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DICOTOMIA ENTRE O SABER E O FAZER NO COTIDIANO DA ENFERMAGEM EM REPROCESSAMENTO DE ARTIGOS HOSPITALARES¹

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Academic year: 2021

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DICOTOMIA ENTRE O SABER E O FAZER NO COTIDIANO DA ENFERMAGEM EM REPROCESSAMENTO DE ARTIGOS HOSPITALARES¹

Fernanda Rezende Garcia² Anna Maria de Oliveira Salimena3 Maria Carmen Simões Cardoso de Melo4 Ívis Emília de Oliveira Souza5

INTRODUÇÃO: Sempre tive curiosidade em saber o processo que acontece com os artigos que são reutilizados em pacientes, se havia uma padronização para a limpeza dos mesmos e se a Enfermagem atuava neste processo. Parte destas dúvidas foram sanadas nas aulas práticas da disciplina Enfermagem em Centro de Material Esterilizado, quando este conteúdo foi abordado. Sendo assim, sabendo da importância do reprocessamento no funcionamento de uma unidade hospitalar e tendo inquietações sobre a realização deste processo em artigos, tive como questão norteadora do estudo o reprocessamento de materiais hospitalares, sua aplicabilidade acerca da RDC 156 e resoluções REs 2605 e 2606 e ainda o conhecimento por parte dos enfermeiros acerca deste processo e de suas normatizações. O cuidar é, sem dúvidas, um dos pilares que sustenta a enfermagem. O cuidado indireto, de extrema importância na visão holística do paciente é pouco reconhecido, deixando-se de lado a valorização dos profissionais que atuam no reprocessamento de artigos e, consequentemente, na CME. O enfermeiro é um profissional importante na gestão do cuidado à saúde. Em se tratando de paciente internado necessitando de intervenções, sejam elas terapêuticas ou diagnósticas, o uso de artigos, instrumentais e outros, torna-se indispensável. Desta forma, o enfermeiro responsável pela CME está diretamente ligado ao cuidado prestado a este paciente. O material a ser usado deve ser disponibilizado e estar devidamente preparado para que não haja risco algum de transmissão de infecção. E o maior responsável por este processo é o enfermeiro da CME, que realiza previsão, provisão, supervisão, validação destes materiais. Este, com sua capacitação, é um dos profissionais que pode estar atuando nesta área, através de sua competência técnica para coordenar e gerenciar os serviços de uma CME. Portanto, para o pleno exercício de todas estas funções, com eficiência e segurança, precisa estar sempre atualizado, para que possa interferir no processo e transmitir este conhecimento, garantindo assim, eficiência, eficácia e qualidade ao

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serviço. OBJETIVOS: - analisar a realidade da prática do enfermeiro no reprocessamento de materiais e seu conhecimento sobre a dinâmica do reprocessamento. METODOLOGIA: A abordagem qualitativa se evidenciou como sendo adequada para esta pesquisa, propiciando o alcance dos objetivos. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFJF. O cenário foi a CME do HU/UFJF. A escolha desta instituição como campo de realização desta pesquisa deveu-se ao fato de ser este o local destinado, dentre outras práticas, ao reprocessamento. A CME do referido hospital funciona dentro da Unidade do Centro Cirúrgico, sendo o enfermeiro responsável por ambos os setores. Foram sujeitos cinco enfermeiros, de ambos os sexos, que já foram ou são responsáveis pelo Serviço de Enfermagem, com mais de um ano de atuação neste setor. Os depoimentos foram coletados em entrevistas abertas, entre os meses de outubro e novembro de 2006, norteadas pelas perguntas: O que significa para você o reprocessamento dos materiais? Como é o processo, desde que o material é utilizado em um paciente até estar limpo para ser esterilizado e utilizado novamente? Como você compreende o papel do enfermeiro neste processo? RESULTADO: Emergiram da análise compreensiva dos depoimentos três unidades de significação: O significado do reprocessamento de artigos de uso médico para o enfermeiro; A descrição do processo pelo enfermeiro; O papel do enfermeiro e sua atualização acerca do processo. Sobre o significado do reprocessamento, os entrevistados demonstraram ter certo conhecimento, mas que se distancia um pouco do conceito preconizado: “Reprocessamento pra mim seria você reutilizar né, os materiais que teriam condições, passando por um processo de desinfecção, perfeito, onde vai passar por um processo de reesterilização e colocá-lo em uso novamente”. Elilas “É

