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Nossos Objetivos: Facilitadora

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Academic year: 2021

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Nossos Objetivos:

Levar o conhecimento da Cultura e Tradição Cigana.

Oferecer cursos e atendimentos que proporcione a busca do conhecimento e autoconhecimento individual e em grupo.

Nossa meta é atender a necessidade da busca do ser para o seu crescimento.

Sejam bem-vindos!

Facilitadora

Shuvanni - Tsara Gitana Carmem Romani Sunacai Oraculista, escritora, numeróloga e orientadora metafísica.

"É uma honra compartilhar meus conhecimentos para que você encontre seu caminho de destino e evolução".

(3)

TÓPICOS

OGUM

HISTÓRIA

LENDAS

OS SEGREDOS DO POVO CIGANO NA UMBANDA

CLÃ DOS CIGANOS ANDARILHOS

CARTA CIGANA

(4)

OGUM

Pai Ogum é a Divindade que está assentada no polo positivo

(irradiante) da Linha da Lei. Representa a Ordenação Divina, o

Governo da Lei Maior em toda a Criação.

Suas Irradiações contínuas amparam e sustentam aqueles que

vivem dentro da Lei e da Ordem Divinas e também socorrem aos que

necessitam desse amparo.

Ogum é a Lei, cujo símbolo é a espada, que por sua vez

representa o caminho reto, a retidão de caráter, a honra, a

honestidade. Perante a Lei não existe “mais ou menos”, não se pode

ser “mais ou menos honesto”: ou se está no caminho reto,

respeitando a Lei Divina, a si mesmo e ao próximo, ou não se está.

Por isso se diz que os filhos de Ogum são taxativos: não hesitam em

“comprar batalhas” para defender os amigos e aqueles que agem

com respeito à Lei de Deus e ao próximo, mas se afastam dos que

agem com desonestidade e deslealdade.

Ogum é o Senhor dos caminhos e realiza a abertura de caminhos, a

ordenação, o afastamento da desordem e do caos, o corte das

atuações negativas, mas tudo a partir do equilíbrio íntimo dos seres

perante a Lei Divina. A primeira “batalha” que Pai Ogum nos ensina a

realizar é vencer os vícios e a desordem interna para que, uma vez

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equilibrados, possamos atrair situações e relacionamentos ordenados,

livres da desordem que nasce do desrespeito à Lei Maior e à Justiça

Divina.

Lei e Justiça são interligadas, não se pode obter o amparo da

Justiça Divina sem viver em obediência às Leis da Criação. O dragão

subjugado por São Jorge e por São Miguel Arcanjo, que sincretizam

com Ogum, representa exatamente o trabalho pela vitória sobre as

nossas trevas interiores. O dragão é o símbolo da maldade, dos

vícios, das negatividades, do ego exacerbado, da vaidade extrema,

da ganância etc. Vencendo “o dragão”, sob o amparo de Ogum, nos

habilitamos a atrair situações favoráveis, sob o amparo da Lei.

Porque a Lei atua sem cessar, irradiando-se para toda a Criação.

Sintonizados com a Lei, alcançamos o amparo da Lei e da Justiça do

Criador. Então, os inimigos terão olhos, mãos, pés e armas, mas não

conseguirão nos enxergar, não poderão nos tocar e nem nos alcançar

ou ferir, como diz um ponto cantado.

Seu primeiro elemento de atuação é o Ar e o 2º. Elemento é o

Fogo.

Na Linha pura da Lei Ogum faz par com Yansã, ambos atuando

pelo elemento Ar.

Também faz par com Egunitá, a Mãe do Fogo e da Justiça, aqui

formando com Ela uma Linha polarizada ou mista Lei/Justiça, pelos

elementos Ar/Fogo.

Nos elementos, Ogum é o ar que refresca e a brisa que

acalenta.

Na Lei, Ogum é o princípio ordenador inquebrantável.

Na Criação Divina, Ogum é a defesa de tudo o que foi criado, é

a defesa da vida.

Na Irradiação da Lei, Ogum é passivo, pois seu magnetismo

irradia-se em ondas retas, em corrente contínua, e seu núcleo

magnético gira para a direita (sentido horário).

Seu Fator Ordenador nos ajuda a vencer nossas trevas e

bloqueios interiores (as verdadeiras demandas) e nos protege dos

obstáculos externos, quando vivemos de acordo com os ditames da

Lei Divina.

