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Batatuba : vila industrial da companhia de calçados bata no interior de São Paulo - 1942

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

LILIAN PIRES STANINGHER

BATATUBA: VILA INDUSTRIAL DA COMPANHIA DE CALÇADOS BATA NO INTERIOR DE SÃO

PAULO -1942

CAMPINAS 2018

(2)

BATATUBA: VILA INDUSTRIAL DA COMPANHIA DE CALÇADOS BATA NO

INTERIOR DE SÃO PAULO - 1942

Dissertação de mestrado apresentada à Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp, para obtenção do título de Mestra em Arquitetura, Tecnologia e Cidade na área de Arquitetura, Tecnologia e Cidade.

Orientadora: Profa. Dra. Ana Maria Reis de Goes Monteiro

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA LILIAN PIRES STANINGHER E ORIENTADA PELA PROFA. DRA. ANA MARIA REIS DE GOES MONTEIRO.

CAMPINAS 2018

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FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E URBANISMO

BATATUBA: VILA INDUSTRIAL DA COMPANHIA DE CALÇADOS BATA NO

INTERIOR DE SÃO PAULO - 1942

LILIAN PIRES STANINGHER

Dissertação de Mestrado aprovada pela Banca Examinadora, constituída por:

Profa. Dra. Ana Maria Reis de Goes Monteiro Presidente e Orientadora

FEC/UNICAMP

Prof. Dr. Evandro Ziggiatti Monteiro FEC/UNICAMP

Prof. Dr. Miguel Antonio Buzzar Universidade de São Paulo

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

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marido Ismar Túlio Curi por todo apoio, suporte, debates e compreensão e minhas filhas Livia e Barbara que estiveram sempre ao meu lado.

A todos os amigos do grupo de pesquisa GEECA, que me incentivaram e auxiliaram durante toda a pesquisa.

E por fim, um agradecimento especial a minha orientadora Profª Drª Ana Maria Reis de Goes Monteiro, pela paciência e por sua dedicação ímpar, e a quem dedico este trabalho.

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de Batatuba, situada em Piracaia, SP, o plano e a implantação do conjunto de edificações. Inaugurada em 1942, com projeto realizado pela Indústria de Calçados Bata, originária da antiga Tchecoslováquia, seu modelo urbanístico, fundamentado nos princípios modernos de cidade industrial e de cidade-jardim, seguia o fordismo e o capitalismo do bem-estar social em prol da produção e do acúmulo de capital, foi implantado pela empresa em diversos países na primeira metade do século XX. Tais vilas conformavam uma rede de indústrias de produção de calçados que era formada por fazendas onde se criava o gado, pela indústria de produção de calçados e por lojas onde se comercializava a produção. No entanto, Batatuba era parte de um projeto mais amplo de ocupação do território brasileiro, apresentado por Jan Antonin Bata a Getúlio Vargas, e estava em estreita comunhão com o plano desenvolvimentista do então presidente do Brasil. Essa interiorização da empresa garantia tanto o afastamento do lado negativo que a industrialização causava nos grandes centros urbanos, como a fidelidade de seus funcionários e o treinamento, nos moldes idealizados de um código de conduta muito bem estabelecido. A vila era dotada de moradia operária, distribuída de forma hierárquica, com qualidade construtiva e de implantação, além de diversos equipamentos coletivos essenciais ao aprimoramento da capacidade produtiva de seus habitantes, como escola primária e profissionalizante, cinema, clube recreativo, quadra de esportes, praças e áreas de lazer. Também a escolha do local para a implantação da vila operária demonstra um cuidadoso estudo, com a priorização da infraestrutura existente no território paulista, formada pelo rio Cachoeira, a rodovia e o ramal da ferrovia Bragantina. A ferrovia, criada para atender ao escoamento da produção cafeeira, passou, a partir de então, a garantir a conexão com a capital paulista, mantendo os benefícios de escoamento da produção de calçados e o abastecimento da matéria-prima, além de muito utilizada como transporte coletivo dos funcionários residentes nas imediações. O que se observara até aquele momento era que todo o planejamento para a implantação e a construção de Batatuba estavam em perfeita consonância aos preceitos modernos, especialmente aqueles contidos na Carta de Atenas (CIAM, 1933), que diziam respeito à setorização das funções urbanas e a suas conexões.

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Batatuba, located in Piracaia, SP, the plan and the implementation of the set of buildings. Opened in 1942, with project undertaken by the industry of footwear Bata, originating in the former Czechoslovakia, your urban model, based on modern principles of industrial city and Garden City, followed the Fordism and the welfare capitalism in favor of production and the accumulation of capital, was deployed by the company in several countries in the first half of the 20th century. Such towns conformed a network of shoe production industries that consisted of farms where they created the cattle, the footwear industry and shops where they sold production. However, Batatuba was part of a wider project of the Brazilian territory, presented by Jan Antonin Bata to Getúlio Vargas, and was in close communion with the developmental plan to the then president of Brazil. This internalization of the company guaranteed the removal of so much downside that industrialization caused in major urban centres, such as the fidelity of its employees and the training, devised a code of conduct very well established. The village was provided with housing, workers distributed hierarchically, with constructive and quality of implementation, and various collective equipment essential to the improvement of the production capacity of its inhabitants, as primary school and vocational education, cinema, recreational club, sports court, parks and recreational areas. Also the choice of location for the deployment of the village worker demonstrates a careful study, with the prioritization of existing infrastructure in the territory, formed by the river waterfall, the highway and the railroad spur Bragantina. The railway, created to meet the marketing of coffee production, from then on, ensured the connection with the capital, keeping the benefits of production and the supply of raw material, as well as widely used as transport collective of employees residing in the immediate vicinity. What is observed up to that point was that all the planning for the deployment and construction of Batatuba were in perfect harmony to modern principles, especially those contained in the Letter of Athens (CIAM, 1933), which concerned the sectoring of the functions urban areas and their connections.

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recentemente...23

Imagem 3: Residência de Jan Antonin Bata, em Batatuba. S.d...23

Imagem 4: Residência de Jan Antonin Bata, abando...23

Imagem 5: Antiga residência de Jan Antonin Bata e atual escritório empresarial. 2014 . 24 Imagem 6: Rede utópica Bata (SANZ, 2011) ... 29

Imagem 7: Modelo de fichamento da bibliografia ... 29

Imagem 8: Sala de entrada do atual escritório da massa falida SAPACO. Detalhe da ocupação com arquivos ... 33

Imagem 9: Sala na antiga fábrica com material organizado... 34

Imagem 10: Material primário ainda não analisado, antiga fábrica em Batatuba. ... 35

Imagem 11: Detalhe de material não analisado e estado de conservação... 36

Imagem 1: "How I began" , 1934. Capa. "O Mundo Compreenderá, a história de Jan A. Bata - O Rei do Sapato", 1951. Capa...36

Imagem 13: Organização de arquivos digitais dos materiais da pesquisa ... 40

Imagem 14 Localização de Zlìn, Tchecoslováquia, 1928-1938. ... 41

Imagem 2 - À esquerda, Zlìn medieval. s.d. À direita, praça central de Zlìn, 1910...41

Imagem 3: Brasão da família Bata sobre a lareira da casa de Jan Antonin Bata, em Batatuba...42

Imagem 17: Primeiras instalações da Indústria de Calçados Bata, Zlìn. s.d. ... 42

Imagem 18: Loja Bata em Zlìn, início do século XX... 43

Imagem 19: Fábrica Bata, início do século XX. ... 44

Imagem 20: Vista do conjunto de galpões da fábrica Bata. Década de 1920 ... 44

Imagem 21 - Planta genérica da Companhia Bata - 1918 ... 45

Imagem 4: Plano de Letnà, primeiro bairro operário da Companhia Bata, projetado por Jan Kotěra. 1918...47

Imagem 5: Letnà, tipologias das habitações operárias. s.d ...47

Imagem 24: Planta do Pavimento térreo – Bairro Letnà, Jan Kotěra, 1918 ... 49

Imagem 25: Planta do Pavimento superior – Bairro Letnà, Jan Kotěra, 1918 ... 49

Imagem 26: Vista do bairro operário Dily, de Zlìn, construído em 1930.s.d. ... 50

Imagem 27: Processo de ocupação do território de Zlìn, a partir de 1918 ... 53

Imagem 28: Zlìn, 1934 ... 54

Imagem 29: Zlìn, centro antigo com complexo Bata ao fundo. s.d. ... 54

Imagem 30: Zlìn. s.d. ... 55

Imagem 31: Internatos femininos e masculinos, Zlìn, entre 1920-1930 ... 55

Imagem 32: Esquema da imobilização da arquitetura por Le Corbusier... 58

Imagem 33: Construção da fábrica Bata, em Zlìn - 1934 ... 60

Imagem 34: Padrão estrutural dos edifícios. Da esquerda para direita, salão dos xadrezistas, comércio, sala de administração das filiais, seção da fábrica, Zlìn. s.d. ... 60

