Sob a Autoridade Espiritual de Kyabje Kalu Rinpoche
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Lodjong
Texto de Tchekawa Yeshe Dordge Comentário de Kongtrul Rinpotché Tchekawa Yeshe Dordge Centro Budista Tibetano Kagyü Pende Gyamtso ‐ DF 425 ‐ Condomínio Jardim América ‐ Lotes F1/F3 ‐ G2/G4 Sobradinho II ‐ DF ‐ Cep: 73070 ‐ 023 ‐ Fone: (61) 34 85 06 97 – Site: kalu.org.br
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Texto de Tchekawa Yeshe Dordge Comentário de Kongtrul Rinpotché KPG 04‐10‐2011 Centro Budista Tibetano Kagyü Pende Gyamtso ‐ DF 425 ‐ Condomínio Jardim América ‐ Lotes F1/F3 ‐ G2/G4Lodjong
–O treinamento da mente
( à Bodhicitta)« O treinamento da mente em 7 pontos »
Texto de Tchekawa Yeshe Dordge « A via direta para o Despertar » Comentário de Kongtrul Rinpotché A] A origem da transmissão B] A necessidade deste aprendizado C] A explicação do texto raizA) As instruções de Tchekawa Yeshe Dordge I ] Ensinamento sobre as preliminares. (1 verso) 1] Preliminares de uma sessão ( Guru Yoga ) 2] Instruções preliminares ( as quatro preliminares comuns) II ] Corpo da prática: o aprendizado da Bodhicitta 1] Ocasionalmente : A meditação sobre a Bodhicitta última 1) Instruções para as sessões ( 4 versos) 2) Instruções para as inter‐sessões (1 verso) 2] Principalmente : A meditação sobre a Bodhicitta relativa 1) Instruções para a preparação 2) Instruções para a prática em si ‐ Tong Lene (2 versos) 3) Instruções para as inter‐sessões ( 4 versos) III ] Manter a prática na vida cotidiana 1] Transformação em função da Bodhicitta relativa (2 versos) 2] Transformação em função da Bodhicitta última (2versos) 3] Transformação em função das práticas especiais : (2 versos) _As 4 preparações : 1) Reunião das acumulações 2) Confissão dos atos negativos 1_As 4 forças 2_Os 6 antídotos 3) Doação de torma aos deuses e demônios 4) Oferenda de torma às dakinis e protetores IV ] Ensinamento de uma forma condensada da prática para uma vida inteira 1] O que é para se fazer durante esta vida (2 versos) _As 5 forças 1) Força de impulsão 2) Força de familiaridade 3) Força das sementes brancas 4) Força da renúncia 5) Força das aspirações 2] O que se deve fazer no momento da morte (2 versos) 1) A força das sementes brancas 2) A força das aspirações 3) A força da renúncia 4) A força da impulsão 5) A força da familiaridade V ] Critérios de progresso na aprendizagem espiritual (4 versos) VI ] Os engajamentos da aprendizagem espiritual (16 versos) VII ] Conselhos para a aprendizagem espiritual. (21 versos ) B) Ensinamentos complementares vindos da linhagem Conclusão ‐ Colofão
O treinamento da mente em 7 pontos
Tchekawa Yeshe Dordge“A Via Direta Para o Despertar”
Djamgön KontrulPREFÁCIO
No ano de 1042 depois de Jesus Cristo, o tradutor Rintchen Zangpo acabou por persuadir Dipankara Atisha (1) (982 – 1054) a vir ao Tibet. Atisha* avaliou rapidamente as dificuldades, que o Budismo enfrentou no dia seguinte à tentativa de destruição que havia empreendido Langdarma*, um século antes.
Ele trabalhava no estabelecimento de uma compreensão correta da prática espiritual, ensinando a síntese das três linhagens do Budismo indiano: 1) a linhagem
da Filosofia Profunda iniciada pelo Buddha Shakyamuni e seguida por Nagarjuna* sob
a inspiração do Bodhisattva Mandjugosha*; 2) a linhagem da Grande Atividade procedente também do Buddha Shakyamuni e retomada por Asanga* sob a inspiração do Bodhisattva Maitreya* e 3) a linhagem da Prática da Graça Inspirada, procedente do Buddha Vadjradhara* e transmitida por Tilopa.
A apresentação de Atisha coloca particularmente em relevo o papel essencial do Refúgio e da Bodhitchitta*. Sua insistência sobre o Refúgio como base de toda prática do Dharma o fez ser chamado “O Erudito do Refúgio”.
Anteriormente em sua vida, Atisha teve muitas visões e experiências que lhe indicaram cada vez a necessidade da Bodhitchitta para a realização da Budeidade. Ele foi conduzido a empreender um longo périplo via Indonésia, onde ele encontrou
Serlingpa, de quem recebeu numerosos ensinamentos sobre o assunto. Serlingpa lhe
ensinou a técnica da “aprendizagem espiritual”: sistema de prática no qual nosso próprio modo de pensar e de considerar as situações na vida diária é sistematicamente modificado por refletir o que um Bodhisattva pode considerar ou encontrar nas mesmas situações. Serlingpa, ele próprio escreveu obras sobre esta técnica, das quais uma é incluída na tradução que segue.
Atisha transmitiu estes ensinamentos a seu mais próximo discípulo, Drom
Teun Rimpoche* (1005 – 1064), o fundador da linhagem Kadampa*. Num primeiro
momento, seus ensinamentos não se propagaram: eles foram largamente conhecidos graças a Tcheka‐oua Dordje* (1102 – 1176).
Tcheka‐oua entrou em contacto com estes ensinamentos de forma quase acidental. Visitando um amigo, ele pousou o olhar sobre um livro aberto, deixado ao azar sobre uma cama, e leu a linha seguinte: “Deixa a vitória aos outros tome para você a derrota”. Intrigado por esta idéia pouco familiar, ele procurou o autor e descobriu que aquilo que lera fazia parte das “Oito instâncias sobre a aprendizagem espiritual” de Langri Tangpa.
Apesar do Langri Tangpa já estar morto, Tcheka‐oua pode encontrar Chara‐
oua, um outro mestre Kadampa que tinha recebido esta transmissão, para receber
praticou a aprendizagem espiritual e resumiu este método no “Os Sete Pontos da Aprendizagem Espiritual”. Ao longo dos anos, estes ensinamentos se propagaram largamente e, apesar da existência do próprio comentário de Tcheka‐oua sobre “os Sete Pontos”, numerosos mestres foram inspirados e impelidos por seus discípulos a escrever por mais tempo sobre este assunto. Djamgoeun Kongtrul (1813 – 1899) foi um destes instrutores. Como principal artífice da renovação religiosa no Este do Tibet no século XIX, imagina‐se facilmente seu entusiasmo ante a oportunidade que lhe foi dada de escrever sobre um ensinamento altamente estimado e que foi, à sua época, assimilado por todas as escolas do Budismo no Tibet.
