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Educação e profissionalização em ciências. Bertha Lutz no Museu Nacional do Rio de Janeiro, décadas de 1920 e 30

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Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP – USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.

Educação e profissionalização em ciências. Bertha Lutz no Museu Nacional do Rio de Janeiro, décadas de 1920 e 30.

Lia Gomes Pinto de Sousa Casa de Oswaldo Cruz/ Fiocruz – mestranda

Esta pesquisa é desenvolvida no âmbito de um projeto de mestrado que visa a analisar a contribuição da naturalista e líder feminista Bertha Júlia Maria Lutz (1894-1976) no processo de educação e profissionalização feminina, apoiada em sua inscrição institucional no Museu Nacional do Rio de Janeiro. Embora tenha ingressado como secretária nessa instituição, através de concurso público1 em 1919, exerceu desde cedo funções na área da botânica, zoologia e museologia. Designada “em comissão” pelo Museu e o Ministério a que se subordinava2, tais atividades incluíam freqüentes excursões para trabalho de campo e “estreitamento de relações” com outras instituições científicas, inclusive no exterior. Sua mudança funcional para o cargo de naturalista se deu entre 1930 e 1937, transição que será ainda melhor investigada3, mas quando de sua admissão como secretária já portava diploma de estudos superiores em Ciências Naturais (1918) pela Universidade de Paris – Sorbonne.

Bertha Lutz nasceu em São Paulo, mas passou a maior parte de sua vida no Rio de Janeiro, onde trabalhou no Museu Nacional e também no Instituto Oswaldo Cruz (IOC), como colaboradora. Simultaneamente, militou como líder de um feminismo que contou com sólida base institucional e, inclusive, de projeção internacional. No mesmo ano que ingressa no Museu (1919), funda a Liga pela Emancipação Intelectual da Mulher que, em 1922, transforma-se na Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), a principal instituição de agremiação de mulheres até a década de 1970 no país, e de onde derivam diversas outras associações.

Suas principais reivindicações desde o início de seu ativismo eram os direitos à educação e profissionalização feminina, além do sufrágio. No plano político stricto sensu, após liderar a conquista do voto feminino decretado em 1932, ofereceu sugestões à elaboração da Constituição promulgada em 1934, e foi Deputada Federal de julho de 1936 até o fechamento do Congresso, em novembro de 1937. Suas propostas, levadas à Constituinte por Carlota Pereira de Queiroz,

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Bertha Lutz foi a segunda mulher a ingressar no funcionalismo público brasileiro, que ainda era visto com muitas restrições à participação feminina. O cargo a que concorreu, inclusive, era o de “Secretário”, denominação que permanece no gênero masculino em toda sua documentação funcional. As principais fontes analisadas para esta pesquisa são a documentação de Bertha no Museu e o acervo da FBPF- Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, no Arquivo Nacional.

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Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio, até 1930, e Ministério da Educação e Saúde Pública, a partir desse ano, quando é criado por Getúlio Vargas.

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Apontamos para a data de 1937, ano de instituição do Estado Novo, em que pode ter havido uma alteração geral nos termos funcionais do Museu. Nesse mesmo ano, Roquette-Pinto e Heloisa Alberto Torres, até então

“Professores” de seção, são designados ao cargo de Naturalista, embora em classes diferentes. Pelo menos até 1930, Bertha ainda era secretária (Livro de Assentamentos, n° III. MN MN.DR).

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Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP – USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.

única mulher a participar daquela Assembléia, estão reunidas em 13 Princípios Básicos de Direito Constitucional (1933), das quais muitas foram incorporadas à Carta (SCHPUM, 1999; MOTT, 2001).

Filha do microbiologista Adolpho Lutz e da enfermeira inglesa Amy Fowler, sua origem social e “capital cultural” permitiram-lhe uma educação superior que não era de fácil acesso mesmo entre os homens no Brasil e, principalmente, possibilitou-lhe o ingresso e socialização numa comunidade científica que estava em formação. Em nossa análise, consideramos o vínculo paterno – mais que um dado de acesso automático ao mundo da ciência – como um ponto de partida para compreendermos como ela se utilizou das oportunidades e experiências que essa filiação lhe podia proporcionar. Acompanhar as pesquisas e excursões do pai ou mesmo relacionar-se com a instituição onde este trabalhava – o Instituto Oswaldo Cruz, referência nacional em pesquisa científica – foram iniciativas suas que lhe renderam o desenvolvimento de suas habilidades e, ao menos em parte, a construção de sua carreira4.

