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PERFIL EDUCACIONAL DAS FAMÍLIAS BENEFICIÁRIAS DO PBF NA REGIÃO ABRANGIDA PELA RODOVIA MS-040

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PERFIL EDUCACIONAL DAS FAMÍLIAS BENEFICIÁRIAS DO PBF NA REGIÃO ABRANGIDA PELA RODOVIA MS-040

Marilia Padilha da Silva Portela

Resumo: O trabalho tem como objetivo analisar o perfil educacional das famílias que residem na região abrangida pela rodovia MS-040 e recebem o benefício do PBF, identificando o grau de instrução das famílias e relacionando anos de estudo com a necessidade de auxilio governamental. Os dados utilizados são resultantes da pesquisa socioeconômica realizada pelo Governo do Estado de Mato Grosso do Sul com moradores da região abrangida pela rodovia MS-040, localizada no leste do estado, com 226 km de extensão, iniciando no município de Campo Grande e seguindo até o município de Santa Rita do Pardo. Considerando a carência de trabalhos científicos que relacionem a temática educação e os programas de transferência de renda intitulado Bolsa Família no estado de Mato Grosso do Sul, os resultados são importantes para diagnósticos e planejamentos futuros.

Palavras-chave: Educação. PBF. MS-040

1 INTRODUÇÃO

O Governo do Estado de Mato Grosso do Sul realizou investimentos na área de infraestrutura, principalmente voltados para a pavimentação e restauração de rodovias, considerando que estas são o principal meio de transporte do Estado e uma das maneiras de indução de desenvolvimento socioeconômico, pois permite integração regional e favorece o agronegócio.

Em 2010, o Estado de Mato Grosso do Sul celebrou com o Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento – BIRD um Acordo de Empréstimo para investimento em rodovias, no montante de US$ 300,000,000.00 (trezentos milhões de dólares). Visando ampliação do investimento em infraestrutura, em 2012 e 2013 o Estado obteve dois novos financiamentos, junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, no montante de um bilhão e noventa mil reais.

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Diante do alto valor investido em infraestrutura de transportes surgiu a necessidade de identificar os impactos socioeconômicos gerados na sociedade localizada nas imediações das intervenções. Dessa forma, o Governo selecionou duas rodovias principais para realizar pesquisas socioeconômicas.

Uma das rodovias selecionadas pelo Estado foi escolhida para fundamentar este trabalho. A MS-040 está localizada no leste do estado, possui 226 km de extensão, iniciando no município de Campo Grande e seguindo até o município de Santa Rita do Pardo. A pesquisa foi caracterizada pela aplicação de questionários, contendo perguntas sobre transporte, educação, saúde e economia.

As entrevistas foram estruturadas com perguntas abertas e fechadas. Na temática educação os entrevistados respondem, entre outros questionamentos, qual seu grau de instrução e na temática econômica é perguntado se a família recebe auxilio de algum programa, seja do Governo Federal, Estadual ou Municipal.

Com base nas entrevistas, foi possível identificar a existência de famílias beneficiadas pelo Programa Bolsa Família – PBF, desenvolvido pelo Governo Federal para auxiliar na redução da pobreza e combate à fome, além de incentivar à educação.

O estado de Mato Grosso do Sul possui poucas informações e estudos técnicos voltados para relação entre os participantes do PBF e seu perfil educacional, tema bastante abrangente e com muitas possibilidades de aprofundamento. O objetivo geral deste trabalho é analisar o perfil educacional das famílias que residem na região abrangida pela rodovia MS-040 e recebem o benefício do PBF, identificando os anos de estudo dos chefes de família que necessitam receber auxílio governamental para manter seus filhos na escola.

A rodovia está localizada em área rural do estado, com grandes propriedades e muitos trabalhadores que atuam em atividades voltadas para pecuária de corte, extração vegetal, plantações de eucalipto e produção de carvão. A região não possui grande representatividade no PIB do estado e apresenta dificuldades para os estudantes acessarem a rede de ensino, pois antes da pavimentação as distâncias eram maximizadas devido às péssimas condições de trafego.

