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Avaliação pós-ocupação de unidades habitacionais isoladas do loteamento residencial parque da pedreira – Ijuí/RS

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(1)

UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL – UNIJUÍ

RAIELI RUBIN

AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO DE UNIDADES HABITACIONAIS

ISOLADAS DO LOTEAMENTO RESIDENCIAL

PARQUE DA PEDREIRA – IJUÍ/RS

Ijuí / RS 2019

(2)

RAIELI RUBIN

AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO DE UNIDADES HABITACIONAIS

ISOLADAS DO LOTEAMENTO RESIDENCIAL

PARQUE DA PEDREIRA – IJUÍ/RS

Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Civil apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Civil.

Orientador: Tarcísio Dorn de Oliveira

Ijuí / RS 2019

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RAIELI RUBIN

AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO DE UNIDADES HABITACIONAIS

ISOLADAS DO LOTEAMENTO RESIDENCIAL

PARQUE DA PEDREIRA – IJUÍ/RS

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para a obtenção do título de BACHAREL EM ENGENHEIRA CIVIL e aprovado em sua forma final pelo professor orientador e pelo membro da banca examinadora.

Ijuí, 01 de julho de 2019

Prof. Tarcísio Dorn de Oliveira Doutor pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ) – Orientador Prof. Lia Geovana Sala Coordenadora do curso de Engenharia Civil (UNIJUÍ)

BANCA EXAMINADORA

Prof. Lia Geovana Sala Mestre pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Prof. Tarcísio Dorn de Oliveira Doutor pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ) – Orientador

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Dedico este trabalho aos meus pais, amigos que sempre me deram apoio e ajudaram nas horas difíceis.

(5)

AGRADECIMENTOS

Agradeço:

A Deus, por ter me concedido o dom da vida e por iluminar a minha trajetória.

Aos meus pais, Loreno e Zaíra, pelo carinho, apoio, confiança e paciência que tiveram comigo; sem eles esta conquista não teria se realizado.

Aos professores, por todo o conhecimento passado durante todo o curso. À professora mestre Lia Geovana Sala, por dar o pontapé inicial na pesquisa.

Em especial ao meu orientador, professor doutor Tarcísio Dorn de Oliveira, pela contribuição indispensável neste trabalho e por toda atenção prestada.

À Prefeitura de Ijuí, mais especificamente à Secretaria Municipal de Habitação, por todo o auxílio prestado nesta pesquisa e também aos moradores do bairro em que o estudo foi realizado; sem a contribuição destes, esta pesquisa não teria sido possível.

Estendo meus agradecimentos a todos que, de alguma forma, contribuíram para a conclusão deste trabalho.

(6)

“A mente que se abre a uma nova ideia, jamais voltará ao seu tamanho original.” Albert Einstein. “Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende.” Leonardo da Vinci.

(7)

RESUMO

RUBIN, Raieli. Avaliação Pós-Ocupação das Unidades Habitacionais Isoladas do Loteamento

Residencial Parque da Pedreira na Cidade de Ijuí – RS. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de

Engenharia Civil, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, Ijuí, 2019.

A Avaliação Pós-Ocupação (APO) de empreendimento é muito importante para a melhoria da habitação de interesse social, podendo contribuir na avaliação de resultados e na identificação de erros e acertos diante dos objetivos e ações do projeto. Esta pesquisa consiste em uma APO de Unidades Habitacionais Isoladas do Loteamento Residencial Parque da Pedreira, participantes do Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS), que oferece habitações com qualidade para a população de baixa renda por meio de retirada das famílias de áreas de risco e de insalubridade. Metodologicamente, a pesquisa estrutura-se em dois momentos: primeiramente desenvolveu-se uma pesquisa bibliográfica e documental sobre a temática e, após, realizou-se duas avaliações empíricas, sendo elas: a técnica e a do morador. A avaliação técnica ocorreu por intermédio de uma visita in loco, quando foi avaliado o desempenho do sistema construtivo e dos materiais de construção, além de outros aspectos. A avaliação dos moradores foi realizada mediante um questionário ao responsável pelo domicílio ou a outro morador do mesmo, contemplando os seguintes assuntos: informações socioeconômicas, dimensões dos ambientes, conforto ambiental, aspectos construtivos e serviços urbanos. Fica evidente, excluindo questões particulares, um elevado grau de satisfação dos moradores do loteamento em relação às suas moradias, e os resultados obtidos podem contribuir para projetos futuros semelhantes.

(8)

ABSTRACT

RUBIN, Raieli. Avaliação Pós-Ocupação das Unidades Habitacionais Isoladas do Loteamento

Residencial Parque da Pedreira na Cidade de Ijuí – RS. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de

Engenharia Civil, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, Ijuí, 2019.

The Post Occupation Evaluation (POE) of the enterprise is very important to improve social housing based on the results and the identification of errors and attitudes towards the project objectives and actions. This research was carried out in a series of Isolated Housing nits of the Parque da Pedreira Residential Allotment, participants of the National Social Interest Housing System (SNHIS), which offers quality services to the low-income population through risk withdrawal and unhealthy. Methodologically, the search is structured in two moments: the developed research, the research and the documentary publication on a theme and, after, the accomplishment of two empirical evaluations, being: the technique and the one of the resident. A technical evaluation took place through an on-site visit, when the performance of the building system and building materials, as well as other aspects, were evaluated. Data were evaluated based on a questionnaire or other monitor, with emphasis on the following aspects: socioeconomic information, environmental quality, environmental comfort, constructive aspects and urban services. It become clearly, excluding particular needs, a degree of satisfaction of neighborhood residents in relation to their housing, and their results may be useful for future projects.

(9)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Gravidade dos problemas habitacionais na zona rural do município ... 26

Figura 2 – Déficit habitacional na zona urbana do município ... 27

Figura 3 – Áreas com restrições à habitação e localização de assentamento precários ... 28

Figura 4 – Estratégia de ação ... 30

Figura 5 – Proposta de Zeis ... 31

Figura 6 – Projetos multieixos ... 32

Figura 7 – Esquema da APO ... 33

Figura 8 – Técnicas de pesquisa ... 39

Figura 9 – Localização do Parque Popular da Pedreira ... 42

Figura 10 – Loteamento Habitacional Parque da Pedreira ... 43

Figura 11 – Loteamento Residencial do Parque da Pedreira ... 44

Figura 12 – Gráfico referente ao sexo dos moradores entrevistados ... 46

Figura 13 – Gráfico referente à quantidade de moradores no imóvel ... 47

Figura 14 – Gráfico referente à idade dos moradores entrevistados ... 47

Figura 15 – Gráfico referente à escolaridade dos informantes ... 48

Figura 16 – Gráfico referente ao tempo de morada no local ... 48

Figura 17 – Gráfico referente às recomendações para se fixar residências nos Bairros próximos ao Parque da Pedreira ... 49

Figura 18 – Gráfico referente à necessidade de auxílio da construtora ... 49

Figura 19 – Gráfico referente à avaliação do tamanho do dormitório ... 50

Figura 20 – Gráfico referente à avaliação do tamanho da sala de estar ... 51

Figura 21 – Gráfico referente à avaliação do tamanho da área de serviço/lavanderia ... 51

Figura 22 – Área de serviço/Lavanderia ... 52

Figura 23 – Gráfico referente à avaliação do tamanho da cozinha ... 52

Figura 24 – Gráfico referente à avaliação do tamanho do banheiro ... 53

Figura 25 – Gráfico referente à avaliação da disposição dos cômodos ... 53

Figura 26 – Gráfico referente às unidades habitacionais x membros da família ... 54

Figura 27 – Gráfico referente à ampliação da família ... 54

(10)

Figura 29 – Realização de ampliação na área de serviço e garagem ... 55

Figura 30 – Realização de ampliação de muros nas divisas ... 55

Figura 31 – Realização de ampliação nas calçadas ... 56

Figura 32 – Gráfico referente ao desejo de realizar ampliação/modificação ... 56

Figura 33 – Gráfico referente aos entrevistados que possuem automóvel ... 57

Figura 34 – Gráfico referente aos entrevistados que pretendem adquirir automóvel ... 57

