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Sob a Autoridade Espiritual de Kyabje Kalu Rinpoche. Lodjong. Texto de Tchekawa Yeshe Dordge. Comentário de Kongtrul Rinpotché. Tchekawa Yeshe Dordge

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Texto

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Sob a Autoridade Espiritual de Kyabje Kalu Rinpoche

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Lodjong 

Texto de Tchekawa Yeshe Dordge        Comentário de Kongtrul Rinpotché      Tchekawa Yeshe Dordge  Centro Budista Tibetano Kagyü Pende Gyamtso ‐ DF 425 ‐ Condomínio Jardim América ‐ Lotes F1/F3 ‐ G2/G4   Sobradinho II ‐ DF ‐ Cep: 73070 ‐ 023 ‐  Fone: (61)  34 85 06 97 – Site: kalu.org.br  

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Lodjong

      Texto de Tchekawa Yeshe Dordge        Comentário de  Kongtrul Rinpotché        KPG 04‐10‐2011  Centro Budista Tibetano Kagyü Pende Gyamtso ‐ DF 425 ‐ Condomínio Jardim América ‐ Lotes F1/F3 ‐ G2/G4    

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Lodjong 

– 

O treinamento da mente

 ( à Bodhicitta) 

« O treinamento da mente em 7 pontos »  

Texto de Tchekawa Yeshe Dordge    « A via direta para o Despertar »   Comentário de Kongtrul Rinpotché    A] A origem da transmissão    B] A necessidade deste aprendizado    C] A explicação do texto raiz   

 

A) As instruções de Tchekawa Yeshe Dordge    I ] Ensinamento sobre as preliminares. (1 verso)        1] Preliminares de uma sessão ( Guru Yoga )        2] Instruções preliminares ( as quatro preliminares comuns)     II ] Corpo da prática: o aprendizado da Bodhicitta        1] Ocasionalmente : A meditação sobre a Bodhicitta última           1) Instruções para as sessões ( 4 versos)          2) Instruções para as inter‐sessões (1 verso)        2] Principalmente : A meditação sobre a Bodhicitta relativa           1) Instruções para a preparação          2) Instruções para a prática em si ‐ Tong Lene (2 versos)          3) Instruções para as inter‐sessões ( 4 versos)      III ] Manter a prática na vida cotidiana        1] Transformação em função da Bodhicitta relativa (2 versos)        2] Transformação em função da Bodhicitta última (2versos)        3] Transformação em função das práticas especiais : (2 versos)          _As 4 preparações :         1) Reunião das acumulações            2) Confissão dos atos negativos        1_As 4 forças  2_Os 6 antídotos        3) Doação de torma aos deuses e demônios            4) Oferenda de torma às dakinis e protetores    IV ] Ensinamento de uma forma condensada da prática para uma vida inteira        1] O que é para se fazer durante esta vida (2 versos)          _As 5 forças         1) Força de impulsão    2) Força de familiaridade        3) Força das sementes brancas  4) Força da renúncia        5) Força das aspirações           2] O que se deve fazer no momento da morte (2 versos)        1) A força das sementes brancas  2) A força das aspirações       3) A força da renúncia    4) A força da impulsão       5) A força da familiaridade  V ] Critérios de progresso na aprendizagem espiritual (4 versos)    VI ] Os engajamentos da aprendizagem espiritual (16 versos)    VII ] Conselhos para a aprendizagem espiritual. (21 versos )    B) Ensinamentos complementares vindos da linhagem  Conclusão ‐ Colofão 

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O treinamento da mente em 7 pontos 

Tchekawa Yeshe Dordge 

“A Via Direta Para o Despertar” 

Djamgön Kontrul 

 

PREFÁCIO   

  No  ano  de  1042  depois  de  Jesus  Cristo,  o  tradutor  Rintchen  Zangpo  acabou  por  persuadir  Dipankara  Atisha  (1)  (982  –  1054)  a  vir  ao  Tibet.    Atisha*  avaliou  rapidamente as dificuldades, que o Budismo enfrentou no dia seguinte à tentativa de  destruição que havia empreendido Langdarma*, um século antes.  

Ele  trabalhava  no  estabelecimento  de  uma  compreensão  correta  da  prática  espiritual, ensinando a síntese das três linhagens do Budismo indiano: 1) a linhagem 

da Filosofia Profunda iniciada pelo Buddha Shakyamuni e seguida por Nagarjuna* sob 

a  inspiração  do  Bodhisattva  Mandjugosha*;  2)  a  linhagem  da  Grande  Atividade  procedente  também  do  Buddha  Shakyamuni  e  retomada  por  Asanga*  sob  a  inspiração  do  Bodhisattva  Maitreya*  e  3)  a  linhagem  da  Prática  da  Graça  Inspirada,  procedente do Buddha Vadjradhara* e transmitida por Tilopa.  

A apresentação de Atisha coloca particularmente em relevo o papel essencial  do  Refúgio  e  da  Bodhitchitta*.  Sua  insistência  sobre  o  Refúgio  como  base  de  toda  prática do Dharma o fez ser chamado “O Erudito do Refúgio”. 

  Anteriormente em sua vida, Atisha teve muitas visões e experiências que lhe  indicaram  cada  vez  a  necessidade  da  Bodhitchitta  para  a  realização  da  Budeidade.  Ele foi conduzido a empreender um longo périplo via Indonésia, onde ele encontrou 

Serlingpa, de quem recebeu numerosos ensinamentos sobre o assunto. Serlingpa lhe 

ensinou  a  técnica  da  “aprendizagem  espiritual”:  sistema  de  prática  no  qual  nosso  próprio  modo  de  pensar  e  de  considerar  as  situações  na  vida  diária  é  sistematicamente  modificado  por  refletir  o  que  um  Bodhisattva  pode  considerar  ou  encontrar  nas  mesmas  situações.  Serlingpa,  ele  próprio  escreveu  obras  sobre  esta  técnica, das quais uma é incluída na tradução que segue. 

 Atisha  transmitiu  estes  ensinamentos  a  seu  mais  próximo  discípulo,  Drom 

Teun Rimpoche* (1005 – 1064), o fundador da linhagem Kadampa*.  Num primeiro 

momento, seus ensinamentos não se propagaram: eles foram largamente conhecidos  graças a Tcheka‐oua Dordje* (1102 – 1176). 

  Tcheka‐oua  entrou  em  contacto  com  estes  ensinamentos  de  forma  quase  acidental. Visitando um amigo, ele pousou o olhar sobre um livro aberto, deixado ao  azar  sobre  uma  cama,  e  leu  a  linha  seguinte:  “Deixa  a  vitória  aos  outros  tome  para  você  a  derrota”.  Intrigado  por  esta  idéia  pouco  familiar,  ele  procurou  o  autor  e  descobriu que aquilo que lera fazia parte das “Oito instâncias sobre a aprendizagem  espiritual” de Langri Tangpa.  

Apesar  do  Langri  Tangpa  já  estar  morto,  Tcheka‐oua  pode  encontrar  Chara‐

oua,  um  outro  mestre  Kadampa  que  tinha  recebido  esta  transmissão,  para  receber 

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praticou  a  aprendizagem  espiritual  e  resumiu  este  método  no  “Os  Sete  Pontos  da  Aprendizagem Espiritual”.    Ao longo dos anos, estes ensinamentos se propagaram largamente e, apesar da  existência do próprio comentário de Tcheka‐oua sobre “os Sete Pontos”, numerosos  mestres foram inspirados e impelidos por seus discípulos a escrever por mais tempo  sobre este assunto.    Djamgoeun Kongtrul (1813 – 1899) foi um destes instrutores. Como principal  artífice da renovação religiosa no Este do Tibet no século XIX, imagina‐se facilmente  seu  entusiasmo  ante  a  oportunidade  que  lhe  foi  dada  de  escrever  sobre  um  ensinamento  altamente  estimado  e  que  foi,  à  sua  época,  assimilado  por  todas  as  escolas do Budismo no Tibet. 

