TÍTULO: A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO DIANTE DOS NOVOS FLUXOS DE IMIGRANTES INTERNACIONAIS NO BRASIL: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
TÍTULO:
CATEGORIA: CONCLUÍDO CATEGORIA:
ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE ÁREA:
SUBÁREA: Enfermagem SUBÁREA:
INSTITUIÇÃO(ÕES): UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES - UMC INSTITUIÇÃO(ÕES):
AUTOR(ES): JAMILE SILVA DOS SANTOS AUTOR(ES):
ORIENTADOR(ES): LILIAN ROSARIO DEL CARMEN MAUREIRA ORIENTADOR(ES):
1. RESUMO
Este estudo visa investigar através de uma revisão integrativa exploratória, descritiva de caráter qualitativo e quantitativo a atuação do enfermeiro diante dos novos fluxos de imigrantes internacionais no Brasil. A busca foi realizada nas bases de dados: Scientific Libraty Online (SCIELO), Revista Latino-Americano e do Caribe e, Ciências da Saúde (LILACS) e Biblioteca Regional de Medicina (BIREME) no período de fevereiro a junho de 2018. Os critérios de inclusão utilizados foram: artigos disponíveis nas bases de dados, na íntegra, via online, sendo selecionados artigos nacionais (na língua portuguesa), 1 artigo na língua inglesa e 1 na língua espanhola, gerados nos últimos 10 anos. Os resultados evidenciam que os imigrantes encontram desafios nos países de acolhida, tais como vulnerabilidade e dificuldades no acesso à saúde, sendo o enfermeiro um agente de extrema importância no cuidado, responsável pela acolhida, planejamento do cuidar e execução, o que se faz fundamental analisar a atuação desse profissional diante da imigração.
2. INTRODUÇÃO
Ao longo do tempo podemos observar o fenômeno da mobilidade humana, a qual envolve imigrações, emigrações, fluxos migratórios e refugiados. Sendo que para uns, a circulação é facilitada com os passaportes, já para outros, migrar é extremamente arriscado, trazendo diversas inseguranças (GRANADA et al., 2017).
Tendo em vista esse cenário cabe esclarecermos que a imigração é o movimento de entrada, com ânimo permanente ou temporário e com a intenção de trabalho e/ou residência, de pessoas ou populações, de um país para outro. Enquanto, a emigração é a ação espontânea de deixar seu local de residência para se estabelecer numa outra região ou nação (JACINTO e LUZ, 2009).
No caso dos refugiados temores de perseguições relativas a questões de raça, religião, nacionalidade e grave violação de direitos humanos e conflitos armados levam a saída de seus países (ACNUR, 2018).
De modo geral, é possível dizermos que as motivações se relacionam a uma nova possibilidade de vida, melhores oportunidades de emprego, benefícios financeiros ou fuga de problemas ambientais, políticos e sociais (OLIVEIRA et al., 2016).
Todavia os problemas podem ser substituídos ao chegarem nos países de acolhimento, nesses os imigrantes se expõem a fatores de risco, ao encontrarem circunstâncias, que muitas vezes apresentam grandes diferenças que vão desde o meio ambiente, o clima, a língua, ao funcionamento de serviços de saúde (BÄCKSTRÖM, 2010).
Diante dessa problemática e pensando na atuação do enfermeiro nesse quadro levantado e considerando também que na literatura os estudos a respeito à temática ainda são pouco explorados, fato esse que instigou a realização da presente revisão integrativa, buscar-se a responder à seguinte pergunta: Como o enfermeiro pode atuar ao proporcionar o cuidado ao imigrante internacional, respeitando os valores e a cultura?
3. OBJETIVO
Identificar como se dá a atuação do enfermeiro diante dos novos fluxos de imigrantes internacionais no Brasil.
4. METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integrativa exploratória, descritiva de caráter qualitativo e quantitativo de artigos científicos produzidos nos últimos 10 anos relacionados à temática sobre a atuação do enfermeiro diante dos novos fluxos de imigrantes internacionais no Brasil. Para o levantamento dos artigos foram utilizados os descritores: imigração and enfermagem, imigração and acesso à saúde, imigração and prevenção, imigração and prevenção and Brasil, imigração and doenças. Os critérios de inclusão utilizados para seleção da amostra foram: artigos disponíveis nas bases de dados, na íntegra, via online, sendo selecionados artigos nacionais (na língua portuguesa), 1 artigo na língua inglesa e 1 na língua espanhola, gerados nos últimos 10 anos. Na operacionalização dessa revisão, utilizaram-se as seguintes
etapas: identificação do tema e seleção da questão norteadora; critérios para seleção da amostra; definição de informações a serem extraídas dos estudos selecionados; avaliação, interpretação dos resultados e apresentação da revisão. Na busca inicial foram encontrados 40 artigos, que por meio de dados da leitura foram excluídos, no entanto, destes apenas 11 artigos responderam à questão norteadora e definiram a amostra final da presente revisão.
5. DESENVOLVIMENTO
Ao pensarmos nos desafios enfrentados pelos imigrantes, é importante salientarmos que diante dos novos fluxos de imigrantes no Brasil, questões sobre direitos humanos, tais como o acesso à saúde e a inserção no mercado de trabalho são identificados como problemas a serem estudados (GRANADA et al., 2017).