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Imagem 38: Periódico Bata Bugle - Indústria Bata no Canadá - Junho de 1943 e Julho de

1944 ... 64

Imagem 39: Motes de Tomás Bata pintados nas vigas da indústria, Zlìn.. s.d. ... 65

Imagem 40: Muro com motes Bata, edifícios industriais e centro de esportes, Zlìn ... 65

Imagem 41 - Centro cívico de Zlìn. s.d. ... 68

Imagem 42: Movimento Sokol, Slìn 1902. Piscina Bata, Zlìn, s.d. ... 68

Imagem 43: Publicidade Bata que demonstra o controle na cadeia de produção. s.d. ... 70

Imagem 44: Discurso de Tomás Bata em comemoração ao 1º de maio de 1924 ... 73

Imagem 46: Comemoração de 1º de Maio na Praça Cívica, Zlìn. S.d...73

Imagem 46: Catálogo Canadá - máquinas de calçados para exportação,propaganda da qualidade do couro. s.d. ... 76

Imagem 47: Transportes Bata: aéreo, canal em Zlìn, embarcações. Década 1930 ... 78

Imagem 48: Plano de 1930 e vista das moradias operárias em Otrokovicky - Batov, CZ. s.d ... 78

Imagem 49: Borovo, Croácia, fundada em 1931. Fotos 1939 ... 78

Imagem 50: Plano e moradias operárias Chelmek, Polônia. Construída em 1931.s.d. ... 79

Imagem 51: Bataville, França construída em 1932. Foto à esquerda s.d. e à direita 1950 ... 79

Imagem 52: Plano urbanístico, implantação inicial, Mohlin, Suíça 1932.s.d ... 79

Imagem 7: Mapa de localização das comunidades Bata...81

Imagem 8: Batadorp, Países Baixos, 1933. s.d...82

Imagem 55: East Tilbury, Inglaterra, implantação e fábrica. Construída em 1933. s.d. .... 82

Imagem 56: Plano e Galpões, Batanagar, Índia. Construção 1934. s.d. ... 82

Imagem 57: Indústria e habitação operária, Svit, Eslováquia, fundação em 1934. s.d. ... 83

Imagem 58: Plano da Cidade Industrial Ideal Bata. 1937 ... 84

Imagem 59: Plano e vista de Zruc, Tchecoslováquia, realizada em 1938. s.d. ... 85

Imagem 60: Plano e vista de Batovany, Eslováquia. Implantada em 1938. s.d. ... 85

Imagem 61: Vista aérea e desenho fábrica Belcamp, Estados Unidos, 1938 ... 85

Imagem 62: Vista aérea e moradia Batawa, Canadá, 1939 ... 86

Imagem 63: Museu Tomás Bata, Zlìn, 1932. e Edifício 21, 1938 ... 89

Imagem 64: Membros do júri - concurso internacional de habitação. Edo Schon, Vladimir Karfik e Le Corbusier. Zlìn, abril de 1935. Memorial Tomás Bata, 1938 ... 89

Imagem 65: Estudo para Hellocourt, na França, para a cidade industrial Bata, proposto por Le Corbusier ... 91

Imagem 66: Plano urbanístico Hellocourt 1935-1937, Le Corbusier ... 91

Imagem 67: Plano de expansão para Zlìn, Le Corbusier, 1935-1937 ... 92

Imagem 9: Vila de Nemours, África - 1933 - Le Corbusier...93

Imagem 69: Estudo para Hellocourt, França para cidade industrial Bata, proposta de Gahura ... 94

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Imagem 73: Estudo para lojas francesas Bata, Le Corbusier. 1935-1937 ... 98

Imagem 74: Ocupação nazista - 1939-1945 ... 99

Imagem 75: Fábrica Bata em Batawa, Canadá. 1939 ... 100

Imagem 76: Nota da visita de Jan Antonin Bata ao Brasil. 1940 ... 102

Imagem 77: Matéria sobre a ameaça da instalação da companhia de calçados Bata à indústria paulista (nacional) da sapatos ... 102

Imagem 78: Campanha pelo uso de sapatos. 1940 ... 104

Imagem 79: Matéria referente a campanha pelo uso de calçados. 1940 ... 105

Imagem 80: "Precisamos calçar nosso caipira!". Campanha higienista, 1940 ... 105

Imagem 81: O custo da produção agrícola por falta de calçado popular. 1940 ... 107

Imagem 82: Coluna de Assis Chateaubriant, O Diario, Santos - São Paulo. 1940 ... 108

Imagem 83: "Uma campanha injusta", artigo em defesa da instalação da companhia Bata no Brasil ... 109

Imagem 84: Aquisição da Viação São Paulo Mato Grosso, por Jan Antonin Bata. 1940 . 110 Imagem 85: Artigo referente ao aopio dos medicos à campanha de calçar os brasileiros ... 111

Imagem 86: Artigo sobre a relação entre saúde pública e o sapato. s.d. ... 113

Imagem 87: Quadro do plano de industrialização Bata para o Brasil. 1940-1947 ... 114

Imagem 88: Localização das cidades industriais propostas por Jan Antonin Bata em seu plano de desenvolvimento. 1940-1947 ... 115

Imagem 89: Matéria sobre a instalação da fábrica Bata, na Água Branca, São Paulo. 1940...117

Imagem 90: Sobreposição de mapas das linhas da EFSA. 1945...118

Imagem 91: Plano Bataguassu - MS ... 119

Imagem 92: Plano Batayporá, MS. s.d. ... 119

Imagem 93: Reportagem sobre a Companhia Bata, em Batatuba e breve descrição da geografia local ... 121

Imagem 94: Mapa dos municípios de Piracaia e Nazaréth (atual Nazaré Paulista). s.d. 121 Imagem 95: Terreno adquirido pela Cia. SAPACO, para a construção de Batatuba ... 124

Imagem 96: Plano de Batatuba. 1947 ... 127

Imagem 97: Vista aérea de Batatuba, 2009 ... 128

Imagem 98: Vista da vila de Batatuba. De baixo para cima, o Rio Cachoeira, a fábrica e as casas dos operários ao fundo. s.d. ... 130

Imagem 99: Vista da vila de Batatuba. 2009 ... 130

Imagem 100: Reportagem sobre a construção da vila operária de Batatuba. 1941 ... 132

Imagem 101: Preparo do terreno e abertura de via manual de 1941 ... 134

Imagem 102: Utilização de gabaritos na demarcação das vias e valetas. 1941 ... 134

Imagem 103: Detalhe de rede de distribuição de água no croqui de implantação de Batatuba. 1947 ... 134

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Imagem 108: Estações ferroviárias no município de Piracaia: Piracaia, Arpuí e Canedos.

s.d. ... 138

Imagem 109: Plataforma de embarque de trem em Batatuba. 1946... 138

Imagem 110: Carreata de propaganda dos calçados Bata. Brasil.s.d. ... 140

Imagem 111: Reportagem referente à doação de uma aeronave por Jan Antonin Bata ao Aeroclube de Presidente Prudente. s.d ... 140

Imagem 112 : Vestígios da pista de pouso para pequenas aeronaves. 2009 ... 141

Imagem 113: Fábrica de Zlìn, 1910 ... 143

Imagem 114: Fábrica de Batatuba, 2009 ... 143

Imagem 115: Implantação da fábrica em Batatuba ... 145

Imagem 116: Estudo preliminar lay-out da fábrica em Batatuba. s.d. ... 146

Imagem 117: Projeto de galpão industrial para Batatuba. s.d. ... 146

Imagem 118: Construção do galpão da fábrica . Batatuba, 1940 ... 147

Imagem 119: Vista Lateral leste do galpão da fábrica. 1940. ... 147

Imagem 120: Oficinas Batatuba . Início década de 1940. ... 147

Imagem 121: Vistas internas dos galpões da fábrica em Batatuba.s.d. ... 148

Imagem 122: Projeto mecânico de peça de apoio e alicate. 1939, 1940 ... 149

Imagem 123: Antigo curtume de Batatuba. Detalhe do equipamento de cura do couro149 Imagem 124: Fábrica calçadista nacional " Casa 40+5". 1940 ... 151