   Kongtrul  nasceu  e  cresceu  na  tradição  Bön.  Muito  jovem  adquiriu  um  conhecimento  total  desta  tradição  graças  a  seu  pai,  sacerdote  Bön.  Expulso  de  seu  país natal por dificuldades políticas, Kongtrul encontrou seu caminho pouco antes de  seu  vigésimo  ano  do  monastério  Kagyupa  de  Papoung.  Suas  brilhantes  qualidades  chamaram  a  atenção  de  Situ  Pema  Nyingdje,  o  mais  alto  na  hierarquia  dos  Lamas  Kagyupas*  do  Leste  do  Tibet.  Sob  a  tutela  de  Situ,  Kongtrul  fez  grandes  e  rápidos  progressos,  tanto  espirituais  como  intelectuais,  e  tornou‐se,  aos  vinte  e  cinco  anos,  um instrutor reputado. Sua influência sob o Budismo foi, em seguida, considerável.    O texto traduzido aqui procede de uma coleção de ensinamentos compilados  por Kongtrul: “Dam Nga Dzeu”, que expõe as técnicas budistas essenciais de todas  as  escolas  do  Tibet.  Esta  coleção  faz  parte  das  cinco  grandes  obras  redigidas  por  Kongrul:  ʺOs  Cinco  Tesouros”,  trabalhos  que  englobam  toda  a  erudição  tibetana  e  são uma das maiores produções  do movimento “Rime” ou “Imparcial”. 

Este movimento teve por instigadores vários mestres no século XIX: Kongtrul,  Khyentse  Wangpo,  Dza  Patrul,  Tchugyur  Lingpa  entre  outros.  Eles  se  designavam  diferentes  fins,  dos  quais  os  três  mais  remarcáveis  foram  de  preservar  os  ensinamentos  excepcionais,  de  desencorajar  as  malfeitorias  do  sectarismo  e  de  sublinhar a importância da prática e de sua aplicação na vida cotidiana. 

 A  transmissão  de  técnicas  excepcionais  e  pouco  conhecidas  é  muito  vulnerável  às  interrupções.  Uma  vez  que,  quebrada,  uma  linhagem  iniciática  não  pode ser restabelecida, o cuidado dos instrutores Rime foi o de reunir e preservar as  técnicas de meditação raras e poderosas que estavam ameaçadas de desaparecer. Este  objetivo  foi  atingido  principalmente  graças  às  imensas  coleções  de  meditações  acompanhadas de suas respectivas iniciações reagrupadas por Kongtrul e Khyentse. 

 Uma  vez  que  Kongtrul  e  outros  aspiravam  por  outro  lado  desencorajar  o  sectarismo  mais  rígido,  eles  não  tinham  a  intenção  de  formar  uma  nova  escola  ou  uma nova linhagem. A idéia Rime era a da aceitação da validade e da qualidade de  todas  as  tradições  budistas,  tudo  isto  praticando  de  acordo  com  a  linhagem  e  o  ensinamento que cada um encontrasse apropriado a sua pessoa. 

  Um maravilhoso exemplo desta abordagem é a obra de Dza Patrul Rimpoche 

“Kun  zang  lame  chel  loung”,  introdução  detalhada  às  práticas  preliminares  da  tradição Nying Tig da escola Nyingmapa. É um livro magnificamente escrito, que se 

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refere  frequentemente  à  bibliografia  de  numerosos  mestres  para  ilustrar  diferentes  aspectos do ensinamento.  

Patrul Rimpoche não se refere apenas aos santos Nyingmapas, mas descrevem  também o caminho e os ensinamentos de instrutores Kagyupas, Kadampas, etc. Ele  também  coloca  em  questão  os  costumes  sociais  ordinários  do  estado  dos  monges  e  dos laicos. As pessoas que ele percebe em contradição com as práticas budistas, ele as  submete  a  uma  crítica  severa  e  encoraja  a  disciplina  na  aplicação  da  prática  nas  situações da vida cotidiana. Disto resulta um texto extraordinariamente rico, após o  qual  se  sente  uma  tradição  de  prática  particularmente  poderosa  e  profunda,  expressando‐se  de  uma  forma  muito  significativa  a  todos  aqueles  que  seguem  o  Dharma, tomando sua inspiração em todas as tradições do Budismo. 

  Seu  terceiro  cuidado  enfim,  e  talvez  o  mais  importante,  era  o  de  recolocar  como  valoroso  a  aplicação  do  Dharma  na  vida  cotidiana.  Por  seus  instrutores  é  preciso  evitar  que  o  Dharma  se  esclerose,  que  ele  não  seja  restrito  à  erudição  e  às  recitações,  a  uma  esclerose  de  respostas  e  de  práticas  rígidas:  é  necessário,  ao  contrário,  que  ele  conduza  a  disciplina  de  usar  de  sua  inteligência  e  de  sua  compaixão em todos os aspectos de sua vida.  

Este  tema  é  exatamente  o  assunto  dos  “Sete  Pontos  da  Aprendizagem  Espiritual”.  

Para  a  maior  parte  de  nós,  é  difícil  usar  uma  verdadeira  inteligência  e  uma  verdadeira  compaixão  em  todas  as  circunstâncias.  Nosso  egocentrismo,  nosso  cuidado  com  nós  mesmos,  acobertam  e  condicionam  constantemente  nossas  percepções e nossos comportamentos em face aos acontecimentos ao redor de nós.  

Quando  nossa  apreensão  egocêntrica  é  muito  forte,  nós  não  a  largamos  de  mão  e  nossas  tentativas  de  aplicar  a  compaixão  e  a  inteligência  são  desastradas  e  fontes de arrependimento. 

Se, contudo, chegamos a compreender que o ego não é senão uma tripa, que o  si mesmo, ao qual tanto nos apegamos, não é nada de fato e, se, nos familiarizamos  com o hábito de doar nossa felicidade para o bem dos outros e nos encarregamos de  seus  sofrimentos,  poderemos  melhor  renunciar  ao  ego  como  se  desembaraça,  sem  arrependimento, de uma velha roupa inútil. 

  Esta  compreensão  e  esta  familiaridade  se  desenvolvem  durante  a  meditação  sentada,  que  emprega  as  técnicas  tratadas  neste  livro.  A  meditação  sentada  é  essencial porque é o único meio de fazer penetrar o sentido profundo das palavras e  de  compreendê‐las  diretamente.  Entretanto,  se  nossos  atos  do  dia  a  dia  não  são  os  reflexos de nossa prática meditativa, nossa meditação é vã. 

 No caso contrário, não apenas tornamo‐nos mais abertos, mais sensíveis, mais  tolerantes  e  menos  agressivos,  mas  nós  nos  sentimos,  desta  forma,  autenticamente  em  paz  conosco  mesmos,  ficamos  felizes  e  naturalmente  alegres,  mesmos  confrontados por situações difíceis; e nossas ações não trarão arrependimentos nem  vergonhas retrospectivas. 

 É por isso que boa parte do livro se apresenta sob a forma de conselhos para  abordar situações comuns da vida. A prática continuada da meditação e a atenção ao  comportamento de todos os dias estão juntas, elas são os dois aspectos da prática, e 

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não duas atividades independentes. Uma pessoa, por exemplo, que esteja avançada  no  exercício  destas  técnicas  e  que  encontra  uma  infelicidade  qualquer,  imaginará  espontaneamente que este sofrimento se funde nele. 