Longes de suas nações os imigrantes podem vivenciar situações conflituosas em que muitas vezes são vistos com certa desconfiança ou mesmo como uma ameaça pela comunidade que os recebem, sobretudo quando são ilegais e quando há receio de que ao chegar poderão concorrer com a comunidade local quer pelos serviços públicos, quer por postos de trabalho (OLIVEIRA et al., 2016).
A dimensão social da doença, ou o processo de socialização dos problemas de saúde tem, no caso dos imigrantes, uma complexidade especial, uma vez que a entrada em um novo contexto representa uma grande mudança. Isso desconecta o imigrante do ambiente cultural em que as redes e as definições socialmente compartilhadas do que a doença é ou não emerge (ROLDÁN-CHICANO et al., 2017).
Tais fatores propiciariam maior risco de quadros de subnutrição, doenças laborais e doenças infecciosas como tuberculose, hepatites e HIV, além de transtornos psicossociais decorrentes das mudanças sociais e do afastamento da família, como depressão, alcoolismo e consumo de drogas (SANTOS, 2016).
De acordo com Bäckström (2010), essas pessoas além de terem sofrido muitas vezes choques e traumatismos consideráveis, vivem em condições muito frágeis e de enorme vulnerabilidade, devido sobretudo ao isolamento social, à ruptura com a
família e a perda de redes sociais, o que pode fragilizar ainda mais o seu estado de saúde psicológico.
É válido lembrarmos que entre 2000 e 2010, o número de imigrantes internacionais no país aumentou em 451,18%, foram recebidos inúmeros imigrantes, sendo grande parte destes oriunda de países com conflitos internos ou que passaram por desastres naturais, como por exemplo, o Haiti (UEBEL, 2016).
Destacando a questão do acesso à saúde, o processo migratório pode apresentar desafios para quem migra e para quem cuida também (SILVA e MARQUES, 2012).
No contexto da migração, a saúde é impactada pelos determinantes presentes em cada fase do processo migratório que variam com o tipo de migração (ROSA; SCHWYZER; ROCHA, 2017).
E como bem nos assegura Santos (2016), muitas das questões relacionadas com a saúde dos/as migrantes dependem das características de quem migra, de onde se migra, de quando se migra, para onde se migra e qual o conceito de saúde que está a ser avaliado.
Lembrando ainda que os imigrantes internacionais compõem um dos grupos cujo acesso aos serviços de saúde no Brasil; embora garantido pela Constituição, é dificultado por uma série de fatores estruturais (SANTOS, 2016).
Associando a isso, a relação entre saúde e imigração ganha importância nas preocupações dos responsáveis políticos e dos investigadores que estudam a inserção e saúde dos imigrantes nos países de acolhimento (RAMOS, 2012).
Ao olharmos essa relação é necessário dizermos que os profissionais de enfermagem devem adquirir habilidades para gerenciar os cuidados culturalmente sensíveis (JOFRE e SEPULVEDA, 2017).
Tendo em vista o processo migratório e os desafios apresentados em relação ao acesso à saúde para quem migra, cuidar de forma culturalmente congruente que tem
por base um conjunto de ações como intuito de assistir, apoiar, confortar e ajudar nas decisões que são feitas na maioria das vezes para incluir os valores culturais, crenças e estilos de vida do indivíduo, grupo e instituição, a fim de proporcionar um cuidar significativo, benéfico para a saúde e bem-estar (SILVA e MARQUES, 2012).
Cuidar de imigrantes proporciona aos enfermeiros uma nova forma de olhar sobre si mesmos e sobre aqueles de quem cuidam. As interações entre estes atores estão na base do desenvolvimento das competências culturais nos enfermeiros e da vivência equilibrada de processos de transição nos imigrantes (REIS e COSTA, 2014).
A enfermagem vivencia uma construção interativa e contínua entre a pessoa e o meio. Esta interação é influenciada pelo conjunto de saberes do enfermeiro e a sua aplicação no processo de cuidar (SERRANO; COSTA, A. S. M. C; COSTA, N. M. V. N., 2011).
6. RESULTADOS
Dos 11 artigos selecionados que atenderam aos critérios de inclusão, explorando a relação imigração, saúde e a atuação do enfermeiro neste cenário. Identificamos 02 artigos que falavam sobre os fatores de vulnerabilidade e desafios que os imigrantes encontram no novo território, 01 que abordava a inclusão dos migrantes internacionais nas políticas do sistema de saúde brasileiro: o caso dos haitianos no Amazonas, 03 que falavam sobre a importância de o enfermeiro ter competências para receber quem migra, 01 artigo que distinguiu os conceitos de imigração, emigração, fluxos e refugiados, 01 artigo que trouxe a temática sobre a mulher imigrante haitiana em relação ao cuidado, saúde e doença e 03 artigos que mostraram a questão da mobilidade humana no contexto atual do Brasil.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio desta revisão, foi possível compreender os desafios enfrentados pelos imigrantes, desde a língua à compreensão de uma determinada doença, e o enfermeiro como um dos profissionais da área que tem bastante contato com o
paciente é de grande valia entender melhor o outro que distante da pátria, encontra-se muitas vezes fragilizados.
Diante disso, é importante que o enfermeiro possa ampliar mais o olhar e adquira mais competências para tornar-se cada vez mais um cuidador culturalmente competente.
A temática em questão apresenta-se ainda pouco abordada, fazendo assim, necessária a realização de novas pesquisas na enfermagem que incentivem a discussão sobre imigração e atuação do enfermeiro.
8. REFERÊNCIAS
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