Imagem 125: Imagens dos setores da fábrica em Batatuba. Década de 1940...152

Imagem 126: Novidades em Batatuba, capas com insentivo a produção e homenagem aos 10 anos da morte de Tomás Bata. 1942 ... 152

Imagem 127: Concurso interno– Fonte: Novidades em Batatuba – 27/06/1942, p.1 .... 154

Imagem 128: Boletim para o vendedor Bata, capa com tabela de resultado do concurso entre os vendedores - 27-03-1943 ... 155

Imagem 129: Horário dos 'batadores' - Novidades em Batatuba. 1942 ... 156

Imagem 130: Cartilha sobre o capitalismo publicada em capítulos nas edições de Novidades em Batatuba. 1942 ... 157

Imagem 131: Lojas Imperatriz, s.d. ... 160

Imagem 132: Loja e zeladoria da fábrica em Batatuba. s.d. ... 160

Imagem 133: Publicação do início da agricultura em Batatuba. 1942 ... 162

Imagem 134: Restaurante Batatuba. Década de 1940. ... 163

Imagem 135: Terrenos de graça em Batatuba para plantio de eucalipto. s.d ... 164

Imagem 10: Pavimento térreo do cinema-hotel, s.d...165

Imagem 137: Pavimento superior do cinema-hotel, s.d. ... 165

Imagem 138: Corte transversal do cinema-hotel, s.d. ... 166

Imagem 139: Estudo de fachada do cinema-hotel. s.d. ... 166

Imagem 140: Estudo de fachada do cinema-hotel, s.d. ... 167

Imagem 11: Croqui do projeto executado Cinema...167

(12)

Escola Técnica em Batatuba, meados de 1942 ... 170

Imagem 146: Ao fundo, moradias operárias, escola e cinema de Batatuba; no centro, quadra de esportes e campo de futebol ... 171

Imagem 147:À esquerda, IAPI Conjunto Residencial do Passo d'Areia, Porto Alegre, RS, 1941; centro e direita, IAPB, Conjunto Residencial Ibirapuera II, São Paulo, SP, 1939 . 173 Imagem 148: À esquerda IAPM Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, 1940; ao centro e direita IPASE ConjuntoResidencial Marechal Hermes, Rio de Janeiro, 1912-1946. ... 173

Imagem 149: Projeto para casa de mestre de linha e agentes, Comissão mixta Ferroviária Brasileiro – 1940 ... 174

Imagem 150: À esquerda, construção das fundações das moradias operárias; à direita, execução das paredes em tijolos. 1941 ... 175

Imagem 151: Vista da vila operária de Batatuba. Ponto de observação da residência de Jan Antonin Bata. 1941. ... 175

Imagem 152 Moradias operárias de Batatuba. Ao fundo, casa de Jan Antonin Bata. Década de 1940 ... .. 175

Imagem 153: Batatuba. Detalhe da casa de Jan Antonin Bata no alto à esquerda 1941 178 Imagem 154: Moradias operárias, à frente alojamento para solteiros. Década de 1940 ... 178

Imagem 155: Canaleta de drenagem pluvial ao redor das moradias ... 179

Imagem 156: Esquadrias produzidas em Batatuba no período da construção da vila. 2009 ... 181

Imagem 157 Pisos moradias vila operária Batatuba. sd...181

Imagem 13 Tipos de revestimento externo das moradias operárias...182

Imagem 159: Implantação das vila operárias. Responsável pelo levantamento: Engº Marcelo Aranega. 1980 ... 183

Imagem 160 - Croqui, elevações frontal e posterior da moradia operária tipo 01. S/ escala. 2015. ... 185

Imagem 161- Croqui e elevação frontal moradia operária tipo 02. S/ escala. 194x. ... 186

Imagem 162 - Croqui e elevações, frontal e posterior moradia operária tipo 03. S/ escala. 194x e 2015. ... 187

Imagem 163 - Croqui e elevações frontais, moradia operária tipo 04. S/ escala. 194x. 188 Imagem 164 - Croqui e elevação frontal moradia operária tipo 05. S/ escala. 194x... 189

Imagem 165 - Croqui e elevações frontais moradia operária tipo 05 - Ampliação. S/ escala. 2015. ... 190

Imagem 166 - Croqui e elevação frontal moradia operária tipo 06. S/ escala. 2015. ... 191

Imagem 167: Moradia Sr. Kousor, junto à vila operária. Década 1940... 192

Imagem 168: Planta do Pavimento Térreo do Alojamento para solteiros ... 193

Imagem 169: Planta do Pavimento Superior do Alojamento para solteiros. s.d. ... 193

Imagem 170: Fachada do Alojamento para solteiros. s.d ... 194

(13)

Imagem 175: Detalhe do fogão à lenha, da porta de entrada e dacozinha planejada na

casa Jan Tomás Bata... 196

Imagem 176: Casa de Jan Antonin Bata. s.d. ... 197

Imagem 177: Casa de Jan Antonin Bata em Zlìn à esquerda e Batatuba à direita. s.d. .... 197

Imagem 14: Exemplo Casa burguesa no país. Eduardo Kneese de Mello. 1939...198

Imagem 179: Detalhe mezanino e piso ... 198

Imagem 180: Ladrilhos hidráulicos da casa de Jan Antonin Bata ... 200

Imagem 181: Casa do administrador Bata ... 200

Imagem 182 – Vistas da moradia auxiliar na propriedade de Jan Antonin Bata: externas e sala de entrada ... 200

Imagem 183: Casa do Diretor da Companhia Bata, em Batatuba. s.d. ... 201

Imagem 184: " Um grande projeto que se resumiu numa pequena indústria", matéria sobre a Companhia Bata no Brasil. 1942 ... 204

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CIAM – Congresso Internacional de Arquitetura Moderna CVSP-MT - Companhia de Viação São Paulo - Mato Grosso IAP – Instituto de Aposentadoria e Pensões

IAPI – Instituto de Aposentaria e Pensões dos industriários IAPB – Instituto de Aposentaria e Pensões dos Bancários IAPM - Instituto de Aposentaria e Pensões dos Marítimos IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPASE – Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado SAPACO - Sociedade Anônima para o Comércio

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2.1 Objetivo ... 21 2.2 Justificativa ... 21 2 MATERIAIS E MÉTODOS ... 25 2.1 Revisão Bibliográfica ... 28 2.2 Dados primários ... 32 2.3 Levantamento de campo ... 38

3 AS INDÚSTRIAS BATA NA TCHECOSLOVÁQUIA E O PLANO GERAL DE INDUSTRIALIZAÇÃO - 1894-1939 ... 41

3.1 Tomás Bata ... 41

3.1.1 As vilas operárias em Zlìn ... 45

3.1.2 O modelo de comunicação implantado por Tomás Bata ... 63

3.1.3 As sucursais da Companhia Bata. ... 77

3.2 Jan Antonin Bata ... 80

4 BATATUBA ... 101

4.1 Jan Antonin Bata no Brasil: 1940-1942 ... 101

4.2 A escolha do sítio para a construção da vila operária Batatuba ... 122

4.3 Implantação de Batatuba: Projeto e execução ... 124

4.4 Infraestrutura ... 133

4.5 Meios de transporte ... 138

4.6 Indústria ... 138

4.7 Outras atividades econômicas... 161

4.8 Equipamentos coletivos ... 161

4.9 Equipamentos coletivos ... 161

4.9.1 Fichas Técnicas de alguns exemplares das moradias operárias em Batatuba ...185

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6 REFERÊNCIAS ... 207 7 APÊNDICE...218 8 ANEXOS...220

(17)

1. INTRODUÇÃO

A Indústria de Calçados Bata foi fundada por Tomás Bata e seus irmãos, Antonin e Anna, no final do século XIX, em Zlìn, cidade situada na região da Morávia, antiga Tchecoslováquia. A estruturação da empresa deu-se em meio à transição de valores sociais e econômicos, e sua consolidação no mercado culminou com a reorganização territorial e administrativa dos países europeus, após a Primeira Guerra Mundial.

Nesses primeiros anos, Tomás Bata assumiu a direção da fábrica e suas ações demonstraram-se influenciadas pelos pensamentos reformistas da época, amparado pelas recentes tecnologias e pelo avanço científico no período. Apesar de algumas distorções quanto aos fundamentos primários dos planos utópicos de sociedade ideal, a Indústria Bata direcionou seu desenvolvimento a partir de um ideário capitalista estabelecido entre a promoção do bem-estar social dos operários e o acúmulo de capital pela empresa, uma ferramenta de controle a serviço do poder econômico (TAFURI,1985)1.