Uma  vez  que  trabalhemos  sobre  estes  dois  aspectos  conjuntamente,  a  apreensão  egocêntrica  desaparece,  e  nasce  uma  inteligência  e  uma  compaixão  autênticas, a realização da ausência de entidade intrínseca, a compaixão espontânea.    Que  estes  ensinamentos  que  muito  nos  trazem,  sejam  salutares  à  outros  praticantes do Dharma.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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“A Via Direta Para o Despertar” 

Djamgoeun Kongtrul 

 

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Comentário introduzindo sem dificuldade os seres comuns aos ensinamentos do Mahayana intitulado: 

Os Sete Pontos a Aprendizagem Espiritual 

Theka‐ouaYeshe Dorge 

 

GURU BUDHA BODHISATTVA BHYONAMA (2)      Com uma confiança indivisível, coloco acima de minha cabeça.    O lótus (onde repousam os) pés do sublime Buddha    Que primeiro seguiu a roda do Amor    Depois triunfou plenamente na realização dos dois objetivos      Inclino‐me ante Avalokiteshvara, Manjushri,    E dos outros filhos ilustres do Vencedor    Que embarcaram na nave da compaixão    Heróica e liberaram os seres do oceano dos sofrimentos.      O insuperável amigo espiritual que mostra    O caminho excelente da vacuidade e da compaixão    É o guia de todos os Vencedores:    Posterno‐me aos pés do grande Guru.      Explicarei aqui o caminho tomado pelo Vencedor e seus Filhos    Fácil de compreender, ele é límpido.    Da prática fácil, engaja‐se nela com alegria;    Ela é, entretanto profunda e conduz a Budeidade.        Com o propósito de desenvolver um comentário consagrado aos “Sete Pontos 

da  Aprendizagem  Espiritual”,  que  são  instruções  essenciais  particularmente 

excelentes  para  a  meditação  sobre  a  Bobhitchitta,  tratarei  aqui  do  assunto  sob  três  rubricas:   

A] A origem da transmissão 

 

B] A necessidade desta aprendizagem 

 

C] A explicação do próprio texto raiz 

   

 

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A]  

A origem da transmissão 

 

O  glorioso  mestre  Atisha  estudou  muito  tempo  junto  a  três  grandes  instrutores: 

  1)Dharmakirti*,  mestre  da  Bodhichitta  que  recebeu  a  transmissão  direta  das  instruções espirituais do Buddha e de seus Filhos; 

  2)  Guru  Dharmarakchita  (3),  que  realizou  o  sentido  da  vacuidade  tomando  como suporte o amor e a compaixão e que, num ato de altruísmo doou sua própria  carne; 

3) O yogui Maitreya, que podia realmente se encarregar dos sofrimentos dos  outros. 

  Com  uma  longa  e  obstinada  aplicação,  Atisha  prosseguiu  seus  estudos  até  o  fim e sua mente se preencheu da experiência da Bodhitchitta. Ele veio ao Tibet e foi  um  grande  protetor  do  Dharma,  e,  uma  vez  que  detivesse  uma  grande  coleção  de  ensinamentos, ele os ensinava apenas em função do método que será o assunto aqui.    Entre  seus  inumeráveis  discípulos  de  três  categorias*,  que  ele  conduziu  à  liberação, os três principais foram Kouteun Tseundru, Ngo Tcheukou Dordje e Drom  Teum  (5).  Associa‐se  a  Drom  Teum  Rimpoche,  manifestação  viva  de  Avalokiteshavara, três tradições orais: os textos canônicos, as instruções‐chaves e as  instruções  particulares  (6).  Elas  foram  ensinadas  respectivamente  a  três  grandes  discípulos, emanações dos mestres das três Famílias*. 

  Pouco  a  pouco,  estes  ensinamentos  foram  transmitidos  por  todas  as  grandes  mentes.  A  tradição  segundo  a  qual  são  expostos  os  seis  textos  canônicos  dos  Kadampas passou à escola Guelukpa*, os ensinamentos que continham as instruções‐ chaves  das  quatro  Nobres  Verdades*  passaram  à  linhagem  Dakpo*  Kagyu.  Ambos  preservaram o tratado das instruções profundas sobre as Dezesseis Essências. 

  A  preciosa  tradição  Kadampa  é,  assim,  conhecida  como  a  detentora  da  doutrina  dos  Sete  Dharmas  e  Divindades  (7):  a  preciosa  tradição  oral,  na  qual  as  quatro  divindades  ornam  o  corpo;  as  três  cestas,  a  palavra  e  três  disciplinas  (8),  a  mente. 

  Todas  estas  instruções  incomensuráveis,  aquelas  que  aparecem  firmemente  nos  Sutras  como  aquelas  que  têm  lugar  com  os  Tantras*,  dizem  respeito  exclusivamente ao caminho da união da compaixão e da vacuidade.  

Uma  vez  que  ensinamento  insiste,  sobretudo  na  Bodhitchitta  relativa,  a  maioria  dos  grandes  mestres  desta  linhagem  ensinou  e  mostrou  habilmente,  pelo  exemplo de suas vidas, a técnica da troca de si mesmo com o outro.  

Entre  os  múltiplos  comentários  sobre  esta  técnica,  os  “Sete  Pontos”  são  provenientes  da  tradição  das  instruções  espirituais  do  grande  Tcheka‐oua  Yeche  Dordje. 

 

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B]  

A necessidade desta aprendizagem 

    Não sejais ávidos de felicidades efêmeras que são o apanágio dos deuses e dos  homens nas esferas superiores*. Poderíeis atingir a realização dos Shravakas* ou dos  Pratiekabuddhas*, mas é necessário que compreendais que esta não é a última e total  transcendência* do sofrimento.   Assim, convém buscar unicamente o perfeito estado de Buddha.  Não existem outros métodos para atingir este estado, senão o de apoiar‐se nas  duas meditações: a Bodhitchitta relativa para exercitar a mente a desenvolver o amor  e a compaixão, e a Bodhitchitta última para se fixar no estado não discursivo.    Nagarjuna disse:      Se o mundo inteiro ou eu mesmo      Desejarmos atingir o insuperável Despertar,      Só a Bodhitchitta será a causa disto:      Uma compaixão estável como a Rainha das Montanhas*      Que irradia em todas as direções,      E a sabedoria primordial liberada de toda dualidade. 

  Além  do  mais,  qualquer  que  seja  o  mérito  e  a  sabedoria  que  se  tenha  acumulado, a base para entrar no Mahayana, que é a perfeição da transcendência do  sofrimento  sem  permanência,  é    somente  o  desenvolvimento  da  Boddhicitta.  E  esta  nasce graças ao amor e da compaixão. 

  Mesmo  que  se  tenha  acessado  a  Budeidade  última,  não  se  terá  mais  a  fazer  senão  trabalhar  para  o  bem  dos  outros  por  meio  da  compaixão  que  não  concebe  destinação.  

A verdadeira Bodhitchitta última não nascerá na mente do iniciante, mas este  poderá produzir a Bodhitchitta relativa se ele  exercer‐se.  

Uma  vez  que  esta  esteja  desenvolvida,  ele  realizará  espontaneamente  a  Bodhitchitta  última.  Por  esta  e  outras  razões,  a  fim  de  desenvolver  a  Bodhitchitta  deveis meditar desde o início ensinamentos sobre a boddhicitta última.    Uma vez que aspirais às instruções relativas ao assunto, eis qual é o método de  base, de acordo com o mestre Shantideva*:      Aquele que deseja uma proteção rápida      Para os outros e para si próprio      Deve praticar este mistério sagrado:      A troca de si mesmo com o outro. 

Conseqüentemente,  apenas  são  expostos  nesta  obra  as  etapas  da  meditação  sobre  a  troca  de  si  com  o  outro;  todos  os  demais  graus  de  aprendizagem  espiritual  não são senão prolongamentos disto. 

(15)

                                                                                       

(16)

 

 

C]  

A Explicação do Texto Raiz 

  A terceira e última parte deste comentário é dividida em duas secções:        A) Explicações das instruções de Tche Ka‐Oua Yeshe Dordje        B) Ensinamentos complementares provenientes da linhagem.   

