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Análise das demonstrações públicas do regime próprio de previdência social do município de Ijuí – Previjuí e tendências de resultados econômicos e financeiros

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DACEC – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, CONTÁBEIS, ECONÔMICAS E DA COMUNICAÇÃO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM CONTROLADORIA E GESTÃO EMPRESARIAL

LÍGIA LÍDIA SABOCINSKI

ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES PÚBLICAS DO REGIME

PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DO MUNICÍPIO DE IJUÍ –

PREVIJUÍ E TENDÊNCIAS DE RESULTADOS

ECONÔMICOS E FINANCEIROS

Orientador: Prof. Irani Paulo Basso

Ijuí – RS 2016

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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES PÚBLICAS DO REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL NO MUNICÍPIO DE IJUÍ –

PREVIJUÍ E TENDÊNCIAS DE RESULTADOS ECONÔMICOS E FINANCEIROS

Lígia Sabocinski1 Irani Paulo Basso2

RESUMO

O objetivo deste estudo é apresentar uma descrição da real situação econômica e financeira do Regime Próprio de Previdência Social dos Servidores Públicos do Município de Ijuí – RS, através da técnica de análise de demonstrações contábeis. Esse tema visa a uma investigação do comportamento das receitas e despesas, como também de outros componentes patrimoniais que interferem nos resultados financeiros e econômicos do Regime. Apresenta um breve panorama da Previdência social, relata aspectos conceituais e de legalidade a respeito da aplicação e observância no que se refere à contabilidade pública e cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal, sendo essas, premissas norteadores da realidade atual e futura. Para isso, utilizou-se da técnica contábil de análise de demonstrações contábeis sobre a realidade do Instituto, envolvendo os últimos cincos anos, compreendendo o período de 2010 a 2014. Os dados dos demonstrativos contábeis foram atualizados para o último ano da série em estudo, aplicadas as técnicas de análise de demonstrações em valores absolutos; a de análise de demonstrações em valores relativos, composta de análise horizontal e vertical; da análise de demonstrativos por indicadores econômicos e financeiros, com indicadores de liquidez, de endividamento e administração de ativos; também foram utilizados os índices da análise por quocientes, que utiliza-se de indicadores oriundos das demonstrações da Lei Federal 4.320/64. Complementa a pesquisa, as informações da análise, contendo observações e contribuições e/ ou forma de mudanças referente ao desempenho econômico-financeiro do mesmo, objetivando aumentar suas reservas financeiras, garantindo tranquilidade para os futuros e atuais beneficiários desse regime de previdência municipal.

Palavras-chave: Contabilidade Pública. Sistema Previdenciário. Desempenho Econômico. Desempenho Financeiro.

1Bacharel em Ciências Contábeis, pós-graduanda em Controladoria e Gestão Empresarial pela UNIJUÍ –

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

2Bacharel em Administração, Ciências Contábeis e Especialização em Contabilidade pela UNIJUÍ –

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, professor do DACEC – Departamento de Ciências Administrativas, Contábeis, Econômicas e da Comunicação, professor orientador e Secretário Municipal da Fazenda do Município de Ijuí.

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1 INTRODUÇÃO

A Previdência Social tem sido tema de discussão dos governos que se estende há décadas, mobilizando gestores a adotarem medidas para sanar o quadro cada vez mais deficitário, visto que as despesas com folhas de inativos e pensionistas têm aumentado e, ao contrário, as receitas têm sido insuficientes. Esse cenário exigiu que o sistema passasse por várias reformas, concretizadas por emendas constitucionais, objetivando preservar seu equilíbrio financeiro e atuarial.

Para os autores Zylberstajn, Afonso e Souza (2006), na década de 90, a Previdência Social passou a ser um dos mais graves problemas das finanças públicas do Brasil. Déficits crescentes combinados com um histórico quadro de desigualdades, diferenças de direitos e de regras específicas, fizeram com que esse tema ocupasse posição prioritária na política econômica do país, surgindo a necessidade dos governos adotarem um sistema previdenciário mais equilibrado e igualitário com medidas, como, reforma na legislação previdenciária brasileira.

Segundo estudos de Ferreira e Bezerra (2010), o sistema previdenciário brasileiro desenvolveu-se substancialmente a partir de 1923, com a aprovação da denominada “Lei Eloy Chaves”. Esse sistema vem sofrendo significativas modificações, estando atualmente subdividido em três diferentes regimes: o Regime Geral de Previdência Social (RGPS); o Regime Complementar e os Regimes Próprios de Previdência Social de Servidores Públicos (RPPS), este tendo caráter contributivo e regido pelo princípio do equilíbrio financeiro e atuarial, que é assegurado exclusivamente aos servidores titulares de cargo efetivo, conforme previsto no artigo 40 da Constituição Federal do Brasil (CF), com redação dada pelas Emendas Complementares (EC) nº 20/1998, nº 41/2003 e nº 42/2003, esta mais tarde modificada pela emenda nº 47/2005. Cada um desses três pilares conta com particularidades específicas, tendo suas regras definidas na Constituição Federal, em leis complementares específicas e próprias.

O Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) – em Ijuí (RS), denominado simplesmente de PREVIJUÍ - Instituto de Previdência dos Servidores Públicos do Município de Ijuí, será o foco de estudo deste trabalho, uma fundação de direito público que possui autonomia administrativa e financeira, com uma grande preocupação de seus gestores centrada na perspectiva de sua perpetuidade, para que seja possível o cumprimento do seu objeto social; dessa forma, os administradores baseiam sua gestão numa visão de longo prazo.

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Para Lima e Guimarães (2009, p. 24), “[...] diferentemente da maioria dos órgãos públicos, a preocupação dos RPPS’s não está voltada exclusivamente para a execução orçamentária e financeira, mas também para o fortalecimento de seu patrimônio, objetivando garantir as condições de honrar os compromissos previdenciários sob sua responsabilidade [...]”, visto que o órgão apresenta crescentes despesas com a folha de pagamento dos inativos e pensionistas, sendo que as receitas, por sua vez, sofrem constantes oscilações, principalmente àquelas provenientes das aplicações de seus fundos, sendo que o Instituto, presume-se, deve buscar sempre manter seu equilíbrio financeiro e constituir reservas que garantam a desejada perpetuidade.

Assim, diante a realidade enfrentada no RPPS em estudo, a análise de desempenho das receitas e despesas do ente e tendências de resultados financeiros e econômicos, será de fundamental importância para seus gestores, servindo de ferramenta de análise de realidades passadas, presentes, e, prospecções de futuro, numa visão contábil dos resultados apurados. Com essas informações, poderão ser pensadas novas formas e/ou mudanças para o Instituto no que se refere ao desempenho financeiro do mesmo, objetivando aumentar suas reservas financeiras, garantindo tranquilidade e segurança dos servidores ativos contribuintes do sistema, como também àqueles que já são inativos, que pelo tempo de contribuição que já fizeram no passado, são hoje beneficiários do sistema previdenciário próprio.

Com foco na realidade do Regime Próprio de Previdência Social dos Servidores Públicos do Município de Ijuí, acima caracterizada e no objetivo proposto, estabeleceu-se como pergunta básica a que o trabalho procurou dar respostas, assim configurada: Como se comportaram as receitas e as despesas do PREVIJUÍ no período do ano de 2010 a 2014 e tendências de seus resultados econômicos e financeiros?

Assim focado, o objetivo central deste trabalho, é apresentar uma descrição da situação econômica e financeira do órgão, tendo como tema preliminar a avaliação do desempenho das receitas e despesas do PREVIJUÍ, no último quinquênio, compreendido entre os anos de 2010 a 2014, destacando a sua evolução e comportamento, aplicando para isso, a técnica contábil denominada de análise de demonstrações contábeis, pertencente à grande área da Contabilidade.

