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Motricidade ISSN: X Desafio Singular - Unipessoal, Lda Portugal

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ISSN: 1646-107X

motricidade.hmf@gmail.com Desafio Singular - Unipessoal, Lda Portugal

Ribeiro Junior, D.B.; Lima, J.R.P.; Tavares, P.C.V.; Ribeiro, C.A.F.

A influência da idade cronológica no desempenho anaeróbio de jovens Portugueses e Brasileiros Motricidade, vol. 8, núm. Supl. 2, 2012, pp. 493-502

Desafio Singular - Unipessoal, Lda Vila Real, Portugal

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=273023568059

Como citar este artigo Número completo Mais artigos

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Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

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Motricidade © FTCD/FIP-MOC

2012, vol. 8, n. S2, pp. 493-502 Suplemento do 1º EIPEPS

A influência da idade cronológica no desempenho anaeróbio de

jovens Portugueses e Brasileiros

The influence of chronological age on anaerobic performance of

Portuguese and Brazilian young boys

D.B. Ribeiro Junior, J.R.P. Lima, P.C.V. Tavares, C.A.F. Ribeiro

ARTIGOORIGINAL | ORIGINALARTICLE RESUMO O objetivo deste estudo foi comparar os níveis de desempenho anaeróbio em três diferentes grupos etários de crianças e jovens Portugueses e Brasileiros, verificando a influência das variáveis antropométricas e de maturação. Foram avaliados 82 alunos de ensino púbico, sendo 50 Brasileiros e 32 Portugueses. Ambas as populações foram divididas de acordo com a sua idade cronológica: Grupo I (BRA: 10.9 ± 0.2 anos; POR: 11.6 ± 0.13 anos), Grupo II (BRA: 13.5 ± 0.2 anos; POR: 13.5 ± 0.3 anos) e Grupo III (BRA: 16.7 ± 0.2; POR: 16.7 ± 0.3). Foi avaliado a maturação sexual pelos carateres sexuais de Tanner, avaliação antropométrica e teste de Wingate. Cada população foi avaliada em seu país pela mesma equipe de investigadores e com a utilização dos mesmos equipamentos de avaliação. Para o tratamento estatístico foi feita análise da variância com um fator, com intervalo de confiança de 95%, seguida do teste post-hoc de Sheffe F-test. Nossos resultados sugerem que no grupo II, as diferenças encontradas no desempenho anaeróbio, são determinantes para comparação entre as populações, sendo relacionadas principalmente com as diferenças morfofuncionais. As diferenças encontradas entre todos os grupos em ambas as populações parecem ser dependentes de vários fatores (genéticos, econômicos, ambientais, metodológicos e/ou sociais,) que podem influenciar no desem-penho anaeróbio.

Palavras-chave: desempenho anaeróbio, maturacão, jovens ativos

ABSTRACT The aim of this work was to study the influence of maturation degree in the power output of young people from Portugal or Brazil. The 82 boys of the public schools (50 Brazilian and 32 Portuguese) were classified in 3 age groups: Group I (BRA: 10.9 ± 0.2 years; POR: 11.6 ± 0.13 years), Group II (BRA: 13.5 ± 0.2 years; POR: 13.5 ± 0.3 years) e Group III (BRA: 16.7 ± 0.2; POR: 16.7 ± 0.3 years). Sexual maturation by Tanner criterion, anthropometric measurement and Wingate Anaerobic Test were tested. The Brazilian and Portuguese populations were evaluated in their countries by the same research team and same equipment in order to avoid measurement bias. For statistics treatment ANOVA one fator was test, with 95% of interval of confidence, followed by post-hoc of Sheffe F-test. Our results suggest that the maturation degree (measured by Tanner methodology) did not influence anaerobic performance in group II. This parameter is probably correlated with an increase in body size. However, the groups I and III showed normal results and intragroups correlations, as expected. The differences found between all groups of both populations seem to be dependent on several factors (genetic or social) that may control the development of the anaerobic pathway.

