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ANALISE DA POLÍTICA PÚBLICA DE HABITAÇÃO: IMPLANTANDO A HUMANIZAÇÃO NOS PROJETOS DE MORADIA SOCIAL

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ANALISE DA POLÍTICA PÚBLICA DE HABITAÇÃO: IMPLANTANDO

A HUMANIZAÇÃO NOS PROJETOS DE MORADIA SOCIAL

IERVOLINO, MARCILENE R.S. (1); SCABBIA, RENATA J.A. (2)

1. Universidade Mogi das Cruzes, UMC. Arquiteta e Urbanista. Mestranda Programa de Mestrado em Políticas Públicas

Suzano - SP

E-mail: projetos@arquitetamarci.com.br

2. Universidade Mogi das Cruzes, UMC. Doutora Ciências Biológicas pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho; professora pesquisadora do Programa de Mestrado em Políticas

Públicas. São Paulo - SP

E-mail: renatascabbia@gmail.com

RESUMO

Entendemos por moradia um espaço onde seu habitante deva ter qualidade de vida junto aos seus familiares, bem como sua correta inserção ao espaço e, por conseguinte a paisagem da cidade. Esse conceito deve aplicar-se também, a todo seu entorno e demais espaços concebidos à cidade, cuja moradia está inserida, as construções das moradias não representam apenas a unidade habitacional em si, mas todo um contexto envolvendo equipamentos urbanos importantes e necessários ao morador. A gestão desses espaços pelo estado faz-se necessária com a correta implementação de políticas públicas, instrumentos que visam ao atendimento à real necessidade de cada bairro, município ou comunidade. Analisar as Políticas Públicas de Habitação existentes no país, bem como a configuração da moradia social nos municípios. Pois muitos projetos de habitação social estão cada vez mais caracterizados como desumanizados e excluídos da cidade isoladas do contexto da paisagem urbana, gerando as perguntas “Como elaborar elementos em favor destes projetos habitacionais?” e “ Como esses instrumentos podem ser alterados e ampliados de modo efetivo”. Criar novas soluções com critérios de humanização para as construções e conceitos de moradia saudável, elaborando assim bons projetos habitacionais coletivos em beneficio da célula da moradia e seu morador. Este artigo tem por objetivo descrever o processo da Humanização nos projetos habitacionais discutindo os acessos, a circulação, o conforto e a integração, que poder atuar na significativa melhora da qualidade do espaço e convívio nas moradias; trazendo ao morador a dignidade, o sentimento de reconhecimento da sua casa, da sua cidade. Questões de alto valor que se transformam em instrumentos importantes para correta elaboração de Políticas Públicas de Habitação.

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INTRODUÇÃO

Este artigo traz a discussão da moradia e seu entorno, caracterizados como o espaço ocupado e a paisagem. Colocamos em pauta os elementos que são necessários para a correta formulação e implementação de Políticas Públicas para Habitação, dentre os vários fatores como a questão da Humanização nos Projetos, citando soluções mais humanizadas, com caráter sustentável para a elaboração de bons projetos habitacionais coletivos.

Para Cohen et al. (2004), no Brasil existe a precariedade habitacional, colaborando para a deterioração da qualidade de vida em alguns locais, e impactando a saúde devido aos ambientes insalubres, comprovando a relação entre saúde e habitação e, portanto a necessidade de aumentar a eficácia de politicas públicas de saúde e consequentemente as da habitação. Entendemos como habitação de qualidade ou critério de habitabilidade, as moradias que possuam requisitos mínimos que garantam o morar com desfrute de saúde e bem-estar, propiciando a dignidade humana. Promovendo o pleno exercício do ato de morar, respectivamente, a qualidade do espaço e da vida (COHEN et al. 2004).

A habitação, a moradia deve trazer ao morador um sentimento de dignidade, de pertencimento ao lugar. Segundo Bonduki (1994), Arquitetura e Urbanismo tornam-se indissociáveis, o morar não termina na unidade de habitação, mas estende-se a todo seu entorno. Esta questão discute o importante papel que a paisagem exerce na habitação, locais nos quais estão inseridos equipamentos comunitários e demais serviços, definidos como prolongamentos da moradia.

A Constituição Federal Brasileira reconhece o direito a Moradia em seu artigo 6º, como um dos direitos sociais do cidadão, além da saúde, alimentação, trabalho, lazer, entre outros (Brasil, 1988). É o direito a um lugar adequado e digno para abrigo permanente da família.

