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Urbanismo: tornando um bairro sustentável

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ COECI - COORDENAÇÃO DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

THIAGO ALEX HEMKEMEIER

URBANISMO: TORNANDO UM BAIRRO SUSTENTÁVEL

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

TOLEDO 2016

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THIAGO ALEX HEMKEMEIER

URBANISMO: TORNANDO UM BAIRRO SUSTENTÁVEL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel, do curso de Engenharia Civil, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Orientadora: Profª. Drª. Silmara Dias Feiber

TOLEDO 2016

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Ministério da Educação

Universidade Tecnológica Federal do Paraná Câmpus Toledo

Coordenação do Curso de Engenharia Civil

TERMO DE APROVAÇÃO

Título do Trabalho de Conclusão de Curso de Nº 033

URBANISMO: TORNANDO UM BAIRRO SUSTENTÁVEL

por

Thiago Alex Hemkemeier

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi apresentado às 10:20 h do dia 06 de Junho de 2016 como requisito parcial para a obtenção do título Bacharel em Engenharia Civil. Após deliberação da Banca Examinadora, composta pelos professores abaixo assinados, o trabalho foi considerado

APROVADO.

Prof. Dr. Fulvio Natercio Feiber Prof. Christian V. Kniphoff De Oliveira (UTFPR – TD) (UTFPR – TD)

Profª Dr. Silmara Dias Feiber (UTFPR – TD)

Orientadora

Visto da Coordenação Prof. Dr. Lucas Boabaid Ibrahim

Coordenador da COECI

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RESUMO

HEMKEMEIER, Thiago Alex. Urbanismo: Tornando um bairro sustentável. 2016. 109 f. Monografia, Graduação em Engenharia Civil, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Toledo, 2016.

A evolução dos centros urbanos pós-guerras, em especial no continente europeu, foi marcada pelo Urbanismo Moderno e pelo Novo Urbanismo. Estes conceitos trazem ideias diferentes em suas raízes, destacadamente em relação a organização das cidades. Enquanto o Urbanismo Moderno caracterizou-se pela dispersão urbana, decorrente da setorização das cidades, o Novo Urbanismo, focado na sustentabilidade, surgiu para aprimorar os centros urbanos, que antes dependiam da utilização extrema do automóvel, prejudicando o meio ambiente. Com esta postura surgiram as comunidades sustentáveis. Para auxiliar as ações práticas do Novo Urbanismo foram criados Selos de certificação que estabelecem normas para as construções sustentáveis e premiam as obras que estão de acordo com os critérios impostos. Neste contexto são apresentados diversos princípios de crescimento urbano inteligente, segundo o Novo Urbanismo, e para seguir esses princípios muitas cidades, ou comunidades utilizam diferentes técnicas, metodologias e estratégias. Portanto, para a realização deste trabalho, adotou-se a metodologia de pesquisa bibliográfica seguida de estudos de casos reais de quatro bairros, dois Nacionais e dois Internacionais, que tem como diferencial a preocupação com o viés sustentável. Estes estudos visaram pontuar as principais estratégias a serem seguidas na possibilidade de um bairro da cidade de Toledo atingir a mesma meta dos que foram estudados. Para facilitar a coleta e comparação das estratégias utilizadas para tornar cada bairro sustentável, foram criadas planilhas, para que em seguida fossem listadas as diretrizes que podem ser aplicadas a cidade de Toledo. A partir desta lista foi possível indicar um bairro já existente da cidade de Toledo que teria maior possibilidade de adaptação em atendimento às diretrizes e se tornar um bairro, dentro de seus limites potenciais, de caráter sustentável.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AQUA - Alta Qualidade Ambiental

BEDZED - Beddington Zero Fossil Energy Development CIAM - Congresso Internacional de Arquitetura Moderna COPEL - Companhia Paranaense de Energia

HQE - Haute Qualité Environnementale IAPAR - Instituto Agronômico do Paraná INMET - Instituto Nacional de Meteorologia

LEED - Leadership in Energy and Environmental Design NBR - Norma Brasileira Regulamentadora

QAE - Qualidade Ambiental do Edifício

SANEPAR - Companhia de Saneamento do Paraná SENAC - Serviço Nacional de Aprendizado Comercial SGE - Sistema de Gestão do Empreendimento

SIMEPAR - Sistema Meteorológico do Paraná ULI - Urban Land Institute

USGBC - U.S. Green Building Council WRI - World Resources Institute

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - PRIMEIRA REUNIÃO DOS CIAM EM 1928 ... 17

FIGURA 2 - HIGH LINE EM MANHATTAN ... 23

FIGURA 3 - ESTRATÉGIAS DE SUSTENTABILIDADE ... 24

FIGURA 4 - SELO CASA AZUL DA CAIXA... 27

FIGURA 5 - PROCESSO AQUA ... 29

FIGURA 6 - PONTUAÇÃO NECESSÁRIA PARA RECEBER PREMIAÇÃO ... 35

FIGURA 7 - ÁREA OCUPADA PELO BAIRRO QUARTIER... 36

FIGURA 8 - WALKABILITY ... 37

FIGURA 9 - USO MISTO DAS EDIFICAÇÕES ... 38

FIGURA 10 - ÁREAS INTERNAS AOS BLOCOS ... 39

FIGURA 11 - TRAM (METRÔ DE SUPERFÍCIE) ... 40

FIGURA 12 - CAMINHOS AGRADÁVEIS DA CIDADE PEDRA BRANCA ... 41

FIGURA 13 - REUTILIZAÇÃO DA ÁGUA... 42

FIGURA 14 - COLETA SELETIVA PEDRA BRANCA ... 44

FIGURA 15 - PAINÉIS FOTOVOLTAICOS ... 45

FIGURA 16 - PROJETO DO BAIRRO QUARTIER ... 49

FIGURA 17 - PROJETO DA CIDADE CRIATIVA PEDRA BRANCA ... 50

FIGURA 18 - BAIRRO VAUBAN ... 52

FIGURA 19 - EDIFICAÇÕES NO BAIRRO VAUBAN ... 53

FIGURA 20 - ECO BAIRRO BEDZED ... 54

FIGURA 21 - COLÉGIO, PANIFICADORA, SANEPAR E ACADEMIA ... 66

FIGURA 22 - SALÃO DE BELEZA, CICLOVIA, SENAC E SEMINÁRIO ... 67

FIGURA 23 - BAIRRO JARDIM LA SALLE NA CIDADE DE TOLEDO – PR ... 67

FIGURA 24 - BAIRRO JARDIM LA SALLE EM RELAÇÃO A TOLEDO ... 68

FIGURA 25 - AVENIDAS QUE PROMOVEM CONECTIVIDADE ... 69

FIGURA 26 - INSTITUIÇÕES DE ENSINO PRÓXIMAS AO BAIRRO ... 70

FIGURA 27 - MAPA DE BAIRROS DE TOLEDO ... 71

FIGURA 28 - CALÇADAS SEGURAS ... 72

FIGURA 29 - RUA CRISSIUMAL ... 72

FIGURA 30 - FOTO DA RUA CRISSIUMAL ... 73

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FIGURA 32 - LAGO MUNICIPAL DE TOLEDO/PR ... 74