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Considerando a carência de trabalhos com este enfoque, o estudo mapeou o grau de instrução dos responsáveis pelas famílias que residem na região abrangida pela rodovia MS-040, (região leste de Mato Grosso do Sul) e recebem subsídios através do PBF. A metodologia utilizada foi baseada na pesquisa socioeconômica aplicada pelo Estado, com aspecto quantitativo, utilizando filtros na base de dados para identificar a amostra de participantes do programa e analisar o grau de instrução dos chefes de família beneficiados.

O resultado deste trabalho possibilitará responder a seguinte pergunta: Qual o perfil educacional das famílias que residem na região abrangida pela rodovia MS-040 e recebem o benefício do PBF?

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Diversos países em desenvolvimento adotam programas de transferência de renda, no Brasil o Governo federal desenvolveu o Programa Bolsa Família, através da Lei N. 10.836, de 9 de janeiro de 2014.

Segundo a Lei N. 10.836, o benefício do PBF é destinado as famílias que se encontrem em situação de extrema pobreza, com unidades familiares compostas por gestantes, nutrizes, crianças entre 0 e 12 anos ou adolescentes até 15 anos. (BRASIL, 2004)

Segundo o Ministério da Saúde, o PBF visa garantir o direito aos serviços sociais básicos, através da transferência de renda mensalmente as famílias, promovendo o acesso à saúde, educação e assistência social. (BRASIL, 2005)

A forma de transferência de renda varia de acordo com a faixa de renda, famílias com renda por pessoa de até R$ 70,00 por mês e famílias com renda entre R$ 70,01 e R$ 140,00 por mês, além da quantidade e idade das crianças.

O Decreto n° 5.209 estabelece os objetivos fundamentais do PBF:

a) Promover o acesso a rede de serviços públicos, em especial, de saúde, educação e assistência social;

b) combater a fome e promover a segurança alimentar e nutricional;

c) estimular a emancipação sustentada das famílias que vivem em situação de pobreza e extrema pobreza;

d) combater a pobreza;

e) Promover a intersetorialidade, a complementaridade e a sinergia das ações sociais do Poder Público. (BRASIL, 2004)

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Os autores Felicetti e Trevisol (2012) realizaram pesquisas na região sul do país envolvendo educação e o PBF e concluíram que o Programa apresenta impactos positivos no tocante a educação, mas relacionam a questão de o programa exigir a obrigatoriedade de manter frequência escolar de no mínimo 85%, independente das médias obtidas nas disciplinas. A pesquisa apontou que as famílias pesquisadas destacam melhora na frequência escolar, aliada a vantagem de renda adicional, no entanto os professores destacam a necessidade de o programa avançar além das condicionalidades impostas.

Segundo Fahel, Morais e França (2011) o sistema educacional brasileiro apresenta um desalinhamento entre acesso e qualidade, ou seja, mesmo com crescimento nas taxas de matrícula os indicadores de qualidade do ensino não evoluem no mesmo ritmo. A deficiência no ensino público contribui para evasão escolar, que segundo o estudo tem diminuído em Minas Gerais, principalmente para jovens entre 15 e 17 anos, negros, moradores da área rural, devido ao PBF.

O PBF preconiza que a frequência escolar permite que os estudantes desenvolvam habilidades e competências necessárias para a obtenção de trabalhos mais qualificados e melhor remuneração, combatendo assim a pobreza. (FAHEL; MORAIS; FRANÇA, 2011)

A educação no Brasil ainda é muito questionada e tema de muitas campanhas políticas que prometem investimentos e melhorias na rede de ensino. A educação nacional pode ser avaliada através de alguns indicadores, tal como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - Ideb, que é uma iniciativa do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) para mensurar o desempenho do sistema educacional brasileiro, combinando a proficiência e a taxa de aprovação. Essas duas dimensões refletem que problemas estruturais da educação básica brasileira precisam ser solucionados para que o país alcance níveis educacionais compatíveis com sua potencialidade compatíveis com suas potencialidades. (BRASIL, 2015)

O Brasil ficou na 60ª posição no ranking mundial de educação, divulgado Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), onde foram avaliados 76 países, através do desempenho de alunos de 15 anos em testes de Ciências e Matemática. (PALHARES, 2015)

Segundo Schwartzman (2005), a educação pode ser vista como uma forma de política social, pois possui papel fundamental para o desenvolvimento econômico, onde as desigualdades educacionais refletem em desigualdades de renda, oportunidades e condições de vida.