Kongtrul nasceu e cresceu na tradição Bön. Muito jovem adquiriu um conhecimento total desta tradição graças a seu pai, sacerdote Bön. Expulso de seu país natal por dificuldades políticas, Kongtrul encontrou seu caminho pouco antes de seu vigésimo ano do monastério Kagyupa de Papoung. Suas brilhantes qualidades chamaram a atenção de Situ Pema Nyingdje, o mais alto na hierarquia dos Lamas Kagyupas* do Leste do Tibet. Sob a tutela de Situ, Kongtrul fez grandes e rápidos progressos, tanto espirituais como intelectuais, e tornou‐se, aos vinte e cinco anos, um instrutor reputado. Sua influência sob o Budismo foi, em seguida, considerável. O texto traduzido aqui procede de uma coleção de ensinamentos compilados por Kongtrul: “Dam Nga Dzeu”, que expõe as técnicas budistas essenciais de todas as escolas do Tibet. Esta coleção faz parte das cinco grandes obras redigidas por Kongrul: ʺOs Cinco Tesouros”, trabalhos que englobam toda a erudição tibetana e são uma das maiores produções do movimento “Rime” ou “Imparcial”.
Este movimento teve por instigadores vários mestres no século XIX: Kongtrul, Khyentse Wangpo, Dza Patrul, Tchugyur Lingpa entre outros. Eles se designavam diferentes fins, dos quais os três mais remarcáveis foram de preservar os ensinamentos excepcionais, de desencorajar as malfeitorias do sectarismo e de sublinhar a importância da prática e de sua aplicação na vida cotidiana.
A transmissão de técnicas excepcionais e pouco conhecidas é muito vulnerável às interrupções. Uma vez que, quebrada, uma linhagem iniciática não pode ser restabelecida, o cuidado dos instrutores Rime foi o de reunir e preservar as técnicas de meditação raras e poderosas que estavam ameaçadas de desaparecer. Este objetivo foi atingido principalmente graças às imensas coleções de meditações acompanhadas de suas respectivas iniciações reagrupadas por Kongtrul e Khyentse.
Uma vez que Kongtrul e outros aspiravam por outro lado desencorajar o sectarismo mais rígido, eles não tinham a intenção de formar uma nova escola ou uma nova linhagem. A idéia Rime era a da aceitação da validade e da qualidade de todas as tradições budistas, tudo isto praticando de acordo com a linhagem e o ensinamento que cada um encontrasse apropriado a sua pessoa.
Um maravilhoso exemplo desta abordagem é a obra de Dza Patrul Rimpoche
“Kun zang lame chel loung”, introdução detalhada às práticas preliminares da tradição Nying Tig da escola Nyingmapa. É um livro magnificamente escrito, que se
refere frequentemente à bibliografia de numerosos mestres para ilustrar diferentes aspectos do ensinamento.
Patrul Rimpoche não se refere apenas aos santos Nyingmapas, mas descrevem também o caminho e os ensinamentos de instrutores Kagyupas, Kadampas, etc. Ele também coloca em questão os costumes sociais ordinários do estado dos monges e dos laicos. As pessoas que ele percebe em contradição com as práticas budistas, ele as submete a uma crítica severa e encoraja a disciplina na aplicação da prática nas situações da vida cotidiana. Disto resulta um texto extraordinariamente rico, após o qual se sente uma tradição de prática particularmente poderosa e profunda, expressando‐se de uma forma muito significativa a todos aqueles que seguem o Dharma, tomando sua inspiração em todas as tradições do Budismo.
Seu terceiro cuidado enfim, e talvez o mais importante, era o de recolocar como valoroso a aplicação do Dharma na vida cotidiana. Por seus instrutores é preciso evitar que o Dharma se esclerose, que ele não seja restrito à erudição e às recitações, a uma esclerose de respostas e de práticas rígidas: é necessário, ao contrário, que ele conduza a disciplina de usar de sua inteligência e de sua compaixão em todos os aspectos de sua vida.
Este tema é exatamente o assunto dos “Sete Pontos da Aprendizagem Espiritual”.
Para a maior parte de nós, é difícil usar uma verdadeira inteligência e uma verdadeira compaixão em todas as circunstâncias. Nosso egocentrismo, nosso cuidado com nós mesmos, acobertam e condicionam constantemente nossas percepções e nossos comportamentos em face aos acontecimentos ao redor de nós.
Quando nossa apreensão egocêntrica é muito forte, nós não a largamos de mão e nossas tentativas de aplicar a compaixão e a inteligência são desastradas e fontes de arrependimento.
Se, contudo, chegamos a compreender que o ego não é senão uma tripa, que o si mesmo, ao qual tanto nos apegamos, não é nada de fato e, se, nos familiarizamos com o hábito de doar nossa felicidade para o bem dos outros e nos encarregamos de seus sofrimentos, poderemos melhor renunciar ao ego como se desembaraça, sem arrependimento, de uma velha roupa inútil.
Esta compreensão e esta familiaridade se desenvolvem durante a meditação sentada, que emprega as técnicas tratadas neste livro. A meditação sentada é essencial porque é o único meio de fazer penetrar o sentido profundo das palavras e de compreendê‐las diretamente. Entretanto, se nossos atos do dia a dia não são os reflexos de nossa prática meditativa, nossa meditação é vã.
No caso contrário, não apenas tornamo‐nos mais abertos, mais sensíveis, mais tolerantes e menos agressivos, mas nós nos sentimos, desta forma, autenticamente em paz conosco mesmos, ficamos felizes e naturalmente alegres, mesmos confrontados por situações difíceis; e nossas ações não trarão arrependimentos nem vergonhas retrospectivas.
É por isso que boa parte do livro se apresenta sob a forma de conselhos para abordar situações comuns da vida. A prática continuada da meditação e a atenção ao comportamento de todos os dias estão juntas, elas são os dois aspectos da prática, e
não duas atividades independentes. Uma pessoa, por exemplo, que esteja avançada no exercício destas técnicas e que encontra uma infelicidade qualquer, imaginará espontaneamente que este sofrimento se funde nele.
Uma vez que trabalhemos sobre estes dois aspectos conjuntamente, a apreensão egocêntrica desaparece, e nasce uma inteligência e uma compaixão autênticas, a realização da ausência de entidade intrínseca, a compaixão espontânea. Que estes ensinamentos que muito nos trazem, sejam salutares à outros praticantes do Dharma.
