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A representação da informação do domínio da espiritualidade no contexto da medicina

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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO CURSO DE BIBLIOTECONOMIA

BRUNA LORENA ALVES CASIMIRO

A REPRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO DO DOMÍNIO DA ESPIRITUALIDADE NO CONTEXTO DA MEDICINA

FORTALEZA-CE 2016

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO CURSO DE BIBLIOTECONOMIA

BRUNA LORENA ALVES CASIMIRO

A REPRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO DO DOMÍNIO DA ESPIRITUALIDADE NO CONTEXTO DA MEDICINA

FORTALEZA-CE 2016

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO CURSO DE BIBLIOTECONOMIA

BRUNA LORENA ALVES CASIMIRO

A REPRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO DO DOMÍNIO DA ESPIRITUALIDADE NO CONTEXTO DA MEDICINA

FORTALEZA-CE 2016

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A REPRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO DO DOMÍNIO DA ESPIRITUALIDADE NO CONTEXTO DA MEDICINA

Monografia apresentada ao Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel (a) em Biblioteconomia. Orientador: Prof. Dr. Heliomar Cavati Sobrinho.

FORTALEZA-CE 2016

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Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

C339i Casimiro, Bruna Lorena Alves.

A representação da informação do domínio da espiritualidade no contexto da medicina / Bruna Lorena Alves Casimiro. - 2016. 97 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) - Universidade Federal do Ceará, Centro de Humanidades, Curso de Biblioteconomia, Fortaleza, 2016.

Orientação: Prof. Dr. Heliomar Cavati Sobrinho. Inclui apêndices.

1. Representação Documentária. 2. Linguagem Documentária. 3. Espiritualidade. 4. Medicina. I. Título.

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A REPRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO DO DOMÍNIO DA ESPIRITUALIDADE NO CONTEXTO DA MEDICINA

Monografia apresentada ao Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel (a) em Biblioteconomia. Aprovada em: ___/___/______.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________ Prof. Dr. Heliomar Cavati Sobrinho (Orientador)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________________ Profa. Dra. Gabriela Belmont de Farias

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________________ Profa. Dra. Maria Giovanna Guedes Farias

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A Deus por ter me dado saúde e proteção nos obstáculos.

A toda a minha família, principalmente aos meus pais Antônio e Lidó, meu marido Marcio, e meus irmãos Bruno e Brena pelo amor, apoio e incentivo.

Aos amigos de turma, especialmente os que “resistiram” até o período de conclusão da turma Nathy, Deyse, Natanna, Felipe Alves, Felipe Lopes, Robson, Brena, Raissa, Natália, pelo carinho e apoio recebido.

Ao Prof. Dr. Heliomar Cavati Sobrinho, pela compreensão, paciência, incentivo, correções e uma rica orientação.

A Universidade, aos professores e professoras que fizeram parte da minha graduação, destacando a Prof.ª Dr.ª Virginia Bentes que durante a sua disciplina Metodologia da Pesquisa em Biblioteconomia e Ciência da Informação ministrada tive a oportunidade de conhecer e convidar para o Seminário Saberes e Vivências, que reuniu palestrantes que representavam alguns tipos de conhecimento, como o religioso, o popular, o filosófico, e o científico, a Profa. Dra. Eliane Oliveira, do Departamento de Morfologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, Médica Neonatologista e Oftalmologista, Professora Adjunta de Embriologia e Histologia Humanas, Mestre em Cirurgia pela Universidade Federal do Ceará e Doutora em Educação também pela Universidade Federal do Ceará. Esta foi responsável por incluir no currículo da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará a disciplina Medicina e Espiritualidade como opcional para os estudantes, desde 2004, sob sua coordenação.

A Profa. Dra. Eliane Oliveira devido a disciplina Medicina e Espiritualidade, na qual tive a oportunidade de participar, ministrada pela mesma ter sido fundamental para a realização deste trabalho.

Aos professores participantes da banca examinadora Prof. Dr. Heliomar Cavati Sobrinho, Profa. Dra. Gabriela Belmont de Farias e Profa. Dra. Maria Giovanna Guedes Farias pelo tempo cedido, pelas colaborações e sugestões.

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consequências da nossa vontade. [...] Quantos males e enfermidades deve o homem aos seus excessos, à sua ambição, às suas paixões? [...] Dome ele as suas paixões animais, não sinta ódio, nem inveja, nem ciúme, nem orgulho, não se deixe dominar pelo orgulho e purifique a sua alma pelos bons sentimentos, que faça o bem e dê às coisas deste mundo a importância que elas merecem [...]. Sentir-se á feliz de ter se libertado delas e a calma de consciência o isentará de todo sofrimento moral.”

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Pesquisa a crescente utilização de informações sobre o tema espiritualidade no contexto da área da saúde, que exige cada vez mais informações para execução da atividade médica. A Faculdade de Medicina e o Departamento de Morfologia da Universidade Federal do Ceará, desde 2004, ofertam a disciplina Medicina e Espiritualidade, da qual participamos para fundamentar o arcabouço teórico inicial. Este trabalho tem como objetivo contribuir com o desenvolvimento da representação da informação do domínio da espiritualidade no contexto da medicina por meio dos resultados da análise de como ela se encontra representada nas Linguagens Documentárias. A metodologia foi a pesquisa documental. Inicialmente, por meio de uma leitura documentária das obras básicas da bibliografia da disciplina Medicina e Espiritualidade, foram coletados os termos para, em seguida, verificar como estes são representados nos Descritores em Ciências da Saúde. Para concluir o trabalho foi utilizado o “Modelo Metodológico Integrado para Construção de Tesauro” proposto por Cervantes (2009) para construção de Linguagens Documentárias, que possibilitou a elaboração de uma macroestrutura do tesauro que abrange a área específica do domínio da espiritualidade, contribuindo para a sua Organização, Representação, Recuperação e Uso. Os resultados alcançados foram os documentos pesquisados e a descoberta do conceito de espiritualidade como a busca de uma qualidade de vida melhor, independente de religião.

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Research the expanding the use of information about the subject covered spirituality in context of health, which require more information for realization of the medical activity. The Medical College and the Department of Morfology of University Federal of Ceará, since 2004, offer the discipline Medical and Spirituality, and of which we participate in order to base the structure theoretical initial. This present study have the objective to contribute with the desenvolviment of the representation of the information about the spirituality in the context of health by the results of the analyse how It is represent in Documentary Languages. The methodology was the documentary research. Initially, by means of a documentary reading of basic books of bibliographic discipline Medical and Spirituality, were collected terms and then verify how theses are represented by Health Sciences Descriptors. To conclude this research “Modelo Metodológico Integrado para Construção de Tesauro” proposet by Cervantes (2009) to constructions of Documentary Languages, that possibilited the elaboration of the a macrostructure of the thesaurus cover the specific area of the domain of spirituality, contributing for your Organization, Representation, Recovery and Use. The results reached were the documents searched and the discovery of the concept spirituality as the quest of the a better quality of life, independent of the religion.

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1 INTRODUÇÃO ... 9

2 MEDICINA E ESPIRITUALIDADE ... 16

2.1 DISCIPLINA MEDICINA E ESPIRITUALIDADE ... 22

3 REPRESENTAÇÃO E LINGUAGEM DOCUMENTÁRIA... 33

4 METODOLOGIA DA PESQUISA... 37

5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 40

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 46

REFERÊNCIAS... 48

APÊNDICES ... 53

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1 INTRODUÇÃO

Hipócrates, médico grego, considerado o “pai da medicina”, segundo Ribeiro Jr. (2003) também deve ter sido uma das bases racionais da medicina moderna e sua visão da arte médica passa a relacionar o homem à natureza ao redor. “Antes de Hipócrates a medicina estava baseada em elementos da medicina arcaica, o sobrenatural e o puramente empírico” (BEIER; IANNOTTI, 2010, p.31). Para Hipócrates a enfermidade se apresentava como a falta de harmonia entre o homem, os seus hábitos, a sua própria natureza e as influências do ambiente ao redor. Portanto o próprio homem teria a responsabilidade e autonomia no seu processo de cura e os médicos dariam apenas o auxílio baseado no código de ética e no juramento hipocrático.