Figura 35 – Gráfico referente ao espaço para guardar o automóvel ... 58

Figura 36 – Gráfico referente à construção de uma garagem ... 58

Figura 37 – Gráfico referente ao dormitório ... 59

Figura 38 – Gráfico referente à sala ... 59

Figura 39 – Gráfico referente à cozinha/lavanderia ... 59

Figura 40 – Gráfico referente aos ruídos ... 60

Figura 41 – Gráfico referente à iluminação natural ... 60

Figura 42 – Gráfico referente à ventilação nos cômodos ... 61

Figura 43 – Gráfico referente à temperatura interna no verão e no inverno ... 61

Figura 44 – Loteamento sem arborização ... 62

Figura 45 – Gráfico referente à utilização de aparelhos para ambientes ... 62

Figura 46 – Gráfico referente à separação do lixo e resíduos domésticos ... 63

Figura 47 – Gráfico referente ao plantio de árvores no entorno da moradia ... 63

Figura 48 – Plantio de árvores no entorno da moradia ... 64

Figura 49 – Gráfico referente à qualidade dos materiais de construção e acabamento ... 64

Figura 50 – Gráfico referente aos sinais de umidade, fissura e mofo/bolor no imóvel ... 65

Figura 51 – Problemas de infiltração no imóvel ... 65

Figura 52 – Problemas de fissura no imóvel ... 66

Figura 53 – Gráfico referente às instalações elétricas e hidrossanitárias ... 66

Figura 54 – Gráfico referente às tomadas e pontos de luz suficientes ... 67

Figura 55 – Gráfico referente à água: se possui pressão suficiente ... 68

Figura 56 – Gráfico referente ao refluxo da tubulação de esgoto sanitário ... 68

Figura 57 – Gráfico referente à incidência de mau cheiro ... 69

Figura 58 – Gráfico referente à avaliação da coleta de esgoto ... 70

(11)

Figura 60 – Gráfico referente ao fornecimento de água da concessionária ... 71

Figura 61 – Gráfico referente ao fornecimento de energia elétrica da concessionária ... 71

Figura 62 – Gráfico referente à coleta de lixo ... 72

Figura 63 – Gráfico referente à iluminação ... 72

Figura 64 – Gráfico referente à segurança ... 73

Figura 65 – Gráfico referente à pavimentação das vias ... 73

Figura 66 – Gráfico referente ao escoamento da água da chuva ... 74

Figura 67 – Gráfico referente à organização e manutenção paisagística do bairro ... 74

Figura 68 – Gráfico referente ao transporte coletivo ... 75

Figura 69 – Gráfico referente às escolas ... 75

Figura 70 – Gráfico referente à creche ... 76

Figura 71 – Gráfico referente ao posto de saúde ... 76

Figura 72 – Gráfico referente ao mercado em geral ... 77

(12)

LISTA DE TABELAS E QUADRO

Tabela 1 – Distribuição da População Brasileira de 1940 a 2010 ... 19 Tabela 2 – Comparação dos principais atributos de riscos, infraestrutura e equipamentos públicos dos assentamentos precários da ZU ... 29 Tabela 3 – Principais tópicos abordados na avaliação e pesquisa de satisfação ... 45

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LISTA DE SIGLAS

APO Avaliação Pós-Ocupação

APP Área de Preservação Permanente BNH Banco Nacional da Habitação Caixa Caixa Econômica Federal

CHIS Conjunto Habitacional de Interesse Social CORSAN Companhia Riograndense de Saneamento DEMEI Departamento Municipal de Energia de Ijuí FAR Fundo de Arredondamento Residencial

FNHIS Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social PAC Programa de Aceleração do Crescimento

PLHIS Plano Local de Habitação de Interesse Social PMCMV Programa Minha Casa Minha Vida

PNH Plano Nacional da Habitação

PNHR Programa Nacional de Habitação Rural PNHU Programa Nacional de Habitação Urbana PUCSP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo RS Rio Grande do Sul

SFH Sistema Financeiro da Habitação SMH Secretaria Municipal de Habitação

SNHIS Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social ZEIS Zonas Especiais de Interesse Social

(14)

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 15 1.1 CONTEXTO ... 15 1.2 PROBLEMA ... 16 1.2.1 Questões de Pesquisa ... 17 1.2.2 Objetivos de Pesquisa ... 17 1.2.2.1 Objetivo Geral ... 17 1.2.2.2 Objetivos Específicos ... 18 1.2.3 Delimitação ... 18 2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 19

2.1 PROGRAMAS HABITACIONAIS NO BRASIL ... 19

2.2 PLANO LOCAL DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL ... 22

2.2.1 Plano Local de Habitação de Interesse Social de Ijuí ... 25

2.3 AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO (APO) ... 32

2.3.1 Aspectos técnicos a serem avaliados na APO ... 37

2.3.2 Expectativa e necessidade do cliente/usuário ... 37

2.3.3 Satisfação do usuário ... 38

3 MÉTODO DE PESQUISA ... 39

3.1 ESTRATÉGIA DE PESQUISA ... 39

3.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA ... 40

3.3 LOCAL DE ESTUDO ... 42

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 45

4.1 INFORMAÇÕES GERAIS ... 45 4.2 UNIDADE HABITACIONAL ... 50 4.3 LOTEAMENTO ... 70 5 CONCLUSÃO ... 78 REFERÊNCIAS ... 80 APÊNDICE ... 84

ANEXO 1 – MAPA DO PARQUE DA PEDREIRA ... 88

ANEXO 2 – PLANTA BAIXA ... 89

(15)

1 INTRODUÇÃO

A Avaliação Pós-Ocupação (APO) de unidades habitacionais isoladas que se enquadram no Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS), é a abordagem central do presente trabalho. A APO foi aplicada a um estudo de caso nas Unidades Habitacionais Isoladas do Loteamento Residencial Parque da Pedreira de Ijuí/RS, e a metodologia adotada desenvolveu-se em dois momentos: primeiramente realizou-se uma pesquisa bibliográfica e documental sobre a temática e, após, duas avaliações empíricas: a técnica e a do morador. A avaliação técnica ocorreu por meio de uma visita in loco, quando foi avaliado o desempenho das edificações, seguido de um questionário, que verificou o grau de satisfação dos usuários e os sistemas adotados para a construção. O local de estudo forneceu dados importantes que poderão ser utilizados para projetos similares no futuro.

1.1 CONTEXTO

O presente trabalho relata o desempenho de uma APO em habitações de interesse social, em específico nas Unidades Habitacionais Isoladas do Loteamento Residencial Parque da Pedreira na cidade de Ijuí/RS, após um ano de sua construção. A questão da habitação tem despertado a necessidade de investimento em políticas que foquem em conjuntos habitacionais de interesse social para amenizar o problema da demanda habitacional no país. Essas políticas afetam diretamente o desenvolvimento regional e a melhoria do quadro social, especialmente quando se trata da população de baixa renda.

De acordo com Ornstein (1992), atualmente alguns programas do governo federal têm como objetivo minimizar o déficit habitacional no Brasil, com o propósito de melhorar as condições habitacionais das populações carentes; porém, na prática, ainda necessitam de mais melhorias, uma vez que tais programas são insuficientes, e, ao final, trazem prejuízos à população carente.

Embora estejam sendo desenvolvidos muitos estudos sobre a questão habitacional, permanecem ainda muitas lacunas acerca do atendimento das necessidades dos usuários mediante uma melhor definição de soluções de projeto, visando a aumentar o valor percebido pelo usuário final (MIRON, 2008).

(16)

Os conjuntos habitacionais de interesse social têm como objetivo retirar famílias de áreas consideradas de risco e insalubres, fornecendo-lhes uma habitação digna. Dessa maneira, pretendem dar a essas famílias condições ambientais de qualidade, melhorando seus hábitos de viver em comunidade e exercendo seus direitos (ROMÉRO; VIANA, 2002).

A metodologia de Avaliação Pós-Ocupação (APO) pretende, a partir da avaliação de diversos fatores técnicos, funcionais, econômicos, estéticos e comportamentais, e do ponto de vista de técnicos e usuários, diagnosticar aspectos positivos e negativos em ambientes construídos (ORNSTEIN, 1992).