A frequência escolar possui grande importância, inclusive pela UNESCO, que prioriza a melhoraria do acesso de populações de baixa renda a educação básica. No entanto apenas a frequência pode não ser eficiente, pois o sistema educacional possui deficiências quantitativas e qualitativas, que constituem

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um dos principais problemas estruturais do país e um dos fatores que favorecem a concentração da renda e contribuem a perpetuação das fortes desigualdades. (NOLETO E WERTHEIN, 2003).

O tema educação é bastante abrangente e uma das linhas questionadas atualmente está voltada para os currículos adotados no ensino, focando no respeito as especificidades de cada tempo humano, ou seja, os tempos existentes entre a ação de ensinar e de aprender depende das diversas formas de viver as idades humanas em cada raça, classe, etnia, gênero, campo ou cidade, representando sujeitos com trajetórias humanas e temporais tão diversas. (BRASIL, 2007)

Segundo IBGE (2012) o número médio de anos de estudo do brasileiro, levantado através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, o PNAD 2011, é de 7,3 anos. A média nacional é impactada pela região Nordeste, que apresenta os índices mais baixos do país. A região Centro-Oeste apresenta o segundo melhor índice, com 7,8 anos de estudo, perdendo apenas para região Sudeste, com 8,0 anos de estudo.

A escolaridade dos brasileiros é dividida em faixas etárias, e em 2011 foi composta da seguinte maneira: sem instrução e menos de 1 ano (9,3%), 1 a 3 anos (6,8%), 4 a 7 anos (19,8%), 8 a 10 anos (17,4%) e 11 anos ou mais (46,8%). (IBGE, 2012)

A figura 1 ilustra a distribuição das pessoas de 25 anos ou mais de idade, por grupos de anos de estudo, onde é possível verificar grande dispersão entre os dados.

Figura 1. Distribuição das pessoas de 25 anos ou mais de idade, por grupos de anos de estudo – Brasil. Fonte: IBGE, 2012

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Segundo os resultados do PNAD 2014 (IBGE, 2016), o nível de escolarização dos pais influencia no rendimento dos filhos.

Considerando a pesquisa de Mobilidade Sócio ocupacional, realizada em 2014 (IBGE, 2016), é possível verificar a relação entre a instrução dos pais e a dos filhos. O quadro 1 apresenta o percentual de pessoas de 16 anos ou mais de idade, quando tinham 15 anos de idade, por condição de alfabetização, relacionando a alfabetização de seus pais.

Quadro 1:Pessoas de 16 anos ou mais de idade que moravam com a mãe ou pai, quando tinham 15 anos de idade, por condição de alfabetização, segundo a condição de alfabetização da mãe ou pai, quando tinham 15

anos de idade - Brasil

Condição de alfabetização do pai ou da mãe, quando tinham 15 anos

de idade

Pessoas de 16 anos ou mais de idade que moravam com o pai ou mãe,

quando tinham 15 anos de idade Condição de alfabetização Alfabetizados Não alfabetizados

Pai Alfabetizados 69,9 2,0

Não alfabetizados 21,8 6,2

Mãe Alfabetizados 68,4 1,5

Não alfabetizados 23,8 6,3

Fonte: IBGE, 2016

Outra forma de avaliar a educação brasileira é através do Índice de Oportunidades da Educação Brasileira – IOEB, que calcula a qualidade das oportunidades educacionais oferecidas por municípios e estados, apontando a influência de cada município para o sucesso educacional das pessoas que nele residem, considerando

Os alunos que não estão na escola e deveriam estar. O índice pode variar de 0 a 10, o estado de Mato Grosso do Sul está na décima segunda colocação, com índice de 4,3. (CLP, 2015)

Em pesquisa realizada pelos autores Yannoulas, Assis e Ferreira (2012) foi possível identificar a carência de trabalhos científicos voltados para educação e pobreza na região Centro-Oeste, pois no período entre 1999 e 2009 foram selecionados 36 artigos sobre esta temática, não havendo nenhuma publicação de artigo da região Norte ou Nordeste do Brasil, apenas 1 na região Centro-Oeste, 3 na região Sul e todos demais na região Sudeste,

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evidenciando a discrepância de conhecimento entre as regiões do pais e reafirmando a importância deste trabalho.