“A enfermidade se dava quando a phýsis individual perdia o equilíbrio interno, perturbando o equilíbrio da relação dinâmica que havia entre o indivíduo são e o resto do cosmos” (BEIER; IANNOTTI, 2010, p.42). “A phýsis tem sua própria razão, o lógos, é ordenada em si mesma e de dentro de si mesma. Ela é o arché do lógos médico, o princípio e fundamento da medicina” (BEIER; IANNOTTI, 2010, p.43). De acordo com o Relatório da 12ª Conferência Nacional de Saúde (2004) atualmente o cenário da medicina baseado na Organização Mundial da Saúde busca a saúde integral do homem, proposta por Hipócrates, incluindo o contexto psicológico, físico, social, cultural e espiritual do ser humano ou paciente.

Nas Faculdades de Medicina ocorreram importantes mudanças com o objetivo de buscar alcançar a saúde integral do ser humano relacionada aos diferentes contextos, no caso, social, cultural, espiritual e entre outros já citados. Segundo Nobre (2011) presidente da Associação-Médico Espírita do Brasil, nos Estados Unidos já pode ser encontrada a disciplina Medicina e Espiritualidade, tema abordado desde a década de 1990, em algumas Faculdades. No Brasil a disciplina Medicina e Espiritualidade pode ser encontrada, porém ainda em poucas Faculdades de Medicina. De acordo com Oliveira (2008) a Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará oferece no currículo a disciplina Medicina e Espiritualidade como opcional para os estudantes, desde 2004, no Departamento de

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Página atribuída pela autora.

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Página atribuída pela autora.

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Morfologia da Faculdade de Medicina, sob a coordenação da Prof.ª Dr.ª Eliane Oliveira, Médica Neonatologista e Oftalmologista, Professora Adjunta de Embriologia e Histologia Humanas, Mestre em Cirurgia pela Universidade Federal do Ceará e Doutora em Educação também pela Universidade Federal do Ceará.

Através do programa da disciplina Medicina e Espiritualidade (2009) 4, pode ser visto que a disciplina aborda a relação entre o médico e o paciente, o Novo Paradigma Quântico (ser humano integral, multidimensional, ser espiritual, interligado com o meio), o Paradigma da Integralidade e Espiritualidade, Cosmovisão do Paradigma Quântico e o Ser Energético, saúde e fé, oncologia e espiritualidade, doença, cura e espiritualidade, psiconeuroimunologia, meditação, autocuidado, tanatologia e experiências de quase-morte (EQM). A disciplina conta com a participação de professores de áreas diferentes da saúde, como filosofia e educação. A metodologia de ensino é baseada em explanações teóricas, vivências e filmes. A avaliação é realizada através de relatórios e participação nas aulas. Os objetivos da disciplina Medicina e Espiritualidade da Universidade Federal do Ceará resumem-se na busca pelo conhecimento dos estudantes de Medicina com relação a base científica do Novo Paradigma Quântico - o Ser Energético, multidimensionalidade e interconexão do Ser, conceitos de cuidar, de saúde, e de doença, dentro do no novo paradigma, as principais linhas de pesquisa sobre Medicina e Espiritualidade, valores humanos que compõem a Espiritualidade, a consciência do cuidar de si, conceitos em tanatologia na relação Medicina e Espiritualidade e os ideais hipocráticos.

Através de uma perspectiva quântica, conceituada por Goswami (1998), Prof. Dr. de Física Teórica e Ph. D em Física Quântica, como uma perspectiva que apresenta matéria e consciência que se complementam, ou seja, são caracterizadas como partes integrais de uma mesma realidade que não se baseia na matéria, pois a consciência foi dita como imaterial, como também uma abordagem filosófica, o ser humano apresenta estados mentais, uma ‘inteligência’, que pode construir processos de cura. Esses processos de cura podem ser vistos como o efeito placebo que necessitam ser estudados através de uma percepção espiritualizada (XAVIER, 1999). O Novo Paradigma Quântico relaciona-se com a filosofia espiritualista que apresenta a alma ou o “ser imaterial e individual que reside em nós

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Disponível em: <www.amebrasil.org.br/portal/artigos/Prog_Med_Esp_2009.doc>. Acesso em: 07 out. 2013.

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e sobrevive ao corpo” como a causa e não o efeito, ou seja, essa ‘inteligência’ caracterizada como base da doutrina dos espiritualistas ou doutrina espírita (KARDEC, 2007, p. 10). De acordo com o programa da disciplina (2015) referida foi visto que a partir das explicações metafísicas, ou seja,estudos além da física destes conceitos foram estabelecidas relações e interesses entre a medicina e a espiritualidade.

Quanto mais é dado ao homem penetrar nesses mistérios, mais cresce sua admiração pelo poder e sabedoria do Criador; mas, seja por orgulho, seja por fraqueza, sua própria inteligência o faz joguete da ilusão. Ele amontoa sistemas sobre sistemas e cada dia que passa lhe mostra quantos erros tomou por verdades e quantas verdades rejeitou como erros. São outras tantas decepções para o seu orgulho (KARDEC, 2007, p.50).

Esses conceitos e o conhecimento da ciência, religião e filosofia de forma integrada são estudados, na maioria das vezes, de forma limitada apenas por alguns cientistas, estudiosos e espiritualistas.

É essa compreensão positivista de ‘ciência fundamentada em fatos’ que é incorporada à proposta Kardecista de uma doutrina filosófico-religiosa ‘científica’ que, ao mesmo tempo, se opunha às crenças religiosas abstratas ou hipotéticas e apostava na apreensão científica do mundo espiritual, ou seja, na compreensão de que os fenômenos metafísicos eram passíveis de observação e experimentação (LIMA, 2011, p. 18-19).

Atualmente através da disciplina Medicina e Espiritualidade esses conceitos podem ser abordados também por estudantes de Medicina, causando modificações no tratamento médico de doenças, buscando o cuidado com a saúde integral do ser humano.

Ao longo da história, de acordo com Uchôa e Vidal (1994) podem ser observadas diversas intervenções religiosas e socioculturais no processo de doença e cura das populações. A utilização da literatura espiritualista como fonte de informação pode ser vista diversas vezes na área da saúde como uma dessas intervenções. Para a doutrina espírita, por exemplo, o processo de doença e cura ou o processo de saúde e doença ocorrem devido a falta de harmonia entre o corpo material e o espiritual do ser humano. Essas intervenções podem ser encontradas na medicina, destacando a medicina homeopática ou medicina alternativa, também podem ser encontradas principalmente na área da saúde mental, psicologia, psicanálise, psiquiatria, e neurociência. Também nos campos da sociologia, história,

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filosofia, antropologia, destacando a ramificação antropologia médica. “[...] a noção de espiritismo se transforma quando as categorias e argumentos inicialmente mobilizados pelo discurso médico passam a ser tratados por antropólogos e sociólogos” (LIMA, 2011, p. 16).

Segundo Kardec (1997) as fontes de informação do espiritismo são os espíritos, através dos médiuns realizando comunicações orais e escritas, causando um interesse pela utilização de novos tipos de fontes de informação. Os espíritos se comunicam através de mensagens ou comunicações mediúnicas repassando informações através dos médiuns, apresentando inicialmente fontes orais. Complementando que as fontes de informação podem ser consideradas como todas as formas que o homem registra o seu conhecimento, “[...] formas de registro da informação utilizadas pelo homem na organização, divulgação e disponibilização do conhecimento e da informação” (CAMPELLO; CALDEIRA, 2008, p.7). As fontes de informação espíritas registradas são as mensagens mediúnicas psicografadas, que atualmente são utilizadas também no meio jurídico, em publicação de livros contendo a teoria e a prática espírita, artigos de periódicos, conteúdo espírita adaptado para filmes, pinturas mediúnicas e músicas.