FIGURA 33 - ESTÁDIO MUNICIPAL 14 DE DEZEMBRO ... 75

FIGURA 34 - ÁREAS DE PRESERVAÇÃO, ESTÁDIO E LAGO ... 75

FIGURA 35 - EDIFICAÇÕES COLETIVAS DO BAIRRO VAUBAN ... 76

FIGURA 36 - ÁREAS DESOCUPADAS ... 77

FIGURA 37 - CICLOVIA ... 78

FIGURA 38 - CALÇADAS LARGAS E VIAS ESTREITAS ... 78

FIGURA 39 - BLOCOS DE ESTACIONAMENTO DO VAUBAN ... 79

FIGURA 40 - ZONEAMENTO DO BAIRRO ... 80

FIGURA 41 - TELHADO VERDE ... 82

FIGURA 42 - EDIFÍCIOS NOS ALINHAMENTOS DAS QUADRAS ... 83

FIGURA 43 - DIREÇÃO DOS VENTOS DE CASCAVEL/PR ... 84

FIGURA 44 - DIREÇÃO DOS VENTOS DE TOLEDO/PR ... 84

FIGURA 45 - DIREÇÃO PREDOMINANTE DO VENTO NO PARANÁ ... 85

FIGURA 46 - REGIME DE VENTOS DO PARANÁ ... 85

FIGURA 47 - ORIENTAÇÃO DOS BLOCOS ... 87

FIGURA 48 - MIRANTE DO BAIRRO QUARTIER ... 87

FIGURA 49 - CONCREGRAMA ... 88

FIGURA 50 - RESERVATÓRIOS DE ÁGUA DA CHUVA ... 89

FIGURA 51 - VÁLVULA DE DESCARGA COM DUAS OPÇÕES ... 90

FIGURA 52 - CAMPANHA PARA SEPARAÇÃO DOS RESÍDUOS ... 90

FIGURA 53 - EXPLORAÇÃO DA LUZ SOLAR ... 91

FIGURA 54 - PAINÉIS FOTOVOLTAICOS DO VAUBAN ... 92

FIGURA 55 - POTENCIAL EÓLICO DO ESTADO DO PARANÁ (50M) ... 93

FIGURA 56 - ÁREAS EXTENSAS PARA POMARES E HORTAS ... 94

FIGURA 57 - HORTA ... 94

FIGURA 58 - ESPAÇOS VERDES ENTRE AS EDIFICAÇÕES ... 95

FIGURA 59 - BICICLETÁRIOS COM COBERTURA AJARDINADA ... 96

FIGURA 60 - RUA MARINGÁ ... 96

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - ENCONTROS DOS CIAM E TEMAS PRINCIPAIS ... 16

QUADRO 2 - CATEGORIAS DO SELO CASA AZUL ... 27

QUADRO 3 - LIMITES DE AVALIAÇÃO E PARA O SELO NÍVEL BRONZE ... 28

QUADRO 4 - CATEGORIAS DO PROCESSO AQUA ... 30

QUADRO 5 - TIPOS DE CERTIFICAÇÃO LEED ... 32

QUADRO 6 - CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO LEED ... 34

QUADRO 7 - PLANILHA DE ESTRATÉGIAS DO BAIRRO QUARTIER ... 57

QUADRO 8 - PLANILHA DE ESTRATÉGIAS DO PEDRA BRANCA ... 59

QUADRO 9 - PLANILHA DE ESTRATÉGIAS DO BAIRRO VAUBAN ... 60

QUADRO 10 - PLANINHA DE ESTRATÉGIAS DO BAIRRO BEDZED ... 61

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 10 1.1 OBJETIVOS ... 12 1.1.1 Objetivo Geral ... 12 1.1.2 Objetivos Específicos ... 12 1.2 JUSTIFICATIVA ... 13 1.3 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ... 14 1.4 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA ... 14 2 REVISÃO DE LITERATURA ... 16 2.1 URBANISMO MODERNO ... 16 2.2 NOVO URBANISMO ... 21 2.3 SELOS DE CERTIFICAÇÃO ... 25

2.3.1 Selo Casa Azul da Caixa ... 26

2.3.2 Processo AQUA (Alta Qualidade Ambiental) ... 29

2.3.3 Certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) ... 31

2.4 ESTRATÉGIAS DE AÇÃO PARA TORNAR UM BAIRRO SUSTENTÁVEL ... 35

2.4.1 Gerenciamento da área a ser construída ... 36

2.4.2 Walkability ... 37

2.4.3 Desenho Urbano e Design Inteligente ... 38

2.4.4 Mobilidade Urbana ... 39 2.4.5 Tipologias Arquitetônicas ... 41 2.4.6 Gestão de Água ... 42 2.4.7 Gerenciamento de Resíduos ... 43 2.4.8 Gestão de Energia ... 44 2.4.9 Preservação Ambiental ... 45 2.4.10 Projetos Sociais ... 46 3 ANÁLISE DE REFERÊNCIA ... 47

3.1 CARACTERIZAÇÃO DOS ESTUDOS DE CASO ... 47

3.1.1 Bairro Quartier ... 47

3.1.2 Cidade Pedra Branca ... 49

3.1.3 Vauban ... 51

3.1.4 BedZED ... 53

3.2 COLETA DE DADOS ... 54

3.3 VERIFICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DO NOVO URBANISMO ... 55

3.4 ELABORAÇÃO DA PLANILHA DE ESTRATÉGIAS UTILIZADAS ... 55

3.5 ANÁLISE DOS RESULTADOS E PROPOSTA PARA TOLEDO/PR ... 56

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 57

4.1 PLANILHAS DE ESTRATÉGIAS DE CADA BAIRRO EM ESTUDO ... 57

4.2 DIRETRIZES QUE PODEM SER APLICADAS A TOLEDO/PR ... 62

4.3 TRANSFORMAÇÃO DO BAIRRO EXISTENTE EM TOLEDO/PR ... 66

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 98

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1. INTRODUÇÃO

O grande aumento populacional que ocorreu na segunda metade do século XX, fez com que as cidades crescessem desordenadamente, acarretando o inchaço das regiões periféricas pelo adensamento de habitações necessárias para comportar o grande número de indivíduos que passaram a viver no meio urbano. Este fato potencializou a setorização dos centros urbanos, ação presente nas posturas de desenvolvimento advindo do período moderno.

Essa forma de organização urbana que fragmenta o espaço em setores específicos ficou conhecida como urbanismo moderno. Este movimento foi marcado pela realização dos Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna – CIAM os quais tinham como objetivo unificar padrões do desenho moderno em arquitetura e urbanismo concretizando um movimento de vanguarda. A ideologia surgida neste momento teve como protagonistas e principais integrantes deste movimento o arquiteto franco-suíço Le Corbusier, a artista Hélène de Mandrot e o historiador Sigfried Giedion, entretanto seus resultados ao longo do tempo mostraram-se ineficazes.

Uma das consequências do desenho urbano moderno, a dispersão urbana, traz diversas consequências ao ambiente das cidades, destacadamente pela grande necessidade do uso do automóvel. A mobilidade urbana em espaços planejados e setorizados passa a ser deficiente, pois a setorização das cidades fragmenta-as em setor de trabalho, habitação e lazer potencializando a problemática do transporte, seja ele de forma individual ou coletiva. Nestes casos a falta de opções de locomoção somada às amplas distâncias de deslocamentos agravam ainda mais os problemas urbanos e, portanto, meios de locomoção que favorecem o meio ambiente por não propagarem poluição como a bicicleta ou a simples caminhada se tornam inviáveis para o transporte.

Como solução para esse problema surgiu nas últimas décadas o interesse em projetar comunidades sustentáveis com base nos princípios do Novo Urbanismo. Este movimento, criado por um grupo de urbanistas, surgiu no final do século XX nos Estados Unidos e buscava como prioridade a união entre o morador e o centro urbano sem que houvesse a necessidade de percorrer grandes extensões e com a

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postura de sempre preservar os ambientes de vivência tanto naturais quanto urbanos.

Para que o Novo Urbanismo seja aplicado com maior praticidade, novos bairros ou cidades/bairros podem ser criados seguindo alguns princípios, dentre eles o gerenciamento e planejamento das áreas utilizadas, o walkability, que é a priorização dos pedestres, o desenho urbano inteligente, a mobilidade urbana, as tipologias arquitetônicas, os meios que buscam sustentabilidade, como a gestão de água, gerenciamento de resíduos e gestão de energia, a preservação ambiental, os projetos sociais, entre outros.

Para auxiliar este processo de urbanismo inteligente e sustentável existem os selos de certificação como o Selo Casa Azul da Caixa Econômica Federal, Processo AQUA (Alta Qualidade Ambiental) e LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), sendo estes os mais utilizados no Brasil. Estas certificações fornecem diretrizes de ação e projeto visando orientar e chancelar propostas que atendam ao viés da sustentabilidade e que promovam, por consequência, o bem-estar das cidades e de seus cidadãos. Os selos objetivam ainda criar soluções para minimizar os problemas ecológicos através da utilização da tecnologia para desenvolver materiais e ambientes menos poluentes e que ao mesmo tempo proporcionem um conforto maior ao usuário.

Atualmente existem diversos bairros sendo projetados com o intuito de serem sustentáveis, aplicando, portanto, os princípios do novo urbanismo. Com isso a metodologia desta pesquisa se fundamentou em estudos de caso onde o conceito do Novo Urbanismo foi a base do planejamento. O primeiro caso investigado foi o Bairro Quartier, localizado na cidade de Pelotas no Estado do Rio Grande do Sul, o segundo o Cidade Pedra Branca situado em Palhoça, Santa Catarina e por último, dois casos internacionais, o bairro Vauban de Freiburg na Alemanha e o BedZED situado no Sul de Londres na Inglaterra. Após esta investigação realizou-se uma lista de diretrizes de ação visando a possibilidade de aplicação na cidade de Toledo, localizada no Oeste do Paraná. Estas diretrizes foram elencadas e sugeridas a um bairro já existente da cidade de Toledo, o qual teria a possibilidade de se tornar um bairro sustentável devido às suas características pré-existentes.

