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O direito à educação no Brasil e o desafio de sua efetividade na atualidade

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ROGÉRIO KASCTIN BATISTA

O DIREITO À EDUCAÇÃO NO BRASIL E O DESAFIO DE SUA EFETIVIDADE NA ATUALIDADE

Ijuí (RS) 2013

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ROGÉRIO KASCTIN BATISTA

O DIREITO À EDUCAÇÃO NO BRASIL E O DESAFIO DE SUA EFETIVIDADE NA ATUALIDADE

Monografia final do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Monografia.

UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

DCJS – Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais

Orientador: Prof. Dr. Gilmar Antônio Bedin

Ijuí (RS) 2013

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Dedico este trabalho aos meus queridos pais, Reginaldo e Lilim, que me proporcionaram uma vida digna, e sempre me fizeram acreditar que tudo é possível, desde que sejamos honestos, íntegros e convictos de que desistir não é opção.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, acima de tudo, pelo dom da vida, por mais uma conquista e por ter me inspirado a buscar a justiça incessantemente.

Ao meu orientador, Gilmar Antônio Bedin, grande cientista do Direito, cuja sabedoria é inquestionável, pelo auxílio na elaboração deste trabalho.

Aos meus pais Reginaldo e Lilim, pelo amor incondicional, pelo exemplo sempre presente de integridade e honestidade, e também por sempre priorizarem os meus estudos.

Aos meus irmãos Renan e Robson, que além de tudo são grandes amigos para todas as horas, ao Renan, que mesmo distante, sempre me incentivou a ir em busca dos meus objetivos, e ao Robson que em muitos momentos cedeu seu espaço e tempo em favor dos meus estudos.

A todos os professores, colegas, amigos e demais pessoas que colaboraram de uma maneira ou outra durante a trajetória de construção deste trabalho, minha imensa gratidão.

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“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.”

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RESUMO

A história de conquista dos direitos fundamentais já possui uma longa trajetória. Neste percurso, foram consagrados direitos de distintas naturezas e de dinâmicas próprias. Entre estes grupos de direitos estão os chamados direitos sociais. Estes direitos possuem uma natureza singular – são direitos de créditos e, em consequência, pressupõe a existência de políticas públicas para sua plena efetivação. O presente trabalho analisa um dos direitos que compõe esta geração: o direito à educação. A referida análise é feita a partir do seu acolhimento pelo ordenamento jurídico brasileiro. Por fim, o trabalho reflete sobre os principais desafios deste direito na atualidade.

Palavras-chave: Direito à educação. Direitos fundamentais. Direitos sociais. Políticas públicas. Concretização dos direitos.

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ABSTRACT

The history of the conquest of fundamental rights already has a long trajectory. In this way, were consecrated rights distinct natures and their own dynamics. Among these are the rights groups called social rights. These rights have a unique nature - are rights claims and, consequently presupposes the existence of public policies for full effectiveness. This paper analyzes one of the rights that composes this generation: the right to education. This analysis is done from your host for the brazilian legal system. Finally, the work reflects on the main challenges of this right today.

Keywords: Right to education. Fundamental rights. Social rights. Public policies. Concretion of rights.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO... 9

1 A CONSTITUIÇÃO DE 88 E OS DIREITOS SOCIAIS... 11

1.1 A Constituição e seus princípios fundamentais... ... ... 11

1.2 A Constituição e os direitos fundamentais ... ... 14

1.3 Os direitos sociais e a ordem social... 17

2 O DIREITO À EDUCAÇÃO ... ... 20

2.1 O direito à educação na Constituição ... ... 21

2.2 O direito à educação e a Lei de Diretrizes e Bases ... ... 24

2.3 Os principais programas do Ministério da Educação na atualidade ... ... 29

3 O DIREITO À EDUCAÇÃO E SEUS DESAFIOS NO BRASIL NA ATUALIDADE..34

3.1 Os problemas históricos da conformação social do Brasil ... ... 34

3.2 O desafio do acesso e da manutenção dos jovens na escola e na universidade . ... 37

3.3 O desafio da qualidade... 40

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... ... 44

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INTRODUÇÃO

A luta pelos direitos fundamentais teve início durante as duas grandes revoluções do século 18 e materializa uma significativa mutação histórica. Neste processo, a relação dos direitos protegidos foi enriquecida e sua natureza diversificada. Neste sentido, é comum falar-se de que existem várias gerações de direitos.

O presente trabalho se preocupa com uma destas gerações: a chamada terceira geração. Esta geração envolve os direitos econômicos e sociais e tem a natureza de direitos de créditos, isto é, direitos que precisam de aporte positivo do Estado. Os direitos desta geração abrangem os direitos do homem trabalhador (direitos individuais e coletivos) e os direitos do homem consumidor de bens e serviços públicos (direito à seguridade social, direito à educação e direito à habitação).

Estes direito foram amplamente acolhidos pela constituição brasileira de 1988 (em especial nos seus artigos 6º e 7º e no título denominado da ordem social - artigos 193 a 232). Entre estes direitos sociais acolhidos, está o direito à educação. A análise deste direito é o tema central desta monografia. Neste sentido, o presente trabalho não desconhece a importância dos demais direitos sociais já referidos, mas priorizou a análise de um destes direitos à luz do ordenamento jurídico brasileiro atual.

A escolha da análise do direito à educação foi motivada por dois grandes motivos: pela relevância da questão na atualidade e pela proximidade do tema do direito à educação com as atividades desenvolvidas pelo autor, como técnico-administrativo e de apoio, na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ. O método de trabalho utilizado pelo autor foi o método hipotético-dedutivo e a técnica de pesquisa utilizada para a realização da monografia foi pesquisa bibliográfica.

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A análise do tema é estruturada em três capítulos. No primeiro, é feito um resgate da trajetória de luta e de reconhecimento dos direitos fundamentais em geral. Neste contexto, o trabalho resgata o marco inicial deste processo, as diversas etapas da referida lutas e as especificidades de cada uma das quatro gerações existentes.

No segundo capítulo, a monografia analisa o direito educacional a luz da Constituição de 1988, mostrando a relevância dada pelo legislador ao tratar sobre esse direito, também faz alguns comentários sobre a Lei de Diretrizes e Bases, mostrando a forma com que ela reafirma a importância do direito à educação, já tratado na Constituição. Destaca ainda algumas das principais políticas públicas adotadas pelo Estado através do Ministério da Educação, que visam harmonizar os objetivos da Constituição Federal para a promoção de uma educação de qualidade.

No terceiro capítulo, o trabalho destaca os principais desafios do direito à educação no Brasil na atualidade, abrangendo os problemas históricos ligados à formação do Brasil, passando pelas demais vicissitudes que ao longo do tempo afetaram o País e que ainda não foram totalmente superadas. Salienta ainda os principais obstáculos que os jovens enfrentam para conseguirem se manter na escola e ter acesso à universidade. Por conseguinte mostra o longo caminho a ser percorrido para a conquista de uma educação de qualidade.