Ogum é a Lei, é a via reta. É associado a Marte e ao número 7.

(6)

Na Bahia Ogum sincretiza com Santo Antonio de Pádua. Nos

demais Estados, em geral é sincretizado com São Jorge e celebrado

em 23 de abril.

A respeito do sincretismo de Ogum com São Jorge, FERNANDO

FERNANDES, no excelente artigo “Astrologia e Mitos Religiosos”,

comenta: “O simbolismo, aliás, não poderia ser mais adequado: São

Jorge veste uma armadura de guerra (a proteção necessária para

atuar em ambientes inferiores) e monta um cavalo branco (as forças

da matéria e o lado animal da personalidade, já purificados - por isso

a cor branca - e colocados a serviço de desígnios elevados). Utiliza a

lança e a espada (um símbolo do direcionamento da energia) e

consegue vencer o dragão (as forças das trevas). ”

Em seguida, o referido autor fala sobre características de Ogum

na Umbanda e no Candomblé e sua associação ao planeta Marte: ”A

espada está ligada ao Orixá de três formas: por ser guerreiro e

caçador, Ogum rege as armas em geral; por ser ferreiro, é fabricante

de objetos de metal; e, finalmente, é o orixá regente do ferro,

matéria-prima para a maioria das armas. Como símbolo, a espada

representa a energia mobilizada e direcionada para cortar o avanço

do mal. Basta lembrar outra lenda, criada num ambiente bem

diferente do que estamos tratando: a história céltica do Rei Artur

que, munido da espada mágica Excalibur e sob a orientação de um

iniciado, o Mago Merlin, combate as forças malignas acionadas por

temíveis feiticeiros. Excalibur é o instrumento do combate da magia

branca contra a magia negra. A espada de Ogum tem o mesmo

significado.

Cabe observar também que o ferro é o elemento químico

essencial para a formação dos glóbulos vermelhos. Da mesma forma

como sua carência torna o indivíduo anêmico, a carência da raiz

energética de Ogum cria uma espécie de anemia espiritual, ou seja,

uma falta de coragem e de disposição para lutar pelo próprio

desenvolvimento. É por causa dessa função revitalizadora que Ogum

é apresentado nos mitos africanos como o orixá que vem na frente, o

pioneiro na tarefa de descer à Terra e acordar os homens. Trata-se,

evidentemente, de uma função típica de Áries e Marte.

(...) Ogum muitas vezes é invocado como se fosse uma espécie

de guarda-costas celeste, um orixá que, se devidamente agradado,

tomará partido em favor do filho de fé e voltará sua fúria contra os

inimigos. (...). As concepções mais elaboradas, entretanto, não vêem

o orixá como um ser a serviço dos interesses do homem, nem

disposto a tomar partido em seus conflitos.

(7)

Em essência, as lutas de Ogum processam-se dentro da própria

alma, que traz simultaneamente o dragão e a serpente das

tendências inferiores assim como o germe da Divindade. Invocar

Ogum significa ativar as energias vitais que estão adormecidas na

alma, despertar a parcela divina presente em cada ser humano e

mobilizar a força necessária para avançar. ”

Em seguida, ele comenta o ponto cantado que diz: “Cavaleiro

supremo/mora dentro da lua /Sua bandeira divina/ é o manto da

Virgem pura”, acrescentando: “A lenda de São Jorge, que não tem

qualquer origem no culto dos orixás, mas sim no Cristianismo

Popular, atribui-lhe o domínio da Lua, onde ele estaria em

permanente combate com o dragão. É interessante notar que o

símbolo da Lua, do ponto de vista astrológico, não é o desenho da

Lua Cheia, mas do Crescente, que é formado por dois semicírculos.

Enquanto o círculo - o Sol - representa o espírito enquanto instância

permanente e perfeita, o semicírculo é a alma, ou seja, o espírito

ainda submetido às experiências da evolução, aprisionado nas

sombras da própria ignorância e no vendaval das paixões ainda não

dominadas. A Lua não tem brilho próprio, apenas refletindo a luz do

Sol. Da mesma forma, para tomar de empréstimo uma concepção do

pensamento hinduísta, a alma que perambula nas experiências de

aprendizagem expressa apenas um reflexo provisório de sua

verdadeira identidade, que só brilhará de forma pura quando o

espírito transcender o ciclo das reencarnações e alcançar os planos

mais elevados da absoluta ausência de forma, no mental superior.