 

A) Explicação das Instruções de Tcheka‐Oua Yeshe Dordje 

 

A primeira secção contém 

ʺOs Sete Pontos da Aprendizagem Espiritual”: 

 

 

 

 

Ensinamentos sobre as preliminares,  

fundamento do Dharma 

 

II 

O corpo da prática: aprendizagem da Bodhichitta 

 

III   Manter a prática na vida cotidiana 

 

IV   Ensinamento de uma forma condensada da prática 

       

 

para uma vida inteira 

 

 

 

V  

Critério de progresso na aprendizagem espiritual 

 

 

 

VI    Os compromissos da aprendizagem espiritual 

 

 

 

VII   Conselhos para a aprendizagem espiritual

           

 

 

 

 

(17)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(18)

     

Ensinamentos sobre as preliminares 

Fundamento do Dharma 

    É dito:   

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Em primeiro lugar estude as preliminares.   

 

  Dois aspectos são aqui considerados:   

 

 

1) As preliminares a uma sessão de meditação 

 

 

 

2) As instruções preliminares. 

 

   

1) As preliminares a uma sessão de meditação 

    Inicialmente, no começo de cada sessão de meditação, pensai que vosso Lama‐ Raiz * reside sobre um trono de lótus e de lua (9) sobre vossa cabeça. Seu corpo está  radiante,  seu  rosto  é  sorridente,  ele  considera  todos  os  seres  com  uma  compaixão  não‐intencional.  

Pensai  que  ele  é  a  presença  de  todos  os  Lamas  –  raízes*  e  dos  Lamas  da  linhagem*. 

  Com uma intensa e sincera aspiração devocional reze assim: 

 

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  Evoco a graça de meu Lama, O amigo espiritual grande e perfeitamente puro

  Rezo para que façais nascer em mim amor, compaixão e Bodhitchitta incomparáveis. 

 

  Se  desejardes,  fazei  também  a  oração  da  linhagem  (10),  mas  o  essencial  é  cumprir  o  precedente  cem  ou  mil  vezes.  O  lama  desce  em  seguida  pelo  orifício  de  Brahma  (11).  Pensai  que  ele  habita  em  vosso  coração,  num  tabernáculo  de  luz  semelhante  a  concha  aberta  e  desenvolvais  uma  grande  aspiração,  uma  devoção  sincera. É importante fazer esta meditação de união com vosso Lama no começo de  cada sessão. 

(19)

2) As instruções preliminares. 

 

Em segundo lugar as quatro reflexões seguintes podem ser novidades para vós:    1) A dificuldade de obter as liberdades e as aquisições.    2) A impermanência e a morte.    3) A estrutura defeituosa do ciclo das existências*.    4) O ato causa‐fruto.   

  Neste  caso,  elas  são  explicadas  em  detalhes  no  texto:  ”A  Via  Progressiva”.  É  preciso meditar até que elas se impregnem completamente em vossa pessoa. 

  Eis, brevemente resumidos, os pontos essenciais destas reflexões: 

  1) A obtenção desta preciosa existência humana perfeitamente livre e com as  qualidades necessárias, fundamento da prática do Dharma, tem como causa a prática  da  excelente  atividade  positiva.  A  proporção  dos  seres  que  não  praticam  senão  a  virtude é muito pequena: difícil é pois a obtenção dos frutos que são as liberdades e  as aquisições*. Observando o número de seres que tem outras formas de vida, como  a existência animal, por exemplo, fica claro que relativamente muito poucos obtêm a  vida  humana.  Em  conseqüência,  é  preciso,  por  cima  de  tudo  consagrar  ‐  se  ao  Dharma  para  que  o  potencial  do  corpo  humano  presentemente  adquirido  não  seja  desperdiçado. 

2)  Além  do  mais,  sendo  a  vida  incerta,  as  causas  de  morte  inumeráveis,  não  temos  certeza  que  não  morreremos  hoje;  é  necessário  orientar  nossos  esforços  para  com  o  Dharma  desde  agora.  A  morte  vem,  à  exceção  da  atividade  positiva  ou  negativa, nada nos seguirá: a riqueza, a alimentação, as possessões, as terras, o poder,  nem mesmo o corpo.   

Uma  vez  que  tudo  isto  não  terá  então  a  menor  porção  de  utilidade,  são,  de  fato, sem necessidade alguma.  

3)  Após  a  morte,  qualquer  que  seja  aquela  das  seis  classes  de  seres*,  onde  o  carma  nos  impulsionará  a  renascer,  não  haverá  senão  sofrimento,  sem  sequer  uma  pitada de felicidade.  

4)  Dado  que  o  sofrimento  e  a  felicidade  advêm  inelutavelmente,  como  resultado  da  atividade  respectivamente  negativa  ou  positiva,  deve‐se  evitar  fazer  o  mal, ainda que com risco para sua vida. É preciso fazer unicamente ações positivas,  com assiduidade.  

_Deveis treinar de cultivar estas idéias com perseverança.  

_No  fim  de  cada  sessão  de  meditação,  fazei  a  prece  de  sete  ramos,  quantas  vezes vós possais.  _Entre sessões, coloque os aspectos de vossas reflexões em prática.   Isto se aplica a todas as formas de preparação e de prática.        

(20)

     

O Corpo da prática :  

O aprendizado da Bodhicitta 

    Este assunto consta de duas partes:    1] Ocasionalmente, a meditação sobre a Bodhitchitta última    2] Principalmente, a meditação sobre a Bodhitchitta relativa.     

1] A bodhitchitta última 

      A explicação desta meditação compreende dois aspectos:        1) Instruções para as sessões de meditação        2) instruções para os intervalos intersessões   

1) Instruções para as sessões de meditação 

 

  Uma  vez  que  vós  tenhais  feito  em  preparação  o  Guru–Yoga  (descrito  precedentemente), sentai‐vos, com o corpo bem reto. Contai, sem agitação, os ciclos  de vossa respiração (inspiração ‐ expiração) até vinte e um. Este exercício fará de vós  um receptáculo apropriado à concentração. E após isto, mediteis: 

 

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Pensais que todos os fenômenos são semelhantes aos sonhos   

  Os  fenômenos  concretos,  animados  ou  inanimados,  nos  aparecem  como  objetos exteriores. Todas estas aparências são, de fato, unicamente manifestações da  confusão  mental;  eles  não  têm  a  menor  existência  verdadeira  (12).  Parecem  com  os  fenômenos que se produzem nos sonhos.Exercitai‐vos um pouco com o propósito de  pensar assim. Reflitais: ”A mente tal como ela é, é real?ʺ (13).   

 

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Examineis a disposição natural da consciência não nascida 

 

  Quando  se  observa  diretamente  a  natureza  de  sua    mente,  ela  não  tem  cor,  forma, etc. Não tendo origem, ela não nasceu, nem habita atualmente qualquer parte 

(21)

dentro  do  corpo  ou  fora  dele.  Enfim,  ela  não  é  um  objeto  que  se  move  ou  cesse  de  existir. 

  É  preciso  chegar  a  uma  conclusão  precisa  e  indubitável  referente  à  natureza  desta consciência desprovida de origem, de cessação e de localização, isto como meio  de exame e de pesquisa da mente. 

  Se  então  o  pensamento  de  um  antídoto  surge,  como:  “a  mente  e  o  corpo  são  vivos”, ou ainda: “nada é bom ou mau na vacuidade”:   

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Deixais o próprio antídoto se esgotar espontaneamente      Uma vez que se examine a presença do próprio antídoto, que não é senão um  pensamento inclinado a concluir por uma não–existência, isto, mesmo desprovido de  referência, se esgota espontaneamente. Permanecei relaxados neste estado.    Este ensinamento dá as instruções particulares sobre a concepção da existência  em relação à meditação analítica. 

 

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Permanecei na essência na Via na natureza fundamental   

  Esta  instrução  revela  a  maneira  de  “permanecer”.  Quando  se  está  livre  de  todas  as  atividades  das  sete  consciências*,  o  termo  “nobre  natureza  de  Buddha”  indica a essência de todos os fenômenos, o estado natural da cognição fundamental.  Permanecei no não–agir, sem traço algum de uma natureza existente como algo, sem  apego  mental  de  nenhum  tipo,  num  estado  caracterizado  por  uma  claridade  não  discursiva  e  uma  pura  simplicidade.  Em  resumo,  não  sigais  as  flutuações  do  pensamento,  por  tão  longo  tempo  quanto  possível:  permanecei  manifestamente  no  domínio  onde  a  própria  mente  está  clara,  ainda  que  livre  de  todo  pensamento  discursivo. É a meditação durante a qual se permanece     Em seguida terminai a sessão com a prece de sete ramos.     