A escolha do tema explanado neste trabalho refere-se ao Loteamento Residencial Parque da Pedreira, localizado no Bairro Thomé de Souza, no município de Ijuí-RS. Por se tratar de uma área de intervenção social, o Ministério das Cidades intervém por meio de portarias que regulamentam como tem de ser executada a construção dessas habitações pelo programa “Minha Casa, Minha Vida”. Com base nisso, foi entrevistado um morador de cada residência, no mínimo. Após a entrevista aplicada, os dados foram compilados e apresentados em formas de gráficos e comparações.

Considera-se a APO, portanto, muito importante para a melhoria da construção de novas habitações, bem como os métodos e técnicas para avaliação de desempenho em uso de edificações e ambientes construídos, o que cabe conhecer não somente o ponto de vista dos especialistas, mas também a satisfação dos usuários que ali habitam.

1.2 PROBLEMA

De acordo com Moraes (2008), as cidades brasileiras, principalmente as metrópoles, sempre enfrentaram um crescimento desordenado de seu espaço e de sua população, gerando um grande quadro de desigualdade social, dificultando para grande parte da população a aquisição de um terreno ou de sua moradia. Invasões, formações de favelas e loteamentos clandestinos foram a tônica, por muito tempo, para a maioria da população na construção ou ocupação de seu espaço. Atualmente, diversas ações e programas habitacionais pretendem contornar esta situação, o que gera a necessidade de avaliar estas ações e programas para a sua crescente melhora por intermédio da APO.

(17)

A questão da habitação pode ser considerada, na atualidade, um dos principais problemas sociais urbanos do Brasil; problema que não traz consigo apenas a questão da construção de moradias para atender ao número alarmante de famílias sem casa própria, mas engloba problemas de infraestrutura (saneamento, pavimentação, etc.) e traz questionamentos sobre as obras de urbanização em áreas periféricas e favelas, ou seja, trata-se de um problema de direito à cidade.

A APO é apresentada como um conjunto de métodos e técnicas de avaliação de desempenho aplicado a qualquer tipo de ambiente construído (por exemplo: ambientes habitacionais), visando a medir e a diagnosticar, levando em conta os especialistas e os níveis de satisfação dos usuários desses ambientes. Assim, são demonstrados os erros e os acertos do ambiente construído, alimentando intervenções, melhorias e programas de manutenção, além de realimentar diretrizes para futuros projetos (ROMÉRO; ORNSTEIN, 2003).

1.2.1 Questões de Pesquisa

É importante para a realização desta pesquisa perguntas a respeito do tema, como também procedimentos que permitem a obtenção de uma resposta dos moradores do imóvel. Ao definir as questões da pesquisa, o passo mais importante a ser considerado é a visita in loco.

Para trabalhar com o tema proposto, foram elencadas as seguintes questões:

a) As edificações analisadas atenderam às expectativas do usuário na avaliação pós-ocupação de acordo com a finalidade?

b) Qual é a percepção do usuário em relação aos materiais e acabamentos? c) Quais foram as melhorias sugeridas pelos entrevistados dos imóveis?

1.2.2 Objetivos de Pesquisa

1.2.2.1 Objetivo Geral

Realizar a APO a fim de verificar o valor percebido pelo usuário nas 24 unidades habitacionais isoladas de interesse social do Loteamento Residencial Parque da Pedreira, localizado no Bairro Thomé de Souza, no município de Ijuí/RS.

(18)

1.2.2.2 Objetivos Específicos

I. Sob o ponto de vista do usuário:

a) Elencar a satisfação dos usuários quanto à moradia e seu entorno. b) Questionar o público-alvo e suas preferências de lazer.

c) Conferir aspectos de conforto térmico, lumínico, acústico e ventilação. II. Sob o ponto de vista técnico:

a) Verificar se o imóvel atende às necessidades dos usuários.

b) Descrever as ampliações/modificações realizadas pelos usuários e seus motivos.

c) Analisar os projetos arquitetônicos quanto à funcionalidade e possíveis expansões futuras.

1.2.3 Delimitação

Este trabalho desenvolve, então, uma pesquisa teórico-prática, com a aplicação dos conceitos e dos procedimentos metodológicos de avaliação pós-ocupação, objetivando avançar no seu aprimoramento, experimentando técnicas pouco empregadas nas APOs já desenvolvidas, possibilitando a obtenção de resultados mais precisos e abrangentes. Tais procedimentos estarão sempre levando em consideração, além da avaliação de desempenho técnico das edificações, a satisfação de seus usuários em relação aos aspectos priorizados.

(19)

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 PROGRAMAS HABITACIONAIS NO BRASIL

No que diz respeito ao cenário internacional, a Avaliação Pós-Ocupação (APO) é discutida há mais de 40 anos, visando a aferir como o desempenho dos ambientes influencia o comportamento humano e vice-versa.

Dumont (2014) salienta que uma série de acontecimentos no fim do século 19 refletiu significativamente na concepção dos espaços urbanos no Brasil, havendo a consolidação e aumento das favelas, cortiços, loteamentos ilegais, etc., processo decorrente de uma segregação social que, ao longo dos anos, vinha sendo introduzida e solidificada na sociedade.

No Brasil, a questão da carência habitacional sempre esteve evidenciada por diversos fatores apesar da existência de muitos programas habitacionais; entre eles a falta de condições financeiras, principalmente nas famílias com renda que vai até três salários mínimos.

Segundo Dumont (2014), em 1930 o governo Getúlio Vargas resolveu incentivar e aprofundar as mudanças e o crescimento que vinha acontecendo na estrutura das cidades brasileiras. Quando ele produziu um modelo de desenvolvimento sustentado pela substituição de importações, gerou uma industrialização e urbanização do país. A partir dessas políticas, o Brasil viveu um intenso processo de urbanização, como se pode observar na Tabela 1.

Tabela 1 – Distribuição da População Brasileira de 1940 a 2010

(20)

Na década de 40, a população urbana no Brasil era de 31,2%, e, em 2000, essa população mais do que dobrou, acelerando o processo de urbanização do país durante o século 20. Uma das características desse processo de urbanização é a concentração e a centralização de população e de poder no território (MARICATO, 2005).

Os conjuntos habitacionais de interesse social (CHIS), por sua vez, são habitações que vêm sendo focalizadas principalmente como abrigo, que é uma necessidade vital, a qual não pode dispensar outras características inerentes à sua cidadania e, portanto, à sua necessidade habitacional.

Rodwin (1987) observa que a necessidade de abrigo vem sendo conduzida em termos do assentamento humano e consequente desenvolvimento regional e do país. Apesar da maior oferta habitacional, porém, as pessoas mais pobres apresentam significativa desvantagem, revelando que ainda existe uma considerável exclusão social com muitas famílias que ainda não conseguiram se incorporar aos avanços de desenvolvimento econômico, social e cultural do país.

Verifica-se que as habitações destinadas à população de baixa renda, independentemente do agente promotor, dos mecanismos adotados para a sua produção e das formas de acesso à moradia, continuam necessitando, em menor ou maior escala, de realizações concretas que levem a melhorias do seu desempenho funcional, visando o atendimento das necessidades dos moradores e, até mesmo, a satisfação destes no contexto da qualidade de vida urbana (ROMERO; ORNSTEIN, 2003).

Desde 1964, quando foi instituído o Sistema Financeiro da Habitação (SFH), a alternativa encontrada pelo poder público para redução do déficit habitacional tem sido a construção de conjuntos residenciais. Grande parte dos empreendimentos construídos entre as décadas de 60 e 80 (financiados pelo extinto Banco Nacional da Habitação – BNH) custava caro e o produto oferecido não atendia às necessidades de seus proprietários, em virtude, principalmente, da precariedade de dimensionamento dos cômodos (MARROQUIM; BARBIRATO, 2007).

Na atualidade, foram observadas, no cenário macroeconômico brasileiro, mudanças estruturais que desenharam um novo cenário propício para garantir o sucesso de uma política habitacional de longo prazo, especialmente voltada para a população de baixa renda, que não tem condições de fazer muitas escolhas e exigências.

