• Nenhum resultado encontrado

Associação entre bruxismo e má-oclusões em crianças revisão bibliográfica

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Associação entre bruxismo e má-oclusões em crianças revisão bibliográfica"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

* Graduada em Odontologia pela Universidade de Mogi das Cruzes

** Graduada em Odontologia pela Universida-de Universida-de Uberaba. Especialista em tria pela Associação Paulista de Odontopedia-tria Especialista em Ortopedia Funcional dos Maxilares pela Universidade Camilo Castelo Branco. Mestre em Ciências da Reabilitação pela Universidade Nove de Julho Doutoranda em Engenharia Biomédica pela Universidade de Mogi das Cruzes Professora da Universi-dade de Mogi das Cruzes. Coordenadora do Curso de Especialização em Odontopediatria da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas (APCD), regional Santo André.

Associação entre bruxismo e má-oclusões

em crianças – revisão bibliográfica

Association between bruxism and malocclusion in children

– bibliographic review

Meyrianne de Melo Ferreira* Analúcia Ferreira Marangoni**

ResuMo

O hábito do bruxismo tem sido alvo de constantes estudos, por ocasionar diversas alterações no meio bucal. Os sinais e sintomas mais frequentes são os desgastes oclusais e/ou incisais, destruição das estruturas de suporte, hipersensibilidade pulpar, mobilidade dentária, fratura de cúspides e restaurações, dores e distúrbios nas articulações temporomandibulares, hipertrofia do masséter, cefaleia ao acordar, entre outros. Dentre estas alterações, o bruxismo vem sendo amplamente citado como fator desencadeador de diversos tipos de má-oclusões. Desta forma, o objetivo deste estudo foi fazer um levantamento bibliográfico sobre trabalhos recentes publicados em três bases de dados com o objetivo de verificar se existe correlação entre bruxismo e desenvolvimento de má-oclusões em crianças. A partir dos dados analisados, pode- se concluir que crianças que apresentam bruxismo não necessariamente desenvolverão má-oclusões. Entretanto, a literatura mostra que existem fortes indícios nesta correlação e que ela está associada a diferentes tipos de má-oclusões.

Palavras-chave: Bruxismo; Má Oclusão; Criança. AbstRAct

The habit of bruxism has been the subject of constant studies, due to several changes in the oral environment. The most frequent signs and symptoms are occlusal and / or incisal wear, destruction of supporting structures, pulpal hypersensitivity, dental mobility, fractures of cusps and restorations, temporomandibular joint pain and disorders, masseter hypertrophy, headache upon waking, among others . Among these alterations, bruxism has been widely cited as a triggering factor for several types of malocclusions. Thus, the objective of this study was to make a bibliographic survey of recent works published in three databases with the objective of verifying if there is a correlation between bruxism and development of malocclusions in children. From the data analyzed, it can be concluded that children who present bruxism will not necessarily develop malocclusions. However, the literature shows that there is strong evidence for this correlation and that it is associated with different types of malocclusions.

(2)

IntRodução

A má oclusão pode ocorrer por diversos fatores. Além dos hábitos de sucção, outras intercorrências têm sido associados a problemas dentários e ortodônticos de curto e longo prazo. Em crianças são muito comuns as alterações na oclusão como resposta a algum hábito parafuncional, como a sucção não nutritiva e o bruxismo, e embora a associação entre forma e função continue a ser controversa, se os hábitos são de duração suficiente, eles podem levar à má oclusão dentária e impedir o correto desenvolvimento do sistema estomatognático, podendo ocorrer de uma forma ainda mais comprometedora em crianças, por sua estrutura óssea ainda estar em desenvolvimento.

