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Aqui eu Moro, Aqui é o Meu Lugar

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DE UBERABA

ARQUITETURA E URBANISMO

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

Orientadora:

VARLETE APARECIDA BENEVENTE

Aluno:

BRENNO DE ALBUQUERQUE ACCIOLY RODRIGUES

Uberaba-MG

2018

(4)

Dedico este trabalho á todas as pessoas que não tem onde morar, que não possuem

recursos para uma moradia digna, que a favor ou contra sua vontade são realocadas

para áreas periféricas longe dos centros urbanos e do acesso á cidade.

Que se passam por invisíveis aos olhos da sociedade, e do poder público.

(5)

agradecimentos

Agradeço a Deus por ter me feito forte para aguentar as dificuldades da vida, a meus pais que

sem-pre me deram apoio para que eu seja um ser humano cada vez melhor e aos amigos que me

confor-taram com palavras de otimismo em momentos difíceis desta fase tão importante.

À este autor que vos apresenta este trabalho, por ter conseguido com persistência e esforço

encara-do uma temática tão complexa, tão real, tão profundamente política, tão desafiaencara-dora, senencara-do capaz

de desconstruir e reconstruir seus valores com novos aprendizados, meus sinceros cumprimentos.

Meus profundos agradecimentos à professora Varlete Aparecida Benevente que com muita

sabe-doria, complacência e principalmente profissionalismo me orientou no desenvolvimento deste

(6)

se o senhor não tá lembrado

Dá licença de contá

Que aqui onde agora está

esse aDifício arto

era uma casa véia

um

palacete assobradado

foi aqui seu moço

Que eu, mato grosso e o Joca

construímos nossa maloca

mas um dia

,

nós nem pode se alembrá

Veio os homis c’as ferramentas

o Dono manDô derrubá

(7)

sumário

RESUMO

9

INTRODUÇÃO

9

CAPÍTULO 1 - GENTRIFICAÇÃO: SUAS CAUSAS E EFEITOS NA PROMOÇÃO PÚBLICA DA HABITAÇÃO E NA

CONSE-QUENTE CONSTRUÇÃO DA CIDADE CONTEMPORÂNEA

CAPÍTULO 2 - PREMISSAS PROJETUAIS E LEITURAS DE PROJETOS REFERÊNCIAS

2.2 - BEDDINGNTON ZERO ENEGY DEVELOPMENT - BEDZED

25

2.3 - COMPLEXO DE HABITAÇÕES COOPERATIVAS - WAGNISART

29

3.2 - ANÁLISE DO ENTORNO

40

3.4 - PRIMEIRO ESTUDO

40

CAPÍTULO 3 - A PROPOSTA

3.1 - O BAIRRO SANTA MARTA COMO TERRITÓRIO DE PROJETO

34

2.1 - PREMISSAS PROJETUAIS

24

3.5 - SEGUNDO ESTUDO

41

3.6 - TERCEIRO ESTUDO

41

(8)

REFERÊNCIAS DE PESQUISA

52

3.11 - CONDICIONANTES LEGAIS

3.12 - PROGRAMA GERAL

48

3.8 - CONDICIONANTES E DIRETRIZES DE INTERVENÇÃO - CARACTERÍSTICAS FÍSICAS

44

3.9 - ÁREAS RESULTANTES PARA PROJETO

46

3.10 - CÁLCULO DE ÁREAS

47

46

3.13 - IMPLANTAÇÃO GERAL - SISTEMA INTEGRADO DE LAZER ESPORTES E MOBILIDADE URBANA

49

3.14 - IMPLANTAÇÃO GERAL - FLUXOS E USOS

50

3.7 - CONDICIONANTES E DIRETRIZES DE INTERVENÇÃO

00

(9)

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo apresentar o processo de desenvolvimento projetual de um Conjunto Habitacional de In-teresse Social cuja temática se concentra no fenômeno urbano Gentrificação.

A área escolhida se enquadra nas definições básicas do fenômeno e está localizada no bairro Santa Marta em Uberaba-MG. A partir do estudo do fenômeno e dos condicionantes urbanísticos do entorno da área, se estabeleceram premissas projetuais que serviram de base para o partido de projeto.

A proposta do conjunto abrigou x famílias abrigando 500 habitantes por hectare.

As soluções técnicas construtivas preveem o baixo impacto ambiental e máximo aproveitamento dos recursos naturais.

PALAVRAS-CHAVE

gentrificação | habitação de interesse social | baixo Impacto ambiental | quadra aberta | especulação imobiliária | direito à cidade

INTRODUÇÃO

Este trabalho se divide em 3 capítulos, a saber: Capitulo 1 “ Gentrificação: suas causas e efeitos na promoção pública da habita-ção e na consequente construhabita-ção da cidade contemporânea , Capítulo 2 “ Premissas projetuais e referências” e Capítulo 3 “ A pro-posta”.

No capítulo 1, é apresentada a contextualização do tema abordado embasada por citações de autores e profissionais

No capítulo 2, são apresentadas as premissas de projeto que fundamentam as intenções do mesmo e duas leituras de projetos que serviram de referência construtiva para a criação do projeto a saber: Beddington Zero Energy Development - BedZED (Reino Uni-do) e Complexo de Habitações Cooperativas Wagnis ART. (Alemanha).

No capítulo 3, são apresentadas todas as análises que foram feitas sobre a área de intervenção a saber: apresentação do territó-rio nas escalas cidade, bairro, entorno e terreno, mapa síntese dos condicionantes urbanísticos em um raio de 800m de abrangência à partir da área do projeto, estudos anteriores ao projeto oficial no caso “Estudo 3”, mapa das diretrizes de desapropriações e demo-lições, análises das características físicas da área e diretrizes, cálculo das áreas, condicionantes legais, programa de necessidades bá-sicas, desenhos dos estudos preliminares até a apresentação do projeto final.

(10)
(11)

capítulo

01

gentrificação: suas causas

e eFeitos na promoção

pú-blica da habitação e na

conseQuente construção

Da cidade contemporÂnea

(12)

Gentrificação suas causas e efeitos na promoção pública da

Habi-tação e na consequente construção da cidade contemporânea

bra-sileira.

A gentrificação é um fenômeno urbano que resulta em alterações significativas nas dinâ-micas urbanas de certos locais das cidades podendo acontecer em uma rua, vizinhança, ou bairros inteiros, portanto, é preciso compreender suas causas e efeitos na construção sócio-espacial das cidades contemporâneas. Como está diretamente relacionada às ações da especu-lação de terras , faz-se importante entender o porque a terra é tida como uma mercadoria de inestimado valor.

Segundo Maricato (1997, p.21) o direito de propriedade da terra surgiu na Revolução Francesa com a Declaração dos Direitos do Homem de 1789 que serviu de preâmbulo da Constituição Francesa, a declaração tratou a propriedade como um dos direitos naturais e imprescritíveis do homem sendo também um direito sagrado e inviolável, a partir de então, constituições poste-riores como a dos Estados Unidos da América considerou a propriedade privada um dos direi-tos essenciais e inalienáveis, já a construção jurídica sobre o direito de propriedade da terra foi inspirado no direito romano que garantia ao proprietário o direito de usus, fructus, abusus, ou

seja, o direito individual, perpétuo e absoluto para usar, explorar e até mesmo destruir; o Códi-go de Napoleão na França também considerou a propriedade como “a alma universal de toda legislação.

O termo “gentrificação” (do inglês gentrification) cuja derivação “gentry” origina-se do francês arcaico “genterise” que em tradução livre significa “ de origem gentil, nobre” foi criado pela socióloga britânica Ruth Glass em 1964 ao analisar as transformações imobiliárias ocorri-das em determinados distritos de Londres, entretanto, é a partir do ensaio “The New Urban

Frontier: Gentrification and the revanchist city” do geógrafo britânico Neil Smith que o proces-so é analisado com mais profundidade e caracterizado como fenômeno proces-social presente nas ci-dades contemporâneas. (Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Gentrificacao)

Segundo Smith (1996, p.49,50) o processo de gentrificação começa a surgir no período pós-Segunda Guerra fruto do renascimento das cidades a partir de 1950 com ênfase para Lon-dres e Nova York, sendo que em 1970 o fenômeno se transformou em um amplo movimento fruto de um complexo desdobramento de mudanças sociais, políticas, econômicas e culturais que afetaram as grandes e antigas cidades da Europa, América do Norte e Austrália marcando a ponta da nova fronteira urbana contemporânea, sendo esta também, uma criação econômica determinada associando o fenômeno à uma mudança de comportamento de caráter cultural e econômico que vem ocorrendo na sociedade contemporânea de classe média que mudou seu estilo de vida. Jovens recém formados que cada vez mais buscam harmonizar, moradia, traba-lho e lazer com curtas distâncias, jovens casais recém casados cada vez com menos ou nenhum filho e pessoas divorciadas que buscam um novo modo de viver urbano encontram nas regiões centrais das médias e grandes cidades o ambiente perfeito para um novo jeito de morar. Essas novas demandas atraem o mercado imobiliário fazendo com que este ofereça estes locais tão cobiçados.