A racionalização da produção, assentada na divisão do trabalho posta sobre uma linha de montagem, associada à relação patronal difundida por Taylor e Ford2, constituiu um instrumento padrão das indústrias Bata. A companhia levou a linha de montagem para além dos galpões fabris, organizando o plano urbanístico como a linha de montagem da indústria, característica que inclui o objeto desta pesquisa

O desenvolvimento das indústrias Bata ocorreu sob a luz do movimento moderno, dos princípios das cidades utópicas como a cidade industrial linear de Garnier e a cidade-jardim de Howard. A Companhia Bata planejou e construiu cidades e sociedades industriais, fundamentadas na tecnocracia, esquema replicado em diferentes lugares, construindo uma rede de fábricas conectadas e espalhadas pelo mundo. Para estabelecer essa conexão entre os núcleos fabris Bata, a indústria apoiiou-se em infraestrutura de transporte, que assegurou a comunicação entre os conjuntos. A

1

Esse modelo paternalista surgiu na Inglaterra do século XVIII, com a construção de aldeias operárias,

2 Taylor e Ford (...) inauguraram novas estratégias de acumulação de capital. Formas de controle, não para

a satisfação de pretensas e elevadas finalidades e necessidades do espírito humano, mas para aumentar a velocidade de circulação de mercadorias e garantir com isso rentabilidade para o capital, mesmo em período de crise e como forma de superação das crises. (...) A educação das massas trabalhadoras em Taylor/Ford é baseada na fragmentação. (GIGANTE, 2008, p. 12 e 13)

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proximidade com as redes de transporte garantiu o fluxo de mercadorias para mercado e entre as colônias industriais, possibilitando o distanciamento dessas com os grandes centros urbanos, afastando os operários da influência dos sindicatos (ARCHANJO, 1951; COSTA, 2012; LOUREIRO, 2009); além disso, deu espaço para a doutrina instituída por seu dirigente, Tomás Bata.

A construção das vilas operárias da empresa responsável pela edificação de Batatuba, localizada no interior do estado de São Paulo, objeto desta pesquisa, configurou como uma ferramenta promotora de moradia destinada aos trabalhadores e também uma garantia à fidelidade da mão de obra. Essa fórmula mantinha um equilíbrio entre o poder do capital e a força operária, dependência formada pela dicotomia entre benefícios e controle social. O modelo urbanístico dos programas socialistas, utilizado para fins capitalistas, substituiu a utopia pela ideologia do empregador.

Após a morte de Tomás Bata, em 1932, a empresa foi presidida por seu meio-irmão Jan Antonin Bata, que seguiu as ideias estabelecidas pelo fundador. Sob a direção do irmão caçula, a companhia ampliou sua rede de produção capitalista, a qual Victor Muñoz Sanz (2011) chamou de rede utópica. Até meados da década de 1930, ultrapassou vinte complexos fabris distribuídos pelo mundo, muitos das quais se tornaram prósperas cidades, inclusive no Brasil (ARCHANJO, 1951; COSTA, 2012; LOUREIRO, 2009; SANZ, 2011).

Este trabalho tem por objetivo identificar os conceitos modernos no plano e na implantação do conjunto industrial estabelecido no Brasil, a vila operária de Batatuba, em Piracaia, interior de São Paulo, inaugurada por Jan Antonin Bata, em 1942. Por meio de bibliografia conceitual e histórica, junto à análise de documentos primários, obtidos na antiga fábrica de Batatuba3, foi possível a identificação dos principais aspectos da vanguarda moderna nessa vila operária, ainda preservada.

O projeto da vila foi fruto da experiência adquirida na construção de cidades industriais autônomas, mantidas por meio de um sistema vertical de produção. Para tanto, a pesquisa pautou-se, no primeiro momento, pela identificação dos conceitos estabelecidos pela indústria calçadista na construção das vilas operárias, instrumentalizada pelas metodologias modernas, na Tchecoslováquia, diante do

3 Fechada desde 1983, após decreto de falência, e propriedade ainda sub judice. (Arquivo antiga fábrica em

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contexto político, social e econômico, nas primeiras décadas do século XX, e, em seguida, em como esse modelo foi adaptado no Brasil, dentro do contexto da época.

A iniciativa de investimento no país ocorreu devido às condições oportunas apresentadas pelo Presidente da República, Getúlio Vargas, em 1939 (COSTA, 2012), como o programa desenvolvimentista implantado no país, com finalidade de promover a expansão industrial e a ocupação do território nacional. O governo brasileiro também demonstrou interesse na indústria tcheca de calçados, reconhecida pela produção em larga escala a custo baixo, possibilitando calçar a população mais carente melhorando as condições de saúde pública. Essa ação fomentou a concorrência no mercado brasileiro e causou descontentamento e boicote por parte da indústria nacional de calçados, fatos descritos nos jornais da época, encontrados na antiga fábrica de Batatuba.

Diante do cenário de industrialização no país, Jan Antonin Bata apresentou ao governo brasileiro uma proposta para a construção de dez cidades na região de São Paulo e do Mato Grosso, atual Mato Grosso do Sul, entre outros estados. Todas as cidades propostas eram assentes na indústria, e, em alguns casos, comungando com a agricultura e a pecuária relacionadas à produção de calçados. Apenas uma parte desse programa concretizou-se, no Mato Grosso e em São Paulo.

A construção de Batatuba ocorreu no momento em que os investimentos públicos estavam direcionados à promoção de infraestrutura e de condições mínimas para atrair e para fomentar investimentos privados na industrialização do país. A produção habitacional ficou sob a responsabilidade dos institutos representativos de cada categoria profissional, por meio de financiamentos promovidos pelos institutos previdenciários e de fundos de pensão, atingindo uma pequena parte dos trabalhadores, excluindo a população mais pobre do acesso à moradia digna (BONDUKI, 2013).

Baseado nos projetos desenvolvidos pela Companhia Bata, anteriores ao plano de Batatuba, identificados na pesquisa realizada por Sanz (2011), e ratificados por Georgia Carolina Capistrano da Costa (2012), foi possível determinar que o projeto para Batatuba foi uma adaptação do modelo da cidade industrial ideal, elaborado pelo instituto de pesquisa mantido pela indústria Bata, em Zlìn.

À frente desse departamento, estavam arquitetos precursores do funcionalismo tcheco, profissionais ligados a renomados arquitetos modernos da época,

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como Karel Teige, Otto Wagner, Frank Lloyd Wright (COSTA, 2012; LOUREIRO, 2009). Entre 1935 e 1937, Le Corbusier prestou alguns serviços de assessoria para a elaboração de planos urbanísticos e de arquitetura específicos para a Cia. Bata, o que incluía a forma de morar dos trabalhadores, o aspecto de divergência entre o arquiteto e o empresário que inviabilizou a execução de tais planos (COSTA, 2012; FRAMPTON, 2003; LOUREIRO, 2009).

Batatuba foi planejada para dez mil habitantes, no município de Piracaia, interior de São Paulo, organizada num plano urbanístico pautado pela setorização e disposta como numa linha de montagem. O setor destinado à habitação operária era formado por um grande parque linear central e dividia-se em duas áreas formadas por moradias individuais e isoladas, além de habitações coletivas para jovens, uma ocupação de baixa densidade. O imenso jardim conduzia o trabalhador até a fábrica, caminho em cujo entorno encontravam dispostos os equipamentos de uso coletivo, destinados à criação de uma nova sociedade operária, como escolas de ensino básico e técnico, quadras de esporte, espaços de cultura e de lazer. Numa das extremidades desse eixo, situada no alto da colina, estava a igreja, e, à sua esquerda, uma grande piscina; na ponta oposta, o parque estendia-se numa grande praça cívica, elo central de conexão entre a habitação e o conjunto industrial. O grupo de edifícios dos escritórios e das fábricas foi distribuído perpendicularmente ao referido parque e estendia-se paralelamente à linha formada pela rodovia e pela ferrovia, que separavam os dois setores, local de qualificação da mão de obra e de produção pela mão de obra.

O controle social por meio de códigos de conduta estabelecido pela Cia. Bata, método aplicado por outros empresários, inclusive Ford, disciplinava as atividades cotidianas dos operários, visando à melhoria técnica e física dos funcionários. Apesar de mostrar-se menos ostensivas que o modelo praticado por Ford4, tais medidas demonstraram semelhanças com os princípios modernos quanto à construção de uma nova sociedade homogênea voltada para produção industrial e o acúmulo de capital.

4 (...)o Ford de 1914, o reformador que, com seu Dia de Cinco Dólares e seu Departamento Sociológico,

prometia instalar um novo humanismo industrial, cultivar trabalhadores virtuosos e produtivos por meio da educação cívica e do poder de persuasão de altos salários condicionados a uma vida regrada (GRANDIN, 2010, p.79).