Estudos anteriores demonstram a evolução desse regime próprio de previdência, de acordo com Tavares et al. (2004 apud FERREIRA; BEZERRA, 2010), resumem que a proteção social do servidor público contra infortúnios evoluiu na história constitucional brasileira a partir de um sistema de natureza assistencial, no qual não havia obrigatoriedade de contribuição social e cuja previsão normativa data da Constituição de 1891, até um regime

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tipicamente previdenciário, em que a fruição de benefícios decorre da filiação obrigatória, baseada na investidura em cargo público efetivo e do pagamento de contribuição.

Nos estudos de Nogueira (2011), a submissão dos RPPSs aos princípios do caráter contributivo e solidário e do equilíbrio financeiro e atuarial, a adoção de critérios mais rígidos para a concessão dos benefícios e juntamente com a atuação do Ministério da Previdência Social na orientação, supervisão e acompanhamento, conforme o previsto no art. 9º, da Lei nº 9.717/1998, contribuíram inicialmente para um processo de reestruturação e fortalecimento dos RPPSs dos estados e municípios. Nesta linha, Rogers e Senna (2007) relatam na sua pesquisa, que o equilíbrio fiscal da Lei Complementar 101/2000, transcende o equilíbrio orçamentário. Na concepção de Helena (2005 apud ROGERS; SENNA, 2007), o equilíbrio fiscal, significa que o Estado deverá regrar sua gestão pelo equilíbrio entre receitas e despesas e na adoção de medidas para retomada do mesmo.

Para a elaboração deste artigo, no curso de Pós Graduação em Controladoria e Gestão Empresarial em realização na Unijuí - Universidade Regional do Noroeste do Estado do RS, inicialmente foi feita uma abordagem bibliográfica na literatura ligada aos temas que envolvem a abordagem da análise evolutiva de receitas e despesas públicas, os fundamentos dos RPPSs, bem como de temas secundários, mas que, por suas importâncias, devem ser estudados para melhor compreensão por parte da proponente em desempenhar essa importante tarefa técnica-científica a que se propôs.

No que diz respeito à tarefa operacional do estudo, a pesquisa foi desenvolvida na perspectiva do levantamento de dados financeiros referentes às receitas e despesas e componentes do Balanço Patrimonial do RPPS do Município de Ijuí - PREVIJUÍ, para identificar desempenhos e possíveis causas dos resultados, demonstrar a relevância do equilíbrio financeiro nos regimes próprios de previdência de servidores públicos e, se necessário, no caso, propor rumos e tendências que possam contribuir para melhorar o seu desempenho financeiro.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL

O sistema previdenciário brasileiro organiza-se em três regimes distintos: Regime geral de previdência social, Regime próprio de previdência social de servidores públicos e Regime complementar (aberto e fechado). No Brasil, esse sistema teve seu marco inicial no

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ano de 1923, com a aprovação do decreto nº 4.682, de 24.01.23, conhecido como a Lei Eloy Chaves, sendo a primeira a instituir a previdência social no país, inicialmente voltada para os empregados das empresas ferroviárias e de construção. Segundo pesquisas feitas por Stephanes (1998, p. 94 apud CASTRO; LAZZARI, 2012), esse modelo criou as Caixas de aposentadoria e pensões, mediante contribuições dos trabalhadores, das empresas do ramo e do Estado, assegurando aposentadoria aos trabalhadores e pensão a seus dependentes em caso de morte do segurado, além de assistência médica e diminuição do custo de medicamentos. Gradativamente, outros grupos de profissionais foram sendo incluídos nesse processo.

O Regime de previdência social, classificado como regime geral, é o conjunto de normas, que define quem são os usuários e beneficiários dos serviços da previdência social, o complexo de benefícios e os requisitos para sua obtenção, enfim, o disciplinamento jurídico do sistema de prestação previdenciária, qualificada como geral, porque direcionada à generalidade da população, empregados e seus dependentes, empregadores. Esse regime, previsto no art. 201 da Constituição Federal do Brasil de 1988, dispõe que, “A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial”.

Conforme Lima et al. (2012), o RGPS tem abrangência nacional e é aplicável a todos os trabalhadores da iniciativa privada, ou seja a todos àqueles que exercem atividades remuneradas, empregados públicos, cargos em comissão, declarados em lei de livre nomeação e exoneração, excetuando-se os que estejam filiados aos regimes próprios de previdência, é administrado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), criado pelo Decreto 99.350/1990, instituído como autarquia federal, vinculada ao Ministério da previdência social. Os trabalhadores desse regime também podem participar de previdência complementar.

Os benefícios concedidos pelo Regime geral de previdência compreendem as aposentadorias, as pensões por morte, os auxílios, o salário-família e o salário-maternidade. Alguns desses benefícios só podem ser concedidos após cumprirem o período de carência, que é o número mínimo de contribuições exigido para obtenção do mesmo pelo beneficiário. No Brasil, o método de financiamento é o regime financeiro de repartição simples; nesse regime, as contribuições estabelecidas no plano de custeio, têm o objetivo de arrecadar no exercício, receitas equivalentes às despesas nele previstas, sem o propósito de constituir reservas para pagamento de benefícios futuros (LIMA et al., 2012).

Enquanto que o regime de previdência próprio, segundo Lima e Guimarães (2009), é o modelo instituído por lei de cada ente federativo, admite previdência complementar e contempla os servidores públicos titulares de cargos efetivos, ou seja, para aqueles que

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ingressaram no serviço público através de concurso público, sendo fundamentado pelo art. 40 da Constituição Federal do Brasil, com redação dada pelas Emendas constitucionais nº 20/1998, nº 41/2003 e nº 42/2003, mais tarde, pela emenda nº 47/2005. Essas emendas modificaram o sistema de previdência social e estabeleceram normas de transição. A previdência no setor público também é recepcionada pela Lei nº 9.717/1998. O regime próprio de servidores é de filiação obrigatória, de caráter contributivo, admite a constituição de fundo integrado de bens, direitos e ativos, funciona como um seguro para utilização nas situações de risco social e benefícios programados.

A atual situação de desiquilíbrio financeiro e atuarial no sistema de previdência social, principalmente no regime próprio, é resultado de um histórico deficitário de contribuições vivenciado no passado, o qual pode ser visualizado em três períodos distintos e de como se deu essa evolução no sistema.

Conforme Nogueira (2011), no primeiro período, anterior a Constituição de 1988, destinava-se apenas a uma determinada parcela dos servidores, para os quais a mera passagem para a inatividade assegurava a aposentadoria, concedida como extensão de trabalho; não existiam regras destinadas a assegurar o equilíbrio entre as receitas e despesas. O segundo período iniciou-se a com a Constituição Federal do Brasil de 1988; nessa fase ocorreu uma rápida expansão dos regimes, como também um maior número de servidores abrangidos em função da criação de novos municípios. Já o terceiro e importante período se deu a partir da reforma de 1998 e com a nova Lei nº 9.717/1998, dispondo sobre as regras gerais para sua organização e funcionamento. A partir desse momento, os RPPSs remeteram-se para um novo marco constitucional, tendo por princípios básicos a exigência do caráter contributivo e do equilíbrio financeiro e atuarial.

Assim, diante um histórico deficitário de contribuições vivenciado no passado, os governos precisaram tomar medidas urgentes para equacionar o déficit da previdência social. Em 1998, iniciou-se o processo de reforma da previdência, no qual foram criadas emendas constitucionais na tentativa de equilibrar o sistema. Segundo Zylberstajn, Afonso e Souza (2006), as medidas adotadas, afetaram principalmente os servidores públicos, sendo que a mais importante foi trazida pela EC nº 41/2003, já que o servidor que ao ingressar no serviço público a partir dessa data não terá mais o direito da integralidade no valor do seu benefício, como também a paridade deste com a remuneração dos trabalhadores ativos.

O regime próprio de previdência social dos servidores efetivos do município de Ijuí – PREVIJUÍ, foi criado através da Lei municipal nº 3.862, de 17 de outubro de 2001; alterado pela lei nº 5.436, de 05 de maio de 2011, que reestruturou o regime de previdência. Essa

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previdência visa a dar cobertura aos riscos a que estão sujeitos os beneficiários, e compreendem um conjunto de benefícios que, nos termos destas leis, atendam as seguintes finalidades: cobertura de eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; proteção a maternidade, especialmente à gestante; salário-família e auxílio reclusão para os dependentes dos beneficiários de baixa renda; pensão por morte e aposentadoria.