A base da literatura espírita são as obras do codificador da doutrina espírita Alan Kardec ou Hippolyte Léon DenizardRivail que nasceu em Lyon, na França, em 1804 e morreu em 1869. Foi educador durante trinta anos e discípulo de Pestalozzi, pedagogo. Em 1855 começou a estudar os fenômenos mediúnicos. Suas obras completas são O Livro dos Espíritos; O Que é o Espiritismo?; O Livro dos Médiuns; O Evangelho Segundo o Espiritismo; O Céu e o Inferno e A Gênese (KARDEC, 1997). Quanto ao tema espiritualidade a literatura é muito vasta e apresenta uma crescente produção literária e um aumento no interesse em pesquisas, pois aborda assuntos como a metafísica e a filosofia espiritualista.

[...] o interesse em promover a cultura espírita por meio de obras literárias, como poesias e pensamento de lavra dos articulistas e dos espíritos, que contêm essa temática sempre na linha científica ou filosófica (DIAS, 2006, p.66).

A literatura espiritualista, que afirma a existência do espírito ou consciência, através de uma linguagem simples e de fácil compreensão tem o interesse de chegar ao maior número de pessoas, também por meio de obras literárias, como

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romances, poesias, dramaturgias, contos e crônicas que abordam seu conteúdo também estruturado em um método educativo com base na ciência, filosofia e religião. Diante do exposto, esboça-se a seguinte questão norteadora desta pesquisa: como essas informações sobre o tema espiritualidade no contexto da área da medicina são representadas nas Linguagens Documentárias? Para respondê-la, traçou-se o respectivo objetivo geral: contribuir para o desenvolvimento da representação da informação do domínio da espiritualidade no contexto da medicina por meio dos resultados da análise de como ela se encontra representada nas Linguagens Documentárias. Para alcançar este objetivo geral, delinearam-se quatro objetivos específicos, quais sejam:

a) Delimitar a área específica do domínio da espiritualidade no contexto da medicina.

b) Aplicar a leitura documentária nas obras básicas da bibliografia da disciplina Medicina e Espiritualidade e coletar os termos/descritores. c) Verificar quais termos estão representados no DeCS- Descritores em

Ciências da Saúde.

d) Desenvolver a macroestrutura do tesauro.

Algumas considerações para a escolha do tema foram basicamente no sentido pessoal, pois, tenho contato com a doutrina espírita, sua filosofia espiritualista, e sua literatura, desde criança, literatura que mais me proporciona o prazer da leitura, curiosidade e busca de conhecimento.

Influenciados pelos conceitos espíritas, muitos autores do século XIX exploravam amplamente a temática conferindo às suas obras, pela perspectiva das novas roupagens, verdadeira revolução estética no campo da literatura, satisfazendo inclusive as exigências do espírito científico. [...] correspondendo à necessidade de uma fé no espírito e à curiosidade pelas revelações do além-túmulo, vem colaborar para que ocorra o predomínio do fantástico na literatura [...] (DIAS, 2006, p. 66).

Também no sentido profissional buscando unir a Ciência da Informação e a literatura espiritualista percebida como uma fonte de informação para o benefício e desenvolvimento da área da saúde. A literatura espiritualista já sendo uma fonte de informação que exerce uma influência e possui validação no meio jurídico, desperta um interesse sobre seu papel na área da saúde, como também um interesse em conhecer um pouco do seu aspecto literário.

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Na Universidade Federal do Ceará durante a disciplina Metodologia da Pesquisa em Biblioteconomia e Ciência da Informação ministrada pela Profa. Dra. Virgínia Bentes Pinto tive a oportunidade de conhecer e convidar para o Seminário Saberes e Vivências, que reuniu palestrantes que representavam alguns tipos de conhecimento, como o religioso, o popular, o filosófico, e o científico, a Profa. Dra. Eliane Oliveira, do Departamento de Morfologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, Médica Neonatologista e Oftalmologista, Professora Adjunta de Embriologia e Histologia Humanas, Mestre em Cirurgia pela Universidade Federal do Ceará e Doutora em Educação também pela Universidade Federal do Ceará. Responsável por incluir no currículo da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará a disciplina Medicina e Espiritualidade como opcional para os estudantes, desde 2004, sob sua coordenação. Ela agrega espiritualidade, saúde e ciência, apresentando uma abordagem da literatura espiritualista junto com a ciência, com a área da saúde ou a Medicina, também algumas vezes com a educação e a filosofia. Trabalhando o cenário da Medicina baseado na Organização Mundial da Saúde que busca a saúde integral do homem, proposta por Hipócrates, incluindo o contexto psicológico, físico, social, cultural e espiritual do ser humano.

Preservar a rica diversidade existente no Brasil nas suas dimensões étnicas, raciais, culturais, sociais e ambientais que, na visão holística, constitui elemento fundamental para a compreensão da saúde em seu significado mais amplo [...] (BRASIL, 2004, p. 53).

Devido a crescente utilização da literatura espiritualista junto com a área da saúde, ou dos estudos que saem das ciências sociais para a medicina foi feita a escolha do tema. Exemplificando que “a condenação do aborto aproxima os cristãos, mas algo torna a literatura espírita kardecista peculiar face ao discurso preventivista médico-sanitário, devendo ser melhor investigado” (BETSHE et al., 2010, p. 46).

Além disso, participei da Disciplina Medicina e Espiritualidade junto com o orientador Prof. Dr. Heliomar Cavati para fundamentar o arcabouço teórico inicial, a partir das obras utilizadas no programa da mesma disciplina.

A metodologia utilizada foi a pesquisa documental. Foi utilizada como técnica a análise documental. Nesta pesquisa as fontes utilizadas foram livros e publicações periódicas ou as obras fundamentais apresentadas durante as aulas no período

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2015.1 retiradas da bibliografia da disciplina Medicina e Espiritualidade. Inicialmente, por meio de uma leitura documentária das obras fundamentais da bibliografia da disciplina Medicina e Espiritualidade foram coletados os termos para, em seguida, verificar como estes são representados nos Descritores em Ciências da Saúde da Biblioteca Virtual em Saúde- BVS. Para concluir o trabalho foi utilizado o “Modelo Metodológico Integrado para Construção de Tesauro” proposto por Cervantes (2009) para construção de Linguagens Documentárias, que possibilitou a elaboração de uma macroestrutura do tesauro que abrange a área específica do domínio da espiritualidade no contexto da medicina.

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2 MEDICINA E ESPIRITUALIDADE

Atualmente o cenário da medicina baseado na Organização Mundial da Saúde busca a saúde integral do homem, proposta por Hipócrates, incluindo o contexto psicológico, físico, social, cultural e espiritual do ser humano. “De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde não se caracterizaria ‘negativamente’, pela ausência de doenças, mas seria um estado de completo bem-estar físico, mental e social” (HEGENBERG, 1998, p.29).

O tratamento hipocrático, isto é, a cura, quer produzida pela arte médica ou pela própria natureza (vis medicatrixnaturae), foi para os médicos hipocráticos uma restauração da saúde (hygíeia), ou melhor, um retorno da physis do doente ao seu estado original. A physis poderia sarar espontaneamente (automátou) sem a utilização de medicamentos, quer por necessidade, por exemplo, as febres de outono que são curadas pela primavera; quer por acaso, quando uma doença acidentalmente elimina a outra. Quando isso não era possível, o médico devia intervir e proceder à cura artificial, introduzindo recursos terapêuticos artificiais. Contudo, mesmo nesse caso, o médico apenas ajudava a physis a curar-se e o seu limite de intervenção era definido por ela (REBOLLO, 2006, p.61).

