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Lendas do Sul. Simões Lopes Neto

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Academic year: 2021

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Lendas

do Sul

Simões

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São lendas colhidas na tradição oral do nosso

estado, que o Autor reelabora e reconta,

imprimindo seu estilo e conferindo um caráter

literário às histórias populares.

Ambiente: interior do Rio Grande do Sul

Época: tempo mítico, que foge das convenções

A M’Boitatá: “num tempo muito antigo, muito”

A Salamanca do Jarau: por volta de 1650 e 1850

Negrinho do Pastoreio: século XVIII para o XIX

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A Mboitatá

“Houve uma noite tão comprida que parecia que nunca mais haveria luz do dia”

Antes tal noite houve uma chuva muito forte, que deixou tudo alagado...

“A cobra grande – boiguaçu, que havia já muitas mãos de luas dormia quieta...”

A boiguaçu come os olhos dos animais mortos e começa a ficar transparente, com a luz dos olhos que comeu...

Torna-se a Boitatá – a Cobra de Fogo que, farta de comer carniça, “cobiçava agora os olhos vivos dos homens”...

Ao morrer, a grande noite acabou, pois ela liberou as

“luzezinhas”: “É um fogo amarelo azulado...” “Quem encontra a Boitatá pode até ficar cego...”

(4)

A Salamanca do Jarau

Blau Nunes é o protagonista que procura

o boi barroso e acaba se deparando com “um vulto, de face tristonha e mui branca”. Este pergunta a Blau se ele conhece a

entrada da salamanca. Blau conta então o que ouviu de sua avó charrua:

‘De Salamanca, na Espanha, Mouros vieram e

trouxeram uma fada transformada em uma velhinha e um “condão” (uma pedra mágica).

Fizeram, então, acordo com o Diabo (Anhangá-pitã), que a transformou na Teiniaguá (uma lagartixa com a tal pedra por cabeça). Mas o Diabo “não tomou

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O homem triste confirma o relato, dizendo então que

200 anos antes fora um sacristão que prendeu e

alimentou a teiniaguá, que se transformou numa linda princesa, que o seduziu e o desgraçou. O rapaz foi

condenado à morte, mas escapou por encantamento da teiniaguá, indo para o Cerro do Jarau:

“O encantamento que me aprisiona consente que eu acompanhe os homens de alma forte e coração

sereno que quiserem contratar a sorte nesta

salamanca (...) Tu foste o único que veio sem pensar e o único que me saudou como filho de Deus... (...) quando terceira saudação de cristão bafejar estas alturas, o encantamento cessará, (...) cessará

também o encantamento da teiniaguá: e quando isso se der, a salamanca desaparecerá, e todas as

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O Santão da salamanca diz para Blau

entrar na furna e enfrentar as sete provas: Blau

passou por feras, corpos mutilados, cobra,

gemidos, parede de fogo, moças e anões com

“alma forte e coração sereno”. Blau foi e

venceu. Podia fazer um pedido à fada: sorte

no jogo, poder de sedução, sabedoria sobre

ervas, destreza nas lutas, poder de

comando, riqueza ou talento para as artes.

Mas não quis nada: recusou os sete desejos.

Na verdade, Blau queria a teiniaguá...

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O Santão lhe dá uma onça (moeda) encantada,

com a qual poderia comprar o que quisesse. Blau, antes muito pobre, começou a comprar muitas coisas. De sua guaiaca, as moedas somente saíam uma de cada vez. Daí surgiu o boato que Blau tinha parte com o Diabo... E ele foi ficando cada vez mais solitário. Algum tempo

depois, infeliz, Blau devolve a moeda encantada ao Santão.

Ao cumprimentar o Santão pela terceira vez,

saudando-o como cristão, a magia se desfaz. A “velha

carquincha transformou-se na teiniaguá... e a teiniaguá na princesa moura... a moura numa tapuia formosa; e

logo o vulto de face branca e tristonha tornou a figura do sacristão de S. Tomé, o sacristão, por sua vez, num

(8)

Narradores:

Narrador neutro em terceira pessoa;

Blau conta o que contou a avó charrua;

O Santão conta a sua história na missão;

A princesa moura narra a sua origem.

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O Negrinho do Pastoreio

Estancieiro “muito cauíla e muito mau”

“só para três viventes ele olhava nos olhos” Aposta na corrida: mil onças de ouro

Negrinho monta o cavalo e perde carreira

Castigo: apanhou no tronco e teve de cuidar de uma tropilha de trinta cavalos durante trinta dias.

Com fome e cansado, adormeceu. E os cavalos fugiram...

o filho

o cavalo

o Negrinho

Não tinha nome nem padrinho

(10)

O filho mau do estancieiro mau contou o que

aconteceu. O Negrinho apanhou novamente e o

estancieiro mandou-o procurar os cavalos. O

Negrinho pensou em Nossa Senhora (“que é a

madrinha dos que não têm”), pegou uma vela no

oratório e saiu mancando e chorando pela noite

afora: “(...) por onde o Negrinho ia passando, a

vela benta ia pingando cera no chão; e de cada

pingo nascia uma nova luz, e já eram tantas que

clareavam tudo.” “E assim o Negrinho achou o

pastoreio.” E, de tão cansado, adormeceu.

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Então o filho mau do estancieiro mau soltou os

cavalos e avisou o pai, que mandou dar outra surra no Negrinho. Desta vez, tão forte que ele morreu. E, “para não gastar a enxada em fazer uma cova”, mandou atirar o Negrinho num formigueiro.

Os cavalos não foram encontrados, até que o

senhor decidiu ver o que restava no formigueiro e lá encontrou o Negrinho com a “pele lisa e

perfeita”, e junto dele Nossa Senhora e os cavalos. “O senhor caiu de joelhos diante do escravo.”

“Quem perder suas prendas (...) acenda uma vela para o Negrinho do pastoreio...”

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