O bruxismo ou briquismo pode ser definido como uma atividade involuntária e parafuncional, sendo caracterizado pelo ato de ranger ou apertar os dentes, tendo ma-nifestação no período diurno (bruxismo cêntrico ou em vigília) ou noturno (bruxismo excêntrico ou do sono) . O bruxismo cêntrico, que ocorre no período em que a criança está acordada, pode ser desenvolvido como resultado a tensões, no qual o paciente pode se dar conta do próprio hábito somente quando manifestar algum tipo de dor, que ge-ralmente ocorre na região da ATM. Pode ser também um ato consciente, proveniente da interposição de objetos. O bruxismo cêntrico pode ser considerado mais traumático que o bruxismo excêntrico, pois é exercida uma força contínua e menos tolerada.

O bruxismo excêntrico ocorre durante o sono; é um hábito involuntário de ranger os dentes que pode ocorrer por diversos motivos, como estresse, raiva, medo, entre ou-tros. Geralmente está relacionado a relatos de dor ou fadiga nos músculos da mastigação, resultantes de múltiplas contrações musculares que ocorrem durante a noite. A literatura cita que crianças com sono agitado têm 2,4 vezes mais chances de desenvolver bruxismo.

Por outro lado, este hábito parafuncional também pode ser desencadeado pela si-tuação contrária, isto é, caso a má-oclusão não seja tratada precocemente, o desequilíbrio entre as bases ósseas e apicais pode levar ao desenvolvimento do bruxismo.

Este hábito deletério tem sido alvo de constantes estudos, por ocasionar diversas alterações no meio bucal. Os sinais e sintomas mais frequentes são os desgastes oclusais e/ou incisais, destruição das estruturas de suporte, hipersensibilidade pulpar, mobilidade dentária, fratura de cúspides e restaurações, dores e distúrbios nas articulações tempo-romandibulares (ATM), hipertrofia do masséter, cefaleia ao acordar, entre outros. Dentre estas alterações, o bruxismo vem sendo amplamente citado como fator desencadeador de diversos tipos de má-oclusões.

Com relação aos fatores hereditários, um estudo sobre predisposição genética con-firmou que pais que possuíam este hábito na infância frequentemente apresentavam filhos que também apertavam ou rangiam os dentes. Reding et al e Glaros também observaram que crianças de pais com bruxismo são mais suscetíveis ao hábito, o que sugere uma pre-disposição hereditária, embora o modo de transmissão ainda seja desconhecido. A grande questão do bruxismo é que geralmente as pessoas não procuram tratamento e este hábito pode levar a diversas patologias do sistema estomatognático, como o desenvolvimento de má-oclusões dentárias.

O bruxismo em crianças pode ocorrer a partir do irrompimento dos primeiros dentes, e isso pode ocasionar vários problemas na infância, pois se o dente antagonista

(3)

ainda não irrompeu podem ocorrer dilacerações gengivais como resultado à pressão e ao apertamento.

As características do bruxismo são geralmente visíveis ao exame clínico, pois mostram desgastes nas superfícies dentárias. Além disso, pode acelerar a rizólise de dentes decíduos e provocar alterações na cronologia de erupção dos dentes permanentes. Descreve-se, também, a possibilidade do bruxismo favorecer o apinhamento dental, e em relação a este aspecto, pesquisas encontraram associações estatisticamente significativas entre bruxismo do sono e apinhamento dentário.

Desta forma, o objetivo deste estudo é fazer um levantamento bibliográfico sobre trabalhos recentes publicados em três bases de dados com o objetivo de verificar se existe correlação entre bruxismo e desenvolvimento de má-oclusões em crianças.

MetodologIA

Este estudo será uma revisão bibliográfica com o objetivo de levantar as referências encontradas nas bases de dados Bireme, Scielo e Lilacs, no período de 2009 a 2017, por meio dos descritores: “Bruxismo”, “Má Oclusão” e “Criança”.

RevIsão dA lIteRAtuRA

A má-oclusão pode correr por diversos fatores e também pode ocorrer de diversas formas; Nahás-Scocate et al avaliaram a prevalência de bruxismo na dentadura decídua e a associação existente entre este hábito e a presença ou não de mordida cruzada posterior. Foram avaliados 873 prontuários do arquivo de documentações da Universidade Cidade de São Paulo de crianças de ambos os sexos na faixa etária de 2 a 6 anos, procedentes de seis escolas municipais de educação infantil de São Paulo. Os dados foram coletados por meio de questionários respondidos pelos pais/responsáveis e exames clínicos realizados em ambiente escolar, para obtenção das características oclusais no sentido transversal. Os resultados mostraram que a prevalência desse hábito parafuncional foi de 28,8% do total da amostra. Quanto à associação de bruxismo com mordida cruzada posterior, neste estudo não foram encontrados resultados significativos.