“A Via Direta Para o Despertar”
Djamgoeun Kongtrul
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Comentário introduzindo sem dificuldade os seres comuns aos ensinamentos do Mahayana intitulado:
Os Sete Pontos a Aprendizagem Espiritual
Theka‐ouaYeshe DorgeGURU BUDHA BODHISATTVA BHYONAMA (2) Com uma confiança indivisível, coloco acima de minha cabeça. O lótus (onde repousam os) pés do sublime Buddha Que primeiro seguiu a roda do Amor Depois triunfou plenamente na realização dos dois objetivos Inclino‐me ante Avalokiteshvara, Manjushri, E dos outros filhos ilustres do Vencedor Que embarcaram na nave da compaixão Heróica e liberaram os seres do oceano dos sofrimentos. O insuperável amigo espiritual que mostra O caminho excelente da vacuidade e da compaixão É o guia de todos os Vencedores: Posterno‐me aos pés do grande Guru. Explicarei aqui o caminho tomado pelo Vencedor e seus Filhos Fácil de compreender, ele é límpido. Da prática fácil, engaja‐se nela com alegria; Ela é, entretanto profunda e conduz a Budeidade. Com o propósito de desenvolver um comentário consagrado aos “Sete Pontos
da Aprendizagem Espiritual”, que são instruções essenciais particularmente
excelentes para a meditação sobre a Bobhitchitta, tratarei aqui do assunto sob três rubricas:
A] A origem da transmissão
B] A necessidade desta aprendizagem
C] A explicação do próprio texto raiz
A]
A origem da transmissão
O glorioso mestre Atisha estudou muito tempo junto a três grandes instrutores:
1)Dharmakirti*, mestre da Bodhichitta que recebeu a transmissão direta das instruções espirituais do Buddha e de seus Filhos;
2) Guru Dharmarakchita (3), que realizou o sentido da vacuidade tomando como suporte o amor e a compaixão e que, num ato de altruísmo doou sua própria carne;
3) O yogui Maitreya, que podia realmente se encarregar dos sofrimentos dos outros.
Com uma longa e obstinada aplicação, Atisha prosseguiu seus estudos até o fim e sua mente se preencheu da experiência da Bodhitchitta. Ele veio ao Tibet e foi um grande protetor do Dharma, e, uma vez que detivesse uma grande coleção de ensinamentos, ele os ensinava apenas em função do método que será o assunto aqui. Entre seus inumeráveis discípulos de três categorias*, que ele conduziu à liberação, os três principais foram Kouteun Tseundru, Ngo Tcheukou Dordje e Drom Teum (5). Associa‐se a Drom Teum Rimpoche, manifestação viva de Avalokiteshavara, três tradições orais: os textos canônicos, as instruções‐chaves e as instruções particulares (6). Elas foram ensinadas respectivamente a três grandes discípulos, emanações dos mestres das três Famílias*.
Pouco a pouco, estes ensinamentos foram transmitidos por todas as grandes mentes. A tradição segundo a qual são expostos os seis textos canônicos dos Kadampas passou à escola Guelukpa*, os ensinamentos que continham as instruções‐ chaves das quatro Nobres Verdades* passaram à linhagem Dakpo* Kagyu. Ambos preservaram o tratado das instruções profundas sobre as Dezesseis Essências.
A preciosa tradição Kadampa é, assim, conhecida como a detentora da doutrina dos Sete Dharmas e Divindades (7): a preciosa tradição oral, na qual as quatro divindades ornam o corpo; as três cestas, a palavra e três disciplinas (8), a mente.
Todas estas instruções incomensuráveis, aquelas que aparecem firmemente nos Sutras como aquelas que têm lugar com os Tantras*, dizem respeito exclusivamente ao caminho da união da compaixão e da vacuidade.
Uma vez que ensinamento insiste, sobretudo na Bodhitchitta relativa, a maioria dos grandes mestres desta linhagem ensinou e mostrou habilmente, pelo exemplo de suas vidas, a técnica da troca de si mesmo com o outro.
Entre os múltiplos comentários sobre esta técnica, os “Sete Pontos” são provenientes da tradição das instruções espirituais do grande Tcheka‐oua Yeche Dordje.
B]
A necessidade desta aprendizagem
Não sejais ávidos de felicidades efêmeras que são o apanágio dos deuses e dos homens nas esferas superiores*. Poderíeis atingir a realização dos Shravakas* ou dos Pratiekabuddhas*, mas é necessário que compreendais que esta não é a última e total transcendência* do sofrimento. Assim, convém buscar unicamente o perfeito estado de Buddha. Não existem outros métodos para atingir este estado, senão o de apoiar‐se nas duas meditações: a Bodhitchitta relativa para exercitar a mente a desenvolver o amor e a compaixão, e a Bodhitchitta última para se fixar no estado não discursivo. Nagarjuna disse: Se o mundo inteiro ou eu mesmo Desejarmos atingir o insuperável Despertar, Só a Bodhitchitta será a causa disto: Uma compaixão estável como a Rainha das Montanhas* Que irradia em todas as direções, E a sabedoria primordial liberada de toda dualidade.Além do mais, qualquer que seja o mérito e a sabedoria que se tenha acumulado, a base para entrar no Mahayana, que é a perfeição da transcendência do sofrimento sem permanência, é somente o desenvolvimento da Boddhicitta. E esta nasce graças ao amor e da compaixão.
Mesmo que se tenha acessado a Budeidade última, não se terá mais a fazer senão trabalhar para o bem dos outros por meio da compaixão que não concebe destinação.
A verdadeira Bodhitchitta última não nascerá na mente do iniciante, mas este poderá produzir a Bodhitchitta relativa se ele exercer‐se.
Uma vez que esta esteja desenvolvida, ele realizará espontaneamente a Bodhitchitta última. Por esta e outras razões, a fim de desenvolver a Bodhitchitta deveis meditar desde o início ensinamentos sobre a boddhicitta última. Uma vez que aspirais às instruções relativas ao assunto, eis qual é o método de base, de acordo com o mestre Shantideva*: Aquele que deseja uma proteção rápida Para os outros e para si próprio Deve praticar este mistério sagrado: A troca de si mesmo com o outro.
Conseqüentemente, apenas são expostos nesta obra as etapas da meditação sobre a troca de si com o outro; todos os demais graus de aprendizagem espiritual não são senão prolongamentos disto.