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1.1 OBJETIVOS

Os objetivos da pesquisa estão classificados em geral e específicos e visam contemplar os caminhos e ações que serão desenvolvidas pela pesquisa que resultará na proposta de transformação de um bairro da cidade de Toledo/PR, dentro de seus limites potenciais, em um bairro de características sustentáveis.

1.1.1 Objetivo Geral

O objetivo geral do trabalho é realizar o estudo de quatro casos de bairros sustentáveis onde o Novo Urbanismo é utilizado como base para o projeto dos mesmos e, ancorado nestas experiências, desenvolver planilhas com estratégias que cada bairro utilizam para seguir os Princípios do Novo Urbanismo. E, a partir desta ação indicar um bairro existente da cidade de Toledo/PR que possa ser adaptado e transformado com base nestes princípios.

1.1.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos do trabalho são:

a) Investigar temas como a Evolução Urbana, o Urbanismo Moderno, Selos de Certificação de Construções Verdes e o Novo Urbanismo, visando embasar a proposta do trabalho.

b) Estabelecer bairros existentes e/ou projetados, para atuarem na pesquisa como referências para o estudo;

c) Fazer uma análise das estratégias utilizadas pelos bairros em estudo, com base nos preceitos do Novo Urbanismo;

d) Apresentar as informações em forma de planilhas síntese;

e) Relacionar as iniciativas de cada estudo de caso e pontuar as possíveis falhas ou ausências de posturas, sistemas, desenho e outros;

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f) Com base nas planilhas, organizar uma lista de diretrizes que possam ser aplicadas em Toledo/PR;

g) Indicar um bairro já existente da cidade de Toledo que teria a possibilidade de se tornar um bairro sustentável devido às suas características pré-existentes.

1.2 JUSTIFICATIVA

O crescimento desordenado de diversas cidades fez com que as mesmas se expandissem para locais com pouca infraestrutura, dificuldade de alcance das tubulações de água e esgoto e falta de energia elétrica. Este fato fez com que as pessoas recorressem ao planejamento urbano, visando minimizar os problemas existentes. Ação de ordenamento territorial que prevê estratégias de ação e de implantação de posturas, sistemas e demais elementos que conformam o espaço urbano de acordo com a evolução da sociedade.

Como solução para os problemas atuais de segregação espacial surgiu, no séc. XXI, o conceito do Novo Urbanismo que preza pela união entre os moradores e a cidade e graças ao tema “sustentabilidade” essa relação pode acontecer, pois tornando os bairros sustentáveis, faz com que os habitantes do mesmo não necessitem deixá-lo para obtenção de emprego ou mesmo áreas de recreação (SARMENTO, 2003).

Atualmente o assunto está sendo tratado com maior ênfase, fato comprovado pela criação de selos de certificação que visam premiar edificações e outras obras de caráter urbano que presam pela sustentabilidade e preservação do meio ambiente. Existem diversos bairros e construções que já foram premiadas com esse tipo de título, voltado à preservação do meio ambiente, dentre eles o Vauban na Alemanha, BedZED no Reino Unido, Hammarby Sjöstad na Suécia, Eco Viikki na Finlândia, entre outros (SILVA, 2013). Com o passar dos anos essas certificações irão cada vez mais valorizar os empreendimentos, ao passo que o planeta está necessitando da adoção dos critérios exigidos por estes selos visando alcançar maior qualidade urbana.

No entanto nem todos pensam nos bairros como a solução para os problemas apresentados, muitas vezes em decorrência da falta de informações, é

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por isto que esse assunto deve ser explorado e passado a população, para que haja maior conscientização e que em decorrência potencialize a melhoria das cidades como um todo, acarretando em ambientes mais harmoniosos onde ganham todos, desde o meio ambiente até seus usuários.

Assim, este trabalho buscou identificar as estratégias utilizadas pelos bairros definidos como estudos de caso para que estes recebessem a chancela de bairros sustentáveis. Acredita-se que estas estratégias possam servir de base a uma configuração que solucione ou minimize o problema da setorização das cidades ocorrido durante o período do Urbanismo Moderno. Pontuando estas diretrizes tem-se a referência à indicação de um bairro já existente da cidade de Toledo/PR que possa se tornar sustentável, dentro dos limites físicos e espaciais possíveis.

1.3 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

A pesquisa foi concentrada no resgate de contextos e conceitos investigados por meio de estudo de quatro casos de bairros sustentáveis, dois Nacionais e dois Internacionais por meio de pesquisa bibliográfica. Um dos bairros Nacionais é o Quartier localizado em Pelotas no Estado do Rio Grande do Sul e o segundo é o Cidade Pedra Branca em Santa Catarina, na cidade de Palhoça, próxima de Florianópolis. Os bairros Internacionais estudados foram o bairro Vauban de Freiburg na Alemanha e o BedZED situado no Sul de Londres no Reino Unido. A escolha de dois casos Nacionais e dois Internacionais se deu pela diversidade de maneiras de se tratar o tema sustentabilidade, conforme a região, a disponibilidade de materiais e conhecimento local, ofertando assim maior credibilidade a pesquisa.

1.4 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA

Analisando a situação das cidades atualmente se pode perceber que a maioria necessita de ajustes em seu planejamento. Em especial um ajuste ou intervenção no próprio desenho urbano, primeiro passo para que se instale posturas

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sustentáveis. Este redesenho por meio de uma nova postura, aliado a inovações que combinem uso residencial, comercial e de serviços, proporcionará a possibilidade de que a sociedade possa realizar suas ações cotidianas em um só local, sem percorrer grandes distâncias, ou seja, para que as pessoas possam morar, trabalhar e ainda desfrutarem de momentos de lazer em locais próximos uns dos outros.

Dessa forma, com o levantamento dos dados obtidos no estudo dos quatro casos, este trabalho busca saber: quais as estratégias necessárias para garantir que um bairro se torne sustentável? Com a resposta a este questionamento advindo da reflexão sobre cada caso serão levantadas as diretrizes pertinentes à região de Toledo/PR. A partir desta fundamentação parte-se a análise e indicação de um bairro da cidade que possa ser transformado em um bairro semelhante aos bairros em estudo, com base na lista de diretrizes que será criada a partir das estratégias de cada bairro estudado.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

Neste capítulo será tratado o desenvolvimento do Urbanismo a partir do Urbanismo Moderno e o surgimento do conceito do Novo Urbanismo, também será tratado o tema dos selos de certificação que surgiram para auxiliar os princípios do Novo Urbanismo.

2.1 URBANISMO MODERNO

O marco inicial do período “acadêmico” do Movimento Moderno foi a criação dos CIAM, Congrés Internationaux du Architecture Moderne (Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna). Estes eventos foram uma organização de debates sobre o início da ideologia da arquitetura moderna e tinham como objetivo unificar padrões do desenho moderno em arquitetura e urbanismo, concretizando assim um movimento de vanguarda. Os principais integrantes desses congressos foi o arquiteto franco-suíço Le Corbusier, a artista Hélène de Mandrot e o historiador de arte Sigfried Giedion. Entre o período de 1928 até 1956 ocorreram dez congressos internacionais que tiveram diferentes temas (MUMFORD, 2000). No quadro 1 são apresentados os encontros e seus respectivos temas:

Encontros Anos Locais Temas

CIAM I 1928 La Sarraz, Suíça Fundação dos CIAM CIAM II 1929 Frankfurt, Alemanha Unidade mínima de habitação CIAM III 1930 Bruxelas, Bélgica Desenvolvimento racional do lote CIAM IV 1933 Atenas, Grécia A cidade funcional

CIAM V 1937 Paris, França Moradia e recreação CIAM VI 1947 Bridgewater, Inglaterra Podem nossas cidades sobreviver? CIAM VII 1949 Bérgamo, Itália Sobre a cultura arquitetônica CIAM VIII 1951 Hoddesdon, Inglaterra O coração da cidade

CIAM IX 1953 Aix-em-Provence, França A carta da habitação CIAM X 1956 Dubrovnik, Iugoslávia Team X

Quadro 1 – Encontros dos CIAM e temas principais Fonte: MUMFORD, 2000.

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Quem teve maior influência na criação dos CIAM foi Hélène de Mandrot que se reuniu com nomes de importância na arquitetura e propôs o projeto que foi materializado após uma consulta com Giedion e Le Corbusier (MUMFORD, 2000).