O regime de financiamento do RPPS para o cumprimento de seu objeto social é o regime financeiro de capitalização. Conforme Lima e Guimarães (2009, p. 12):

Trata do regime em que as contribuições estabelecidas no plano de custeio, a serem pagas pelo ente federativo, pelos servidores ativos e inativos e pelos pensionistas, acrescidas ao patrimônio existente, às receitas por ele geradas e a outras espécies de aportes, sejam suficientes para a formação dos recursos garantidores da cobertura dos compromissos futuros do plano de benefícios.

Já o regime de previdência complementar é uma forma de o trabalhador ter uma renda maior no momento da sua aposentadoria, conforme sua necessidade e vontade, tem como premissa, a sua organização pautada de maneira independente à Previdência social, constituindo reservas que serão capitalizadas no mercado financeiro, de caráter privado, e sendo facultativa a sua filiação por parte do aderente, sendo regulamentado pelas Leis complementares (LC) nº 108 e nº 109, ambas de 29 de maio de 2001.

As entidades de previdência complementar dos trabalhadores da iniciativa privada se dividem em fechadas e abertas (art. 4º Lei 109/2001). Segundo Andrezo e Lima (2007 apud MAUSS; DELATORRE, 2012, p. 106), “[...] a previdência privada começou a ser regulamentada na década de 70 é explorada por um conjunto de pessoas físicas e empresas”.

“Entidade fechada de previdência privada é aquela constituída sob a forma de fundação ou sociedade civil, sem fins lucrativos, e que é acessível exclusivamente a empregados de uma empresa ou grupo de empresas, aos servidores dos entes públicos da Administração [...]” (CASTRO; LAZZARI, 2012, p. 130). A partir das palavras esclarecedoras do autor, fica evidente que esse sistema é criado a partir do vínculo mantido entre empresas e trabalhadores para complementação de suas aposentadorias, sua fiscalização é feita pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar – Previc e regulada pela Secretaria de Políticas de Previdência Complementar (SPPC), do Ministério da Previdência Social.

Entidade aberta de previdência privada, conforme Tres (2007, p. 16), “[...] é uma modalidade de previdência oferecida pelas instituições financeiras a qualquer cidadão que queira aplicar seu patrimônio ou fazer uma poupança. Possui fins lucrativos e destina-se ao

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público em geral, e seus benefícios independem dos valores do INSS”. Para Castro e Lazzari (2012, p. 130), “[...] cujo objetivo é a instituição e operação de planos de benefícios de caráter previdenciário em forma de renda continuada ou pagamento único, constituídas unicamente sob a forma de sociedades anônimas”. As Instituições que operam com planos de previdência aberta são fiscalizadas pela Susep (Superintendência de Seguros Privados), do Ministério da Fazenda.

2.2 CONTABILIDADE E ORÇAMENTO PÚBLICO

A contabilidade pública, conforme Lima e Castro (2003), tem por objetivo aplicar os conceitos, princípios e normas contábeis na gestão orçamentária, financeira e patrimonial dos órgãos e entidades da administração pública, oferecer à sociedade, de forma transparente e acessível, o conhecimento amplo da gestão da coisa pública.

Dantas et al. (2014) mencionaram em pesquisas anteriores, que na perspectiva de oferecer informações transparentes e acessíveis à sociedade sobre a gestão pública, a contabilidade pública abrange quatro sistemas de trabalho que envolvem o ciclo orçamentário e auxiliam na execução e gerenciamento dos recursos: o orçamentário, o financeiro, o patrimonial e o de controle. A informação disponibilizada pelo setor público depende das ações desenvolvidas pelos gestores do órgão no sentido de se tornar um instrumento de apoio para a concretização dos resultados pretendidos.

Sobre a contabilidade aplicada aos RPPSs, para Lima e Guimarães (2009), nos Regimes próprios de previdência social, o objeto da contabilidade também é o patrimônio da entidade, que deverá dispor de autonomia em relação ao patrimônio do ente público que a instituiu em função do princípio da entidade, observar as normas específicas e a Lei nº 9.717/1998, que dispõe sobre as regras gerais para a organização e seu funcionamento. A contabilidade nesse regime, não está só voltada para o acompanhamento da execução orçamentária e financeira, além da correta apresentação do patrimônio e suas mutações, deverá observar o cumprimento dos princípios de contabilidade aplicados à previdência, tem o papel de evidenciar a capacidade econômica e financeira do órgão público, garantir ao indivíduo sem capacidade laborativa, os recursos necessários à sua sobrevivência e de seus dependentes, de acordo com os benefícios definidos em lei, sob uma perspectiva de sustentabilidade, conforme emana nossa Carta maior.

A contabilidade deverá ter como fundamentos as normas gerais de contabilidade e atuária, no sentido de evidenciar o equilíbrio financeiro e atuarial e para atender a esses

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fundamentos, deverá observar a portaria MPS nº 916/2003, que trata das normas gerais de contabilidade para os RPPSs; essas normas contábeis têm por objetivo a normatização dos registros contábeis, o conhecimento da situação econômica, patrimonial, orçamentária e financeira e à geração de relatórios gerenciais para avaliação da sua gestão, além disso, deverão ser observados os Princípios de contabilidade, as Normas brasileiras de contabilidade aplicadas ao setor público e a legislação contábil em vigor.

Segundo Lima e Castro (2003), o orçamento público é o planejamento feito pela administração pública referente aos planos e programas de trabalho por ela desenvolvidos, onde constarão as receitas a serem arrecadadas e os desembolsos a serem efetuados, objetivando aumentar a quantidade e qualidade dos serviços prestados à sociedade. A execução orçamentária se dará dentro do exercício financeiro compreendido entre janeiro e o dia 31 de dezembro de cada ano, esse período evidenciará as variações qualitativas e quantitativas que afetaram os elementos patrimoniais dos órgãos e entidades do setor público.

A Lei nº 4.320/64 dispõe que a Lei de orçamento conterá a discriminação da receita e da despesa de forma a evidenciar a política econômico-financeira e o programa de trabalho do governo, obedecidos os Princípios da unidade, universalidade e anualidade. Dantas et al. (2014) relatam em pesquisas, que a publicação desse documento possibilita aos cidadãos terem acesso à informações de como os recursos estão sendo utilizados, podendo assim exercer seus direitos de fiscalização sobre os atos originados do poder público.

No que se refere às receitas públicas, Andrade (2006), as define como sendo os recolhimentos feitos aos cofres públicos em dinheiro, ou outro bem que a represente em valor e que o governo tem o direito de arrecadar por estar prevista em leis, contratos, convênios e quaisquer outros títulos, advindo de alguma atividade específica, que a arrecadação lhe pertença, ou figure como depositário dos valores que lhe pertencem.

Lima e Castro (2003) ressaltam que a receita pública pode ser distinguida em duas modalidades de recebimento: receitas efetivas e receitas por mutação patrimonial; serão efetivas quando ocorrer entradas de numerários no ativo sem a correspondente saída de outros elementos do mesmo, ou outras entradas no passivo, e, por mutação, quando as realizações são decorrentes da exclusão de valores do ativo ou da inclusão de valores no passivo.

Já, quanto a sua classificação, o mesmo autor as clássica em Receitas originárias e Receitas derivadas: Originárias porque têm origem no próprio patrimônio público, rendas advindas dos bens das empresas estatais, explorado por particulares, sem o governo exercer seu poder de autoridade e coercibilidade nas cobranças das mesmas, apenas cobra preços por bens e serviços fornecidos ao particular; como exemplos de receitas originárias encontram-se

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as provenientes da venda de combustíveis, fornecimento de transporte, recebimento de aluguéis e outros; Derivadas, são provenientes de particulares, envolve o patrimônio do particular e não do estado, decorrem de atividades coercitivas do Estado sobre os particulares. Como exemplos dessas receitas citam-se as receitas de reparações e indenizações forçadas, os confiscos e as apreensões, as penalidades pecuniárias, além de tributos e multas.

