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20/11/2020

Número: 0601147-32.2020.6.26.0243

Classe: AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL

Órgão julgador: 243ª ZONA ELEITORAL DE CORDEIRÓPOLIS SP Última distribuição : 14/11/2020

Valor da causa: R$ 0,00

Assuntos: Abuso - De Poder Econômico, Abuso - De Poder Político/Autoridade, Abuso - Uso Indevido de Meio de Comunicação Social

Segredo de justiça? NÃO Justiça gratuita? NÃO

Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO Justiça Eleitoral

PJe - Processo Judicial Eletrônico

Partes Procurador/Terceiro vinculado

CARLOS CEZAR TAMIAZO (REPRESENTANTE) FRANCISCO RAFAEL FERREIRA (ADVOGADO) JOSE ADINAN ORTOLAN (REPRESENTADO)

FATIMA MARINA CELIN (REPRESENTADO) CASSIA DE MORAES (REPRESENTADO)

ROSANGELA SALETE RUAS DE MELLO RODRIGUES (REPRESENTADO)

PROMOTOR ELEITORAL DO ESTADO DE SAO PAULO (FISCAL DA LEI) Documentos Id. Data da Assinatura Documento Tipo 39918 705

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1 JUÍZO DA 243ª ZONA ELEITORAL DE CORDEIRÓPOLIS – ESTADO DE SÃO PAULO.

CARLOS CEZAR TAMIAZO, candidato a Prefeito 2020, brasileiro, casado, aposentado, residente e domiciliado na Rua Ipemariel Carlos de Oliveira, n° 90, Jardim Santa Luzia, Cordeirópolis, São Paulo, portador da cédula de identidade RG n.° 4.321.210 SSP/SP, inscrito no CPF/MF sob o n° 187.157.458-72, COM CNPJ para fins eleitorais sob o nº 38.841.064/0001-98, por seu advogado e bastante procurador, nos termos do artigo 22, caput, da Lei Complementar n.º 64/90, propor a presente:

AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL c.c REPRESENTAÇÃO PARA APURAÇÃO DE CONDUTAS VEDADAS

pela prática de abuso de poder econômico, dos meios de comunicação e abuso de poder político em face de JOSÉ ADINAN ORTOLAN, ora denominado requerido, brasileiro, casado, professor, atualmente exercendo o mandato eletivo de Prefeito da cidade de Cordeirópolis-SP, portador do Título Eleitoral nº 166770560167, RG nº 18.129.976-8 SSP/SP, inscrito no CPF sob o nº 110.195.488-43, RCAND 0600416-36.2020.6.26.0243, e-mail adinan.ortolan@gmail.com, com domicílio na Praça Francisco Orlando Stocco, nº 35, Centro, Cordeirópolis, FÁTIMA MARINA CELIN, ora denominada segunda requerida, natural de Torrinha-SP, nascida em 29/05/1958, portadora do RG nº 11.504.263-5, inscrita no CPF sob nº 963.591.458-04, atual Vice-Prefeita da Cidade de Cordeirópolis, telefone nº 996634055, RCAND

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2 0600289-98.2020.6.26.0243, e-mail campanha20af@gmail.com, com domicílio na Praça Francisco Orlando Stocco, nº 35, Centro, Cordeirópolis, CÁSSIA DE MORAES, ora denominada terceira requerida, candidata a vereadora, RCAND 06003176620206260243, devidamente inscrita no CPF/MF 055.026.108-70, atual Presidente da Câmara de Vereadores de Cordeirópolis, e-mail campanha20af@gmail.com E ROSANGELA SALETE RUAS DE MELLO NASCIMENTO, ora denominada quarta requerida, proprietária do Portal JE10, com endereço na Avenida Aristeu Marcicano, 1395, Jardim Progresso Cordeirópolis/SP - CEP 13490-000, pelos motivos doravante explicitados, pelas razões de fato e de Direito a seguir aduzidas.