O CIAM I teve como presidente Karl Moser e neste congresso foi proposto o estudo dos temas do urbanismo desde o zoneamento da área urbana às inovações da produção industrial (Figura 1). Tinha como política o uso coletivo do solo, definindo como principais práticas urbanas, a habitação, o trabalho e o lazer (MUMFORD, 2000).

Figura 1 - Primeira Reunião dos CIAM em 1928 Fonte: ROSA, 2011.

No CIAM II, dirigido por Ernst May, chefe do departamento de habitação, planejamento e construção, foi feita a proposta da habitação mínima, que era voltada para moradores de pouco poder aquisitivo, e uma solução econômica e eficiente foi a criação de habitações utilizando lajes pré-fabricadas (MUMFORD, 2000).

Em 1930 em Bruxelas na Bélgica e liderado por Victor Bourgeois, acontecia o terceiro CIAM o qual abordou o problema com a aquisição de terras utilizadas para construção e já propunha, através da publicação de Walter Gropius, que edifícios baixos deveriam se situar nas zonas periféricas da cidade enquanto os de maior altura em zonas de alta densidade. Esta proposta marca o início das ações de dispersão urbana (MUMFORD, 2000).

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Portanto, a primeira fase dos CIAM foi composta pelo primeiro, segundo e terceiro encontro, estes foram voltados para discussão da habitação mínima e pesquisa da racionalização da construção sendo os mais dogmáticos e voltados a busca pela otimização de disposições arquitetônicas e escolha de métodos construtivos e materiais mais eficientes (FRAMPTON, 1986, apud MAYUMI, 2005).

O quarto e mais importante Congresso Internacional de Arquitetura Moderna ocorreu a bordo do transatlântico Patris, que transitava pelo Mar Mediterrâneo entre Marselha e Atenas, e foi liderado por Le Corbusier juntamente com Josep Luis Sert e Sigfried Giedion. Com o decorrer da trajetória do navio, foi redigida a “Carta de Atenas” que apontou soluções para corrigir problemas urbanos, transformando cidades superlotadas em cidades modernas, ou seja cidades funcionais, tendo como principais preocupações a habitação, o trabalho, o lazer, a circulação e a preservação histórica (MUMFORD, 2000).

No CIAM V, além do líder, o tema também permaneceu o mesmo, porém este congresso teve enfoque na habitação e no lazer, onde Le Corbusier almejava que seu conceito de urbanismo para cada função específica fosse reconhecido (MUMFORD, 2000).

Com isso a segunda fase dos CIAM foi marcada pelos congressos IV e V, ambos concentrados na questão urbanística, diferentemente dos encontros anteriores que foram marcados pela análise da unidade habitacional, e seu momento mais importante foi a criação da Carta de Atenas (FRAMPTON, 1986, apud MAYUMI, 2005).

Chandigarh, capital dos Estados do Punjabe e de Haryana, na Índia, por Le Corbusier e Brasília, capital federal do Brasil e a sede do governo do Distrito Federal, por Lúcio Costa são exemplos de cidades projetadas inteiramente utilizando os princípios da Carta de Atenas: a setorização urbana (ANDREOTTI, 2012).

A Carta de Atenas tratava da cidade como um conjunto social, econômico e político que constitui determinada região, acompanhado da preocupação individual e coletiva das pessoas, organizada por categorias funcionais: habitação, lazer, trabalho, circulação e patrimônio histórico. Esta propunha um modelo urbano composto por grandes blocos habitacionais distanciados uns dos outros e conectados pelas vias de circulação de veículos (FRAMPTON, 1986, apud MAYUMI, 2005).

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Com isso a Carta tem como principais assuntos debatidos o planejamento regional e urbano, a implantação do zoneamento, através da divisão dos diferentes usos do solo, a subordinação da propriedade privada da área urbana para interesses coletivos, a industrialização dos componentes, a verticalização das edificações localizadas em áreas verdes e a padronização das construções (LE CORBUSIER, 1989).

Portanto, com base na Carta de Atenas os bairros e comunidades residenciais deviam se situar nas melhores localidades da cidade levando em conta o clima predominante, a insolação no local, as áreas destinadas a prática de esportes. Previa também o controle das densidades urbanas conforme as características das habitações do lugar. Sendo assim a Carta de Atenas traz uma ideia de edifícios isolados, com espaços entre eles, destinados ao lazer e outras atividades, como escolas, hospitais, entre outros, obrigando a cidade a possuir grandes malhas viárias para interligar esses locais (LE CORBUSIER, 1989).

Após a Segunda Guerra Mundial foi realizado o CIAM VI com apoio de um grupo de pesquisa arquitetônica moderna chamado MARS. Neste congresso a meta era reafirmar os objetivos dos CIAM, pois observou-se um declínio na sua execução.

O sétimo Congresso tratou de questões básicas como por exemplo a formação nas escolas de arquitetura, reformas da legislação construtiva e também a relação entre a arquitetura e as demais artes plásticas (MUMFORD, 2000).

Em 1951 o CIAM VIII foi realizado e com ele novas tendências surgiram, como a necessidade de um centro ou núcleo para cada área ou bairro da cidade, onde a comunidade urbana poderia estabelecer áreas de comércio, oficializando o fracasso da Carta de Atenas e sua proposta funcionalista (LE CORBUSIER, 1976).

Dois anos após o CIAM VIII acontecia o CIAM IX, com o tema habitat, este que foi marcado pelas primeiras críticas aos projetos realizados desde o início dos CIAM, feitas pelo então criado, Team 10, grupo de arquitetos jovens que faziam críticas à postura dos CIAM. Estes atores cobravam a criação e investigação do conceito de identidade urbana no sentido da inter-relação social no espaço das cidades (BARONE, 2002).

Já o CIAM X, que foi o último Congresso realizado, teve o mesmo tema do CIAM IX, foi organizado pelo Team 10 e tinha como finalidade criticar os princípios da Carta de Atenas, além da ruptura e dispersão final dos CIAM. Eles também propuseram ideias como modelo de associação e de vizinhança, para que fosse

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reforçado o conceito de identidade, já cobrado anteriormente no CIAM IX (BARONE, 2002).

O fim dos CIAM aconteceu em Otterlo, Holanda, em 1959, no chamado Congresso da Dissolução, que alguns consideravam um CIAM e outros um congresso do Team 10. Essa reunião foi realizada no Museu Kroller-Muller e foi marcada por sérios confrontos entre arquitetos contemporâneos, demonstrando o desacordo sobre o significado de conceitos básicos (BARONE, 2002).

Sendo assim, a terceira fase dos CIAM abrangeu os cinco últimos encontros, sendo esta, caracterizada pela presença de arquitetos da nova geração em conjunto da insatisfação apresentada por eles em relação ao modelo urbanístico funcionalista, onde é questionada sua eficácia. Essa fase também é marcada pela proposta de novas ideias e projetos, feita pela nova geração de arquitetos objetivando o rompimento do modelo racionalista, resultando no fim dos CIAM (MAYUMI, 2005).

Os CIAM forneceram ao mundo ideias de arquitetura moderna e planejamento, porém os resultados de trinta anos de atividade internacional foram ineficazes. A segunda metade do século XX foi, então, marcada pela expansão convencional também denominada dispersão urbana, decorrente do aumento em grande escala da população mundial, causando a separação do uso do solo e gerando enorme dependência do uso dos automóveis como meio de transporte (ROMANINI, 2013).

Com o passar dos anos o automóvel foi se tornando cada vez mais acessível e com isso diminuiu a utilização do transporte público e também do uso da bicicleta e até mesmo o andar/caminhar, permitindo que as pessoas residissem mais distantes de seus empregos, resultando em cidades mais dispersas. Outro fator que influenciou na dispersão das cidades foi que com o aumento do número de indústrias, pessoas que anteriormente moravam nas redondezas, trabalhando com o meio rural, foram para cidade a procura de emprego e procuravam lugares mais tranquilos para morar, consequentemente se situavam nas regiões periféricas da cidade (KEELER, 2010).

A dispersão urbana traz diversas consequências ambientais, dentre elas a presença de substâncias químicas provenientes de indústrias, zonas rurais sendo ocupadas rapidamente, habitats de espécies selvagens sendo devastados para construção e novas moradias, liberação de CO2 na atmosfera, pelo fato de que o

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uso do automóvel se torna inevitável, ao passo que as habitações estão localizadas distantes dos locais de trabalho, entre outras (KEELER, 2010).