As politicas públicas são ações governamentais dirigidas a resolver determinadas necessidades publicas. Muitos são os modelos ou tipologias desenvolvidas pelo governo e estratégias desenvolvidas para aplicação ou não de determinada política que repercutem na vida das pessoas, muitas são as políticas públicas, e a habitação está inserida na dimensão social. (Dias e Matos, 2012). Os direitos do cidadão devem ser concretizados através das políticas públicas, a Constituição de um país não exibe a Política Pública, mas sim direitos que devem ser concretizados através da implementação das politicas públicas. São imprescindíveis, mas nenhuma política pública pode ser eficaz se o aprendizado e saúde

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dos filhos, bom convívio da família não encontrar um abrigo em um ambiente socialmente apropriado para consolidá-lo (Neto, 2002).

MÉTODO

Este projeto de pesquisa propõe a realização de um estudo de natureza qualitativa, com um tipo de recorte transversal, dentro da modalidade de um estudo descritivo observacional e levantamento investigativo.

Descrição de algumas configurações de projetos de Programas Habitacionais, com estudo de caso de Empreendimentos sociais existentes na região de Suzano.

As bases para a pesquisa foram em artigos científicos específicos da área da habitação de Bonduki (1994), Barin (2006), Santos (2013), Iacovini (2015) fundamentadas na teoria da padronização de Humanização de projetos arquitetônicos de Alexander et al. (1977); Kowaltowski (1998) e Barros (2008), os quais possuem requisitos para valorização de uma produção científica.

A MORADIA SOCIAL: ORIGENS E DIREITOS

A importância da arquitetura, como formadora do “abrigo”, da habitação, da moradia é tão imensa e complexa, que acaba por intervir em várias outras áreas, e, por conseguinte também agrega e ou segrega, ampliando as desigualdades sociais.

O direito à moradia possui ampla proteção no âmbito do direito internacional, a iniciar pela Declaração Universal dos Direitos do Homem (BRASIL, 1988). Esta foi adotada e promulgada pela Resolução 271 A (III) da Assembleia Geral das Nações Unidas, no dia 10 de dezembro de 1948, sendo confirmada pelo Brasil no mesmo momento. E mesmo que se utilizasse ainda a palavra “habitação” para expressar esse direito, já se estabelecia a moradia como requisito para se desfrutar do bem estar.

O termo moradia, anteriormente, não era comum ser utilizado, fora utilizado inicialmente no Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais que com o intuito de proteção internacional dos direitos humanos citou o direito à moradia como um dos direitos humanos (BARIN, 2006).·.

Conseguinte ao direito á moradia, procede-se o direito á cidade como cita o Estatuto da Cidade”, denominação oficial da Lei 10.257, de 10 de julho de 2001 (Brasil, 2001), que regulamenta o capítulo "Política Urbana" da Constituição Federal, detalhando e desenvolvendo os artigos 182 e 183 (Brasil, 1988). Com objetivo de garantir o direito à

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cidade como um dos direitos fundamentais da pessoa humana, para que todos tenham acesso às oportunidades que a vida urbana oferece.

Muitas vezes essa premissa torna-se contraditória, pois segundo Maricato (2008) no Brasil e na maioria dos países latinos, a moradia social é muito parecida com a moradia em geral, identificando a maioria da população. As politicas sociais são irrelevantes sobrando alternativas ilegais e ou informais.

A atual habitação social foi levada a implantar suas casas em áreas completamente inadequadas, locais sem perspectivas de um desenvolvimento urbano digno. Nas últimas décadas (80,90) a população habitou em morros, áreas de risco, áreas alagadas, várzeas, causando impactos ambientais irreversíveis, dando origem ao crescimento urbano ampliando cada vez mais a exclusão social (Maricato, 2008).

As construções populares no Brasil, especificamente no interior de São Paulo tiveram origem com a necessidade das Vilas Operárias construídas pela iniciativa privada (empresários), para os operários, em várias cidades do interior de São Paulo em meados de 1904 (Carpintero, 1990). Em outros estados como na região do Nordeste também houve esta preocupação com as construções populares, mas desta vez a iniciativa privada uniu-se aos governos, em outros momentos a presença dos diversos bancos como financiadores demonstrou mais uma visão de lucro do que produzir boa moradia, o capitalismo sobrepondo a ação (CARPINTERO, 1990).

Segundo Bonduki (1998) com a problemática habitacional no Brasil e as críticas a arquitetura das vilas operárias, surgiram os conjuntos habitacionais construídos pelos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs), com configuração de habitação social e diversificadas tipologias de projetos favoráveis a habitação coletiva, que adotavam sobretudo o movimento moderno (Le Corbusier,1973) compatibilizando economia, funcionalidade, técnica e estética, tópicos necessários para a garantia da dignidade e a qualidade arquitetônica.