Além de reconhecermos o protagonismo de Bertha em sua própria trajetória, consideramos também seu pertencimento a uma geração em que o papel do cientista – assim como o das mulheres – está sendo definido e negociado. Dessa forma, focalizamos os anos iniciais de sua carreira, nas décadas de 1920 e 30, buscando compreender em que medida seu ingresso e sua atuação naquela instituição estão relacionados com o contexto de uma fase de profissionalização e especialização científica de início do século XX no Brasil. E como, assim, participou em meio às culturas científicas – também políticas – e formas de sociabilidade de então, considerando este um momento de consolidação das ciências básicas no país, também através da criação de novos espaços associativos.

Paralelo a esse processo, identificamos também um momento inicial de profissionalização de mulheres que está relacionado ao ingresso maciço destas em instituições de ensino secundário e superior – quadro que mudou radicalmente a partir da década de 1930, resultado das sucessivas reformas escolares desde os anos 1920 (AZEVEDO; FERREIRA, 2006). O que se deve tanto à preocupação corrente entre a intelectualidade, e posteriormente no projeto governamental varguista, com a expansão educacional a parcelas não escolarizadas da população, como também às diversas manifestações feministas desde fins do século XIX no Brasil. Este panorama aponta para transformações também de uma ideologia de gênero, que

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Imediatamente de volta ao Brasil, em 1918, após concluir seus estudos superiores na Europa, Bertha é contratada como tradutora pelo IOC onde simultaneamente auxiliava Adolpho em seus trabalhos, e continua a fazê-lo até o fim da vida deste, mesmo enquanto funcionária, e com o consentimento, do Museu Nacional. Em correspondência com a antropóloga e diretora do Museu Nacional, Heloisa Alberto Torres, afirmara que desde 1921 acompanhava diversas excursões com o pai. Cf. LOPES, 2006a.

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Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP – USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.

propiciou a redefinição de papéis de homens e mulheres na sociedade, mais do que a simples permanência de um sistema patriarcal em “roupagens modernas”.

Essas considerações permitem pensar a personagem aqui estudada num enfoque que não o da mera “excepcionalidade” – uma das poucas mulheres a fazerem ciências no Brasil em sua época. O que é verdade do ponto de vista quantitativo, mas não se sustenta quando pretende-se apontar para um sujeito “fora” ou “à frente de seu tempo”, ou seja, se ela exerceu ali uma carreira profissional sólida, é porque houve uma condição histórica para tal – e que deve ser analisada. Ademais, se mulheres como Bertha estavam longe de ser a regra entre os indicadores científicos da época, uma bibliografia recente reconhece, no entanto, “mais mulheres do que estamos acostumas a admitir” participando de práticas científicas, mesmo em seus aspectos formais (LOPES, 2006c: 10). Soma-se a isso o próprio número reduzido da comunidade científica de então, mesmo na cidade do Rio de Janeiro e entre as ocupações masculinas – obviamente, compunha uma elite intelectual restrita a poucos, numa sociedade que há menos de meio século abolira o sistema escravocrata.

O tema educacional foi centro de intenso debate público nos anos 1920 e esteve presente entre os interesses de diferentes segmentos da sociedade: cientistas em busca da divulgação e legitimação de seus trabalhos, e uma vertente do movimento feminista que defendia a emancipação de mulheres através de sua instrução. A educação, para uma parcela de intelectuais, da qual Bertha também fazia parte, era defendida como a forma mais acabada de promover a evolução dos indivíduos e, por conseguinte, o Progresso da nação. Tais questões passam a ser pautadas também por um crescente interesse governamental, principalmente no regime varguista, a partir de 1930.

