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Os problemas históricos da conformação social do Brasil

São várias as vicissitudes que obstam, historicamente, o desenvolvimento do Brasil, dentre as quais é necessário destacar inicialmente aquelas que estão relacionadas à origem da formação do Brasil, que tem ligação com a colonização portuguesa. Um dos principais problemas é o parasitismo exploratório, que trouxe consequências econômicas, sociais, políticas e morais, ele é considerado como a origem de todos os males, junto com o explorador vieram vários vícios, como o insolidarismo, o personalismo e a escravidão, e, além disso, o analfabetismo também era incentivado entre os primeiros habitantes, com o intuito de manter o controle da colônia. (FORNASIER, 2009).

Os portugueses entraram em crise e até mesmo perderam a independência, mas mesmo assim não deixaram de viver parasitariamente, enquanto devoravam a Índia, já haviam avistado no Brasil as grandes riquezas e recursos naturais, e ao chegar no País, fizeram os índios, que ali habitavam, trabalhar para eles, mas com tantos tesouros a colher, somente o trabalho dos índios não foi suficiente, então começaram o tráfico de negros da África, e com o auxílio dos escravos passaram ao parasitismo depredador, sempre tentando tirar o máximo da terra para buscar o crescimento econômico. (BOMFIM, 2008).

O Insolidarismo surgiu na época do Brasil-colônia, onde o valor do homem era medido segundo o seu grau de autonomia, ele deveria se bastar, sem o auxílio de outras pessoas, a organização social não era bem vista, sendo assim devido a tal individualismo, até hoje, a incapacidade de uma organização sólida do brasileiro, é considerada como característica nacional. (FORNASIER, 2009).

No período colonial apenas 5% da população era alfabetizada, pois não havia um interesse de que a população aprendesse a ler, as primeiras manifestações de alfabetização foram por partes dos jesuítas, que pensaram nisso como uma forma de conversão ao cristianismo e a cultura europeia Ocidental das crianças indígenas e lusitanas. Pouco tempo depois houve a elitização do letramento, sendo que educação de qualidade ficou restrita somente para aqueles que tivessem posses e condições de custeá-las, e então aos pobres era oferecido um ensino péssimo. (RAMOS, 2010).

Na sequência, no período da Independência à Primeira República, surgiram outros vícios, que se fundamentam, principalmente, na decadência dos senhores rurais, que ocorre devido ao ciclo da mineração, no século XVIII, um deles é a visão do cargo público como meio de prestígio social, que teve seu início durante o Império, onde os ocupantes da elite tinham grande destaque em virtude da riqueza, do cargo público ocupado ou dos serviços militares que prestavam à nação. O Imperador conferia nobreza de posição para certas profissões, como a política, a carreira militar ou ainda devido ao intelecto. Embora tais postos tenham perdido seu valor legal com a Proclamação da República, até hoje eles continuam no imaginário da população. (FORNASIER, 2009).

Outra vicissitude que surgiu nos primeiros anos da república brasileira foi o Coronelismo, no período em que a sociedade estava vinculada com bases na produção agrícola latifundiária, nessa época os grandes proprietários recebiam o título de coronel para recrutarem as pessoas que fossem a favor dos interesses do governo e das elites. O espaço rural era um palco de decisões políticas, e o coronel como autoridade inquestionável, utilizava forças policiais para a manutenção da ordem e para atender seus interesses particulares, sendo assim quem não votasse no candidato indicado por ele, sofria violência e perseguição pessoal, o que ficou conhecido como voto de cabresto. Embora tenha desaparecido o coronelismo, ainda é possível observar que o poder econômico e político ainda atuam de forma imoral, através de compras de votos e de trocas de favores entre chefes partidários. (SOUSA, [S. d.]).

Também é necessário mencionar o Clientelismo, que está no rol de vicissitudes do período, para Plank (1991 apud AZEVEDO, 2005, p. 62), o Clientelismo é uma prática que “inclui uma ampla variedade de estratégias para utilizar recursos públicos com o fim de recompensar ‘clientes’ e patrocinadores políticos, ao invés de prestar serviços ao público”.

Na visão de Azevedo (2005), no Clientelismo há a troca de empregos e cargos públicos por apoio político, e da mesma forma há a distribuição de recursos públicos em favorecimento de aliados políticos, ou seja, é o uso do que é público em detrimento de interesses privados. Atualmente essa prática continua sendo muito utilizada, até mesmo na instituição escolar, alterando assim os verdadeiros fins e propósitos da educação, inclusive Plank (1991 apud AZEVEDO, 2005, p. 62) relaciona o clientelismo ao fracasso das políticas educacionais:

O contínuo ‘fracasso’ das políticas educacionais tem sido encarado como problema de implementação ou de falta de vontade política, mas pode ser visto também como resultado de sucesso no alcance de outros objetivos. Tomando como base esta última perspectiva, o trabalho considera que os dirigentes do sistema educacional buscam seus verdadeiros objetivos ao subverter os interesses privados, através do clientelismo e outras práticas [...]

Ainda no próximo período que vai da Revolução de 1930 a democratização do País momento em que ocorre a modernização do Brasil também se verificam algumas vicissitudes, como o elitismo e o modelo de desenvolvimento denominado de via prussiana, que era autoritário e dependente do Estado que deixou suas marcas na democracia populista e na Ditadura Militar. A “via prussiana” seria a forma pela qual o capitalismo penetra na agricultura, expropriando o campesinato e inserindo formas de trabalho capitalista no campo. Até hoje a via prussiana representa, de forma metafórica, um complexo emotivo e inconsciente que suprime a democracia e o liberalismo. (FORNASIER, 2009).

A democracia populista foi um intervalo da via prussiana, ela estava associada à industrialização, à urbanização e à dissolução da estrutura política oligárquica, que concentrava o poder político na mão dos poucos aristocratas rurais, o populismo era um conjunto de práticas políticas que estabelecia uma relação entre as massas e o líder carismático, não tinha intermédio de partidos políticos. O populismo foi um mecanismo que favoreceu o desenvolvimento econômico e social, mas foi encarado com desconfiança pelas

correntes políticas, tanto da esquerda quanto da direita. (Em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Populismo>. Acesso em: 30 mar. 2013).

Em 1964, houve o golpe militar, fazendo com que o Brasil retornasse à dependência econômica de outros países, o impedindo de realizar uma ruptura político-econômica. Também foi um período marcado pela restrição de direitos civis e políticos com violência, em um período inicial foi marcado pela queda brusca do salário mínimo, combate à inflação e baixo crescimento, mas no segundo período, para os direitos políticos e civis, foram os mais cruéis através de violenta repressão política, entretanto é quando foram obtidos os maiores índices de crescimento econômico. (FORNASIER, 2009).

Desde o período colonial, passando pelo imperial e período da República até a redemocratização, foram vistos muitos vícios que impediram o desenvolvimento do Brasil, foi a partir da redemocratização que o País teve as principais mudanças, que possibilitaram a superação de muitos obstáculos ao desenvolvimento, mas mesmo com todas as mudanças ocorridas até hoje, ainda é possível perceber que muitas destas vicissitudes continuam prejudicando o completo desenvolvimento do Brasil.

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