C]
A Explicação do Texto Raiz
A terceira e última parte deste comentário é dividida em duas secções: A) Explicações das instruções de Tche Ka‐Oua Yeshe Dordje B) Ensinamentos complementares provenientes da linhagem.A) Explicação das Instruções de Tcheka‐Oua Yeshe Dordje
A primeira secção contém
ʺOs Sete Pontos da Aprendizagem Espiritual”:
I
Ensinamentos sobre as preliminares,
fundamento do Dharma
II
O corpo da prática: aprendizagem da Bodhichitta
III Manter a prática na vida cotidiana
IV Ensinamento de uma forma condensada da prática
para uma vida inteira
V
Critério de progresso na aprendizagem espiritual
VI Os compromissos da aprendizagem espiritual
VII Conselhos para a aprendizagem espiritual
Ensinamentos sobre as preliminares
Fundamento do Dharma
É dito:!, ,.%- 0R- }R/- :PR- .$- =- 2a2,
Em primeiro lugar estude as preliminares.Dois aspectos são aqui considerados:
1) As preliminares a uma sessão de meditação
2) As instruções preliminares.
1) As preliminares a uma sessão de meditação
Inicialmente, no começo de cada sessão de meditação, pensai que vosso Lama‐ Raiz * reside sobre um trono de lótus e de lua (9) sobre vossa cabeça. Seu corpo está radiante, seu rosto é sorridente, ele considera todos os seres com uma compaixão não‐intencional.Pensai que ele é a presença de todos os Lamas – raízes* e dos Lamas da linhagem*.
Com uma intensa e sincera aspiração devocional reze assim:
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Evoco a graça de meu Lama, O amigo espiritual grande e perfeitamente puro
Rezo para que façais nascer em mim amor, compaixão e Bodhitchitta incomparáveis.
Se desejardes, fazei também a oração da linhagem (10), mas o essencial é cumprir o precedente cem ou mil vezes. O lama desce em seguida pelo orifício de Brahma (11). Pensai que ele habita em vosso coração, num tabernáculo de luz semelhante a concha aberta e desenvolvais uma grande aspiração, uma devoção sincera. É importante fazer esta meditação de união com vosso Lama no começo de cada sessão.
2) As instruções preliminares.
Em segundo lugar as quatro reflexões seguintes podem ser novidades para vós: 1) A dificuldade de obter as liberdades e as aquisições. 2) A impermanência e a morte. 3) A estrutura defeituosa do ciclo das existências*. 4) O ato causa‐fruto.
Neste caso, elas são explicadas em detalhes no texto: ”A Via Progressiva”. É preciso meditar até que elas se impregnem completamente em vossa pessoa.
Eis, brevemente resumidos, os pontos essenciais destas reflexões:
1) A obtenção desta preciosa existência humana perfeitamente livre e com as qualidades necessárias, fundamento da prática do Dharma, tem como causa a prática da excelente atividade positiva. A proporção dos seres que não praticam senão a virtude é muito pequena: difícil é pois a obtenção dos frutos que são as liberdades e as aquisições*. Observando o número de seres que tem outras formas de vida, como a existência animal, por exemplo, fica claro que relativamente muito poucos obtêm a vida humana. Em conseqüência, é preciso, por cima de tudo consagrar ‐ se ao Dharma para que o potencial do corpo humano presentemente adquirido não seja desperdiçado.
2) Além do mais, sendo a vida incerta, as causas de morte inumeráveis, não temos certeza que não morreremos hoje; é necessário orientar nossos esforços para com o Dharma desde agora. A morte vem, à exceção da atividade positiva ou negativa, nada nos seguirá: a riqueza, a alimentação, as possessões, as terras, o poder, nem mesmo o corpo.
Uma vez que tudo isto não terá então a menor porção de utilidade, são, de fato, sem necessidade alguma.
3) Após a morte, qualquer que seja aquela das seis classes de seres*, onde o carma nos impulsionará a renascer, não haverá senão sofrimento, sem sequer uma pitada de felicidade.
4) Dado que o sofrimento e a felicidade advêm inelutavelmente, como resultado da atividade respectivamente negativa ou positiva, deve‐se evitar fazer o mal, ainda que com risco para sua vida. É preciso fazer unicamente ações positivas, com assiduidade.
_Deveis treinar de cultivar estas idéias com perseverança.
_No fim de cada sessão de meditação, fazei a prece de sete ramos, quantas vezes vós possais. _Entre sessões, coloque os aspectos de vossas reflexões em prática. Isto se aplica a todas as formas de preparação e de prática.
O Corpo da prática :
O aprendizado da Bodhicitta
Este assunto consta de duas partes: 1] Ocasionalmente, a meditação sobre a Bodhitchitta última 2] Principalmente, a meditação sobre a Bodhitchitta relativa.1] A bodhitchitta última
A explicação desta meditação compreende dois aspectos: 1) Instruções para as sessões de meditação 2) instruções para os intervalos intersessões1) Instruções para as sessões de meditação
Uma vez que vós tenhais feito em preparação o Guru–Yoga (descrito precedentemente), sentai‐vos, com o corpo bem reto. Contai, sem agitação, os ciclos de vossa respiração (inspiração ‐ expiração) até vinte e um. Este exercício fará de vós um receptáculo apropriado à concentração. E após isto, mediteis:
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Pensais que todos os fenômenos são semelhantes aos sonhosOs fenômenos concretos, animados ou inanimados, nos aparecem como objetos exteriores. Todas estas aparências são, de fato, unicamente manifestações da confusão mental; eles não têm a menor existência verdadeira (12). Parecem com os fenômenos que se produzem nos sonhos.Exercitai‐vos um pouco com o propósito de pensar assim. Reflitais: ”A mente tal como ela é, é real?ʺ (13).
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Examineis a disposição natural da consciência não nascida
Quando se observa diretamente a natureza de sua mente, ela não tem cor, forma, etc. Não tendo origem, ela não nasceu, nem habita atualmente qualquer parte
dentro do corpo ou fora dele. Enfim, ela não é um objeto que se move ou cesse de existir.
É preciso chegar a uma conclusão precisa e indubitável referente à natureza desta consciência desprovida de origem, de cessação e de localização, isto como meio de exame e de pesquisa da mente.
Se então o pensamento de um antídoto surge, como: “a mente e o corpo são vivos”, ou ainda: “nada é bom ou mau na vacuidade”:
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Deixais o próprio antídoto se esgotar espontaneamente Uma vez que se examine a presença do próprio antídoto, que não é senão um pensamento inclinado a concluir por uma não–existência, isto, mesmo desprovido de referência, se esgota espontaneamente. Permanecei relaxados neste estado. Este ensinamento dá as instruções particulares sobre a concepção da existência em relação à meditação analítica.,=3- IA- %R2R- !/- $8A:A- %%- =- $8$,
Permanecei na essência na Via na natureza fundamentalEsta instrução revela a maneira de “permanecer”. Quando se está livre de todas as atividades das sete consciências*, o termo “nobre natureza de Buddha” indica a essência de todos os fenômenos, o estado natural da cognição fundamental. Permanecei no não–agir, sem traço algum de uma natureza existente como algo, sem apego mental de nenhum tipo, num estado caracterizado por uma claridade não discursiva e uma pura simplicidade. Em resumo, não sigais as flutuações do pensamento, por tão longo tempo quanto possível: permanecei manifestamente no domínio onde a própria mente está clara, ainda que livre de todo pensamento discursivo. É a meditação durante a qual se permanece Em seguida terminai a sessão com a prece de sete ramos.