Procuramos sustentar que Bertha Lutz encontra, para sua militância pela educação e profissionalização de mulheres, sustentação institucional e ideológica no Museu, que desde a década de 1920 buscava modernizar seu papel educativo, e baseando-se em pressupostos científicos que postulavam a instrução feminina como essencial ao progresso. A busca dos cientistas pela consolidação de suas carreiras profissionais – cuja pauta incluía a expansão do sistema educacional e a divulgação científica – teria contribuído ou ocorrido em consonância com as aspirações feministas do movimento do qual Bertha fazia parte. Os ideais de “popularização” da ciência contemplaram as mulheres como novos sujeitos a serem educados, ou ainda, o processo de modernização do campo científico pôde talvez englobá-las como novos atores.

Locus privilegiado de formação de naturalistas desde o século XIX, o Museu possibilitou o acesso das mulheres, ainda que restrita e lentamente, nos espaços formais de ciências, e sua dedicação à instrução pública, especialmente reforçada durante a direção de Edgard

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Roquette-Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP – USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.

Pinto (1926-1935), pode ter contribuído para a consolidação das práticas dessas protagonistas. A gestão de Roquette contou com o artifício do rádio5 e de uma revista especializada (Revista Nacional de Educação, editada pelo Museu de 1932 a 1934), preconizando a difusão da ciência e instrução pública em longo alcance. Antes disso, nas direções de Bruno Lobo (1915-1923) e Arthur Neiva (1923-1926), notamos já uma preocupação cada vez mais constante com a orientação educativa da instituição, justamente através das atribuições de Bertha Lutz, ainda no cargo de “secretário”.

Desde sua criação em 1818, o então Museu Real tinha como função “propagar os conhecimentos e estudos das ciências naturais”6, mas no início do século XX tal objetivo parece ter sido alvo de medidas modernizadoras e “democratizantes”. Na década de 1870 seu diretor, Ladislau Netto, defendia os cursos públicos e criava os Archivos do Museu Nacional, revista trimensal que divulgava os trabalhos realizados pela instituição. No entanto, os cursos públicos seriam extintos e só retornariam aos estatutos em 1911 na gestão do diretor João Baptista de Lacerda (precedente à de Bruno Lobo, durante a qual se deu o ingresso de Bertha no Museu), o mesmo que em 1897 oficializara a equiparação do Museu aos Institutos de Instrução. O decreto de Lacerda (n° 9.211 de 15/12/1911) trazia alterações significativas “introduzindo explicitamente sua função escolar para o grande público”, organizadas pelo responsável pela área de Antropologia e Etnologia no Museu, Domingos Sérgio de Carvalho.

Bertha Lutz, durante a direção de Bruno Lobo, fora encarregada pelo Museu Nacional de participar do Congresso de Educação7 em 1922 aonde, além do empenho do Museu nesse debate, representou também os interesses da liga feminista que dirigia, uma vez que ali defendeu e conquistou a garantia de acesso feminino no Colégio Pedro II8. Principal instituição de ensino secundário da cidade do Rio de Janeiro, o ingresso ali era até então exclusivo aos homens e, segundo Susan Besse, o movimento liderado por Bertha já tinha pleiteado em 1921 educação secundária rigorosa às mulheres para capacitá-las ao exame de acesso ao ensino superior (Besse, 1999). Alguns anos depois estaria envolvida com o incentivo às mulheres nesse nível de escolaridade através da fundação da União Universitária Feminina em 1929 com a engenheira civil Carmem Portinho, associação que reunirá uma rede intrincada de mulheres profissionais.

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Roquette-Pinto criou em 1923 a Rádio Sociedade, primeira emissora radiofônica dedicada à educação e divulgação científica.

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As informações seguintes foram retiradas do Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1930). Casa de Oswaldo Cruz /Fiocruz. Verbete “Museu Real”em http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br

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Provavelmente substituía Roquette-Pinto que, segundo o Livro de Assentamentos, foi convidado para representar o Museu no “Congresso Nacional de Ensino Superior e Secundário, realizado na Escola Politécnica, no centenário da nossa Independência, havendo se desincumbido dessa missão”. BR MN MN.DR Ass.5, Livro III.

8

Informação do site FGV/ CPDOC. “Biografias: A era Vargas”/ Bertha Lutz - http://www.cpdoc.fgv.br/nav_historia/htm/biografias/ev_bio_bertalutz.htm

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Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP – USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.