Há um ditado do Catolicismo Popular que afirma que Maria é o

atalho para Jesus. Da mesma maneira, muitos astrólogos medievais

viam a Lua como um caminho para o Sol, assim como, na concepção

hinduísta, a vida sob o domínio da emoção e dos sentimentos é a

etapa necessária para a vida no plano da criação pura. Voltando aos

astrólogos da Idade Média, era comum em textos da época a

referência ao mundo sublunar para falar da mutável e inconstante

realidade terrena, em contraste com a atemporalidade da perfeição

espiritual simbolizada pelo Sol. Em todas as religiões antigas, a Lua e

o Sol constituem um casal divino, cujo melhor exemplo é o mito de

Ísis e Osíris no Egito. No sincretismo afro-brasileiro, a associação é

com Iemanjá e Oxalá, identificados, aliás, com Nossa Senhora e

Jesus Cristo. Mas por que razão Ogum, orixá de conotação

nitidamente masculina, assim como São Jorge, santo militar e

pertencente a um universo dominado pelos homens, surgem tão

frequentemente relacionados à Lua e aos orixás femininos das águas,

como Iemanjá e Oxum?

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Há, pelo menos, duas explicações possíveis: em primeiro lugar,

as demandas que Ogum enfrenta pertencem todas ao domínio das

paixões inferiores, como o ódio, a inveja, o ciúme e o egoísmo.

A Lua, cuja permanente mudança de fases bem representa a

instabilidade da alma humana, é o campo de batalha onde os

instintos precisam ser vencidos para que brilhe a natureza solar. Em

segundo lugar, podemos lembrar o princípio da complementaridade

dos opostos: masculino e feminino são polaridades que não podem

existir de forma exclusiva, sem a complementaridade do outro pólo.

Ogum, que carrega consigo tantas qualidades positivamente

masculinas, como a força, a coragem, a energia do fogo e a carga de

agressividade necessária para qualquer realização, precisa do

tempero da receptividade, da doçura, da paciência e da devoção,

atributos femininos dos orixás das águas. Sem esse tempero, o

resultado é desequilíbrio.

Os mitos africanos, ao mostrarem um Ogum guerreiro, violento,

destruidor e, ao mesmo tempo, incapaz de compreender a alma

feminina (ele perde, sucessivamente, suas esposas para Xangô), não

estão falando verdadeiramente do orixá, mas de sua manifestação

imperfeita e desequilibrada no próprio ser humano. Na medida em

que as qualidades precisam ser integradas e harmonizadas, os

conflitos míticos entre os orixás dramatizam exatamente a luta por

essa integração interior, na busca da totalidade psíquica.

O Ogum do sincretismo afro-brasileiro, que trabalha

harmoniosamente associado a Oxum e Iemanjá, como demonstram

os pontos, já expressa, pois, uma concepção mais integrativa do que

aquele presente nas lendas iorubanas.

O ponto atribui uma característica feminina à bandeira de São

Jorge: não é mais o estandarte de guerra, mas o próprio manto da

Virgem.

Em todos os pontos em que Ogum aparece associado ao

princípio feminino, seja sob a forma da Virgem Maria, de Iemanjá ou

de Oxum, o sentido é sempre o da força dirigida pela sabedoria, a

energia de luta colocada a serviço da misericórdia. Trata-se de um

belo simbolismo que reúne elementos das tradições cristã e

iorubana.”

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HISTÓRIA

No Candomblé, Ogum é o grande general, marechal de todas as

lutas, o grande guardião, o pai rígido e severo, mas apaixonado e

compreensivo. É a franqueza, a decisão, a convicção, a certeza. É o

empilhamento de metais, a bateria que gera a energia, a pilha. É a

própria energia, vibrante, incontrolável, devastador, é a vida em sua

plenitude.

Ogum também está presente nas construções, nas edificações,

no cimento que vai unir tijolos e construir casas. É a muralha, o

obstáculo difícil de ser vencido. É o amianto, o aço, o ferro, a bauxita,

o manganês, o carvão mineral, a prata, o ouro maciço, o diamante

em estado bruto, o zinco, o cobre, o alumínio, o parafuso, o prego, a

mola, a viga, a estrutura, o concreto, a dureza, a firmeza. É também

a lapidação, o aparelho cirúrgico, o aparelho dentário, o próprio

dente. É o ato de cortar, morder, devorar.