Mediante processos participativos, foi elaborado o Pacto Nacional pela Moradia Digna (PlanHab), fundamental no conjunto de ações para atingir o principal objetivo do Plano Nacional

(21)

de Habitação (PNH): universalizar o acesso à moradia digna para todo o cidadão brasileiro. Essa política foi efetivada a partir da constituição de um Sistema de Habitação (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2018b).

O Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS), criado em 16 de junho de 2005, e instituído pela Lei Federal nº 11.124/05, disciplina políticas e programas pertinentes à habitação, centralizando todos os programas e projetos destinados à habitação de interesse social. É integrado pelos seguintes órgãos e entidades: Ministério das Cidades, Conselho Gestor do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social, Caixa Econômica Federal, Conselho das Cidades, Conselhos, Órgãos e Instituições da Administração Pública direta e indireta dos Estados, Distrito Federal e Municípios, relacionados às questões urbanas e habitacionais, entidades privadas que desempenham atividades na área habitacional e agentes financeiros autorizados pelo Conselho Monetário Nacional (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2018c).

A maioria da população de baixa renda no Brasil vive em lugares e moradias inadequados em razão da ausência de medidas apropriadas para preparar e acomodar o crescimento urbano. Esse descaso caracteriza a expansão urbana nos últimos séculos e ainda persiste nos dias de hoje (POPULAÇÃO E CIDADES, 2019).

Para melhorar essa situação habitacional, a Secretaria Estadual de Habitação e Desenvolvimento Urbano do Rio Grande do Sul executa Programas em parceria com as Prefeituras e Cooperativas Habitacionais desde 1999, atendendo famílias com renda de até cinco salários mínimos, com os seguintes programas habitacionais:

– Programa Moradia Popular – conveniado com Prefeituras em 1999, 2000 e 2001. – Pró Coop – conveniado com Cooperativas Habitacionais, iniciado em 2001 e 2002. – Pró Comunidade – conveniado com Prefeituras a partir de 2003.

– Programa Cheque-Casa – conveniado com Prefeituras a partir de 2002, com quantias

significativas de recursos depositadas diretamente na conta bancária do beneficiário para utilização imediata.

– Programa Minha Casa – conveniado com Prefeituras para habitações novas e melhorias, como

construção de sanitários realizadas em etapas a partir de 2003.

– Convênio com a Caixa Econômica Federal – Resolução Nº 460 – para reformas e melhorias

(22)

Com isso, a Secretaria Estadual de Habitação e Urbanismo repassou os recursos de moradia e de suporte técnico, como orientação e fiscalização da obra, além de todos os meios documentais para a concretização do Convênio.

2.2 PLANO LOCAL DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL

O Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS) foi criado em 16 de junho de 2005 a partir da sanção da Lei n° 11.124. Voltado à população de menor renda, ele objetiva viabilizar o acesso à terra urbanizada, à habitação digna e sustentável e à habitação por meio de políticas e programas de investimentos e subsídios. Além disso, o Sistema também tem como objetivo apoiar a atuação de órgãos e instituições que desempenham funções no setor da habitação, articulando, compatibilizando e acompanhando-os (BRASIL, 2005).

Tratando-se de habitações de interesse social, todos os programas e projetos são centralizados no SNHIS. O sistema tem como órgão central o Ministério das Cidades, sendo composto também pelo Conselho Gestor do FNHIS, Caixa Econômica Federal, Conselho das Cidades, conselhos, órgãos e instituições integrantes da administração pública, bem como entidades privadas ligadas à área habitacional (BRASIL, 2005).

A Lei n° 11.124 ainda criou o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS), instituindo seu Conselho Gestor. O FNHIS centraliza e gerencia recursos orçamentários diversos destinados ao SNHIS, direcionados à população de menor renda. Ele é gerido por um Conselho Gestor deliberativo e apresenta natureza contábil (BRASIL, 2005).

O Plano Local de Habitação de Interesse Social (PLHIS) objetiva estabelecer uma referência plausível de habitação no município, respeitando as diretrizes e os objetivos orientadores, a capacidade de recursos e os instrumentos existentes para a solução das necessidades habitacionais.

Com a elaboração do PLHIS, os municípios e Estados consolidam, em âmbito local, a Política Nacional de Habitação – PNH –, de forma participativa e compatível com outros instrumentos de planejamento local, como o Plano Diretor e os Planos Plurianuais Locais. Ou seja, o Plano Municipal de Habitação de Interesse Social – PLHIS – é um instrumento político e administrativo com o objetivo de desenvolver programas, metas e ações com a finalidade de superar o déficit habitacional e melhorar a qualidade de vida, priorizando, principalmente, as famílias de baixa renda (zero a 3 salários mínimos).

(23)

O PLHIS é um requisito previsto na Lei N° 11.124/2005 e na Resolução N° 02/2006 do Conselho Gestor do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social – FNHIS, para adesão ao Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social – SNHIS e deve ser elaborado de forma democrática e participativa em consonância com as políticas nacional e municipal de habitação, considerando os instrumentos locais de gestão orçamentária e financeira, tais como o Plano Plurianual – PPA, Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO e Lei Orçamentária Anual – LOA (3C ARQUITETURA E URBANISMO, 2012, p. 10).

A Estratégia de Ação para a formação do PLHIS consiste da terceira etapa do Plano, sendo resultado da conclusão da primeira e segunda etapas, que se dividem em Proposta Metodológica e Diagnóstico Estratégico Participativo, respectivamente, e faz parte da elaboração do Plano de Ação que orientará a tomada de decisão governamental e norteará o desenvolvimento de projetos habitacionais, a alocação de recursos, assim como a aplicação, definição ou revisão dos marcos regulatórios e legais. As estratégias para a execução do PLHIS são definidas de modo participativo de acordo com o diagnóstico realizado anteriormente.

O governo municipal deverá participar diretamente na produção de moradias, bem como incentivar e apoiar tal produção para a população de menor renda, em articulação com programas desenvolvidos por outras esferas dos setores público e privado e associações comunitárias.

Em virtude dessa necessidade de parcerias para captação de recursos para a construção de moradias de interesse social, o município já realiza, junto ao governo federal, ao governo estadual e aos possíveis parceiros, como associações e órgãos internacionais, por meio da participação efetiva nos programas, convênios e liberações do Ministério das Cidades, visando ao fomento e Gestão da Produção de Habitação de Interesse Social.

A Caixa Econômica Federal mantém um programa de financiamento de moradias no qual o agente indutor é a Prefeitura do Município. Nesta parceria o Poder Executivo disponibiliza a infraestrutura, terreno e cadastro das famílias, e o banco participa com o financiamento. Sendo assim, cabe à Prefeitura disponibilizar a área e os recursos necessários à execução da infraestrutura. O governo do Estado possui uma fonte de recursos destinada ao órgão do Estado que investe na construção de moradias para a população de baixa renda, sendo identificados, na etapa do diagnóstico estratégico, alguns programas que podem se configurar como fonte de Habitação de Interesse Social para o município.

Compreende-se que a participação articulada entre os governos Federal, Municipal e Estadual, a Caixa Econômica Federal, as associações de moradores e a iniciativa privada, é imprescindível para a solução do déficit identificado no diagnóstico do Plano Local de Habitação de Interesse Social da cidade.

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De acordo com Freitas (2002), o Banco Nacional da Habitação (BNH) marcou uma nova fase da política habitacional federal. Criado pelo regime militar, o BNH teve como objetivo central dar sustentabilidade ao sistema de crédito habitacional por intermédio da instituição de uma fonte de recursos permanente.

Segundo Palhares (2001), a articulação das propostas priorizava a questão da moradia e instituía um sistema de gestão e controle social que fosse responsável pela execução das ações necessárias, e se daria no âmbito da administração pública nacional, estadual ou municipal. Os diversos agentes descentralizados atuariam com proximidade aos problemas a serem enfrentados. Na medida em que conhecessem as realidades regionais e locais, poderiam buscar soluções mais baratas e coerentes, com materiais e mão de obra disponível; reduziriam custos, aumentariam a participação popular e, consequentemente, confeririam maior qualidade às habitações produzidas. O projeto visava a atender como população-alvo as famílias com renda de até três salários mínimos, evitando os erros passados, pelas distorções no atendimento em relação ao BNH.

O Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) foi instituído pela Lei Federal n° 11.977, de 7 de julho de 2009. Ele tem por finalidade “criar mecanismos de incentivo à produção e aquisição de novas unidades habitacionais ou requalificação de imóveis urbanos e produção ou reforma de habitações rurais” (BRASIL, 2009). O PMCMV é destinado a famílias com determinada renda mensal, enquadradas em faixas de rendas definidas e atualizadas pelo Poder Executivo Federal, compreendendo os subprogramas: Programa Nacional de Habitação Urbana (PNHU) e Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR).

O programa Minha Casa Minha Vida tornou-se de grande importância social, pois, além de ser destinado às famílias com menor faixa de rendimento (com teto de dez salários mínimos), prevê prioridade de atendimento às famílias com mulheres responsáveis pela unidade familiar, às famílias de que façam parte pessoas com deficiência e às famílias residentes em áreas de risco, insalubres, que tenham sido desabrigadas ou que perderam a moradia em razão de desastre natural. A Lei Federal n° 11.977/2009 prevê também o estabelecimento de medidas de desoneração tributária para as construções destinadas à habitação de interesse social em áreas urbanas por parte do Distrito Federal, Estados e Municípios. Estes também serão os responsáveis pela execução do trabalho técnico e social pós-ocupação dos empreendimentos criados (BRASIL, 2009).

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Diante de todas as peculiaridades de habitações de interesse social, é evidente a importância de aprofundar os estudos em sua etapa de uso. Estes estudos irão auxiliar na identificação das necessidades e requisitos dos moradores (BRITO, 2009).

A uniformização das moradias pelo país acarreta diversos problemas aos municípios. O Brasil é um país com distintos tipos de culturas, e não tem como igualarmos o lar das pessoas. Precisamos de soluções viáveis que ajudem a modificar os programas de habitação, para que as pessoas recebam as casas sem criticar ou reclamar, objetivando que cuidem delas.

2.2.1 Plano Local de Habitação de Interesse Social de Ijuí

De acordo com o Plano Local de Habitação de Interesse Social de Ijuí, a avaliação do déficit habitacional é observada nos distritos rurais e bairros da zona urbana do município. Nota-se que 94% do déficit básico é urbano e 6% rural (3C ARQUITETURA E URBANISMO, 2012, p. 72). Essa relação é mantida nos critérios de domicílios precários e coabitação, onde o déficit urbano é cerca de dez vezes o rural.

Com o objetivo de minimizar os problemas de direito à moradia digna e ao solo urbano regularizado, foi criada, em março de 2013, pela Lei Municipal n° 5.743, a Secretaria Municipal de Habitação, além de medidas tomadas pela Prefeitura de Ijuí seguindo ordens da Lei n° 11.124/2005 (que prevê a realização de um PLHIS), firmando, deste modo, um contrato administrativo, em 7 de novembro de 2011, com a Empresa 3C Arquitetura e Urbanismo Ltda., para elaboração do Plano Local de Habitação de Interesse Social. Tal plano foi elaborado nas seguintes etapas:

• Etapa I: Proposta Metodológica, concluída em dezembro de 2011.

• Etapa II: Diagnóstico do Setor Habitacional, concluída em agosto de 2012. • Etapa III: Estratégica de Ação, concluída em 2012.

Nas áreas rurais do município nota-se que os problemas maiores da habitação estão ligados à saúde econômica da produção rural, principalmente junto aos trabalhadores rurais que não possuem terras próprias e vivem situações de precariedade e falta de segurança quanto à moradia. Conforme o Plano Local de Habitação do Município, o principal problema relativo é a inadequação dos domicílios por falta de infraestrutura, especialmente esgoto sanitário. Como destacado no estudo, a demanda por novas unidades é baixa, com exceção dos povoados nos distritos de Alto da União – em particular junto a via férrea – e nas sedes dos distritos de Itaí e Chorão, ilustrados na Figura 1.

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Na zona urbana, o déficit habitacional distribui-se principalmente nos bairros mais afastados do Centro, o que totaliza uma relação de domicílios visivelmente mais agravante nas bordas da zona consolidada da cidade. O mapa da Figura 2 demonstra a concentração de problemas habitacionais do município, e nele podem-se observar os problemas de habitação na cidade de Ijuí que estão relacionados diretamente ao acesso à urbanização.

Figura 1 – Gravidade dos problemas habitacionais na zona rural do município

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Figura 2 – Déficit habitacional na zona urbana do município

Fonte: 3C ARQUITETURA E URBANISMO, 2012.

De acordo com o Diagnóstico do Plano Local de Habitação do Município, o problema do caso dos aglomerados encontra-se junto as áreas de alta declividade, especialmente na zona norte.

Percebeu-se que a zona norte da ZU concentra áreas de extrema carência, somando total de 876 domicílios em assentamentos precários nesta área que sofrem de carência generalizada de esgotamento sanitário, de ausência de unidades sanitárias exclusivas às moradias, além de concentrar adensamento excessivo e a maior parcela da população com renda entre zero a três salários mínimos da ZU. Nesta área, os bairros com maior concentração de domicílios em assentamentos precários são Luís Fogliatto, com 394 domicílios nesta condição, Getúlio Vargas, com 347, Colonial, com 187, Alvorada, com 118, Tancredo Neves, com 46 e XV de Novembro, com 18 (3C ARQUITETURA E URBANISMO LTDA., 2012).

Salienta-se que a sobreposição das restrições ambientais não é por acaso, o que origina possibilidade de riscos à população residente e às áreas de precariedade. Na Figura 3 o mapa mostra as áreas que se sobrepõem às dificuldades em obter acesso à terra qualificada e livre de riscos,

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originando o principal problema de habitações em áreas impróprias. Logo a seguir, na Tabela 2, obtém-se a comparação entre os assentamentos, permitindo qualificá-los quanto à necessidade de intervenção e a gravidade do problema.

Figura 3 – Áreas com restrições à habitação e localização de assentamento precários

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Tabela 2 – Comparação dos principais atributos de riscos, infraestrutura e equipamentos públicos dos assentamentos precários da ZU

Fonte: 3C ARQUITETURA E URBANISMO, 2012.

As medidas de orientações estratégicas apontadas para o enfrentamento do déficit habitacional, assim como o PLHIS do município, partiram de dois grandes âmbitos de atuação:

a) Estruturas do sistema municipal

Objetiva prover a administração municipal e as instâncias públicas de deliberação sobre a questão habitacional, de condições e meios para executar, revisar e gerir a política habitacional. São os “bastidores” da política pública que incluem melhoria da estrutura do Poder Executivo, reforço da gestão da política habitacional, atividades de promoção da produção social da moradia, ações de qualificação sistêmica da cidade e estratégias de fortalecimento financeiro do município.

b) Implementação das políticas habitacionais

Responde à necessária produção de habitação e/ou melhoria de condição das habitações do município. Inclui, portanto, ações de construção de moradias, melhoria de casas e terrenos, intervenção em assentamentos precários, realocação de populações em áreas de risco, etc. Se estabelecem duas categorias de atuação: uma concentrada e articulada a ser executada nos locais de pobreza e precariedade excepcionais; outra difusa, direcionada à falta crônica de habitação ou qualificação urbana de todo o município.

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Para os objetivos elaborados no Plano, a estrutura de intervenção simplificada é demonstrada no esquema da Figura 4.

Figura 4 – Estratégia de ação

Fonte: 3C ARQUITETURA E URBANISMO, 2012.

Esta estrutura possui cinco diretrizes principais, chamadas de Linhas de Ação nos dois âmbitos citados. A partir desta estrutura são desenvolvidos PROJETOS e AÇÕES, com objetos concretos e resultados mensuráveis em sua eficácia e eficiência. Por trás desta concepção está uma visão de serviço público integrada por meio de ações complementares e adaptadas, onde as metas a médio e a longo prazos podem ser construídas mediante etapas intermediárias cumulativas, nas quais as estruturas responsáveis possam ser constituídas paulatina e continuamente, de modo a não sobrecarregar o erário municipal antes do tempo em que se façam necessárias.

A criação de Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) é outro foco instituído pelo PLHIS, conforme prevista na Lei Municipal nº 5.630/2012 do Plano Diretor. As ZEIS estão baseadas em dois tipos e apresentadas na Figura 5.