Keywords: anaerobic performance, maturation, young boys

Submetido: 01.08.2011 | Aceite: 14.09.2011

Dilson Borges Ribeiro Junior, Jorge Roberto Perrout Lima. Faculdade de Educação Física e Desportos, Universidade Federal de Juiz de Fora, Brasil.

Paula Cristina Vaz Tavares, Carlos Alberto Fontes Ribeiro. Faculdade de Ciências do Desportos e Educação Física, Universidade de Coimbra, Portugal.

Endereço para correspondência: Dilson Borges Ribeiro Junior, Rua Vereador José Gasparete 83/402 Vale do Ipê - Juiz de Fora - MG, CEP: 36035-790, Brasil.

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Jovens praticantes de modalidades despor-tivas são encorajados a treinar de forma inten-sa para participar, cada vez mais precocemente, de competições, cujos escalões são divididos de acordo com a sua idade cronológica (Naugh-ton, Farpour-Lambert, Carlson, Bradney, & Van Praagh, 2000). Malina (2000) critica tal critério e ressalta que os escalões desportivos, que podem apresentar até dois anos de dife-rença, não consideram que o desempenho atlético de equipe e/ou atleta, pode estar rela-cionado não só ao treinamento mais adequado, mas também às alterações provenientes de ma-turação mais precoce.

Trabalhos de Armstrong, Welsman e Kirby (1997) mostraram que a maturação sexual exerce uma forte influência na potência anae-róbia e capacidade anaeanae-róbia, independente-mente da massa corporal. Para Van Praagh (1998), como determinante do desempenho anaeróbio e aeróbio, devem-se considerar tam-bém o contexto do crescimento, da maturação, o volume e arquitetura muscular e a coorde-nação motora. Fatores ambientais podem também influenciar o desempenho anaeróbio, como demonstraram França, Doré, Bedu e Van Praagh (2002) estudando meninas francesas e Brasileiras. A produção de potência máxima de curta duração, também, é afetada pela condição socioeconômica e nutricional (Blonc et al., 1996; Beaune, Blonc, Fellmann, Bedu, & Coudert, 1997).

Variantes socioculturais e climáticas podem interferir no grau de maturação dos atletas e criar assimetrias ainda maiores nos escalões de competições internacionais. Em competições entre jovens atletas portugueses e brasileiros, por exemplo, não se pode considerar que com-petem em condições iguais no que se refere aos componentes maturacionais e ambientais rela-cionadas ao exercício. Apesar de existirem inúmeros estudos que relacionam desempenho anaeróbio, idade cronológica e o grau de matu-ração, (Armstrong et al., 1997; 2001; Van Praagh, 2000), apenas um entre os estudos consultados focalizou a sua investigação na comparação transcultural do comportamento

anaeróbio de crianças e adolescentes (França et al., 2002). Com isso, o objetivo deste estudo foi comparar os níveis de desempenho anae-róbio em três diferentes grupos etários de crianças e jovens portugueses e brasileiros, verificando a influência das variáveis antropo-métricas e de maturação.

MÉTODO Amostra

Foram avaliados 82 voluntários (32 Portu-gueses e 50 Brasileiros) com idades compre-endidas entre os 10 e os 18 anos. Os volun-tários foram procedentes de escolas urbanas do ensino público, tanto em Portugal (Coimbra) como no Brasil (Juiz de Fora - MG). O projeto de pesquisa referente ao trabalho exposto, foi aprovado em conselho científico da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra.

Os indivíduos foram inicialmente contac-tados em seus estabelecimentos de ensino pelos respetivos professores de Educação Físi-ca, após o consentimento da Direção Regional de Educação do Centro (Portugal) e das respe-tivas direções do estabelecimento de ensino (Brasil). Após informação detalhada do proto-colo de estudo aos participantes, os pais e/ou os encarregados de educação, assinaram termo de consentimento livre e esclarecido para parti-cipação no estudo. Os voluntários foram dividi-dos em grupos etários denominadividi-dos Grupo I (10 aos 12 anos de idade), Grupo II (13 aos 15 anos de idade) e Grupo III (16 aos 18 anos de idade).