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Segundo o plano de Batatuba, a população majoritária seria de operários da indústria, e o restante da população se dividiria em atividades agropecuárias, com produção destinada basicamente ao consumo local.

Do plano estabelecido para Batatuba, apenas uma pequena fração foi executada, a qual manteve os princípios modernos de planejamento urbano. Mesmo na arquitetura, a adequação das construções à tecnologia e aos materiais disponíveis no Brasil no período demonstra a racionalização do plano e evidencia as diferenças culturais entre os dois países, Tchecoslováquia e Brasil.

2.1 Objetivo

Identificar os conceitos urbanísticos e arquitetônicos do período moderno presentes no plano e na execução da vila operária de Batatuba, interior do estado de São Paulo, inaugurada em 1942, pela Companhia de Calçados Bata.

2.2 Justificativa

Jan Antonin Bata construiu a vila de Batatuba visando a transferir a matriz da Indústria Bata de Zlìn para esse local, distante do conflito mundial. Estava numa área cortada por um ramal da ferrovia, com acesso à capital São Paulo e ao Porto de Santos, e, com a existência do rio Cachoeira, havia potencial para gerar energia e garantir o abastecimento do conjunto. O núcleo implantado foi dotado de toda infraestrutura básica de saneamento, como abastecimento de água, coleta de esgoto, áreas de esportes e de lazer, cinema, escola básica e técnica, um posto médico, mercado, a fábrica e a vila dos operários, a qual incluía, por sua vez, um alojamento para jovens solteiros.

Como já descrito, este estudo buscou mostrar o desenho urbano voltado à produção industrial e ao acúmulo de capital, por meio de uma doutrinação do trabalhador garantida por benefícios sociais oferecidos pelo empresário. Muitos foram os arquitetos e urbanistas que, nesse momento, projetaram cidades ideais pautados pela cadeia produtiva, adequando a racionalização à qualidade de vida e ao conforto.

O local representou um importante marco na história da industrialização do Brasil e ainda é pouco conhecido. Hoje, o conjunto mantém-se quase inteiramente preservado; sua preservação, aliás, está descrita no Plano Diretor Municipal, Lei Complementar nº 45/2007, como área de interesse histórico do município, porém a

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legislação vigente não conteve as demolições (ver imagem 2) e a descaracterização do patrimônio local (ver imagens 3, 4 e 5). É necessário ressaltar que parte desse acervo edificado, durante o hiato de tempo entre a primeira iniciativa no reconhecimento do local, em 2009, até 2015, foi demolida, como descrito acima. Tal fato ocorreu com duas casas da família Bata, substituídas pela edificação de um grande galpão industrial, ocultando a vista para a fachada principal da casa que foi de Jan Antonin Bata. Uma moradia típica da vila operária também foi demolida.

Imagem 1- Matéria sobre restauro dos edifícios da Companhia Bata em Zlìn. 2012.

Fonte: Site da Folha de São Paulo. Disponível em:

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2012/11/1179791-restaurada-cidade-dos-sapatos-tcheca-vira-polo-de-crescimento.shtml?mobile

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Imagem2: À direita, residência de Jan Tomás Bata; ao lado, casa auxiliar, demolidas recentemente

Fonte: A autora, 2009.

Imagem 3: Residência de Jan Antonin Bata, em Batatuba. S.d.

Fonte:Batatuba e seus lugares de memória, s/d. Disponível em: <https://www.facebook.com/groups/540336372680621/?fref=ts>.

Imagem4: Residência de Jan Antonin Bata, abandonada. 2009

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Imagem 5: Antiga residência de Jan Antonin Bata e atual escritório empresarial. 2014

Fonte: Batatuba e seus lugares de memória, ANO. Disponível em: <https://www.facebook.com/groups/540336372680621/?fref=ts>

Mostrar a relevante contribuição desse conjunto para o conhecimento da evolução urbanística na região, assim como ampliar o estudo sobre a Companhia Bata e a construção de cidades industriais pelo mundo, e, dessa forma, salvaguardar o que ainda restou do sítio arquitetônico são objetivos deste trabalho.

O capítulo 2 desta dissertação descreve a metodologia adotada para a realização desta pesquisa histórica, por meio dos documentos que estão na antiga fábrica, em Batatuba, bem como a forma como foram sistematizados para testemunharem sobre as referências modernas do conjunto arquitetônico e urbanístico realizado pela Companhia Bata.

O seguinte capítulo descreve o início da Indústria Bata e as referências sob as quais Tomás Bata, seu fundador, construiu a base de sua metodologia da implantação de colônias operárias. Sua relação com arquitetos como Jan Kotěra, referência da arquitetura funcionalista tcheca, bem como o urbanismo voltado ao bem-estar dos trabalhadores em prol do capital da indústria também é levada em consideração, além de que maneira a Indústria Bata criou uma rede de comunidades industriais pelo mundo.

Os últimos capítulos descrevem a mudança do dirigente da Companhia Bata para o Brasil durante o período da Segunda Guerra Mundial e de que maneira seus planos encaixaram-se nas diretrizes do Governo de Getúlio Vargas, além de como ocorreu a implantação da vila de Batatuba e quais adequações foram necessárias para construção da vila no país.

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MATERIAIS E MÉTODOS

O objetivo deste trabalho foi identificar os aspectos modernos do que se projetou e o que se construiu na vila operária de Batatuba, em Piracaia, interior de São Paulo. Trata-se de uma pesquisa histórica, de caráter documental, motivada pelo contato inicial da pesquisadora com a vila, no período em que foi servidora pública do município.

As primeiras pesquisas sobre a vila de Batatuba e seu fundador, Jan Antonin Bata, tiveram início em 2008, permanecendo suspensas até o início desta dissertação, em 2015. Após esse intervalo de tempo, observou-se uma expansão nas informações disponíveis sobre o tema Bata na rede. Mesmo não cabendo aqui analisar a causa de tal ocorrência, é importante ressaltar o aumento das pesquisas sobre arquitetura funcionalista tcheca, como o arquiteto Vladimir Slapeta, e outros, de diferentes países, citados durante o trabalho5 (LOUREIRO, 2009).

Nesse hiato entre os dois momentos da pesquisa, houve um crescente uso dos meios eletrônicos de comunicação e o reconhecimento judiciário sobre a inocência de Jan Antonin Bata diante de acusação de apoio aos nazistas no final da década de 1940, processo encampado por seu sobrinho, Thomás Bata Jr., filho de Tomás Bata.

Numa primeira etapa, o trabalho guiou-se pela pesquisa em sites de busca e em base de dados da web, como Scielo e Google Acadêmico, com a utilização de algumas palavras-chave, como “Batatuba”; “Jan Antonin Bata”; “Tomás Bata”; “Zlìn”; “Indústrias de Calçados Bata”. Dessa análise, obteve-se maior resultado na base de dados Google Acadêmico, com acesso a artigos e a teses, na maioria escrita em língua estrangeira, prevalecendo estudos realizados na República Tcheca. No segundo momento, após prévia seleção dos trabalhos, realizou-se uma procura por abrangências, com a junção de palavras-chave mais relevantes, baseada nos resultados da primeira pesquisa, como seguem os exemplos: “Bata na Tchecoslováquia”, “Bata no Brasil”, “Bata e Getúlio Vargas”. Essa abordagem convergiu em trabalhos de conteúdo mais focados no tema.

5 Vladimir Slapeta, arquiteto e pesquisador do processo da arquitetura funcionalista tcheca (LOUREIRO,

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Grande parte dos registros encontrados eram de língua inglesa ou tcheca; neste último idioma, também foram encontrados diversos vídeos. Tratava-se de dezenas de vídeos curtos, com imagens das primeiras décadas do século XX, registro dos discursos de Tomás ou de Jan Antonin Bata para a população operária de Zlìn, cidade-sede da indústria Bata, em comemoração ao dia 1º de maio.

Também foi disponibilizado na rede um documentário, entre 2015 e 2016, que relatou a história das Indústrias Bata, a colonização ao redor do mundo e a construção de suas vilas industriais, o que incluiu Batatuba, material do qual se extraiu a imagem referente ao croqui do plano da vila, em cores e mais detalhado. Esses arquivos estão armazenados para uma possível pesquisa futura. Outros documentos encontrados na rede foram imagens e planos urbanísticos de cidades e vilas idealizadas pela indústria tcheca. No site Fundation Le Corbusier, foram obtidos alguns projetos elaborados pelo arquiteto para as Indústrias Bata, em meados da década de 1930, inclusive um estudo de urbanização para a cidade de Zlìn e a concepção de uma vila operária na França, Hellocourt.