Smith (1996, p.67) então observa que a gentrificação é um produto estrutural resultante

taxa de retorno é mais alta, e o movimento do mesmo para os subúrbios, juntamente com a contínua desvalorização do centro da cidade acabam produzindo a diferença de renda. Quando essa lacuna se torna suficientemente grande, a reabilitação das áreas centrais pode co-meçar a desafiar as taxas de retorno e o capital flui de volta. Desse modo o autor conclui que a gentrificação é um movimento de volta à cidade porém, um movimento de volta à cidade pelo capital e não pelas pessoas.

Singer (et.al.,1979) explica que na medida em que a cidade vai crescendo centros secun-dários de serviço vão surgindo em bairros formando novos focos de valorização do espaço ur-bano. A medida que o centro principal se expande em decorrência do aumento da população que ele serve a expansão esbarra nos bairros residenciais “finos” que o circundam determinan-do o deslocamento de seus habitantes para novas áreas residenciais exclusivas criadas e vendi-das pelo mercado imobiliário. O local antes habitado pela população rica acaba se desvalori-zando sendo então ocupado por serviços inferiores como: diversão noturna, prostituição, ho-téis de segunda classe, pensões, cortiços e marginalidade. O centro uma vez ilhado por esse anel de espaços desvalorizados e socialmente degradados, acaba por oferecer seus serviços em outro local criando uma nova área de expansão da cidade surgindo assim um “centro novo” em contraste com o “centro antigo”.

Maricato (1998 p.43) diz que o acesso à moradia está ligado a seu preço, que, por sua vez, depende da sua localização na cidade, ou seja, quem compra uma casa está comprando também as oportunidades de acesso aos serviços coletivos equipamentos e infraestrutu-ra, mesmo que os edifícios residenciais possuam a mesma área os mesmos materiais de cons-trução e os mesmos acabamentos o que define o valor é a localização onde os mesmos se situ-am, se em um bairro bem servido de infraestrutura e serviços ou na periferia onde a carência de serviços é múltipla e o número de homicídios é maior.

Segundo Maricato (1998, p.44) a cidade é vista de modos diferentes tanto pelos usuários quanto para o capital: para os usuários, ou seja, os trabalhadores, os mesmos buscam na cida-de condições para tocar a vida: moradia transporte, lazer, vida comunitária, etc e veem-na co-mo valor de uso, já para outros, a cidade é vista coco-mo fonte de lucro, mercadoria, objeto de ex-tração de ganhos, encarando-a como valor de troca.

Pela lógica do mercado imobiliário as áreas urbanas que recebem uma intervenção com um propósito de melhorias urbanísticas se valorizam e como consequência, os custos de morar no local aumentam dificultando a permanência das pessoas mais pobres que não conseguem arcar com os custos de se manterem ali. “O fato é que construímos cidades partidas que expor-tam permanentemente os pobres para as periferias isso implicando padrões insustentáveis de mobilidade entre outras mazelas”. (ROLNIK, 2017, p. 153)

Para Maricato (1998, p.44) este conflito que se trava para a apropriação da renda imobili-ária é a própria expressão da luta de classes em torno do espaço construído.

Para Maricato (1998) em tese a gentrificação pode ser entendida como a reabilitação das estruturas centrais da cidade como receita econômica viável em contrapartida ao rápido crescimento horizontal das cidades que acaba por demandar mais custos de implementação de infraestrutura urbana para atender os novos loteamentos que surgem constantemente.

(13)

Bidou-Zachariasen (2006) diz que, embora a trinta anos atrás a gentrificação não fosse mais que um processo marginal iniciado por alguns setores privados, tornou-se hoje a forma dominante do urbanismo contemporâneo onde qualquer que seja a sua natureza, espontânea e marginal, ou, programada e mundial, o fenômeno tem por resultado a saída das classes po-pulares dos centros urbanos.

Smith (apud BIDOU-ZACHARIASEN, 2006, p.63) ao analisar a ocorrência da gentrificação em diferentes locais de Nova York o mesmo conseguiu identificar 3 fases de gentrificação nas quais classificou-as por “ondas”, sendo elas: Primeira onda “gentrificação esporádica”, Segunda onda “enraizamento do processo” e Terceira onda “gentrificação generalizada”, cada qual com intensidade e características singulares dependendo do local onde o fenômeno acontece. Abai-xo apresentam-se de forma resumida cada uma das fases classificadas pelo autor a saber:

Primeira onda: consiste na “gentrificação esporádica” (anos 50 e 70) com a chegada de

artistas e intelectuais em bairros nova iorquinos como Greenwich-Village, Soho e Upper West Side e que mudaram os usos anteriores de alguns edifícios transformando-os em habitações e ateliês.

Segunda onda: consiste no “enraizamento do processo”, ou seja, a consolidação da

gen-trificação (final dos anos 70 e fim dos anos 80) provocada pela crise fiscal dos anos 60 e crise mundial do mesmo período acarretando declínio dos investimentos públicos e pri-vados no centro. A desvalorização de áreas centrais permitiu a promotores imobiliários e estabelecimentos financeiros enxergarem maiores possibilidades de lucro com a compra de terrenos por preços muito baixos e investindo em programas de condomínios para a classe média alta.

Terceira onda: a “gentrificação generalizada” (a partir de 1994) o fenômeno não mais

passa a ser uma “anomalia local” quando começa e se estender por além dos limites da metrópole e passa a ser alvo de investimentos em corporações e marcas internacionais junto com os imóveis de uso residencial de classe média alta valorizando agora todos os estabelecimentos comerciais da região com a inclusão dos comércios globais nos quais a classe média se identifica. Desta vez, é visível a mudança na paisagem urbana evidenci-ando o enobrecimento gerado pela gentrificação.

No Brasil onde o processo histórico de urbanização das cidades é marcado por intensas e visí-veis desigualdades tanto no âmbito sociocultural quanto espacial também é possível identifi-car as três ondas do fenômeno da gentrificação citados por Smith, porém, para compreender o fenômeno em terras brasileiras, deve-se primeiramente, entender o histórico de desenvolvi-mento da urbanização brasileira considerando os fatores sociais e econômicos que moldaram o início das cidades brasileiras.

Segundo Maricato (1997), o processo de segregação territorial brasileiro teve início com a Proclamação da República, o pensamento republicano aristocrático, baseado nos países

talistas influentes da Europa e América do Norte tinha como premissa se desvencilhar do pas-sado recente colonial e escravocrata do país. Foi à partir deste período que projetos urbanos de caráter higienistas e segregadores começaram a moldar as cidades marcando o início da urba-nização brasileira.

Através de legislações urbanísticas do início da república as cidades passaram por grandes transformações, reorganizando os espaços em uma nova concepção urbana, separando e ocul-tando os espaços de trabalho dos demais adequando-se á uma nova sociedade de valores bur-gueses.

Se na cidade Imperial os escravos viviam junto a seus proprietários, a cidade da Repú-blica separa o trabalho do Ócio. Expulsa os negros e brancos pobres para as periferi-as, para os subúrbios, para os morros ou para as várzeas.

Os edifícios, lojas e serviços na cidade republicana escondem o trabalho das co-zinhas, das oficinas. A cidade oculta o trabalho e segrega o trabalhador. Trata-se de uma nova concepção urbana para uma nova sociedade, com uma nova disciplina espa-cial, ética e cultural, como nota o historiador Nicolau Sevcenko (MARICATO, 1997 p. 30)

São Paulo, além de ser a maior cidade do Brasil e principal centro financeiro, corporativo e mer-cantil da América Latina também se caracteriza por ser o território onde os maiores eventos so-ciopolíticos do país se desenvolveram durante as décadas, portanto, é referência nas questões urbanísticas que tangem a história da Habitação Social brasileira.