DOS FATOS

Através de utilização indevida de meios de comunicação, abuso de poder político e prática de condutas vedadas cometeram inúmeras ilegalidades, que corroboram ao desequilíbrio da disputa eleitoral em prol de suas candidaturas.

As ilegalidades são tantas, que serão divididas por tópicos para garantir a ampla defesa e contraditório.

DO LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO

Como é sabido, no julgamento do Recurso Especial nº 843-56, o Tribunal Superior Eleitoral revisitou a jurisprudência sobre o tema litisconsórcio passivo necessário em sede de AIJE, passando a entender pela obrigatoriedade de sua formação a partir das eleições de 2016, em face do princípio da segurança jurídica e da regra do art. 16 da Constituição da República.

Naquela ocasião, decidiu-se que não haveria justificativa plausível para a distinção de tratamento entre as ações, qual seja, exigir-se nas representações por conduta vedada que o agente público seja citado e, noutro passo, não se ter essa mesma obrigatoriedade nas ações de investigação judicial eleitoral, resultando numa verdadeira reviravolta

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3 jurisprudencial. Em resumo, decidiu a Corte Superior que, a partir das eleições de 2016, da mesma forma que nas representações por conduta vedada, passaria a ser exigida formação de litisconsórcio passivo necessário entre o agente público autor da conduta ilícita e o candidato beneficiário.

Dito isso, forçoso concluir que os mesmos critérios utilizados para distinguir aqueles agentes públicos que devem integrar o polo passivo das representações por conduta vedada, também dever ser aplicados às ações de investigação judicial eleitoral.

Assim, não se pode e nem se deve exigir que aqueles agentes públicos que atuaram na prática do ato abusivo como simples mandatários integrem o polo passivo da presente AIJE, bastando para tanto a formação do litisconsórcio apenas entre o candidato beneficiado e os agentes públicos verdadeiramente responsáveis pela prática das condutas abusivas.

Nesse sentido, é pacífica a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral:

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. ELEIÇÕES 2012. PREFEITO E VICE. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL. ART. 73, § 10, DA LEI 9.504/97. LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO. INEXISTÊNCIA. 1. Para os fins do art. 73, § 10, da Lei 9.504/97, há que se distinguir as situações em que o agente público que executa a conduta vedada atua com independência em relação ao candidato beneficiário, fazendo-se obrigatória a formação do litisconsórcio, e aquelas em que ele atua como simples mandatário, nas quais o litisconsórcio não é indispensável à v a l i d a d e d o p r o c e s s o . 2. Na espécie, não existe litisconsórcio passivo necessário entre os agravantes chefes do Poder Executivo de Três Barras do Paraná/PR, candidatos à reeleição no pleito de 2012 e a secretária municipal de ação social que distribuiu o material de construção a eleitores no ano eleitoral, pois ela praticou a conduta na condição de mandatária daqueles. 3 . A g r a v o r e g i m e n t a l n ã o p r o v i d o . (TSE – AgR-REspe: 31108 PR , Relator: Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, Data de Julgamento: 03/09/2014, Data de Publicação: DJE – Diário de justiça eletrônico, Tomo 173, Data 16/09/2014, Página 121)

Como se pode observar, a formação de litisconsórcio passivo necessário entre o agente público praticante da conduta vedada e o candidato beneficiário não obriga a inserir-se no polo passivo todos os agentes

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4 públicos eventualmente envolvidos, pois este são meros executores (mandatários) da ordem ilícita comandada por um superior hierárquico.

Entendimento diverso acabaria transformando em multitudinária qualquer ação envolvendo abuso de poder político, o que iria de encontro à celeridade que se impõe no processo eleitoral, razão da não inclusão do Dr. Roberto e Dra. Gleicy.

1. ABUSO POLÍTICO – Tentativa de alterar aprovação das contas de candidato opositor, mesmo contrariando entendimento do STF.