No Museu, as atividades iniciais de sua carreira – nas áreas da botânica e da museologia – guardam um engendramento entre sua atuação científica e feminista. Enquanto cientista, assim como seus pares, Bertha dividia seus esforços entre as atividades de pesquisa (excursões, coleta e determinação de material botânico, observações, etc.) e a divulgação dos trabalhos a um público amplo – sendo a museologia uma área especial para isso, além da publicação em revistas diversas. Enquanto feminista, exercia ela própria os direitos a uma carreira profissional e empenhava-se, também no interior da comunidade científica, na expansão dessa realidade às outras mulheres brasileiras.

Focalizar a preocupação de Bertha, e da instituição em que trabalhava, com questões como o “papel educativo” dos museus – além de suas próprias atividades de pesquisa -, pode iluminar aspectos desse processo histórico em que diferentes interesses estão em jogo, como a divulgação dos trabalhos dos cientistas e sua profissionalização por um lado, ou a inserção de mulheres nessa comunidade em consolidação, por outro.

Dentre suas anotações pessoais, rascunhos de possíveis autobiografias ou currículos9, Bertha deixa claro a realidade educacional, e mesmo profissional, restrita em sua época no país, tendo gozado ela própria de um privilégio de poucos. “Formada em Sciencias pela Faculdade de Sciencias da Universidade de Paris (Sorbonne), onde fez o curso de biologia: Botânica, Zoologia – Embriologia, Química biológica, não existente no Brasil. Além dela só um

preparador do Museu tem diploma científico da especialidade a que se dedicou” (grifo

nosso). E também no que se refere à sua experiência internacional na museologia “moderna”, a mesma excepcionalidade é aludida, “tornando-se, pois única especialista nessa organização e métodos, com estudos da especialidade pormenorizados, existente no Brasil”.

A museologia, que em termos de carreira técnica também se encontrava em fase de institucionalização no Brasil, apresenta-se como um caminho especial de divulgação das ciências naturais. Foi já nos primeiros anos de sua carreira que Bertha, sob incumbência do Museu Nacional e do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio (e posteriormente do Min. da Educação e Saúde Pública), dedicou-se a visitar diversas instituições museais estrangeiras dos EUA e Europa, com o intuito de com elas aprender novas técnicas e estreitar relações. Assim que retornara dos estudos na Europa em 1918 já trabalhara com o pai, de forma oficiosa, na organização do Museu Zoológico do Instituto Oswaldo Cruz onde era contratada como tradutora, até a data de ingresso no Museu (LOPES, 2006a).

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Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP – USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.

Em 1922, tornou-se membro correspondente10 do American Museum of Natural History (Nova Iorque), e representou o Museu Nacional no Congresso de Museus Americanos, em Búfalo – convenção anual da qual participará novamente em 1932 em Cambridge, sendo oradora do banquete promovido pela Associação de Museus Americanos (LOPES, 2006b). Em 1945, a notícia de seu retorno após ter participado da Conferência de São Francisco, de criação da ONU, divulga sua reputação consolidada de, entre outras qualidades, “pioneira no desenvolvimento dos museus científicos de seu país e defensora da cultura deste hemisfério” 11. Foi uma viagem aos EUA em 1932, que resultou em extenso relatório entregue ao então Diretor do Museu Nacional, Roquette-Pinto, que coroou o que consta freqüentemente em meio a sua documentação como “estudos especializados” na “organização de museus e suas atividades educacionais”12, entrando em contato, naquele país, com práticas modernizadoras dessas instituições.

Na viagem de 1922 aos EUA, onde participaria também da Conferência Pan-americana de Mulheres em Baltimore, organizada por órgão do movimento feminista norte-americano, teria sido incumbida de permutar material etnográfico proveniente da Comissão Rondon, segundo ofício de Roquette-Pinto, ainda professor da Seção de Antropologia e Etnografia, e que teria integrado aquelas expedições. Pelo oficio do diretor Bruno Lobo, Bertha ainda deveria visitar e estreitar relações com os museus norte-americanos, e estudar “sua organização [...] os processos administrativos e sua aplicação ao nosso país, com especial referência à

divulgação dos conhecimentos de História Natural e ao papel didático no ensino dos diferentes ramos da mesma” (grifo nosso)13.