2) Instruções para os intervalos intersessões 

 

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Entre duas sessões, perceba como um jogo mágico   

  Entre  as  sessões  de  meditação,  qualquer  que  seja  vossa  atividade,  não  vos  separe  da  experiência  da  meditação  na  qual  se  permaneceu.  Treine  sempre  uma  inclinação para o reconhecimento de que tudo que aparece, o próprio eu ou o outro  inanimado  ou  animado,  é  desprovido  de  realidade  intrínseca  e  não  é  nada  em  si  mesmo. Seja como o mágico (que sabe que suas criações não têm realidade alguma). 

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2] A Bodhitchitta relativa 

  A explicação desta meditação compreende três partes:      l) As instruções para a preparação;      2) As instruções para a própria prática;       3) As instruções para os intervalos intersessões. 

 

 

l) As instruções para a preparação:

 

 

Faça,  no  início,  a  prática  preliminar  do  Guru  Yoga  tal  como  foi  explicada  precedentemente. 

 É necessário em seguida, meditar sobre o amor e a compaixão, que são a base  da “tomada para si” e da doação. Imaginando em primeiro lugar que vossa própria  mãe  está  presente  diante  de  vós,  medite  profundamente  com  compaixão:  “esta  pessoa é minha mãe, ela se ocupou de mim com aplicação desde o momento em que  fui  concebido.  Por  ela  ter  enfrentado  todas  as  dificuldades  da  doença,  do  frio,  da  fome, etc., por ela ter me dado alimento e vestes e lavou meu corpo de suas máculas,  porque  ela  me  ensinou  o  que  é  bom  e  me  afastou  do  mal,  encontrei  a  doutrina  de  Buddha  e  pratico  agora  o  Dharma.  Que  grande  bondade  a  sua!  Não  apenas  nesta  vida, mas igualmente num ciclo infinito de existências, ela fez o mesmo. Então como  ela  me  ajudou  tanto,  ela  erra  agora  no  ciclo  das  existências  e  experimenta  todas  as  sortes de sofrimentos e de penas”. 

Assim, uma vez que vós tenhais desenvolvido a verdadeira compaixão – não  apenas  as  recitações  formais  –  uma  vez  que  estejais  treinados  nisto,  aprendais  a  estender progressivamente . Desde tempos imemoriais, cada ser sem exceção foi bom  para mim como minha mãe.  

Refletindo  assim,  meditai  inicialmente  sobre  os  objetos  para  com  os  quais  é  fácil de desenvolver a compaixão: vossos amigos, vosso cônjuge, vossos pais, aqueles  que  vos  ajudaram,  aqueles  que  estão  nos  mundos  inferiores,  lugares  de  grandes  tormentos,  os  deficientes  e  aqueles  que  ainda  que  felizes  neste  mundo,  cometem  tanto mal que irão para as esferas infernais quando morrerem.  

Tendo  vos  exercitados  sobre  estes  tipos  de  indivíduos,  tome  as  pessoas  mais  difíceis: vossos inimigos, os malfeitores, os demônios, etc. Enfim, meditai sobre todos  os  seres.  Devereis  pensar  assim:  “Todos  os  seres,  meus  pais  outrora,  não  apenas  experimentam  inumeráveis  sofrimentos,  que  eles  não  aspiravam,  mas  possuem  igualmente  um  vasto  potencial  de  sofrimento.  Que  tristeza!  Que  fazer?  “De  volta,  para o bem deles, o mínimo que posso fazer é dissipar seus tormentos e estabelecê‐ los no bem estar e na felicidade”.   Desenvolvei tal atitude em relação a isto, que ela se torne de uma intensidade  intolerável.     

(23)

2) As instruções para a própria prática 

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Desenvolvei paralelamente a “tomada para si” e a doação;    utilize a respiração como suporte. 

 

  Pensai:  “Todos  estes  pais  que  são  tornados  objetos  de  minha  compaixão,  trazem a dupla aflição do sofrimento que eles efetivamente suportam e do potencial  daqueles  que  eles  deverão  suportar:  assim,  tomarei  sobre  mim  toda  a  soma  das  misérias de minhas mães, todas suas disposições, emoções* e ações negativas”.    Meditai assim: ”Toda esta negatividade penetra em mim e eu me alegro com  isto”.    Pensai: “Distribuo todos meus atos positivos, minha felicidade do passado, do  presente e do futuro, o uso de minhas faculdades corporais, minhas posses, a todos  os seres, meus pais”.  

   Considerai  que  cada  um  deles  recebe  e  cultivai  uma  grande  alegria  com  o  pensamento de que eles realmente o receberam. 

  Para tornar mais vívida esta transferência mental, cada vez que vós inspireis,  imaginai  que  uma  massa  negra  (espécie  de  luz  negra),  correspondente  a  todos  os  véus, atos nocivos e sofrimentos dos seres penetram em vós por vossas narinas e se  fundem  em  vosso  coração.  Pensai  que  todos  os  seres  assim  se  livrarão  de  suas  negatividades e de seus tormentos para sempre.  

Uma vez que vós expirais, imaginai que todas vossa felicidades e todas vossas  virtudes  se  dispersam  sob  a  forma  de  uma  luz  branca,  durante  a  expiração,  que  se  funde  em  todos  os  seres,  e  sejai  feliz  pensando  que  todos  eles  ascendem  imediatamente à Budeidade. 

  Habituai‐vos  a  esta  meditação  fazendo  da  “tomada  para  si” e  da  doação  apoiadas sobre a respiração, a parte principal de vossa sessão meditativa. Fora destes  momentos  de  meditação,  lembrai‐vos  disto  com  cuidado  e  colocai–a  em  prática.  “É  isto mesmo o essencial do aprendizado espiritualʺ.   Assim disse Shantideva freqüentemente:        Se eu não troco totalmente      Meu bem estar com o sofrimento dos outros      Não realizarei a Budeidade:      E no ciclo das existências não haverá felicidade.               

(24)

3) As instruções para os intervalos intersessões. 

 

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Três objetos, três venenos, três tipos de virtudes. 

 

  Continuamente  os  três  venenos  procedem  dos  três  objetos:  o  desejo  é  produzido pelos objetos prazerosos e úteis; a aversão, pelos objetos desprazerosos e  nocivos.  A  cegueira  consiste  em  não  ter  nenhum  sentimento  relativo  à  um  objeto  provocando apego ou aversão. Desmascarai os três venenos desde que apareçam.    Quando,  por  exemplo,  nasce  o  apego,  pensai:  “Possam  todas  as  formas  de  desejo de todos os seres se fundirem neste desejo que é o meu! Possam todos os seres  possuir a fonte da virtude que é a ausência de todo desejo! Possa meu desejo servir  para  suprimir  suas  disposições  negativas  e  que  assim  eles  sejam  desprovidos  disto  até suas realização da Budeidade”. 

  Faz‐se o mesmo para com a aversão e a cegueira. 

   Uma vez que este caminho é assim seguido na vida cotidiana, os três venenos  tornam‐se três fontes ilimitadas de virtudes. 

 

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Em todas as formas de atividades,   Fazei vosso aprendizado com a ajuda de palavras.           A todo o momento repitais as frases seguintes (ou outras parecidas) e cultivai  atentamente as idéias que elas exprimem.      Do Nobre Shantideva:      Que suas negatividades amadureçam em mim,      Que todas as minhas virtudes amadureçam neles!      Ou, segundo a forma de expressão Kadampa:      Ofereço o lucro e a vitória aos mestres, aos seres:      Abraço as perdas e as derrotas.      Ou ainda, como escreveu Gyelse Tokme*:      Enquanto todo o sofrimento      E a vilania dos seres amadurece em mim,      Possam todas as minhas alegrias e minhas virtudes amadurecer neles!           