Do ponto de vista orçamentário, classificam-se em Receitas orçamentárias e receitas extraorçamentárias. São Receitas orçamentárias as previstas no orçamento público e constituem fontes para o pagamento das despesas autorizadas. extraorçamentárias são as receitas não previstas no orçamento; são transitórias, fazem parte das disponibilidades, mas em contrapartida têm uma obrigação no passivo financeiro, sendo constituídas geralmente de: retenções ou descontos na folha de pagamento, os depósitos e as inscrições de restos a pagar e do serviço da dívida a pagar.

De acordo com o artigo 11 da Lei nº 4.320/64, a receita classificar-se-á economicamente em Receitas correntes e Receitas de capital: Receitas correntes, as receitas tributárias, de contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinados a atender à despesas classificáveis como correntes; Receitas de capital, as provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas, da conversão, em espécie, de bens e direitos, os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado destinados a atender despesas classificáveis como de capital e, ainda, o superávit do orçamento corrente.

As receitas do RPPS em estudo constituem-se em Receitas correntes e de Receitas correntes intraorçamentárias.

São Receitas correntes, as contribuições retidas pelos entes do Poder Público Municipal do respectivo quadro de servidores ativos e repassadas ao Instituto de Previdência dos Servidores Públicos, e no caso, do Município de Ijuí – PREVIJUÍ, compreendendo Município de Ijuí – Poder Executivo, a Câmara de Vereadores, o Departamento Municipal de Energia de Ijuí (DEMEI), demais autarquias e fundações municipais que houverem, todos segurados desse regime; de contribuições patronais de servidores ativos cedidos para outros entes públicos; contribuição dos servidores ativos, inativos e pensionistas licenciados; remuneração da carteira de investimentos; compensações previdenciárias recebidas do Regime geral de previdência social e outras receitas correntes provenientes de multas por atraso no repasse de contribuições previdenciárias.

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Receitas correntes intraorçamentárias são as contribuições patronais dos servidores ativos, que exercem sua força de trabalho no ente público e na própria unidade gestora do RPPS, dos seus servidores inativos e pensionistas; contribuições do custeio especial para amortização do déficit atuarial de acordo com a avaliação atuarial e multas dessas contribuições não repassadas à unidade gestora na data de vencimento.

Ao se tratar da despesa pública, pode-se dizer que é o conjunto de dispêndios do Estado, ou outra pessoa de direito público, para o funcionamento dos serviços públicos. Sendo assim, a despesa, constante do orçamento, são as autorizações para gastos com as diversas atribuições e funções do governo. Nesse sentido, as despesas públicas correspondem à distribuição e emprego das receitas para o custeio dos diversos setores da Administração e para os investimentos, conforme nos ensinam Lima e Castro (2003).

A classificação econômica da despesa e da receita está regulamentada pela Portaria nº 163/2001, em vigor para todas as esferas governamentais a partir de 2002, e pela Portaria nº 180/2001, que detalha em nível local todas as receitas previstas na Portaria nº 163/2001. A classificação econômica da receita e da despesa possibilita analisar o impacto das ações governamentais na economia. O artigo 12, da Lei nº 4.320/64, e detalhado pela Portaria interministerial STN/SOF nº 163/2001, classifica a despesa nas seguintes categorias econômicas e grupos de natureza: Despesas Correntes - representa as despesas que não contribuem diretamente para a formação ou aquisição de um bem de capital, respondendo pela manutenção das atividades de cada órgão/entidade; Despesas de Capital - representa as despesas que contribuem diretamente para a formação ou aquisição de uma despesa de capital.

As despesas por grupo de natureza são desdobradas em despesas correntes, subdivididas e constituídas em despesas de pessoal e encargos sociais; juros e encargos da dívida; outras despesas correntes; e, as despesas de capital, estão subdivididas em: investimentos; inversões financeiras e amortização da dívida.

As despesas administrativas de responsabilidade do RPPS, classificáveis como despesas correntes e de capital, segundo definição da Lei nº 4.320/64, relativas à folha de pagamento do pessoal da unidade gestora, despesas com materiais, serviços, e outros, deverão ser orçadas respeitando o limite de gastos permitido pela legislação previdenciária (taxa de administração) prevista no §1º, do artigo 24, da Lei municipal nº 5.436, de 2011, fixada, para o órgão em estudo, em 2% (dois por cento) do total das folhas de pagamentos de todos servidores do município, considerando os valores do exercício anterior. Desse modo, eventuais sobras, poderão ser constituídas em reservas administrativas para o uso das mesmas

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ao longo dos anos, observado o equilíbrio orçamentário da previsão e da dotação das receitas e despesas para um período limitado de tempo (Princípio de anualidade).

As despesas previdenciárias de responsabilidade do RPPS, tais como o pagamento dos benefícios previdenciários sob sua responsabilidade e o pagamento de despesas de compensação previdenciária junto ao INSS - Instituto Nacional de Seguro Social, devem estar expressamente contempladas no orçamento da unidade gestora. Caso a execução desses valores seja superavitária (receitas maiores que despesas), condição essencial para a capitalização dos recursos para que possam honrar os compromissos previdenciários sob a sua responsabilidade ao longo dos anos, também deverá ser constituída reserva orçamentária especial, denominada reserva do RPPS, segundo enfatizam Lima e Guimarães (2009). Sendo assim, as reservas do RPPS passam a constituir a sua carteira de investimentos em que serão aplicados de acordo com legislação própria, os recursos não utilizados no exercício financeiro. O objetivo dessa reserva é garantir o pagamento dos benefícios previdenciários futuros, de maneira a garantir o equilíbrio financeiro e atuarial desse regime.

2.3 LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL

A responsabilidade na arrecadação das receitas, assim como o controle e limites de despesas do Instituto, devem ser administradas de maneira transparente, atendendo ao objeto social do órgão. Assim, como um instrumento pautado nessa responsabilidade, pode ser citada a Lei de responsabilidade fiscal – Lei Complementar nº 101, de 04/05/2000, criada para normatizar as finanças públicas, fazendo com que os administradores públicos sejam responsáveis pela gestão fiscal, através de ação planejada e transparente, com cumprimento de metas de resultado entre receita e despesa, de forma a garantir o equilíbrio financeiro das contas públicas. Incentiva os cidadãos a participar e acompanhar a aplicação dos recursos públicos e a observá-los se estes estão atingindo a eficácia aceitável. A Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de 2000, em seus artigos 11 e 15, donde se extrai o seguinte: “Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência do ente da Federação”. “Art. 15. Serão consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio público a geração de despesa ou assunção de obrigação que não atendam o disposto nos arts. 16 e 17”.

Os últimos dispositivos mencionados no art. 15 estabelecem algumas regras para a criação, expansão, ou aumento da ação governamental que acarretem aumento da despesa; para isso exige-se estimativa de impacto orçamentário, como também declaração do

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ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual, compatibilidade como plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias.

Notadamente, percebe-se que a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), busca o controle das receitas e despesas públicas e exige transparência dos recursos aplicados. No órgão em estudo, a transparência constitui política que assegura tranquilidade para os contribuintes e beneficiários do regime. Essa transparência, já mencionada por Nogueira (2011), busca a participação dos segurados nos colegiados e instâncias de decisão, onde seus interesses são objeto de discussão e deliberação; assim, a democracia participativa e transparente, assegura que as deliberações relevantes sejam levadas ao conhecimento dos servidores públicos representados, possibilita também que a sociedade possa acompanhar a gestão dos RPPSs, realização de audiências públicas na Câmara de Vereadores, com a participação dos servidores, de suas associações e sindicatos, e de membros da comunidade.

O Instituto de Previdência em estudo possui Conselhos de Administração e Fiscal, com vistas a assegurar a transparência e deliberar sobre decisões e representar os outros servidores dessa administração indireta em seus interesses.