Nas Faculdades de Medicina ocorreram mudanças significativas, buscando alcançar a saúde integral do ser humano relacionada aos diferentes contextos já citados. Segundo Nobre (2011) nos Estados Unidos e na Europa já pode ser encontrada a disciplina Medicina e Espiritualidade, tema abordado desde a década de 1990, em algumas Faculdades, resultando no crescimento de publicações dentro da literatura científica sobre a espiritualidade na educação médica. No Brasil a disciplina Medicina e Espiritualidade pode ser encontrada ainda em poucas Faculdades de Medicina. A Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará oferece no currículo a disciplina Medicina e Espiritualidade como disciplina optativa para os estudantes, desde 2004, no Departamento de Morfologia da Faculdade de Medicina, sob a coordenação da Prof.ª Dr.ª Eliane Silva de Oliveira, médica neonatologista, que ocupa o cargo na Maternidade Escola Assis Chateaubriand, oftalmologista, professora adjunta de Embriologia e Histologia Humanas, Mestre em Cirurgia pela Universidade Federal do Ceará e Doutora em Educação também pela Universidade Federal do Ceará (OLIVEIRA, 2008).

De acordo com o programa da disciplina Medicina e Espiritualidade (2004) o conteúdo aborda através da perspectiva do Novo Paradigma Quântico a relação entre o médico e o paciente. O paciente sendo considerado ser humano integral,

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multidimensional, ser espiritual e interligado com o meio em que vive. Apresenta o Paradigma da Integralidade e Espiritualidade, a Cosmovisão do Paradigma Quântico e o Ser Energético. E a partir também do Novo Paradigma Quântico assuntos como, saúde e fé, oncologia e espiritualidade, doença, cura e espiritualidade, psiconeuroimunologia, meditação, autocuidado, tanatologia e experiências de quase-morte (EQM). A disciplina conta com a participação de professores de áreas diferentes da saúde, como filosofia e educação. A metodologia de ensino é baseada em explanações teóricas, palestras, vivências e filmes. A avaliação da disciplina é realizada através de relatórios e da participação dos estudantes nas aulas. O objetivo da disciplina Medicina e Espiritualidade na Universidade Federal do Ceará busca o conhecimento dos estudantes de Medicina com relação a base científica do Novo Paradigma Quântico, o paciente como Ser Energético, sua multidimensionalidade e a interconexão do Ser. Conceitos de cuidar, saúde, doença, dentro do Novo Paradigma Quântico e as principais linhas de pesquisa sobre Medicina e Espiritualidade, os valores humanos que compõem a Espiritualidade, a consciência do cuidar de si, conceitos em tanatologia na relação Medicina e Espiritualidade e os ideais hipocráticos.

Reiterando que através de uma perspectiva quântica, como também uma abordagem filosófica, o ser humano apresenta estados mentais, uma ‘inteligência’, que pode construir processos de cura, essa inteligência pode ser denominada como espírito. Esses processos de cura podem ser vistos como o efeito placebo que basicamente comprovam estes estados mentais e necessita ser desenvolvido e estudado através de uma percepção espiritualizada (XAVIER, 1999). O Novo Paradigma Quântico relaciona-se com a filosofia espiritualista que apresenta a alma como a causa, a origem, a razão, ou seja, essa ‘inteligência’ base da doutrina dos espiritualistas ou doutrina espírita (KARDEC, 2007). A partir das explicações metafísicas desses conceitos estabeleceram-se relações e interesses entre a medicina e o espiritismo.

Segundo Kardec (2007) o espiritismo estuda buscando a lógica, o racional, e em caráter evolutivo dos seus princípios, o espírito e suas manifestações. O espírito é visto como princípio inteligente independente da matéria, mas que pode interagir com ela, como, por exemplo, proporcionar a cura. O espírito ou ‘inteligência’ representado em uma perspectiva quântica pelos estados mentais do ser humano pode proporcionar a cura da matéria. Exemplificando através do papel do

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pensamento positivo no processo de doença e cura, considerando que o pensamento positivo foi avaliado em diversas pesquisas como fator determinante para a cura do paciente.

Seja como for, há um fato que não se poderia contestar, porque é resultado da observação, e é que os seres orgânicos têm em si uma força íntima que produz o fenômeno da vida, tanto que essa força existe; que a vida material é comum a todos os seres orgânicos e que ela é independente da inteligência e do pensamento; que a inteligência e o pensamento são faculdades próprias de certas espécies orgânicas; enfim que, entre as espécies orgânicas dotadas de inteligência e de pensamento, há uma dotada de um senso moral especial [...] que é a espécie humana (KARDEC, 2007, p.11).

Esses conceitos e o conhecimento da ciência, religião e filosofia de forma integrada, são estudados, na maioria das vezes de forma limitada, apenas por alguns cientistas, estudiosos e espiritualistas. Atualmente através da disciplina Medicina e Espiritualidade esses conceitos podem ser abordados também por estudantes de Medicina, causando modificações no tratamento médico de doenças, buscando o cuidado com a saúde integral do ser humano.

A idéia de estudar funções e órgãos levou a amplo exame do diagnóstico estabelecido com base em alterações físicas e químicas provocadas pelas doenças. Vislumbrou-se, aí, a possibilidade de dar melhores contornos à noção de impedimento - que seria caracterizada por meio daquelas alterações físico-químicas. Novas dificuldades, porém, se apresentaram de imediato, notando-se que ‘forças psicológicas’ podem provocar alterações significativas nas funções orgânicas [...] (HEGENBERG, 1998, p.28).

Desde a Antiguidade de acordo com Capra (1982), Físico Teórico e Ambientalista, através do conhecimento da medicina oriental, o homem pode conhecer e utilizar essa energia denominada ao mesmo tempo de energia sutil e vital no seu processo de doença e cura, junto com as suas atividades mentais e emocionais. Essa energia foi divulgada, por exemplo, principalmente através dos fundamentos do Budismo. Podendo também ser observadas diversas intervenções religiosas no processo de doença e cura do ser humano, exemplificando a denominada medicina tradicional ou medicina popular baseada em crenças culturais, que incluem a utilização não só de tratamentos espirituais, como também, o uso de plantas medicinais, homeopatia, acupuntura, meditação, no caso, tratamentos que ainda não são explicados pela medicina atual.

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O uso da literatura espiritualista como fonte de informação pode ser visto várias vezes na área da saúde como uma dessas intervenções. Exemplificando que também para a doutrina espírita o processo de doença e cura ou o processo de saúde e doença ocorrem devido a falta de harmonia entre o corpo material e o espiritual do ser humano.

Leão e Lotufo Neto (2007) assinalam que, desde 1950, vários hospitais espíritas no Brasil utilizam a medicina convencional junto com as práticas espíritas, como orações, energização, passes mediúnicos, reuniões mediúnicas como ferramenta para obter diagnósticos apresentando função terapêutica para doenças espirituais, tratamento espiritual, tratamentos fluídicos e palestras. Esses hospitais recebem recursos do Sistema Único de Saúde devido a utilização da medicina convencional, sendo o tratamento espiritual um complemento e o diferencial para a escolha da população pelos hospitais que incluem as práticas espíritas junto com as práticas clínicas.

O procedimento das reuniões mediúnicas obedeceu a parâmetros da doutrina espírita. Em todas as reuniões mediúnicas, adotava-se o procedimento do diálogo que passava por três fases ou momentos. No primeiro momento, o diálogo tinha por objetivo acalmar angústias, rancores, cóleras, entre outros sentimentos, e com isso proporcionar bem-estar. O segundo momento visava a estabelecer um vínculo de confiança entre o sujeito comunicante e o orientador da sessão. Em seguida, adotavam-se técnicas sugestivas de valorização da vida, conforto e aconselhamento moral (LEÃO; LOTUFO NETO, 2007, p. 56).

Os hospitais espíritas surgiram como uma ação juntamente com a assistência psiquiátrica para modificar e melhorar o tratamento em saúde mental. A área da saúde mental se destaca como o ramo que mais utiliza as teorias e as práticas espíritas. Com relação as religiões dos funcionários e pacientes desses hospitais, nenhuma destas podem ser consideradas inadequadas.