Como Orixá, Ogum é o Senhor do ferro, dos ferreiros e de

todos aqueles que utilizam esse metal.

Ogum é filho de Odudua com Yemanjá e irmão de Exu e Oxóssi.

Era um caçador tranquilo, calmo, pacato, bom filho, bom irmão,

atencioso e trabalhador. Provia sua casa e família, pois Exu gostava

de viajar pelo mundo, enquanto Oxóssi era mais descansado e

contemplativo. Ogum cuidava da caça, dos consertos etc. Mas dentro

de seu coração existia um enorme desejo de “ganhar o mundo”.

Num belo dia, ao voltar de uma caçada, viu sua família

ameaçada por guerreiros de terras distantes. Ao ver a casa em

chamas e seus entes queridos clamando por socorro, Ogum tomou-se

de ira e, sozinho, arrasou os agressores, não deixando um só de pé.

Daí por diante, Ogum iniciou Oxóssi nas artes da caça, mostrou-lhe

os caminhos e trilhas da floresta e lhe disse: - “Sempre que estiveres

em perigo, pense em mim. De onde eu estiver, voltarei para

defendê-lo”. Em seguida, aproximou-se de Yemanjá e se despediu: - “Mãe, eu

preciso ir. Preciso vencer e conquistar. Está no meu sangue, essa é a

minha vontade”. Partiu e se tornou o maior guerreiro do mundo.

Vencia todos os exércitos.

Ogum se tornou a vitória, a força da conquista. Tornou-se Rei

de Ifé, quando Odudua (fundador de Ifé) ficou cego. Brigou com

reinos vizinhos a Ifé, aumentando cada vez mais o seu reinado.

Dominou as cidades de Ará e de Irê, passando a usar o título de

Onirê (Rei de Irê).

(10)

Ogum é uma das Divindades iorubanas mais conhecidas,

cultuadas e temidas. Às vezes, é até mais temido do que Exu, sobre o

qual tem total domínio. Sem a permissão e a proteção de Ogum,

nenhuma atividade seria proveitosa.

Ogum é o dono do obé (faca). Divindades mais antigas,

originárias de países vizinhos, mesmo que assimiladas pelos

Nagôs-Yorubás, não aceitavam de bom grado a primazia que Odudua

concedeu a Ogum. Dentro desse contexto, essas diferenças deram

origem a “conflitos” entre Nanã e Ogum, isto porque Nanã, o mais

antigo Orixá da Nação de Daomé, não aceita o comando de Ogum.

Por isso, nenhum animal oferecido a Nanã poderia ser cortado com o

obé (faca) de metal, e sim com o de madeira.

A principal insígnia de Ogum é a espada, que Ele empunha com

ar marcial quando, manifestado, dança no Candomblé. Nesta dança,

ao deparar com outro Orixá que também esteja empunhando uma

espada, Ogum trança armas com ele e as lâminas se entrechocam,

ritmadas (o que está relacionado com o que é conhecido como

pírrica, ou seja, a dança militar na qual seus executantes

apresentam-se armados).

As armas mágicas de Ogum são a espada de São Jorge e a

lança de Ogum, liliáceas da África Equatorial, aclimatadas no Brasil. O

nome espada de São Jorge se deve à forma da folha carnosa, que

lembra uma larga e longa lâmina de arma branca, com dois gumes e

o ápice acuminado. Costuma ser plantada em vasos, jardineiras ou

canteiros, em residências ou à entrada de casas comerciais, como

espada capaz de defender dos malefícios. Nos terreiros, a espada de

São Jorge é brandida como veículo de passes ou para afastar os

maus espíritos. É uma das plantas usadas em banhos de proteção.

Serve para sinais cabalísticos traçados no ar, durante consultas ou

cerimônias; é usada inclusive na sagração dos noviços (como

acontecia com os reis e cavaleiros medievais).

Na lança de Ogum, conforme o próprio nome indica, a folha

carnosa é cilíndrica e pontiaguda, como uma lança. Suas atribuições

rituais e poderes mágicos têm semelhança com os da espada de São

Jorge.

