5 5 Esta é um versão gerada unicamente para visualização dentro do SGP. A versão a ser impressa utilizará outros padrões de formatação. This is a version generated only for visualization inside of SGP. The version to be printed will use other formatting patterns. Clinical Work Código de Fluxo (Flux Code): 8361
RELAÇÃO ENTRE CARCINOMA DE LARINGE E ABUSO VOCAL EM PROFESSORAS
DA REDE PÚBLICA DE ENSINO DE CURITIBA/PR; RESULTADOS ENCONTRADOS E
REVISÃO DE LITERATURA
CORRELATION BETWEEN LARINGEAL CARCINOMA AND VOCAL ABUSE IN PUBLIC SCHOOL TEACHERS IN CURITIBA/PR; RESULTS AND LITERATURE REVIEW Autores (Authors)Eduardo Baptistella: Mestrado Médico Otorrinolaringologista e preceptor do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Angelina Caron e do Hospital da Cruz Vermelha Filial do Paraná
Marcelo Charles Pereira: Mestrado Médico Otorrinolaringologista e preceptor do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital da Cruz Vermelha Filial do Paraná
Diego Malucelli: Médico Médico Otorrinolaringologista e preceptor do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Angelina Caron e do Hospital da Cruz Vermelha Filial do Paraná
Daniel Rispoli: Médico Médico Otorrinolaringologista e preceptor do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Angelina Caron e do Hospital da Cruz Vermelha Filial do Paraná
Thanara Pruner da Silva: Residente Residente
Renata Vecentin Becker: Academica Acadêmica do 5º ano de Medicina da Universidade Federal do Paraná Daniela Dranka: Academica Acadêmica do 4º ano de Medicina da Universidade Federal do Paraná
Gustavo Bernardi: Academico Acadêmico do 5º ano de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná Descritores (Palavraschave) Keywords Carcinoma; Laringe; Disfonia; Docentes Carcinoma; Larynx; Dysphonia Resumo Abstract Introdução: Os professores usam a voz como instrumento de trabalho e constituem um dos grupos de maior risco para o desenvolvimento de uma alteração vocal. As queixas relacionadas à voz mais comuns em professores são: fadiga vocal, perda da voz, dor em região de garganta e rouquidão. As alterações vocais, muitas vezes, agravamse com o uso abusivo ou mau uso da voz, problemas respiratórios ou tabagismo. Diversos estudos tem relacionado a atividade ocupacional com disfonia, porém há uma carência na literatura no que se refere à possível associação de abuso vocal nessa classe de trabalhadores com carcinoma de laringe. O carcinoma de laringe é um dos mais comuns a atingir a região da cabeça e pescoço, sendo 25% dos tumores malignos que acometem esse local e 2% de todas as neoplasias malignas. Objetivo: Analisar a possível relação entre abuso vocal e carcinoma laríngeo. Material e Método: Estudo retrospectivo com análise de 328 prontuários de professoras da rede pública de ensino de Curitiba, com mais de cinco anos de profissão com queixas fonatórias atendidas entre o período de janeiro de 2009 e janeiro de 2011. Resultados: 104 pacientes eram tabagistas há pelo menos 2 anos. Dentre elas, foram encontrados 12 casos de leucoplasia e 2 casos de carcinoma espinocelular Introduction: Teachers use their voice as a working tool and are, therefore, one of the groups with the highest risk of developing voice alterations. The most common complaints related to the voice in teachers are: vocal fatigue, voice loss, sore throat and hoarseness. Voice problems often worsen with the abusive use or the misuse of voice, respiratory problems and smoking. Many studies have suggested the correlation between the professional occupation and disfonia, but there is a lack of published studies when it comes to the potential correlation between vocal abuse in this class of workers and laryngeal carcinoma. The carcinoma of the larynx is one of the most common carcinomas of head and neck, representing 25% of the malignant tumors of such regions and 2% of all malignant tumors. Objective: To analyze the potential correlation between vocal abuse and laryngeal carcinoma. Materials and Method: Retrospective study analyzing 328 charts of public school teachers of Curitiba who had been working as teachers for at least 5 years and had vocal complaints from January 2009 to January 2011. Results: 104 patients were smokers for 2 years or more. Among those, 12 cases of leucoplasia and 2 cases of spinocelular carcinoma of the larynx were observed. In the 224 non