Os jovens portugueses (n=32) eram resi-dentes em Coimbra, oriundos das instituições de ensino público, nomeadamente, Escola Secundária Quinta das Flores (Vale das Flores) e Escola Básica do 2º e 3º ciclos do Poeta Silva Gaio (Santa Clara). Os jovens brasileiros (n= 50) eram residentes em Juiz de Fora – MG, oriundos das instituições de ensino público, Escola Municipal Presidente Tancredo Neves (Bairro de São Pedro) e Escola Estadual Prof. José Saint Clair Magalhães Alves (Bairro De-mocrata).

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Idade cronológica e desempenho anaeróbio | 495 Instrumentos e Procedimentos

Todas as coletas de dados foram realizadas pelo mesmo avaliador, tanto no Brasil como em Portugal, requerendo a utilização dos mesmos modelos de instrumentos de medidas em ambos os laboratórios, respeitando os respetivos padrões de calibração independente-mente do país onde estavam a ser realizados os testes. Em Portugal, os testes foram realizados nas dependências do Centro de Estudos Bio-cinéticos (CEB), na Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física (FCDEF) da Uni-versidade de Coimbra. No Brasil, os testes foram realizados no Laboratório de Avaliação Motora (LAM), na Faculdade de Educação Físi-ca e Desportos (FAEFID) da Universidade Fe-deral de Juiz de Fora. Os procedimentos para coleta de dados foram divididos em 3 etapas: 1) Autoavaliação do Grau de Maturação; 2) Realização das medições antropométricas; e 3) Realização do teste de Wingate.

Autoavaliação do Grau de Maturação

A medição dos estágios de desenvolvimento maturacional foi realizada por autoavaliação de fotografias da Pilosidade Púbica e Genitália, seguindo a metodologia de Tanner (Matsudo & Matsudo, 1994).

Medidas Antropométricas

Para a realização das medições de peso, estatura e dobras cutâneas, adotou-se o pro-tocolo proposto pelo International Working Group in Kinantropometry, descrito por Ross e Marfell-Jones (1991), como padrão de medi-das. A partir de tais medidas foram calculados o Índice de Massa Corporal (IMC) e % de gor-dura corporal (G%). Para determinação do per-centual de Gordura corporal, foi utilizada a equação de predição proposta por Slaughter et al. (1988) a qual utiliza as dobras de gordura cutânea tricipital e geminal.

Teste de Wingate

Para realização de teste de Wingate foi utili-zada a bicicleta ergométrica Monark® modelo 824 E, com sensor ótico ligado a um

compu-tador, com utilização do software SMI Power for IBM and Compatibles (DOS) version 3.02, que por 16 marcas contidas na flywheel, iden-tifica a contagem de pulsos em cada volta da flywheel (1.615 metros de circunferência), calculando assim a velocidade linear através de seguinte fórmula:

𝑉 = 𝑥𝑃𝑢𝑙𝑠𝑜𝑠1𝑠 ×16𝑝𝑢𝑙𝑠𝑜𝑠 ×1𝑟𝑒𝑣 1.615𝑚𝑟𝑒𝑣 =1.615 × 𝑛𝑃𝑢𝑙𝑠𝑜𝑠16 × 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 Interligado a um sistema de frenagem da Flywheel, existe uma “gaiola” pesando aproxi-madamente 500 grs, onde são adicionados kg (em forma de pesos), que quando soltos (acio-nados simultaneamente com o registro dos pulsos) exercem atrito à flywheel, de forma que este atrito ofereça resistência à pedalada do sujeito. Esta resistência é considerada como a Força.