adequar o material para o reuso por meios físicos ou químicos”. Erosa Percebemos

que existe uma compreensão por parte dos enfermeiros sobre o reprocessar materiais, mas precisa ser atualizada. Este procedimento ocorre como rotina diária na unidade em que eles trabalham, mas seu entendimento e definição não estão claros. Na descrição do processo pelo enfermeiro em que o material passa, até estar pronto para ser utilizado novamente, encontramos diversos tipos de respostas que às vezes se distanciam do que é preconizado: “passa por um processo de lavagem geral, o ideal seria isso, né, com água e sabão, normal, pra retirar todo aquele tipo de secreção, corpo estranho, (...) faz este processo da limpeza, deixa ele às vezes em solução, pode até deixar na enfermaria.” Elilas “A partir do momento que você usa

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com o paciente, esse material tem que ser encaminhado a uma unidade adequada, ser lavado, desinfecção, reesterilizado, com preparo, faz a montagem, esteriliza”

Everde. Como se pode observar, os enfermeiros destacam a importância do processo.

No entretanto, não se referiram à inspeção do material antes da desinfecção e preparo, sendo esta, importante etapa do processo, pois visa verificar a vida útil dos artigos antes de serem utilizados. Ele precisa conhecer toda a sua rotina para que possa realizar atividades de supervisão e educação continuada no serviço, para garantir a qualidade do material reprocessado. Ao descrever o papel do enfermeiro e sua atualização acerca do processo, as respostas encontradas mostram a dicotomia entre o “saber” e o “fazer”: “ele tem que estar sempre é... atualizado, sempre buscando e discutindo com a equipe, porque a esterilização é... a gente pode observar que é de domínio do enfermeiro” Erosa. “Isso aí pra mim é fundamental, é

onde que a gente tem segurança de estar liberando um material, considerando que ele está estéril”. Ebranco “seria o ideal que o enfermeiro, no desenrolar deste trabalho,

acompanhasse todo este processo de limpeza, e até caso um funcionário tivesse uma dúvida nessa limpeza, ele fizesse uma primeira limpeza demonstrando o correto... Mas na realidade isso não acontece. É uma coisa assim que deixa até a desejar. A verdade é essa.” Elilas “O papel do enfermeiro, por exemplo, na nossa

realidade, que é um enfermeiro para o setor com sala de cirurgia, sala de recuperação. Fica muito a desejar, porque a gente não tem como acompanhar o processo todos os dias e todas as horas.” Eazul. Analisando estes depoimentos

percebe-se que o enfermeiro conhece qual é o seu papel dentro de uma unidade de CME. Destaca-se porém, que, devido a este setor estar dentro do Bloco Cirúrgico, e este ser também de sua responsabilidade, a atenção maior é dispensada a este último, ficando a CME a cargo dos funcionários que operacionalizam os procedimentos. Não há uma supervisão direta da rotina do serviço, podendo acarretar problemas sérios na qualidade dos artigos processados. Quanto ao conhecimento das resoluções que dispõem sobre o re-processamento de artigos e estabelece a lista de produtos enquadrados como de uso único e as diretrizes para elaboração, validação e implantação de protocolos as respostas apontam a necessidade que estes enfermeiros têm em manter-se atualizados. Eles sabem que as resoluções existem, mas não detêm o conhecimento necessário: “Eu tenho este conhecimento, mas é que não estou ao pé da letra, mas isso eu sei que rege e que tem que ter este controle mesmo”. Erosa “já ouvi falar, mas estou sendo honesto pra