(25)

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Iniciai a progressão da “tomada para si” sobre vós mesmos 

 

  Para poder tomar os sofrimentos dos outros para vós começai desde o início a  progressão  sobre  vós  mesmos.  Mentalmente,  assuma  na  hora  todos  os  sofrimentos  que chegarão à maturidade no futuro. Uma vez que estes últimos se dissipem, tomai  sobre vós o sofrimento dos outros. 

 

 

 

 

                           

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

       

(26)

       

Manter a prática na vida cotidiana 

   

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Quando o exterior e o interior estão imbuídos de negatividade,  Transformai as condições adversas num caminho do Despertar. 

 

  Quando  numerosos  resultados  de  uma  atividade  mal  orientada  preenchem  vosso  universo,  exteriormente  vossa  riqueza,  as  posses  materiais  diminuem;  interiormente  vossas  relações  sociais  estão  ensombreadas  por  seres  grosseiros.  É  preciso transformar estas situações adversas que vos acomete em um caminho para o  Despertar.         Esta transformação se faz de três maneiras:     1) Em função da Bodhitchitta relativa,     2) Em função da Bodhitchitta última     3) Em função de práticas específicas.     

1] Transformação em função da Bodhicitta relativa 

 

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Reclame apenas de uma coisa.   

  Caso  estejais  doente,  abatido  moralmente,  mal  tratado,  humilhado,  assaltado  por  inimigos  ou  querelas,  em  resumo,  se  uma  situação  indesejável  grave  ou  insignificante,  incomoda  a  vossa  pessoa  ou  a  vossos  interesses,  não  jogue  a  culpa  sobre qualquer objeto exterior pensando que isto ou aquilo está na origem do dano.  

Esta mente que se apega a um ego lá onde ele não existe, seguiu seus próprios  caprichos no ciclo das existências, desde toda a eternidade até agora e cometeu todo  tipo de atos negativos. 

  Os  sofrimentos  que  surgem  no  presente    são  somente  os  resultados  destes  atos.  Não  reclame,  pois,  os  outros,  mas  culpeis  a  atitude  egocêntrica  que  é    a  responsável.  

Pensai  que  fareis  todo  vosso  possível  para  domá‐la  e  canalizai  todos  os  ensinamentos a fim de que eles destruam o apego ao ego.  

(27)

  No Bodhitcharyavatara*, está escrito:      Quantos tormentos no mundo!      Que soma de sofrimentos e medos!       Se tudo isto vem da apreensão egocêntrica      Que fará de mim este grande demônio?    E      Durante todos os séculos dos ciclos das existências      Causas‐te‐me a miséria      Agora me tornei consciente de todos seus danos      E vencer‐te‐ie, a ti, mente egoísta!   

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Medite que todos os seres tèm a grande bondade     De uma maneira geral, não existe método para realizar a Budeidade que não  se  apóie  em  todos  os  seres  vivos.  Consequentemente,  os  Buddhas,  assim  como  os  seres  comuns  são  dignos  de  reconhecimento  por  aquele  que  se  consagram  ao  Despertar.  

Todos os seres são particularmente dignos de gratidão porque não há nenhum  deles que já tenha sido vossos pais.  

Especialmente deveis um grande reconhecimento a todos vossos inimigos (17)  porque  eles  são  vossos  companheiros,  assim  como  uma  fonte  de  inspiração  para  acumulação  de  virtudes  e  sabedorias  ao  mesmo  tempo  em  que  para  eliminar  as  impressões deixadas pelas disposições negativas.  

Refletindo sobre isto, fazei da meditação da “tomada para si” e da doação.   Não  vos  irriteis  contra  um  cachorro  nem  mesmo  contra  uma  lagarta.  Experimente  ajudá‐los  concretamente,  o  tanto  que  possais.  Se  não  podeis,  então  aplicando  este  pensamento,  dizei:  “Possa  este  ser  ou  este  inimigo  encontrar‐se  rapidamente  livre  do  sofrimento  e  possuidor  de  felicidade!  Possa  ele  realizar  a  Budeidade!”.    Formulai  a  seguinte  resolução:  “A  partir  de  agora,  toda  a  atividade  positiva que eu realize, dedico‐a a seu benefício”.     Cada vez que um deus ou um demônio vos atormente, pensai: “Ele age assim  porque, desde tempos sem começo, eu o atormentei. Agora, em compensação, dou‐ lhe minha carne e meu sangue”. Imaginai o inimigo em sua frente e agora lhe ofereça  vosso corpo como alimento, dizendo: “Desfrute de minha carne e de meu sangue e  tudo mais que o desejar”.    Este inimigo desfruta tanto e tão bem de vossa carne e de vosso sangue que ele  se impregna de uma felicidade inesgotável e engendra os dois tipos de Bodhitchittas.    Ou então pensai: “As disposições negativas foram desenvolvidas sem que me  apercebesse delas porque não estou separado de seus antídotos”.  

(28)

Uma  vez  que  este  inimigo  me  advertiu  de  minha  negligência,  ele  deve,  certamente,  ser  uma  emanação  do  meu  Lama  ou  do  Buddha.  Sou‐lhe  muito  reconhecido por isto porque me estimulou a aprendizagem da Bodhitcitta”. 

 Ou  então  ainda:  quando  advenham  sofrimentos  ou  doenças,  pensai  com  certeza:  “Se  isto  não  acontecesse,  eu  estaria  distraído  pelas  atividades  do  mundo  e  não estaria atento ao Dharma. Que eu esteja consciente do Dharma, tal é a atividade  do Lama e das Jóias e estou impregnado de gratidão”.     Em resumo, aquele que pensa ou age com o único fim de realizar seu próprio  bem é um ser mundano, aquele que reflete e age com o propósito de produzir o bem  dos outros é uma pessoa religiosa.     Lang Ritang disse:      Revelo aqui o mais profundo dos ensinamentos, fiquem, pois, atentos!   Todas  as  faltas  são  nossas,  todas  as  qualidades  são  dos  senhores  os  seres.  

O  essencial  é  que  doemos  o  lucro  e  a  vitória  aos  outros  e  que  assumamos  as  perdas  e  as  derrotas.  Fora  disto,  não  há  nada  para  ser  compreendido. 

 

 

2] Transformação em função da Bodhicitta Última 

 

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A insuperável proteção da vacuidade é a de considerar   as aparências ilusórias como sendo os quatro Corpos   

  Todas as aparências em geral, mas, sobretudo as situações adversas são como  sonhar  que  vós  estais  queimados  e  levados  pelas  ondas,  atormentado.  A  mente  outorga as aparências ilusórias de uma realidade que elas não têm.  Deveis cortá‐la e  adquirir  a  convicção  que,  ainda  que  existam  os  fenômenos  aparentes,  nem  mesmo  um átomo tem existência real.  

Quando vós permaneceis num estado no qual os fenômenos não fazem senão  aparecer  e  vós  não  vos  apegais  a  eles,  o  fato  que  eles  sejam  vazios  em  essência  é  o  Dharmakaya*, o fato de que  eles sejam, claros é o Nirmanakaya*, o Sambhogakaya*  a simultaneidade dos dois e o Svabhavikakaya* é a indissociabilidade de todos estes  aspectos.  

Esta  instrução–chave    ‐  permanecer  num  estado  do  qual  está  ausente  a  identificação  de  uma  origem,  de  uma  localização  e  de  uma  cessação  –  revela  os  quatro corpos. É a sublime instrução particular que destrói as aparências ilusórias e  que se denomina “a armadura da visão justa e o  círculo protetor  da vacuidade”. 

(29)

3] Transformação em função de práticas especiais  

 

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O melhor meio é possuir as quatro preparações 

 

As quatro preparações são:   1) A preparação da reunião das acumulações, a preparação durante a qual    2) Os atos negativos são confesados,   3) A da doação de torma aos deuses e aos demônios,    4) Oferenda de torma aos dakinis e aos protetores*.  