2.4 ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

A Contabilidade não se resume apenas ao registro de fatos contábeis; através da técnica contábil da análise das demonstrações contábeis, resultantes da escrituração contábil, será possível fornecer subsídios para melhor interpretação das modificações ocorridas no patrimônio da entidade. Para Matarazzo (2003, p. 15), “A Análise de Balanços objetiva extrair informações das Demonstrações Financeiras para a tomada de decisões”. Na percepção de Martins (2005), a análise dos demonstrativos possibilita formar uma ideia acerca do desempenho da entidade em um determinado período, como também obter informações que auxiliem de forma complementar a outras projeções em relação ao futuro da mesma.

Baseada neste contexto, ainda pode-se dizer que as análises das demonstrações podem ser direcionadas para situação econômica e/ou para a financeira, dependendo do objetivo do analista ou usuário e o fim a que elas se destinam. Para Mauss (2012), a análise econômica e financeira é diferenciada e destina a responder duas questões importantes: como e até que ponto a organização dispõe de recursos financeiros para atender a demanda de suas necessidades, tanto operacionais, como de investimentos e a expansão das suas despesas obrigatórias de caráter continuado, criação e aperfeiçoamento de sua ação governamental; e,

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qual a sua capacidade de gerar valores e resultados para garantir o crescimento ou a remuneração merecida, sejam para investidores, trabalhadores e outros.

Pinheiro (2007) relata que o enfoque na análise econômica serve para analisar e interpretar os resultados que a organização gerou. Já o enfoque na análise financeira está relacionada com os elementos patrimoniais que demonstram a liquidez, estrutura patrimonial e o ciclo operacional da entidade pública.

Entretanto, trata-se de duas análises com focos diferentes, baseados no objetivo pretendido. De acordo com Mauss (2012, p. 183), “A econômica visualiza os resultados em termos de lucros e resultado econômico, pois também utiliza em suas análises variáveis extracaixa, como depreciação, provisões e outras questões que irão impactar os resultados futuros”. Quanto a análise financeira, Mauss (2012), enfatiza que essa avalia a capacidade da organização em gerar caixa para manter-se crescendo.

Já a entidade pública evidencia as informações sobre o seu desempenho em seus balanços que, para Kohama (2000), são apresentados por quatro peças: o balanço orçamentário, o balanço financeiro, o balanço patrimonial e a demonstração das variações patrimoniais. Esses demonstrativos apresentam os resultados de forma resumida e são peças de grande valia para o desenvolvimento do trabalho de análise e interpretação dos resultados.

Em 2008, as demonstrações contábeis na área pública foram acrescidas de novos modelos de demonstrativos e trouxe a obrigatoriedade da publicação da Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC), a Demonstração das Mutações no Patrimônio Líquido (DMPL) e as Notas Explicativas (NE). O CFC, através da Resolução nº 1.133/2008, aprovou, em 21 novembro de 2008, a NBC T 16.6 – Demonstrações Contábeis.

Esta norma dispõe sobre as diretrizes a serem observadas nos órgãos governamentais, quanto aos procedimentos, práticas, elaboração e divulgação das demonstrações contábeis, objetivando promover a convergência das NBCASP às normas internacionais. Essa resolução apresenta as demonstrações contábeis obrigatórias aplicadas ao setor público. São elas: Balanço Patrimonial (BP); Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP); Demonstração das Mutações no Patrimônio Líquido (DMPL); Balanço Orçamentário (BO); Balanço Financeiro (BF); Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC); e Notas Explicativas (NE). Inicialmente essa norma obrigava a publicação da Demonstração do Resultado Econômico, porém esta demanda foi substituída pela DMPL.

Para o emprego da análise e interpretação dos resultados dos Demonstrativos da área pública, Kohama (2000), apresenta um conjunto de quocientes que foram julgados adequados e importantes.

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De acordo com o autor, dos quocientes sobre o Balanço Orçamentário podem ser realizadas as seguintes análises: Quociente da execução da receita: Receita executada/receita prevista representa o quanto foi realizado de receita executada em comparação com a prevista; o Quociente do Equilíbrio Orçamentário: Despesa fixada/receita prevista demonstra o quanto a despesa fixada é maior do que a receita prevista; Quociente de Cobertura dos Créditos Adicionais; Excesso arrecadação/créditos adicionais abertos, demonstra o quanto o Excesso de Arrecadação representa de cobertura para os Créditos Adicionais; Quociente da Execução da Despesa: Despesa executada/despesa fixada, demonstra o quanto da Despesa fixada foi utilizada em Despesa executada e, o Quociente do resultado orçamentário, segundo Kohama (2000, p. 148), esse quociente deve demonstrar quanto da Receita executada serve de cobertura para a Despesa executada e se obtém através da seguinte fórmula: Receita executada/despesa executada.

Já sobre o Balanço Financeiro, Kohama (2000), relaciona: Quociente da execução orçamentária: Receita orçamentário/despesa orçamentária, esse apresenta o quanto a receita orçamentária representa para o pagamento da despesa orçamentária; Quociente Financeiro Real da Execução Orçamentária: Receita Orçamentária Recebida/Despesa Orçamentária Paga, evidencia o quanto a receita orçamentária recebida representa em relação à despesa orçamentária paga, esse quociente considera o regime de caixa; Quociente da Execução Orçamentária Corrente: Receita corrente/despesa corrente, evidencia o quanto a receita corrente recebida representa em relação à despesa corrente paga; Quociente da Execução Orçamentária de Capital: Receita de Capita/Despesa de Capital, demonstra o quanto a receita de capital recebida representa em relação à despesa de capital paga; Quociente da Execução Extra Orçamentária: Receita Extra Orçamentária/Despesa Extra Orçamentária, revela o quanto de Receita Extra Orçamentária foi recebida em confronto com a Despesa Extra Orçamentária Paga; Quociente do Resultado da Execução Financeira: Receitas (Orçamentárias + Extra Orçamentárias)/Despesas (Orçamentárias + Extra Orçamentárias, esse quociente indicará o resultado do Balanço Financeiro e por fim, o Quociente do Resultado dos Saldos Financeiros: saldo que passa para o exercício seguinte/saldo do exercício anterior, deve demonstrar o saldo que passa para o exercício seguinte em confronto com o saldo do exercício anterior.

O Balanço Patrimonial utiliza-se dos Quocientes da Situação Financeira: Ativo financeiro/passivo financeiro, que evidencia o montante de créditos, valores realizáveis e numerários que existem, em relação aos compromissos e obrigações exigíveis de curto prazo; Quociente da Situação Permanente: Ativo permanente/Passivo permanente demonstrará o

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resultado da relação entre o ativo e o passivo permanente; Quociente do Limite do Endividamento I: Dívida fundada/Receita líquida real e Endividamento II: Soma das operações de crédito/Receita líquida real; Quociente do Dispêndio da Dívida II: Soma das amortizações + Encargos/Receita líquida real, e ainda, o Quociente do Resultado Patrimonial: Soma da ativo real/Soma do passivo real, que evidenciará o resultado do balanço patrimonial (superávit ou déficit patrimonial).

Por fim, o mesmo autor relaciona os quocientes das demonstrações das variações patrimoniais: Quociente da Mutação Patrimonial Passiva: Receita ambivalente/mutação patrimonial passiva; Quociente da Mutação Patrimonial Ativa: Despesa ambivalente/mutação patrimonial ativa; Quociente dos Resultados das Mutações Patrimoniais: Mutação patrimonial ativa/Mutação patrimonial passiva; Quociente dos Resultados das Variações Patrimoniais Independentes da Execução Orçamentária: Independente da execução orçamentária ativa/Independente da Execução Orçamentária passiva; Quociente dos Resultados das Variações na Parte Permanente: Soma das mutações patrimoniais ativas + independentes da execução orçamentária ativa/soma das mutações patrimoniais passivas + independentes da execução orçamentária passiva; Quociente Patrimonial da Execução Orçamentária: Receita orçamentária + (dívida ativa do exercício + direitos contratuais)/despesa orçamentária e, o Quociente do Resultado das Variações Patrimoniais: Total das variações patrimoniais ativas/Total das variações patrimoniais passivas.