ZEIS Tipo I – Áreas vazias a serem destinadas à produção de novas habitações ou loteamentos para famílias de baixa renda.

ZEIS Tipo II – Áreas ocupadas por assentamentos precários a serem qualificados por meio de intervenções integradas, reurbanizações e realocações, conforme cada caso.

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Figura 5 – Proposta de ZEIS

Fonte: 3C ARQUITETURA E URBANISMO, 2012.

O PLHIS expõe também a metodologia de projetos integrados, que apresenta aplicação de treinamento, capacitação e consultoria para desenvolvimento institucional, visando à integração das ações entre as Secretarias para a realização de projetos multieixos, com a intervenção e a realização de planos e projetos estratégicos. Surge, assim, a elaboração de projetos no Parque Popular da Pedreira (Figura 6).

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Figura 6 – Projetos multieixos

Fonte: 3C ARQUITETURA E URBANISMO, 2012.

Para esta pesquisa procura-se desenvolver uma abordagem sobre Avaliação Pós-Ocupação do uso do espaço em unidades e assentamentos residenciais populares, visando à obtenção de parâmetros para futuros projetos arquitetônicos e urbanísticos.

2.3 AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO (APO)

No contexto habitacional, a APO surge como uma ferramenta eficaz de avaliação sistemática do ambiente construído, incluindo o usuário nesse processo. Segundo Romero e Ornstein (2003), a APO é um conjunto de métodos e técnicas que busca aferir o grau de satisfação dos usuários e o atendimento das suas necessidades a partir do diagnóstico dos fatores positivos e negativos do ambiente no período de uso. É recomendado que os fatores positivos sejam cadastrados e utilizados na elaboração de projetos futuros, e os negativos embasem pesquisas que realimentam ciclos de processos de produção futuros, pois a APO faz parte de um sistema processual construtivo, conforme mostra a Figura 7.

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Figura 7 – Esquema da APO

Fonte: ROMERO; ORNSTEIN, 2003.

Segundo Lay e Reis (1993), essa ferramenta objetiva utilizar a informação para a melhoria do próprio espaço construído, e traduzir a informação obtida em forma de recomendações e diretrizes, evitando aspectos negativos de desempenho, fazendo com que aspectos positivos sejam incorporados em projetos semelhantes ao avaliado.

Conforme Preiser (2002), a APO é projetada para sistematicamente avaliar o desempenho das construções depois de edificadas e ocupadas por algum tempo pelos usuários. Esta abordagem é focada nos requerimentos dos ocupantes das construções, incluindo saúde, segurança, funcionalidade e eficiência, conforto psicológico, qualidade estética e satisfação, o que difere de outras avaliações de desempenho dos edifícios.

Um grande avanço nas pesquisas em torno da APO em nosso país foi verificado desde o seu início, nas décadas de 70 e 80. As pesquisas foram iniciadas em meio acadêmico e, posteriormente, expandidas para universidades, como um conjunto de métodos passíveis de serem aplicados nos ambientes em uso (GALVÃO; ORNSTEIN; ONO, 2013). Para os autores, as pesquisas alimentadas por resultados da APO demonstram que os mesmos podem ser aplicados em todas as etapas construtivas, desde a fase de projeto até a execução e a manutenção.

De acordo com Ornstein (2005), a APO ocupa-se de fazer avaliações comportamentais e avaliações técnicas no ambiente construído, as quais podem sofrer alterações em razão do objetivo pretendido, conforme a classificação ilustrada no Quadro 1.

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Quadro 1 – Aspectos de Avaliação de uma APO

Fonte: ORNSTEIN, 2005.

Atualmente, nota-se uma gama bastante ampliada de métodos e técnicas utilizadas na APO, dependendo do tipo de avaliação que se pretende desenvolver. Nakamura (2013) assevera que a APO é um conjunto de métodos e técnicas que visa a avaliar o desempenho de edificações em uso, considerando não somente o ponto de vista do arquiteto, mas também o grau de satisfação dos usuários. Quando bem-realizada, a APO pode gerar diagnósticos para fundamentar recomendações e intervenções no edifício, além de fornecer informações importantes para respaldar projetos similares no futuro.

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Outras ciências, além das relacionadas à arquitetura e ao urbanismo, são relevantes para uma maior fundamentação das ações planejadas na APO (ORNSTEIN, 2005). A psicologia ambiental, a antropologia e a filosofia são as áreas que mais se relacionam com a Avaliação Pós-Ocupação funcional e comportamental dos espaços habitacionais. Já a mescla de vários métodos na APO, qualitativos e quantitativos, fundamenta-se na possibilidade da coleta de diferentes tipos de dados, permitindo, principalmente, contrabalançar os possíveis desvios/tendências dos resultados (LAY; REIS, 1993).

Alguns autores indicam que, para que os complexos problemas de pesquisa e aplicações na área do ambiente-comportamento fossem compreendidos, fez-se necessária a aceitação tanto dos métodos quantitativos quanto dos qualitativos, configurando o que se convencionou chamar de múltiplos métodos. Segundo Baptista (2009), o método qualitativo focaliza a determinação de validade da investigação, e o quantitativo consiste em medições a partir de avaliações físicas realizadas mediante levantamentos e avaliações comportamentais, utilizando questionários, entrevistas e observações de comportamento que expressem o grau de satisfação dos usuários.

Três critérios podem ser apontados para avaliar delineamentos estatísticos e metodológicos: representatividade, aleatoriedade e realismo. Dificilmente um único estudo apresentaria todas estas qualidades, mesmo que constituíssem características predominantes da observação, do experimento e do levantamento de dados. Ao escolher um ou outro desses métodos, assume-se, necessariamente, uma solução de compromisso com o resultado final do trabalho (GÜNTHER; ELALI; PINHEIRO, 2004).

Para a aplicação da APO foi necessária a definição dos procedimentos metodológicos, incluindo uma clara caracterização de seus objetivos, critérios de qualidade e tipos de técnicas de pesquisa que deveriam ser utilizados. Na concepção de Ornstein (1992), essa metodologia difere-se das demais por considerar questões relativas ao projeto e à construção, além de priorizar aspectos de uso, operação e manutenção, essencialmente do ponto de vista do usuário.

A técnica usada para o levantamento de dados é aplicada pelo próprio pesquisador (avaliador), a qual possibilita o acesso às informações iniciais sobre o projeto em estudo. Essas técnicas são usadas sobre o programa habitacional em que os empreendimentos se inserem, como o caso da localização dos empreendimentos, restrições urbanísticas e demais legislações cabíveis, infraestrutura urbana instalada, participação dos gestores públicos, informações gráficas sobre os projetos (plantas e demais desenhos técnicos), dados gerais sobre os conjuntos (número de

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unidades, ano de construção e entrega, profissionais e empresas responsáveis pela concepção, construção e manutenção dos empreendimentos, entre outros) e aspectos de sustentabilidade oferecidos.

De acordo com Tavares (2008), na medida em que se coloca o avaliador como centro da avaliação, reforça-se a ideia de avaliação como produção de conhecimento, o que faz, portanto, que tais sujeitos (avaliador e pesquisador) se aproximem ou se fundem na APO.

A partir da ótica de Rheingantz (2009), uma característica considerada fundamental à avaliação pós-ocupação é a incorporação de métodos avaliativos para os pesquisadores, ou observadores, no sentido de utilizar como dado também a experiência sobre o assunto do observador.

Assim, o foco principal desta técnica consiste em aferir o nível de satisfação geral dos moradores tanto em relação aos espaços privados – relativos à unidade habitacional – quanto aos coletivos e públicos.

2.3.1 Aspectos técnicos a serem avaliados na APO

Com base nas constatações anteriores, entende-se que a aplicação da APO deveria estar implícita no cotidiano de todos os profissionais nos campos da arquitetura e do urbanismo, da engenharia civil e do design, com o intuito de ampliar a qualidade de seus processos de projetos e produtos. Saber como se comporta efetivamente o usuário no ambiente construído, deveria ser uma prática corrente entre os diversos agentes deste mercado em diferentes esferas (pública, institucional, privada, coorporativa, entre outras).