Por fim, nas considerações finais, a monografia retoma a importância dada pela Constituição de 1988 ao direito à educação e reafirma a luta pela concretização desse direito depende de ações compartilhadas por toda a sociedade e que está indissociavelmente ligado a ideais de dignidade da pessoa humana e de sua plena realização.

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1 A CONSTITUIÇÃO DE 88 E OS DIREITOS SOCIAIS

Os registros históricos mostram que a partir do momento em que o homem começa a organizar-se em sociedade, já ficam evidenciadas as normas e regras que eram estabelecidas nas comunidades, para que pudessem viver de forma organizada e ter uma boa convivência. Este processo reforça, num primeiro momento, os deveres de cada indivíduo com o seu grupo (mundo antigo e medieval) e, em seguida, os direitos destes mesmos indivíduos (mundo moderno).

A conquista dos direitos é, portanto, uma grande mudança histórica e foram lentamente sendo constitucionalizados, em especial a partir do final do século XVIII. Isto significa que os direitos não surgiram de uma só vez, mas sim através de várias gerações (Bedin, 2002). Atualmente, os direitos humanos são uma construção histórica integrada ao patrimônio comum da humanidade e um dos elementos fundamentais do Estado Constitucional.

Assim, incorporação dos direitos no âmbito constitucional é, na atualidade, uma realidade efetiva, não apenas nos países ditos de primeiro mundo, mas também em países emergentes, como o Brasil. Entre estes direitos, merecem um destaque especial (pelas suas consequências) os chamados direitos econômicos e sociais. No Brasil, a incorporação constitucional deste grupo de direitos ocorreu, por influência da Constituição alemã de Weimar, em 1934.

A constituição brasileira atual (Constituição de 1988) manteve esta tradição e destinou um capítulo específico para os direitos econômicos e sociais. Estes direitos foram reforçados ainda pela adoção de um conjunto de objetivos a serem alcançados pelo Estado brasileiro e pelo reconhecimento de princípios que impulsionam a busca da superação das atuais desigualdades sociais e de melhores condições de vida para todos os seguimentos da população (SILVA, 2002).

1.1 A Constituição e seus princípios fundamentais

Os princípios fundamentais foram tratados com relevância pelo legislador, pois são elencados logo no primeiro título da Constituição Federal de 1988, e a palavra princípio não

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foi utilizada com o sentido de início, começo, mas sim de um mandamento nuclear de um sistema.

Conforme Mello (1971), citado por Silva (2002, p. 91), o princípio jurídico é definido como: “mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência [...]”

Assim define Reale (1986 apud PRETEL, [S. d.], p. 1):

Princípios são, pois, verdades ou juízos fundamentais, que servem de alicerce ou garantia de certeza a um conjunto de juízos, ordenados em um sistema de conceitos relativos a da porção da realidade. Às vezes também se denominam princípios certas proposições que, apesar de não serem evidentes ou resultantes de evidências, são assumidas como fundantes da validez de um sistema particular de conhecimentos, como seus pressupostos necessários.

Faz-se necessária a distinção entre os princípios constitucionais e os princípios meramente legais. Neste sentido,

princípios legais são os dedutíveis do sistema legal com um todo, conquanto os princípios constitucionais se relacionariam mais particularmente com o direito constitucional e, mais especificamente, ficam voltados à sistematização de questões fundamentais do Estado. Por conta disso, os princípios constitucionais demandariam reflexão jurídica mais complexa, no tocante à interpretação constitucional. A influência destes princípios, ademais, se deve à peculiar circunstância destes se refletirem em procedimentos de interpretação da Lei Fundamental e, deste modo, estando responsáveis pela estabilização do texto constitucional. Na realidade, tais princípios representam um subgrupo em relação ao conjunto geral de elementos axiológicos do direito, pois que se prestariam à revelação de valores fundamentais dedutíveis da própria constituição escrita. Na medida em que orientam as regras jurídicas materiais, princípios constitucionais configuram-se em atrativos valores jurídicos voltados para a fixação de um padrão de eticidade para esta constituição (ZIMMERMANN, [S. d.], p. 2).

No entender de Canotilho (2002), os princípios fundamentais constituem-se em princípios definidores da forma de Estado, princípios definidores da estrutura do Estado, princípios estruturantes do regime político e dos princípios caracterizadores da forma de governo e da organização política em geral.

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Os princípios fundamentais podem ser avaliados como luzes irradiantes para a interpretação constitucional, pois eles dão ao intérprete elementos axiológicos para a interpretação adequada, eles desenvolvem uma lógica sistêmica e cada princípio possibilita uma capacidade de enquadramento valorativo de normas jurídicas do ordenamento constitucional, servindo a adequação de regras aos casos concretos. Sendo assim, a interpretação constitucional encontra-se operacionalizada por princípios que então procedem à justificação valorativa das regras do direito positivo (ZIMMERMANN, [S. d.]).

Silva (2002, p. 94) analisa os princípios fundamentais da Constituição de 1988 da seguinte forma:

(a) princípios relativos à existência, forma, estrutura e tipo de Estado: República Federativa do Brasil, soberania, Estado Democrático de Direito (art. 1º);

(b) princípios relativos à forma de governo e à organização dos poderes: República e separação dos poderes (arts. 1º e 2º);

(c) princípios relativos à organização da sociedade: princípio da livre organização social, princípio de convivência justa e princípio da solidariedade (art. 3º, I);

(d) princípios relativos ao regime político: princípios da cidadania, princípio da dignidade da pessoa, princípio do pluralismo, princípio da soberania popular, princípio da representação política e princípio da participação popular direta (art. 1º, parágrafo único);

(e) princípios relativos à prestação positiva do Estado: princípio da independência e do desenvolvimento nacional (art. 3º, II), princípio da justiça social (art. 3º, III) e princípio da não discriminação (art. 3º, IV); (f) princípios relativos à comunidade internacional: da independência nacional, do respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana, da autodeterminação dos povos, da não-intervenção, da igualdade dos Estados, da solução pacífica dos conflitos e da defesa da paz, do repúdio ao terrorismo e ao racismo, da cooperação entre os povos e o da integração da América Latina (art. 4º).

Com a evolução da sociedade os princípios constitucionais são de suma importância, pois diferentemente das regras, eles possuem uma grande vantagem que é a abertura, podendo ser aplicados com critérios de ponderações de valores, não precisando seguir os critérios rígidos das normas e leis. Eles são verdadeiros alicerces para todo o ordenamento, pois permitem na sua interpretação, uma evolução constante, além é claro de dar fundamento às demais regras e normas.

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1.2 A Constituição e os direitos fundamentais

Preliminarmente, é necessário definir um conceito para os direitos fundamentais. Os direitos fundamentais são preceitos

concernentes às pessoas, que, do ponto de vista do direito constitucional positivo, foram, por seu conteúdo e importância (fundamentalidade material), integradas ao texto da Constituição e, portanto, retiradas da esfera de disponibilidade dos poderes constituídos (fundamentalidade formal), bem como as que, pelo seu objeto e significado, possam lhes ser equiparados, tendo, ou não, assento na Constituição formal (aqui consideramos a abertura material consagrada no art. 5º, § 2º, da CF, que prevê o reconhecimento de direitos fundamentais implícitos, decorrentes do regime e dos princípios da Constituição, bem como direitos expressamente positivados em tratados internacionais). (SARLET, 2001, p. 11).