Segundo Noleto e Werthein (2003), “a educação é a principal explicação da desigualdade e, portanto, da pobreza”, pois segundo os autores, pobres são filhos de pobres e estão imersos em um sistema educacional onde a educação das pessoas depende significativamente da escolaridade de seus pais. Nesse contexto, o presente trabalho mapeou o perfil educacional dos pais das crianças que recebem auxílio governamental para manter seus filhos na escola.

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Os dados que subsidiam este trabalho são resultantes da pesquisa socioeconômica realizada pelo Governo do Estado de Mato Grosso do Sul com moradores da região abrangida pela rodovia MS-040, após a pavimentação da rodovia. A pavimentação foi concluída em 2014 e a pesquisa foi realizada no segundo semestre de 2015.

A pesquisa foi dividida em dois grupos distintos, (i) o grupo beneficiário e (ii) o grupo de controle. O grupo beneficiário foi composto pela população atingida diretamente pelas obras da rodovia e o grupo de controle foi composto pela população que têm características socioeconômicas similares às do grupo beneficiário, mas que não serão beneficiados de maneira direta.

As questões foram elaboradas pelo Governo do Estado em parceria com especialistas do BIRD, contendo questões fechadas e abertas. No quesito educação, no que diz respeito ao grau de instrução, o entrevistado poderia marcar até que série do ensino cursou e no quesito econômico ele poderia declarar receber ou não auxílio do PBF. Os entrevistados que declararam participar do Programa tinham a opção de informar ou não qual valor recebiam.

Foi aplicado um questionário para cada unidade de habitação, onde o responsável respondia os dados de todos os moradores da residência. Nos casos onde a propriedade possuía mais de uma família residindo em unidades de habitação distintas, a pesquisa foi realizada em cada unidade existente.

Os dados das entrevistas foram lançados em um Banco de dados, onde foi realizado um primeiro filtro para selecionar apenas os entrevistados pertencentes ao PBF, seguido de outro filtro para identificar o grau de instrução destes, o que possibilitou analisar o perfil educacional das famílias, incluindo anos de estudo.

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Para análise do grau de instrução foi considerado como ensino básico até a quarta série primária, ensino fundamental entre a quinta e a oitava série e ensino médio após a oitava série. Para análise dos anos de estudo foi considerado o tempo de estudo a partir da primeira série primária, desconsiderando o tempo dedicado a educação infantil, pois em áreas rurais são raros os estudantes frequentam a escola antes da primeira série primária.

4 RESULTADOS

O total de entrevistas realizadas entre os grupos beneficiário e controle somaram 400 entrevistados. O primeiro filtro realizado no Banco de dados selecionou apenas os entrevistados que declararam ter recebido benefícios do PBF, totalizando 51 famílias.

Foi realizada análise individualizada destas 51 famílias participantes do programa, onde foi possível identificar que 15,69% dos responsáveis não estudaram ou não quiseram responder seu grau de instrução (identificado como 0), 27,45% cursaram parte do ensino básico (identificado como BI), 13,73% concluíram o ensino básico (identificado como B), 27,45% cursaram parte do ensino fundamental (identificado como FI), 7,84% concluíram o ensino fundamental (identificado como F), 5,88% cursaram parte do ensino médio (identificado como MI), 1,96% concluíram o ensino médio (identificado como M), 0% cursaram parte do ensino superior, 0% concluíram o ensino superior, 0% cursaram pós graduação e 0% concluíram pós graduação. Como ilustra o gráfico a seguir.

Figura 2. Percentual de estudo dos responsáveis pelas famílias que recebem o benefício do PBF Fonte: Pesquisa socioeconômica realizada pelo estado do MS, 2015.

0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% BI B FI F MI 0 M

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Analisando ainda as famílias que recebem auxílio do PBF, foi possível perceber que das 51 famílias, apenas 2 famílias tinham responsáveis com idade inferior a 25 anos. Considerando as 49 famílias que recebem o auxílio e possuem responsáveis com 25 anos ou mais de idade foi possível obter a distribuição por grupos de anos de estudo, compostas da seguinte maneira: sem instrução ou menos de 1 ano ou não declarou o grau de instrução durante a entrevista (20,41%), 1 a 3 anos (22,45%), 4 a 7 anos (40,82%), 8 a 10 anos (16,33%) e 11 a 14 anos (0%) e 15 anos ou mais (0%). Como ilustra o gráfico a seguir.