Segundo Rolnik (1981 apud BONDUKI 1998) é no período de 1886 a 1900 que São Paulo explode demograficamente devido à intensa imigração interna das famílias de trabalhadores europeus das fazendas do interior do estado para a cidade em decorrência da desvalorização do café como produto de exportação; A chegada desta população juntamente com a popula-ção negra de escravos recém-libertos que já não conseguia ter acesso à moradia na cidade fez com que a mesma crescesse muito expandindo seu território em todas as direções fazendo com que serviços urbanos como redes de distribuição de água e esgoto e principalmente o transporte público composto de bondes por tração animal não conseguissem suprir a demanda crescendo a um ritmo muito mais lento do que o necessário.

Em relação à habitação popular os problemas que preocupavam as autoridades referiam-se apenas às condições higiênicas das mesmas, devido à lentidão e desinteresreferiam-se do estado em prover as redes de saneamento básico para esta parcela da população.

O problema da Habitação popular no final do século XIX é concomitante aos primeiros indícios de segregação espacial. Se a expansão das cidades e a concentração de traba-lhadores ocasionou inúmeros problemas, a segregação social do espaço impedia que os diferentes estratos sociais sofressem da mesma maneira os efeitos da crise Urbana, ga-rantindo à elite áreas de uso exclusivo, livre da deterioração, além de uma apropriação diferenciada dos investimentos públicos.

(14)

Até a década de 1870, com exceção das chácaras periféricas, quase não havia diferenças funcionais de um ponto a outro da cidade. As residências dos mais abastados e as da classe média muitas vezes localizavam-se no próprio “triângulo” central, junto ao comércio e às oficinas (Matos 1958:89)... A partir da década de 1880, contudo, surgiram os primeiros indícios de segregação com a diversificação das funções e o aparecimento ao lado do velho centro, de bairros operários e de bairros residenciais finos” (Matos 1958:89) (BONDUKI, 1998 p. 20, 21)

Conclui-se então que o período de urbanização da denominada República Velha de 1889 a 1930 foi marcado pelo rápido crescimento territorial da cidade de São Paulo e Rio de Janeiro que ocasionou uma urbanização deficiente, no que tange à cobertura de serviços urba-nos essenciais, e altamente segredadora socialmente e espacialmente.

Segundo Bonduki (1998) Antes de 1930 ainda na República Velha os únicos meios de pro-ver habitação social para as classes de baixa e média renda era através dos empreendimentos construídos pela iniciativa privada sendo os mais difundidos, o cortiço-corredor, o cortiço casa-de-cômodos, os vários tipos de vilas operárias e o correr de casas geminadas; o denominador comum de todas as moradias para essas classes era que as mesmas eram oferecidas apenas pa-ra aluguel.

Até a década de 1930, “ a forma dominante de morar da população paulistana ( incluin-do a classe média) era a casa de aluguel” (Sampaio 1994), situação normal, pois não existiam sistemas de financiamento da casa própria. É certo que alguns trabalhadores conseguiam comprar um lote e erguer por conta própria uma casa, como alguns italia-nos que “à medida que conseguiam economizar algum capital adquiriam um terreno nas áreas menos valorizadas e construíam em etapas. (Benclowitz 1989 apud BONDUKI 1998 p. 43)

Isto, porém, era exceção, sendo mais comum a moradia em casas de aluguel, pro-duzidas por uma gama variada de investidores privados com o objetivo de obter uma nova rentabilidade como o comprovam levantamentos da época. (BONDUKI 1998 p. 43) Segundo Bonduki (1998) Somente em 1930 com a ascensão de Getúlio Vargas ao poder é que a habitação social passou a Receber um tratamento especial. Devido a incapacidade da ini-ciativa privada em prover moradias para um público de baixa renda sem afetar seus lucros o es-tado tomou a responsabilidade para si de prover a habitação popular.

¹ Concepção keynesiana - ou “Keynesianismo” é uma teoria econômica consolidada no século XX pelo economista inglês John Maynard keynes, que defendia participação do Estado na regulação da economia pois, segundo ele, a economia do livre mercado “liberalismo” não é autorregulada, portanto, mas diferente da formulação marxista em que o estado deve controlar plena e amplamente a econo-mia, o Estado tem o dever de conceder benefícios sociais para que a população tenha um padrão mínimo de vida; as ideias de Keynes

A lei do inquilinato promulgada em 1942 foi uma das propostas da Era Vargas de agir no contexto da Habitação social pelo Estado visto que naquela época 70% dos domicílios de São Paulo eram para aluguel. Baseado na concepção keynesiana¹ e com a ascensão do fascismo e so-cialismo na época fundamentados no controle estatal, o governo percebeu um momento propí-cio e favorável para intervir nas questões habitapropí-cionais, no entanto, a insatisfação e revolta dos locatários com o congelamento do preço dos aluguéis deixando-os sem expectativa de lucros de-sestimulou novos investimentos nesta modalidade gerando uma grande onda de expropriações por parte dos proprietários deixando muitos inquilinos na rua. A própria crítica do setor Imobiliá-rio em relação às ações de congelamento de preços acabaram por pesar demais nas ações do Estado.

Embora tivesse sido criada para proteger o inquilino das ações exploratórias do mercado rentista, com o desestímulo do aluguel e o despejo em massa, a lei do inquilinato acabou difun-dindo o direito à moradia através do direito à pequena propriedade, por parte do trabalhador, baseado na ideologia da casa própria unifamiliar como lugar da família, onde os bons costumes e os valores imperam, onde o trabalhador poderia reconhecer que o fruto de seu trabalho gera recompensa, frutos e riqueza, tendo o estado como avalista e intermediador.

Para o trabalhador urbano, a casa própria simbolizava o progresso material. Ao viabilizar o acesso à propriedade, a sociedade estaria valorizando o trabalho, demonstrando que ele compensa, gera frutos e riqueza. Por outro lado, a difusão da pequena propriedade era vista como meio de dar estabilidade ao regime, contrapondo-se às ideias socialistas e comunistas. Com isso, o estado estaria disseminando a propriedade em vez de aboli-la e, assim, promovendo o bem comum. Os trabalhadores, deixando de ser uma ameaça, teriam na casa própria o objetivo capaz de compensar todos os sacrifícios; já o morador do cortiço ou da moradia infecta estava condenado a ser revoltado, pronto para embar-car em aventuras esquerdistas para desestabilizar a ordem política e social.

(BONDUKI, 1998 p. 84)

Segundo Rolnik (2017,p. 53) A Constituição de 1988 afirmou uma série de direitos sociais apresentando o importante Avanço no campo jurídico em relação à inclusão social embasada sob a pressão dos novos movimentos sociais que surgiram nas grandes cidades na época reco-nhecendo os ocupantes de assentamentos informais como as favelas e os loteamentos irregula-res das periferias o direito de acesso pleno aos serviços e equipamentos públicos além de ter afirmado a função social da cidade e da propriedade

Para Rolnik (2017, p. 259) o Estatuto da Cidade, possibilitou a judicialização para impor-tantes frentes de combate aos imperativos do capital sobre o solo urbano, no entanto, a autora alerta que o mesmo tem servido mais para evitar ou bloquear violações de direitos do que para promover ações que afirmam e resolvam os conflitos urbanos.

Não se pode negar a importância do crescimento econômico, da geração de empregos, da valorização do salário, mas, sem uma política de enfrentamento à lógica corporativa e patrimonialista de gestão das cidades e sem o fortalecimento da regulação pública so-bre o território, é muito provável que esses ganhos se tornem perdas no futuro. (ROLNIK, 2017, p. 259)

(15)

Até os dias de hoje em pleno século XXI pouco foi feito pelo poder público durante as dé-cadas em relação à habitação social para a erradicação dos mesmos nas cidades.

Um novo questionamento acerca do direito à moradia e das ocupações irregulares nas ci-dades brasileiras foi agora despertado com a recente tragédia do desabamento do edifício Wil-ton Paes de Almeida ocorrida no dia 01 de Maio de 2018 no Largo do Paiçandu, centro de São Paulo em decorrência de um incêndio acidental.