2) Instruções para os intervalos intersessões
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Entre duas sessões, perceba como um jogo mágicoEntre as sessões de meditação, qualquer que seja vossa atividade, não vos separe da experiência da meditação na qual se permaneceu. Treine sempre uma inclinação para o reconhecimento de que tudo que aparece, o próprio eu ou o outro inanimado ou animado, é desprovido de realidade intrínseca e não é nada em si mesmo. Seja como o mágico (que sabe que suas criações não têm realidade alguma).
2] A Bodhitchitta relativa
A explicação desta meditação compreende três partes: l) As instruções para a preparação; 2) As instruções para a própria prática; 3) As instruções para os intervalos intersessões.l) As instruções para a preparação:
Faça, no início, a prática preliminar do Guru Yoga tal como foi explicada precedentemente.
É necessário em seguida, meditar sobre o amor e a compaixão, que são a base da “tomada para si” e da doação. Imaginando em primeiro lugar que vossa própria mãe está presente diante de vós, medite profundamente com compaixão: “esta pessoa é minha mãe, ela se ocupou de mim com aplicação desde o momento em que fui concebido. Por ela ter enfrentado todas as dificuldades da doença, do frio, da fome, etc., por ela ter me dado alimento e vestes e lavou meu corpo de suas máculas, porque ela me ensinou o que é bom e me afastou do mal, encontrei a doutrina de Buddha e pratico agora o Dharma. Que grande bondade a sua! Não apenas nesta vida, mas igualmente num ciclo infinito de existências, ela fez o mesmo. Então como ela me ajudou tanto, ela erra agora no ciclo das existências e experimenta todas as sortes de sofrimentos e de penas”.
Assim, uma vez que vós tenhais desenvolvido a verdadeira compaixão – não apenas as recitações formais – uma vez que estejais treinados nisto, aprendais a estender progressivamente . Desde tempos imemoriais, cada ser sem exceção foi bom para mim como minha mãe.
Refletindo assim, meditai inicialmente sobre os objetos para com os quais é fácil de desenvolver a compaixão: vossos amigos, vosso cônjuge, vossos pais, aqueles que vos ajudaram, aqueles que estão nos mundos inferiores, lugares de grandes tormentos, os deficientes e aqueles que ainda que felizes neste mundo, cometem tanto mal que irão para as esferas infernais quando morrerem.
Tendo vos exercitados sobre estes tipos de indivíduos, tome as pessoas mais difíceis: vossos inimigos, os malfeitores, os demônios, etc. Enfim, meditai sobre todos os seres. Devereis pensar assim: “Todos os seres, meus pais outrora, não apenas experimentam inumeráveis sofrimentos, que eles não aspiravam, mas possuem igualmente um vasto potencial de sofrimento. Que tristeza! Que fazer? “De volta, para o bem deles, o mínimo que posso fazer é dissipar seus tormentos e estabelecê‐ los no bem estar e na felicidade”. Desenvolvei tal atitude em relação a isto, que ela se torne de uma intensidade intolerável.
2) As instruções para a própria prática
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Desenvolvei paralelamente a “tomada para si” e a doação; utilize a respiração como suporte.
Pensai: “Todos estes pais que são tornados objetos de minha compaixão, trazem a dupla aflição do sofrimento que eles efetivamente suportam e do potencial daqueles que eles deverão suportar: assim, tomarei sobre mim toda a soma das misérias de minhas mães, todas suas disposições, emoções* e ações negativas”. Meditai assim: ”Toda esta negatividade penetra em mim e eu me alegro com isto”. Pensai: “Distribuo todos meus atos positivos, minha felicidade do passado, do presente e do futuro, o uso de minhas faculdades corporais, minhas posses, a todos os seres, meus pais”.
Considerai que cada um deles recebe e cultivai uma grande alegria com o pensamento de que eles realmente o receberam.
Para tornar mais vívida esta transferência mental, cada vez que vós inspireis, imaginai que uma massa negra (espécie de luz negra), correspondente a todos os véus, atos nocivos e sofrimentos dos seres penetram em vós por vossas narinas e se fundem em vosso coração. Pensai que todos os seres assim se livrarão de suas negatividades e de seus tormentos para sempre.
Uma vez que vós expirais, imaginai que todas vossa felicidades e todas vossas virtudes se dispersam sob a forma de uma luz branca, durante a expiração, que se funde em todos os seres, e sejai feliz pensando que todos eles ascendem imediatamente à Budeidade.
Habituai‐vos a esta meditação fazendo da “tomada para si” e da doação apoiadas sobre a respiração, a parte principal de vossa sessão meditativa. Fora destes momentos de meditação, lembrai‐vos disto com cuidado e colocai–a em prática. “É isto mesmo o essencial do aprendizado espiritualʺ. Assim disse Shantideva freqüentemente: Se eu não troco totalmente Meu bem estar com o sofrimento dos outros Não realizarei a Budeidade: E no ciclo das existências não haverá felicidade.
3) As instruções para os intervalos intersessões.
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Três objetos, três venenos, três tipos de virtudes.
Continuamente os três venenos procedem dos três objetos: o desejo é produzido pelos objetos prazerosos e úteis; a aversão, pelos objetos desprazerosos e nocivos. A cegueira consiste em não ter nenhum sentimento relativo à um objeto provocando apego ou aversão. Desmascarai os três venenos desde que apareçam. Quando, por exemplo, nasce o apego, pensai: “Possam todas as formas de desejo de todos os seres se fundirem neste desejo que é o meu! Possam todos os seres possuir a fonte da virtude que é a ausência de todo desejo! Possa meu desejo servir para suprimir suas disposições negativas e que assim eles sejam desprovidos disto até suas realização da Budeidade”.
Faz‐se o mesmo para com a aversão e a cegueira.
Uma vez que este caminho é assim seguido na vida cotidiana, os três venenos tornam‐se três fontes ilimitadas de virtudes.
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Em todas as formas de atividades, Fazei vosso aprendizado com a ajuda de palavras. A todo o momento repitais as frases seguintes (ou outras parecidas) e cultivai atentamente as idéias que elas exprimem. Do Nobre Shantideva: Que suas negatividades amadureçam em mim, Que todas as minhas virtudes amadureçam neles! Ou, segundo a forma de expressão Kadampa: Ofereço o lucro e a vitória aos mestres, aos seres: Abraço as perdas e as derrotas. Ou ainda, como escreveu Gyelse Tokme*: Enquanto todo o sofrimento E a vilania dos seres amadurece em mim, Possam todas as minhas alegrias e minhas virtudes amadurecer neles!