Através da identificação da velocidade linear e da Força aplicada, calculou-se então a Potên-cia Anaeróbia (PA) Máxima e PA mínima, na qual o < nº de pulsos determina PA máxima e o > nº de pulsos determina a PA mínima, pela seguinte fórmula:

Potência = Força × Velocidade

O valor final obtido determina a potência anaeróbia absoluta. Através da divisão do valor absoluto da potência anaeróbia pela massa corporal obtemos a potência anaeróbia relativa. O pico de potência e a potência mínima foram determinados pela média de um período de 5 a 6 segundos, ou seja, segundos consecutivos que produzam altas e baixas potências.

O software SMI Power for IBM and Compa-tibles (DOS) version 3.02, também fornece dados sobre a Capacidade Anaeróbia (CA), cal-culando a média de todos os segundos de realização dos testes (∑ Potências/30seg).

A partir destes dados também foi deter-minado o Índice de Fadiga (IF), utilizando a se-guinte fórmula:

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As características do TAW (confiabilidade e validade), quando usado em crianças, adoles-centes e adultos têm sido exploradas por vários grupos. A sua confiança no teste–reteste em crianças atinge correlações .92 e .97 (Bar-Or, 1987).

Análise Estatística

Para análise dos dados foi utilizado o pro-grama STATVIEW for Windons versão 5.0 (SAS Intitute Inc.). Foram utilizados os valores de médias e erro padrão para descrever os gru-pos etários nas diferentes variáveis estudadas, como estatística descritiva. Para comparação entre os grupos etários na mesma população e em populações diferentes (portugueses e brasi-leiros) foi feita análise da variância com um fator, com intervalo de confiança de 95%, seguida do teste post-hoc de Sheffe F-test.

RESULTADOS

A Figura 1 apresenta as idades dos sujeitos por grupo etário e país. Houve diferenças ape-nas entre os grupos etários.

Figura 1. Comparação dos grupos etários nas duas populações. Os valores indicam a média ± o erro padrão (SEM); * p < .05 em relação ao grupo I,

# p < .05 em relação ao grupo II

Na Tabela 1, verifica-se que apenas o grupo II da população Portuguesa apresenta maior percentual de gordura, massa gorda e massa livre de gordura relativamente à população Brasileira bem como em relação aos restantes

grupos. Tanto pelo índice de massa corporal, quanto pela massa corporal, o grupo II apre-senta, inclusive, valores superiores aos encon-trados no grupo III.

Os valores correspondentes ao grau de maturação apresentam-se na Figura 2. De acordo com os caracteres sexuais secundários observados pela pilosidade púbica, pode-se constatar que apenas no grupo I encontram-se diferenças significativas. Quando se comparam os grupos pela genitália, existem diferenças significativas entre os grupos I e II.

Figura 2. Grau de maturação identificado pela Pilo-sidade Púbica e Genitália em função do grupo etário

nas populações Brasileira e Portuguesa. Os valores indicam a média ± o erro padrão (SEM); * p < .05 No teste Wingate, o primeiro dos parâme-tros considerado foi potência anaeróbia (PA) em valores absolutos (Watts), os resultados podem ser observados na Figura 3. O grupo português apresenta valores de PA superiores 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 Portugueses Brasileiros 1 2 3 Id ad e ( an os ) * * #

Grupo I Grupo II Grupo III

0 1 2 3 4 5 Portugueses Brasileiros 1 2 3 G ra u de M at ura ça o (P ilos id ad e P ub ic a) *

Grupo I Grupo II Grupo III

0 1 2 3 4 5 Portugueses Brasileiros 1 2 3 G ra u de M atu ra ça o (G en ita lia ) * *

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Idade cronológica e desempenho anaeróbio | 497 Tabela 1.