Outros indicadores também usados na área pública que tratam de resultados que conforme Mauss (2012, p. 253) “Objetiva apresentar o resultado das atividades públicas ao longo do tempo, por meio das diversas relações possíveis que possibilitam avaliar a eficiência da gestão pública”. Segundo Mauss (2012) esses referem-se aos retornos, assim, com dados retirados do Balanço patrimonial e DVP temos: O Retorno do capital próprio (ROE): Resultado patrimonial/patrimônio líquido, relaciona resultado patrimonial com saldo do PL, demonstra quanto daquele resultado aumentou o valor do Patrimônio líquido e o Retorno do ativo total (ROA): Resultado patrimonial/ativo total e mostra o quanto do resultado patrimonial com investimento em ativos resultou em aumento do Patrimônio líquido. O Retorno patrimonial, que conforme visa relacionar o resultado patrimonial com a receita orçamentária total, verifica o quanto da receita arrecadada aumentou o patrimônio líquido, esse indicador utiliza-se dos dados do Balanço orçamentário e da Demonstração das variações patrimoniais mediante a seguinte fórmula: Retorno: Resultado patrimonial/receita orçamentária total.

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Dessa forma, ao tratarmos de análise e intepretação de balanços na área pública, apesar da diversidade de índices, devem ser utilizados aqueles que são passíveis de obtenção e análise de dados afins dos balanços públicos. Nesse sentido, Matarazzo (1998, p. 157), afirma que, “[...] o importante não é o cálculo de grande número de índices, mas de um conjunto de índices que permitam conhecer a situação da empresa, segundo o grau de profundidade desejada da análise”.

Assim, ao tratar das análises econômica e financeira no setor público, Mauss (2012, p. 183) observa que:

[...] análise econômica deriva da análise dos resultados a partir da Demonstração das Variações Patrimoniais, Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado Econômico. Quanto a análise financeira, esta busca dados no Balanço Patrimonial, Balanço Orçamentário, Financeiro e na Demonstração dos Fluxos de Caixa.

A análise da evolução das receitas e despesas e dos componentes patrimoniais do Balanço Patrimonial, de acordo com Matarazzo (2003, p. 250), objetiva “[...] mostrar a evolução de cada conta das demonstrações financeiras e, pela comparação entre si, permitir tirar conclusões sobre a evolução da empresa”. Para Mauss (2012, p. 231), “A análise horizontal tem a função de mostrar as tendências de gestão ao longo do tempo. Permite que o analista identifique o perfil das decisões do gestor no período analisado”.

Quanto a aplicação da técnica de análise vertical, tem como objetivo para Matarazzo (2003, p. 249), “[...] mostrar a importância de cada conta em relação à demonstração financeira a que pertence e, através da compactação com padrões do ramo ou com percentuais da própria empresa em anos anteriores, permitir inferir se há itens fora das proporções normais”, para Basso, Filipin e Enderli (2015, p. 70), “[...] a análise foca exatamente a qualidade das fontes de recursos e as correspondentes aplicações, expressas em percentuais”. Para Mauss (2012, p. 231), “[...] permite avaliar a representatividade de cada grupo em relação ao total dos ativos e passivos que são considerados como base 100%”.

3 METODOLOGIA

A metodologia contempla as etapas do trabalho a ser realizado, os procedimentos adotados no processo de investigação, objetivando a confiabilidade dos resultados a serem apresentados na conclusão final do mesmo.

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A pesquisa foi motivada pelo interesse em entender o histórico das receitas e despesas do instituto, seu comportamento ao longo dos anos, como também, a preocupação do aumento das reservas dos fundos do RPPS para garantir o equilíbrio financeiro e atuarial.

Assim, diante o exposto, o estudo é considerado de natureza aplicada, que segundo Silva e Menezes (2001, p. 20), “[...] objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à soluções de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais”.

No que se refere aos objetivos, a pesquisa é classificada como descritiva. Assim considerada por descrever como será efetuado o levantamento e análise das receitas e despesas do Ente. Segundo Zamberlan et al. (2014, p. 96), “A pesquisa descritiva visa a identificar, expor e descrever os fatos ou fenômenos de determinada realidade em estudo, características de um grupo, comunidade, população ou contexto social”. Sobre este tipo de pesquisa, Oliveira (1997 apud ZAMBERLAN et al., 2014, p. 97) menciona que:

[...] estudos descritivos possibilitam identificar as diferentes formas dos fenômenos, sua ordenação, classificação, explicação das relações de causa e efeito dos mesmos, o que leva à obtenção de uma melhor compreensão do comportamento de diversos fatores e elementos que influenciam determinado fenômeno.

Quanto à abordagem do problema, pode ser caracterizada como pesquisa qualitativa, porque há uma relação entre o indivíduo e a realidade, o pesquisador é considerado a peça mais importante do processo, pois, mediante contato direto com a entidade em estudo, tem a capacidade de coletar os dados e analisá-los de forma indutiva no desenvolver do seu trabalho. O processo e seu significado são os pontos principais da pesquisa. Nessa perspectiva de abordagem da investigação, Minayo (1994); Gil (1999); Silva e Menezes (2001); Oliveira (1997) e Richardson et al. (1989 apud ZAMBERLAN et al., 2014) consideram que há uma relação entre o mundo real e o sujeito, a interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são requisitos básicos no processo dessa pesquisa, não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas, o ambiente natural é a fonte para coleta dos dados pelo sujeito interessado.

Os procedimentos utilizados na pesquisa envolvem a pesquisa bibliográfica e documental, logo, na primeira parte do estudo foi realizada a pesquisa em livros, monografias, artigos, legislações e pesquisa em sítios na internet, base para o referencial teórico, com a finalidade de fundamentar os conhecimentos acerca do tema proposto, objetivando obter subsídios suficientes para a realização do trabalho prático. Quanto à pesquisa documental, Lakatos e Marconi (1991, p. 174) dizem que “A característica da pesquisa documental é que a

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fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que se chama de fontes primárias”. Assim, na prática, buscou-se extrair informações dos documentos e demonstrativos contábeis envolvendo receitas e despesas do Instituto.

Os dados foram complementados por meio de observações e entrevistas despadronizadas e posteriormente serão tabulados e analisados para obter dados financeiros e econômicos, servindo de base aos estudos e análises, com o propósito de atingir os objetivos da pesquisa.

4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

O estudo da situação econômica e financeira foi realizado a partir da análise e interpretação dos Relatórios Contábeis publicados do Instituto PREVIJUÍ, por meio de um estudo de caso específico, mediante dados retirados dos seus relatórios elaborados com base na Lei Federal nº 4.320/64, dos anos de 2010 a 2014. Os valores nominais de cada ano foram atualizados através de indicadores de inflação medidos pela variação do IGPM até 2014 (http://www.portalbrasil.net.igpm.htm).

Dentre a gama de quocientes existentes na Contabilidade aplicada ao setor público, foram selecionados aqueles que, ao nosso juízo, melhor poderiam traduzir, de forma simples e objetiva, os resultados apresentados por aquele Instituto de Previdência.

4.1 ANÁLISE DA SITUAÇÃO ECONÔMICA E FINANCEIRA

Conforme o conceito da avaliação da situação econômica e financeira relatada no capítulo 2, este estudo foca basicamente a análise das receitas realizadas e das despesas executadas, uma análise através de quocientes de resultados e da análise vertical e horizontal, que possibilitou analisar a evolução dos dados em termos percentuais do Balanço Patrimonial, assim como os indicadores de liquidez, estrutura patrimonial e ciclo orçamentário.

Para melhor compreensão das análises foram resumidos dados dos demonstrativos, apresentados nos quadros 1 e 2, dados econômicos em valores nominais, retirados do Balanço Financeiro e das Demonstrações das Variações Patrimoniais, envolvendo as receitas e despesas, premissas norteadoras dos resultados econômicos do órgão de previdência municipal.