De acordo com Miamoto et al, a má-oclusão mais encontrada em crianças com bru-xismo foi a mordida cruzada posterior em uma amostra de 180 indivíduos, ao contrário de Carra et al, que relacionaram o bruxismo a pacientes Classe II de Angle.

Os sinais e sintomas de disfunção temporomandibular (DTM) em crianças entre os 4 e os 12 anos de idade foram avaliados no estudo de Midori et al. Os autores concluíram que crianças com hábitos de bruxismo cêntrico e excêntrico e mordida cruzada posterior têm maior probabilidade de desenvolver sinais e sintomas de DTM.

Em um estudo realizado para avaliar os fatores que podem estar relacionados ao bruxismo, foram avaliadas 141 crianças na faixa etária de 4 a 6 anos de idade. Observaram--se vários aspectos desencadeantes de bruxismo: sialorreia durante o sono, uso de chupeta, interposição de lábio e onicofagia. No caso da chupeta, foi encontrada OR de 7,16, ou seja, crianças com esse hábito apresentaram risco sete vezes aumentado de bruxismo. Para as crianças com hábito de morder lábios este risco foi cinco vezes aumentado. A presença de respiração bucal também foi observada em 85% da amostra, corroborando com os

(4)

resul-tados encontrados por Motta et al. Nesta mesma faixa etária, outro estudo foi realizado e encontrou-se 30% de crianças com sinais e sintomas de bruxismo. Em faixas de idade mais precoces (3 a 5 anos), o bruxismo também foi evidenciado em 23,1% de um total de 117 crianças com dentição decídua completa avaliadas.

Pereira et al(2009)avaliaram um total de 112 crianças de 4 a 12 anos e observaram prevalência de pelo menos um sinal ou sintoma de DTM em crianças bruxistas. O estudo alcançou significância estatística, o que levou os autores a considerar o bruxismo como indicador de risco para sinais e sintomas de DTM.

Em outra pesquisa realizada por Simões-Zenari et al (2010). sobre os fatores

as-sociados ao bruxismo em crianças de 4 a 6 anos, foram avaliados; 141 voluntários que apresentavam os seguintes hábitos orais: bruxismo, onicofagia, interposição de lábio, dedo, chupeta e mamadeira, respiração bucal e sialorreia durante o sono. Houve associação entre bruxismo e: sialorreia durante o sono (p=0,036), uso de chupeta (p=0,036), interposição de lábios (p<0,001) e onicofagia (p=0,028). No caso da chupeta, foi encontrada OR de 7,16, ou seja, crianças com esse hábito apresentaram risco sete vezes aumentado de bruxismo.

Segundo Zapata et al (2010) em uma pesquisa realizada com 266 crianças de 4 a 6 anos, no município de Suzano, SP, com o objetivo de se investigar a presença de hábitos parafuncionais, obteve-se os seguintes resultados: apenas 45 (16,9%) das 266 crianças avaliadas não apresentavam hábitos deletérios, enquanto 221 (83,1%) apresentavam pelo menos um hábito, sendo que o uso da mamadeira foi o mais comum, presente em 167 (75,6%), seguido por chupeta - 93 (42,1%), onicofagia - 52 (23,52%), bruxismo - 48 (21,1 %), interposição de objetos - 31 (14 %) e dedo - 12 (5,4 %). Alterações de oclusão dentária foram detectadas em 119 (44,7%) das 266 crianças avaliadas. A mordida aberta anterior foi a alteração mais frequente, estando presente em 89 (74,8%) das 119 crianças que apresentaram alguma alteração de oclusão, sendo que a mordida aberta posterior foi encontrada em apenas 1 caso (0,8%) e a mordida cruzada anterior esteve presente em 6 (5,%) e a posterior em 18 crianças (15,2%), considerando que 5 crianças (4,2%) apresen-taram associação das mordidas cruzada anterior e posterior. Em relação à presença de hábitos deletérios e mordida aberta anterior, das 89 crianças com essa alteração oclusal, 30 (33,8%) tinham o hábito de amamentação artificial, 25 (28,1%) de uso de chupeta e 11 (12,3%) possuíam bruxismo.