Em respostas ao aumento das preocupações com o meio ambiente e também ao crescimento inviável das cidades com comunidades sendo construídas unicamente com o objetivo de abrigar mais moradores, tornando-as cidades-dormitórios, surgiu nas últimas décadas o interesse em desenvolver comunidades sustentáveis estas projetadas com base nos princípios do Novo Urbanismo, que surgiu no final do século XX (KEELER, 2010).

2.2 NOVO URBANISMO

Após o período dominado pelos ideais modernistas a maioria das cidades, moldadas pelo ideal da setorização urbana, passou a sofrer as consequências destas proposições. A fragmentação do espaço urbano aliada ao aumento demográfico e, consequentemente o crescimento das cidades fez com que surgissem áreas afastadas dos grandes centros, as quais se denominam periferias. Este processo acarreta uma ampliação desordenada e sem planejamento das cidades, formando o que os pesquisadores chamam de urbanização dispersa. Nestes espaços, além da falta de infraestrutura como rede de água, esgoto e iluminação pública os moradores precisam percorrer grandes distâncias para trabalhar ou exercer qualquer outra atividade do dia a dia (ROMANINI, 2013).

O surgimento das periferias acarretou em diversas patologias urbanas, dentre elas a falta de transporte público a todos os moradores advindos de fora dos centros urbanos, áreas centrais de grande congestionamento principalmente nas horas de pico, devido ao grande fluxo de veículos, além da falta de espaços públicos, isto é, espaços onde a população possa conviver, como por exemplo, parques e outros tipos de áreas de lazer acessíveis a grande parte da população (ROMANINI, 2013).

Visando amenizar estes problemas surge em meados do século XX nos Estados Unidos o conceito do Novo Urbanismo, que pode ser entendido como medida da reestruturação de espaços, responsável pelo início de um novo regime urbano, que tem como características a reestruturação entre a produção econômica,

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a reprodução social e a governação política (SARMENTO, 2003). Decorrente de um grupo americano de urbanistas que tinham diversas estratégias em mente sendo a principal delas a busca pela união do morador com o centro urbano sem que este necessite percorrer distâncias consideráveis. Os principais fundadores dessa escola são o Arquiteto Andres Duany e a Arquiteta Elizabeth Plater-Zyberk. Além de reduzir as distâncias a serem percorridas outro propósito era a preservação dos ambientes de vivência, tanto natural como urbano (ROMANINI, 2013).

Assim, tendo como foco principal a eficiência da mobilidade urbana, objetivava-se proporcionar a conexão entre os núcleos adensados em rede. Com esta ação se promoveria a maior eficiência nos meios de transporte públicos e também uma nova proposta de desenho urbano que fomentasse novas formas de mobilidade como a caminhada e o ciclismo. Agregada a estas propostas o carro deveria sofrer adaptações visando um design compacto, uso compartilhado e novas tecnologias em relação aos combustíveis (LEITE, 2012). Outra preocupação decorrente do Novo Urbanismo é com relação ao espaço urbanizável, onde quanto mais denso o mesmo for, menores as distâncias a serem percorridas pelos moradores, ou seja, uma das soluções para o uso do transporte individual é diminuir a área urbanizada (FERNANDES, 2007). Além de contribuir com o meio ambiente, reduzindo a emissão de gases provenientes do uso do automóvel, a compactação das cidades contribui também com a redução dos consumos de energia e também de gastos com infraestrutura em regiões que ainda não a possuíam e ainda protege áreas de preservação e ambientes naturais que seriam ocupadas. Em casos onde é inevitável a expansão das áreas urbanas, o correto é fazer uma previsão, para dez anos, da área a ser urbanizada para que esta seja estudada e devidamente utilizada (FERNANDES, 2007).

Além da redução do espaço urbano a reciclagem e a reutilização de locais desativados e inutilizados também é uma ação que visa tornar as cidades sustentáveis, pois existem muitos lugares com edificações comprometidas e abandonadas que podem ser utilizadas para algum fim, como por exemplo a construção da High Line em Manhattan, Nova York, um parque suspenso destinado ao lazer para moradores e turistas da cidade, construído na antiga linha de trem que por ali passava e que não era mais utilizada, conforme a Figura 2 (MAQUIAVELI, 2012).

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Figura 2 - High Line em Manhattan Fonte: CONEXÃO MUNDO, 2015.

Com a união dessas propostas, o novo urbanismo tem como objetivo principal reorganizar as cidades ou ainda criar novas cidades ou bairros de modo que atenda todas as necessidades humanas sem que prejudique o ambiente natural, transformando as grandes periferias em bairros sustentáveis, ou seja, locais que detenham uma mescla de atividades em um mesmo espaço, onde residir, trabalhar e recrear possam ser ações contíguas (ROMANINI, 2013).

Sendo assim, segundo Douglas Farr (2013), A carta do Novo Urbanismo traz os seguintes argumentos:

“O Congresso para o Novo Urbanismo considera a falta

de investimento em cidades centrais, a difusão da urbanização dispersa e sem caráter, o aumento da segregação de raças e classes sociais, a deterioração do meio ambiente, a perda de terras agrícolas e de áreas silvestres e a erosão da herança construída da sociedade como um só desafio de comunidade e construção relacionadas entre si” (FARR, 2013, pág 18).

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Para que o novo urbanismo seja aplicado com maior praticidade, podem ser projetados novos bairros, também denominados bairro/cidades (ROMANINI, 2013). Assim, ao passo que o novo urbanismo foi criado para melhorar a qualidade de vida das pessoas existem diversos princípios que são seguidos pelo mesmo, os quais estão apresentados abaixo, conforme a Figura 3:

• Gerenciamento e planejamento da área a ser construída. • Walkability;

• Desenho urbano com design inteligente; • Mobilidade urbana; • Tipologias arquitetônicas; • Gestão de água; • Gerenciamento de resíduos; • Gestão de energia; • Preservação ambiental;

• Projetos sociais (ROMANINI, 2013).

Figura 3 - Estratégias de sustentabilidade Fonte: NEW URBANISM, 2015.

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Estes princípios serão abordados com mais detalhes no item 2.3 deste trabalho. Porém, destaca-se a importância de se atender a estas premissas visando a materialização de um espaço urbano equilibrado ambiental, social e economicamente.

Destaca-se que a sustentabilidade não se detém somente à temas voltados ao transporte, eficiência energética e preservação ambiental, mas também do viés financeiro, pois a necessidade de encurtar as distâncias, ou criar um meio mais eficiente com relação a energia, não quer dizer que poderá ser gasto qualquer valor, e sim, deve-se também levar em conta a sustentabilidade financeira. Porém, neste trabalho o foco não será a questão econômica, ou o porte do investimento necessário para que um bairro se torne sustentável. O objetivo é elencar as estratégias e diretrizes de ação que moldem um bairro sustentável. A questão específica sobre o investimento necessário poderá ser uma nova pesquisa a partir dos apontamentos que iremos gerar.

2.3 SELOS DE CERTIFICAÇÃO

Diante da atual crise ambiental e urbana, um dos temas mais discutidos no âmbito da construção civil são as construções sustentáveis. Esta temática visa criar soluções para minimizar os problemas ecológicos através da utilização da tecnologia para desenvolver materiais menos poluentes e que ao mesmo tempo proporcionem um conforto maior ao usuário (VALENTE, 2013).

A construção civil é responsável por gerar muitos resíduos advindos de demolição, como também por emitir grande quantidade de gases que majoram o efeito estufa através de maquinários pesados. Em contraposição, a função da construção sustentável é mudar esse histórico por meio do emprego de materiais recicláveis, tecnologias que economizem água e que reduzam os gastos com energia. Sendo assim, surge uma nova postura perante o ambiente construído (VALENTE, 2013).

Com o aparecimento do termo construção sustentável e a adoção de uma nova postura ética foi criado o U.S. Green Building Council (USGBC), em Washington D.C. em 1993, por David Gottfried, Richard Fedrizzi, Michael Italiano,

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três profissionais do setor imobiliário. Juntamente com o USGBC foram estabelecidas normas para edificações sustentáveis, e com isso surgiu o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) responsável por certificar as obras que possuem os requisitos necessários para serem sustentáveis (FARR, 2013).

Além da certificação LEED surgiram também outros mecanismos de certificação de obras de caráter sustentável. Existem aproximadamente 340 selos segundo dados do WRI (World Resources Institute), dentre eles os mais encontrados no Brasil são o Selo Casa Azul da Caixa, o Processo AQUA (Alta Qualidade Ambiental) e a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design). Cada certificação possui suas especificações e o método de como obtê-las, porém, todas elas partem de uma análise minuciosa do processo da obra, do projeto à execução e posterior uso cotidiano (VALENTE, 2013).