Com o delineamento do contexto em que o objeto deste estudo estava inserido, teve início análise bibliográfica referente às circunstâncias que compunham os cenários sociais, políticos e econômicos, tanto na Tchecoslováquia quanto no Brasil, à época, durante o surgimento das ideias de planejamento e de implantação das vilas industriais, ainda com Tomás Bata, até a construção de Batatuba, por Jan Antonin Bata. Analisou-se, também, como esse contexto influenciou na busca de referências urbanísticas e arquitetônicas, que nortearam o ideário arraigado pela Companhia de Calçados Bata. Dentre as consultas realizadas nesse período, foram coletados dados primários no arquivo da antiga fábrica de Batatuba, bem como levantamentos fotográficos e planimétricos da vila operária. Durante o processo de investigação das fontes, foi determinado o objetivo da pesquisa.

Após a definição do objetivo, foram possíveis a estruturação do trabalho e a construção de um plano inicial, além da seleção das fontes utilizadas nessa primeira diagramação da pesquisa. Esse processo resultou na sistematização dos tipos de informações, separando-as por assunto, conforme tópicos definidos em um sumário preestabelecido. Os principais tópicos identificados para a construção da pesquisa foram bibliografias com conceitos análogos ao deste trabalho, muitos referenciados pelas

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pesquisas acadêmicas encontradas, que se pautaram por autores clássicos como Kenneth Frampton, bem como dados específicos sobre a Companhia Bata e seus idealizadores, e posterior análise e sistematização de documentos primários.

Diante da extensa quantidade e qualidade dos materiais a serem analisados, foi necessário encontrar uma metodologia adequada ao tipo de pesquisa pretendida e à organização e análise dos dados encontrados. O livro Arquitectural

Research Methods (2013) tornou-se uma referência durante a definição da metodologia

empregada para a condução do trabalho. Em especial, o estudo de caso, que serviu como modelo de sistematização e de organização do material, tratou da pesquisa histórica, um estudo feito sobre a evolução do estilo moderno em Belo Horizonte, na década de 1950, realizada pelo arquiteto Fernando Lara.

A metodologia empregada na pesquisa de Lara combinou duas estratégias de investigação: histórica e qualitativa. E, assim, como colocado pelos autores L. Groat e D. Wang (2013), a construção da pesquisa arquitetônica iniciou pela consulta histórica, partindo da premissa de que todo elemento arquitetônico e urbanístico relaciona-se com o período de sua construção, influenciado pela situação econômica e social específica da época.

Nesta dissertação, ainda, identificou-se o contexto geral em que estavam inseridos tanto a Tchecoslováquia, que, naquele momento, dedicava-se ao funcionalismo moderno, movimento apoiado pela Indústria Bata, quanto o Brasil, que vivenciava uma transformação política, econômica e social, com a ruptura da economia cafeeira – Batatuba, a cerca de oitenta quilômetros da capital do estado, São Paulo, encontrava-se numa região que sofrera diretamente com a crise.

O cenário acima descrito corrobora a estratégia metodológica, denominada Pesquisa Correlacional por Groat e Wang (2013), que busca padrões de relacionamento entre duas ou mais variáveis, identificando quais aspectos são vinculados ao objeto estudado. Neste caso, os padrões definidos pelo movimento moderno e as circunstâncias que o envolveram.

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2.1 Revisão Bibliográfica

A consulta bibliográfica pautou-se pelos conceitos estruturantes pertinentes a este trabalho, demonstrando que ideais do Modernismo foram utilizados a serviço do capital como ferramenta de racionalização dos processos e de sistematização da produção, inclusive urbana, em meio à revolução causada pela industrialização e pela crise do entreguerras. Ópticas diretamente ligadas à construção de novas sociedades industriais, aplicadas no período do estudo, o que permitiu um enquadramento das características de Batatuba.

A bibliografia apurada sobre a Companhia Bata evidenciou que a aplicação das ideias progressistas iniciadas na cidade de Zlìn, na antiga Tchecoslováquia, durante as duas primeiras décadas do século XX, estendeu-se para as demais cidades Bata, inclusive na vila de Batatuba, objeto desta pesquisa. A investigação sobre Zlìn tornou-se necessária para entender as influências recebidas do berço das ideias Bata, e se foram replicadas as práticas adotadas pelo idealizador do sistema de produção industrial na construção dessa vila, no interior de São Paulo. E, mesmo diante das diferenças tecnológicas entre esses dois países, Tchecoslováquia e Brasil, esse não foi fator de empecilho para Jan Antonin Bata, que partiu da mesma diretriz moderna para a realização do novo núcleo industrial na cidade de Piracaia, porém com severas restrições econômicas durante a implantação de Batatuba.

Por meio da exploração de trabalhos acadêmicos mais recentes, que tratavam da trajetória da Companhia de Calçados Bata na construção de cidades e vilas operárias, a pesquisa ganhou uma estrutura mais definida. Dentre os principais estudos analisados, destaca-se a dissertação de mestrado em Arquitetura e Urbanismo de Costa (2012). Esse trabalho auxiliou na identificação de referências bibliográficas, assim como a disciplina “A questão Social na Arquitetura Moderna Paulista”, ministrada pelo Prof. Dr. Miguel Buzzar, no segundo semestre de 2015, a qual permitiu ao trabalho uma abordagem sobre a relação social entre empresário e operário.

Outro trabalho relevante sobre a biografia das Indústrias Bata foi A Global

Survey of the Urban Legacy of the Bat’a Shoe Company’s Satellite Cities, elaborado por

Sanz (2011), na Harvard University, Estados Unidos (ver imagem 6), que ratificou a criação de uma rede operacional entre as cidades e as vilas operárias Bata pelo mundo.

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A pesquisa de Sanz demonstrou que o desenvolvimento da empresa baseou-se na implantação de filiais em regiões que garantissem o abastecimento de matéria-prima para a empresa local e que pudessem socorrer as de outras localidades que enfrentassem crises temporárias. A estratégia, que espalhou pequenos polos industriais autônomos em diversas localidades, iniciado por Tomás Bata, após a Primeira Guerra Mundial, foi motivada pela dificuldade de importação e de exportação ocasionada pelo bloqueio das fronteiras da Tchecoslováquia e de outros países da Europa. Diante do exposto, a Indústria de Calçados Bata abriu novas filiais em outros países próximos à matriz, em Zlìn. Esse processo de colonização industrial foi intensificado durante a administração de Jan Antonin Bata, na década de 1930, e alcançou outros continentes e, na década de 1940, instalou-se no Brasil.

Imagem 6: Rede utópica Bata (SANZ, 2011)

Fonte: SANZ, 2011.

Imagem 7: Modelo de fichamento da bibliografia

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Em razão da necessidade de constantes deslocamentos de pessoal e de mercadorias, a empresa mantinha um complexo sistema de transporte e ampliou sua atuação empresarial nessa área, investindo em ferrovias, em estaleiros e na construção de pequenas aeronaves, meios de conexão entre as comunidades industriais Bata.

A pesquisa de Luís António Castanheira Loureiro, A Leste da Herança

Moderna: Zlìn e a Bata na Vanguarda do Funcionalismo Europeu, realizada pelo

Departamento de Arquitectura da FCTUC, em Coimbra, no ano de 2009, direcionou a construção do cenário político e social específico dessa região da Europa, durante as primeiras décadas do século XX. Sua narrativa tem o intuito de demonstrar a significativa participação das Indústrias Bata no desenvolvimento de uma arquitetura funcional e nacionalista na Tchecoslováquia. Ressalta que tanto a produção urbanística e arquitetônica do país quanto da empresa não obtiveram o devido reconhecimento dentro da História, uma das motivações para esta dissertação.

Os três trabalhos citados acima, Costa (2012), Sanz (2011) e Loureiro (2009) foram bases para o reconhecimento ideológico da Indústria Bata no período pesquisado e base bibliográfica de acesso a outras publicações, como textos e artigos, nacionais e estrangeiros, na maioria das vezes. A fundamentação obtida a partir da bibliografia específica sobre a Bata norteou a conceituação dos aspectos fundamentais que caracterizaram o modo de produção Bata, na construção de uma nova sociedade.

Os autores citados identificaram algumas diretrizes replicadas pela Companhia Bata, o que levou à procura de autores clássicos que tratassem dos conceitos que compunham a vanguarda moderna, bem como a análise das ideias dos pensadores responsáveis pela criação das bases ideológicas e estruturais das cidades utópicas e a apropriação desse modelo urbano pelo capitalismo.