Segundo Gonçalves et al (2010) na pesquisa realizada com 592 crianças de 4 a 16 anos, foi encontrada prevalência de 43% de bruxismo, e destas, 57% apresentaram má oclusão. Os hábitos bucais foram observados em 53% da amostra. A prevalência de má oclusão aumentou de 42,6% na dentadura decídua para 74,4% na dentadura permanente. Não foram encontradas diferenças entre os gêneros em ambas as variáveis. A onicofagia foi o hábito mais prevalente (35%) com preferência para o gênero feminino. Houve relação estatisticamente significativa entre bruxismo e hábitos bucais (p > 0,05). Avaliando os tipos específicos de hábitos, apenas a sucção de chupeta se mostrou relacionada ao bruxismo.

Segundo Carra et al (2011)o bruxismo relacionado ao sono e apertamento dentário em tempo de vigília foram associados à DTM, dor de cabeça, sono e queixas comportamen-tais. Este estudo teve como objetivo avaliar a prevalência e os fatores de risco para estes sinais e sintomas em uma população de 7 a 17 anos (n= 604) em crianças que procuraram tratamento ortodôntico. Os dados foram recolhidos por meio de um questionário e exame

(5)

clínico e foi realizada uma avaliação da morfologia craniofacial e desgastes dentários. O bruxismo relacionado ao sono foi relatado por 15% da população.

Já Motta et al (2012) verificaram em uma amostra composta por 198 crianças entre

três e cinco anos de idade, com idade média de 4,13 ± 0,8 anos e 57,1% do sexo masculino, que um total de 87,4% (n = 173) apresentaram um ou mais hábitos nocivos orais: 29,3% (n = 58) tinham um hábito, 30,8% (n = 61) possuíam dois hábitos, 18,2% (n = 36) tinham três hábitos e 9,1% (n = 18) , quatro hábitos. Os hábitos nocivos foram mais comuns no sexo masculino (61,8%; n = 107) em relação ao feminino (38,2%; n = 66). Em relação ao tipo de hábito, o padrão de respiração bucal foi o mais prevalente (49%; n = 97), seguido de morder / chupar objetos (33,3%; n = 66). O bruxismo foi o hábito menos prevalente no presente estudo, e não foi associado à respiração bucal.

Na pesquisa realizada por Vieira et al (2014), em um estudo transversal realizado com uma amostra de 749 crianças pré-escolares durante campanhas de imunização, a pre-valência de bruxismo do sono entre crianças em idade pré-escolar foi de aproximadamente 14%. Foram encontradas associações estatisticamente significativas entre bruxismo do sono e interposição de objetos, especialmente nos casos em que a amamentação natural durou por um período superior a 12 meses e artificial por mais de 24 meses.

dIscussão

O bruxismo é um hábito resultante da repetição de um ato com determinado fim, tornando-se com o tempo resistente a mudanças e relacionado a alterações nos padrões normais de deglutição, fonação e postura, com fatores de predisposição genética ou psico-lógica, e quando ocorrendo durante o sono (bruxismo excêntrico), mostra relatos de sono de má qualidade e sonolência diurna.

Abe e Shimakawa relacionaram o bruxismo noturno a relatos de dor ou fadiga nos músculos da mastigação, resultantes de múltiplas contrações musculares que ocorrem durante a noite e Nahás-Scocatte citaram que crianças com sono agitado têm 2,4 vezes mais chances de desenvolver bruxismo.