Características antropométricas dos sujeitos Variáveis Portugueses Brasileiros Grupo I (n = 10) Grupo II (n = 10) Grupo III (n = 12) Grupo I (n = 15) Grupo II (n = 19) Grupo III (n = 16) Idade 11.5±0.1 13.4±0.3 16.7±0.2 10.9±0.2 13.5±0.2 16.7±0.2 Massa (kg) 36.7±6.2 66.9±7.0* 63.7±3.3 40.2±2.5 48.8±2.0 60.5±2.5 Estatura (cm) 146.3±2.3 165.2±4.5 173.2±2.7 148.3±2.3 162.1±2.2 172.1±2.2 % de gordura 18.0±2.5 25.5±2.5* 16.8±1.0 17.3±1.6 14.9±1.34 13.4±1.4 MLG (kg) 30.0±2.0 49.1±4.3* 52.8±2.6 32.9±1.7 41.5±1.7 52.1±1.7 Massa Gorda (kg) 6.7±1.1 17.8±1.1* 10.9±1.0 7.3±1.6 7.4±0.8 8.4±1.2 Nota: Os valores indicam a média ± o erro padrão (SEM); * p < .05; MLG = Massa Livre de Gordura

ao grupo II Brasileiro, até mesmo, a apresentar valores muito próximos ao de ambas as popu-lações no grupo III.

Figura 3. Potência Anaeróbia registrada em valores absolutos (W) e relativos (W/kg), em função do grupo etário nas populações Brasileira e Portuguesa.

Os valores indicam a média ± o erro padrão (SEM); * p < .05

Para observar a capacidade anaeróbia (CA), em valores absolutos (Watts) e relativos (W/ kg), Observando a comparação da população Brasileira e Portuguesa entre os grupos etários, encontra-se diferenças na CA em valores abso-lutos, no grupo II, em que os Portugueses apresentam uma capacidade anaeróbia signifi-cativamente superior ao grupo Brasileiro. Já em valores relativos, pode se observar diferenças nos grupos I e II, entre os brasileiros e portu-gueses.

O índice de fadiga (IF), o decréscimo de po-tência ao longo do teste, pode ser observado na Figura 5. Os grupos I e III apresentam dife-renças. Em ambos os grupos, a população Bra-sileira apresenta IF significativamente maior que a população Portuguesa.

DISCUSSÃO Grupo I

Os grupos I, II e III Portugueses equivalem às suas amplitudes etárias e seus respetivos graus de maturação, sendo então classificados como normais, tanto na classificação da geni-tália quanto na pilosidade púbica. Já o grupo I Brasileiro apresenta valores de maturação se-xual superiores ao seu grupo etário na avalia-ção da genitália e da pilosidade púbica, sendo então classificados como precoces. Pode-se en-tão dizer que aos 11 anos de idade a amostra de Brasileiros estudada, apresenta graus de ma-turação de indivíduos de 12.7 a 13.9 anos de idade. 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 Portugueses Brasileiros 1 2 3 Po te nc ia A bs olu ta (W ) *

Grupo I Grupo II Grupo III

0 2 4 6 8 10 12 Portugueses Brasileiros 1 2 3 Po te nc ia R el ativ a (W /k g) *

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Figura 4. Capacidade Anaeróbia em valores absolutos (Watts) e relativos (W/kg), em função do grupo

etá-rio nas populações Brasileira e Portuguesa. Os valo-res indicam a média ± o erro padrão (SEM); * p < .05

Figura 5. Índice de Fadiga expressos em percentuais (%), em função do grupo etário nas populações Brasileira e Portuguesa. Os valores indicam a média

± o erro padrão (SEM) ; * p < .05

Quanto à performance anaeróbia apenas foi encontrada diferença no grupo I entre as popu-lações, em relação ao CA (W/kg) e ao IF, em que os Portugueses apresentam valores mais elevados. Armstrong, Welsman e Chia (2001) apresentam valores de estatura (1.51 ± 0.1 metros), massa corporal (40.7±7.3 kg), PA absoluto (321±83 Watts), CA absoluto (269 ± 64 Watts) para meninos de 12.2 ± 0.4 anos de idade. Sabendo que os Brasileiros neste grupo são de maturação precoce e que a PA (W e W/kg) e a CA (W) são semelhantes entre os grupos, pode-se sugerir que a maturação pre-coce dos Brasileiros não foi suficiente para torná-los mais eficazes no desenvolvimento da via anaeróbia. Os valores encontrados em nos-sos estudos apresentam-se semelhantes, tanto para os Portugueses quanto para os Brasileiros, ao compararmos com os valores apresentados pelos autores supracitados.