As pesquisas realizadas sobre a medicina e a filosofia espiritualista, por exemplo, a filosofia estudada pela doutrina espírita, envolvem as áreas das ciências da saúde, ciências sociais, ciências da informação e a espiritualidade. Incluindo também conhecimento religioso, popular ou senso comum.

A informação religiosa, a informação popular, o senso comum, ou o conhecimento foi adquirido culturalmente pelos médicos, como também pelos pacientes sobre, no caso, a saúde, como também as informações que foram interpretadas, por exemplo, sobre as causas, os sintomas, os tratamentos ea

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prevenção de doenças. Portanto, no caso, as próprias práticas clínicas que fazem partem da medicina convencional que resultam em um diagnóstico materialista estão envolvidas e influenciadas por um contexto social e cultural. Mostrando que não somente a população apresenta influências culturais com relação ao tratamento com a saúde e a doença, mas também os próprios médicos.

A percepção do que é relevante e problemático, do que causa ou evita um problema, do tipo de ação que esse problema requer é, para os profissionais de saúde, determinada pelo corpo de conhecimentos biomédicos, mas, para os indivíduos de uma comunidade, é determinada pelas redes de símbolos que articulam conceitos biomédicos e culturais e determinam formas características de pensar e de agir frente a um problema de saúde específico (UCHÔA; VIDAL, 1994, p.501).

As informações médicas adquiridas através da medicina convencional ainda são as mais relevantes, sendo as informações adquiridas culturalmente consideradas apenas como um complemento destas. As informações médicas apresentam o resultado e diagnósticos de uma visão materialista que separa corpo e espírito, ponto de vista contrário ao da Organização Mundial da Saúde que apresenta uma compreensão de saúde e doença através de um contexto que envolve fatores biológicos, psicológicos, econômicos, sociais, ambientais e culturais (NICHTER, 1989 apud UCHÔA e VIDAL, 1994).

Não foi senão por uma longa e difícil marcha que a Humanidade, pela colaboração de inúmeros luminares da cultura, inteligência e moralidade, conseguiu compreender que a noção de verdade só pode ser formulada dentro de bases estritamente relativas. Acompanhando o progresso das religiões e das ciências (mais notadamente dessas últimas) chegou-se a conclusão que as concepções a respeito das coisas e dos fenômenos do Mundo tem uma grande dependência com as épocas, recursos de pesquisa e tendências culturais dos indivíduos. No estágio onde nos encontramos jamais poderemos aspirar à verdade absoluta (XAVIER, 1999, p.95).

As pesquisas realizadas sobre saúde e a espiritualidade podem ser encontradas na área da saúde, destacando a medicina homeopática ou medicina alternativa, também podem ser encontradas principalmente na área da saúde mental, psicologia, psicanálise, psiquiatria, e neurociência. Também nos campos da sociologia, história, filosofia, antropologia, destacando a ramificação antropologia médica. Alguns antropólogos que trabalham com a saúde pública no Brasil, ou seja, a antropologia médica, tiveram interesse em realizar pesquisas sobre o uso da

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doutrina espírita em hospitais, ou seja, abordando o tema espiritualidade no contexto da medicina.

O discurso antropológico aponta os limites e a insuficiência da tecnologia biomédica quando se trata de mudar de forma permanente o estado de saúde de uma população. Ele nos revela que o estado de saúde de uma população é associado ao seu modo de vida e ao seu universo social e cultural. A antropologia médica se inscreve, assim, numa relação de complementaridade com a epidemiologia e com a sociologia da saúde (UCHÔA; VIDAL, 1994, p.497).

A antropologia médica se destaca no trabalho com programas de saúde que influenciam diretamente junto ao paciente, gerando novas informações em nível populacional sobre saúde e doença.

Bibliotecários também pesquisaram sobre o uso de livros com uma abordagem espiritualista junto com a área da saúde na prática da biblioterapia, abordando que “[...] o livro espírita abre caminhos, liberta, consola, ensina, enfim, nos faz parar e refletir sobre o mais simples acontecimento corriqueiro, levando-nos a verdadeira compreensão e possível modificação” (LUZ, 2012, p.73), obtendo bons resultados.

De acordo com Cartaxo (2011) a espiritualidade pode ser caracterizada como um estado natural de busca pessoal com relação as respostas das perguntas existenciais do ser humano, independente de qualquer religião. Também um estado individual que busca informações sobre o sentido da vida, ao mesmo tempo indo além do sentido pessoal e material.

[...] a religião caracteriza-se pelo sistema organizado de crenças, práticas, rituais e símbolos, de acordo com um dogma institucional específico, enquanto a espiritualidade assenta sobre a busca pessoal de experiências e respostas como fonte de sentido e significado de vida. [...] a espiritualidade, do latim spiritus, significa respiração ou vida, termo frequentemente citado em diferentes culturas, [...] a espiritualidade pode ser vista como uma relação estabelecida por uma pessoa com um ser ou uma força superior, na qual acredita, sem ter necessariamente uma ligação a uma instituição organizada específica (CARTAXO, 2011, p. 1-3).

Portanto a espiritualidade se vai contra o materialismo ou é contrária a este. No caso a espiritualidade busca modificar a medicina tradicional que trata partes do corpo humano, geralmente de maneira isolada e não foca, principalmente, no cuidado com o paciente ou indivíduo que sofre influência do seu referido campo social, cultural, psicológico e também espiritual. E este paciente poderá interferir no

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seu processo de doença e cura através de atitudes e pensamentos de suscetibilidade ou resiliência.

2.1 DISCIPLINA MEDICINA E ESPIRITUALIDADE

De acordo com o Programa da disciplina Medicina e Espiritualidade (2015)

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foi visto que a Faculdade de Medicina e o Departamento de Morfologia da Universidade Federal do Ceará, desde 2004, ofertam a disciplina Medicina e Espiritualidade que trata os seguintes conteúdos, a relação entre o médico e o paciente, o Novo Paradigma Quântico (ser humano integral, multidimensional, ser espiritual, interligado com o meio), o Paradigma da Integralidade e Espiritualidade, Cosmovisão do Paradigma Quântico e o Ser Energético, saúde e fé, oncologia e espiritualidade, doença, cura e espiritualidade, psiconeuroimunologia, meditação, autocuidado, tanatologia e experiências de quase-morte (EQM).

No caso, em 2015, período em que houve a oportunidade de participar da referida disciplina junto também com estudantes de medicina de diferentes semestres, a bibliografia sugerida para o aprofundamento dos temas pode ser vista no Anexo A. Destas obras, as utilizadas de maneira didática para um aprofundamento maior durante as aulas oferecidas no período referido foram as seguintes:

a) BEHE, Michael. A caixa preta de Darwin: o desafio da bioquímica à Teoria da Evolução. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1997

b) BENSON, Herbert; STARK, Marg. Medicina espiritual: o poder essencial da cura.11. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1998

c) CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2004 d) GROF, Stanislav. Além do cérebro: nascimento, morte e transcendência em psicoterapia. São Paulo: McGraw-Hill, 1987

e) JUNG, C.G. Psicologia e religião. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 2011 f) LELOUP, Jean-Yves et al. O espírito na saúde. 2. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1997

g) MOODY JR., Raymond A. A vida depois da vida. São Paulo: Butterfly, 2004

h) MORSE, M; PERRY P. Transformados pela luz. Rio de Janeiro: Nova Era, 1992

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Disponível no Departamento de Morfologia da Faculdade de Medicina - Universidade Federal do Ceará.

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i) OLIVEIRA, Eliane S. A construção da experiência espiritual e sua

problematização como lugar de superação dos limites do paradigma biomédico: uma contribuição para a reflexão sobre espiritualidade na

educação médica. 2008, 290p. Tese (Doutorado). Faculdade de Educação, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2008

j) RING, Kenneth; COOPER, Sharon. Mindsight: near-death and out-of-body experiences in the blind. 2. ed. New York: iUniverse, 2008

k) WOLMAN, Richard N. Inteligência espiritual. 2. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002

O programa da disciplina (2015) apresenta a seguinte ementa: nos meados do século 18 a medicina moderna transformou-se em ciência, os cientistas de então consideravam o mundo e o corpo humano uma máquina sem “mente” e o pensamento uma secreção do cérebro. Iniciava-se assim a medicina mecanicista, materialista. Passamos a achar que todas as doenças são curáveis, embora a sua ineficácia da medicina mecanicista no combate a doenças crônicas, degenerativas e relacionadas com a idade, vale salientar que o materialismo é um pressuposto filosófico.

