CARBOIDRATOS - PRINCIPAIS
REAÇÕES
• Hidrólise:
– pH
– Temperatura.
– Polissacarídeos: sensibilidade à hidrólise
diminui com o aumento de associações
intermoleculares.
A hidrólise nos carboidratos também ocorre por
ação enzimática
• Sacarose (dissacarídeo não redutor – as duas
hidroxilas anoméricas estão envolvidas na
ligação glicosídica): hidrólise ocorre mesmo a
baixas temperaturas, pH ligeiramente baixos e
pouquíssima quantidade de água.
• Hidrólise da sacarose
glicose + frutose
reações de escurecimento
Sacarose hidrolisada em meio ácido ou por enzima = açúcar invertido.
Açúcar Grau de doçura relativa
Sacarose 1,0 D-frutose 1,32 D-galactose 0,4 a 0,6 Maltose 0,3 a 0,5 Lactose 0,2 a 0,3 Xilitol 0,96 Xilose 0,57 D-glicose 0,56
Reação de caramelização
Carboidratos aquecimento escurecimento
Caramelização = degradação de açúcares
Açúcares (estado sólido) T > 120o C caramelo (produtos
pirolisados de alta MM
Caramelo = corante marron e flavorizante.
Caramelização sem catalisadores (T entre 200 e 240º C): caramelos de cor mais fraca – mais úteis como
flavorizantes do que como corantes.
Caramelização com catalisadores (sais de amônio; T entre 130 e 200º C): corantes alimentícios.
REAÇÃO DE MAILLARD
(ESCURECIMENTO NÃO-ENZIMÁTICO)
Definição: conjunto complexo de várias reações de escurecimento que ocorrem nos alimentos, inicialmente entre um grupo carbonila (C=O) de um açúcar redutor e o
grupo amina (NH2) de aminoácidos e proteínas
Pode ser desejável: quando há interesse, por parte da indústria, no desenvolvimento de alimentos que contenham
o sabor, aroma e coloração dos produtos da reação de Maillard
Ex: Doce de leite = cor e aroma
Carnes assadas = cor, sabor e aroma (flavour) Massas assadas = principalmente a cor
Reação de Maillard
:
• Pode ser indesejável:
1) Quando os produtos da reação de
Maillard prejudicam a qualidade final
dos alimentos
– Leite em pó = escurecido (reação da lactose
com a caseína.
– Clara de ovo desidratada = escurecida
(reação da ovoalbumina com açúcares
redutores em baixa quantidade).
– Suco de laranja = escurecido (reação dos
açúcares simples com proteínas da laranja).
2)
Quando há redução no valor nutricional do
alimento final
Aminoácidos e proteínas que reagem com
o açúcar redutor tornam-se indisponíveis.
No caso de aminoácidos essenciais,
principalmente a lisina, isso torna-se um
problema.
ESTÁGIOS DA REAÇÃO DE MAILLARD
ESTÁGIO INICIAL: formação de produtos incolores, inodoros e insípidos.
– Reações deste estágio = Rearranjo de Amadori e de Heyns (aminoácidos combinam-se com açúcares na proporção de 1:1)
ESTÁGIO INTERMEDIÁRIO: Aparecimento de coloração amarelo-intenso. O alimento ainda não apresenta sabor e odor característicos da reação de Maillard.
– Reações deste estágio = Fragmentação dos açúcares.
OBS: Pode ser evitada pela adição de sulfitos. (Combinam-se com os grupos carbonila dos açúcares, ocupando-os).
ESTÁGIO FINAL:
- Desenvolvimento da cor - produtos amarelados, avermelhados e marrom-escuros.
- Aparecimento de aromas intensos. - Reações deste estágio:
- Polimerização dos fragmentos de açúcares. - Produção de CO2
- Produtos da degradação de Strecker (aldeídos) - Aparecimento de aroma de caramelo.
- Aroma de assados.
- PRODUÇÃO DE MELANOIDINAS INSOLÚVEIS.
ESTÁGIOS DA REAÇÃO DE MAILLARD -
continuação
PRODUTOS DE CONDENSAÇÃO E ELIMINAÇÃO (Reações de Amadori e Heyns)
Reação de Maillard Rápida
REAÇÃO DE MAILLARD AVANÇADA
FISSÃO DESIDRATAÇÃO STRECKER
PRODUTOS DICARBONÍLICOS DICARBONÍLICOS + PIRIDINA PRODUTOS ALDEÍDOS + CREATININA
FATORES QUE AFETAM A VELOCIDADE
DA REAÇÃO DE MAILLARD
• pH
– levemente ácido (pH entre 6,0 e 7,0) –
facilita a reação
– ácido (pH abaixo de 6,0) – o grupo NH
2dos
aminoácidos está protonado (NH
3+), ou seja,
há queda no poder de reação, pela queda na
nucleofilicidade da molécula.
– Básico (pH acima de 7,0) – degradação de
carboidratos. O escurecimento do alimento
terá outra origem.