Segundo matéria de 4 de maio de 2018 da Folha de São Paulo o edifício, propriedade do Governo Federal e antiga sede da Polícia Federal estava abandonado desde 2013 e desde então foi invadido pelos integrantes do Movimento de Luta Social por Moradia – MLSM. De acordo com os dados da matéria o edifício abrigava 372 pessoas sendo desse total 146 famílias, a maio-ria delas composta de apenas mulheres e cmaio-rianças.O edifício de estilo moderno de 24 pavimen-tos erguido na década de 60 originalmente construído para ser a sede de uma empresa do ramo de vidraçaria não foi projetado para o uso com fins de moradia, em decorrência da ocupação pe-los integrantes do movimento social as instalações do mesmo passaram a ser compartilhadas pelos moradores caracterizando a ocupação como um dos milhares de cortiços existentes até hoje no centro de São Paulo.

Segundo Igor Carvalho¹, urbanista do IAB-SP, Hoje estima-se que cerca de 80 mil corti-ços ,entre sobrados e prédios inteiros, estão presentes na região central da cidade de São Paulo.

Figura 02 – Estado de conservação na qual se encontrava o edifício Wilton Paes de Almeida antes de tragédia de 1º de maio.

Figura 01 – Edifício Wilton Paes de Almeida já ocupado, em péssimo estado de conservação e a relação de seu gabarito com o entorno imediato.

Figura 03 – famílias residentes do edifício acampadas na praça do largo do Paiçandu após a tragédia de 1º de maio.

A tragédia do Edifício Wilton Paes de Almeida mostrou a face mais obscura da demanda sobre habitação social no Brasil, a deficiência nas ações dos programas habitacionais e órgãos públicos de São Paulo para solucionar os problemas observados na ocupação no edifício.

No dia da tragédia não faltaram manchetes em jornais e mídias de comunicação digitais, que tentavam de alguma forma achar um culpado, enquanto isso, as famílias residentes vítimas da tragédia se amontoavam aos montes na praça do Largo do Paiçandu. A questão que deve ser abordada é sobre o destino dessas famílias e para onde foram encaminhadas.

De acordo com Felipe Souza², repórter da BBC Brasil em visita ao edifício em 2015 os residentes disseram que entre os motivos de viverem no local estava a proximidade com o cen-tro já que grande parte eram provenientes da periferia e que a demora de até duas horas para chegarem ao trabalho era o fator principal para que eles permanecessem no prédio. Felipe ain-da afirma que todos os ocupantes do edifício tinham o sonho de conseguir uma moradia popular digna e que os mesmos não deixavam de participar mensalmente das reuniões internas e com representantes da prefeitura mas que ninguém sabia realmente se conseguiriam uma casa, por isso insistiam nas ocupações como sendo a única forma de conseguir um teto.

¹ Igor Carvalho- urbanista IAB-SP. em entrevista televisionada ao programa “Debate – Direito à Moradia” do canal Futura, apresentado por Cristiano Reckziegel e transmitido em 15/05/2018 às 12:00h. Disponível em www.futuraplay.org/serie/debate/

² Felipe Souza - repórter da BBC Brasil em artigo jornalístico de sua autoria e publicado no site da BBC Brasil em 03 de maio de 2018. Disponível em www.bbc.com/portuguese/brasil-43983807

(16)

Em Uberaba / MG, cidade de médio porte com 330.368 habitantes (Fonte: https:/

cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/uberaba/panorama ) a transferência do Fórum Regional de Justi-ça e demais órgãos a saber: Ministério Público de Minas Gerais e 14ª Subseção da OAB para o bairro Santa Marta desencadeou um processo de gentrificação no entorno imediato fazendo com que várias casas fossem demolidas e terrenos disponibilizados para comercialização. Nas imediações dos referidos equipamentos, já nota-se a existência de alguns equipamentos

volta-Figura 04 - Imagem de satélite mostrando os equipamentos citados e os terrenos que estão sendo preparados para comercialização. (Fonte: Google Earth. Acesso em Outubro de 2018)

Fórum Regional de Justiça 14ª Subseção OAB

Ministério Público de Minas Gerais

Defensoria Pública de Minas Gerais e livraria Lemos & Cruz Cosmopolitan Office Building e cafeteria Café La Rue Terrenos para comercialização

Possível área do projeto Parque do Paço (Cicloparque) Edifícios residenciais recém cons-truídos

Imagens do Google Street View de 2011 revelam como era a paisagem antes e depois da construção das torres residenciais , revelando a alteração da paisagem no entorno do fórum.

Figura 05 - Imagem de 2011 mostrando a vista da esquina das ruas Cel. Antônio Rios com Rua Ceará antes da construção das torres residenciais (Fonte: Google Street View. Acesso em Outubro de 2018)

Figura 06 - Imagem de 2015 mostrando a vista da esquina das ruas Cel. Antônio Rios com Rua Ceará depois da construção das torres residenciais (Fonte: Google Street View. Acesso em Outubro de 2018)

ANTES

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Figura 07 - Mapa para referência das fotos

Figura 08 - Imagem de 2011 mostrando a vista da esquina das ruas Cel. Antônio Rios com Rua Piauí antes da construção das torres residenciais (Fonte: Google Street View. Acesso em Outubro de 2018)

Figura 09 - Imagem de 2015 mostrando a vista da esquina das ruas Cel. Antônio Rios com Rua Piauí depois da construção das torres residenciais (Fonte: Google Street View. Acesso em Outubro de 2018)

ANTES

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Figura 12 - Mapa para referência das fotos Figura 10 - Imagem de 2013 mostrando a vista da esquina das ruas Cel. Antônio Rios com Avenida Maranhão. (Fonte: Google Street

View. Acesso em Outubro de 2018)

Figura 11 - Imagem de 2017 mostrando a vista da esquina das ruas Cel. Antônio Rios com Avenida Maranhão. (Fonte: Google Street View. Acesso em Outubro de 2018)

ANTES

(19)

ANTES

DEPOIS

ANTES

DEPOIS

Figura 13 - Foto de 2011 mostrando os 2 terrenos antes da construção do Edifício Cosmopolitan Office Building (Fonte: Google Street View. Acesso em Outubro de 2018)

Figura 14 - Foto de 2018 mostrando a fachada do Edifício Cosmopolitan Office Building erguido nos dois terrenos citados acima (Fonte: acervo Brenno de Albuquerque )

Figura 15 - Foto de 2011 mostrando casa simples de cor azul ao lado dos terrenos do Edifício Cosmopolitan Office Building (Fonte: Google Street View. Acesso em Outubro de 2018) Obs: A foto também mostra uma família simples (possíveis moradores da casa) descascando fios de cobre para venda ilegal, retratando uma das tristes realidades do país.

Figura 16 - Foto de Outubro 2018 mostrando o terreno da casa azul sem e mesma, já limpo e preparado para venda ou cosntrução (Fonte: acervo Brenno de Albuquerque)

ANTES

DEPOIS

ANTES

DEPOIS DETALHE FAMÍLIA

(20)

Figura 17 - Imagem de 2011 mostrando a vista da esquina das ruas Guiomar Rodrigues da Cunha com Av: Maranhão (Fonte: Google Street View. Acesso em Outubro de 2018)

Figura 18 - Imagem de 2018 mostrando a vista da esquina das ruas Guiomar Rodrigues da Cunha com Av: Maranhão (Fonte: acervo Brenno de Albuquerque)

Figura 19 - Imagem de 2013 mostrando a vista da esquina das ruas Guiomar Rodrigues da Cunha com Av: Maranhão à partir da Av: Maranhão. (Fonte: Google Street View. Acesso em Outubro de 2018)

Figura 20 - Imagem de 2018 mostrando a vista da esquina das ruas Guiomar Rodrigues da Cunha com Av: Maranhão à partir da Av:

ANTES

DEPOIS

ANTES

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Figura 21 - Mapa para referência das fotos

Figura 22 - Imagem de 2011 mostrando a vista da Rua Piauí, sentido Rua Cel. Antônio Rios. (Fonte: Google Street View. Acesso em Outubro de 2018)

ANTES

Figura 23 - Imagem de 2018 mostrando a vista da Rua Piauí, sentido Rua Cel. Antônio Rios. É possível notar como a paisagem da rua mudou, com a existência dos prédios ao fundo, e a maior quantidade de veículos nas ruas, revelando o aumento do fluxo viário no na região. (Fonte: acervo Brenno de Albuquerque)

(22)

Considerações do capítulo:

Através da problemática intermediada pelos autores, a saber: Neil Smith, Catherine Bidou-Zachariasen, Ermínia Maricato, Ra-quel Rolnik e Nabil Bonduki, é possível criar um panorama sobre as profundas mudanças políticas que marcaram a década de 40, à partir da grande crise no setor habitacional desencadeado pela Lei do Inquilinato e que acabou moldando um sistema de concessão de moradia popular concebido e adaptado ao sistema capitalista e que ainda nos dias atuais a exemplo do programa Minha casa, minha vida (salvo certas exceções do mesmo) é defendido e aplicado em todo o país.