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Quadro 1: Resumo do balanço financeiro do PREVIJUÍ

Descrição da conta 2010 2011 2012 2013 2014

RECEITA ORÇ. TOTAL 23.087.757,71 26.358.074,47 31.495.612,09 22.683.930,99 31.521.785,05 Receitas correntes 23.087.757,71 26.358.074,47 31.495.612,09 22.683.930,99 31.521.785,05 Receitas de capital

RECEITA EXTRA ORÇ. 3.355.787,01 3.340.126,67 3.978.083,84 4.451.096,82 4.937.986,31 DESPESA EXTRA ORÇ. 3.085.424,83 3.587.546,84 3.957.153,99 7.206.013,25 5.336.825,63 Despesa Orç. empenhada 15.171.080,61 16.476.058,24 17.768.067.48 18.865.767,21 20.534.233,28 Despesa Orç. liquidada 15.021.622,05 16.476.058,24 17.768.067,48 18.865.767,21 20.534.233,28 Despesas correntes 15.018.237,94 16.440.079,24 17.766.869,55 18.861.475,27 20.529.576,28

Despesas capital 152.842,67 35.979,00 1.197,93 4.291,94 4.657,00

Fonte: Dados elaborados pela autora a partir da Lei 4.320/1964 e dos relatórios financeiros do Instituto de Previdência dos Servidores Públicos do Município de Ijuí – PREVIJUÍ.

Quadro 2: Resumo da demonstração das variações patrimoniais

Descrição da conta 2010 2011 2012 2013 2014

VPA 64.517.117,51 45.787.505,39 76.128.155,49 22.946.188,03 239.630.756,52

VPD 120.035.401,30 39.216.153,08 66.825.515,88 63.202.183,84 51.726.034,72

Resultado patrimonial (55.518.283,79) 6.571.352,31 9.302.639,61 (40.255.995,81) 187.904.721,80 Legenda: VPA – Variação Patrimonial Aumentativas VPD – Variação Patrimonial Diminutivas.

Fonte: Dados elaborados pela autora a partir da Lei 4.320/1964, dos relatórios financeiros do Instituto de Previdência dos Servidores Públicos do Município de Ijuí – PREVIJUÍ.

Os indicadores das demonstrações oriundas da Lei 4.320-64 estão apresentados no quadro em sequência.

Quadro 3: Indicadores dos balanços do PREVIJUÍ

Indicadores 2010 2011 2012 2013 2014

Resultado Orçamentário (Receita Executada Despesa Executada)

1,52 1,60 1,77 1,20 1,54

Resultado da Execução Financeira (Receita (Orç. + Extra- orç.)/Despesa (orç. + extra orç.))

1,45 1,48 1,63 1,04 1,41

Resultado dos Saldos Financeiros (Saldo que Passa para o Exercício Seguinte/Saldo do Exercício Anterior)

1,23 1,17 1,20 0,97 1,14

Resultado Patrimonial (Soma do Ativo Real/Soma do Passivo Real)

1,19 1,23 1,30 1,25 2,22

Resultado das Variações Patrimoniais (Total das Variações Ativas/Total das Variações) Passivas

0,54 1,17 1,14 0,36 4,63

ROE - Retorno do capital próprio (Resultado patrimonial/patrimônio líquido)

-1,26 0,13 0,15 -0,66 2,69

ROA - retorno do ativo total (Resultado patrimonial/ativo total) -0,20 0,02 0,03 -0,13 1,48 Retorno Patrimonial (Resultado patrimonial/receita orç. total) -2,40 0,25 0,30 -1,77 5,96 Fonte: Dados elaborados pela autora com base nos relatórios contábeis do Instituto de Previdência dos Servidores Públicos do Município de Ijuí – PREVIJUÍ.

O quociente do resultado orçamentário, obtido através do balanço orçamentário, demonstrou um resultado superavitário no período analisado, receitas maiores que despesas, sendo que em todos os anos os indicadores foram maiores do que 1,00. Essa sobra aumentou de 2010 para 2014, pois a receita passou de R$ 1,52 para R$ 1,54 para cada real de despesa.

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Já a partir do Balanço Financeiro foram analisados os indicadores do Resultado da execução financeira e o Resultado dos saldos financeiros. Os resultados desses indicadores demonstram que a execução financeira ocorreu dentro da normalidade, com resultados satisfatórios e ingressos suficientes para cobertura dos gastos, com sobras para aplicar no objetivo do instituto, exceção no ano de 2013, que teve uma queda no resultado, pois esses indicadores decaíram de R$ 1,45 e R$ 1,23 para R$ 1,04 e R$ 0,97 respectivamente. Esse cenário é reflexo da diminuição das receitas patrimoniais oriundas das aplicações financeiras do instituto que nesse ano foi considerado de risco e apresentou perdas em vários fundos, totalizando quase três milhões negativos, diminuindo assim seus saldos financeiros, como evidencia-se no quadro 3.

O indicador do Resultado patrimonial, oriundo de informações do balanço patrimonial, indicou que há um superávit patrimonial, pois os resultados foram maiores que 1,00. O quadro 3 evidencia que há uma perspectiva de crescimento nesse indicador que evolui de 1,19 (2010) para 2,22 (2014), indicando que, neste último ano, o Instituto dispunha de R$ 2,22 de ativos para cada R$ 1,00 de dívida. A diferença entre ambos, R$ 1,22, está evidenciada no aumento do Patrimônio Líquido (PL).

Considerando ainda os resultados, temos o indicador da DVP que mede a variação do Patrimônio Líquido no ano, o quociente do resultado das variações patrimoniais. Assim como existe o entendimento de quanto maior, melhor, verifica-se que o resultado melhorou ao longo do tempo, esse indicador revelou sobra patrimonial, e como consequência, esse superávit também aumentou o PL do Instituto, indicando que para cada R$ 1,00 de VPD, a Entidade gerou R$ 4,63 de VPA em 2014, o que importa numa grande melhoria se comparada com os anos de 2010, período em que a relação era de R$ 1,00 para apenas R$ 0,54, sendo que o mesmo ocorreu no ano de 2013 com uma relação de R$ 1,00 para R$ 0,36; nestes dois anos os resultados das aplicações financeiras foram negativos, com déficit patrimonial, reforçado mais uma vez pela grande perda ocorrida nos fundos de investimentos, principalmente no ano de 2013.

Já os indicadores de Retorno do Capital Próprio (ROE), possibilitam visualizar o quanto o resultado patrimonial fez aumentar o valor do PL. A relação que era de R$ 1,00 de patrimônio líquido para R$ 1,26 negativo de resultado patrimonial em 2010, passou para R$ 2,69 ou 269% em 2014.

Referente aos indicadores do Retorno do Ativo Total (ROA), estes possibilitaram relacionar o resultado patrimonial com os investimentos em ativos, e demonstrou o quanto do Ativo resultou em aumento do PL. O cálculo evidenciou que de cada R$ 1,00 investido em

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ativos, R$ 1,48 resultou em superávit patrimonial, que, por consequência, ocasionou o aumento no PL em 2014. É notável a melhora desse resultado em relação a 2010 quando apresentava déficit patrimonial com uma redução negativa em R$ 0,20 no PL naquele ano.

Quanto ao Retorno Patrimonial, esse quociente relacionou o resultado patrimonial com a receita total do período e conforme evidencia o quadro 3, percebe-se o quanto da receita arrecadada resultou em aumento do Patrimônio Líquido, sendo que nos anos de 2010, 2012 e 2013 ocorreu uma retraída de R$ 2,40, R$ 0,30 e R$ 1,77 de déficit para cada R$ 1,00 de receita arrecadada, respectivamente, portanto, nesses períodos não houve aumento do PL e sim reduções de 240%, 30% e 177%; já em 2014, essa relação melhorou bastante, pois R$ 5,96 ou 596% efetivamente foi o aumento do PL. Isto mostra a melhoria da eficiência da gestão do Instituto ao longo do tempo em termos de incremento patrimonial, por meio do uso das receitas correntes para aplicar no seu objeto fim.