Pelos meados do século 19 médicos e cientistas começaram a redescobrir uma antiga verdade: que a mente humana pode afetar o corpo. Pesquisas revelaram que doenças como hipertensão e úlceras pépticas ocorrem quando seres humanos e animais são submetidos a tensão física e psicológica. Jean Martin Charcot, grande neurologista francês do século 19 estudou as reações histéricas e o efeito da sugestão nas funções orgânicas. Sigmund Freud, discípulo de Charcot, ampliou essas ideias e ressaltou a influência do inconsciente no comportamento. Descobriu-se o conceito da sinergia mente-corpo que tanto pode gerar efeitos positivos quanto negativos no corpo. Surgiu uma fisiologia propondo um sistema mental que envolve o sistema nervoso, o sistema endócrino e o sistema imunológico, estabelecendo as bases da psiconeuroimunologia, a qual sustenta teoricamente a bioquímica das emoções. Surgiram estudos acerca dos pensamentos e as emoções alterando os parâmetros biofísicos do Ser e como as tensões musculares, a alimentação correta, a respiração correta e a correção de posturas físicas, influenciam na dimensão emocional e mental do Ser. Porém na década de 1920 com a descoberta do mundo quântico, surgiu um novo paradigma em que o tempo não é mais linear, onde o espaço é relativo, a matéria cedeu lugar a energia, a comunicação é não local, a consciência é capaz de influir nos eventos, selecionar possibilidades, e existe a

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possibilidade real da existência de mais de quatro dimensões em nosso universo e todas as coisas existentes estão interconectadas. Surgiu uma forma nova de abordagem em todas as áreas do conhecimento humano.

Cientistas modernos descobriram a não localização da mente como parte da estrutura do universo. Centenas de pesquisadores discutem experiências onde a consciência humana atua fora dos limites do cérebro e do corpo. Estudam-se há algumas décadas em diversas Universidades Americanas e Europeias diversos assuntos como: Experiências de Quase-Morte (EQM); Visões no leito de morte; Reencarnação; Experiências fora do corpo; Visualização Criativa; Prece intercessória (intenção de cura a distância, comprovando-se que as pessoas podem podem ajudar a curar mentalmente outras pessoas situadas à distancia), Telepatia, e muitos outros.

A medicina ocidental se defronta, também com uma infinidade de abordagens estranhas ao seu conhecimento. Na medida em que a medicina oriental se faz conhecida no ocidente, pesquisas surgem em todo o mundo detectando fatos e realidades aparentemente novas. A homeopatia e a acupuntura, que se fundamentam nesse outro paradigma, já são especialidades médicas no Brasil. Pesquisas em neurociência buscam desvendar o mistério do que seja mente e consciência, como surge a consciência das sensações, das percepções e as experiências mentais de expansão da consciência. Mais ainda, como a dimensão espiritual do ser influencia em todos esses níveis.

A medicina Hipocrática considerava a doença como um desequilíbrio entre as influências ambientais, os modos de vida e os vários componentes da natureza humana, sendo o processo de cura algo que surge das profundezas do Ser. Ao médico caberia ajudar, assistir e cuidar dessas forças naturais dentro de um rigoroso código de ética.

No sentido de reencontrar com as bases originais da prática médica (um cuidar físico, emocional, mental, social e espiritual), é nossa intenção propor esse resgate que longe de ser mágico ou místico, é atual, científico e amplamente pesquisado, abordando o ser humano como um ser espiritual, multidimensional, que possui uma vertente biológica, social, psicológica e cultural. E na integração corpo-espírito temos referenciais teóricos que demonstram que a relação do ser humano com Deus é uma necessidade básica para a manutenção da saúde.

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programa da disciplina (2015) foram os seguintes: compreender o Ser Humano como um ser Espiritual, que a consciência pode libertar-se do corpo, e que ela tem a faculdade de atuar no próprio corpo e de forma não-local. A base científica do Novo Paradigma (Paradigma da Física Quântica). Perceber a noção de multidimensionalidade e interconexão do Ser. Apoderar-se de conceitos de Cuidar, de Saúde e de Doença no novo paradigma. Conhecer as principais linhas de pesquisa sobre medicina e espiritualidade. Suscitar no estudante de Medicina valores humanos que compõem a espiritualidade. Promover nos estudantes de Medicina a consciência no cuidar de si. Articular os principais conceitos em tanatologia na relação medicina e espiritualidade. Passar para o estudante de Medicina a necessidade da compaixão e do amor no cuidar, ou seja, dos ideais hipocráticos.

Ao longo dos semestres que ofereceram a disciplina, a sua bibliografia apresentada no programa da disciplina foi atualizando-se e os seus conteúdos foram focados na quebra do paradigma biomédico que de acordo com o objetivo da disciplina busca atender o paciente de maneira holística abrangendo a saúde integral do mesmo.

Buscou-se também compreender os processos de saúde e doença e também o processo de morte, juntamente com as experiências de quase-morte e os estudos sobre a consciência. Houve o incentivo para o conhecimento e estudo de outras culturas que abordam a espiritualidade e a morte visando o melhoramento de todos os processos do acolhimento médico.

As informações contidas nos documentos citados foram analisadas e para aprofundamento pode ser visto o conceito de informação que já foi abordado em várias vertentes, várias disciplinas, e em várias áreas. Segundo Santos (2007) o conceito de informação pode ser considerado também algo em construção por isso foram criadas crises epistemológicas sobre a informação. Contextualizar informação pode ser um pouco complicado, pois a palavra informação pode ter vários significados e ela se adapta ao contexto em que está inserida. A informação pode ser escrita, oral, audiovisual, objeto de uma ciência, objeto de uma indústria, e pode ser considerada atualmente como uma mercadoria. A ciência da informação estuda a informação apenas a partir de um aspecto da informação, como sua transmissão, recuperação, e a apropriação. A ciência da informação tem como objeto de estudo a informação registrada, a informação passível de registro (ARAÚJO, 2009).

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Dado, informação e conhecimento possuem conceitos ambíguos, utilizados em diferentes áreas do conhecimento. Os dados podem ser ou não considerados como fonte de informação, pois a informação é vinculada ao indivíduo. Sendo necessária a transformação dos dados em informação. A informação pode ser considerada como a decodificação dos dados, ou a própria interpretação gerando conhecimento. O objeto de estudo informação pode ser confundido com o conhecimento, pois não se pode separar informação de conhecimento. A informação não se forma no receptor, porque se forma parte no receptor e parte no emissor, a informação se forma na negociação dos sentidos, a informação se forma no sujeito, então a ciência da informação estuda as mediações informacionais. A mediação informacional possui o objetivo de suprir as necessidades informacionais dos usuários de unidades e sistemas de informação, sendo os estudos sistemáticos de usuários a ferramenta para a efetiva mediação informacional (DUARTE, 2012).

Segundo Francelin (2003) a informação atualmente precisa ser estudada abrangendo todo o contexto do indivíduo e sociedade, deve-se pensar na complexidade do processo de produção da informação, para que ocorram mudanças no uso da informação. Atualmente vivemos na era da informação, onde ocorre uma maior facilidade com relação ao acesso a informação, porém não apenas o acesso é importante, é preciso pensar em todo o processo de produção da informação, como é transmitida e absorvida pelo indivíduo, para que a informação possa ser transformada em conhecimento.