Segundo Schmitt (1954, apud BONAVIDES, 2004, p. 561), do ponto de vista formal, os direitos fundamentais correspondem aos direitos ou garantias nomeados e especificados no instrumento constitucional, são aqueles que receberam da Constituição um grau mais elevado de garantia ou de segurança, são alteráveis unicamente mediante emenda à Constituição, ou seja, são imutáveis, ou pelo menos tem mudança dificultada. No ponto de vista material tais direitos variam conforme a ideologia, a modalidade de Estado, a espécie de valores e princípios que a Constituição consagra, em resumo, cada Estado tem seus direitos fundamentais específicos.

Quanto às dimensões subjetiva e objetiva dos direitos fundamentais, vê-se que na subjetiva eles estão mais próximos das suas origens históricas, com as suas finalidades mais elementares, e essa dimensão tem como característica ensejar uma pretensão a que se adote um dado comportamento, ou então ela se expressa no poder da vontade de produzir efeitos sobre certas relações jurídicas. Na dimensão objetiva, os direitos fundamentais são princípios básicos da ordem social, eles influenciam todo o ordenamento jurídico, servindo de norte para a ação de todos os poderes constituídos, participam da essência do Estado de Direito democrático, operando como limite do poder e como diretriz para a sua ação. As constituições democráticas assumem um sistema de valores que os direitos fundamentais revelam e positivam. (BRANCO, 2009).

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Na compreensão de Silva (2002, p. 181), os direitos fundamentais são dotados de algumas características. Para o autor, as principais características dos direitos fundamentais são:

(1) Historicidade. São históricos como qualquer direito. Nascem, modificam-se e desaparecem. Eles apareceram com a revolução burguesa e evoluem, ampliam-se, com o correr dos tempos. Sua historicidade rechaça toda a fundamentação baseada no direito natural, na essência do homem ou na natureza das coisas;

(2) Inalienabilidade. São direitos intransferíveis, inegociáveis, porque não são de conteúdo econômico-patrimonial. Se a ordem constitucional confere a todos, deles não se pode desfazer, porque são indisponíveis;

(3) Imprescritibilidade. O exercício de boa parte dos direitos fundamentais ocorre só no fato de existirem reconhecidos na ordem jurídica. Em relação a eles não se verificam requisitos que importem em sua prescrição. Vale dizer, nunca deixam de ser exigíveis. Pois prescrição é um instituto jurídico que somente atinge, coarctando, a exigibilidade dos direitos de caráter patrimonial, não a exigibilidade de direitos personalíssimos, ainda que não individualistas, como é o caso. Se não sempre exercíveis e exercidos, não já intercorrência temporal de não exercício que fundamente a perda da exigibilidade pela prescrição;

(4) Irrenunciabilidade. Não se renunciam direitos fundamentais. Alguns deles podem até não ser exercidos, pode-se deixar de exercê-los, mas não se admite sejam renunciados.

A doutrina moderna classifica dos direitos fundamentais em primeira, segunda e terceira geração de direitos, segundo a ordem histórica cronológica conforme os direitos são reconhecidos constitucionalmente, alguns doutrinadores ainda definem uma quarta geração de direitos.

Destaca Mello (1995 apud MORAES, 2003, p. 59) que:

Enquanto os direitos de primeira geração (direitos civis e políticos) - que compreendem as liberdades clássicas, negativas ou formais - realçam o princípio da liberdade e os direitos de segunda geração (direitos econômicos, sociais e culturais) - que se identificam com as liberdades positivas, reais ou concretas acentuam o princípio da igualdade, os direitos de terceira geração, que materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as formações sociais, consagram o princípio da solidariedade e constituem um momento importante no processo de desenvolvimento, expansão e reconhecimento dos direitos humanos, caracterizados enquanto valores fundamentais indisponíveis, pela nota de uma essencial inexauribilidade.

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No entendimento de Bonavides (2004), há ainda uma quarta geração de direitos, composta pelo direito à democracia, o direito à informação e o direito ao pluralismo. E para que seja positivada a democracia, deve ser essa de forma direta, que atualmente torna-se possível graças aos avanços da tecnologia de comunicação, e sustentável graças à informação correta e às aberturas pluralistas do sistema.

Em comparação com as constituições anteriores pode-se constatar que a Constituição Federal de 1988 trouxe diversas inovações de suma importância na área dos direitos fundamentais.

Dentre as principais inovações está a posição que o legislador colocou os direitos e garantias fundamentais na Constituição Federal de 1988, foi logo no início, no Título II, subdividindo em cinco capítulos, os quais são:

(a) Direitos individuais e coletivos: são os direitos ligados ao conceito de pessoa humana e à sua personalidade, tais como à vida, à igualdade, à dignidade, à segurança, à honra, à liberdade e à propriedade. Estão previstos no artigo 5º e seus incisos;

(b) Direitos sociais: o Estado Social de Direito deve garantir as liberdades positivas aos indivíduos. Esses direitos são referentes à educação, saúde, trabalho, previdência social, lazer, segurança, proteção à maternidade e à infância e assistência aos desamparados. Sua finalidade é a melhoria das condições de vida dos menos favorecidos, concretizando assim, a igualdade social. Estão elencados a partir do artigo 6º;

(c) Direitos de nacionalidade: nacionalidade, significa, o vínculo jurídico político que liga um indivíduo a um certo e determinado Estado, fazendo com que este indivíduo se torne um componente do povo, capacitando-o a exigir sua proteção e em contra partida, o Estado sujeita-o a cumprir deveres impostos a todos;

(d) Direitos políticos: permitem ao indivíduo, através de direitos públicos subjetivos, exercer sua cidadania, participando de forma ativa dos negócios políticos do Estado. Esta elencado no artigo 14;

(e) Direitos relacionados à existência , organização e a participação em partidos políticos: garante a autonomia e a liberdade plena dos partidos políticos como instrumentos necessários e importantes na preservação do Estado democrático de Direito. Está elencado no artigo 17. (SILVA, 2006, p. 1).

Na percepção de Sarlet (2009), no que diz respeito ao processo de elaboração da Constituição Federal de 1988, deve-se ressaltar que a formatação do catálogo dos direitos fundamentais é resultado de um amplo processo de discussão oportunizado com a redemocratização do País que já estava mais de vinte anos sob o regime da ditadura militar.

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1.3 Os direitos sociais e a ordem social

Na sequência, no capítulo II do título II da Constituição Federal de 1988 aparecem os direitos sociais, os quais segundo os termos do artigo 6º são “[...] a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados [...]” (BRASIL, 1988). Entretanto o artigo 6º não elenca de modo exaustivo tais direitos, os quais são encontrados também no artigo 7º que são os direitos dos trabalhadores, além da proteção à família nos artigos 226 a 230, do direito ao meio ambiente no artigo 225 e o direito à cultura no artigo 215.