Orientação perfeitamente coerente com a proposta do regulamento de 1911 da gestão Lacerda: “O Museu Nacional tem por fim estudar e divulgar a História Natural especialmente a do Brasil cujos produtos deverá coligir, classificando-os cientificamente, conservando-os e expondo-os ao público com as necessárias indicações”. O peso à atividade educativa, dado pelo artigo 59 das Disposições Gerais daquele regulamento, chegou a propor a criação de um Museu

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Até 1924, segundo documento, o título teria sido concedido “apenas a 64 cientistas no mundo inteiro”, sendo no Brasil conferido a Bertha e a seu pai, Adolpho Lutz. (AN. Of. 383. 07/maio/1924). Em 1932 terá um trabalho publicado no periódico dessa instituição, que seria uma tradução de suas observações de campo sobre o tema “Nossos bosques têm mais vida” (s/d): LUTZ, B. “Wild Life in Brazil”. In. Natural History. vol. XXXII, no. 6, pp. 539-550. New York: American Museum of Natural History, 1932.

11

Pan American AirWays – Noticiário para a imprensa. “Depois de atuar em São Francisco, regressa ao Brasil a Dra. Bertha Lutz”. 10/10/1945. (AN. FBPF).

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A experiência da viagem aos EUA, prêmio com o qual Bertha foi laureada pela Carnegie Corporation, foi relatada em documento inédito intitulado “O papel educativo dos museus americanos” (1932), analisado por Lopes (2006b) sob a ótica de gênero.

13

AN. Ofício n° 256 (Diretor Dr. Bruno Lobo) e Of. n° 257 (Professor Dr. Edgard Roquette Pinto, seção de Antropologia e Etnografia). Ambos de março de 1922, explicitando as funções a que Bertha Lutz se encarregaria nos EUA.

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Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP – USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.

Escolar de História Natural, “destinado ao ensino intuitivo, especialmente para crianças” 14. Aliás, Bertha destinará boa parte de sua atenção, no tocante às atividades museológicas, à organização de instituições focadas a esse público infantil, principalmente na década de 1930. No acervo de Bertha Lutz no Museu Nacional, incluem-se correspondências com membros de diversas instituições norte-americanas tratando sobre os métodos de exposição em museus, e aqueles voltados para as crianças15.

Também em 1925, durante a direção de Arthur Neiva no Museu Nacional, novamente nos EUA Bertha estudara as “técnicas de preparo e a organização de mostruários de Museus de História Natural, métodos de divulgação da História Natural, bem como a organização de Hortos Botânicos, além de visitar ‘com grande interesse’ os Museus para crianças em Brooklyn e Boston” 16 (LOPES, 2006a: 214). Ao findar do ano de 1931, vestígios de sua contribuição nesse sentido aparecem nos ofícios do já diretor Roquette-Pinto, em que este remete à 5ª. Seção “uma série de jogos educativos” que teriam sido oferecidos por ela ao Museu (MN. Of.556. 23/dez./1931).

Em abril desse ano, Roquette-Pinto teria sido nomeado professor da 5ª.Seção, denominada como “História Natural (Serviço de Assistência ao Ensino)”17. Segundo Nísia Trindade Lima e Dominchi Miranda de Sá, o Serviço de Assistência ao Ensino foi fundado pelo próprio Roquette durante sua gestão na direção, inaugurando um “auditório equipado para aulas de história natural, com projetor de slides e de filmes, onde ocorriam cursos e conferências”. Intentando “fazer da instituição um museu escolar”, Roquette contaria com a contribuição de muitos de seus colegas, nos quais inclui-se Bertha Lutz18. Investigaremos melhor a sua relação com Roquette em seus projetos de educação relacionados a museus os quais, da parte de Bertha, incluíam as mulheres como principais protagonistas (LOPES, 2006b).

Ao analisar sua atuação de acordo com a orientação geral do Museu Nacional, atentamos também às relações entre a ciência que se fazia na instituição e os interesses do Estado, através das incumbências impostas pelos próprios Ministérios aos quais o Museu se subordinava. Bertha

14

Apud. Dicionário Histórico-Biográfico / COC-Fiocruz.