O grau de maturação precoce encontrado no grupo I Brasileiro, pode estar associado a fatores sócio-econômicos, culturais, ambientais (proximidade com a linha do equador) e nutricionais. Correlações entre a autoavaliação e a avaliação direta dos carateres sexuais se-cundários pelos critérios de Tanner são de clas-sificação moderada a alta (r = .59 a r = .92) (Matsudo & Matsudo, 1994). Porém Schloss-berger, Turner e Irwin (1992), sugerem que os mais jovens poderiam ter a tendência a super-estimar os menores estágios e subsuper-estimar os estágios maiores. Diante desta prerrogativa, em nosso estudo, só poderíamos considerar esta afirmação se ambas as populações apre-sentassem grau de maturação precoce no grupo I, o que não ocorre, nos levando a associar esta precocidade às influências de outras variáveis que não foram controladas neste estudo. Grupo II

Ao comparar os resultados apresentados pelo grupo II Português em relação ao grupo II Brasileiro, observam-se alterações marcantes dos Portugueses, como:

- Menor grau de maturação pela genitália; 0 100 200 300 400 500 600 700 Portugueses Brasileiros 1 2 3 C ap ac id ade A n aer obi a A bs ol ut a ( W ) *

Grupo I Grupo II Grupo III

0 2 4 6 8 10 Portugueses Brasileiros 1 2 3 C ap acid ad e A na er ob ia R el at iv a (W /K g) * *

Grupo I Grupo II Grupo III

0 10 20 30 40 50 Portugueses Brasileiros 1 2 3 In di ce d e F ad ig a ( % ) * *

Grupo I Grupo II Grupo III

Portugueses

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Idade cronológica e desempenho anaeróbio | 499 - Maior PA e CA, tanto em valores

absolutos como relativos; - Maior massa corporal; - Maior percentual de gordura; - Maior massa gorda;

- Maior massa livre de gordura.

Em nosso estudo não foi controlado nenhum fator relacionado ao padrão de ativi-dade física das populações estudadas, porém não acreditamos que os fatores relacionados à automotização da habilidade motora pedalar, tenha sido determinante para as diferenças encontradas na PA e CA entre os grupos II, até porque estas diferenças não existem no grupo I e no grupo III. França et al. (2002) comparou meninas (entre os 9 e 17 anos) Francesas e Brasileiras em exercício supramáximo em cicloergômetro, encontrando valores de PA menores para as Brasileiras em relação às Fran-cesas. Os autores atribuíram esta diferença à experiência e à coordenação na realização da tarefa pedalar, verificando os dados de padrões de atividade física entre as populações (ques-tionário) e a observação subjetiva da realização dos testes. Contudo, corroboramos com França et al. (2002) que os padrões de atividade física diária devem ser controlados, quando se pre-tende avaliar a performance anaeróbia em diferentes populações.

Ao observar os valores superiores de PA e CA dos Portugueses quanto aos Brasileiros no grupo II, deparamos com valores também superiores de %Gord, MLG e MG para os Por-tugueses. Segundo Borges, Matsudo e Matsu-do, (2004), no sexo masculino o processo de maturação na puberdade (período em que se encontram classificados pela pilosidade púbica, o grupo II de Portugueses (3.57 ± 0.4) e de Brasileiros (3.8 ± 0.2) parece afetar mais às variáveis peso, estatura e comprometimento tronco-cefálico, do que as variáveis metabó-licas. Os mesmo autores assumem que apesar de idades cronológicas e biológicas iguais, na fase da puberdade é possível encontrar diferen-ças nas variáveis antropométricas e de PA. Contudo, em nossos achados entendemos que estas diferenças entre a Massa corporal, MG,

MLG e %Gord. sejam em função de uma popu-lação Portuguesa demasiadamente fora dos padrões de normalidade e/ou até mesmo con-dicionadas pelo número de sujeitos avaliados neste grupo etário.