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Iniciai a progressão da “tomada para si” sobre vós mesmos
Para poder tomar os sofrimentos dos outros para vós começai desde o início a progressão sobre vós mesmos. Mentalmente, assuma na hora todos os sofrimentos que chegarão à maturidade no futuro. Uma vez que estes últimos se dissipem, tomai sobre vós o sofrimento dos outros.
Manter a prática na vida cotidiana
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Quando o exterior e o interior estão imbuídos de negatividade, Transformai as condições adversas num caminho do Despertar.
Quando numerosos resultados de uma atividade mal orientada preenchem vosso universo, exteriormente vossa riqueza, as posses materiais diminuem; interiormente vossas relações sociais estão ensombreadas por seres grosseiros. É preciso transformar estas situações adversas que vos acomete em um caminho para o Despertar. Esta transformação se faz de três maneiras: 1) Em função da Bodhitchitta relativa, 2) Em função da Bodhitchitta última 3) Em função de práticas específicas.
1] Transformação em função da Bodhicitta relativa
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Reclame apenas de uma coisa.Caso estejais doente, abatido moralmente, mal tratado, humilhado, assaltado por inimigos ou querelas, em resumo, se uma situação indesejável grave ou insignificante, incomoda a vossa pessoa ou a vossos interesses, não jogue a culpa sobre qualquer objeto exterior pensando que isto ou aquilo está na origem do dano.
Esta mente que se apega a um ego lá onde ele não existe, seguiu seus próprios caprichos no ciclo das existências, desde toda a eternidade até agora e cometeu todo tipo de atos negativos.
Os sofrimentos que surgem no presente são somente os resultados destes atos. Não reclame, pois, os outros, mas culpeis a atitude egocêntrica que é a responsável.
Pensai que fareis todo vosso possível para domá‐la e canalizai todos os ensinamentos a fim de que eles destruam o apego ao ego.
No Bodhitcharyavatara*, está escrito: Quantos tormentos no mundo! Que soma de sofrimentos e medos! Se tudo isto vem da apreensão egocêntrica Que fará de mim este grande demônio? E Durante todos os séculos dos ciclos das existências Causas‐te‐me a miséria Agora me tornei consciente de todos seus danos E vencer‐te‐ie, a ti, mente egoísta!
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Medite que todos os seres tèm a grande bondade De uma maneira geral, não existe método para realizar a Budeidade que não se apóie em todos os seres vivos. Consequentemente, os Buddhas, assim como os seres comuns são dignos de reconhecimento por aquele que se consagram ao Despertar.Todos os seres são particularmente dignos de gratidão porque não há nenhum deles que já tenha sido vossos pais.
Especialmente deveis um grande reconhecimento a todos vossos inimigos (17) porque eles são vossos companheiros, assim como uma fonte de inspiração para acumulação de virtudes e sabedorias ao mesmo tempo em que para eliminar as impressões deixadas pelas disposições negativas.
Refletindo sobre isto, fazei da meditação da “tomada para si” e da doação. Não vos irriteis contra um cachorro nem mesmo contra uma lagarta. Experimente ajudá‐los concretamente, o tanto que possais. Se não podeis, então aplicando este pensamento, dizei: “Possa este ser ou este inimigo encontrar‐se rapidamente livre do sofrimento e possuidor de felicidade! Possa ele realizar a Budeidade!”. Formulai a seguinte resolução: “A partir de agora, toda a atividade positiva que eu realize, dedico‐a a seu benefício”. Cada vez que um deus ou um demônio vos atormente, pensai: “Ele age assim porque, desde tempos sem começo, eu o atormentei. Agora, em compensação, dou‐ lhe minha carne e meu sangue”. Imaginai o inimigo em sua frente e agora lhe ofereça vosso corpo como alimento, dizendo: “Desfrute de minha carne e de meu sangue e tudo mais que o desejar”. Este inimigo desfruta tanto e tão bem de vossa carne e de vosso sangue que ele se impregna de uma felicidade inesgotável e engendra os dois tipos de Bodhitchittas. Ou então pensai: “As disposições negativas foram desenvolvidas sem que me apercebesse delas porque não estou separado de seus antídotos”.
Uma vez que este inimigo me advertiu de minha negligência, ele deve, certamente, ser uma emanação do meu Lama ou do Buddha. Sou‐lhe muito reconhecido por isto porque me estimulou a aprendizagem da Bodhitcitta”.
Ou então ainda: quando advenham sofrimentos ou doenças, pensai com certeza: “Se isto não acontecesse, eu estaria distraído pelas atividades do mundo e não estaria atento ao Dharma. Que eu esteja consciente do Dharma, tal é a atividade do Lama e das Jóias e estou impregnado de gratidão”. Em resumo, aquele que pensa ou age com o único fim de realizar seu próprio bem é um ser mundano, aquele que reflete e age com o propósito de produzir o bem dos outros é uma pessoa religiosa. Lang Ritang disse: Revelo aqui o mais profundo dos ensinamentos, fiquem, pois, atentos! Todas as faltas são nossas, todas as qualidades são dos senhores os seres.
O essencial é que doemos o lucro e a vitória aos outros e que assumamos as perdas e as derrotas. Fora disto, não há nada para ser compreendido.
2] Transformação em função da Bodhicitta Última
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A insuperável proteção da vacuidade é a de considerar as aparências ilusórias como sendo os quatro Corpos
Todas as aparências em geral, mas, sobretudo as situações adversas são como sonhar que vós estais queimados e levados pelas ondas, atormentado. A mente outorga as aparências ilusórias de uma realidade que elas não têm. Deveis cortá‐la e adquirir a convicção que, ainda que existam os fenômenos aparentes, nem mesmo um átomo tem existência real.
Quando vós permaneceis num estado no qual os fenômenos não fazem senão aparecer e vós não vos apegais a eles, o fato que eles sejam vazios em essência é o Dharmakaya*, o fato de que eles sejam, claros é o Nirmanakaya*, o Sambhogakaya* a simultaneidade dos dois e o Svabhavikakaya* é a indissociabilidade de todos estes aspectos.
Esta instrução–chave ‐ permanecer num estado do qual está ausente a identificação de uma origem, de uma localização e de uma cessação – revela os quatro corpos. É a sublime instrução particular que destrói as aparências ilusórias e que se denomina “a armadura da visão justa e o círculo protetor da vacuidade”.