A  utilização  destas  quatro  preparações  é  o  melhor  meio  através  do  qual  as  circunstâncias adversas são transformadas numa Via para o Despertar. 

  1) Primeira preparação: pensar: “Ainda que eu deseje ser feliz, apenas surge o 

sofrimento;  é  um  sinal  que  me  é  necessário  cessar  a  atividade  nociva,  causa  do  sofrimento e ajuntar as acumulações, causa de felicidade e de bem estar”.  

       Assim  também,  reúna  as  acumulações  de  vosso  melhor  através  de  vossa  atividade  física,  oral  e  mental,  fazendo  oferendas  a  vosso  Lama  e  às  Três  Jóias,  servindo  aos  membros  da  Sangha,  doando  tormas  aos  espíritos,  ofertando  lamparinas  de  manteiga,  relicários,  posternações,  circumambulações,  tomando  refúgio, desenvolvendo a Bodhitchitta e, muito particularmente, fazendo a prece de  sete ramos e a oferenda da Mandala (18).    Servi–vos de orações que destruam a esperança e a apreensão (19): “Se é bom  que eu esteja doente, eu peço a benção da doença; se for bom que eu seja curado, eu  peço a graça da cura. Se for bom que eu morra, conceda‐me a graça da morte”    2) Segunda preparação: com a mesma aspiração que para o ajuntamento das  acumulações, desenvolveis corretamente as quatro forças:   1) A força da desaprovação e do arrependimento dos atos nocivos cometidos  no passado;   2) A força da rejeição das faltas consiste na resolução de não reiterar, mesmo  com o risco de sua própria vida;  

3)  A  força  do  suporte  é  a  tomada  de  refúgio  nas  Três  Jóias  e  a  geração  da 

Bodhitchitta;  

4) A  força  da  prática  dos  antídotos  é  a  de  utilizar  as  orações  que  cortam  a  esperança e a apreensão, tudo remetendo aos seis antídotos:   1_A meditação sobre a vacuidade,    2_ A recitação de mantras e outros rituais,   3_A fabricação de estátuas,   4_A devoção,   5_A oferenda da Mandala e   6_A recitação dos sutras e a recitação de mantras purificadores. 

(30)

  3)  Terceira  preparação:  Dai  tormas  a  vossos  inimigos  exortai‐lhes  à  empreitada: ”Vós sois muito bons por me perseguir em conseqüência de meus atos  anteriores e de me apresentar esta dívida a ser pago. Eu vos peço que me destruais.  Eu  vos  imploro  que  o  façam  de  forma  que  todos  os  sofrimentos  indesejáveis,  pobreza, ruína, miséria e doenças que caem sobre os seres, se fundam em mim”.   Faça com que todos os seres sejam libertos do sofrimento 

Se vós não podeis pensar desta forma, dai a torma e ordenai: “Quando medito  sobre  o  amor,  a  compaixão,  a  tomada  sobre  si e  doação,  faço  o  possível  para  vos  ajudar no instante atual e nos tempos que virão. Não façais obstáculo à minha prática  do Dharma”. 

  4)  Quarta  preparação:  Ofereça  tormas  aos  protetores  e  encorajai–os  a  desenvolver  suas  atividades  que  apaziguam  a  situação  adversa  e  estabelecem  as  condições  favoráveis  à  prática  do  Dharma.  Muito  particularmente  usem  as  orações  vistas precedentemente para neutralizar a esperança e a apreensão (19). 

  Para  fazer  com  que  os  obstáculos  acidentais  sejam  transformados  em  um  caminho para o Despertar. 

 

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Aplicar a meditação em qualquer situação. 

 

  Quando a doença, os demônios, os obstáculos ou as disposições negativas vos  acometerem  ou  então  quando  veja  qualquer  um  atormentado  por  qualquer  coisa  indesejável, pensai: “Simplesmente tomarei sobre mim e distribuirei”. 

  Em todos vossos pensamentos e ações virtuosas, dizei: “Possamos, eu e todos  os seres, empreendermos uma atividade no Dharma ainda maior que esta”. Façai o  mesmo quando vós estejais felizes e confortáveis. 

Se  vós  tendes  maus  pensamentos,  ou  se  vós  estais  propensos  a  agir  negativamente, pensai: “Possam todos os pensamentos e ações negativas de todos os  seres reabsorverem‐se neste aqui”. 

Em  resumo,  guardai  a  motivação  de  ajudar  o  outro  seja  lá  o  que  façais:  alimentar‐se,  dormir,  andar,  estar  sentado.  Quando  estiverdes  em  presença  de  uma  situação positiva ou negativa, treinai‐vos unicamente em desenvolver esta meditação  de aprendizagem espiritual.                   

(31)

                                       

(32)

         

Ensinamento de uma forma condensada da prática 

para uma vida inteira 

 

 

  A  apresentação  de  uma  forma  condensada  de  prática  para  uma  vida  inteira  compreende duas subdivisões:     1] A que é feita durante esta vida      2] Aquela que deverá ser feita no momento da morte.     

1] A que é feita durante esta vida

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O resumo das Instruções particulares é: Trabalhai com as cinco forças.      As cinco forças constituem um resumo conciso dos pontos cruciais da prática e  reagrupado  numa  única  frase  de  numerosos  ensinamentos  profundos  sobre  realização da prática do Santo Ensinamento. 

  1)  Força  da  impulsão:  dê  forte  impulsão  à  atitude  seguinte:  “A  partir  deste 

instante e até a Budeidade, particularmente até à morte, mais particularmente ainda  este  ano,  este  mês  e  muito  especialmente  de  hoje  para  amanhã,  não  me  separarei  jamais dos dois tipos de Bodhitchitta”. 

  2) Força da familiaridade: cultivar sem cessar as duas Bodhitchittas, jamais se  separar delas qualquer que seja a atividade que realizais, positivas ou negativas ou  neutra.  

Em resumo, cultivar a principal atividade positiva: a Bodhitchitta. 

  3)  Força  das  sementes  brancas:  concentrar  continuamente  as  energias  do 

corpo,  da  palavra  e  da  mente  na  realização  de  atos  positivos  e  não  ficarmos  jamais  satisfeitos com nossos esforços em gerar e desenvolver a Bodhitchitta. 

  4)  Força  da  renúncia:  rejeitar  completamente  a  apreensão  do  ego  pensando, 

quando  nossas  concepções  egocêntricas  surgem:  “Anteriormente,  desde  tempos  imemoráveis,  tu,  ego,  me  fizeste  errar  no  ciclo  das  existências  e  experimentar  todo  tipo de sofrimentos”.  

(33)

Além, todas as misérias e os atos nocivos desta existência não vêm senão de ti.  Tua companhia não me encanta e também, desde já, devo fazer tudo possível para te  subjugar e te anular.    5) Força dos desejos: dedicar toda nossa atividade positiva ao bem dos outros,  orando sinceramente após toda forma de atividade positiva: “Possa eu obter o poder  de conduzir todos os seres a Budeidade”.  

Mais  particularmente,  a  partir  deste  instante  até  a  minha  obtenção  da  Budeidade,  possa  eu  não  esquecer,  mesmo  em  meus  sonhos,  os  dois  aspectos  da  preciosa  Bodhitchitta!  Possam  eles  crescer  sempre!  Possa  eu  deter  o  poder  de  fazer  das circunstâncias adversas os servidores da Bodhitchitta”.       

2] Aquela que deverá ser feita no momento da morte.

 

 

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As instruções do Mahayana para a transferência são as cinco forças. 

        A posição do corpo é muito importante. 

 

  Quando  um  indivíduo  que  se  aplica  a  este  ensinamento  está  sob  o  golpe  de  uma doença fatal, ele precisa praticar as cinco forças: 

  1)  A  força  das  sementes  brancas:  dar  todas  as  suas  posses  sem  qualquer 

suspeita  de  apego,  de  apreensão  ou  de  interesse,  em  geral  ao  seu  Lama  e  às  Três  Jóias, e em particular, lá, onde se estima que isto seja mais útil. 