O objetivo das certificações é conscientizar todas as pessoas que participam do processo de construção desde o projeto até o acabamento da obra, utilizando métodos que façam com que ocorra a redução da exploração de recursos naturais, garantindo o conforto de quem irá utilizá-la, sendo os principais aqueles que conservam água e energia, e que reduzem a emissão de gases poluentes (VALENTE, 2013).

Para a empresa que recebe algum tipo de certificação existem diversas vantagens, dentre elas a abertura de novos mercados, aumento da credibilidade, a redução de acidentes ambientais e a consequente diminuição com os custos decorrentes da mesma, redução na utilização de recursos naturais e também nos custos com mão de obra qualificada. Em vista disso o meio ambiente se beneficiará com a conservação de recursos naturais e redução da poluição (VALENTE, 2013).

2.3.1 Selo Casa Azul da Caixa

O Brasil possui um alto déficit habitacional e com isso o governo adota como solução, a construção de conjuntos habitacionais, tanto edifícios quanto residências unifamiliares voltadas para pessoas com pequeno poder aquisitivo (SILVA e

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A Caixa Econômica Federal possui o seu selo de sustentabilidade, denominado Selo Casa Azul da Caixa (Figura 4), este é destinado para empreendimentos residenciais financiados pela própria empresa. A finalidade é estimular o uso racional de recursos naturais, amortizar o custo de manutenção das edificações e as despesas mensais dos usuários, além da conscientização dos benefícios das construções sustentáveis. O selo exige que a construção seja aprovada a partir da análise de 53 critérios, dentre estes critérios existem itens obrigatórios e de livre escolha, nas seis categorias designadas apresentadas no quadro 2 (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, 2010):

Categorias:

Qualidade Urbana Projeto e Conforto Eficiência Energética Conservação de Recursos Minerais

Gestão de Água Práticas Sociais

Quadro 2 – Categorias do Selo Casa Azul Fonte: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, 2010.

Figura 4 - Selo Casa Azul da Caixa

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Os níveis de gradação que podem ser alcançados são: Bronze, que exige todos os critérios obrigatórios, Prata exigindo todos os 19 critérios obrigatórios e mais seis critérios de livre escolha e o mais almejado é a gradação Ouro que exige todos os critérios obrigatórios e mais dose critérios de livre escolha para ser alcançada (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, 2010).

Além da exigência das gradações com relação aos critérios, a gradação “bronze” do selo apenas será concedida para os empreendimentos cujo valor da habitação não extrapolar os extremos apresentados pelo Quadro 3.

Localidades Valor de Avaliação da unidade

habitacional

Distrito Federal - Cidades de São Paulo e Rio de Janeiro - Municípios com população igual ou superior

a 1 milhão de habitantes integrantes das regiões metropolitanas dos Estados de São Paulo e Rio de

Janeiro

Até R$ 130.000,00

Municípios com população igual ou superior a 250 mil habitantes - Região Integrada do Distrito Federal e

Entorno – RIDE/DF nas demais regiões - Metropolitanas e nos municípios em situação de conurbação com as capitais estaduais (exceto Rio de

Janeiro e São Paulo)

Até R$ 100.000,00

Demais Municípios Até R$ 80.000,00

Quadro 3 - Limites de Avaliação para o Selo nível bronze Fonte: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, 2010.

São exemplos de obras já certificadas pelo selo Casa Azul da Caixa: Condomínios Guaratinguetá, em Santo André, São Paulo, Complexo Paraisópolis localizado na capital de São Paulo, o Residencial Bonelli em Joinville, em Santa Catarina, dentre outros (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, 2010).

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2.3.2 Processo AQUA (Alta Qualidade Ambiental)

O Processo AQUA (Figura 5) foi publicado em 2007 no Brasil e é um Processo de Gestão Total do Projeto para obter a comprovação da Alta Qualidade Ambiental do Empreendimento de Construção avaliado, e é baseado no sistema francês HQE (Haute Qualité Environnementale). Esta certificação é concedida pela Fundação Vanzolini, com base em auditorias presenciais independentes. Desta maneira, ser certificado pelo Processo AQUA comprova, de forma evidente, a Alta Qualidade Ambiental do Empreendimento, provada por meio de auditorias independentes (GRÜNBERG, 2014).

Figura 5 - Processo AQUA Fonte: HILGENBERG, 2010.

O Processo AQUA é composto por 14 categorias ou conjunto de preocupações, agrupadas em quatro famílias (Quadro 4). Para garantir a certificação, o desempenho de cada categoria é estudado obtendo um dos níveis de conceituação: Bom, Superior ou Excelente (FUNDAÇÃO VANZOLINI, 2010).

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Famílias Categorias

Eco-Construção

Relação do edifício com o entorno

Escolha integrada de produtos, sistemas e processos construtivos Canteiro de obras com baixo impacto ambiental

Eco-Gestão

Gestão de energia Gestão de água

Gestão dos resíduos de uso e ocupação do edifício Manutenção - permanência do desempenho ambiental

Conforto Conforto Higrotérmico Conforto acústico Conforto visual Conforto olfativo Saúde

Qualidade sanitária dos ambientes Qualidade sanitária do ar Qualidade sanitária da água

Quadro 4 – Categorias do Processo AQUA Fonte: FUNDAÇÃO VANZOLINI, 2010.

Para que o empreendedor tenha sucesso na obtenção do selo a construção deve estabelecer o controle do projeto do início ao fim, ou seja, em todas as fases, usualmente dividida entre a programação, a concepção do projeto, a realização da obra e a operação depois de concluída (GRÜNBERG, 2014).

A certificação é concedida ao final de cada etapa, mediante verificação de atendimento ao Referencial Técnico (GRÜNBERG, 2014).

O Referencial Técnico do Processo AQUA contém os requisitos para o Sistema de Gestão do Empreendimento (SGE), estes que exigem o comprometimento com o perfil de Qualidade Ambiental do Edifício ao longo do empreendimento. Portanto, como são exigidos pelo SGE o selo possui também os critérios de desempenho nas categorias da Qualidade Ambiental do Edifício (QAE), tais quais abordam a eco construção, a eco gestão e o conforto para o usuário (GRÜNBERG, 2014).

A primeira obra certificada com o selo AQUA foi um edifício de comércio varejista chamado Leroy Merlin em Niterói, no Rio de Janeiro. Além deste a Escola Superior de Sustentabilidade – ESCAS Campus Natura, da Fundação IPÊ também já foi premiada, entre outros edifícios (HILGENBERG, 2010).

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2.3.3 Certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design)

A certificação LEED (Figura 5) é uma certificação Internacional, criada em 1993 pelo United States Green Building Concil (USGBC), mas que no Brasil foi designada pelo Green Building Council Brasil, criado em 2007, e que é uma organização não governamental e um dos membros do World Green Building Council, entidade reguladora e incentivadora da criação de Conselhos Nacionais. O GBC Brasil surgiu para auxiliar no desenvolvimento da construção sustentável no País, utilizando métodos construtivos inovadores, presando o incentivo ao uso de práticas de Green Building (LEITE, 2011).

Com os diversos problemas que o planeta enfrenta como a escassez de recursos e as mudanças climáticas, as edificações com certificações estão sendo cada vez mais procuradas e, portanto, quem possui a tal certificação, tem possibilidade de fazer um grande negócio, já que o GBC divulga o que é necessário para obtenção do selo e ao final do processo de construção o resultado é qualidade de vida sem afetar o meio ambiente e sem acarretar maiores problemas ao planeta (LEITE, 2011).

O LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) é o selo mais reconhecido internacionalmente e também o mais utilizado no Brasil e no mundo. Essa certificação tem diversos níveis de acordo com o desempenho e consequentemente em virtude da pontuação obtida pela edificação, conforme os itens obrigatórios e classificatórios analisados, podendo ser classificada em Certified(Certificado), Silver(Prata), Gold(Ouro) ou Platinum(Platina) (LEITE, 2011).

Além da classificação já mencionada, o GBC Brasil disponibiliza uma gama de tipos de certificação LEED, estes apresentados no quadro abaixo:

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Tipos

LEED NC - New Construction & Major Renovation (LEED para Novas construções e Grandes Reformas) LEED EB OM - Existing Buildings - Operation and Maintance

(LEED para Edifícios Existentes - Operação e Manutenção) LEED CI - for Commercial Interiors (LEED para Interiores Comerciais)

LEED CS - Core & Shell (LEED para Envoltória e Estrutura Principal) LEED Retail (LEED para Lojas de Varejo)

LEED for schools (LEED para Escolas) LEED ND - for Neighborhood Development

(LEED para Desenvolvimento de Bairros) LEED HC - for Healthcare (LEED para Hospitais)

Quadro 5 - Tipos de certificação LEED Fonte: GBC BRASIL, 2015.