Importante refletir que mesmo o Estado dando “poder” através do direito à pequena propriedade ao cidadão trabalhador, por meio de uma doutrinação ideológica baseada na casa própria, unifamiliar higiênica, o mesmo não confere à este “agora então proprietário” o direito à cidade pois os loteamentos habitacionais para baixa renda continuaram e continuam sendo construídos nas regiões periféricas das cidades, devido ao baixo preço da terra nestas regiões. Hoje sabe-se que a habitação não relaciona-se so-mente à casa (objeto construído) em si, mas ao direito de pleno uso do espaço urbano com acesso à equipamentos e serviços públi-cos de qualidade como escolas, creches, postos de saúde, hospitais, praças, parques, delegacias de proteção social, comércios, ser-viços dentre outros.

Interessante refletir também como a ideologia política, seja ela de qualquer vertente, molda diretamente a cidade usando a arquitetura e o urbanismo como instrumento político de transformação de uma sociedade, de uma ordem ou subversão das coisas.

É de suma importância deixar muito bem claro que este trabalho representa apenas uma mínima contribuição sobre os temas abordados, sendo necessário, maior abordagem e aprofundamento acerca da gentrificação para que se tenha um melhor embasa-mento sobre os resultados do fenômeno.

A pergunta que que realmente devemos fazer acerca da gentrificação é: Como que nós podemos nos apropriar de uma cultura

(23)

capítulo

2.0

premissas projetuais e

reFerências

(24)

As premissas são as intenções pré-estabelecidas sobre o que se pretende trabalhar no desen-volvimento do projeto, para tanto, neste projeto de habitação coletiva buscou-se trabalhar um conceito de convivência em comunidade aliado ao baixo impacto ambiental a fim de propor um projeto que se integre de forma humanizada e ecologicamente correta com outros usos que o lugar demanda barrando assim o processo de gentrificação em curso no local .

As premissas foram divididas em 3 categorias principais sendo elas: Baixo Impacto Ambien-tal, Unidade Habitacional e Uso Misto. Estas categorias foram complementadas por subcategori-as que fornecem embsubcategori-asamento para subcategori-as mesmsubcategori-as e foram diretamente relacionadsubcategori-as à dois proje-tos de referência visando analisar suas aplicações práticas nos mesmos sendo eles: Beddington Zero Energy Development - BedZED e Complexo de Habitações Cooperativas - wagnisART.

BedZED é um complexo habitacional de uso misto construído em Londres que tem como característica a emissão zero de CO² no meio ambiente, eficiência energética através do máximo aproveitamento da luz solar, conforto térmico por um eficiente e curioso sistema de convecção térmica expulsando o ar mais quente para fora dos apartamentos e injetando o ar mais fresco para o interior dos ambientes. Além da própria implantação dos blocos que aproveita o máximo da luz solar em cada estação do ano para iluminação interna, o complexo também prioriza mei-os de transportes alternativmei-os como: ônibus, bicicletas e carrmei-os compartilhadmei-os totalmente elé-tricos e movidos por energia solar totalmente limpa. Outras características do BedZED que fa-zem dele uma eco vila totalmente sustentável são: aplicação da vida em comunidade, e a utiliza-ção de uma usina de biomassa que gera parte da energia elétrica do complexo.

WagnisART é um complexo habitacional de uso misto localizado em Munique que tem co-mo objetivo proporcionar a vida em comunidade, composto por 5 blocos de apartamentos de 4 pavimentos que se conectam entre si por passarelas suspensas em níveis diferentes o complexo se caracteriza por sua implantação no modelo de quadra aberta, proporcionando maior fluidez e integração entre o espaço público da rua com o semiprivado do interior da quadra.

WagnisART também é um exemplo de arquitetura de baixo impacto ambiental, uma vez que pri-oriza a luz solar como fonte de energia elétrica e de aquecimento de água, e desencoraja o uso do automóvel particular , tendo suas vagas de estacionamento bastante reduzidas o que permi-tiu a existência das salas de práticas e de oficinas no térreo.

Ambos projetos serviram de base e de conceituação da proposta de projeto que este traba-lho apresenta.

2.1 - PREMISSAS PROJETUAIS

1.1 Prover condições de conforto ambiental dos apartamentos considerando o melhor

aprovei-tamento da iluminação natural e do conforto térmico através de aplicações de técnicas de res-friamento passivo.

1.2 Racionalizar e baratear o consumo e produção de energia elétrica através do

aproveitamen-to da luz solar por painéis foaproveitamen-tovoltaicos e dos venaproveitamen-tos por mecanismos de geração de energia

eó-2 - UNIDADE HABITACIONAL

2.1 Considerar a qualidade e a flexibilização do layout interno dos espaços a fim de atender as

diferentes configurações familiares atualmente existentes e suas respectivas necessidades.

2.2 Propor um Programa de uso misto com a existência de salas reservadas para o comércio e

serviço para usufruto dos próprios moradores e salas multiuso para atividades diversas.

2.3 Fortalecer os laços de comunidade proporcionando espaços que propiciem atividades em

grupo através da participação colaborativa visando o bem estar social e a segurança pública.

3 – USO MISTO

Pensar o desenho das áreas públicas e semi-públicas de forma a promover a integração do em-preendimento com a cidade através de espaços fluidos embasados no conceito de Quadra Aber-ta que inviabilizem o uso da terra para fins especulatórios pelo mercado imobiliário.

1 - BAIXO IMPACTO AMBIENTAL

1.3 Considerar o consumo consciente de uso da água através de instrumentos de

armazenamen-to e reaproveitamenarmazenamen-to tanarmazenamen-to de água servida quanarmazenamen-to pluvial.

1.4 Considerar o uso de materiais construtivos de baixo impacto ambiental mais eficientes e menos poluentes que o tradicional bloco cerâmico.

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2.2 - BEDDINGNTON ZERO ENEGY DEVELOPMENT - BEDZED

LEITURAS DE PROJETOS REFERÊNCIAS

Projetado pelo arquiteto Bill Dunster e Construído em 2002 em Hackbridge, subúrbio de Lon-dres - Reino Unido, o BedZED é um exemplo contemporâneo de Habitação coletiva, desenvolvi-do sob os conceitos de sustentabilidade e vida em comunidade.

O nome BedZED significa Beddington Zero Energy Development, para o nosso português, “Desenvolvimento Zero de Energia) e é um exemplo mundial de projetos de arquitetura de inici-ativa verde que faz uso apenas de fontes renováveis para seu funcionamento.

O empreendimento teve um investimento de 17 milhões de euros e engloba aquecimento solar, sistema de reutilização da água, climatização de ambiente interno sem uso de ar condicio-nado e compartilhamento de veículos totalmente elétricos.

Figura 24 – perspectiva aérea do conjunto BedZED As referências projetuais são parte importante para entender e adquirir conhecimento

através da leitura e análise de projetos que abordam conceitos semelhantes ao que se quer tra-balhar.

Através das análises de projetos referências foi possível adquirir informações que auxilia-ram na concepção do projeto habitacional.

A seguir são apresentados duas leituras de projetos referências sendo eles: Beddington Ze-ro Energy Development - BedZED e Complexo de Habitações Cooperativas - wagnisART.

BedZED é um complexo habitacional de uso misto construído em Londres que tem como característica a emissão zero de CO² no meio ambiente, eficiência energética através do máximo aproveitamento da luz solar, conforto térmico por um eficiente e curioso sistema de convecção térmica expulsando o ar mais quente para fora dos apartamentos e injetando o ar mais fresco para o interior dos ambientes. Além da própria implantação dos blocos que aproveita o máximo da luz solar em cada estação do ano para iluminação interna, o complexo também prioriza mei-os de transportes alternativmei-os como: ônibus, bicicletas e carrmei-os compartilhadmei-os totalmente elé-tricos e movidos por energia solar totalmente limpa. Outras características do BedZED que fa-zem dele uma eco vila totalmente sustentável são o proporcionamento da vida em comunidade, e a utilização de uma usina de biomassa que gera parte da energia elétrica do complexo.