No parecer de Bedin (2002), os direitos sociais constituem a terceira geração de direitos, que surgiu por influência da Revolução Russa, da Constituição Mexicana de 1917 e da Constituição de Weimar de 1923, geração essa que compreende os chamados direitos de créditos, que torna o Estado devedor dos indivíduos, impondo-lhe como obrigação a realização de ações concretas para garantir o mínimo de igualdade e de bem-estar social.

Silva (2002, p. 285) conceitua os direitos sociais como “prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente, [...] que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos [...] se ligam ao direito de igualdade.”

No ponto de vista de Coelho (2009, p. 759),

os direitos ditos sociais são concebidos como instrumentos destinados à efetiva redução e/ou supressão de desigualdades, segundo a regra de que se deve tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida da sua desigualdade.

Há ainda a classificação dos direitos sociais em duas categorias, a do homem como produtor e como consumidor

Entram na categoria de direitos sociais do homem produtor os seguintes: a liberdade de instituição sindical (instrumento de ação coletiva), o direito de greve, o direito de o trabalhador determinar as condições de seu trabalho (contrato coletivo de trabalho), o direito de cooperar na gestão da empresa (co-gestão ou autogestão) e o direito de obter um emprego. São previstos nos arts. 7º a 11.

Na categoria dos direitos sociais do homem consumidor entram: os direitos à saúde, à segurança nacional (segurança material), ao desenvolvimento

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intelectual, o igual acesso das crianças e adultos à instrução, à formação profissional e à cultura e garantia ao desenvolvimento da família, que são, como se nota, os indicados no art. 6º e desenvolvidos no título da ordem social (SILVA, 2002, p. 286).

Os direitos sociais do homem produtor baseiam-se essencialmente nos direitos relativos aos trabalhadores, enquanto produtores de bens e participantes de relações empregatícias. Tais direitos dividem-se em duas categorias, as quais são: (a) os direitos individuais dos trabalhadores, que compreendem as prerrogativas dos homens em suas relações individuais de trabalho; (b) os direitos coletivos dos trabalhadores, que abrangem os direitos dos trabalhadores em suas relações coletivas de trabalho, e devido a isso devem ser exercidos de forma conjugada. (BEDIN, 2002).

Nos direitos sociais do homem consumidor estão os demais direitos do artigo 6º da Constituição, como o direito à educação que é definido no artigo 205 como:

[...] direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1988).

Por se tratar de um dever do Estado, esse deve proporcionar condições para que todos possam usufruir deste direito de forma igualitária, e o mesmo deve ser oferecido com qualidade.

Também no que tange ao homem consumidor está o direito à saúde, conceituado no artigo 196 da Constituição Federal. Destaca Silva (2002, p. 307) que:

[...] no caso de doença, cada um tem o direito a um tratamento condigno de acordo com o estado atual da ciência médica, independentemente de sua situação econômica, sob pena de não ter muito valor sua consignação em normas constitucionais.

O direito à moradia também faz parte dessa categoria, para tal vale observar o comentário de Lenza (2009, p. 759),

partindo da ideia de dignidade da pessoa humana (art. 1º, III), direito à intimidade e à privacidade (art. 5º, X) e de ser a casa asilo inviolável (art. 5º,

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XI), não há dúvida de que o direito à moradia busca consagrar o direito à habitação digna e adequada, tanto é assim que o art. 23, X, estabelece ser atribuição de todos os entes federativos combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos.

No título VIII da Constituição Federal de 1988 está a ordem social, que traz o desenvolvimento, os mecanismos de eficácia e a previsão de ações afirmativas para a realização prática dos direitos sociais.

A base da ordem social é definida no artigo 193 da Constituição “A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais.” (BRASIL, 1988).

Segundo Silva (2007 apud LENZA, 2009, p. 815),

ter como objetivo o bem-estar e a justiça sociais quer dizer que as relações econômicas e sociais do país, para gerarem o bem-estar, hão de propiciar trabalho e condição de vida, material, espiritual e intelectual, adequada ao trabalhador e sua família, e que a riqueza produzida no país, para gerar justiça social, há de ser equanimemente distribuída.

Compõem o título VIII da Constituição Federal os seguintes capítulos: seguridade social (arts. 194 a 204); educação, cultura e desporto (arts. 205 a 217); ciência e tecnologia (arts. 218 e 219); comunicação social (arts. 220 a 224); meio ambiente (art. 225); família, criança, adolescente e idoso (arts. 226 a 230); índios (arts. 231 a 232). Entre estes capítulos, o presente trabalho vai se preocupar diretamente apenas com o capitulo referente à educação, cultura e desporto. Antes, contudo, é necessário começar pela discussão do direito social à educação.

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2 O DIREITO À EDUCAÇÃO

Entre os direitos sociais constitucionalmente estabelecidos, o presente trabalho preocupa-se com o direito a educação. Mas, o que é direito a educação? Existe certa dificuldade na conceituação deste direito, tendo em vista que o termo educação não possui um sentido único, mesmo assim é possível observar que Durkheim (apud GÖTTEMS, 2012, p. 43) conceitua como uma

Ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que não se encontram preparadas para a vida social; tem por objetivo suscitar e desenvolver, na criança, certo número de estados físico, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política, no seu conjunto, e pelo meio especial a que a criança, particularmente, se destine.

A educação é posta como um direito inseparável da natureza humana, do qual está atrelado o desenvolvimento das capacidades e potencialidades do ser humano. Embora os aspectos compreendidos no processo educacional sejam diversos, visam sempre à busca da construção da cidadania, para assim viabilizar uma integração social cada vez mais ampla do indivíduo. Para que a sociedade possa estar alicerçada em uma base mais sólida, ela deve dar preferência para a educação, respeitando, desta forma, os direitos fundamentais. (VIEIRA, 2012).

Neste contexto, importa ainda ressaltar o que diz Piaget (1988 apud GÖTTEMS, 2012, p. 46):

Afirmar o direito da pessoa humana à educação é, pois, assumir uma responsabilidade muito mais pesada que a de assegurar a cada um a possibilidade de leitura, da escrita e do cálculo; significa, a rigor, garantir para toda criança o pleno desenvolvimento de suas funções mentais e a aquisição dos conhecimentos, bem como dos valores morais que correspondam ao exercício dessas funções, até a adaptação à vida social atual. É antes de mais nada, por conseguinte, assumir a obrigação – levando em conta a constituição e as aptidões que distinguem cada indivíduo – de nada destruir ou malbaratar das possibilidades que ele encerra e que cabe à sociedade ser a primeira a beneficiar, ao invés de deixar que se desperdicem importantes frações e se sufoquem outras.

Através da educação deve haver a provocação da consciência e a construção do reconhecimento individual e coletivo, buscando a promoção coletiva do valor do ser humano.

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A eficácia do princípio constitucional da dignidade da pessoa humana somente se aproximará da realidade com a afirmação efetiva do direito a educação (FERREIRA, 2010) e quando esta for de qualidade.