Sua prevalência na população infantil vem aumentando e sendo motivo de estudos e diferentes achados na literatura: Nahás-Scocatte et al encontraram 28,8% de bruxismo na amostra estudada; Motta et al, 23,1%; Zapata et al, 21%; Sharma et al, 30%; Gonçalves et al, 43% e Vieira et al, 14%. As amostras variaram entre crianças de 3 a 6 anos de idade e de ambos os gêneros.

A relação entre bruxismo e má-oclusão ainda não é bem definida pela literatura. Vários autores citam que o bruxismo pode causar má-oclusões caso não seja tratado corre-tamente e de forma precoce; por outro lado, segundo Piñal et al, Gonçalves et al, Vieira--Andrade et al, Thomaz et al, Miamoto et al e Zapata et al o que ocorre é a situação in-versa, isto é, a presença de má-oclusões é que pode dar origem a este hábito parafuncional. Neste aspecto, diversas má-oclusões foram relacionadas ao bruxismo: Vieira-Andrade et ale Thomaz et alrelacionaram este hábito ao desenvolvimento de apinhamentos den-tários, Miamoto et al à mordida cruzada posterior, e Carra et al a pacientes portadores de Classe II de Angle. Gonçalves et al encontraram 57% de má-oclusões em seu estudo com 592 participantes de 4 a 16 anos, sem mencionar, entretanto, qual o tipo foi a mais encontrada.

(6)

Verificou-se, também, que Zapata et al, Carvalho et al e Fialho et al encontraram um grande número de crianças que apresentaram mordida aberta anterior; sendo que na pesquisa realizada por Zapata et al, obteve-se uma porcentagem maior que a pesquisa realizada por Carvalho et ale por Fialho et al.

Por outro lado, Nahás-Scocate et ale Motta et alnão encontraram associação estatis-ticamente significativa entre bruxismo e presença de má-oclusões. Nas pesquisas realizadas por Simões et ale por Gonçalves et alverificou--se uma porcentagem muito próxima com relação a quantidade de crianças e adolescentes que apresentaram bruxismo.

Esta disfunção também vem sendo citada na literatura como uma forte potencia-lizadora de DTMs. Perreira et al(2009)avaliaram um total de 112 crianças de 4 a 12 anos e observaram prevalência de pelo menos um sinal ou sintoma de DTM em crianças bru-xistas. O estudo alcançou significância estatística, o que levou os autores a considerar o bruxismo como indicador de risco para sinais e sintomas desta disfunção, corroborando com os estudos de Midori et al e Carra et al.

A interrelação entre hábitos e desenvolvimento de bruxismo também foi estudada por diversos autores, os quais encontraram diferentes resultados: no caso da chupeta, Simões-Zenari e Bitar encontraram OR de 7,16, ou seja, crianças com esse hábito apresenta-ram risco sete vezes aumentado de bruxismo, enquanto em crianças com hábito de morder lábios este risco foi cinco vezes aumentado em uma amostra de crianças entre 4 e 6 anos. A presença de respiração bucal também foi observada em 85% da amostra, corroborando com os resultados encontrados por Motta et al. Nesta mesma faixa etária, Bedi e Sharma encontraram 30% de crianças com sinais e sintomas de bruxismo na amostra estudada.

Em faixas de idade mais precoces (3 a 5 anos), o bruxismo também foi evidencia-do em 23,1% de um total de 117 crianças com dentição decídua completa avaliadas por Carvalho et al. Ainda em relação a hábitos como fator de predisposição à má oclusões, estes autores avaliaram 117 crianças de 3 a 5 anos, na qual foram obtidos os seguintes resultados: 54,7% apresentaram o hábito de morder objetos; 19,8% hábito de onicofagia e 36,8%, mordida aberta anterior.

Relacionando a presença de outros hábitos e o desenvolvimento de bruxismo, Si-mões et al encontraram associação entre este e: sialorreia durante o sono (p=0,036), uso de chupeta (p=0,036), interposição de lábios (p<0,001) e onicofagia (p=0,028).