WagnisART é um complexo habitacional de uso misto localizado em Munique que tem co-mo objetivo proporcionar a vida em comunidade, composto por 5 blocos de apartamentos de 4 pavimentos que se conectam entre si por passarelas suspensas em níveis diferentes o complexo se caracteriza por sua implantação no modelo de quadra aberta, proporcionando maior fluidez e integração entre o espaço público da rua com o semiprivado do interior da quadra. WagnisART também é um exemplo de arquitetura de baixo impacto ambiental, uma vez que prioriza a luz solar como fonte de energia elétrica e de aquecimento de água, e desencoraja o uso do auto-móvel particular , tendo suas vagas de estacionamento bastante reduzidas o que permitiu a exis-tência das salas de práticas e de oficinas no térreo.

Ambos projetos serviram de base e de conceituação da proposta de projeto que este traba-lho apresenta.

O objetivo de projeto do BedZED é eliminar as emissões de carbono e intensificar o uso de tecnologias baseadas em eficiência energética.

Toda a energia consumida pela vila sustentável é produzida dentro do próprio empreendi-mento, sendo que a quantidade de energia gerada supre proporcionalmente à energia usada.

Dados levantados no ano de 2007 revelam que a média de consumo de energia elétri-ca em BedZED foi de 3,4 kwh/dia para elétri-cada pessoa, o que representa um consumo 38% inferior ao consumo médio de Sutton, que é de 5,5 kwh/dia por morador.

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ÁGUA

A água também possui máximo aproveitamento, através de coberturas verdes que captam a água das chuvas e acondiciona em tanques no subsolo do empreendimento que é aproveitada para irrigação dos jardins e descargas dos banheiros dos apartamentos do empreendimento. BedZED também possui sua própria Estação de Tratamento de água.

VENTILAÇÃO

O conforto ambiental interno dos apartamentos é conseguido através de janelas que for-mam uma grande pele de vidro nos blocos habitacionais. Estas janelas feitas de grandes panos de vidros com tecnologia double glass (vidro duplo), recobrem as varandas dos apartamentos e proporcionam iluminação natural no interior dos mesmos durante o dia todo dessa forma, as varandas funcionam como se fossem estufas, retendo o calor no interior dos apartamentos, sendo a energia elétrica para iluminação artificial acionada apenas a noite.

BedZED também conta com sistemas de ventilação passiva, que nos dias de calor proporci-onam a ventilação cruzada no interior dos apartamentos, abolindo a necessidade de uso de ventilação mecânica como ventiladores e ar-condicionado.

TRANSPORTE

Para zerar as emissões de carbono pelo transporte, BedZED foi concebido desencorajando o uso dos carros e incentivando o uso de fontes alternativas de transporte como serviço de ônibus, ciclismo e caminhadas.

Os espaços dedicados à estacionamentos de veículos são bem limitados e caso o morador necessite realmente de um carro para transporte, BedZED possui um sistema de compartilha-mento de veículos; os moradores participam de uma espécie de clube de carros compartilhados que são usados por todos, mediante a necessidade. Os carros de compartilhamento são veículos elétricos, que garantem , zero emissão de poluentes e gases tóxicos no meio ambiente, e as ba-terias dos mesmos são carregadas no próprio empreendimento através dos painéis fotovoltaicos nos telhados dos próprios blocos habitacionais.

Para o armazenamento das bicicletas o BedZED possui um sistema próprio de cápsulas (mini-garagens) que guarda as bicicletas, protegendo-as das intempéries e furtos, cada morador possui acesso particular às cápsulas.

ESTAÇÃO DE CARREGAMENTO DOS VEÍCULOS ELÉTRICOS

VEÍCULO ELÉTRICO DO SITEMA DE COMPARTILHAMENTO

Figura 27 - Imagem mostrando um veículo elétrico do sistema de com-partilhamento da ecovila e a estação de carregamento elétrico do mes-mo.

ENERGIA

A lém dos painéis solares para alimentação dos automóveis elétricos, BedZED possui sua pró-pria usina de geração de energia. Para que pudesse ser autossuficiente a soluçaõ encontrada para o sistema foi a utilização de uma Central Cogeração, chamada de CHP (Combined Heat and Power).

Esse sistema funciona através da queima de biomassa que neste caso é usado pedacinhos de madeira seca, cuja queima gera um gás que alimenta um gerador que produz a eletricidade e o calor gerado pela queima, também não é desperdiçado sendo o mesmo conduzido para o sistema de aquecimento do ciclo fechado.

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Figura 28 - Corte diagramado evidenciando os sistemas de energia pela usina de biomassa, captação armazenamento e tratamento de água e o sistema de ventilação passivo através dos exaustores de vento da cobertura.

MATERIAIS

O empreendimento foi construído com materiais 100% certificados e provenientes da regi-ão dentro de um raio de 50 Km do local da construçregi-ão.

Todas as madeiras utilizadas no projeto possuem certificação ambiental, e doadas pelo FSC, (Forest Stewardship Council), trata-se de uma organização mundial independente sem fins lucrativos fundada em 1993 a partir da necessidade de conservação das florestas em todo o mundo.

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Figura 30 - Fachada Sul de um dos blocos do BedZED, mostrando as varandas cobertas de painéis de vidro duplo por onde entra a maior parte da luz solar direta. Estes painéis por serem duplos mantém o calor do sol dentro dos ambientes por muito tempo mantendo-os aquecidos ao longo do dia no inverno.

Figura 33 - Corte diagramado mostrando o caminhoS e o alcance da luz natural e calor dentro dos apartamentos e sues respectivos sistemas de controle e absorção que proporcionam conforto ambiental nos apartamentos.

Figuras 31 e 32 - As imagens ao lado mostram o interior da sala e varanda de um dos apartamentos do BedZED. Os panos de vidro du-plo que fecham as varandas, proporcionam elevado grau de aproveitamento da luz solar durante o dia todo.

Figura 34 - Rua local, sem acesso à carros, com as passarelas suspensas que ligam os apartamentos aos seus respectivos

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2.3 - COMPLEXO DE HABITAÇÕES COOPERATIVAS - WAGNISART

Sob o lema “viver e trabalhar em comunidade” o wagnisART é um projeto de habitação coletiva , situado no bairro Domagkpark construído em 2016 em parceria com dois escritórios SHAG Schindler Hable Architekten GbR e bogevischs buero architekten & stadtplaner GmbH, em Munique, Alemanha.

• VIDA EM COMUNIDADE

O complexo habitacional é composto por 5 edifícios que se conectam através de passare-las suspensas no último pavimento. Essas passarepassare-las geram uma paisagem de jardim no telhado de tamanhos e tipos diversos que permitem encontros espontâneos entre os moradores.

O conceito de comunidade se fortalece mais com os equipamentos de uso misto no térreo que proporcionam lazer, trabalho, serviços e educação ambiental.

Projetado sob o conceito de quadra aberta, vida em comunidade e eficiência energética, a distribuição dos edifícios formam espaços amplos que valorizam o pedestre e que são usados coletivamente pelos moradores.

• APARTAMENTO COMPARTILHADO

Reforçando ainda mais o senso de comunidade evidenciado no complexo, os apartamen-tos de wagnisART, foram projetados sobre o conceito de “Cluster Housing”, ou “Casa de Grupo” em português, este conceito se baseia em reunir pessoas em uma casa comum sem abrir mão de suas necessidades de espaço privado. Esta casa pode abrigar pessoas solteiras e/ou casais e até mesmo famílias, todos morando juntos cada um em seu apartamento com uma pequena cozinha e banheiro, mas compartilhando de uma grande área comum à todos. Esta área comum pode ser uma cozinha, ou sala de jantar ou estar.

• USO MISTO

No térreo dos edifícios existem um variado número de salas comunitárias que oferecem diversificado programa de uso pensados para atender as diferentes atividades dos moradores do complexo e do bairro como ateliês, oficinas, consultórios, refeitório, espaços comerciais, eventos, salão multiuso, terraços e jardins.

• EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

O complexo também foi projetado pensando nas reduções de emissões de carbono, estan-do em conformidade com as especificações ecológicas e sustentáveis. Para isso além estan-do consu-mo padrão pela rede de energia da cidade o wagnisART também consome energia e aquece água através dos painéis solares instalados nas coberturas dos blocos .

Para a redução das emissões de carbono, o conceito de uso do carro é desencorajado, ten-do as áreas de estacionamento reduzidas a um pequeno estacionamento no subsolo ten-do com-plexo o que acarretou ganho de espaço para as salas de práticas e oficinas.