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Além disso, Mônica Schpun comenta sobre o envolvimento de Bertha e a médica paulista Carlota Pereira de Queiroz no projeto de criação de um Museu da Infância em São Paulo, na década de 1930. Lembrando que Carlota morou no Rio de Janeiro entre 1923 e 1926, quando estudava medicina, além de ambas terem se relacionado na luta pela eleição de uma mulher para a Assembléia Constituinte (1933) e posteriormente, no Congresso (SCHPUN, 1999, p. 348).

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MN. Arquivo. LUTZ, B. Relatório relativo ao ano de 1925. 09/01/1926

17

“O chefe do Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil, em 1º de abril de 1931, nomeia Edgar Roquette-Pinto, professor Chefe da Seção de Antropologia e Etnografia do Museu Nacional, para exercer o cargo de professor da 5ª. Seção – História Natural (Serviço de Assistência ao Ensino) do Museu Nacional.(...) Getúlio Vargas e Gustavo Capanema” BR MN ERP DEP.20

18

Outros colegas citados, que teriam contribuído com Roquette-Pinto nessa empreitada no Museu Nacional, são: Alberto Childe, Cândido de Mello Leitão, Heloisa Alberto Torres, e Alberto Betim Paes Leme. Afirmam ainda que “o Museu incentivava a criação de gabinetes de história natural nas próprias escolas, e onde as coleções científicas deveriam ser criadas pelas crianças, coletando, tratando e desenhando plantas e animais” (LIMA e SÁ, 2005).

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Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP – USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.

teria ocupado “posição técnica” no gabinete do Dr. Pires do Rio, enquanto Ministro da Agricultura19, segundo documentos pessoais de 1924 (AN. Of. 383, 07/05/1924). Antes disso, na ocasião da viagem aos EUA em 1922, paralelamente – mas não tão distante – aos objetivos “educativos” do Museu, recebera recomendações diretas do Ministro da Agricultura, Indústria e Comércio, Simões Lopes. Deveria “visitar e estudar (...) os principais estabelecimentos de

ensino de trabalhos manuais e de economia doméstica, quer os privativos de cada sexo, quer

os filiados no regime de co-educação, tão generalizado na pedagogia norte-americana” (g/n). E complementa:

“A própria cidade de Baltimore, para onde vos dirigis, oferecer-vos-á grandes oportunidades à execução da primeira parte dessa incumbência, desde as diversas hierarquias do curso primário até ao Instituto

Politécnico. Quanto à instrução teórica e prática de economia doméstica, deparareis em quase toda a

União americana modelos dos mais valiosos, que vão do ensino elementar às Faculdades de ciência

doméstica incorporadas nos Institutos Pratt, Drexel, Amour, Lewis e outros. As escolas primárias rurais,

mormente as complementares (rural School Consolidated) que, em breve, serão ensaiadas no Brasil, merecem, por igual, vossa atenção e delas vos ocupareis, como dos demais estabelecimentos, no relatório que deveis apresentar a este Ministério” (grifo nosso). 20

Em acervos documentais diferentes notamos que, além dessa incumbência em 1922, Bertha também serviu ao Ministério com essas funções em 1923 na Europa e em 1925, novamente nos EUA, apresentando os respectivos relatórios que versavam sobre o ensino doméstico e rural - tema que foi de interesse das reformas escolares promovidas isoladamente na década de 1920 no Rio de Janeiro (Nagle, 1978). Em seus assentamentos particulares no Museu Nacional estão sinalizados a existência de dois relatórios de Bertha sobre “O ensino doméstico e rural na Europa (1923) e “O ensino doméstico nos EUA” (1925). Também no Fundo FBPF do Arquivo Nacional, faz-se referência a Bertha “a serviço do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio nos EUA, depois da Conferência de Baltimore em ab./1922; e na Europa, depois do Congresso de Roma em maio de 1923” 21.

Sempre acompanhadas de participação em congressos feministas22, tais viagens parecem dotar Bertha Lutz de uma “missão” que representava três instituições distintas: Liga23/FBPF, Museu Nacional e o Ministério. Considerando a divulgação do ensino como interesse comum às entidades, não é de estranhar a passagem da subordinação do Museu ao Ministério da Educação alguns anos depois, quando este é criado em 1930 pelo Governo Provisório de Getúlio Vargas, e que pareceu reafirmar o empenho educativo que vinha sendo empregado pelo Museu. Tampouco

19

José Pires do Rio (engenheiro) assumiu interinamente o cargo, de 24/05/1922 a 15/11/1922, com a exoneração do titular Ildefonso Simões Lopes. Cf. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – www.agricultura.gov.br.