Segundo o apresentado por Bertezini (2006), alguns aspectos técnicos podem ser avaliados nas pesquisas; eles estão relacionados ao desempenho da edificação, ao sistema construtivo, à segurança e ao conforto.

a) Estrutura: durabilidade do material, patologias, deformações, efeito do vento em edificações mais altas, interface entre materiais diferentes (exemplo: concreto armado e bloco de concreto), vibrações, entre outros (BERTEZINI, 2006).

b) Ventilação e saneamento: qualidade e quantidade da ventilação natural, existência de ventilação cruzada, conservação dos dutos de ventilação artificial (caso existam) (BERTEZINI, 2006).

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c) Instalações elétricas: instalação de novos equipamentos ou cabos para redes, fibra óptica, manutenções necessárias, etc. (BERTEZINI, 2006).

d) Elementos internos (vedações, forros, pisos...): estética, uniformidade das peças, durabilidade, estanqueidade das esquadrias, facilidade de substituição, resistência dos materiais, etc. (BERTEZINI, 2006).

e) Conforto acústico: garantia de repouso dentro das condições naturais, nível de ruído vindo de áreas externas e internas, etc. (BASSO; MARTUCCI, 2002).

f) Conforto lumínico: o que o usuário deseja é realizar suas atividades sem fazer esforço visual excessivo e sem que haja obscurecimento; o conforto luminoso serve tanto para a iluminação natural quanto para a artificial (BASSO; MARTUCCI, 2002).

g) Conforto térmico: devem ser analisados ganhos de calor, relativos à posição solar e presença humana e demais equipamentos elétricos, e perda de calor relativa à ventilação tanto natural (pela ação do vento) quanto artificial (MARTUCCI, 2002).

2.3.2 Expectativa e necessidade do cliente/usuário

Com o foco nos usuários e, consequentemente, em suas necessidades, a APO permite a formulação de ideias e estratégias relacionadas com as consequências do projeto e com o desempenho do ambiente analisado. Desta forma, aumentam as possibilidades de melhorar a qualidade de vida dos usuários dos ambientes construídos, bem como viabilizar as bases para a construção de bancos de dados com informações e conhecimentos sobre o ambiente construído e sobre as relações e comportamentos que são nele desenvolvidas (SOUZA; RHEINGANTZ, 2006). Para analisar a demanda, de acordo com o apresentado pelos autores, é necessário levantar informações do público-alvo a ser atingido e entender seu comportamento, saber seus desejos e necessidades para, assim, projetar um produto no mercado que está em falta. Meira e Oliveira (2009) ressaltam a importância de levar em consideração as pesquisas realizadas em torno das necessidades dos usuários, contudo, por muitas vezes, essas necessidades são temporais, em razão do grande número de mudanças ocorrentes no cotidiano das pessoas hoje em dia; logo, o que é satisfatório hoje pode não ser amanhã.

Consoante Círico (2002), o potencial construtivo do empreendimento ainda dependerá de outros aspectos, como o código de obras do município e zoneamento, todavia, às vezes, a determinação do tamanho das áreas das habitações é realizada por um programa de necessidades feito sem pesquisa aplicada de maneira correta em meio ao seu mercado consumidor.

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2.3.3 Satisfação do usuário

Galster (1987) defende que o significado de satisfação do usuário não pode ser desassociado do fato de que as pessoas baseiam suas opiniões em critérios de comparação entre seu ambiente atual e suas aspirações futuras, recebendo influência de características como classe social e faixa etária.

A avaliação pode ser considerada a atribuição de valor a um determinado objeto, o que está fortemente ligado ao juízo do avaliador. Deste modo, a avaliação do usuário está relacionada aos conceitos de percepção e satisfação. Para Gifford (1996), a percepção caracteriza-se por ser a coleta inicial de informações por meio dos sentidos. O termo percepção, chamado também de percepção ambiental, é utilizado em um aspecto mais amplo, ou seja, como o usuário avalia o ambiente a partir do seu entendimento.

Quanto à satisfação, não há concordância em relação à qual tipo de modelo de avaliação ela corresponda. Vários autores configuram a satisfação de modo diferente, posto que alguns a classificam como genuinamente cognitiva, outros como a satisfação sendo um sentimento. Assim, a satisfação aproxima-se do conceito relacionado à qualidade de vida, associada tanto à percepção do indivíduo quanto às suas vivências e desejos.

É necessário conhecer as edificações tecnicamente e do ponto de vista dos usuários para analisar a qualidade do projeto e o nível desses usuários. Conforme Lay e Reis (1993), a satisfação das pessoas coma habitação é influenciada por aspectos físicos-especiais ou aspectos do projeto, que desempenham um papel importante na qualidade da habitação.

Neste contexto, o Instituto de Estudos Especiais da PUCSP (IEE, 2006) trata o conceito de satisfação dos usuários por meio da avaliação do morador sobre as suas edificações de moradia e serviço, bem como os efeitos provenientes da execução do projeto na vida social e comunitária. É necessária a avaliação dos moradores sobre a situação dos seguintes indicadores: abastecimento de água, esgoto sanitário, iluminação pública, acesso de veículos e pedestres, serviços e equipamentos sociais, transporte público, segurança e adequação das unidades às necessidades da família.

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3 MÉTODO DE PESQUISA

A base desta pesquisa será a realização de uma APO no estudo de caso que será desenvolvido na área constituída por unidades habitacionais isoladas de interesse social, na cidade de Ijuí, RS. A metodologia empregada levará em conta dados quantitativos/qualitativos coletados junto aos usuários das residências, para que os mesmos possam ser analisados pela autora desta pesquisa.

3.1 ESTRATÉGIA DE PESQUISA

Marconi e Lakatos (1999) mostram que tanto os modelos utilizados em metodologias quanto em questionários, seguem o padrão em que as questões são de múltipla escolha. As perguntas são fechadas nas questões de múltipla escolha, mas apresentam uma série de possíveis respostas, abrangendo vários lados do mesmo assunto. As respostas ainda podem ser de forma única ou múltipla, devendo o pesquisador explicitar em cada caso.

Bonatto (2010) apresenta os focos e algumas técnicas de pesquisa da APO em forma de um organograma apresentado na Figura 8. Ainda segundo o referido autor, os quatro focos de pesquisa são assim apresentados: habitação em si, áreas externas e de uso comum, entorno (local de inserção da habitação, acessibilidade, etc.) e serviços relacionados ao empreendimento.

Figura 8 – Técnicas de pesquisa

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A estratégica de pesquisa empregada quanto à forma de abordagem será tanto qualitativa quanto quantitativa, buscando fornecer ao leitor gráficos e dados numéricos referentes às informações obtidas, como também resultados descritivos dos questionários a serem realizados com os usuários. Quanto aos procedimentos técnicos utilizados descritos anteriormente, optou-se pela pesquisa bibliográfica e levantamento de dados das unidades habitacionais isoladas do Parque da Pedreira na cidade de Ijuí, RS.

Para a coleta dos dados qualitativos foi utilizada a Técnica do Incidente Crítico, que é, segundo Flanagan (1954), um conjunto de procedimentos para a coleta de observações diretas do comportamento humano, que visa a facilitar a busca de soluções para problemas práticos. Assim, esta técnica foi empregada para identificar as características positivas e negativas das habitações presentes na memória dos usuários. Já o levantamento físico foi utilizado para o registro das modificações e/ou ampliações realizadas pelos usuários nas suas moradias.

O questionário, por sua vez, apresenta uma técnica constituída por perguntas fechadas, pelas quais é possível perceber como os moradores comportam-se e utilizam os espaços, as satisfações e insatisfações com relação à moradia e ao seu entorno, bem como as deficiências e potencialidades do projeto em termos funcionais, espaciais e ambientais. O questionário é um dos métodos mais empregados em APO (ORNSTEIN; ROMÉRO, 1992), porque, com sua aplicação, é possível descobrir regularidades entre grupos de pessoas pela comparação das respostas dadas a um mesmo conjunto de perguntas feitas para um número representativo e significativo de respondentes (IMAI; FAVORETO, 2002).