Figura 3. Distribuição por grupos de anos de estudo dos responsáveis pelas famílias que recebem o benefício do PBF e possuem mais de 25 anos. Fonte: Pesquisa socioeconômica realizada pelo estado do MS, 2015.

Fonte: Pesquisa socioeconômica realizada pelo estado do MS

5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Considerando o resultado apresentado na figura 2, é possível perceber que apenas 12,75% dos entrevistados declararam participar do PBF. Esse é um percentual relativamente baixo se comparado ao tamanho da amostra.

A pesquisa mostrou que há um equilíbrio entre dos responsáveis que integram o PBF e que cursaram a educação básica incompleta e os que cursaram o ensino fundamental incompleto, com 27,45% cada. Segundo a pesquisa do IBGE (2012), a maior parte da população brasileira, representada por 46,8%, possuem 11 anos ou mais de estudo. Dessa

0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00% 45,00%

Ate 1 1 a 3 4 a 7 8 a 10 11 a 14 15 ou

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forma, é possível perceber que a região analisada apresenta um percentual menor que a média brasileira.

Em anos de estudo, os responsáveis que possuem 25 anos ou mais apresentaram em sua maioria, 40,82%, 4 a 7 anos de estudo. A média nacional, segundo o PNAD 2011 (IBGE, 2012), é de 7,3 anos, enquanto a região Centro-Oeste apresenta o segundo melhor índice, com 7,8 anos de estudo. O resultado das famílias que recebem o auxílio do PBF na região da MS-040 indicou que os anos de estudo estão abaixo da média nacional e regional.

A análise de anos de estudo foi feita para chefes de família com mais de 25 anos, excluindo assim 2 responsáveis, que apresentavam 22 anos. O beneficiário mais velho possui 76 anos e a idade média dos chefes de família que recebem o auxílio foi de 42,6 anos, incluindo os responsáveis com idade inferior a 25 anos.

Os resultados obtidos retratam a realidade da região, onde grande parte da população não possui muitos anos de estudo. A região era afetada pela ausência de infraestrutura e dificuldade de acesso a educação.

Outra possibilidade a ser considerada é que o entrevistado não tenha sido verdadeiro na sua resposta e por algum motivo, como por exemplo, vergonha, tenha omitido ser receber auxílio do Governo através do PBF.

Baseado nos resultados obtidos foi possível constatar a relação existente entre os responsáveis que possuem baixo nível de escolaridade e a dependência da assistência, pois 40,82% dos que entrevistados que declararam ser participantes do PBF possuem estudaram em média 4 a 7 anos.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo permitiu mapear, através da amostragem selecionada, o grau de instrução e os anos de estudo dos responsáveis pelas famílias que participam do PBF na região leste do estado de Mato Grosso do Sul. Através do perfil educacional foi possível traçar uma relação entre anos de estudo e a dependência da assistência.

Ao comparar os resultados obtidos pelos chefes de família que recebem auxílio governamental com as médias nacionais e regionais foi possível perceber que estas pessoas possuem menos anos de estudo e grau de instrução inferior.

Foi possível verificar que as famílias participantes do PBF possuem responsáveis com baixo grau de instrução, em sua maioria 4 a 7 anos de estudo. A baixa taxa de instrução dos

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pais reflete em maiores de dificuldades de estes obterem empregos que proporcionem um bom retorno financeiro, fazendo com que eles necessitem de auxílio governamental.

O estudo apresentou que a maioria dos responsáveis pelas famílias que residem na região abrangida pela rodovia MS-040, e recebem o benefício do PBF, cursaram a educação básica incompleta (27,45%) e o ensino fundamental incompleto (27,45%), totalizando mais da metade da amostra analisada (54,9%).

O PBF representou um marco para muitas famílias brasileiras, que puderam garantir a permanecia de seus dependentes na escola ao invés de introduzi-los ao trabalho infantil. O Programa ainda é muito questionado e como qualquer projeto pode ser melhorado, tal como vincular a oferta do benefício ao rendimento dos alunos, além da frequência destes, como já é praticado.

6 REFERÊNCIAS

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Departamento de Atenção Básica, Coordenação-Geral de Política de Alimentação e Nutrição. 1. ed. Brasília, 2005. Disponível em: <

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