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O Exame de Janilson. Marcos Pontes

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Academic year: 2021

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O Exame de Janilson

Marcos Pontes

- Prefessô, eu quiria lhe contá uma coisa. - Manda, seu Jai.

- HAHAHA!

- Quê que foi, seu Jai? Tá rindo de quê? - HAHAHAHAHAHA!!!

- Ihhh...

- Ô, prefessô, o sinhô vai mangá de mim. - Vou não, mestre. Diga.

- O sinhô cunhece o dotô Guarany, num cunhece? - Meu amigo.

- Pois é, fui lá me consutá nele. - Tá doente, seu Jai?

- Que nada! Fiz um muntão de inzame. Tá tudo bão cumigo. - E foi consultar de quê?

- O sinhô sabe que já tô cum quase sessenta...

- Pensei que o senhor tinha cinqüenta, cinqüenta e dois... - Ôxe! Eu tenho é cinqüenta e oitcho.

- Não parece. Mas, sim, foi se consultar de quê, seu Jai? - O pai da minha muié tá cum cânce.

- Poxa, que mal! E como ele está?

- Dotô Guarany diz que num tem cura, não. O véio ta nas úrtima.

- Se ele está sendo atendido pelo Guarany, imagino que seja câncer de próstata. - É isso mermo.

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- HAHAHAHA!!!!

- Já sei! O senhor ficou impressionado e foi fazer o exame com o Guarany. - E num foi?

- E aí, tudo bem?

- Agora tá, mas lá drento num fico nada bão, não. - Como é que foi?

- Vixe, prefessô, o negoço num é bunito, não. - Conte aí.

- Ele mandô eu baixá as carça até o juêio e a cueca tumém... HAHAHAHAHA!!! - Fala, seu Jai!

- Aí mandô eu deitá numa mesinha de ferro cum um cochãozinho cuberto por uma tuaia de papel. Aí deitei de barriga pra riba. Eu vi ele abrí uma caixinha e tirar umas luva de prasco, daquelas de dotô. O sinhô sabe qual é, né?

- Sei.

- Apois intão. Ele ponhô as luva e mandô eu virá de lado. Eu virei e fiquei de frente pra ele. Aí ele disse “pá cá não, seu Jai. Fique oiando pa parede”. HAHAHAHA!!!!

- Hehe... Fala, seu Jai. E aí?

- Prefessô, eu fiquei cum medo, Oiei pa ele cum zoião desse tamanho! Aí ele falô pa eu num se preocupá. Ele fazia um monte daqueles inzame pur dia, que eu era inteligente de tê

corage de fazê tumém que todo hôme na minha idade tinha que fazê, que meu sogro só tava naquele estado purquê num teve essa corage.

- Aí o senhor virou. - Virei.

- E daí?

Ele infiô o dedo ne mim e ficô cavucano prum lado e pro ôtro. - Doeu?

- Doeu não. Ele diz que passô uma pumada pa num duê. E passô mermo. Quando eu alevantei tava cum a bunda toda melada de pumada.

- HAHAHAHA!!!

- Aí ele tirô as luva, jogô no lixo e disse onde ficava o banhêro pr’eu me limpá. Quando saí do banhêro ele tava sentado na cadeira lá dele, mandô eu sentá na ôtra e iscreveu uns

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negóço num papel. Disse que eu tava bem, mas tinha mais dois inzame pá fazê. - O de PSA e a ultrassonografia.

- Pois é, mas eu já tava pensando que ele ia querê infiá o dedo noutro dia. - Gostou seu Jai?

- Oxe! Eu é que num ia vortá mais lá! - HAHAHA!

- Aí ele me deu as guia e o endereço dos médico. O inzame de sangue num foi pobrema nium, mas o ôtro, prefessô...

- Foi muito ruim?

- Muitcho pior que o do dedo! - É mesmo?

- Premêro que quem fez o inzame era uma dotôra muié.

- Ah, seu Jai, pelo menos deve ter sido mais delicado que o Guarany.

- Que nada, sô! Eu acho que ela tinha brigado com o marido. A muié é braba, prefessô! - Conte aí como foi,

- Ela mandô eu baxá as carça, que nem o dotô Guarany. E a vergõia? Cumé que eu ia tirá a rôpa na frente de uma muié que eu nem cunhicia?