3] Transformação em função de práticas especiais
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O melhor meio é possuir as quatro preparaçõesAs quatro preparações são: 1) A preparação da reunião das acumulações, a preparação durante a qual 2) Os atos negativos são confesados, 3) A da doação de torma aos deuses e aos demônios, 4) Oferenda de torma aos dakinis e aos protetores*.
A utilização destas quatro preparações é o melhor meio através do qual as circunstâncias adversas são transformadas numa Via para o Despertar.
1) Primeira preparação: pensar: “Ainda que eu deseje ser feliz, apenas surge o
sofrimento; é um sinal que me é necessário cessar a atividade nociva, causa do sofrimento e ajuntar as acumulações, causa de felicidade e de bem estar”.
Assim também, reúna as acumulações de vosso melhor através de vossa atividade física, oral e mental, fazendo oferendas a vosso Lama e às Três Jóias, servindo aos membros da Sangha, doando tormas aos espíritos, ofertando lamparinas de manteiga, relicários, posternações, circumambulações, tomando refúgio, desenvolvendo a Bodhitchitta e, muito particularmente, fazendo a prece de sete ramos e a oferenda da Mandala (18). Servi–vos de orações que destruam a esperança e a apreensão (19): “Se é bom que eu esteja doente, eu peço a benção da doença; se for bom que eu seja curado, eu peço a graça da cura. Se for bom que eu morra, conceda‐me a graça da morte” 2) Segunda preparação: com a mesma aspiração que para o ajuntamento das acumulações, desenvolveis corretamente as quatro forças: 1) A força da desaprovação e do arrependimento dos atos nocivos cometidos no passado; 2) A força da rejeição das faltas consiste na resolução de não reiterar, mesmo com o risco de sua própria vida;
3) A força do suporte é a tomada de refúgio nas Três Jóias e a geração da
Bodhitchitta;
4) A força da prática dos antídotos é a de utilizar as orações que cortam a esperança e a apreensão, tudo remetendo aos seis antídotos: 1_A meditação sobre a vacuidade, 2_ A recitação de mantras e outros rituais, 3_A fabricação de estátuas, 4_A devoção, 5_A oferenda da Mandala e 6_A recitação dos sutras e a recitação de mantras purificadores.
3) Terceira preparação: Dai tormas a vossos inimigos exortai‐lhes à empreitada: ”Vós sois muito bons por me perseguir em conseqüência de meus atos anteriores e de me apresentar esta dívida a ser pago. Eu vos peço que me destruais. Eu vos imploro que o façam de forma que todos os sofrimentos indesejáveis, pobreza, ruína, miséria e doenças que caem sobre os seres, se fundam em mim”. Faça com que todos os seres sejam libertos do sofrimento
Se vós não podeis pensar desta forma, dai a torma e ordenai: “Quando medito sobre o amor, a compaixão, a tomada sobre si e doação, faço o possível para vos ajudar no instante atual e nos tempos que virão. Não façais obstáculo à minha prática do Dharma”.
4) Quarta preparação: Ofereça tormas aos protetores e encorajai–os a desenvolver suas atividades que apaziguam a situação adversa e estabelecem as condições favoráveis à prática do Dharma. Muito particularmente usem as orações vistas precedentemente para neutralizar a esperança e a apreensão (19).
Para fazer com que os obstáculos acidentais sejam transformados em um caminho para o Despertar.
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Aplicar a meditação em qualquer situação.Quando a doença, os demônios, os obstáculos ou as disposições negativas vos acometerem ou então quando veja qualquer um atormentado por qualquer coisa indesejável, pensai: “Simplesmente tomarei sobre mim e distribuirei”.
Em todos vossos pensamentos e ações virtuosas, dizei: “Possamos, eu e todos os seres, empreendermos uma atividade no Dharma ainda maior que esta”. Façai o mesmo quando vós estejais felizes e confortáveis.
Se vós tendes maus pensamentos, ou se vós estais propensos a agir negativamente, pensai: “Possam todos os pensamentos e ações negativas de todos os seres reabsorverem‐se neste aqui”.
Em resumo, guardai a motivação de ajudar o outro seja lá o que façais: alimentar‐se, dormir, andar, estar sentado. Quando estiverdes em presença de uma situação positiva ou negativa, treinai‐vos unicamente em desenvolver esta meditação de aprendizagem espiritual.
Ensinamento de uma forma condensada da prática
para uma vida inteira
A apresentação de uma forma condensada de prática para uma vida inteira compreende duas subdivisões: 1] A que é feita durante esta vida 2] Aquela que deverá ser feita no momento da morte.
1] A que é feita durante esta vida
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O resumo das Instruções particulares é: Trabalhai com as cinco forças. As cinco forças constituem um resumo conciso dos pontos cruciais da prática e reagrupado numa única frase de numerosos ensinamentos profundos sobre realização da prática do Santo Ensinamento.1) Força da impulsão: dê forte impulsão à atitude seguinte: “A partir deste
instante e até a Budeidade, particularmente até à morte, mais particularmente ainda este ano, este mês e muito especialmente de hoje para amanhã, não me separarei jamais dos dois tipos de Bodhitchitta”.
2) Força da familiaridade: cultivar sem cessar as duas Bodhitchittas, jamais se separar delas qualquer que seja a atividade que realizais, positivas ou negativas ou neutra.
Em resumo, cultivar a principal atividade positiva: a Bodhitchitta.
3) Força das sementes brancas: concentrar continuamente as energias do
corpo, da palavra e da mente na realização de atos positivos e não ficarmos jamais satisfeitos com nossos esforços em gerar e desenvolver a Bodhitchitta.
4) Força da renúncia: rejeitar completamente a apreensão do ego pensando,
quando nossas concepções egocêntricas surgem: “Anteriormente, desde tempos imemoráveis, tu, ego, me fizeste errar no ciclo das existências e experimentar todo tipo de sofrimentos”.
Além, todas as misérias e os atos nocivos desta existência não vêm senão de ti. Tua companhia não me encanta e também, desde já, devo fazer tudo possível para te subjugar e te anular. 5) Força dos desejos: dedicar toda nossa atividade positiva ao bem dos outros, orando sinceramente após toda forma de atividade positiva: “Possa eu obter o poder de conduzir todos os seres a Budeidade”.
Mais particularmente, a partir deste instante até a minha obtenção da Budeidade, possa eu não esquecer, mesmo em meus sonhos, os dois aspectos da preciosa Bodhitchitta! Possam eles crescer sempre! Possa eu deter o poder de fazer das circunstâncias adversas os servidores da Bodhitchitta”.
2] Aquela que deverá ser feita no momento da morte.
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As instruções do Mahayana para a transferência são as cinco forças.
A posição do corpo é muito importante.