FATORES QUE AFETAM A VELOCIDADE
DA REAÇÃO DE MAILLARD
• Temperatura
– Altas temperaturas - favorecem a reação (70 a 200 ºC).
– Baixas temperaturas – retardam a reação, porém não
inibem. Ocorre lentamente.
• Tipo de carboidrato
– Monossacarídeos redutores reagem mais rapidamente que dissacarídeos redutores.
– Polissacarídeos não reagem.
– Pentoses (xilose, ribose) reagem mais rapidamente que hexoses (glicose, frutose).
FATORES QUE AFETAM A VELOCIDADE
DA REAÇÃO DE MAILLARD
•
Atividade de água (aw)
– Acima de 0,9 – reagentes muito diluídos – retardam
a Reação de Maillard
– aw entre 0 e 0,25 – reação muito prejudicada,
embora os reagentes estejam presentes, não encontram-se em solução
– aw entre 0,5 e 0,8 – ideal
•
Presença de catalisadores
– A presença de ânions fosfato, citrato, cobre e íons
INIBIÇÃO DA REAÇÃO DE MAILLARD
(INTENCIONAL)
Alguns tratamentos podem inibir a reação:
– Uso de açúcares não redutores = sacarose (em condições que não seja hidrolisada).
– Redução de Aw (desidratação, liofilização, secagem) ou
aumento de Aw (diluição).
– Remoção de açúcares redutores com utilização de enzimas (Ex: glicose oxidase).
• Glicose glicose oxidase ácido glicônico (não sofre RM – ovos desidratados)
– Adição de sulfitos – inibe a reação de Maillard por formar hidrogenosulfonatos que ocupam a carbonila dos açúcares redutores.
Obs: Possui efeitos indesejáveis: Aparecimento de odor
AMIDO
• Grânulos de 2 a 250 m de diâmetro – exame
microscópio das farinhas e féculas permite saber procedência.
• Propriedades são funções de cada espécie.
• Carboidrato predominante no reino vegetal. Ex: sementes (ervilha), grãos de cereais (milho, arroz, trigo), tubérculos (batata) e raízes (mandioca).
• Fécula: amido proveniente de partes subterrâneas • Amido: proveniente de partes aéreas, extraído de
AMIDO
• Composição: amilose + amilopectina
• Amilose: cadeia não ramificada de unidades de glicose,
através de ligações glicosídicas (14). Quando em
solução, dispersam-se em forma coloidal
pseudo-soluções altamente viscosas. Estrutura helicoidal (-hélice), formada pelas ligações de hidrogênio entre grupos hidroxilas das moléculas de glicose.
• Maioria dos amidos contém entre 20 e 25% de amilose.
– Exceções: amido de ervilha – 60% de amilose; milho mutante: 85% amilose
AMIDO
• Amilopectina: cadeia principal de amilose e ramificações também com moléculas de glicose através de ligações (16) glicosídicas, em média a cada 30 ligações (14) glicosídicas. Insolúvel em água fervente. Alta MM 910 a 500 mil unidades de glicose), estrutura esférica.
• Exemplos de amidos que contêm somente amilopectina: amido de milho ceroso
Estrutura molecular da amilopectina
Proporção de amilose e amilopectina em alguns
amidos
Amido Amilose (%) Amilopectina (%)
Milho Trigo Batata Mandioca 26 25 24 17 74 75 76 83
AMIDO
• Hidrólise enzimática do amido:
•
-amilase ( 1,4 glucan 4-glucano-hidrolase):
hidrolisa ligações
1-4 glicose e maltose
livres.
• As
-amilases também agem sobre a
amilopectina
dextrinas (polissacarídeos de
cadeia com comprimento intermediário)
•
1,6 – glicosidase: hidrolisa as ligações 1-6,
nos pontos de ramificação glicose e maltose.
PROPRIEDADES DO AMIDO
• Gelatinização: propriedade do amido
formar gel
• Gel: formado quando amido é misturado
com água, aquecido e resfriado à T
Estágios da Formação de gel
1. Dissolução do amido em água fria
Os grupos hidrofílicos da molécula de amido levam-no a absorver umidade proporcionalmente à umidade relativa do ambiente. Sob condições normais, amidos de cereais, apresentam um conteúdo de umidade de aproximadamente 12 a 14%.
• A água fria pode penetrar nas regiões amoras sem perturbar as micelas (zonas cristalinas) e o amido pode incorporar até 30% de água em relação a seu peso.
• Até que não ocorra o aquecimento à temperatura suficiente para fornecer energia para romper algumas das ligações de hidrogênio intermoleculares nas regiões amorfas, o grão não se intumesce consideravelmente. Intumescimento parcial perda da orientação radial das micelas e perda da refringência.