Vieira et al também encontraram associações estatisticamente significativas entre bruxismo do sono e interposição de objetos, especialmente nos casos em que a amamen-tação natural durou por um período superior a 12 meses e artificial por mais de 24 meses

conclusão

A partir dos dados analisados, pode- se concluir que crianças que apresentam bru-xismo não necessariamente desenvolverão má-oclusões. Entretanto, a literatura mostra que existem fortes indícios nesta correlação e que ela está associada a diferentes tipos de má-oclusões.

(7)

ReFeRÊncIAs

SILVA, M; MANTON, D. Oral habits--part 2: beyond nutritive and non-nutritive sucking. J dent child (Chic);

81(3): 140-6, 2014 sep-dec.

LUCAS, BL; BARBOSA, TS; PEREIRA, LJ; GAVIÃO, MBJ; CASTELO, PM. Electromyographic evaluation of masticatory muscles at rest and maximal intercuspal positions of the mandible in children with sleep bruxism.

eur Arch Paediatr dent; 15(4): 269-74, 2014 Aug.

Abe, K, sHIMAKAWA, M. genetic and developmental aspects of sleeptalking and teeth-grinding. Acta Paedopsychiatr 1966;33:339-44.

NAHÁS-SCOCATE, ACR; COELHO, FV; ALMEIDA, VC. Bruxism in children and transverse plane of occlu-sion: Is there a relationship or not? dental Press J orthod; 19(5): 67-73, sep-oct/2014.

PIÑAL, LI; MOLINERO, PM; TORRES, LM; BARTOLOMÉ-VILLAR, B. Tratamiento precoz de la mordida cru-zada posterior unilateral en el paciente infantil. Revisión bibliográfica / Early treatment of unilateral posterior cross bite in the child patient. Literature review. cient. dent. (Ed. impr.); 13(1): 41-48, ene.-abr. 2016.

GONÇALVES, Lívia Patrícia Versiani; TOLEDO, Orlando Ayrton de; OTERO, Simone Auxiliadora Moraes. Relação entre bruxismo, fatores oclusais e hábitos bucais / The relationship between bruxism, occlusal factors and oral habits. dental Press J orthod; 15(2): 97-104, mar.-abr. 2010.

VIEIRA-ANDRADE, RG; DRUMOND, C L; MARTINS-JÚNIOR, PA; CORRÊA-FARIA, P; GONZAGA, GC; MAR-QUES, LS; RAMOS-JORGE, ML. Prevalence of sleep bruxism and associated factors in preschool children.

Pediatr dent; 36(1): 46-50, 2014 Jan-Feb.

THOMAZ, EBAF; CANGUSSU, MCT; ASSIS, AMO. Maternal breastfeeding, parafunctional oral habits and malocclusion in adolescents: a multivariate analysis. Int J Pediatr otorhinolaryngol; 76(4): 500-6, 2012 Apr. MIAMOTO, Cristina Batista; PEREIRA, Luciano José; RAMOS-JORGE, Maria Letícia; MARQUES, Leandro Silva. Prevalence and predictive factors of sleep bruxism in children with and without cognitive impairment.

braz oral Res; 25(5): 439-45, 2011 sep-oct.

CARRA, Maria Clotilde; HUYTH, Nelly; MORTON, Paul; ROMPRÉ, Pierre H; PAPADAKIS, Athena; REMISE, Claude; LAVIGNE, Gilles J. Prevalence and risk factors of sleep bruxism and wake-time tooth clenching in a 7- to 17-yr-old population. eur J oral sci; 119(5): 386-94, 2011 oct.

ZAPATA, M; BACHIEGA, JC; MARANGONI, AF; JEREMIAS, JEM; MESQUITA-FERRARI, RA; BUSSADORI, SK; SANTOS, EM. Ocorrência de mordida aberta anterior e hábitos bucais deletérios em crianças de 4 a 6 anos.

Rev. ceFAc. 2010 Mar-Abr; 12(2):267-271.