Outra planta ligada a Ogum é o dendê ou dendezeiro, uma

palmeira africana aclimatada no Brasil. Ogum é representado pelas

franjas de folhas desfiadas dessa palmeira: o mariwó. Além de

insígnia do Orixá, o mariwó é também proteção e defesa:

dependurado sobre portas e janelas ou à entrada dos caminhos,

afasta bruxedos e influências maléficas.

(11)

Na Bahia, Ogum é sincretizado com Santo Antônio, capitão do

exército brasileiro. Sua espada e seu uniforme de gala como capitão,

doados por uma beata, foram conservados pelos Franciscanos da

Bahia, segundo Pierre Verger, que na Igreja fotografou o sabre e o

fardamento do Santo. Santo Antônio, que “sentou praça” no Forte da

Barra em fins do século XVI, como simples soldado, foi promovido a

capitão em 1705 e a major durante a última guerra mundial. Debret

atribuiu ao Santo casamenteiro o posto mais elevado da hierarquia

militar, como "marechal dos exércitos do rei e comandante das

Ordens de Cristo, na Bahia."

(12)

LENDAS

Ogum e o número sete

Ogum é único. Mas em Irê costuma-se dizer que Ele é

composto de sete partes: “Ógún méjeje lóòde Iré”, uma alusão às

sete aldeias que existiram em volta de Irê, hoje desaparecidas. Por

isso o número 7 é associado a Ogum, que é representado, nos

lugares que lhe são consagrados, por instrumentos de ferro, em

número de 7, 14 ou 21, pendurados numa haste horizontal também

de ferro, tais como: lança, espada, enxada, torquês, facão, ponta de

flecha e enxó, símbolos de suas atividades.

Sobre as 7 partes de Ogum existem muitas lendas. Duas são

mais conhecidas e o relacionam com Oyá (Yansã).

A primeira lenda conta que Ogum preparou-se para ir à guerra.

Oyá, sua esposa, também guerreira, quis acompanhá-lo, mas Ogum

proibiu-a. Muito astuta e não querendo deixar de guerrear ao lado do

marido, Oyá vestiu uma das roupas dele, prendeu os cabelos por

baixo de um capacete e seguiu-o.

A luta foi muito grande. Ogum estava quase a perdê-la, quando

Oyá levantou sua espada, lutou por ele e venceu a batalha. Então

Ogum quis saber quem era o garboso guerreiro. E Oyá, muito

orgulhosa, tirou o capacete e soltou os cabelos.

Ogum reconheceu a esposa, mas por orgulho não quis admitir

ter sido salvo por uma mulher e levantou sua espada para matá-la.

Oyá, ao mesmo tempo, também levantou a sua para defender-se. As

espadas tocaram-se no ar. Travaram então uma grande luta, na qual

Ogum cortou Oyá em nove (partes) e Oyá cortou Ogum em sete.

A segunda lenda sobre os 7 Oguns, também relacionada a Oyá,

conta que ela era a companheira de Ogum e o ajudava no trabalho de

forjar o ferro. Todo dia Oyá carregava seus instrumentos e ia para a

oficina, onde manejava o fole para ativar o fogo da forja.

Por essa ajuda, Ogum ofereceu a Oyá uma vara de ferro,

semelhante a uma que ele possuía e que tinha o poder de dividir os

homens em sete partes e as mulheres em nove, se por ela fossem

tocados no decorrer de uma briga.

Xangô gostava de sentar-se próximo, a fim de apreciar Ogum

bater o ferro, e de vez em quando lançava olhares a Oyá, que

também olhava para Xangô. Os cabelos de Xangô eram trançados

(13)

com búzios, como os de uma mulher, Ele usava brincos, colares e

pulseiras. Sua beleza e seu poder fascinavam Oyá, que nada disso via

em Ogum. Um dia, Oyá fugiu com Xangô. Ogum perseguiu-os.

Encontrou-os, brandiu sua vara mágica. Oyá fez o mesmo. Eles se

tocaram ao mesmo tempo. Assim, Ogum foi dividido em sete e Oyá

em nove, recebendo o nome de Ogum Méjeje (sete), enquanto Oyá

recebeu o nome de Yámessan (nove).

Ogum vai morar na lua. Ogum torna-se um Orixá.

Outra lenda conta que quando Ogum conquistou o reino de Irê,

deu o trono para seu filho e partiu em busca de novas batalhas. Anos

depois, ele voltou. Mas chegou no dia de uma festa religiosa em que

todos deviam guardar silêncio. Sentindo sede, quis beber, mas o

vinho havia sido todo usado no ritual religioso; pediu comida e

ninguém lhe respondeu, por causa da proibição religiosa.