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Figura 36 - Planta do pavimento térreo do conjunto, mostrando as salas destinadas a comércio, lazer, tra-balho e serviços para atender a comunidade local e o bairro.

Figura 38 - Planta do terceiro pavimento mostrando a distribuição dos ambientes dos apartamentos e os terraços elevados que se conectam integrando os 5 blocos.

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Observando a distribuição dos blocos de apartamentos na quadra, seguindo o conceito de Quadra Aberta e fazendo uma análise visual, nota-se que a oferta de espaços abertos, fluidos e constantes, proporciona uma integração muito forte com a rua dissolvendo-se a ideia sobre o que é público e o que é privado.

Este tipo de implantação, se integra no tecido urbano da cidade, não se transformando em uma barreira física que recobre os olhos e impede a circulação.

Figura 41 - Planta de um dos apartamentos do conjunto projetado sob o conceito de “Cluster housing”, identificando as áreas privativas e as áreas de uso comum dos moradores.

Figura 42 - Imagem do terraço de um dos apartamentos Figura 40 - Diagrama de análise de fluxos do

(32)
(33)

capítulo

03

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A área escolhida para sediar o projeto de Habitação de Interesse Social situa-se na cidade de Uberaba- MG.

Localizada no Triângulo Mineiro, pertencente à Mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, Uberaba caracteriza-se por ser uma cidade de médio porte e sua população é esti-mada em 328.272 habitantes (população estiesti-mada para o ano de 2017 de acordo com o site oficial do IBGE).

É o oitavo município mais populoso do estado e o 81º mais populoso do Brasil, está na quarta posição no IDH (Indice de Desenvolvimento Humano) do estado, possui 12.000 empre-sas que empregam cerca de 101.086 pessoas (dados do IBGE para 2017) e é considerada atual-mente a 7ª maior economia do estado de Minas Gerais o que faz a cidade estar em quarto lugar no ranking de PIBs (Produto Interno Bruto) Agrícolas do Brasil.

Uberaba é conhecida como capital mundial do gado Zebu, é um polo de criação, comercia-lização e desenvolvimento genético da raça; a cidade abriga também a maior feira pecuária de-dicada à raça no país, a ExpoZebu.

A cidade também é destaque como polo cultura e educacional, por conter 8 museus, 8 universidades sendo duas delas federais, 34 escolas municipais de ensino fundamental, 20 centros municipais de educação infantil, 2 CEMEA (Centro Municipal de Educação Avançada e 3 Centros Municipais de educação. A cidade também possui 18 escolas de ensino Médio, 11 es-colas de 1º a 9º ano , 4 eses-colas de 1º a 5º ano, 4 eses-colas destinadas a adultos , 2 eses-colas de educação especial e 1 escola destinada ao menor infrator.

Além das instituições de ensino público a cidade também conta com 32 escolas particula-res sendo algumas delas pioneiras na cidade como: Colégio Marista diocesano (1903), Colégio Cenecista Doutor José Ferreira (1954), Colégio Nossa Senhora das Dores (1885), Colégio Nossa Senhora das Graças (1958).

Devido a grande quantidade de empresas na cidades, sendo muitas delas multinacionais do ramo de agronegócios, a cidade atrai muita gente de outras regiões e estados que vem para trabalhar e morar; para abrigar estas famílias a prefeitura da cidade está sempre promovendo campanhas de habitação, construindo novas moradias e lançando novos loteamentos.

Em Uberaba, o órgão responsável pelo cadastro e produção de moradia popular é a Com-panhia Habitacional do Vale do Rio Grande – COHAGRA.

A COHAGRA “é uma sociedade de economia mista que tem a Prefeitura Municipal de Ube-raba como sua maior acionista, tem como objetivo social promover o desenvolvimento urbano do município e da região por intermédio da implementação de política habitacional de interesse social.” Tem como Objetivos específicos: “Produzir e comercializar unidades habitacionais e lo-tes urbanizados de interesse social, obedecidos os critérios e normas estabelecidos para os pro-gramas do Governo Federal; Apoiar propro-gramas e projetos de desenvolvimento comunitário; Re-gularização fundiária” (informações obtidas através do site da própria companhia)

Segundo entrevista realizada em 10/05/2018 com Marcos Acácio, diretor administrativo da CO-HAGRA, a companhia trabalha exclusivamente com a faixa I do programa Minha Casa, Minha Vi-da, que compreende as famílias com renda bruta de até R$1.800,00. Para as faixas maiores (faixa 2 à faixa 4) a companhia possui parcerias com empreiteiras e construtoras para fazer as negociações dos benefícios.

Para se cadastrar na COHAGRA é necessário que a pessoa tenha no mínimo 3 anos de com-provação de residência na cidade. Marcos ainda informou que além da exclusividade na faixa 1 do programa Minha Casa, Minha Vida, a companhia dá prioridade de entrega dos imóveis para os Idosos, deficientes físicos, mães solteiras e famílias com filhos pequenos .

Perguntando para Marcos sobre a quantidade de famílias cadastradas que ainda não rece-beram suas casas na cidade, o mesmo informou que existem em torno de 20.000 famílias, que ainda não receberam os imóveis pela companhia (segundo dados levantados de 2010 à 2018).

Durante a entrevista pôde-se concluir que é um número muito grande porém esse quanti-tativo na verdade pode ser muito maior pois muitas outras famílias que não estão na lista da COHAGRA também precisam de habitação e não estão contabilizadas nesses valores.

Assim como em todas as cidades brasileiras, Uberaba replica o modelo padrão de habitação social definido pelos programas sociais e empreiteiras priorizando a construção de loteamentos horizontais com casas unifamiliares localizados em áreas periféricas da cidade longe das áreas mais estruturadas e servidas de infraestrutura urbana.

O mapa a seguir mostra as áreas de destinação das ZEIS (Zonas Especiais de Interesse Soci-al) da cidade de Uberaba; as ZEIS classificam-se por serem áreas destinadas à loteamentos popu-lares e de caráter social. Este mapa faz parte dos anexos das leis e normas do Plano Diretor do município, nele é possível notar a distribuição radial e periférica com que essas áreas são inseri-das na cidade evidenciando a construção do zoneamento excludente pautado pela especulação promovida pelo mercado imobiliário privado onde as áreas centrais mais providas de infraestru-tura e serviços urbanos são classificadas como zonas de interesse culinfraestru-tural ou zonas mistas.

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Figura 48 - Mapa da cidade de Uberaba, identificando as Zonas de interesse social na mancha urbana. Nota-se que as ZEIS estão dispostas apenas nas zonas periféricas da cidade.

O bairro Santa Marta, antes chamado “Vila Santa Marta”, situado na zona noroeste da cidade de Uberaba, trata-se de um bairro antigo e sua funda-ção data-se da década de 50, quando as primeiras casas destinadas a um conjunto popular nomeado “Conjunto Presidencial Juscelino Kubistschek, foram construídas no local. Antes a região era chamada de Ovo Chôco, de-vido as pastagens e currais, onde os fazendeiros deixavam os carros-de-boi e os animais quando vinham à cidade.

O bairro possui dois equipamentos que são de grande importância para a vizinhança, tratam-se respectivamente da Igreja da Ressurreição e da Escola Estadual Frei Leopoldo de Catelnuovo; instituições que promo-vem ações de caráter social como quermesses e eventos culturais, esporti-vos e recreatiesporti-vos.

A Igreja surgiu através de um movimento dos moradores do bairro, através de uma campanha comunitária que arrecadou dinheiro para a construção da mesma. Devido a arrecadação insuficiente para erguer o templo, optou-se por construir uma capela de madeira no terreno que foi doado por iniciativa privada.

Mesmo com a arrecadação, a maior parte dos materiais para a cons-trução da capela foram oriundos de doações e a conscons-trução foi feita por um mutirão de moradores que tiveram que trazer água em baldes devido a inexistência de rede hidráulica no bairro.

Devido a localização próxima ao cemitério São João Batista, a igreja recebeu seu primeiro nome de “Igreja das Almas”. Em 1964 foi lançada a pedra fundamental par a construção da igreja de alvenaria e em 1965 a Igreja é elevada ao título de paróquia tendo seu nome alterado para Igreja da Ressurreição, sendo assim até os dias atuais.