Ao realizar um projeto arquitetônico de moradia, seja este coletivo ou unifamiliar, um dos pontos importantes a serem estudados inicialmente seria o programa de necessidades definido segundo Albernaz e Lima (2008), como espaço arquitetônico elaborado de acordo com o conjunto de atividades sociais e funcionais nele exercido e com papel que representa para a sociedade. Este programa envolve utilização do espaço interno e divisão dos ambientes, seus reais usos, formatados principalmente com a cultura e a necessidade de cada um.

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A arquitetura da moradia social muitas vezes realizada de forma voltada ao empreendedorismo privilegia locais de empreendimentos voltados à pequena minoria, surgindo ao que chamamos de segregação de espaços. Ilhas são formadas oferecendo um leque de serviços infindáveis a pequenos grupos. E a moradia social vai sendo promulgada a segundo ou terceiro plano, sem muitas vezes uma correta humanização de seus espaços. (BONDUKI, 1994).

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) (IBGE, 2010), uma moradia para ser considerada digna deve contar com uma básica infraestrutura como água encanada por abastecimento geral, saneamento básico e coleta de lixo. Para ser inclusa dentro do critério de digna, os dormitórios da moradia deverá suportar até dois moradores. Em sua publicação Indicadores de Desenvolvimento Sustentável de 2010 (IBGE, 2010), indica que o número de moradias no Brasil saltou de 35,902 milhões para 57,557 milhões de casas. (Figuras 2 e 3). Porém, o número de moradias adequadas em 1992 eram de apenas 13,219 milhões e este número passou para 32,618 milhões em 2008, aproximadamente 56% de moradias dignas no país. (Figura 1).

Figura 1. Tabela da Autora com base nos Dados do IBGE: Porcentagem de moradias adequadas segundo critérios do IBGE (IBGE, 2010).

0 20 40 60 80

MORADIAS MORADIAS ADEQUADAS

1992 2008 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00%

MORADIAS DIGNAS/ BRASIL

MATOGROSSO SUL AMAPÁ

DISTRITO FEDERAL SÃO PAULO

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Figura 2. Tabela da Autora com base nos Dados do IBGE (IBGE, 2010): Comparativo de Porcentagem de moradias adequadas/dignas em relação aos Estados do Brasil.

Figura 3. Tabela da Autora com base nos Dados do IBGE: Comparativo de Porcentagem de moradias adequadas/dignas em relação ás Regiões do Brasil.

HUMANIZAÇÃO NAS MORADIAS

Humanização é a ação ou efeito de humanizar, tornar humano ou mais humano. Esta ação pode ocorrer em várias áreas, como a saúde, dimensão social e ciências exatas. A humanização prevê melhores condições e mais humanas para qual sistema esteja em discussão. Este processo significa evoluir, aperfeiçoar a interação do homem e seu meio. (PATERRA, 2015).

Para Chernicharo, Silva e Ferreira (2014) No campo da filosofia, humanização é um termo que encontra sua descrição na corrente filosófica do Humanismo que busca compreender o homem e a compreensão do homem em sociedade. No século XX, começou-se a se discutir questões relacionadas aos direitos humanos, bioética, proteção ambiental e cidadania, propondo uma reconstrução da realidade a partir dos efeitos da revolução industrial e o pós-guerra.

No campo da arquitetura, envolvendo a habitação, a humanização na moradia prevê conceitos de uma Casa saudável. Envolvendo Integração, reconhecimento, status e principalmente as bases da sustentabilidade segundo Kowaltowski (2004).

Para Bettinelli (2004) a humanização assume o caráter de um ambiente de cuidado, através de capacidade de combinar o valor técnico e estrutural com o valor ético e estético, no sentido de fortalecer os laços e as qualidades humanas e melhorar a qualidade de vida.

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00%

MORADIAS DIGNAS POR REGIÕES

SUDESTE SUL NORDESTE NORTE

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Para Cohen et al. (2004) é necessário implantar um Padrão de Habitabilidade, como adoção de tipologias que correspondam aos requisitos mínimos para habitar.

Muitos parâmetros projetuais para habitação humanista foram definidos por Alexander et al. (1977), onde a percepção da habitação significa estar em paz e em lugar protegido, cujo parâmetro defende agrupamento de casas com pátios de convivência, formato de caminhos, espaço físico congruente ao espaço de convívio, área comum no centro, cozinha como ambiente de convivência, sequência de nichos infantis , ambiência para refeições e nichos de luz. O impacto do ambiente nas sensações humanas são muitos dos aspectos explorados nos parâmetros projetuais de Alexander et al. (1977).