STAUFER, Kirsten; HAMADEH, Sinan; GESCH, Dietmar. Failure of tooth eruption in two patients with cerebral palsy and bruxism-a 10-year follow-up: a case report. spec care dentist; 29(4): 169-74, 2009 Jul-Aug. PEREIRA, Luciano José; COSTA, RCs; FRANÇA, JPi; PEREIRA, Stela Márcia; CASTELO, Paula Midori. Risk indicators for signs and symptoms of temporomandibular dysfunction in children. J clin Pediatr dent; 34(1):

81-6, 2009.

SIMÕES-ZENARI M; BITAR ML. Fatores associados ao bruxismo em crianças de 4 a 6 anos. Pró-Fono Revista

de Atualização Científica. 2010 out-dez;22(4):465-72.

MOTTA, LJ; MESQUITA-FERRARI, RA; BUSSADORI, SK; MARANGONI, AF; FERNANDES, KPS; ALFAYA, TA. Gender as risk factor for mouth breathing and other harmful oral habits in preschoolers. braz. J. oral

(8)

BEDI, S; SHARMA, A. Management of temporomandibular disorder associated with bruxism. J Indian soc

Pedod Prev dent; 27(4): 253-5, 2009 oct-dec.

CARVALHO, Carine Markus; CARVALHO, Luiz Fernando Pereira da Costa; FORTE, Franklin Delano Soa-res; ARAGÃO, Maria do Socorro; COSTA, Lino João da. Prevalência de mordida aberta anterior em crianças de 3 a 5 anos em Cabedelo/PB e relação com hábitos bucais deletérios / Prevalence of anterior open bite among the children aged 3 to 5 years in Cabedelo, PB, Brazil, and its relationship with deleterious oral habits. Pesqui.

bras. odontopediatria clín. integr; 9(2)maio-ago. 2009.

RENDING GR, RUBRIGHT WC, ZIMMERMAN SO. Incidence of bruxism. J dent Res 1966;45:1198-204. GLAROS AG. Incidence of diurnal and nocturnal bruxism. J Prosthet Dent 1981;45:545-9.

FERREIRA, Andryelly Abrahão; BARBOSA, Oswaldo Luiz Cecilio; BARBOSA, Carla Cristina Neves; BRUM, Sileno Corrêa. ortodontia; 49(2): 143-148, mar.-abr.2016.

FIALHO NMP; PINZAN-VERCELINO CRM; NOGUEIRA RP; GURGEL JA. Relação entre a morfologia facial, mordida aberta anterior e os hábitos de sucção não nutritivos durante a fase de dentição primária. dental Press

Referências

Documentos relacionados

Acreditamos que o estágio supervisionado na formação de professores é uma oportunidade de reflexão sobre a prática docente, pois os estudantes têm contato

EDITORIAL Em Montes Claros, segundo a secretária municipal de Saúde, já não há mais kits do exame para detectar o novo coronavírus reportagem@colunaesplanada.com.br

utilizada, pois no trabalho de Diacenco (2010) foi utilizada a Teoria da Deformação Cisalhante de Alta Order (HSDT) e, neste trabalho utilizou-se a Teoria da

É evidente ver que o sistema ideal seria um que ao mesmo tempo que, em sua estrutura, restringisse ao máximo qualquer tentativa de pensamento estratégico, como no IRV, mas que

A par disso, analisa-se o papel da tecnologia dentro da escola, o potencial dos recursos tecnológicos como instrumento de trabalho articulado ao desenvolvimento do currículo, e

O objetivo deste trabalho foi avaliar épocas de colheita na produção de biomassa e no rendimento de óleo essencial de Piper aduncum L.. em Manaus

INSTITUIR O PROJETO REGULARIZE NO SISTEMA DE ENSINO DO ESTADO DE ALAGOAS.. O SECRETÁRIO DE ESTADO DA EDUCAÇÃO E DO ESPORTE, no uso de

O indicador proposto – tamanho médio da fila no momento da chegada (L qa ) pode ser obtido de forma relativamente mais prática, fazendo contagens do tamanho da fila no momento em