2.1 O direito à educação na Constituição

Há muito tempo que o direito à educação tem um destaque formalmente importante na história brasileira. Neste sentido, a Constituição do Império, em seu artigo 179, inciso XXXII, já garantia a “A Instrucção [sic] primaria, e gratuita a todos os Cidadãos.” (BRASIL, 1824), mas foi apenas com a Constituição de 1988 que tal direito alcançou maior prestígio. Isto fica claro ao lermos o Art. 205: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” (BRASIL, 1988).

No momento em que o artigo 205 é combinado com o artigo 6º da Constituição, que diz: “são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição” (BRASIL, 1988), tem-se a elevação do direito educacional ao patamar dos direitos fundamentais, ocupando assim o cerne rígido e imutável da Constituição.

Ao alcançar o patamar de um direito fundamental, ele se torna indisponível ao legislador ordinário e ao Poder Constituinte Derivado, pois passa a fazer parte da estrutura fundamental da ordem jurídico-constitucional e tratando-se de uma norma constitucional derivada, adquire a imutabilidade.

Para a alteração das normas que consagram os direitos fundamentais é exigido um processo legislativo distinto, impedindo muitas vezes a edição de normas que tendem a modificar ou extinguir tais direitos, outra consequência dessas normas é também a aplicabilidade imediata. (GÖTTEMS, 2012).

É possível observar a relevância destinada ao direito à educação na Constituição de 1988 já no discurso feito pelo Presidente do Congresso Constituinte Ulysses Guimarães, na

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data da promulgação, Bonavides e Andrade (apud FREITAS, 2009, p. 55) transcrevem o referido discurso:

Hoje, 5 de outubro de 1988, no que tange à Constituição, a Nação mudou. A Constituição mudou na sua elaboração, mudou na definição dos poderes, mudou restaurando a federação, mudou quando quer mudar o homem em cidadão e só é cidadão quem ganha justo e suficiente salário, lê e escreve, mora, tem hospital e remédio, lazer quando descansa. Num país de 30.401.000 analfabetos, afrontosos 25% da população, cabe advertir: a cidadania começa com o alfabeto.

Também a respeito da importância que a educação conquistou na Carta Magna, Ranieri (2000 apud VASCONCELOS, 2009, p. 98), descreve que:

A Constituição Federal de 1988 apresenta notável avanço na área da educação, como de resto em todo o campo dos direitos políticos e sociais. Se as cartas anteriores foram econômicas em relação ao dever do Estado com a educação, a atual Constituição chega a ser minuciosa.

Os legisladores constituintes empenharam-se para viabilizar a concretização tanto quantitativa como qualitativa do direito à educação, colocando na Constituição, nos artigos 205 à 214, uma seção destinada ao referido direito que é tido como um serviço público. (FREITAS, 2009).

A educação como um direito fundamental social tem uma dimensão coletiva, pois envolve interesses de vários grupos de pessoas, de regiões diferentes assim como também de gerações futuras. O artigo 205, supracitado, é claro ao expressar que a educação é um direito de todos e dever do Estado, outorgando a titularidade desse a todos os indivíduos, quer sejam crianças, jovens ou adultos, dotando tal direito com a característica da universalidade. (VIEIRA, 2012).

Além de direito, a educação também é considerada um dever, tanto por parte do Estado, quanto pela família, conforme já citado no artigo 205 da Carta Magna. As obrigações do Estado encontram-se elencadas no artigo 208 da Constituição:

O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a

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ela não tiveram acesso na idade própria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) (Vide Emenda Constitucional nº 59, de 2009) II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)

III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;

IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;

VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009)

§ 1º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo. § 2º - O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente.

§ 3º - Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola. (BRASIL, 1988).

Cabe destacar, a respeito do inciso I, combinado com o parágrafo 1º do artigo supracitado, que o acesso à educação básica, obrigatória e gratuita, já é considerado pela Constituição como direito público subjetivo, equivalente ao direito plenamente eficaz e de aplicabilidade imediata, podendo ser exigido judicialmente se não for prestado. (SILVA, 2002).

Embora o reconhecimento da educação básica como um direito público subjetivo já estivesse ínsito à inclusão da educação no artigo 6º da Constituição, o parágrafo 1º do artigo 208 tem o intuito de reforçar a proteção desse direito.

Devido à universalidade do direito à educação, é necessário que ele seja entendido sob a ótica dos princípios constitucionais, tanto os de caráter social do Estado Democrático, assim como também os direcionados exclusivamente ao ensino básico, esses princípios que devem nortear a interpretação das normas constitucionais podem ser contemplados no artigo 206 da Constituição. (VIEIRA, 2012).

Não cabe somente ao Estado o papel de educar, mas a família também é considerada um agente educacional, Ribeiro (apud PICCINA, 2010, p. 135), afirma que:

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A família é a primeira escola da criança, principalmente porque é o local onde ela passa a maior parte de seu tempo durante a infância, sujeitando-se ao que se denomina ‘socialização primária’ [...] É ela responsável pela formação do caráter da criança e do jovem, perpetuando valores éticos, morais e culturais (muitas vezes bons, mas também muitas vezes ruins, como o preconceito, p. ex.) que serão compartilhados dentro da escola com outros alunos, com experiência vivencial familiar distinta, e a soma dessas experiências é algo muito enriquecedor para o grupo, na concepção da educação na diversidade. Antes de ser social, o homem é um ente na família; filhos se espelham nas atitudes dos pais e pais desenvolvem cumplicidade com os filhos.

O dever de educar incumbido aos pais também se encontra previsto na Constituição Federal, no artigo 229 está descrito que “os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores [...]” (BRASIL, 1988), neste mesmo sentido, e reafirmando a descrição da Constituição, o Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 22, preceitua que “aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores [...]” (BRASIL, 1990).O referido Estatuto, no artigo 55, determina ainda que “os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.” (BRASIL, 1990).

No caso de descumprimento dos artigos supracitados do Estatuto, segundo o artigo 24, os pais ou responsáveis, estarão sujeitos “a perda e a suspensão do poder familiar [...]” (BRASIL, 1990) sem prejuízo da multa prevista no artigo 249 do mesmo Estatuto, e ainda poderão ser responsabilizados penalmente pelo crime de abandono intelectual previsto no artigo 246 do Código Penal.

Considerado como um dever fundamental, o dever de educar foi direcionado pelo texto constitucional aos pais ou responsáveis, devendo estar sempre fundamentado nos princípios da dignidade humana e da paternidade responsável.

2.2 O direito à educação e a Lei de Diretrizes e Bases

Em 1996, o Direito Educacional brasileiro é contemplado com a aprovação da Lei 9.394, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, considerada como a lei de maior importância para o sistema educacional pátrio, que já estava em tramitação no Congresso Nacional desde 1988, vindo a ser aprovada como lei ordinária somente em dezembro de 1996.

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Para a aprovação da referida lei, foram desenvolvidas diversas estratégias, construindo assim um espaço sociopolítico com acordos partidários, onde houve conciliações nas negociações entre os líderes políticos e os representantes governamentais. Nesse espaço surgiram ideologias e novas concepções da educação assim como as suas relações com a sociedade e os setores da cultura e economia que passaram a rearticular um novo desenho social. (LEHFELD, L; LEHFELD, N; SIMÃO FILHO, 2011).