laríngeo. Nas 224 professoras nãofumantes não foram encontradas alterações malignas ou prémalignas. Conclusão: Não há relação entre o abuso vocal com carcinoma laríngeo. Há, porém, concordância com a literatura no que se refere ao tabagismo como fator de risco para a neoplasia estudada. smoker teachers, there were no malignant or pre malignant lesions. Conclusion: There is no relationship between vocal abuse with laryngeal carcinoma. However, there is agreement with the literature with regard to smoking as a risk factor for cancer study Trabalho submetido em (Article's submission in): 15/6/2011 00:07:26 Instituição (Affiliation): Trabalho realizado no Serviço de Otorrinolaringologia do CMEB (Centro Médico Especializado Baptistella) e do Hospital da Cruz Vermelha Filial do Paraná Correspondência (Correspondence): Eduardo Baptistella Avenida João Gualberto, 1795, Conjunto 01 Juvevê Curitiba PR CEP: 80 030001 Email: cmeb.cmeb@yahoo.com.br Suporte Financeiro (Financial support): Caso Clínico (Clinical Tries): Submetido para (Submited for): 41° Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia Artigo numerado no SGP sob código de fluxo (The Article was numbered in SGP for the flux code): 8361 Introdução: A voz é fundamental para o ser humano se comunicar, transmitindo seus pensamentos e idéias, e constitui uma das extensões mais fortes da personalidade. Ela é peculiar ao sujeito e varia de acordo com o sexo, a idade, a profissão, a personalidade e o estado emocional do falante, bem como a representação social sobre a sua voz, a intenção com a qual é utilizada e o tipo de interlocutor1. O avanço tecnológico permite cada vez mais a compreensão da dinâmica fonatória, da estrutura da laringe e das pregas vocais em particular2,3,4. Os professores usam a voz como instrumento de trabalho e constituem um dos grupos de maior risco para o desenvolvimento de uma alteração vocal. As queixas relacionadas à voz mais comuns em professores são: fadiga vocal, perda da voz, dor em região de garganta e rouquidão. As alterações vocais, muitas vezes, agravamse com o uso abusivo ou mau uso da voz, problemas respiratórios ou tabagismo5. Diversos estudos tem relacionado a atividade ocupacional com disfonia, porém há uma carência na literatura no que se refere à possível associação de abuso vocal nessa classe de trabalhadores com carcinoma de laringe. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer, o carcinoma de laringe é um dos mais comuns a atingir a região da cabeça e pescoço, sendo 25% dos tumores malignos que acometem esse local e 2% de todas as neoplasias malignas6. Aproximadamente 6.600 novos casos de câncer de laringe são registrados por ano no Brasil, representando algo em torno de 5% de todos os novos casos de câncer, com exceção do câncer de pele. Cerca de 3.500 mortes decorrentes dessa doença são registradas por ano7. O tipo histológico mais prevalente é o carcinoma epidermóide em mais de 90% dos pacientes
com câncer de laringe. O local mais freqüente de neoplasia maligna na laringe é na glote, seguido da supraglote, com 25% de freqüência aproximada e, por último, a subglote, com menos de 4% de freqüência8. O principal sintoma é a disfonia (rouquidão) e está presente, principalmente em neoplasias da glote. Carcinomas supraglóticos produzem vozes abafadas e odinofagia. Lesões abaixo da glote cursam, predominantemente, com dispnéia, devido à obstrução da via aérea por efeito massa, ocasionado pelo tumor8. Esse tipo de neoplasia está intimamente relacionada ao tabagismo e ao consumo de álcool, afetando, em sua maioria, indivíduos do sexo masculino, na quinta e sexta décadas de vida. No entanto, atualmente é observado um aumento de casos na população feminina, devido a uma mudança no padrão de exposição ao tabaco7. O tratamento para o câncer de