Quando um indivíduo que se aplica a este ensinamento está sob o golpe de uma doença fatal, ele precisa praticar as cinco forças:
1) A força das sementes brancas: dar todas as suas posses sem qualquer
suspeita de apego, de apreensão ou de interesse, em geral ao seu Lama e às Três Jóias, e em particular, lá, onde se estima que isto seja mais útil.
2) A força dos desejos: fazer da Budeidade o centro de suas aspirações através
da prece de sete ramos caso se possa, se não, através da seguinte oração: “Pelo poder de alguma fonte de virtude que eu possa ter acumulado no curso dos três tempos, possa eu não esquecer jamais a preciosa Bodhitchitta, e sim me aplicar a desenvolver ao longo de todas minhas existências!”
Possa eu reencontrar o Santo Lama que revela este ensinamento! Oro para que estas aspirações se realizem pela graça de meu Lama e das Três Jóias”.
3) A força da renúncia: pensar: “A apreensão do ego‐bem‐amado é a origem
da miséria de um número incalculável de existências e agora experimento o sofrimento da morte. De um ponto de vista último, ninguém morre, uma vez que nem a própria pessoa, nem a mente tem existência real. Farei o que possa para destruí‐lo, a ti, apreensão egocêntrica, que pensa: “Estou doente, vou morrer”.
4) A força da impulsão: pensar: “Não me separarei jamais dos dois aspectos
da Bodhitchitta, nem na hora da morte, nem no estado intermediário (Bardo), nem no curso das existências futuras”.
5) A força da familiaridade: manter a mente claramente fixada sobre as duas
Bodhitchitta (aquelas sobre as quais se meditou anteriormente). O mais importante é fazer o que precede com grande concentração.
A posição corporal é também uma ajuda importante. A pessoa deve sentar‐se
observando os sete pontos da postura*.
Se ela não pode, deve se alongar sobre seu lado direito, com a face direita sobre a palma da mão direita, obstruindo a narina com o dede mínimo.
Respirando pela narina esquerda, a pessoa deve começar a meditar sobre o amor e a compaixão, além de exercitar a tomada para si e a doação, conjuntamente com a expiração e a inspiração.
Em seguida, sem se apegar ao que quer que seja, ela deve se estabelecer na consciência que samsara e nirvana,nascimento e morte, etc, são apenas aparências da mente e que a mente ela própria não existe como coisa. Neste estado ela deve continuar a respirar o quanto possa. Encontram‐se muitos ensinamentos conhecidos sobre o modo de morrer, mas foi dito que não existe nenhum mais maravilhoso que este. Uma instrução que professa o emprego de substâncias declara: “Aplicai sobre o alto da cabeça um ungüento composto de mel selvagem, de cinzas de conchas marinhas puras e de limalhas de um imã”.
Critério de progresso na aprendizagem espiritual
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Todos os Dharmas se resumem numa única necessidade.A razão de ser do Dharma, Mahayana e Hinayana é unicamente subjugar a apreensão egocêntrica. Assim toda realização de uma prática ou de um exercício mental deve objetivar a redução do apego ao ego‐bem‐amado.
Se ela não é um antídoto à apreensão egocêntrica, a prática do Dharma não tem sentido algum. Como este critério determina a diferença entre a verdadeira e a falsa prática do Dharma, diz‐se que ela é a balança que pesa o praticante.
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Entre dois testemunhos, fique com o melhor. O testemunho dos outros, que vos vêem como um verdadeiro praticante é um fato, mas os seres comuns não vêem o que esconde em vossa mente e se regozijam unicamente com os progressos de vossa conduta.Ter continuamente a mente tranqüila é o sinal da boa aprendizagem da mente. Assim, não vos apegueis ao testemunho dos outros, mas apoiai‐vos unicamente no testemunho da própria mente.
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Mantenhais sempre e apenas uma disposição feliz.
Jamais se deixar levar pelo medo ou pela desesperança, qualquer que seja a adversidade encontrada, fazer desta adversidade a companhia da aprendizagem espiritual e, portanto possuir sempre e unicamente uma disposição feliz e um ponto de referência que indique os progressos na aprendizagem espiritual.
É necessário não apenas meditar alegremente sobre qualquer adversidade sobrevinda, mas também vos exercitar a tomar alegremente sobre vós os obstáculos que afligem os outros.
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Se podeis fazer mesmo distraídos, é que a mente está treinada.
Da mesma forma que um cavaleiro ágil não cairá de sua montaria mesmo estando distraído, igualmente se vós podeis transformar as circunstâncias adversas em serviçais de vossa aprendizagem espiritual, sem mesmo prestar grande atenção a isto, é porque a mente está bem treinada. As duas Bodhitchittas se desenvolvem claramente e sem esforços, sendo aplicáveis a tudo que surge: inimigos, amigos, felicidade ou infelicidade.
Estes quatro versos descrevem os sinais de progresso no desenvolvimento da Bodhitchitta. Eles não são a indicação que estender este aprendizado mais adiante não é necessário. Ao contrário, é necessário se exercitar na Bodhitchitta para desenvolvê‐la até a obtenção da Budeidade.
Os compromissos da aprendizagem espiritual
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Respeitai sempre os três pontos gerais1) O primeiro dos três pontos gerais é o de 1) não romper com os engajamentos da aprendizagem espiritual: não ser maculado por faltas e imperfeições na observância dos votos que vós haveis tomado, ainda que seja o menor preceito da ordenação para a liberação individual, do Bodhisattvayana ou do Mantrayana*
2) O segundo é o de não adotar o comportamento absurdo, mas de conduzir uma vida perfeitamente pura e abandonar as atitudes estúpidas tais como destruir os suportes religiosos, cortar árvores, sujar as águas, freqüentar os leprosos e os mendicantes, etc com a esperança de que pensem que vós não estais apegados ao ego.
3) O terceiro é o de não ser parcial. Alguns exemplos de parcialidade: suportar paciente os tormentos causados pelas pessoas e não os aborrecimentos causados pelos deuses, os demônios ou vice versa, ser paciente com todo mundo e se impacientar ao contacto com sofrimentos como doenças. Ou ser paciente com todas as coisas, mas deixar escapar o Dharma quando se está feliz. Estes três pontos dos engajamentos da aprendizagem espiritual são, pois, uma parte da observância.
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Modificai vossas tendências, mas permanecei naturais.Dirijai vosso amor unicamente para a realização do bem do outro e modificareis assim a tendência inicial que vos faz vos interessar por vós mesmos e não aos outros.
Toda aprendizagem espiritual deve ser feita com um mínimo de ostentação, mas um máximo de eficácia; assim permanecei naturais, guardando uma atitude exterior em harmonia com vossos companheiros do Dharma. Trabalhai para a maturação do continuum de vossa experiência sem deixar transparecer vossos esforços aos olhos dos outros.