A lei mencionada procurou articular os principais pontos da educação nacional, partindo da educação infantil até a educação superior, tratando sobre diversos temas, como os sistemas de ensino dos entes federativos e em quais âmbitos esses devem atuar; também sobre os diversos níveis de educação; a educação de jovens e adultos e de pessoas com necessidades especiais; os profissionais da área; a aplicação de recursos públicos voltados à educação; dentre outros. (PICCINA, 2010).

Desde 1997, vários projetos de lei foram apresentados, visando à alteração da Lei 9394/1996, assim como também vários decretos e resoluções adequaram a aludida Lei através novos entendimentos, são alguns exemplos:

[...] sobre o ensino religioso (Lei 9475/1997), acessibilidade na educação especial (Lei 10.098/2000), transferência ex officio de alunos do ensino superior (Lei 9.536/1997); notificação da frequência escolar (Lei 10.287/2001); Língua Brasileira de Sinais (Libras – Lei 10.436/2002); repasse de recursos financeiros para instituições privadas de ensino superior (Lei 10.558/2002); responsabilidade sobre o transporte escolar (Lei 10.709/2003); educação física (Lei 10.793/2003); avaliação de desempenho dos estudantes, das instituições e de cursos superiores (Lei 10.861/2004); acesso ao ensino superior por parte de estudantes de baixa renda procedentes da escola média pública (Lei 11.096/2005); Idade de ingresso no ensino fundamental (Leis 11.114/2005 e 11.274/2006); duração do ensino fundamental (Lei 11.274/2006); cursos sequenciais (Lei 11.632/2007); ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena (Lei 11.645/2008); inclusão da Filosofia e Sociologia como disciplinas obrigatórias em todas as séries do ensino médio (Lei 11.684/2008); garantia de vaga na escola pública de educação infantil ou de ensino fundamental a toda criança a partir do dia em que completar quatro anos de idade (Lei 11700/2008); educação profissional técnica de nível médio, educação de jovens e adultos e educação profissional e tecnológica (Lei 11.741/2008); normas de estágio (Lei 11.788/2008); frequência e rendimento dos alunos (Lei 12.013/2009); qualificação dos profissionais de educação (Lei 12.014/2009); universalização do ensino médio gratuito (Lei 12.061/2009); e obrigatoriedade do ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais, como componente curricular obrigatório (Lei 12.287/2010). (LEHFELD, L; LEHFELD, N; SIMÃO FILHO, 2011, p. 157).

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A Lei de Diretrizes e Bases veio para reafirmar e complementar o direito à educação, já previsto na Constituição Federal, em alguns casos ela somente ratifica os artigos, com poucas modificações, como exemplo temos o artigo 4º da Lei 9394 e o artigo 208 da Constituição Federal, que descrevem o dever de educar por parte do Estado, o mesmo também acontece com o artigo 2º da Lei 9394 e o artigo 205 da Constituição Federal, que trata sobre a finalidade da educação:

Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1996).

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1988).

A Lei de Diretrizes e Bases, ou LDB como é popularmente conhecida, foi a primeira lei educacional que trouxe um conceito de educação, que está descrito logo em seu primeiro artigo:

Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.

§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias.

§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social. (BRASIL, 1996).

A LDB tem o objetivo de mostrar que a educação deve trabalhar na construção pessoal do aluno, deixando de ser simplesmente alfabetizadora ou profissionalizante, deve ensiná-lo a pensar autenticamente, debatendo, trocando ideias, e não simplesmente impondo ordens para que ele aceite e se acomode, valorizando assim o autodesenvolvimento pessoal e o respeito mútuo para que ele exerça efetivamente a cidadania. (BARCELOS, [S. d.]).

Em seu artigo 21, a LDB define os níveis escolares: “A educação escolar compõe-se de: I - educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio; II - educação superior.” (BRASIL, 1996).

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No inciso I, do artigo supracitado, nota-se que a educação básica está prescrita como sendo um ciclo educacional único, que está dividido em educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, mostrando uma organização flexível e crescente, que evolui sem intervalos, se adaptando às condições e habilidades de cada educando. A primeira etapa começa aos 4 anos, quando a criança é muito jovem, e termina aos 17 anos, no final da sua adolescência. (FERREIRA, 2010).

Ainda em relação a essas etapas, Ferreira (2010), destaca que o conteúdo, a metodologia e a sistemática avaliativa, devem se adaptar segundo a aptidão e maturidade de cada educando, como por exemplo, na educação infantil, os métodos utilizados devem ser lúdicos, baseados na brincadeira e no imaginário de cada criança, jamais devem ser utilizados métodos rígidos e metódicos. Consequentemente, as técnicas, conforme a criança vai crescendo e passando para outros níveis, devem ser outras, sempre diversificando e adaptando às condições do educando, cumprindo com o disposto nos artigos 206, I e II, e, 208, V, da Constituição Federal.

A característica da flexibilidade também está presente no artigo 23 da LDB, que permite a organização da educação básica da seguinte forma:

[..] em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar. (BRASIL, 1996)

E como o Brasil é um país diversificado, igualmente, a LDB admite a adequação do calendário escolar segundo as peculiaridades de cada região, conforme o clima e economia de cada local, de forma que possibilite uma melhor absorção do conhecimento, desde que não comprometa a carga horária letiva prevista na Lei. (BRASIL, 1996).

Além da educação básica, a LDB traz em sua redação, normas que favorecem a expansão da educação de jovens e adultos, da educação profissional, da educação especial, da educação indígena e da educação à distância, assim como algumas alterações da educação superior, dentre as quais está o fim da obrigatoriedade do exame vestibular como sendo a única forma de acesso aos cursos de graduação. (CASTRO, 2007).

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Quanto à atribuição de competências, a LDB determina no Art. 11 que compete aos Municípios, inciso III, “baixar normas complementares para o seu sistema de ensino” e no inciso IV, “autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu sistema de ensino.” (BRASIL, 1996).

A competência dos Estados está prescrita no artigo 10, inciso IV, que são “autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino” e inciso V, “baixar normas complementares para o seu sistema de ensino.” (BRASIL, 1996).

E à União, além de legislar sobre normas gerais, também compete “autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino.”, segundo o que mostra o inciso IX do artigo 9º da LDB. (BRASIL, 1996).

No concernente ao financiamento educacional, a LDB deu considerável importância, dedicando um título inteiro para garantir os recursos financeiros da educação. Segundo o artigo 68, os recursos públicos que devem ser aplicados na educação são:

I - receita de impostos próprios da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

II - receita de transferências constitucionais e outras transferências; III - receita do salário-educação e de outras contribuições sociais; IV - receita de incentivos fiscais;

V - outros recursos previstos em lei. (BRASIL, 1996).