A partir destes conceitos, alguns tópicos importantes para a configuração da humanização em projetos de moradia: Conforto ambiental, a localização da melhor face para disposição dos ambientes de alta permanência das moradias, a orientação solar, a escolha do partido faz-se necessária nos projetos. Uma habitação saudável prevê ambientes com aberturas necessárias a ventilação e iluminação natural, pois muitas das doenças respiratórias são causadas por permanência das pessoas em locais de baixa iluminação e ventilação, sem orientação solar adequada. (Figura 4). Em um edifício coletivo onde cada face está voltada a um direcionamento, desconsiderando orientação das faces em relação a luz solar, haverá desconforto ambiental em muitas das unidades. Ambientes com temperaturas elevadas ou mínimas. É necessário que haja um estudo das zonas de conforto na elaboração do projeto com auxilio de programas e cartas que indicam as zonas de conforto.

Todos os ambientes devem possuir abertura externa, através de janelas, promovendo ventilação e iluminação natural em seu ambiente, principalmente os de alta permanência, como os dormitórios por exemplo. (SÃO PAULO, 2006).

Para Barros (2010) os parâmetros projetuais também devem ser levados em consideração nos estudos sobre a sensação térmica despertada pelo ambiente construído, as sensações fisiológicas e psicológicas do morador, pois estas podem trazer as reações de apego ou desprezo ao lugar.

Segundo Kowaltowski (2004) são nos projetos arquitetônicos que são lançados os desafios em busca de harmonizar os diferentes critérios e indicadores de conforto, com uma melhor solução ao conjunto.

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Figura 4. Fonte da Autora. Figura simplificando a localização e orientação solar, faces distribuídas de modo errôneo, prejudicando algumas moradias e beneficiando outras, em habitações coletivas comumente executadas. Necessário estudo das zonas de conforto térmico.

Acessibilidade também é uma preocupação importante para edifícios com altos índices de elevação, pois sem contemplar elevadores aos seus moradores, não preveem a correta mobilidade a pessoa deficiente (figura 5).

Figura 5. Fonte da Autora. Figuras representando os blocos de apartamentos coletivos sem elevador, apenas escadas. Bloco 1 com térreo + 3 pavimentos, e Bloco 2 com térreo + 4 pavimentos (andares).

De acordo com a Norma 9050/2004, que assegura nas cidades o direito de acesso, circulação e utilização dos prédios residenciais, aplicada principalmente nas áreas de usos comuns e ao acesso principal ao edifício (ABNT, 2004), embora obrigatória ao menos uma unidade por edifício com acessibilidade, ou seja, sem acesso por escadas apenas rampas. acabam tornando-se objetos de dificuldade de acesso, principalmente a pessoas com

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deficiência de locomoção, idosos e gestantes. Nas outras unidades componentes dos outros pavimentos ou mais do edifício sem a utilização de elevadores.

Na Planta a elaboração da célula da unidade da moradia, precisa seguir os quesitos técnicos do Código Sanitário, Lei Federal 12.348 (SÃO PAULO, 2006), pertinente ás dimensões mínimas, iluminação e ventilação. Conforme segue Figura 6, o ambiente "cozinha" acaba por não conter iluminação e ventilação natural própria do ambiente, ficando a cargo da área de serviço para compartilhar este quesito. Este tipo de planta de área fria (cozinha e área de serviço) é típico de empreendimentos habitacionais. A própria área de serviço com suas dimensões mínimas acabam por tornar-se ineficiente, a ventilação torna-se desconsiderada para a função do ambiente, e a cozinha com torna-seus vapores e emissão de gases pode tornar-se um empecilho.

Figura 6. Fonte da Autora. Planta representando Cozinha e Área de serviço em projeto de unidade habitacional padrão.

A arquitetura de uma moradia determina muitas vezes os costumes das famílias, e na verdade esta arquitetura deveria seguir nossos costumes e cultura. Para Barros (2008) a cozinha deve ser ambiente de vivência, a configuração atual traz a cozinha como ambiente isolado, apesar de ser eficiente, pois se realiza tarefas sem conexão com o restante da casa, relembrando um tempo de serviçais, a cozinha humanizada deve ser usual a todos com boa iluminação e ventilação, confortável, uma área de convivência da família com mesa para refeições.