O exemplo da implantação da vila de Ford na Amazônia mostrou-se pertinente ao aproximar a visão do capitalista e o emprego de ferramentas urbanísticas e sociais para ampliação de lucros na indústria e doutrinação do trabalhador. O livro

Fordlândia, Ascensão e Queda da Cidade Esquecida de Henry Ford na Selva, escrito por

Greg Grandin (2010), possibilitou ao trabalho uma abordagem comparativa e conceitual do modo fordista de produção e a relação entre o trabalho e o controle por meio do bem-estar dos operários. Esse sistema produtivo influenciou Tomás Bata após sua estadia em Massachussetts, nas primeiras décadas do século XX (COSTA, 2012; LOUREIRO, 2009).

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Para entender os caminhos que levaram à transformação de uma sociedade artesã para uma sociedade industrial e às consequências dessas mudanças sociais, recorreu-se a autores que tratassem de ideologias ligadas ao movimento moderno. Trabalho primordial foi Projeto e Utopia, de Manfredo Tafuri (1985) .

Conceitos urbanísticos utópicos, surgidos com a industrialização, foram descritos por Françoise Choay (2015), que traçou uma linha cronológica de pensamentos, apontando diversos modelos sociais e urbanos, planejados e nem sempre implantados integralmente.

O cerne das vilas operárias Bata estava no modelo da cidade ideal de Tony Garnier, cujo plano da matriz não se realizou completamente. Outra influência na formação do espaço das cidades industriais Bata foi extraído das cidades-jardim, sendo Ebenezer Howard (1996) referência fundamental para compreender a organização urbana aplicada pela Bata, bem como a relação entre a ocupação e o bem-estar da população. Para demonstrar a aparente utopia dentro de uma ideologia capitalista, e para definição conceitual do termo utopia, os livros de Gregory Clayes (2013) e Giulio Carlo Argan (2001) foram os parâmetros desta pesquisa.

Para compreender o movimento moderno e a produção arquitetônica no Brasil, assente no tímido desenvolvimento tecnológico na década de 1940, período da implantação da vila de Batatuba, buscaram-se referências de autores como Paulo Bruna (2010). O arquiteto observou as influências estrangeiras e a produção nacional de obras arquitetônicas e urbanísticas com tipologia similar ao das Indústrias Bata, produzidas por iniciativa pública ou privada, e levantou questões sobre a política social e a influência do plano desenvolvimentista de Getúlio Vargas nesse aspecto.

Ainda sobre a produção arquitetônica nacional, criando um quadro da situação do Brasil, a recente publicação de N. Bonduki, A. P. Koury e N. Aravecchia (2013) proporcionou uma visão geral das condições sociais, políticas e econômicas no período. Esse trabalho identificou os principais promotores da habitação no país naquela ocasião. Além disso, é um volume composto por um rico inventário dessa produção.

O livro de Maria Cristina da Silva Leme (2005) demonstrou o desenvolvimento urbano no país e como o plano desenvolvimentista de Getúlio Vargas incentivou a interiorização das indústrias, principalmente no Sudeste, conduzida pela

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malha ferroviária, implantada no período áureo do café. Outras fontes, artigos científicos e documentos primários auxiliaram no desenho do cenário brasileiro em que foi construída Batatuba.

Poucos foram os documentos encontrados na Biblioteca Municipal de Piracaia, como alguns relatos de historiadores locais, recorte do periódico local Piracaia

Jornal e a biografia de Jan Antonin Bata, escrita por F. M. Archanjo (1951).

A sistematização preliminar de todo o conteúdo relacionado ao tema da pesquisa deu-se pela elaboração de fichas digitais individualizadas, classificadas e armazenadas em pastas definidas pelo assunto, as quais continham os dados bibliográficos da obra e citações pertinentes ao trabalho, com referida localização (ver imagem 7).

2.2 Dados primários

O primeiro contato com a antiga fábrica de Batatuba, ocorreu no início de 2015, assim que o sr. Luiz Henrique Bueno, responsável pela guarda do patrimônio e pelos documentos existentes no local, concedeu a autorização.

O espaço, que anteriormente fora ocupado pela loja e pela zeladoria da fábrica de calçados Bata, hoje abriga o escritório local da massa falida, que atende os antigos funcionários da fábrica e disponibiliza informações trabalhistas, além de administrar as relações imobiliárias atuais, relacionadas à renda com aluguéis residenciais e dos galpões da antiga fábrica. As casas estão ocupadas por antigos funcionários da indústria calçadista ou por seus descendentes, além de alguns novos inquilinos.

Os galpões e edificações da antiga fábrica estiveram abandonados por duas décadas, e o uso do imóvel ocorreu nesta década, com o acesso aos materiais e aos documentos que foram encontrados no interior desses edifícios.

O acesso principal de pedestre é um portão metálico descoberto, à margem da Rodovia Jan Antonin Bata, SP-036. Ao passar pela entrada, distante por volta de quinze metros da frente, está o pequeno local destinado ao relógio de ponto. Seguindo o fluxo do funcional, adiante, mais ou menos a mesma distância já percorrida, fica o bloco que hoje abriga o referido escritório da massa falida.

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Na sala de entrada desse escritório, com cerca de 30m², localiza-se o arquivo com os documentos dos antigos funcionários. Estão armazenados envoltos em jornais ou em caixas de papelão, dispostos em prateleiras improvisadas de madeira. A identificação foi feita pelos sobrenomes, dispostos em ordem alfabética (ver imagem 8). Tais documentos, como as fichas cadastrais dos operários (ver anexo II), não foram objetos de análise mais profunda neste trabalho, porém serviram para ilustrar e ratificar informações obtidas por meio de outras fontes.

Imagem 8: Sala de entrada do atual escritório da massa falida SAPACO. Detalhe da ocupação com arquivos

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Imagem 9: Sala na antiga fábrica com material organizado

Fonte: a autora, 2015.

Ao lado dessa sala, com área similar ao ambiente anterior, estão os documentos que serviram de fontes, algumas primárias, consultadas neste trabalho. O material, desconhecido até então, recebeu voluntariamente limpeza e organização prévia pelo professor de história residente na região, sr. Luiz Santana (ver imagem 9). Ainda há muito material em péssimas condições de armazenamento, numa sala localizada no fundo desse bloco, e com entrada independente (ver imagens 10 e 11). Não foram catalogados, até o término deste trabalho, os documentos e os materiais existentes na antiga fábrica.

Nas pesquisas realizadas, foram encontrados projetos do internato para jovens, com pequenas alterações sobre o executado, assim como outros desenhos não executados, além de documentos com anotações e planilhas da gestão de algumas obras. Havia também muitos projetos, no idioma tcheco, de máquinas destinadas à produção da própria indústria. O arquivo é constituído por plantas em papel vegetal ou por cópias heliográficas, evidenciando o perfil verticalizado da produção da Indústria Bata, que produzia parte do seu maquinário, além de peças de manutenção.

Por meio das imagens obtidas em álbuns fotográficos, de aparente autoria de Jan Antonin Bata, com fotos do período de construção de Batatuba e outro de Zlìn, possibilitou-se o confronto técnico e cultural entre as duas comunidades Bata.

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Entretanto, esse material não foi registrado com qualidade apropriada, devido ao impedimento de utilização do equipamento de scanner na maioria dos documentos. É essencial registrar que muitos documentos foram extraviados nos últimos anos, segundo informações da massa falida, principalmente fotos e recortes de jornais da década de 1940.

As biografias, ou autobiografias, conforme indícios, de Tomás Bata e de Jan Antonin Bata (ver imagem 12), respaldaram as informações obtidas pelas teses e pelos artigos sobre a atuação da indústria na produção urbana, pois relatam a trajetória de vida dos principais atores responsáveis por essa ideologia da indústria Bata.

Imagem 10: Material primário ainda não analisado, antiga fábrica em Batatuba.

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Imagem 11: Detalhe de material não analisado e estado de conservação.

Fonte: a autora, 2015.

Imagem 12: "How I began" , 1934. Capa. "O Mundo Compreenderá, a história de Jan A. Bata - O Rei do Sapato", 1951. Capa.

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Descrevem-se tanto as relações familiares quanto o desenvolvimento da empresa e de seu ideário. O livreto sobre Tomás Bata retrata parte de sua ideologia voltada à criação de uma sociedade capitalista, em um ambiente alusivo de uma vida simples no campo, como propagado por Tolstoy, um escritor russo de meados do século XIX, citado neste livreto.

