 pacientes com psicose aguda
• Sintomas de hiperPRL (alteração menstrual, galactorréia, • Sintomas de hiperPRL (alteração menstrual, galactorréia,
disfunção erétil) em 9 pacientes (7 mulheres) = 33%. • Valor máximo de PRL = 320 ng/mL
Níveis de PRL durante uso de
risperidona
HiperPRL por medicações: o que fazer
para confimar?
• Principalmente se PRL > 150 ng/mL e/ou sintomas • Diagnóstico
– Checar PRL e sintomas pré e pós tratamento (nem sempre possível) – Checar PRL e sintomas pré e pós tratamento (nem sempre possível) – Discutir suspensão da medicação (3-4 dias) e dosar nova PRL
– Discutir troca da medicação se sintomas
• Tratamento
– Reposição hormonal, bisfosfonato
– Em último caso: agonista dopaminérgico (risco de piora da psicose!)
Opções para o caso clínico
• Diagnóstico de prolactinoma ou adenoma não funcionante
– Agonista dopaminérgico – Cirurgia
Opções para o caso clínico
• Diagnóstico de prolactinoma ou adenoma não funcionante
– Agonista dopaminérgico – Cirurgia
Desfecho do caso
• Três dias após a retirada da risperidona • PRL = 76 ng/mL
• Uma semana após a retirada • Uma semana após a retirada • PRL = 30 ng/mL
Conclusões
• É necessário lembrar das possibilidades diagnósticas em pacientes em hiperprolactinemia
– Macroprolactina é comum e deve ser pesquisada em assintomáticos – Tumor muito volumoso e ↑ modesto da PRL: Efeito gancho?
– Hipotireoidismo é comum e deve ser pesquisado de rotina – Drogas são causas comuns de ↑ PRL
• O diagnóstico adequado permite o tratamento correto e evita intervenções desnecessárias ou prejudiciais!
Obrigado!
Manoel Martins
Universidade Federal do Ceará mramartins@gmail.com