A questão da flexibilidade das plantas, o número de dormitórios que compõem as unidades de habitação social, as unidades possuem exatamente a mesma configuração de dois dormitórios, e para Iacovini et al. (2015) essa produção massificada dos programas sociais volta-se apenas para um modelo de família, ou seja, um casal com no máximo 2 filhos, modelo que não leva em conta mudanças que uma família vivencia ao longo do tempo resultando em diferentes necessidades habitacionais.

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Para a flexibilidade, citando tipologia e os aspectos de manutenção e reparos, Barros e Pina (2008) falam da possibilidade de flexibilidade de uso ou de futuras expansões, ampliações, atendendo assim a diversos usuários. A identidade deve fazer parte da arquitetura. Os projetos pré-elaborados contemplam famílias padrão, tornando ineficaz o conceito para a moradia de outras famílias, pois sua configuração é limitada.

Não é a engenharia que deve ditar as regras, não é o sistema estrutural que deve definir como será a configuração da unidade, mas sim as áreas de convívio, os espaços sociais, as áreas dedicadas ás pessoas. (BARROS, 2008).

Outra questão de extrema importância na implantação das unidades habitacionais, seria referente à privacidade das unidades (Figura 7), a localização das várias unidades em relação a seus vizinhos, a outro edifício (Figura 8), o recuo lateral entre os edifícios, seus acessos geralmente são muito restritos, falando-se de humanização é de extrema importância abordar a eficácia que deve haver neste quesito. Utilizar a topografia do local e ou mesmo a vegetação, obtêm-se grandes aliados na implantação das moradias. A paisagem deve fundir-se ao projeto. O lay out com ideais humanizadores compõe um projeto voltado à sustentabilidade, o abrigo no sentido do bem estar de seus moradores.

Figura 7. Fonte da Autora. Representação do acesso de 2 unidades habitacionais, o hall de acesso restrito, dificulta a privacidade das moradias. O lay out representa a sala que faz ás vezes de sala de jantar, a mesa quase nunca cabe na cozinha.

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Figura 8. Fonte da Autora. Figuras representando o recuo entre os blocos de apartamentos coletivos, a janelas das unidades habitacionais ficam exatamente de frente uma com a outra, inexistindo privacidade.

A implantação permite muitos recursos envolvendo a paisagem existente, a topografia, como citado anteriormente, o entorno e demais questões como infraestrutura e conforto ambiental aplicados tornam o ambiente, a moradia mais humanizada. (Figura 9).

Figura 9. Fonte da Autora. O “brincar” com a implantação, envolvendo os elementos existentes da paisagem, vegetação e topografia natural.

A habitação não deve tornar-se apenas meras caixas de morar, deve trazer o sentimento de pertencimento ao local, a seus moradores, nelas estarão sendo vivenciada toda uma vida. Humanização vida e moradia.

Ao elaborar um projeto arquitetônico, o mesmo não deve ser implantado de modo isolado, há uma cidade em seu entorno, e moradores com culturas e vivências a serem construídas. A arquitetura não deve ser configurada como um conjunto de blocos, deve haver espaços , acessos, serviços á comunidade, áreas de lazer e de convivência, o prolongamento da moradia, formando um conjunto necessário ao morador, não vivemos

pri

va

ci

da

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apenas em um único espaço fechado, o arquiteto deve unir a arquitetura da unidade a cidade.

Segundo Barros e Pina (2008) as soluções ambientais para a problemática da habitação deve aprimorar-se cada vez mais nas questões humanizadas e sustentáveis.

De acordo com Demo (2002), as desigualdades sociais perfazem a própria dinâmica da nossa história, em termos de resistência e necessidade fundamental de mudança. São necessárias políticas públicas participativas eficazes, com propostas de planejamento e de enfrentamento dessas desigualdades.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A humanização faz-se necessária contribuindo com o bem estar do morador e, por conseguinte melhor formulação das cidades, e a implementação de políticas públicas, alterando de modo eficaz o quadro atual.

Basear-se em Elementos da Humanização em desenvolvimentos projetuais arquitetônicos para a moradia, favorecendo:

- Conforto ambiental - Acessibilidade

- Iluminação e ventilação dos ambientes

- Tipologia e flexibilidade das plantas das unidades - Privacidade das unidades

- Sustentabilidade da construção e interação da paisagem - Prolongamentos da moradia, integração da cidade

O empreendedorismo não deve ficar em primeiro plano, ditando as regras da moradia. Utilizar os ambientes, a arquitetura como parte da cultura da pessoa e de sua vivência, traz dignidade ao morador, um sentimento de aconchegado ao lar, a moradia.

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