Pensando que o desprezavam, Ogum puxou a espada e matou

todo mundo. Quando terminou a cerimônia religiosa, o filho veio ao

encontro de Ogum, prestou-lhe todas as homenagens e ofereceu-lhe

um banquete. Os habitantes de Irê, já libertos do voto de silêncio,

começaram a cantar louvores a Ogum, dizendo: “Ogum jé ojá”

(Ogum come cachorro); o que lhe valeu o nome de Ogunjá. Então

Ogum soube do motivo daquele silêncio e lamentou seus atos

violentos. Lançou sua espada no ar e subiu com ela para o Orum,

indo habitar a lua. Outros contam que Ogum baixou a ponta da sua

espada em direção ao solo e desapareceu terra adentro, com um

barulho assustador, tornando-se então um Orixá.

Porém, antes de desaparecer, Ogum pronunciou algumas

palavras. E se alguém pronunciar essas mesmas palavras durante

uma batalha, Ogum vem e guerreia por essa pessoa. Mas tais

palavras não podem ser usadas em outras circunstâncias: se Ogum

não encontrar inimigos diante de si, é sobre o imprudente que as

pronunciou que Ele se lançará.

Ogum e Exu

Uma lenda conta que Ogum foi o segundo filho de Iemanjá e

que era muito ligado a Exu, seu irmão mais velho. Os dois eram

muito aventureiros e brincalhões, estavam sempre fazendo

estripulias. Quando Exu foi expulso de casa pelos pais, Ogum ficou

muito zangado e resolveu acompanhar o irmão. Foi atrás dele e por

muito tempo os dois correram mundo juntos. Exu, o mais esperto,

(14)

resolvia para onde iriam; e Ogum, o mais forte e guerreiro, ia

vencendo todas as dificuldades do caminho.

É por isso que Ogum sempre surge nos cultos logo depois de

Exu, pois honrar seu irmão preferido é a melhor forma de agradá-lo.

E enquanto Exu é o dono das encruzilhadas, Ogum governa a reta

dos caminhos.

(15)

OS SEGREDOS DO POVO CIGANO NA UMBANDA

Na Umbanda se cultua Olorum, divino Criador Todo Poderoso e

suas divindades sagradas, os Orixás, mentores divinos e mistérios da

natureza e senhores regentes da criação.

Os Orixás que dão sustentação à vida, que originam os sete

elementos formadores principais, de onde se retira tudo o que é

necessário para viver e evoluir: Cristais, Minerais, Vegetais, Fogo, Ar,

Terra e Água.

Essas sete essências fundamentam as sete linhas de Umbanda,

originam os sete sentidos da vida e explicam as qualidades, atributos

e atribuições das divindades que as regem: Fé, Amor, Conhecimento,

Justiça, Ordem, Evolução e Geração.

A Egrégora do povo cigano conhece e respeita esta ordem

divina criada pelo Pai Olorum, e fundamentam seus trabalhos

espirituais dentro destas sete forças divinas.

Assim como a Umbanda é fundamentada na natureza, os

ciganos se utilizam das forças desta Grande Mãe, tudo o que

necessitam para seus rituais e por isso respeitam e agradecem estas

forças divinas, assim como agradecem o acolhimento da Umbanda,

que permitiu o crescimento e desenvolvimento deste povo Nômade,

que traz conhecimentos de todo o mundo para o bem e crescimento.

O povo cigano trabalha em todos os lugares, são livres e

precisam dessa liberdade para sua evolução.

Os ciganos na Umbanda não trabalham a serviço de um Orixá

específico, eles trabalham segundo a atuação divina do Orixá de cada

médium e respeitam seus pais e mães divinos, por isso não são

guardiões de um trabalho espiritual.

A linha do povo cigano na Umbanda trabalha em paralelo,

conjugada com as demais linhas de trabalho, onde seu compromisso

prioritário é com os conhecimentos que irão ajudar o

desenvolvimento de cada pessoa.

Os ciganos são protetores e não guardiões. Podem escolher

trabalhar junto com os guardiões, dentro da linha de Exu, porém sem

função de chefia e de guarda, diferente dos Exus Ciganos e

Pombas-gira Ciganas, que são exus e pombas-Pombas-gira como os outros guardiões

da linha de esquerda e exercem as mesmas funções destes

guardiões. São funções diferentes, embora tenham a mesma origem

cigana.