20

Carta do Gabinete do Ministério dos Negócios da Agricultura, Indústria e Comércio (Rio, 23/março/1922), assinada por Simões Lopes e endereçada à secretária Bertha, atribuindo-lhe funções nos EUA (AN. FBPF).

21

Note-se a interação entre profissão e militância, já que os referidos Congressos eram de motivos feministas.

22

I Congresso Pan-Americano de Mulheres (Baltimore, 1922), IX Congresso Internacional pelo Sufrágio Feminino (Roma, 1923), Conferência Interamericana de Mulheres (Washington, 1925).

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Liga pela Emancipação Intelectual da Mulher. A FBPF seria fundada apenas depois que retorna da viagem de 1922.

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Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP – USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.

seria incoerente o amplo apoio governamental que a Federação feminista teve durante décadas, tão apontado na bibliografia.

A rede de relações construída por Bertha tanto no campo científico como no político, os quais muitas vezes se sobrepunham, apontam para a importância de diferentes espaços de socialização em sua trajetória. Dentre as instituições científicas, além do Museu Nacional, destacamos o IOC e o Jardim Botânico – aonde serviu em comissão como assistente, de 01 de fevereiro de 1927 a 31 de outubro de 1930 – que possuíam relações diretas com o Museu. Inclusive, o Jardim Botânico, que já fora anexado ao Museu de 1819 a 1822, mostra-se como importante espaço de integração de mulheres nas ciências naturais24, de onde partiram muitas ex-alunas para trabalharem como assistentes no Museu.

Outros espaços de sociabilidade, como o Clube de Engenharia onde foi homenageada por “senhoras ilustres”25 em 1925, servem de exemplos do círculo social do qual Bertha participava. Além das diversas associações femininas, para citar apenas alguns exemplos, lembrando que dentre estas, estavam freqüentemente agremiadas cientistas ou outras profissionais – como também era comum nos EUA, como a Society of Women Geographers, com a qual Bertha se correspondeu na década de 1930 (MN BL). Sua ampla rede de relacionamentos inclui pesquisadores e instituições estrangeiras, principalmente museus de história natural ou organismos internacionais de pesquisa como o Smithsonian Institution.

Principalmente a partir de 1922, como na viagem que fizera aos EUA, Bertha Lutz expande seus contatos tanto feministas26 como científicos naquele país, incentivada pelo Museu Nacional, que objetivava justamente “estreitar relações” com diversas instituições estrangeiras. O momento, marcado pelo início da hegemonia norte-americana no pós-guerra, aponta para uma orientação da ciência – e também do movimento feminista – que vinha se fazendo no Brasil cada vez mais com referência nos EUA. Da mesma forma a inclinação de Bertha na área de organização museológica, parece seguir uma orientação didática e “democrática”, proposta norte-americana inovadora em relação à tradição européia (BENCHIMOL; SÁ; et alii, 2003).

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A pista é dada pelas entrevistas com mulheres cientistas, no âmbito do projeto coordenado por Nara Azevedo, “Gênero e Ciência: carreira e profissionalização no Instituto Oswaldo Cruz, Museu Nacional e Instituto de Biofísica. 1939-1968” (CNPq), como Paula Laclette e Margareth Emerich, que trabalharam na área de botânica do Museu Nacional.

25

Cf. D. Bertha Lutz. Homenagem das senhoras Brasileiras à Ilustre Presidente da União Interamericana de Mulheres. (1925).

26

O ano de 1922 parece ser muito significativo em sua articulação feminista. Em abril, nos EUA, ao participar da Conferência Pan Americana de Mulheres, organizada pela Liga das Mulheres Eleitoras em Baltimore, conhece a líder sufragista Carrie Chapman-Catt. Esta acompanha Bertha Lutz em seu retorno ao Brasil, e a auxilia na fundação da FBPF em agosto do mesmo ano, dando grande visibilidade ao movimento no país. O início da década de 1920 é considerado um momento de “aproximação continental” de mulheres, encabeçado pelas organizações feministas norte-americanas. Cf. D. Bertha Lutz... (1925) e ALVES (1977).