Dois encartes, referentes aos anos de 1942 e 1943, contendo a série de periódicos publicados semanalmente pela Indústria, denominado Novidades em Batatuba, direcionado à construção da sociedade operária Bata, foram uma fonte primária, na qual pode ser constatada a rotina de controle estabelecida pela indústria aos moradores da vila.

Num antigo álbum, aparentemente organizado no mesmo período dos recortes de jornais datados da época da construção de Batatuba, há registros que retratam as condições econômicas do país e os temas que afetavam diretamente a indústria calçadista estrangeira. Por exemplo, matérias publicadas simultaneamente à campanha nacional para calçar a população brasileira e mitigar os problemas com saúde pública, intercaladas com as notícias sobre a presença de Jan Antonin Bata no Brasil e possível implantação de suas indústrias no país e a resistência da indústria nacional, além das notícias sobre a concretização de Batatuba e os empreendimentos em Mato Grosso, assim como reportagens sobre o possível envolvimento do empresário tcheco com os nazistas, referenciando a amizade de Jan Antonin Bata com Goherin.

A análise desse material foi essencial para a pesquisa, ilustrando os fatos históricos reconhecidos, políticos, sociais e econômicos. Também possibilitou a identificação do processo e do sistema construtivo empregado na construção de Batatuba. E comprovou o principal método de controle dos operários, por meio de um rígido código de conduta imposto pela Companhia de Calçados Bata. Esses fatos são demonstrados pelo referido periódico, bem como a confirmação pela busca de caracterização da vila operária com o ambiente bucólico e agradável das cidades-jardim.

Enfim, a natureza histórica desse estudo definiu o método de procedimento investigativo adotado e baseou-se em análise de documentos primários e em amostragens tipológicas das edificações da vila de Batauba, realizadas por levantamento planimétrico e fotográfico, elaborados pela autora.

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2.3 Levantamento de campo

Paralelo à busca documental na antiga loja da fábrica em Batatuba, foram realizados levantamentos de parte das habitações operárias, bem como o registro fotográfico das edificações que compõem a vila operária na atualidade. Essa documentação possibilitou uma análise evolutiva do quadro de preservação desse sítio, mesmo não sendo objeto direto desta dissertação, o que abre uma perspectiva para urgente preservação por meio do tombamento público em outras instâncias administrativas, devido à relevância histórica do conjunto.

No ano de 2009, a autora desse trabalho fez o registro fotográfico das moradias dos funcionários e as de propriedade da família Bata, em Batatuba, demonstrando a hierarquia na localização e na arquitetura das diferentes tipologias .

O recente levantamento planimétrico e fotográfico, o critério inicial adotado para seleção das moradias, pautou-se pelas especificidades arquitetônicas ainda preservadas, desde sua construção na década de 1940, tal como banheira, lareira6 e fogão a lenha, seguido pelo número de dormitórios construídos, e as condições de preservação do imóvel. Com base em levantamento in loco, realizado em 2015 pela autora, foram identificadas unidades habitacionais de um, dois e três dormitórios. Uma vez que não foram encontrados, até o momento, quaisquer registros relativos ao projeto original das moradias e seu(s) autor(es), é notória a semelhança com tipologias adotadas no mesmo período no país, nas edificação de conjuntos habitacionais financiados a funcionários associados dos IAPs, como mencionado anteriormente.

Após averiguação parcial do material primário existente na antiga fábrica em Batatuba e devida confrontação com as referências bibliográficas pertinentes, passou-se para o processo de organização dessas informações. Diante da grande quantidade de documentos disponíveis, foi necessária uma rigorosa sistematização dos dados.

Seguiram-se critérios colocados por Wang e Groat (2013) sobre a qualificação das pesquisas diante da quantidade excessiva de dados. Para tanto, foram propostos seis passos importantes de sistematização das informações, demonstrados abaixo de forma genérica:

6 A maioria desses equipamentos estava presente apenas nas casas de classe média ou alta, conforme

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a) Dados brutos - documentos disponíveis na loja da antiga fábrica em Batatuba, inacessíveis desde 1983;

b) Dados organizados - registro desses documentos e armazenamento digital em pastas identificadas inicialmente pela data seguida da temática;

c) Dados sintetizados - após análise preliminar e leitura dos documentos, os mesmos foram realocados em pastas específicas. As imagens foram tratadas quando necessário, e as matérias de jornais foram sintetizadas numa planilha com informações básicas sobre período e assunto;

d) Dados interpretados - leitura e análise documental;

e) Temática de dados - organizar nas pastas conforme assunto; f) Teoricamente significativos - ratificação de alguns conceitos.

Sempre que possível, os passos foram amparados por sistemas computacionais, e, nesses casos, organizados de forma hierárquica, num sistema ramificado de pastas distribuídas conforme o assunto, que se desdobraram durante a pesquisa (ver imagem 14). O resultado da verificação desses materiais primários e do levantamento de campo formaram um acervo com cerca de quatro mil arquivos digitais, apenas os pertinentes a esta pesquisa.

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Imagem 13: Organização de arquivos digitais dos materiais da pesquisa

Fonte: A autora, 2015.

A confirmação das informações obtidas por meio dos documentos encontrados na antiga fábrica em Batatuba, bem como a relação com os conceitos modernos difundidos na época, puderam ser afirmadas na série de onze vídeos, resultado de uma tese de doutorado intitulada Revelando Batatuba (NOVAES, 2014), na qual a autora buscou entender o lugar por meio dos relatos de antigos e de novos moradores de Batatuba, incluindo antigos funcionários da fábrica.

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AS INDÚSTRIAS BATA NA TCHECOSLOVÁQUIA E O PLANO GERAL DE

INDUSTRIALIZAÇÃO - 1894-1939

2.4 Tomás Bata

A família Bata teve origem na região da Morávia, na Tchecoslováquia, onde a sede da empresa calçadista Bata estabeleceu-se. Na cidade de Zlìn, que fora construída, na era medieval, durante o século XIV e, ao longo de séculos, foi marcada por conflitos armados e crises econômicas e políticas.

Imagem 14 – Localização de Zlìn, Tchecoslováquia, 1928-1938.

Fonte:site wikipedia.org

Imagem 15- À esquerda, Zlìn medieval. s.d. À direita, praça central de Zlìn, 1910

Fonte: Site oficial de Zlìn. Disponível em: http://www.zlin.eu/fotogalerie-a-kratke-spoty-o-zline-cl-126.html

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Imagem 16: Brasão da família Bata sobre a lareira da casa de Jan Antonin Bata, em Batatuba

Fonte: A autora, 2009.

Imagem 17: Primeiras instalações da Indústria de Calçados Bata, Zlìn. s.d.

Fonte: Site oficial de Zlìn. Disponível em: http://www.zlin.eu/fotogalerie-a-kratke-spoty-o-zline-cl-126.html

O ofício de sapateiro esteve na família Bata desde o ano de 1576 (ARCHANJO, 1951; COSTA, 2012), data que estava estampada no brasão sobre a lareira da antiga casa da família Bata, na vila operária de Batatuba (ver imagem 16). Foi no final do século XIX que Tomás Bata (1876-1932) começou a trabalhar na sapataria de seu pai e que, ainda bem jovem, aprendeu todas as etapas de produção e de comercialização de calçados.

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Imagem 18: Loja Bata em Zlìn, início do século XX

Fonte: Site oficial de Zlìn. Disponìvel em: http://www.zlin.eu

Seguindo o fluxo da industrialização no mundo, sobretudo nos Estados Unidos e parte da Europa, Tomás e seus irmãos Anna e Antonín fundaram, em 1894, a fábrica de calçados em Zlìn, inicialmente numa edificação central da pequena cidade (ver imagem 17). Segundo relatado em How I began, sobre as memórias de Tomás Bata (1934), a iniciativa de montar a indústria foi de seu irmão mais velho Antonín e, com a morte deste em 1905, Tomás Bata comprou a fábrica, tomando a direção da empresa, até então denominada de T & A Bata (BATA, 1934).

A fábrica Bata foi a primeira na região que adotou o método taylorista de divisão do trabalho (LOUREIRO, 2009). Desde o começo, Tomás Bata procurou otimizar os processos na indústria. Em 1905, realizou uma longa visita aos EUA, período em que trabalhou numa fábrica de sapatos americana para aprender, na prática, a identificação dos processos envolvidos na fabricação de calçados. Quando voltou a Zlìn, aplicou seus conhecimentos na racionalização da produção, transformando a fábrica Bata em responsável pela intensa migração para Zlìn no início de século XX (LOUREIRO, 2009). A empresa atendia às encomendas de importantes clientes, principalmente produzindo

Referências

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