O quadro 4 demonstra a evolução econômica das receitas e despesas do Instituto, sua evolução ao longo do período e a representatividade em relação ao grupo:

Quadro 4: Análise da evolução econômica das receitas e das despesas do PREVIJUÍ, em percentual Descrição 2010 2011 2012 2013 2014 AV AV AH AV AH AV AH AV AH Receitas Correntes 41,91% 45,72% 24,54% 52,87% 72,10% 46,89% 9,94% 51,47% 67,69% Contribuições 18,40% 18,69% 15,95% 16,78% 24,39% 26,89% 43,56% 21,64% 60,55% Patrimoniais 21,51% 25% 32,70% 34,13% 116,46% 15,90% -27,36% 27,70% 75,79% Outras rec. Cor. 1,99% 2,02% 15,82% 1,96% 33,88% 4,10% 101,96% 2,13% 46,14% Rec. Intraorç. 58,21% 54,64% 7,18% 47,72% 11,84% 66,09% 11,55% 51,17% 20,02% Receita Bruta 100,11% 100,36% 14,45% 100,59% 37,07% 112,98% 10,88% 102,64% 39,98% (-) Deduções Rec. -0,11% -0,36% 264,16% -0,59% 612,68% -12,98% 11.211,43% -2,64% 3.096,90% Receita Líquida 100% 100% 14,16% 100% 36,42% 100,% -1,75% 100,% 36,53% (-) Despesas Correntes 65,12% 62,30% 9,22% 56,32% 18% 83,02% 25,26% 65,05% 36,39% (-) Despesas Capital 0,53% 0,14% -70,85% 00% -99,03% 0,02% -96,52% 0,01% -96,23% Despesas Previd. 63,79% 60,85% 8,90% 54,87% 17,32% 80,93% 24,64% 63,57% 36,05% Despesas Adm. 1,32% 1,45% 25,05% 1,46% 50,43% 2,09% 55,24% 1,48% 53,02% Desp. Intraorç. 0,06% 0,07% 40,06% 0,09% 98,06% 0,13% 114,95% 0,08% 76% Resultado Líquido 34,29% 37,49% 24,83% 43,59% 73,40% 16,83% -51,77% 34,86% 38,79%

Fonte: Dados elaborados pela autora a partir dos relatórios financeiros do Instituto de Previdência dos Servidores Públicos do Município de Ijuí – PREVIJUÍ.

A análise da DRE - Demonstração do Resultado do Exercício apresentou um crescimento de 39,98% (de R$ 23 milhões para R$ 32 milhões) na receita bruta, sendo que as receitas correntes aumentaram 67,69% (de R$ 9 milhões para 16 milhões); as receitas

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correntes intraorçamentárias cresceram 20% (de R$ 13 milhões para R$ 16 milhões), no intervalo de 2010 a 2014. Dentre as Receitas Correntes, observou-se que a rubrica Receitas Patrimoniais, provenientes do rendimento das aplicações financeiras, que tiveram um crescimento maior no período, atingindo 75,79% de crescimento, sendo que esse crescimento foi maior ainda de 2010 para 2012, onde atingiu um crescimento de 116,46% , reduzindo para 27,36% de 2010 a 2013, redução essa que se deu pelos rendimentos negativos em alguns fundos, apresentando perdas mais altas no ano de 2013, ocasionando aumento nas deduções da receita de 3.096,90%, e consequentemente uma diminuição na receita líquida neste período, negativo em 1,75%. Em segundo lugar vem as receitas de contribuições dos servidores ativos, inativos e pensionistas que cresceram 60,55%, parcela significativa para o resultado superavitário do período.

No que se refere às despesas correntes, passaram de 100,00 no ano de 2010 para 136,39 no ano de 2014, com um crescimento de 36,39% (de R$ 15 milhões para R$ 20 milhões) no período, dentre estas, as administrativas tiveram maior elevação, 53,02% no período, esse aumento é resultante de novos servidores incorporados à folha do Instituto, o que impactou maiores despesas com folha de pagamento, treinamentos para capacitação, e tributos. As despesas previdenciárias também tiveram crescimento expressivo de 36,05% de 2010 a 2014, cabendo destacar que esse aumento foi proveniente do aumento do número de novos aposentados e pensionistas que em 2010 era de 333 aposentados e 114 pensionistas, totalizando 447, já em 2014 esses dados passaram para 402 e 139, respectivamente, num total de 541 folhas mensais com benefícios previdenciários. Outro fator que chama a atenção foram as despesas intraorçamentárias com contribuições patronais, que cresceu 76% de 2010 a 2014, esse fato se explica pelo aumento dos gastos com folha de pagamento do quadro de pessoal do Instituto.

Assim, diante as constatações, mesmo com preocupantes picos de queda da receita patrimonial, o resultado financeiro apresentou superávit de 38,79% no período analisado, revelando bom desempenho econômico do Instituto.

A análise vertical demonstrou quais as receitas que tiveram maior representatividade no Instituto no período estudado, tendo por base 100 (por cento) a Receita Líquida. Percebe-se que a receita bruta reprePercebe-sentou 100,11% da receita líquida no ano 2010, 100,36% em 2011, 112,98% em 2013 e 102,64% em 2014. Percebe-se que as deduções da receita bruta foram elevadas em 2013 sobre a Receita Líquida (RL) em função de rendimento negativo em alguns fundos de investimentos das aplicações financeiras. Destaca-se que as receitas intraorçamentárias referentes as contribuições patronais são mais significativas, numa média

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de 55% da receita líquida e, as patrimoniais, referente as remunerações dos investimentos do RPPS que em 2010 representavam 21,51% e 2014 aumentou para 27,70%, estas no ano de 2012 tiveram a maior representatividade, onde atingiram 34,13% da RL e a menor ocorreu em 2013 com apenas 15,90%, reflexo de um ano de risco neste segmento de aplicações no mercado financeiro de títulos. Já as contribuições dos servidores ativos, inativos e pensionistas representam em torno de mais de 18% nos três primeiros anos, e se elevaram para mais de 20% nos últimos dois anos do período analisado. As Outras receitas correntes são pouco significativas e representam uma média de 2,4% no período estudado.

Quanto às despesas previdenciárias relativas ao pagamento dos benefícios com aposentados e pensionistas são as mais representativas, consomem mais de 60% da RL do Instituto, porém, as despesas administrativas para sua manutenção têm pouca representação, na faixa dos 2% da receita líquida. Assim, considerando as receitas e despesas, os anos que apresentaram os melhores resultados foram 2011, com 37,49% e o ano de 2012 com 43,59%, já o de menor participação foi o ano de 2013 com apenas 16,83% de resultado para aplicar em fundos de investimentos, cujos rendimentos servem para custar o futuro pagamento de benefícios e manutenção dos serviços administrativos do PREVIJUÍ.

Quanto à descrição da situação financeira do Instituto, se deu através da análise vertical e horizontal dos componentes patrimoniais que integram o Balanço Patrimonial, como também dos indicadores de liquidez, endividamento, garantia e administração de ativos. O quadro 5 demonstra os indicadores da evolução da situação financeira do PREVIJUÍ.

Quadro 5: Evolução da situação financeira do PREVIJUÍ

Descrição 2010 2011 2012 2013 2014 AV AV AH AV AH AV AH AV AH Ativo Circulante 16,09% 18,80% 16,93% 22,78% 41,82% 19,99% 37,33% 54,98% 57,84% Ativo Não Circulante 83,91% 81,20% -3,17% 77,22% -7,85% 80,01% 5,35% 45,02% -75,22% Realizável LP 83,79% 81,03% -3,24% 77,06% -7,90% 79,88% 5,34% 44,74% -75,34% Ativo Permanente 0,13% 0,18% 38,42% 0,15% 21,72% 0,13% 10,05% 0,28% 1,12% Passivo Circulante 0,21% 0,01% -93,68% 0,01% -93,80% 0,00% -97,36% 0,27% -40,66% Passivo Não Circulante 83,79% 18,96% -3,24% 77,06% -7,90% 79,88% 5,34% 44,74% -75,34% Patrimônio Líquido 16% 18,96% 18,54% 22,92% 43,43% 20,12% 38,87% 54,99% 58,68%

Fonte: Dados elaborados pela autora com base nos relatórios financeiros do Instituto de Previdência dos Servidores Públicos do Município de Ijuí – PREVIJUÍ.

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