O foco principal desta pesquisa é identificar o quanto satisfeito estão os usuários com suas edificações. Os questionários, quando apresentados graficamente, demonstrarão o comportamento e as opiniões dos moradores dos imóveis.

3.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA

A identificação das etapas a serem realizadas durante o projeto de pesquisa é indispensável para a realização de um projeto e, para que essas etapas sejam devidamente seguidas e cumpridas, é indicada e usual a apresentação do fluxo da pesquisa por meio da diagramação, que acontece pela forma do diagrama (GIL, 2002). Para o desenvolvimento desta pesquisa, seguem as seguintes etapas:

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a) Escolha do tema e local de estudo: tendo em vista a complexidade e as diversas variáveis consideradas na APO em habitação de interesse social, bem como o entendimento da necessidade de desenvolvimento e satisfação do usuário, a pesquisa visa a conhecer um estudo de caso no Loteamento Residencial Parque da Pedreira, por antigamente se tratar de uma área de risco, insalubre e APP.

b) Revisão bibliográfica: basicamente, a pesquisa bibliográfica é um apanhado sobre os principais trabalhos científicos realizados sobre o mesmo tema, revestidos de importância por fornecerem dados atuais e relevantes abrangendo publicações avulsas, livros, jornais, revistas, etc.

c) Escolha da metodologia: primeiramente, foram envolvidos os morados das residências contempladas na amostra e, mediante entrevista estruturada, avaliou-se o nível de satisfação dos usuários em relação as suas moradias. Isto forneceu elementos indicadores para abordagem técnica no segundo enfoque, feita por intermédio de uma visita in loco, quando foi avaliado o desempenho do sistema construtivo e dos materiais de construção, além de outros aspectos, e ouvidas as opiniões dos moradores, simultaneamente, com as entrevistas. Nesse registro foram enfatizados os pontos positivos e negativos em relação ao conforto, temperatura, ruídos, iluminação natural e/ou artificial, entre outros.

d) Coleta e organização dos dados: juntamente aos órgãos públicos e responsáveis pela elaboração do projeto referente ao programa habitacional realizado, bem como a caracterização do empreendimento de habitação de interesse social e dos programas em que estão inseridos. e) Visita ao local de estudo: inicialmente para o contato com a população e reconhecimento dos

quesitos que foram analisados, visando a conhecer o ambiente.

f) Análise e interpretação dos dados coletados: foram elencados por meio de gráficos, tabelas, etc., gerando resultados e respostas das questões do estudo, dando ênfase aos valores desejados na habitação de interesse social como forma de apurar, de maneira mais detalhada e consistente, a relação do homem com o ambiente construído, a partir da própria visão dos moradores das unidades habitacionais isoladas do Parque da Pedreira.

g) Conclusão da pesquisa: os fatos mencionados por meio da APO realimentam todo o sistema de desenvolvimento de projetos futuros, e os resultados aqui apurados são extremamente importantes para novos planejamentos, programações, projetos e execuções.

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3.3 LOCAL DE ESTUDO

O local escolhido para a realização do estudo de caso foi o Loteamento Residencial Parque da Pedreira, localizado na Avenida 21 de Abril, Bairro Thomé de Souza, no município de Ijuí, RS. O Parque abrange toda a área tracejada em vermelho, conforme a Figura 9 e Anexo 1, ao Setor Norte com a Rua Carlos Guilherme Erig, Setor Sul com a Rua Frederico Tybusch, acesso Central com a Avenida 21 de Abril, ao Leste com as Ruas Ramão Bueno da Silva e Coroados e ao Oeste contorna o Arroio Espinho e a Rua Carlos Zimpel.

Figura 9 – Localização do Parque Popular da Pedreira

Fonte: PREFEITURA DE IJUÍ, 2012.

Segundo a Prefeitura de Ijuí (2012), o objetivo da construção do Parque é a recuperação ambiental das Áreas de Preservação Permanentes (APPs) após a remoção das famílias para as novas unidades habitacionais, recuperando a mata ciliar junto aos cursos d’água, com projetos de urbanização e infraestrutura viária, adequando a malha local ao projeto global da cidade, bem como a construção de redes de coleta de esgoto e abastecimento, além de criação de passeios e ciclovias.

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O loteamento apresenta 24 residências habitacionais, como mostra a Figura 10, e cada uma com área construída de quarenta e cinco metros quadrados e vinte e oito decímetros quadrados (45,28m²), conforme planta baixa exposta no Anexo 2. Estão padronizadas e distribuídas com dois dormitórios, um banheiro, uma cozinha, uma sala de estar e uma área de serviço. Conforme informações obtidas pela Secretaria Municipal de Habitação (SMH), os projetos para o estabelecimento do loteamento no Parque da Pedreira iniciou em 2011 e foram entregues em janeiro de 2018.

Figura 10 – Loteamento Habitacional Parque da Pedreira

Fonte: GOOGLE MAPS, 2019.

Os beneficiários foram selecionados a partir das inscrições e cadastros realizados pela Secretaria Municipal de Habitação, de acordo com os critérios estabelecidos na legislação do referido Programa. Em se tratando do loteamento do Parque da Pedreira, por ser uma área de intervenção social, o Ministério das Cidades intervém por meio de portarias que regulamentam maneiras de como tem de ser executada a construção dessas habitações pelo programa Minha Casa, Minha Vida. Seja ele FAR/Faixa 1 (Fundo de Arredondamento Residencial/Faixa 1) ou FAR/PAC (Fundo de Arredondamento Residencial/Programa de Aceleração do Crescimento), estes programas estão dentro do pacote da aceleração do crescimento, que previa urbanização de lugares inapropriados, como favelas, cortiços, etc.

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A Portaria nº 114, de 9 de fevereiro de 2018,

Dispõe sobre as condições gerais para aquisição de imóveis com recursos advindos da integração de cotas no fundo de Arredondamento Residencial (FAR), no âmbito de Programa Nacional de Habitação Urbana (PNHU), integrados no Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV) (MINITÉRIO DAS CIDADES, 2018c).

De acordo com essa portaria, as condições gerais para aquisição de unidades habitacionais seguem uma série de diretrizes. Uma delas é a intervenção da União e demais esferas governamentais. Isto é, o município entra com uma contrapartida, que seria a doação dos lotes, e a União entra com a verba financeira para a construção das casas. A Figura 11 representa o Loteamento Residencial do Parque da Pedreira.

Figura 11 – Loteamento Residencial do Parque da Pedreira

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4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste capítulo do trabalho são apresentados os resultados do estudo de caso que compõe a pesquisa realizada e, também, as conclusões obtidas a partir da análise dos dados. A pesquisa de satisfação foi elaborada de forma que fossem explorados quatro tópicos principais, de acordo com a Tabela 3.

Tabela 3 – Principais tópicos abordados na avaliação e pesquisa de satisfação

PESQUISA DE SATISFAÇÃO

1) Informações Gerais 2) Unidade Habitacional 3) Loteamento

4) Índice de Satisfação dos Moradores

Fonte: Autoria própria (2019).

Na pesquisa procurou-se abranger um morador de cada unidade habitacional e, dentre as 24 unidades, 1 morador de cada unidade respondeu o questionário, obtendo-se um índice de 100% de entrevistados. Os dados obtidos na pesquisa de satisfação serão apresentados de acordo com os quatro tópicos supramencionados e, após, é feito um diagnóstico final. O questionário utilizado se encontra no Apêndice ao final deste estudo.

4.1 INFORMAÇÕES GERAIS

As visitas técnicas ao loteamento, as entrevistas e as observações da realidade do local dadas por seus moradores, nortearam a realização do levantamento dos dados para este trabalho. Segundo Nunes (2011), o questionário é o método mais utilizado para levantamento de dados em pesquisas pós-ocupação. Isso se dá pela sua praticidade, baixo custo e pelo grande número de informações que pode ser obtido a partir dele.

As informações gerais alcançadas pelo questionário permitiram a descoberta de algumas características das famílias que residem no loteamento. A cada unidade habitacional pode-se identificar, de acordo com as respostas da primeira parte do questionário, a quantidade e o sexo dos moradores, a sua escolaridade, a faixa etária e a profissão dos entrevistados, o tempo de moradia e a satisfação quanto ao imóvel e a construtora.

Referências

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