Ao analisar a MLG poderíamos supor facil-mente que devido à maior massa muscular os Portugueses apresentam consequentemente maior PA e CA, entretanto a MG e o %Gord. mais elevados sugerem que esta população apresentaria maior dificuldade em atingir valo-res altos de performance no Teste Anaeróbio de Wingate (TAW), devido ao acúmulo de tecido adiposo em sua estrutura corporal. Todavia, a concentração de tecido adiposo nestes sujeitos pode estar concentrada em seu abdómen, quadril, tórax e membros superiores, restando um maior volume muscular de perna, determinando assim uma melhor performance no TAW. O TAW considera a aplicação de força direta nos pedais utilizando os membros inferiores, porém a carga utilizada como resistência é determinada pela relação com a massa corporal total. Chia, Armstrong, Wels-man e Winsley (1997) e Santos, Armstrong, De Ste Croix, Sharpe e Welsman (2003) questionam os estudos que relacionam os valo-res de PA e CA no TAW com as variáveis da composição corporal total. Os mesmo autores afirmam que a utilização da determinação do Volume muscular da coxa (Ressonância mag-nética) e/ou do Volume muscular da perna (métodos antropométricos) sejam a forma mais adequada para se estabelecer relação entre o desempenho no TAW e as dimensões corporais. Acreditamos que a utilização de métodos que avaliem o volume muscular da coxa/perna, nos ajudaria a explicar as dife-renças encontradas no grupo II entre Portu-gueses e Brasileiros, contudo as dificuldades geográficas e de logísticas, condicionaram a utilização destes métodos de avaliação neste assunto.

Estas alterações, nos fazem crer que neste grupo etário a performance anaeróbia está relacionada às dimensões corporais e não ao grau de maturação, levando à sugestão de que

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os critérios de Tanner seriam insuficientes para avaliar maturacionalmente este escalão etário, que compreende o período em que ocorre nos meninos o pico de crescimento, as mudanças de ordem corporal, comportamental e fisioló-gicas são mais rápidas, desordenadas e críticas (Malina e Bouchard, 1991).

As diferenças morfológicas e na perfor-mance encontradas no grupo II e ausência de diferenças no grau de maturação da pilosidade púbica, podem supor que a amostra desse grupo apresenta-se muito especializada e fora dos padrões normais esperados e/ou que por se tratar de uma fase (período de ocorrência do PHV) de mudanças muito aceleradas, ocorram discrepâncias nos ritmos de crescimento.

Baseado em evidências de um estudo de Van Praagh (2000) que sugere mudanças hor-monais e as adaptações neurológicas (melhoria da coordenação motora) na puberdade, como uns dos contribuidores mais importantes na melhoria do desempenho anaeróbio durante o crescimento, podemos supor que os valores superiores de PA e CA (W e W/kg) dos Portu-gueses sobre os Brasileiros sejam devido à uma mudança hormonal antecipada (principalmente em relação à ativação da enzima PFK) dos Portugueses ou na melhor coordenação motora (adaptação neurológica) inter e intramuscular dos membros inferiores, o que proporcionaria a obtenção de valores superiores no TAW. Contudo, esta hipótese não pode ser confir-mada devido à ausência de dados no nosso estudo, que possam confirmar esta afirmativa. Grupo III

Ao observarmos o grupo III, podemos dizer que em ambas as populações alcançam valores de grau de maturação, antropométricos e de desempenho anaeróbio semelhantes entre si, e que corrobora com a literatura, mostrando que estes valores estão bem aproximados de valo-res adultos.

Os nossos resultados de PA e CA tanto para Portugueses e Brasileiros são semelhantes aos apresentados por Nindl, Mahar, Harman e Pat-ton (1995), com valores de idade de 16.5 ± 0.9

anos, 9.1 ± 1.4 e 7.2 ± 1.0 (W/kg) 694.0 ± 77.3 e 548.84 ± 66.8 (W), respetivamente. Armstrong et al. (2001) em estudo longitu-dinal encontraram para meninos de 17.0 ± 0.3 anos de idade valores de 1.78 ± 0.6 metros para estatura, 68.5 ± 9.9 kg para a massa cor-poral, 707 ± 114 W para a PA, 573 ± 89 W para a CA.