  2) A força dos desejos: fazer da Budeidade o centro de suas aspirações através 

da prece de sete ramos caso se possa, se não, através da seguinte oração: “Pelo poder  de  alguma  fonte  de  virtude  que  eu  possa  ter  acumulado  no  curso  dos  três  tempos,  possa eu não esquecer jamais a preciosa Bodhitchitta, e sim me aplicar a desenvolver  ao longo de todas minhas existências!”  

Possa eu reencontrar o Santo Lama que revela este ensinamento! Oro para que  estas aspirações se realizem pela graça de meu Lama e das Três Jóias”. 

  3) A força da renúncia: pensar: “A apreensão do ego‐bem‐amado é a origem 

da  miséria  de  um  número  incalculável  de  existências  e  agora  experimento  o  sofrimento  da  morte.  De  um  ponto  de  vista  último,  ninguém  morre,  uma  vez  que  nem  a  própria  pessoa,  nem  a  mente  tem  existência  real.  Farei  o  que  possa  para  destruí‐lo, a ti, apreensão egocêntrica, que pensa: “Estou doente, vou morrer”. 

  4)  A  força  da  impulsão:  pensar:  “Não  me separarei jamais dos dois aspectos 

da Bodhitchitta, nem na hora da morte, nem no estado intermediário (Bardo), nem no  curso das existências futuras”. 

(34)

  5) A força da familiaridade: manter a mente claramente fixada sobre as duas 

Bodhitchitta (aquelas sobre as quais se meditou anteriormente). O mais importante é  fazer o que precede com grande concentração. 

  A posição corporal é também uma ajuda importante. A pessoa deve sentar‐se 

observando os sete pontos da postura*.  

Se  ela  não  pode,  deve  se  alongar  sobre  seu  lado  direito,  com  a  face  direita  sobre a palma da mão direita, obstruindo a narina com o dede mínimo.  

Respirando  pela  narina  esquerda,  a  pessoa  deve  começar  a  meditar  sobre  o  amor e a compaixão, além de exercitar a tomada para si e a doação, conjuntamente  com a expiração e a inspiração.  

Em  seguida,  sem  se  apegar  ao  que  quer  que  seja,  ela  deve  se  estabelecer  na  consciência que samsara e nirvana,nascimento e morte, etc, são apenas aparências da  mente e que a mente ela própria não existe como coisa.   Neste estado ela deve continuar a respirar o quanto possa.  Encontram‐se muitos ensinamentos conhecidos sobre o modo de morrer, mas  foi dito que não existe nenhum mais maravilhoso que este.    Uma instrução que professa o emprego de substâncias declara: “Aplicai sobre  o  alto  da  cabeça  um  ungüento  composto  de  mel  selvagem,  de  cinzas  de  conchas  marinhas puras e de limalhas de um imã”.                                               

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(36)

       

Critério de progresso na aprendizagem espiritual 

 

 

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Todos os Dharmas se resumem numa única necessidade.   

  A  razão  de  ser  do  Dharma,  Mahayana  e  Hinayana  é  unicamente  subjugar  a  apreensão  egocêntrica.  Assim  toda  realização  de  uma  prática  ou  de  um  exercício  mental deve objetivar a redução do apego ao ego‐bem‐amado. 

 Se  ela  não  é  um  antídoto  à  apreensão  egocêntrica,  a  prática  do  Dharma  não  tem sentido algum. Como este critério determina a diferença entre a verdadeira e a  falsa prática do Dharma, diz‐se que ela é a balança que pesa o praticante. 

 

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Entre dois testemunhos, fique com o melhor.      O testemunho dos outros, que vos vêem como um verdadeiro praticante é um  fato, mas os seres comuns não vêem o que esconde em vossa mente e se regozijam  unicamente com os progressos de vossa conduta. 

 Ter  continuamente  a  mente  tranqüila  é  o  sinal  da  boa  aprendizagem  da  mente.  Assim,  não  vos  apegueis  ao  testemunho  dos  outros,  mas  apoiai‐vos  unicamente no testemunho da própria mente.

 

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Mantenhais sempre e apenas uma disposição feliz.   

  Jamais  se  deixar  levar  pelo  medo  ou  pela  desesperança,  qualquer  que  seja  a  adversidade  encontrada,  fazer  desta  adversidade  a  companhia  da  aprendizagem  espiritual e, portanto possuir sempre e unicamente uma disposição feliz e um ponto  de referência que indique os progressos na aprendizagem espiritual. 

 É  necessário  não  apenas  meditar  alegremente  sobre  qualquer  adversidade  sobrevinda, mas também vos exercitar a tomar alegremente sobre vós os obstáculos  que afligem os outros.  

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Se podeis fazer mesmo distraídos, é que a mente está treinada.   

  Da  mesma  forma  que  um  cavaleiro  ágil  não  cairá  de  sua  montaria  mesmo  estando  distraído,  igualmente  se  vós  podeis  transformar  as  circunstâncias  adversas  em serviçais de vossa aprendizagem espiritual, sem mesmo prestar grande atenção a  isto,  é  porque  a  mente  está  bem  treinada.  As  duas  Bodhitchittas  se  desenvolvem  claramente  e  sem  esforços,  sendo  aplicáveis  a  tudo  que  surge:  inimigos,  amigos,  felicidade ou infelicidade. 

  Estes quatro versos descrevem os sinais de progresso no desenvolvimento da  Bodhitchitta.  Eles  não  são  a  indicação    que  estender  este  aprendizado  mais  adiante  não  é  necessário.  Ao  contrário,  é  necessário  se  exercitar  na  Bodhitchitta  para  desenvolvê‐la até a obtenção da Budeidade.                                                                   

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Os compromissos da aprendizagem espiritual

   

 

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Respeitai sempre os três pontos gerais   

  1) O  primeiro  dos  três  pontos  gerais  é  o  de  1)  não  romper  com  os  engajamentos  da  aprendizagem  espiritual:  não  ser  maculado  por  faltas  e  imperfeições  na  observância  dos  votos  que  vós  haveis  tomado,  ainda  que  seja  o  menor preceito da ordenação para a liberação individual, do Bodhisattvayana ou do  Mantrayana* 

  2) O segundo é o de não adotar o comportamento absurdo, mas de conduzir  uma vida perfeitamente pura e abandonar as atitudes estúpidas tais como destruir os  suportes  religiosos,  cortar  árvores,  sujar  as  águas,  freqüentar  os  leprosos  e  os  mendicantes,  etc  com  a  esperança  de  que  pensem  que  vós  não  estais  apegados  ao  ego.  

3) O terceiro é o de não ser parcial. Alguns exemplos de parcialidade: suportar  paciente  os  tormentos  causados  pelas  pessoas  e  não  os  aborrecimentos  causados  pelos  deuses,  os  demônios  ou  vice  versa,  ser  paciente  com  todo  mundo  e  se  impacientar ao contacto com sofrimentos como doenças. Ou ser paciente com todas  as coisas, mas deixar escapar o Dharma quando se está feliz.   Estes três pontos dos engajamentos da aprendizagem espiritual são, pois, uma  parte da observância. 

 

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Modificai vossas tendências, mas permanecei naturais.   

  Dirijai  vosso  amor  unicamente  para  a  realização  do  bem  do  outro  e  modificareis  assim  a  tendência  inicial  que  vos  faz  vos  interessar  por  vós  mesmos  e  não aos outros. 

  Toda  aprendizagem  espiritual  deve  ser  feita  com  um  mínimo  de  ostentação,  mas  um  máximo  de  eficácia;  assim  permanecei  naturais,  guardando  uma  atitude  exterior  em  harmonia  com  vossos  companheiros  do  Dharma.  Trabalhai  para  a  maturação  do  continuum  de  vossa  experiência  sem  deixar  transparecer  vossos  esforços aos olhos dos outros. 

Referências

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