O LEED New Construction & Major Renovation (LEED para Novas construções e Grandes Reformas) é destinado a edifícios que serão executados, ou que irão passar por reformas que passem a incluir o sistema de ar condicionado, envoltória e realocação (GBC BRASIL).

O LEED Existing Buildings - Operation and Maintance (LEED para Edifícios Existentes - Operação e Manutenção) foca na eficiência das operações e manutenções de edificações existentes, ajudando a aumentar a eficiência da operação e minimizando custos e reduzindo os impactos ambientais (GBC BRASIL). O LEED for Commercial Interiors (LEED para Interiores Comerciais) reconhece escritórios de alta performance, com espaços internos mais benéficos a saúde, portanto, ajudam no desempenho dos usuários, e ainda, possuem pouco índice de operações de manutenção e geram poucos impactos ao meio ambiente (GBC BRASIL).

O LEED Core & Shell (LEED para Envoltória e Estrutura Principal) certifica edifícios que irão comercializar os ambientes internos. A certificação leva em conta toda estrutura de elevadores, caixa de escada, sistemas de ar condicionado e toda área comum (GBC BRASIL).

O LEED Retail (LEED para Lojas de Varejo) é destinado às lojas de varejo, auxiliando na diminuição da pegada ecológica da edificação, e possui duas opções de certificação: LEED for Retail NC - LEED para Novas Construções ou Grandes Reformas em Lojas de Varejo e LEED for CI - LEED para Interiores Comerciais, quando a loja está localizada dentro de um edifício (GBC BRASIL).

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O LEED for Schools (LEED para Escolas) gera ambientes com mais conforto e saúde para seus usuários, favorecendo o desempenho dos alunos e docentes que utilizam o local. Além disso, esse tipo de certificação diminui as operações e manutenções da edificação e permite que atividades escolares sejam realizadas dentro da sala de aula (GBC BRASIL).

LEED for Neighborhood Development (LEED para Desenvolvimento de Bairros) associa princípios de planejamento urbano do crescimento das cidades, urbanismo sustentável, design inteligente, green buildings (edificações verdes), utilizando diversos tipos de edifícios e integração entre os usos do solo. Esta certificação também incentiva o transporte público, utilização da bicicleta e andar a pé, e criação de áreas de recreação e integração entre a população, e, portanto, engloba vias de tráfego, residências, escritórios, galerias, lojas e shoppings, mercados e áreas públicas de interação (GBC BRASIL).

O LEED for Healthcare (LEED para Hospitais) trata de tudo o que é necessário em um hospital, diferentemente das edificações comerciais. Com a melhora dos ambientes dos hospitais os pacientes e funcionários do mesmo tendem a se sentir mais confortáveis auxiliando na recuperação dos pacientes e no desempenho dos funcionários (GBC BRASIL).

Para se enquadrar de acordo com o desempenho é feita uma comparação da performance ambiental entre um edifício e também pela soma da pontuação em função do impacto ambiental e da saúde humana, sendo a eficiência energética e diminuição de emissão de CO2 são quesitos considerados de maior importância neste sistema de avaliação, que tem variação entre 1 e 110, segundo o novo standard LEEDv3 em vigor desde 2009 (LEITE, 2011).

No quadro 6 estão apresentados os critérios de avaliações do LEED e as estratégias de ação pertinentes.

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Critérios de avaliação do LEED

Critério Como

Sustainable sites - SS (Espaço Sustentável)

Encoraja estratégias que minimizam o impacto no ecossistema durante a implantação da edificação e aborda questões

fundamentais de grandes centros urbanos, como redução do uso do carro e das ilhas de

calor;

Water efficiency - WE (Eficiência do uso da água)

Promove inovações para o uso racional da água, com foco na redução do consumo de água potável e alternativas de tratamento e

reuso dos recursos;

Energy & atmosphere – EA (Energia e Atmosfera)

Promove eficiência energética nas edificações por meio de estratégias simples e inovadoras, como por exemplo simulações energéticas, medições, comissionamento de

sistemas e utilização de equipamentos e sistemas eficientes;

Materials & resources - MR (Materiais e Recursos)

Encoraja o uso de materiais de baixo impacto ambiental (reciclados, regionais, recicláveis, de reuso, etc.) e reduz a geração

de resíduos, além de promover o descarte consciente, desviando o volume de resíduos

gerados dos aterros sanitários;

Indoor environmental quality – IEQ (Qualidade ambiental interna)

Promove a qualidade ambiental interna do ar, essencial para ambientes com alta permanência de pessoas, com foco na escolha de materiais com baixa emissão de

compostos orgânicos voláteis, controlabilidade de sistemas, conforto térmico e priorização de espaços com vista

externa e luz natural;

Innovation in design or innovation in operations - ID (Inovação e Processos)

Incentiva a busca de conhecimento sobre Green Buildings, assim como, a criação de

medidas projetuais não descritas nas categorias do LEED. Pontos de desempenho

exemplar estão habilitados para esta categoria;

Regional priority credits - RPC (Créditos de Prioridade Regional)

Incentiva os créditos definidos como prioridade regional para cada país, de acordo

com as diferenças ambientais, sociais e econômicas existentes em cada local. Quatro

pontos estão disponíveis para esta categoria

Quadro 6 – Critérios de avaliação do LEED Fonte: GBC BRASIL, 2015.

Na Figura 6 abaixo são mostrados os quatro níveis e a pontuação necessária para se enquadrar em cada um:

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Figura 6 - Pontuação necessária para receber premiação Fonte: PVT LAND COMPANY, 2015.

Portanto, para obter a certificação no nível máximo é necessária a obtenção de mais de 80 pontos, sendo a pontuação máxima 110 pontos.

Para obter certificações as obras precisam estar de acordo com os critérios estabelecidos por cada selo, estes que normalmente seguem os princípios do novo urbanismo. Com isso no próximo item esses princípios serão tratados de forma particular.

2.4 ESTRATÉGIAS DE AÇÃO PARA TORNAR UM BAIRRO SUSTENTÁVEL

Segundo Douglas Farr (2013), em 1996 foi colocado em pauta por Harriet Tregoning, Diretora de Empreendimento Urbano, Comunidade e Meio Ambiente na Agência de Proteção Ambiental dos Estados unidos, a criação de dez princípios do crescimento urbano inteligente, que são (FARR, 2013):

· Criar oportunidades e escolhas de habitação; · Criar bairros estimulando a caminhada; · Estimular a colaboração da comunidade;

· Promover lugares diferentes e interessantes com um forte senso de lugar; · Fazer decisões de urbanização previsíveis, justas e econômicas;

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· Preservar espaços abertos, áreas rurais e ambientes em situação crítica; · Proporcionar uma variedade de escolhas de transporte;

· Reforçar e direcionar a urbanização para as comunidades existentes; · Tirar proveito do projeto de construções compactas.

Com o passar dos anos a tecnologia avançou, novas técnicas foram criadas e as que existiam foram aprimoradas para atingir o principal objetivo que é alcançar o ideal de sustentabilidade. Portanto, para um bairro ser sustentável é necessário que ele disponha dos itens a seguir:

2.4.1 Gerenciamento da área a ser construída

Se a criação do bairro/cidade for iniciada da estaca zero, sem que seja feita a reforma de certa área de uma cidade já existente, deve-se tomar cuidado com a área a ser construída, como o estudo feito para encontrar uma área adequada para a implantação do Bairro Quartier em Pelotas/RS (Figura 7).

Figura 7 - Área ocupada pelo Bairro Quartier Fonte: Quartier, 2013.

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As principais considerações a serem levadas em conta no momento em que está se pensando na área ocupada pelo novo bairro é se os moradores terão fácil acesso às outras regiões da cidade e procurar áreas que não necessitem de desmatamento para sua construção, pois isso faz com que haja a interferência no habitat natural de diversas espécies. Portanto, é necessário buscar um local que irá trazer benefícios para as pessoas sem prejudicar espécies que já habitam o local (ROMANINI, 2013).