- Tirou?

- Tirei, ué. Mas tirei de costa pa ela. Quem disse que adiantô? Ela tava vendo minha bunda, prefessô.

- HAHAHA! E aí?

- HAHAHAHA!!!! Muitcha vergõia... - Começou, termina. E aí?

- Aí ela mandô eu sentá numa cadeirona parecendo cadeira de dentista, mas mais maió. Antes ela colocô uma tuaia de papel. Aí eu sentei. Todo sem jeito. Ponhei as mão incima das parte pa ela num vê, mas ela nem oiava pa mim. Eu já mais agoniado que peru na

véspra de Natal, quando entra ôtra moça. Uma minina novinha, prefessô! E o que é pio, estudô aqui na escola. Ela me cunhicia dêrde minina! Me deu vontade de me iscundê atrás da cadeira. Que vergõia, prefessô!

- HAHAHA! E aí?

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computadô bem pudia ficá de costas pa cadeira que eu tava sentado, mas qual o quê! A minina nem oiava pa mim, mas eu sabia que ela pudia me vê.

- Ela é profissional, seu Jai. Deve ter visto um monte de homens sentados lá. - Só que num era um monte de hôme que tava lá, não, prefessô, era eu. - Lá isso é. E daí?

- Daí a dotôra mandô eu virá de lado. Eu virei e já fiquei de bunda pa ela, que nem no consutóro do doto Guarany. Daí eu sintí o dedo dela passando no meu fiofó. Nem minha muié, com quarenta ano de casada, já tinha passado o dedo no meu fiofó! O sinhô tem idéa do que é isso? HAHAHAHA!!!

- HAHAHAHA!!! E em dois dias já tinha fila, hein, seu Jai? - Mai num é?

- HAHAHAHA!!!

- Acho que ela tava passano a mêma pumadinha que dotô Guarany passô. Aí eu pensei

cumigo “pelo menos num vai duê”. Mintira, prefessô! Ela infiô um negóço muitcho maió que o dedo do dotô Guarany. E meteu cum gosto! Purisso que eu acho que ela brigô cum marido. - Doeu?

- Nossasinhora! E eu sem corage de dizê pa ela que tava dueno. E ela lá, cavuca pa cá, cavuca pa lá, e eu só cunsiguia fazê “ai! Ui!”, bem baxinho pa ela num ficá cum mais raiva.

- HAHAHAHAHA!!!!

- A coisa num é bunita, não, sô! HAHAHA! - HAHAHAHAHA!!!

- Inquanto ela mixia naquele trem, falava umas coisa, uns número pa minina nova que batia tudo no computadô. Eita, que parecia que aquilo ia durá o dia todo!

- HAHAHAHAHAHAHA!!!

- Num acabava nunca, e eu só “ai! Ui!”. - HAHAHAHAHAHAHAHAHA!!!

- Depois de um tempo sem fim, ela disse que eu pudia me vistí. - Aí o senhor foi ao banheiro se limpar.

- Que banhêro? Eu vi uma porta que era do banhêro, mas ela num disse nada. - E o senhor não perguntou? Não pediu?

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- Com aquela cara de onça que ela tava? Eu tava cum medo dela. - Vestiu-se sujo mesmo?

- E apois?

- Nossa! Que meleca! - E num foi o quê. - HAHAHA... Coitado...

- Ela disse que eu pudia saí e vortá manhã pa pegá o inzame. - Mas está tudo bem com o senhor.

- Peraí que num acabô, não! - Não acabou?

- O sinhô num sabe o pió. - Ainda tem pior?

- E num tem? Quando saí da sala dela, tinha um monte de gente na sala de ispera. Eu cunhicia uns dez.

- Iam todos cair na sonda da doutora, seu Jai. - Só que eu fui o premêro!

- HAHAHAHA!!!

- E o povo todo me oiando. Até parecia que eles tinham visto tudo. - HAHAHA!

- E eu com a bunda toda melecada. - HAHAHAHAHAHAHAHA!!!!!

- As banda da bunda dislisava uma na ôtra como se tivesse engraxada. - HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!!!!!!!

Obra original disponível em:

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