Outra inovação foi relativa aos artigos 70 e 71, que estabelecem aquilo que é e aquilo que não é considerado como despesa com a manutenção e desenvolvimento do ensino, por exemplo, não podem ser consideradas as despesas com os programas suplementares de alimentação, assistência médico-odontológica, farmacêutica e psicológica, bem como outras formas de assistência social. (PALMA FILHO, [S. d.]).

Embora a LDB tenha seus limites, devem ser considerados os grandes avanços que ela trouxe para a educação nacional, afinal é necessário ter presente que ela serve apenas como um norte para os direitos e deveres do Estado, da família e sociedade, sendo necessária a cooperação de todos para buscar a sua efetividade.

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2.3 Os principais programas do Ministério da Educação na atualidade

O Ministério da Educação surgiu em 1930, logo após a chegada de Getúlio Vargas ao poder, inicialmente não tratava apenas da educação, mas também de diversas áreas, como a saúde, o esporte e o meio ambiente, foi somente em 1995 que a instituição tornou-se

exclusivamente responsável pela área da educação. (Em:

<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2&Itemid=1175 >. Acesso em: 12 mar. 2013).

Nessa trajetória de mais de 80 anos, o Ministério da Educação vem buscando promover um ensino de qualidade, sempre em harmonia com os objetivos fundamentais da Constituição Federal, essa busca se dá através do desenvolvimento de programas, que estão organizados em torno de quatro eixos norteadores: educação básica, educação superior, educação profissional e alfabetização.

Dentre os programas que compõem o eixo da educação básica, encontram-se a Universidade Aberta do Brasil (UAB) e o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), que estão ligados à formação dos professores e a valorização dos profissionais da educação, promovendo iniciativas com o objetivo de dar merecida distinção aos profissionais da educação, e, também fazer com que a União se comprometa com a formação de professores para os sistemas públicos de educação básica, estabelecendo assim uma relação permanente entre educação superior e educação básica. (BRASIL, 2013).

O programa Universidade Aberta do Brasil tem o propósito oferecer uma formação inicial, para os professores da educação básica que ainda não tenham graduação, assim como também uma formação continuada para os já graduados, essa formação será proporcionada através do aumento e interiorização da oferta dos cursos à distância de educação superior. A finalidade principal do programa é diminuir as desigualdades na oferta de ensino superior, com o desenvolvimento de um sistema nacional de educação superior à distância, que acontecerá por meio de acordos de cooperação dos estados e municípios com as universidades públicas. (Em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id= 12265:uab-universidade-aberta-do-brasil&catid=248:uab-universidade-aberta-do-brasil& Itemid=510>. Acesso em: 14 mar. 2013).

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Já o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência, tem o intuito de antecipar o contato de futuros professores com as salas de aula, oferecendo bolsas de iniciação a docência para os alunos de cursos presenciais, para que possam estagiar nas escolas públicas, e desde então, ficam comprometidos ao exercício do magistério na rede pública assim que se formarem. Algumas áreas recebem um maior incentivo do programa, pois há uma carência maior de professores com formação específica, são elas: matemática, química, física e biologia. (Em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view= article&id=233&ativo=468&Itemid=467>. Acesso em: 14 mar. 2013).

Assim como os alunos são avaliados, o processo educacional também necessita de avaliação, e é nesse sentido que o Ministério da Educação, criou em 2007, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), com o intuito de verificar se as escolas estão bem estruturadas para oferecerem uma educação de qualidade. O IDEB mede, a cada dois anos, a qualidade de cada escola e de cada rede de ensino, tendo como base de cálculo o desempenho dos estudantes nas avaliações do Inep e as taxas de aprovação. (Em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=180&Itemid=81 1>. Acesso em: 15 mar. 2013).

Mas, o propósito do IDEB vai além de somente obter números, ele permite que sejam identificadas redes e escolas públicas com dificuldades, e obriga a União a dar respostas imediatas para os casos mais complexos, buscando sanar as deficiências de cada uma, principalmente através da alteração dos repasses de transferências voluntárias. É com base no IDEB, que outro programa, o Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE – Escola), permite que o Poder Público atue nestas escolas fragilizadas, visto que, trata-se de uma ação de aperfeiçoamento da gestão escolar com a participação da comunidade. (BRASIL, 2013).

Além dos programas já citados, ainda fazem parte da educação básica, outros inúmeros programas, dentre os quais estão o Programa Saúde na Escola, o Programa Escola Aberta, o Programa Mais Educação, o Ensino Fundamental de Nove Anos, o Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, o Programa Nacional do Livro Didático, a TV Escola, Plano de Ações Articuladas. (Em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12492&Itemid= 811>. Acesso em: 15 mar. 2013).

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Embora o número de pessoas com acesso ao ensino superior tenha aumentado nos últimos anos, ainda existe um longo caminho a percorrer, e nesse sentido, o Ministério da Educação tem criado programas para auxiliar, no eixo da educação superior os principais objetivos tem sido a reestruturação e expansão das universidades federais, o acesso igualitário, bem como a avaliação das universidades.

No que toca a reestruturação e expansão das universidades federais, o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI) merece destaque, pois ele tem como meta a ampliação ao acesso, através do aumento do número de vagas, assim como também a permanência dos alunos, reduzindo a taxa de evasão nos cursos presenciais. Para que o programa consiga atingir o seu objetivo, todas as universidades federais já adotaram o programa e estão apresentando planos de reestruturação, nos quais estão previstos o aumento de vagas, a ampliação ou abertura de cursos noturnos, a

flexibilização de currículos, etc. (Em:

<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12261&ativo=50 3&Itemid=502>. Acesso em: 15 mar. 2013).

Para consolidar o REUNI, o Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) auxilia os estudantes de baixa renda matriculados nas universidades federais, com a oferta de assistência à moradia estudantil, alimentação, transporte, saúde, inclusão digital, cultura, esporte, creche e apoio pedagógico, garantindo dessa forma, um melhor desempenho

acadêmico, combatendo assim a repetência e a evasão. (Em:

<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12302&ativo=60 8&Itemid=607>. Acesso em: 16 mar. 2013).

Visando a democratização do acesso, além da expansão das universidades federais, o Ministério da Educação também lançou programas para ampliar o acesso ao ensino superior privado, quer seja pelo financiamento do estudante através do Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES), ou ainda pela concessão de bolsas por intermédio do Programa Universidade para Todos (PROUNI). (BRASIL, 2013).

O PROUNI foi criado em 2004, com o fito de conceder bolsas integrais e parciais em cursos de graduação nas instituições privadas, oferecendo em contrapartida a isenção de tributos para as universidades que fizerem a sua adesão ao Programa, com isso, até o segundo

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semestre de 2012, já foram beneficiados pelo Programa mais de 1 milhão de alunos, dentre os quais estão os egressos do ensino médio da rede pública ou da rede particular na condição de bolsistas integrais. Desde 2007, o FIES atua conjuntamente com o PROUNI, possibilitando o financiamento de até 100% da mensalidade que não for coberta pelo Programa. (Em: <http://prouniportal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=124&Item id=140>. Acesso em: 16 mar. 2013).