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Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP – USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.

Além disso, indícios instigantes da colaboração da comunidade científica com os movimentos de mulheres deverão ser melhor investigados. Um exemplo é a ocorrência de conferências feministas anexadas aos próprios congressos científicos, como em 1924 em Lima27, apontada no acervo da FBPF. O panamericanismo e a organização criada em torno desse ideal (União Pan Americana), incentivados pelos EUA e agremiando agentes diversos, também devem ser considerados na intrincada rede de relações de Bertha em que feminismo e ciências figuram juntos. Em 1925, a Conferência de Mulheres em Washington fora sediada por essa União28, a mesma que, junto com a Associação Americana de Museus, intermediou a premiação de Bertha com a viagem oferecida pela Carnegie Corporation e Endowment for International Peace, para estudos dos museus norte-americanos.

É significativo o engendramento entre ciências e feminismos na trajetória de Lutz já apontado, inclusive textualmente, nos jornais da época, como este ao anunciar a sua promoção “por merecimento” em 1938: “Fez jus a essa promoção, militando há longos anos na seção de Botânica do Museu Nacional ”.29

Uma consideração importante é notar o discurso legitimador da ciência na militância de Bertha Lutz, numa época em que a própria profissão científica se consolidava. A valorização da ciência a serviço da nação, em voga já no século XIX, disseminou o ideal de Progresso, também empregado amplamente por Bertha em seus projetos feministas, freqüentemente associado ao ideal da educação. Ao mesmo tempo reivindicada para o “progresso feminino”, a educação das mulheres era justificada como necessária à própria evolução do país, atribuídas elas próprias ao papel de “educadoras” e “espíritos precursores do progresso”.

Em 1925, ao signo do Progresso soma-se o de “manutenção da Paz”, refletindo uma preocupação mais consolidada com as conseqüências da Primeira Guerra, e muito incorporada num discurso norte-americano. Retornando da conferência feminina de que participara em Washington, suas palavras veiculam uma “aproximação intercontinental” de mulheres, as quais seriam as guardiãs de uma “Paz Americana, prelúdio da Paz Universal” 30.

Avaliar a contribuição de Bertha no processo de educação e profissionalização de mulheres implica em investigar também a própria construção de sua carreira. Para tal, apóio-me numa bibliografia que tem enfatizado a importância de olharmos com mais atenção para a

27

AN. FBPF. “Memória apresentada à II Conferência Pan-Americana de Mulheres, anexa ao II Congresso Científico Pan-americano (Lima, 1924)”.

28

Cf. D.Bertha Lutz... (1925)

29

AN.FBPF. Recorte de jornal, 1938 (sem nome).

30

Discurso proferido no Clube de Engenharia em 1925, retornando da Conferência Interamericana em Washington, onde discutira sobre “a educação e a instrução femininas” e “as condições de trabalhos da mulher na indústria – quer em grande, das fábricas, quer em particular, de caráter doméstico -, no comércio e nas profissões”, além de sua situação jurídica. Foi eleita ali presidente da União Interamericana de Mulheres. Cf. D.Bertha Lutz...(1925).

(11)

Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP – USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.

atuação científica de Bertha Lutz, engendrada em sua militância feminista, seja para a história das ciências, das mulheres ou de gênero31.

Os principais estudos acerca desta personagem, que datam da década de 1970/80 e continuam a embasar trabalhos mais recentes tendem a focalizar a militância de Bertha pelos direitos ao voto feminino e sustentam a tese da continuidade de um sistema patriarcal, dando pouca atenção à sua luta pela educação de mulheres e o conseqüente impacto numa ideologia de gênero. A dimensão científica de sua trajetória, até então praticamente ignorada, oferece subsídios que apontam para a construção de novos papéis femininos na sociedade e, como no caso de Bertha, a participação de mulheres nas ciências.

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31

Para este enfoque na análise de Bertha Lutz, ver alguns resultados das pesquisas de Maria Margaret Lopes em LOPES et alii (2004) e LOPES (2006a; 2006b; 2006c).

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Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP – USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.

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