laringe exige diferentes intervenções terapêuticas dependendo do estadiamento do tumor do paciente, destacandose a cirurgia seguida de tratamento radioterápico e quimioterápico, o que provoca alterações fisiológicas e psicossociais para o paciente9. Atualmente, diversas técnicas cirúrgicas podem ser utilizadas no tratamento, reservandose a laringectomia total para casos extremos. Com o exame adequado e preciso da laringe, conseguese um diagnóstico mais precoce, o que remete a realização de ressecções parciais (laringectomias parciais), por via endoscópica ou por abordagem externa que, associada às técnicas de reconstrução e reabilitação fonoaudiológica, pode atingir excelentes resultados oncológicos e funcionais7. Material e Método: Foram avaliados 328 prontuários de pacientes atendidas no Serviço de Otorrinolaringologia do CMEB (Centro Médico Especializado Baptistella) e Hospital da Cruz Vermelha Filial do Paraná, na cidade de Curitiba. Pacientes, todas do sexo feminino, com idade variando entre 25 e 53 anos. Professoras com mais de 5 anos de profissão, com carga horária média de 20 a 30 horas semanais, com queixas fonatórias, triadas com anamnese, exame físico e exame otorrinolaringológico entre o período de janeiro de 2009 a janeiro de 2011. Todas as pacientes foram submetidas à exame de imagem de videolaringoscopia rígida. Resultados: Das 328 pacientes submetidas à videolaringoscopia, 104 eram fumantes há pelo menos 2 anos, ou seja, 31,7% (gráfico 1). Do total analisado, apenas 14 professoras tiveram alguma alteração prémaligna ou maligna.
Foram encontrados 12 casos de leucoplasia e 2 incidências de carcinoma espinocelular de laringe (CEC), sendo que, a lesão prémaligna representou 3,65% do total da amostra e o CEC 0,6% (gráfico 2). Os casos de leucoplasia foram relatados em professoras que fumavam há mais de 10 anos e, os que se referem ao CEC, em docentes com histórico de mais de 20 anos de tabagismo. Discussão: O câncer de laringe representa cerca de 25% de todas as neoplasias que acometem a região da cabeça e pescoço e 2% quando consideradas todas as doenças malignas10. É predominante na idade entre 50 a 70 anos8 e Compreende 3,8% das neoplasias malignas no homem e 0,6% nas mulheres, correspondendo a três mil mortes por ano11. Muito embora alguns autores afirmem que, mesmo não sendo um agente cancerígeno per si, o esforço vocal é um fator de risco em grande número de casos12, notase que não há relação entre sua incidência e o abuso vocal, representado nesse estudo, pela classe de professoras. A baixa incidência de carcinoma e lesões prémalignas observada no presente estudo permite afirmar que não há uma relação direta entre o surgimento de câncer de laringe e abuso vocal. No entanto, com base na análise dos prontuários das pacientes notase que as professoras portadoras de leucoplasia (3,65%) fumavam há pelo menos 10 anos e, as que evoluíram para carcinoma (0,6%), eram tabagistas por cerca de, no mínimo, 20 anos. Essas porcentagens corroboram com os fatores de risco encontrados na literatura, sendo o tabagismo e a ingestão alcoólica os fatores mais bem estabelecidos como potentes desencadeadores de carcinoma de laringe13,14. Dados do Instituto Nacional de Câncer8 mostram que o risco de desenvolver tumor maligno de laringe é proporcional ao número de cigarros fumado por dia e o risco de adquirir câncer de laringe pode ter um "odds ratio" de 13,2 vezes maior em fumantes do que em não fumantes. O câncer de laringe é altamente preventivo, pois menos de 5% dos CA de laringe são em não fumantes e o risco diminui com a cessação do tabagismo após cinco anos e aproximase do risco de nãofumantes por volta dos dez anos após o fim do hábito de fumar8. Outros fatores de risco para a neoplasia de laringe incluem mecanismos genéticos, exposição à radiação, vírus HPV e refluxo gastroesofágico. Essas variáveis, porém, não foram analisadas no presente estudo. Referências bibliográficas: 1. Behlau M, Pontes P. Avaliação e tratamento das disfonias. São Paulo: Lovise, 1995.
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