Antes que o empreendimento seja realizado é pertinente que se faça uma pesquisa junto aos moradores do entorno, para conhecer as possíveis críticas ao novo bairro. Soma-se a esta preocupação com a comunidade local outros fatores que influenciam na escolha da posição das edificações, como por exemplo: os ventos predominantes da região, a radiação solar, chuvas, temperatura e a umidade do ar, afetando diretamente o conforto térmico das pessoas que as habitam (MORAES, 2013).

2.4.2 Walkability

Esse termo consiste na priorização dos pedestres, ou seja, desenvolver alternativas para que as pessoas possam se locomover a pé, sem que necessitem de meios de transporte que, em sua grande maioria, poluem a atmosfera. Um exemplo desta situação é ilustrado pela Figura 8 que destaca além do exercício de caminhada a pé o uso da bicicleta como meio de locomoção.

Figura 8 - Walkability Fonte: HOUSELOGIC, 2015.

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Para que isso ocorra é necessário aprimorar os passeios, dando condições de tráfego com segurança e sem que condições climáticas adversas interfiram nesse meio (ROMANINI, 2013). Destaca-se na imagem a ausência de conflitos entre pedestres e automóveis, fato tão corriqueiro nas cidades atuais e que inibem a prática do Walkability.

2.4.3 Desenho Urbano e Design Inteligente

É um dos principais princípios a serem seguidos pelo novo urbanismo, pois consiste no projeto de diversidade urbana contando ao mesmo tempo com ambientes de trabalho, de lazer e de moradia, todos próximos um do outro, como ilustrado na maquete eletrônica do Bairro Quartier (Figuras 9 e 10). Esta configuração evita grandes deslocamentos e, portanto, contribuindo com o princípio do Walkability. Além de mesclar os ambientes este princípio visa também projetar moradias diversificadas em um mesmo local, fazendo com que haja a interação entre diferentes classes sociais, criando laços entre a vizinhança, mesmo que cada morador não possua o mesmo poder aquisitivo (ROMANINI, 2013).

Figura 9 - Uso misto das edificações Fonte: ARKIZ, 2014.

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Figura 10 - Áreas internas aos blocos Fonte: ARKIZ, 2014.

2.4.4 Mobilidade Urbana

A mobilidade urbana é uma das principais características que são levadas em conta na escolha do local para residir. Portanto, é necessário que o bairro projetado não tenha dependência por locais que estejam muito distantes do mesmo. (MORAES, 2013).

Consiste na conectividade entre as regiões da cidade, através de transporte público, que além do ônibus pode ser usado o tram (metrô de superfície), um dos meios utilizados no Bairro Vauban, conforme ilustra a figura 11, e outros tipos de meios de locomoção, priorizando a diversificação das vias, isto é, projetando com largura adequada para que veículos pesados possam ter sua própria via, não interferindo no fluxo e consequentemente não gerando congestionamentos, acarretando em conforto e praticidade para quem necessita percorrer distâncias maiores (ROMANINI, 2013).

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Figura 11 - Tram (metrô de superfície) Fonte: As boas novas, 2014.

Além do incentivo ao uso do transporte público, é primordial que existam ciclovias para que as pessoas se sintam seguras de estarem utilizando esse meio de locomoção, que além de gerar benefícios para saúde, reduz a emissão de gases poluentes. Além das ciclovias, a implantação de bicicletários com mais segurança deixam as pessoas mais confiantes e dispostas a usarem esse meio de transporte (MORAES, 2013).

Enfim, podem ser adotadas diversas medidas para melhorar a mobilidade nos centros urbanos, porém também é necessária a sinalização adequada das vias e colocação de itinerários de ônibus nos pontos de embarque e desembarque, afim de aumentar o conforto de que utiliza o transporte público, para que a população passe a prioriza-lo em relação ao automóvel (MORAES, 2013).

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2.4.5 Tipologias Arquitetônicas

Esse princípio preza pela qualidade dos projetos arquitetônicos e urbanísticos, fazendo com que os mesmos sejam compatíveis com a região e também com as novas tecnologias que surgirão nos anos seguintes. Incentiva a utilização de tipologias que definam uma característica própria para cada bairro da cidade, diferenciando-os entre si e entre todo restante da cidade (ROMANINI, 2013). Esta ação define a identidade local e traz consigo o sentimento de pertencimento para isso podem ser aproveitadas desde as espécies vegetais na arborização urbana como características tipológicas e de materiais nas obras arquitetônicas (MORAES, 2013).

O paisagismo e o design arquitetônico das edificações e caminhos a serem percorridos podem ser trabalhados, afim de que as pessoas sejam estimuladas a percorrerem esses trajetos a pé ou utilizando a bicicleta, diminuindo, então, a emissão de gases provenientes do automóvel, e que são prejudiciais a atmosfera, conforme a figura 12 (MORAES, 2013).

Figura 12 - Caminhos agradáveis da Cidade Pedra Branca Fonte: Revista Pedra Branca, 2014.

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Para criar espaços harmônicos e agradáveis ao público, podem ser feitas interações entre os elementos paisagísticos, como ambientações, mobiliário urbano, tipos de pavimentos, iluminação entre outros (MORAES, 2013).

Além disso a tipologia arquitetônica do bairro deve ser adequada a todas as pessoas, inclusive para pessoas que com necessidades especiais, como deficientes físicos, pessoas obesas, idosos, etc., sempre optando por circulações sem obstáculos e com cores que diferem a via das calçadas, além das sinalizações e pisos táteis (MORAES, 2013).

2.4.6 Gestão de Água

Uma das principais medidas tomadas em relação à água é implantar métodos de reutilização de água pluvial, para que não haja desperdício de água potável, através de calhas que fazem a coleta da mesma e cisternas que fazem o armazenamento deste recurso que pode ser utilizado para rega de plantas e para lavar calçadas e ruas, conforme a figura 13 (ROMANINI, 2013).

Figura 13 - Reutilização da água Fonte: Poços hoje, 2015.

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Outra medida importante para que haja preservação desse recurso é utilizar técnicas de irrigação por gotejamento, diminuindo o desperdício (MORAES, 2013).

Além disso, o sistema de distribuição deve ser feito com atenção nas perdas, que agravam o problema do desperdício de água, podendo ser solucionados por meio de sensores de vazamentos nas tubulações (MORAES, 2013).

O problema na gestão da água não está somente relacionado ao desperdício, mas também ao alagamento de áreas, esses que podem ser corrigidos com a preservação de áreas de infiltração, que também podem ser exploradas pelo lazer, ou também com o uso de pavimentos porosos, ou seja, que permitam a infiltração da água (MORAES, 2013).

2.4.7 Gerenciamento de Resíduos

A principal ação a ser considerada no gerenciamento de resíduos é tentar reduzi-los, por meio da reciclagem e reutilização, e projetar áreas para a destinação correta do que foi destinado para descarte (ROMANINI, 2013; MORAES, 2013).

Porém, em grandes cidades já estão sendo implantados sistemas de coleta em larga escala, como por exemplo, o transporte pneumático, este que é feito por tubulações, utilizando o ar para fazer pressão e levar os resíduos para o local onde são armazenados, geralmente em contêineres herméticos, ou seja, locais completamente tapados (MORAES, 2013).

Por fim tem-se o sistema de coleta seletiva (Figura 14) com grande importância no gerenciamento dos resíduos, facilitando a separação, reciclagem e reutilização do que não será descartado, concretizado por meio de campanhas de conscientização promovidas para a população (MORAES, 2013).

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Figura 14 - Coleta Seletiva Pedra Branca Fonte: AMO Pedra Branca, 2016.

2.4.8 Gestão de Energia

Com relação a eficiência energética podem ser adotadas luzes de LED (light emitting diode), pois além de apresentarem baixo consumo de energia, promovem excelente luminosidade, sua vida útil é maior do que de lâmpadas convencionais, e seu custo vem caindo com o passar dos anos, tornando viável a sua utilização, independente da classe social, ou poder aquisitivo da população (MORAES, 2013).

O posicionamento do empreendimento também é importante no quesito gestão de energia, pois conforme a posição da edificação, melhor pode ser o aproveitamento da luz solar, diminuindo o consumo de energia elétrica, e consequentemente gerando menos custos. E ainda, dependendo da disposição do edifício, os ventos predominantes podem ser explorados, melhorando o conforto do usuário, com relação a ventilação, dispensando, em alguns casos, o uso de ar condicionado (MORAES, 2013).

Como solução para a exploração da energia elétrica, pode ser mencionada a utilização de energias renováveis, como por exemplo a luz do sol para geração de energia, através de placas fotovoltaicas, conforme a figura 15 (ROMANINI, 2013).

Referências

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