2. Aquecimento e mudanças de viscosidade
• Aumento da T aumento do intumescimento;
maior espaçamento da rede entrada de água
adicional aumento do tamanho do grânulo: mudança
na aparência; moléculas mais solúveis migram para for do grânulo; aumento do número das ligações hidrogênio entre água e amilose e amilopectina.
• Intumescimento e aumento graduais do grânulo
rompimento passagem de todo o amido contido no
grânulo para a água.
Gelatinização
• Faixa de temperatura de gelatinização: faixa de temperatura na qual os grãos de amido começam rapidamente a se intumescer e perder a birrefringência viscosidade máxima
• Grânulos menores gelatinizam mais rapidamente do que os maiores
• Amido gelatinizado viscosidade máxima
• Rápido intumescimento aumento da
Estágios da Formação de gel
3. Resfriamento e formação de gel• O gel resulta de um aumento da viscosidade da mistura água-amido, uma vez que a amilose e amilopectina encontram-se fracamente ligadas por ligações de hidrogênio, formando micelas no início do processo
• Aumento da T da mistura água-amido quebra dessas ligações e penetração das moléculas de água entre as moléculas de amido
• Diminuição da T moléculas de água ligam-se entre as moléculas de amilose e amilopectina restabelecimento das ligações de hidrogênio (ligações intermoleculares)
• Gel em repouso: crescimento das regiões de ligações intermoleculares rede mais firme e encolhimento.
• Observação: no amido ceroso, as ramificações impedem o grau de associação e não ocorre a formação de gel, exceto quando em
Faixas de temperatura de
gelatinização de alguns amidos
Amido Faixa de T (o C) Milho 61 a 72 Batata 62 a 68 Batata doce 82 a 83 Mandioca 59 a 70 Trigo 53 a 64 Arroz 65 a 73
Retrogradação do Amido
•
Fatores:
– Reaproximação das moléculas (principalmente de
amilose; nas amilopectinas ocorre somente na região periférica)
– Redução de temperatura durante o resfriamento do
gel formação de ligações de hidrogênio
formação de zonas cristalinas expulsão da água
existente entre as moléculas (sinérese)
•
Retrogradação
redução do volume,
aumento da firmeza do gel e sinérese.
– Fenômeno parcialmente reversível por aquecimento
• Amido retrogradado: insolúvel em água
fria e resistente ao ataque enzimático
(menor digestibilidade)
• Como evitar a retrogradação?
– Emprego de tensoativos ou de lipídios
dificultam a associação entre as moléculas de
amilose.
• Concentração de açúcar: conc. taxa
de gelatinização, viscosidade e dureza do
gel
• Lipídios que se complexam com a amilose
retardam a absorção de água pelos grãos
• pH < 3 hidrólise; pH > 7 degradação
por -eliminação
Fatores que afetam o gel de
amido
AMIDOS MODIFICADOS QUIMICAMENTE
• Dextrinas
– menor viscosidade da pasta – gel mais mole
– maior T de gelatinização
– emprego: balas moles de gomas, confeitos, molhos
Amidos com ligações cruzadas
• Introdução de ligações éster nos grupos -OH entre as cadeias de amido ligações covalentes entre 2 cadeias de amido maior estabilidade ao calor, à agitação, a danos por hidrólise e menor tendência à ruptura.
• Emprego: alimentos infantis, temperos para saladas, coberturas. Funções: espessante e estabilizante. São mais resistentes à gelificação, têm boa estabilidade no congelamento-descongelamento e não sofrem retrogradação.
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AMIDOS MODIFICADOS
QUIMICAMENTE
• Amidos eterificados e esterificados
– Menor T de gelatinização
– Maior absorção de água
– Menor tendência à gelificação
– Menor tendência à retrogradação
– Emprego: bolos, pudins instantâneos,
recheios e coberturas
AMIDOS MODIFICADOS
FISICAMENTE
• AMIDOS PRÉ-GELATINIZADOS
• Produzidos pela modificação física do amido
• Secagem e pulverização de uma pasta de amido gelatinizada (spray-dryer)
• Solúvel em água fria • Facilmente reidratado
• Emprego: pudins e sopas instantâneos, recheios de bolo.
Ingredientes:
- 1 pacote de Fleischmann bolo de chocolate contém:
Açúcar, Farinha de Trigo Rica em Ferro e Ácido Fólico, Gordura Vegetal, Cacau em Pó, Amido, Amido Pré-Gelatinizado, Sal, Fermento Químico (Bicarbonato de Sódio e Fosfato Ácido de Alumínio e Sódio),
Aromatizantes, Estabilizante Polisorbato 80 e Espessante Goma Guar.
CELULOSE
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F08%2Fas-rotas-para-o-etanol-celulosico-no.html&ei=sgZIU_qcNKeC0AH6n4GQBQ&bvm=bv.64542518,d.dmQ&psig=AFQjCNGi066nO5iykeC38pZQSRnQrbxcFw&u st=1397315472905171
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Representação das ligações intermoleculares entre as cadeias de pectina BTM e íon cálcio