A “Praça São José” situada na frente da igreja, também popularmen-te chamada de “Praça da Ressurreição” também foi um popularmen-terreno doado por iniciativa privada de Guiomar Rodrigues da Cunha e sua esposa.

O bairro Santa Marta é o 5º na Indústria e Comércio de Uberaba conta com aproximadamente 102 indústrias das quais as principais 5 são extrativas, 12 voltadas à atividades agro-pecuárias, 14 oficinas mecânicas e assistências técnicas de eletro-eletrônicos, 19 de transformação, 17 de reparação de veículos e 25 de construção civil.

No comércio conta com aproximadamente 7 unidades no atacadista e no setor varejista com aproximadamente 190 unidades sendo as princi-pais: materiais de construção com 7 lojas, 4 farmácias e drogarias, 5 lojas de tecidos e calçados, 10 bazares, 15 açougues e casas de carnes, 41 mer-cearias e padarias e 61 bares.

O Santa Marta hoje, apresenta-se como uma região já bastante con-solidada, com ofertas de serviços e comércio variados, que atendem o dia a dia da população.

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Figura 49 - Igreja da Ressurreição (fonte: acervo Brenno de Albuquerque)

Caminhando pelas ruas do bairro, notou-se a presença de muitas casas po-pulares, revelando a origem de caráter social na qual o mesmo surgiu na década de 50. Também foi observado que a tipologia dessas casas populares não seguem um modelo padronizado de produção em série como no modelo de produção de moradia popular dos dias de hoje. Observou-se que muitas casas do bairro, fo-ram construídas pelos próprios moradores, algumas em situações bem precárias. Em alguns lotes foi possível identificar várias construções dentro dos mesmos , evidenciando o modelo informal e artesanal de construção das periferias brasilei-ras.

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Figura 53 - Localização da área de projeto na cidade de Uberaba

Figura 52 - Mapa identificando os limites do bairro Santa Marta na cidade de Uberaba/MG.

Figura 51 - Imagem de satélite da cidade de Uberaba-MG evidenciando a localização da área do projeto e seu entorno.

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3.2 - ANÁLISE DO ENTORNO

O mapa síntese ao lado apresenta a análise dos condi-cionantes urbanísticos estudados, a saber: uso; ocupação; sistema viário; oferta de equipamentos públicos; presença de mobiliário urbano; sistema de lazer e áreas verdes. Para tal análise foi adotado um raio de 800 metros de abrangên-cia à partir da área de intervenção.

O desenvolvimento deste mapa foi uma ferramenta de grande importância pois contribuiu para a definição da área para o desenvolvimento do projeto de habitação social. A partir do diagnóstico estruturado foi possível visualizar a complexidade a ser enfrentada pela proposta. A definição do programa geral bem como a sua distribuição no espaço dependeu desta análise.

O mapa também mostra as principais características morfológicas que estruturam o entorno, evidenciando uma malha viária, onde percebeu-se a presença de avenidas (recém abertas) em contraponto a ruas locais sem saída que configuram usos habitacionais próximos à vilas. Observou-se ser uma área em intensa transformação de uso e ocupação impulsionado pela introdução de fortes equipamentos pú-blicos como a prefeitura, fórum de justiça, ministério públi-co e OAB. Observou-se também um incremento de verticali-zação para uso habitacional em decorrência da especulação imobiliária na área.

(falar das famílias)

e por onde o comércio e serviço predominam. identificou-se também as praças e parques, bem como os equipamen-tos de uso público e privados.

Também foi possível identificar que a maioria dos usos de comércio e serviços do bairro se concentram na região do bairro Santa Marta, alguns equipamentos de uso comer-cial e misto no bairro Universitário e a predominância quase total de uso residencial no bairro Olinda.

Figura 54

O uso misto é bastante predominante nos loteamentos populares das cidades, onde geralmente é possível perceber a existência de pequenos anexos de uso comercial ou de ser-viços na frente das casas.

Muitos equipamentos públicos e privados também fo-ram identificados no raio de entorno ou próximo a ele como: A maioria dos usos, caracterizam-se por serem de uso misto,

ou seja, em um mesmo lote podem haver diversos usos, alguns exemplos de uso misto podem se caracterizar das seguintes for-mas: residencial/ comercial; residencial/serviços; comercial/ serviços; serviços/institucional ou até mesmo mais de dois tipos de uso em um único lote (característica que foi bem observada em alguns lotes do bairro Santa Marta).

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EQUIPAMENTOS EDUCACIONAIS

EQUIPAMENTOS DE SERVIÇOS PÚBLICOS

-Universidade de Uberaba – UNIUBE (nível superior)

-Escola Estadual Frei Leopoldo de Castel Nuovo (fundamental, médio e supletivo) -Centro de Educação Continuada – CESEC (educação de jovens e adultos)

-Escola Estadual Prof: Corina de Oliveira (fundamental, médio) -Colégio Jean Cristophe (fundamental e ensino integral)

-Prefeitura Municipal de Uberaba – PMU

-Fórum comarca de Uberaba – Tribunal de Justiça de Minas Gerais -OAB – 14ª subseção Uberaba

-Ministério Público do Estado de Minas Gerais – MPMG -ISSQN – central tributária – Secretaria da Fazenda -2º Batalhão da Polícia Militar de Uberaba – 2º BPM

-CODAU – Centro Operacional de Desenvolvimento e Saneamento de Uberaba -CODAU - Centro de reservação 6 - av. Nenê sabino

-Cemitério municipal - São João Batista

-Paróquia da Ressurreição -Assembléia de Deus

-3ª Igreja Presbiteriana de Uberaba

-Igreja do Evangelho Quadrangular

-Grande Loja Maçônica de Uberaba

EQUIPAMENTOS DE ESPORTES E LAZER

ÁREAS VERDES E PRAÇAS -Uirapuru Iate Clube

-Estádio Comunitário Zônimo Ferreira Coelho -Praça Pôr do Sol

-Ginásio de Esportes Dr. Celso Abrão Domingos Name

-Parque do Paço -Praça Por do Sol -Praça da Ressurreição

-Praça da rua Antônio Rios (sem nome) -Praça Dona Leda J. Campos

-Fundação Logosófica de Uberaba

-Casa do Menino – Legião de Assistência Cristã (educação de menores infratores) -Creche Monika Budeus e Ricardo Henrique Misson

EQUIPAMENTOS INSTITUCIONAIS EQUIPAMENTOS DE SAÚDE

*foi constatado que todos os equipamentos de saúde atendem pelo Sistema Único de Saúde – SUS

-Mário Palmério Hospital Universitário – MPHU -Hospital Regional de Uberaba – José de Alencar -UBS Dr. Roberto Árabe Abdanur

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3.3 - ÁREA DO PROJETO - USO E OCUPAÇÃO

A quadra é constituída principalmente por edificações de uso residencial, porém é possível notar que alguns lotes que antes possuíam edificações já estavam vazios e limpos para serem comercializados. Um considerável maciço vegetal de árvores também foi identificado no centro da área .

São poucas as edificações que não fazem uso residencial dentre elas identificou-se algu-mas de uso misto, uma institucional caracterizada por uma pequena escola infantil particular, dois galpões industriais e serviços.

O mapa de uso do solo abaixo identifica os lotes e seus respectivos usos identificados.

ESTUDOS ANTERIORES

Os estudos à seguir mostram resumos dos dois estudos desenvolvidos anteriormente, as diretri-zes de intervenção traçadas para os mesmos, o porque foram descartados durante o desenvol-vimento do trabalho e por fim apresenta e se aprofunda na terceira proposta na qual o projeto se desenvolve até o final do trabalho.

3.4 - PRIMEIRO ESTUDO (descartado)

O primeiro estudo tratou de desmembrar a área em 4 quadras menores devido a seu for-mato irregular e por possuir dimensões muito grandes cerca de 495 metros de comprimento. Buscou-se também seguir a padronização de formato e dimensões das quadras do entorno, a demolição de todas as construções presentes no local e a retirada das árvores por onde as vias

tanto, a partir de análises mais profundas chegou-se a conclusão que o modelo proposto não estava de acordo com as premissas de projeto que se pretendem aplicar concluindo que o des-membramento da área, a total demolição das casas e o desmatamento da área acabariam por gerar mais gentrificação e mais degradação ambiental.

Ao lado as imagens com as diretrizes propostas para o estudo 1.

Figura 56 – mostrando as diretrizes de desmembramento da área em 4 quadras menores . Figura 55

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