Informação pode ser considerada algo que flui entre um emissor e um receptor (CAPURRO; HJORLAND, 2007) que faz com que a presença do ser humano seja indispensável. A mudança provocada em um dos indivíduos pela troca de informação entre eles é chamada de conhecimento e só se dá se o receptor possuir um saber prévio, porém menor, do assunto tratado. A informação, então, amplia o nível de conhecimento do indivíduo.

Através de uma perspectiva tecnológica o conhecimento foi definido como a assimilação dos dados que foram compreendidos em informação. Essa assimilação deve ter sido adquirida através da experiência do indivíduo. O conhecimento se dá quando a informação foi percebida e aceita apresentando um processo de comunicação (PEREIRA, 2008). A informação é essencial para o desenvolvimento da humanidade.

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ser consideradas como todas as formas que o homem registra esse conhecimento.

A informação deve ser ordenada, estruturada ou contida de alguma forma, senão permanecerá amorfa e inutilizável. [...] A informação deve ser representada para nós de alguma forma, e transmitida por algum tipo de canal. [...] Por exemplo, a informação documentária pode estar contida em qualquer coisa que uma pessoa escreva, componha, imprima, desenhe ou transmita por meios similares (MCGARRY, 1999, p.11).

As fontes de informação são classificadas como fontes primárias, secundárias e terciárias. As fontes primárias registram as informações que estão sendo lançadas, ou com novas informações. Os documentos secundários possuem informações sobre os documentos primários, e estas informações são padronizadas. E as fontes terciárias possuem a função de guiar o leitor na pesquisa das fontes primárias e secundárias.

Exemplificando fontes de informação com conteúdo relacionado a espiritualidade podem ser citadas as fontes de informação do espiritismo ou as fontes dos princípios espíritas que são os espíritos por intermédio dos médiuns, gerando um interesse pela utilização de novos tipos de fontes de informação.

Mas há uma outra circunstância sobre a qual não se tem pensado o bastante. As primeiras manifestações, na França, como na América, não ocorreram pela escrita, nem pela palavra, mas por pancadas concordando com as letras do alfabeto, e formando palavras e frases. Foi por esse meio que as inteligências que se revelaram, declararam ser Espíritos. Se, pois, poder-se-ia supor a intervenção do pensamento dos médiuns nas comunicações verbais ou escritas, o mesmo não ocorreria com as pancadas, cuja significação não poderia ser conhecida previamente (KARDEC, 2007, p.38).

Os espíritos se comunicam através de mensagens ou comunicações mediúnicas repassando informações através dos médiuns, apresentando inicialmente fontes orais (KARDEC, 1997). As fontes de informação espíritas registradas são as mensagens mediúnicas psicografadas, que atualmente em alguns casos são utilizadas e validadas também no meio jurídico, publicação de livros contendo a teoria e a prática espírita, artigos de periódicos, conteúdo espírita adaptado para filmes, pinturas mediúnicas e músicas.

De acordo com a Federação Espírita Brasileira podem ser encontradas várias instituições e eventos nacionais e internacionais, bibliotecas, livrarias, Associações Médico-Espírita, por exemplo, a já citada Associação Médico-Espírita do Brasil,

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Federações Espíritas de diversos países, no caso, a própria Federação Espírita Brasileira, comissões, conselhos nacionais e internacionais, por exemplo, o Conselho Federativo Nacional e o Conselho Espírita Internacional, editoras como a FEB Editora, congressos, reuniões, seminários que produzem, selecionam, organizam e divulgam fontes de informação com conteúdos sobre a espiritualidade. A Federação Espírita Brasileira junto com uma equipe de bibliotecários criaram a obra Livro Espírita na FEB: catálogo geral. Um catálogo com indicação da classificação por assuntos das obras editadas pela FEB, assuntos nos campos espiritual, religioso e científico. O conteúdo espírita e suas obras também são difundidos no rádio e na televisão.

[...] A TV, em sua supremacia como meio de comunicação eletrônico, é capaz de moldar formas de sociabilidade, criando laços e tornando-se referência significativa na modelação dos valores, das formas de percepção do mundo e da cultura, de um modo geral. Mas, ao mesmo tempo, é condicionada pelas demandas da sociedade, refletindo, em parte, suas estruturas e relações sociais (CAMPELLO; CALDEIRA, 2008, p.97).

Em alguns Centros Espíritas podem ser encontradas bibliotecas. “Em geral, define-se hoje a biblioteca como um acervo de materiais impressos [...] ou não-impressos [...] organizados e mantidos para leitura, visualização, estudo e consulta” (CAMPELLO; CALDEIRA, 2008, p.102). Com relação aos usuários essas bibliotecas atendem ao público em geral, portanto podem ser consideradas como bibliotecas públicas. Porém com relação ao material utilizado essas bibliotecas possuem a maior parte do seu acervo voltado para a doutrina espírita podendo ser considerada como uma biblioteca especializada.

Nesse processo evolutivo, as bibliotecas foram se diversificando, seja por causa do tipo de material que reúnem, seja por causa o tipo de usuário a que atendem prioritariamente. [...] Quanto aos usuários, há bibliotecas públicas (abertas aos membros da comunidade em geral), [...] bibliotecas especializadas (para estudiosos e pesquisadores) [...] (CAMPELLO; CALDEIRA, 2008, p.107).

No caso das bibliotecas dos Centros Espíritas podem ser definidas como bibliotecas públicas, pois possuem o objetivo de atender ao público em geral. Os acervos contemplam periódicos, folhetos, livros espíritas, títulos de literatura infantil, infanto-juvenil, e alguns em Braille, material audiovisual, CDs, DVDs.

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Desde o Antigo Egito as bibliotecas e seu conteúdo também eram considerados como ferramentas de desenvolvimento não apenas em nível intelectual, porém relacionavam-se com a mente e o corpo, incorporando sentido espiritual ao ambiente. Segundo Ravasi (2015) um historiador de Abdera chamado Hecateu visitou o Antigo Egito, descrevendo o que encontrou no mausoléu do Faraó Ramsés II, este viu escrito ‘lugar de cura da alma’ ou ‘ clínica do espírito’ na porta de entrada de uma sala, de acordo com a tradução. Em seguida entrando na sala o historiador descobriu que era a biblioteca do Faraó Ramsés II considerada sagrada. Para o autor, Ravasi, cardeal católico italiano e Presidente do Pontifício Conselho para a Cultura no Vaticano, a biblioteca pode ser considerada principalmente como sede do espírito. A biblioteca como sede do espírito refere-se essencialmente a sua característica de eterno, no caso, sinônimo do objetivo do conteúdo imaterial das bibliotecas que devem propagar conhecimento ao longo do tempo.

Na maioria das bibliotecas as obras com o tema espiritualidade passam a serem entendidas como ocultismo, esoterismo e autoajuda, descartando qualquer caráter científico. Porém diversos artigos científicos, teses, dissertações e monografias abordam a relação dos temas espiritualidade, medicina e a área da saúde.

Segundo McGarry (1999) Dewey e a sua Classificação Decimal de Dewey ou CDD como é mais conhecida, quando tenta mapear o conhecimento humano e faz a divisão da classe principal sobre religião, 200 Religion, e cria uma seção para as outras religiões acaba mostrando que o autor da classificação toma uma posição influenciada pela sua própria cultura, pois essas outras religiões, e em cada uma delas existe também uma literatura crescente. No caso, 210 Natural theology, 220 Bible, 230 Christian theology, 240 Christian moral & devotional theology, 250 Christian orders & local church, 260 Christian social theology, 270 Christian church history, 280 Christian denominations &sects, 290 Other & comparative religions.

A lei de Ranganathan para cada leitor o seu livro pode ser interpretada apresentando também uma proposta para a Biblioteconomia sobre o tratamento do leitor através de uma visão integral do mesmo que possui fatores diferenciados, de acordo com seus respectivos contextos, social, físico, psicológico, espiritual, político, econômico, entre outros, ou um serviço de informação integral.