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você, nem a curiosidade de tê-las em mãos, pra num momento mais fácil eu fazer uma leitura, entendeu, não tenho”. Elilas “Com certeza eu estive com estas

resoluções na mão, dei uma lida, até coisas que a gente mandava reprocessar, nós paramos de reprocessar, mas não sei te informar agora”. Eazul Assim, observa-se

que os enfermeiros entrevistados somam à sua insegurança em falar sobre o reprocessamento, a falta de atualização acerca do assunto. È possível que esta ocorrência se dê em razão da falta de motivação entre os mesmos, ocasionada pela ausência de reconhecimento da importância de sua presença na CME. REFLEXÕES FINAIS: No decorrer deste estudo, procurou-se evidenciar a inserção do enfermeiro na prática do reprocessamento de artigos de uso médico dentro de uma unidade hospitalar. Além disso, pretendeu-se também trazer provocações para discussões e reflexões relativas ao papel do Enfermeiro neste setor. Identificou-se lacuna no saber em alguns conceitos básicos de reprocessamento, caracterizando uma não-inteiração efetiva dos Enfermeiros com a CME. A valorização deste serviço, que nem sempre vem recebendo a importância devida, poderia se dar a partir dos próprios profissionais que ali atuam, pelo seu envolvimento com as práticas realizadas. Os resultados da pesquisa refletem que estes conhecem a importância de sua presença na unidade e necessidade de constante aprimoramento de seu saber, inclusive no domínio técnico. Porém, em razão da maior demanda do Centro Cirúrgico, esta atuação na CME, nem sempre recebe o merecido destaque. A atualização constante faz parte do cotidiano do profissional que busca um diferencial em suas práticas, frente a um mercado de trabalho cada vez mais competitivo. Ao priorizar a atualização acerca de normas, produtos e técnicas a serem utilizadas, pode-se imprimir cada vez mais, segurança aos artigos reprocessados. São assim ofertadas, possibilidades de mudanças positivas na realidade do cotidiano do Enfermeiro na Unidade de CME, ao buscar novas formas de atuação de qualidade e eficácia, demonstrando a importância e a relevância de sua presença.

Palavras-chave: Enfermagem, Reprocessamento de artigos, Centro de Material Esterilizado.

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1

Recorte da Pesquisa realizada como Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação

2

Enfermeira. Graduada no 2º sem/2006 do Curso de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora (FACENF/UFJF).

3

Orientadora da Pesquisa. Mestre em Enfermagem. Professora Adjunto do Departamento Enfermagem Aplicada da FACENF/UFJF. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação da Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro - EEAN/UFRJ. Pesquisadora Grupo de Pesquisa O cotidiano do cuidar em Enfermagem da FACENF/UFJF e do Núcleo de Pesquisa em Enfermagem em Saúde da Mulher NUPESM/ EEAN/UFRJ.

4

Mestre em Enfermagem. Professora Assistente do Departamento Enfermagem Aplicada da FACENF/UFJF. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação da Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro - EEAN/UFRJ. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa O cotidiano do cuidar em Enfermagem da FACENF/UFJF e do Núcleo de Pesquisa em Enfermagem em Saúde da Mulher NUPESM/ EEAN/UFRJ.

5

Doutora em Enfermagem. Professora Titular de Enfermagem Obstétrica do Departamento Enfermagem Materno - Infantil da EEAN/UFRJ. Pesquisadora e Membro da Diretoria do Núcleo de Pesquisa em Enfermagem em Saúde da Mulher - NUPESM/EEAN/UFRJ.

Rua Marechal Cordeiro de Faria, 172 CEP 36-081330 Bairro Carlos Chagas Juiz de Fora MG E-mail : annasalimena@terra.com.br

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