(16)

O povo cigano se manifesta na Umbanda por ser uma religião

aberta e dar liberdade para diversas linhas de trabalho, porém podem

trabalhar em casas Kardecistas ou Esotéricas, que tenham como

objetivos o bem e a evolução.

Os ciganos são muito alegres e dinâmicos, o que leva os

médiuns se fascinarem, porém, seus conhecimentos buscam seu

desenvolvimento, evitando excessos e alguns absurdos feitos em

nome de entidades de luz por vaidade de alguns médiuns.

Para as pessoas que buscam auxílio, basta saber que um

pedacinho de papel, metal ou outro elemento foi irradiado por uma

entidade cigana, que este objeto já se torna um talismã e através do

agradecimento, entram em sintonia com Espíritos de Luz, se

conectando com suas metas e lutando por elas. Todas as entidades

trabalham em conjunto visando a evolução.

A árvore para dar frutos e sombra, precisa da água para

germinar a terra, da terra para poder se fixar, ter um porto seguro e

poder ter vida, do vento para espalhar suas sementes e assim formar

uma mata, do calor do sol para o crescimento das sementes.

A linha dos ciganos e os novos conhecimentos que surgiram,

trouxeram ação necessária para se alcançar metas, conhecer e

aprender a amar Santa Sara, encontrar seu caminho e seu destino

seguir, conforme foi escolhido antes mesmo de você nascer, porém

as escolhas acabaram te afastando deste caminho.

O povo cigano significa isso, este encontro de amor com o seu

destino.

(17)

CLÃ DOS CIGANOS ANDARILHOS

Campo de Atuação:

Este Clã Cigano trabalha com a energia dos caminhos da vida.

Essa energia direciona, abre os caminhos, muda leva e traz o

que queremos ou do que precisamos.

Muito procurado nos casos de ajuda profissional, levam a

pessoa até o emprego. Por mais que estivessem cansados, nunca

desistiam e iam em busca de seus objetivos. Sua força é um exemplo

de DETERMINAÇÃO.

Eles batiam de porta em porta, vendendo suas mercadorias,

afiando facas e muitas outras coisas. Mas não voltavam para o

acampamento até que tivessem conseguido o pão para a sua família.

Para esses Ciganos, não havia caminhos fechados ou energias

que pudessem os parar.

Velas, Roupas e Ferramentas:

Os Ciganos Andarilhos usam roupas azul-escuras, botas de

couro e facas em suas cinturas; eles têm o dom da palavra e são

persistentes quando querem algo, ou quando estão ajudando alguém

que os evocou. Possuem muita destreza para abrir caminhos, para

direcionar e trazer algo até o acampamento.

Velas azuis-escuros, facas, vinho tinto seco, fitas coloridas,

moedas e ferraduras.

(18)

CARTA CIGANA

Caminhos

Esta carta mostra que seus caminhos estão abertos.

Significa a estrada da vida, os caminhos a serem

trilhados. O livre arbítrio.

Uma escolha a ser feita. Caminhos abertos. Positiva

significa que a pessoa vai sair vitoriosa de qualquer

disputa, que os caminhos estão abertos e sem

empecilhos. A nossa estrada.

O caminho da vida. A trilha a ser seguida em nossa

encarnação. É o nosso Carma e Dharma. É a direção

certa. O que está reservado em nossa estrada. Avalia os métodos e

recursos pessoais utilizados para alcançar os objetivos.

ERVAS

Abre Caminho, Anis Estrelado, Capim Cidreira,

BANHOS

Levante, abre caminho, manga folhas, manjericão,

OFERENDA

Goiaba vermelha, pitanga, acerola, gengibre, frutas variadas (manga)

ORAÇÃO

“Ciganos Andarilhos, que sabem por onde andar e a quem procurar,

achem e tragam para minha vida (fazer o pedido).

Que pela sua destreza e força eu seja mais audacioso e corajoso, e

que nada e nenhuma interferência atrapalhem meus caminhos, pois

meus passos serão guiados pelos seus. Confio a vocês, Ciganos

Andarilhos, que por onde vocês andarem eu também andarei. Aonde

forem eu os seguirei, e o que trouxerem de bom para mim eu sempre

agradecerei. ”

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