Para a avaliação das instituições de educação superior, dos cursos superiores e do desempenho dos estudantes, foi criado em 2004, pela Lei 10.861, o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), que estabelece indicadores de qualidade que abrangem vários aspectos como o ensino, a pesquisa, a extensão, o desempenho dos alunos, a gestão da instituição, o corpo docente e a infraestrutura. O principal instrumento utilizado para a avaliação é o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE), que avalia as habilidades, competências e principalmente o conhecimento dos estudantes em relação às diretrizes curriculares de cada curso de graduação, esses dados podem ser utilizados para a orientação institucional dos estabelecimentos e também para embasar as políticas públicas. (BRASIL, 2013).

No eixo da educação profissional e tecnológica, o Ministério da Educação desenvolveu diversos programas, sendo um deles o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC), que objetiva a expansão, interiorização e democratização da oferta de cursos de educação profissional. O PRONATEC não atua de forma isolada, mas envolve outras iniciativas, como o programa Brasil Profissionalizado, a Expansão da Rede Federal, Rede e-Tec Brasil, Acordo de Gratuidade com os Serviços Nacionais de

Aprendizagem, FIES Técnico e Empresa, Bolsa-Formação. (Em:

<http://pronatec.mec.gov.br/institucional/objetivos-e-iniciativas>. Acesso em: 16 mar. 2013). Ligada à educação profissionalizante, também está a educação de jovens e adultos, através do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA), segundo o qual os sistemas estaduais e sistema federal devem oferecer educação profissional em conjunto com o ensino médio na modalidade de educação de jovens e adultos, e para orientação dos sistemas municipais há o Programa Nacional de Inclusão de Jovens: Educação, Qualificação e Ação Comunitária (PROJOVEM). (BRASIL, 2013).

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O quarto eixo norteador contempla a alfabetização, educação continuada e diversidade. Um dos principais programas desse eixo é o Programa Brasil Alfabetizado (PBA), que tem como alvo a alfabetização de jovens com mais de 15 anos, assim como também adultos e idosos. Os projetos de alfabetização de jovens, adultos e idosos, desenvolvidos pelos estados, municípios e Distrito Federal, recebem apoio técnico e financeiro do PBA, contribuindo assim com a universalização do ensino fundamental no Brasil. (Em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id= 17457&Itemid=817>. Acesso em: 16 mar. 2013).

Em relação à diversidade, foram criados alguns programas relativos à educação quilombola e indígena, visando respeitar as especificidades de cada indivíduo e das comunidades, sendo assim, essas populações poderão participar de uma educação que valorize suas tradições. (BRASIL, 2013).

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3. O DIREITO À EDUCAÇÃO E SEUS DESAFIOS NO BRASIL NA ATUALIDADE

Pelo exposto no capitulo anterior, é possível dizer que o direito à educação evoluiu muito nos últimos anos, seja do ponto de vista formal (melhor formulação constitucional) ou do ponto de vista material (melhores políticas públicas, garantia de acesso, maior facilidade de permanência). Apesar deste fato inegável, é perceptível ainda, contudo, uma série de dificuldades.

Neste sentido, é importante lembrar que muitas das dificuldades referidas têm uma longa trajetória histórica; vinculadas a tradição colonialismo ibérico e que já deveriam ter sido amplamente superadas. As dificuldades, contudo, permanecem e se constituem num dos grandes desafios do século 21 do país (sem esquecer, claro, dos desafios mais atuais, como o de conseguir manter os jovens na escola, reduzir a violência, aumentar a qualidade da educação).

3.1 Os problemas históricos da conformação social do Brasil

São várias as vicissitudes que obstam, historicamente, o desenvolvimento do Brasil, dentre as quais é necessário destacar inicialmente aquelas que estão relacionadas à origem da formação do Brasil, que tem ligação com a colonização portuguesa. Um dos principais problemas é o parasitismo exploratório, que trouxe consequências econômicas, sociais, políticas e morais, ele é considerado como a origem de todos os males, junto com o explorador vieram vários vícios, como o insolidarismo, o personalismo e a escravidão, e, além disso, o analfabetismo também era incentivado entre os primeiros habitantes, com o intuito de manter o controle da colônia. (FORNASIER, 2009).

Os portugueses entraram em crise e até mesmo perderam a independência, mas mesmo assim não deixaram de viver parasitariamente, enquanto devoravam a Índia, já haviam avistado no Brasil as grandes riquezas e recursos naturais, e ao chegar no País, fizeram os índios, que ali habitavam, trabalhar para eles, mas com tantos tesouros a colher, somente o trabalho dos índios não foi suficiente, então começaram o tráfico de negros da África, e com o auxílio dos escravos passaram ao parasitismo depredador, sempre tentando tirar o máximo da terra para buscar o crescimento econômico. (BOMFIM, 2008).

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O Insolidarismo surgiu na época do Brasil-colônia, onde o valor do homem era medido segundo o seu grau de autonomia, ele deveria se bastar, sem o auxílio de outras pessoas, a organização social não era bem vista, sendo assim devido a tal individualismo, até hoje, a incapacidade de uma organização sólida do brasileiro, é considerada como característica nacional. (FORNASIER, 2009).

No período colonial apenas 5% da população era alfabetizada, pois não havia um interesse de que a população aprendesse a ler, as primeiras manifestações de alfabetização foram por partes dos jesuítas, que pensaram nisso como uma forma de conversão ao cristianismo e a cultura europeia Ocidental das crianças indígenas e lusitanas. Pouco tempo depois houve a elitização do letramento, sendo que educação de qualidade ficou restrita somente para aqueles que tivessem posses e condições de custeá-las, e então aos pobres era oferecido um ensino péssimo. (RAMOS, 2010).

Na sequência, no período da Independência à Primeira República, surgiram outros vícios, que se fundamentam, principalmente, na decadência dos senhores rurais, que ocorre devido ao ciclo da mineração, no século XVIII, um deles é a visão do cargo público como meio de prestígio social, que teve seu início durante o Império, onde os ocupantes da elite tinham grande destaque em virtude da riqueza, do cargo público ocupado ou dos serviços militares que prestavam à nação. O Imperador conferia nobreza de posição para certas profissões, como a política, a carreira militar ou ainda devido ao intelecto. Embora tais postos tenham perdido seu valor legal com a Proclamação da República, até hoje eles continuam no imaginário da população. (FORNASIER, 2009).

Outra vicissitude que surgiu nos primeiros anos da república brasileira foi o Coronelismo, no período em que a sociedade estava vinculada com bases na produção agrícola latifundiária, nessa época os grandes proprietários recebiam o título de coronel para recrutarem as pessoas que fossem a favor dos interesses do governo e das elites. O espaço rural era um palco de decisões políticas, e o coronel como autoridade inquestionável, utilizava forças policiais para a manutenção da ordem e para atender seus interesses particulares, sendo assim quem não votasse no candidato indicado por ele, sofria violência e perseguição pessoal, o que ficou conhecido como voto de cabresto. Embora tenha desaparecido o coronelismo, ainda é possível observar que o poder econômico e político ainda atuam de forma imoral, através de compras de votos e de trocas de favores entre chefes partidários. (SOUSA, [S. d.]).

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