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[O segundo princípio] não terá descanso enquanto não houver reunido todos – ricos e pobres, homens e mulheres, quem mora em terra firme e quem navega os mares, jovens e idosos, surdos e mudos, alfabetizados e analfabetos – a todos, de todos os cantos da Terra, até que os tenha conduzido para o templo do saber e até que lhes tenha garantido aquela salvação que emana do culto de Sarasvati, a deusa do saber ( RANGANATHAN, 2009, p. 92 apud TARGINO, 2010, p. 123).

Pois uma biblioteca, esta intitulada, desde o Antigo Egito também como ‘hospital de almas’ deve buscar tratar o leitor/usuário/cliente/paciente através do ponto de vista de uma instituição democrática e livre de preconceitos. “A segunda lei – A cada leitor seu livro - determina que as bibliotecas sirvam a todos os leitores, não importa a classe social, sexo, idade, ou qualquer outro fator” (FIGUEIREDO, 1992, p. 187).

Segundo Foucault (2009) a literatura pode ser vista como arte. Também pode ser considerada como ficção. O fictício foi considerado como uma situação onde ocorre apenas um afastamento próprio da linguagem, portanto não há ficção, apenas a linguagem se distancia, pois a ficção se torna distante do convencional. “Literatura é linguagem carregada de significado” (POUND, 2006, p.32). Uma linguagem carregada de significado até o limite possível. “Mas o significado, não é algo tão definido e predeterminado [...] Ele surge com raízes, com associações, e depende de como e quando a palavra é comumente usada ou de quando ela tenha sido usada brilhante ou memoravelmente” (POUND, 2006, p.40). Na criação literária a vida do autor faz parte da sua obra e se encontra inserida nela também.

A literatura se encontra impregnada da mescla de palavras, emoções e imagens fazem dela um excelente auxiliar no combate ao desânimo, tristeza, raiva, frustração, angústia ou perda de auto-estima, uma vez que ativa a consciência imaginante, emotiva e criadora dos que dela se apropriam [...]. O envolvimento com o texto literário lido, narrado ou dramatizado é de tal forma dominante que ficam no esquecimento os desconfortos e as sensações desagradáveis, ou seja, processa-se uma mudança: a figura agora é a história e a dor ou as angústias que passam à condição de fundo ficam em plano menos evidente [...] (LUZ, 2012, p. 73-74).

Como um dos exemplos de fonte de informação sobre espiritualidade a doutrina espírita apresenta uma codificação escrita, fator que possibilita obter validação e conceituação, apresentando características de textos científicos para ser a base de uma ciência espírita, apesar também de utilizar o critério da concordância universal para validar seus princípios, ou seja, a aceitação de uma tese sobre os princípios espíritas pode ser determinada somente por uma grande quantidade de

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espíritos através de diferentes médiuns em lugares diferenciados, e os princípios devem se confirmarem ao longo do tempo apresentando um caráter de constante evolução (XAVIER, 1999). A própria doutrina espírita desperta interesse, por exemplo, na medicina, por se aproximar da ciência, resultando em uma medicina espiritualizada, gerando um aumento no interesse em pesquisas.

A base da literatura espírita, popular no Brasil, são as obras do codificador da doutrina espírita Alan Kardec ou Hippolyte Léon Denizard Rivail que nasceu em Lyon, na França, em 1804 e morreu em 1869. Foi educador durante trinta anos e discípulo de Pestalozzi, pedagogo. Em 1855 começou a estudar os fenômenos mediúnicos, antes se interessou também por sonambulismo e magnetismo. Suas obras completas são O Livro dos Espíritos; O Que é o Espiritismo?; O Livro dos Médiuns; O Evangelho Segundo o Espiritismo; O Céu e o Inferno e A Gênese. A própria prática espírita baseia-se nos estudos, ou seja, na leitura das obras, gerando um ciclo de criação, produção e publicação literária (KARDEC, 1997).

Segundo Dias (2006) Francisco Cândido Xavier ou Chico Xavier considerado com o principal contribuidor para a produção literária espírita psicografou mais de quatrocentos livros ou obras mediúnicas, traduzidos e publicados em mais de quatro línguas, como francês, inglês, entre outras. Abordando o conteúdo espírita, ciência, filosofia e religião, algumas vezes contextualizando junto com história geral e história do Brasil, em romances, poesias, contos, crônicas, literatura infantil, e por escolha própria sem usar financeiramente dos direitos autorais repassados para ações assistenciais, abrindo as portas para outros autores e tornando o espiritismo popular no Brasil.

Quanto ao tema espiritualidade a literatura é muito vasta e apresenta uma crescente produção literária e um aumento no interesse em pesquisas, pois aborda assuntos como a metafísica e a filosofia espiritualista, a medicina e a espiritualidade, apresentando também um crescente número de publicações na literatura científica abordando o conteúdo sobre espiritualidade, a relação entre o médico e o paciente, o Novo Paradigma Quântico (ser humano integral, multidimensional, ser espiritual, interligado com o meio), o Paradigma da Integralidade e Espiritualidade, Cosmovisão do Paradigma Quântico e o Ser Energético, saúde e fé, oncologia e espiritualidade, doença, cura e espiritualidade, psiconeuroimunologia, meditação, autocuidado, tanatologia e experiências de quase-morte (EQM).

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compreensão tem o interesse de chegar ao maior número de pessoas, também por meio de obras literárias, como romances, poesias, dramaturgias, contos e crônicas que abordam seu conteúdo também estruturado em um método educativo com base na ciência, filosofia e religião (KARDEC, 1997).

Portanto as informações sobre espiritualidade utilizadas no contexto da área da saúde contribuem para a sociedade devido a proposta para a melhoria da saúde do ser humano. O paciente considerado, no caso, ser humano integral. As informações podem ser utilizadas como ferramenta de cura ao preconceito relacionado a espiritualidade no contexto da medicina e consequentemente as doenças, justificando a Organização, Representação e Disseminação do conteúdo específico.

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3 REPRESENTAÇÃO E LINGUAGEM DOCUMENTÁRIA

Esta seção objetiva de promover a compreensão, de modo geral, do processo de representação da informação nos sistemas de recuperação da informação, Análise e Linguagem documentária, aprofundando-se no processo de Indexação.

Segundo Ortega (2009) no final da década de 1970, Chaumier, francês, documentalista e Professor da Universidade René Descartes - Universitá de Paris V contribuiu para o campo da Análise Documentária destacando-se pela produção sobre Informática Documentária, Lingüística Documentária ou Informação Documentária e Linguagem Documentária, principalmente a normalização da Documentação apresentando fundamentos que tratam das técnicas documentárias e tecnologias relacionadas, ou seja, processos de Organização e Recuperação da informação em um sistema documentário. A Indexação foi conceituada por Chaumier (1988) como o principal processo da Análise Documentária, pois descreve e caracteriza através da representação, no caso, transcrição em Linguagem Documentária, o conteúdo do documento.

O indexador, considerado por Dutra (2006) como também um capital intelectual e humano da instituição, deve buscar compreender a instituição e o meio ambiente ou o contexto externo desta mesma, como também identificar as necessidades informacionais dos usuários, pois este se caracteriza como a parte interessada no serviço de informação visando contribuir para o desenvolvimento do campo do conhecimento trabalhado, no caso, esta pesquisa visa contribuir para a área da saúde, especificamente a espiritualidade no contexto da medicina.

Considerando inicialmente que a Análise Documentária tem como seu objeto de estudo o texto, segundo Carneiro (1985), bibliotecária, apresenta as seguintes diretrizes para uma correta política de indexação, ou seja, identificar o objetivo, os usuários e os recursos da instituição para em seguida determinar o tipo de serviço oferecido pela instituição. E também as necessidades de informação e o funcionamento do próprio sistema de recuperação da informação. Complementando que conforme Pinto (2001), Prof.ª Dr.ª do Departamento de Ciências da Informação da Universidade Federal do Ceará, o documento deve ser indexado a partir do seu tipo e da política de indexação da instituição. Outros elementos também são utilizados para a elaboração de uma política de indexação como, por exemplo, o contexto da instituição, as necessidades informacionais dos usuários, os recursos

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