Com isso, podemos normalizar os nossos dados com os apresentados pela literatura e afirmar que variações existentes neste grupo etário são muito pequenas. Estas evidências nos faz acreditar que estes grupos, por se apro-ximarem da idade adulta, considerados como pós-púberes, apresentam pequena variação em seu desenvolvimento e consequentemente na aplicação do desempenho anaeróbio, o que nos permite dizer que em competições desportivas entre Portugueses e Brasileiros neste grupo etário (16.7 ± 0.2), o sucesso e/ou insucesso desportivos estaria associado a fatores, técni-cos, treinabilidade, sócio-cultural, entre outros, do que às condicionantes da maturação, di-mensões e composição corporal e ao desempe-nho anaeróbio.

No que tange, a comparação do grupo I de Portugueses e Brasileiros, podemos dizer que a utilização de outro método de avaliação do estágio maturacional poderia ser aconselhado para eliminar qualquer influência que a auto-avaliação dos carateres sexuais secundários possa ter nas idades menores.

De acordo com a enorme discordância de dados apresentados entre o grupo II de Brasileiros e Portugueses, podemos relatar que o número de indivíduos na amostra pode ter influenciado na análise dos resultados, tendo em consideração que este grupo pode repre-sentar, mesmo dentro de um grupo de volun-tários heterogêneos uma população específica e sendo assim, influenciar a comparação dos grupos.

O interesse pelas possíveis diferenças no comportamento do desempenho, crescimento e maturação em diferentes populações em grupos etários iguais, é inerente ao estreita-mento sócio-cultural, econômico e porque não,

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Idade cronológica e desempenho anaeróbio | 501 “geográfico”, existente nos dias atuais, devido

à evolução tecnológica e à crescente globali-zação, o que nos faz acreditar que não só co-nhecer estas possíveis diferenças de comporta-mento, bem como ter informações necessárias para poder desenvolver e aplicar métodos de treinamento adequados, é extremamente perti-nente ao conhecimento geral do profissional da área da Educação Física e Treinamento.

A realização de estudo com características semelhantes, mas que além de ordenar os grupos por faixas etárias, pudesse controlar variáveis como: estilo de vida, níveis de ativi-dade física, socioeconômico, observação fisioló-gica ao nível da participação aeróbia, nível de coordenação neuromuscular para realização da tarefa pedalar com uma amostra mais repre-sentativa em termos numéricos, poderia fornecer uma série de dados ainda mais rele-vantes para a observação do comportamento do crescimento e maturação diante do desem-penho anaeróbia.

CONCLUSÕES

Na população Brasileira o Desempenho Anaeróbio, seja em valores absolutos e/ou rela-tivos, aumenta linearmente com a idade crono-lógica, exceto no grupo II Português que apre-senta valores semelhantes ao grupo III. Nossos resultados sugerem que no grupo II, as diferen-ças encontradas no desempenho anaeróbio, são determinantes para comparação entre as populações, sendo relacionadas principalmente com as diferenças morfofuncionais.

No que refere-se aos pós-púberes (grupo III) podemos concluir que ambas as populações se equivalem em grau de maturação e desem-penho anaeróbia, de forma que mesmo com as diferenças encontradas nos grupos etários precedentes a ele, o estágio final (mais pró-ximo à vida adulta) de maturação e desem-penho anaeróbia alcançam o mesmo ponto, subentendendo que a partir deste período os sucessos e/ou insucessos desportivos de carac-terística anaeróbia entre as populações seriam determinados por fatores alheios à idade biológica e a desempenho anaeróbia.

Agradecimentos: Nada a declarar. Conflito de Interesses: Nada a declarar. Financiamento: Nada a declarar. REFERÊNCIAS

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Referências

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