A terceira requerida é presidente da Câmara de Vereadores de Cordeirópolis, sendo que em conluio com o primeiro requerido, promoveram verdadeira encenação para tentar alterar decisão adotada pelo Plenário em 2016, mediante edição de Precedente Regimental, totalmente inconstitucional.

O candidato Féio recebeu ofício 77/2020 CMC, informando a instauração de processo interno, promovido a pedido do Sr. João Victor Teixeira, militante partidário e com vínculos ao atual Prefeito do Município de Cordeirópolis.

Em seu pedido alegou ocorrência de atos ilegais, especificamente com o Decreto Legislativo nº 20/2016, que aprovou as contas do exercício financeiro de 2012 fora do prazo regimental.

Acompanhou o ofício os atos relacionados ao referido projeto legislativo, autuados no processo interno 08/2020.

Compulsando os autos de referido processo, que requer sejam juntados na íntegra neste, às fls. 33 consta encaminhamento do requerimento ao Diretor Jurídico comissionado, que também é advogado dos requeridos, indicando necessidade de edição de precedente regimental, mesmo ciente do tema de repercussão geral

Às fls. 34, de referido processo, que requer a juntada, observa-se edição de requerimento de nº 15/2020, sem qualquer observância legal. Referido documento é uma verdadeira anomalia, feito sem

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5 justificativa e formatação legislativa, provavelmente na urgência de providências em face do candidato Féio, adversário político do Prefeito e dos integrantes da Mesa Diretora.

Ao final, junta cópia da ata da décima nona sessão ordinária da quarta sessão legislativa da décima sétima legislatura, realizada em 23 de junho de 2020.

O precedente regimental afrontou diversos dispositivos legais e o resultado da votação foi a rejeição, apesar de constar na ata a aprovação e a publicação do Precedente Regimental nº 01, de 24 de junho de 2020.

Inexiste nulidade na aprovação das contas de 2012, a teor do que determina de forma clara e explicita a jurisprudência atual. Todo o processamento deste procedimento administrativo esta eivado de violações aos princípios administrativos, em especial da legalidade e da impessoalidade, configurando abuso de poder político.

1.1. Resultado da votação alterado em contrariedade ao Regimento Interno e Lei Orgânica.

Observam-se gritantes e escandalosos vícios no procedimento de edição do precedente regimental, em especial o resultado da votação, que diverge do anotado em ata.

Os precedentes são tratados no título XII, capítulo I do Regimento Interno da Câmara de Cordeirópolis, que dispõe o seguinte:

Art. 303 Os casos não previstos neste Regimento serão submetidos ao Plenário e as soluções constituirão precedentes regimentais, mediante requerimento aprovado pela maioria absoluta dos Vereadores. Art. 304 As interpretações do Regimento serão feitas pelo Presidente da Câmara em assunto controvertido e somente constituirão precedentes regimentais a requerimento de qualquer Vereador aprovado pela maioria absoluta dos membros da Câmara

Art. 305 Os precedentes regimentais serão anotados em livro próprio, para orientação na solução de casos análogos. Parágrafo Único. Ao final de cada sessão legislativa, a Mesa fará a consolidação de todas as alterações procedidas no

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6 Regimento Interno, bem como dos precedentes regimentais, publicando-os em separata. g.n.

O requerimento foi elaborado, apesar da falta de técnica legislativa, pela própria Presidente, ora terceira requerida, e depois a mesma o interpretou.

Outro ponto de grave nulidade é o resultado da votação, o Regimento Interno é claro e determina que o requerimento será aprovado pela maioria absoluta dos membros da Câmara.

O resultado da votação indica que votaram de forma favorável os vereadores Antonio Marcos da Silva, Cleverton Nunes Menezes, Laerte Lourenço, Sandra Cristina dos Santos e contrários os vereadores Anderson Antonio Hespanhol, José Antonio Rodrigues e José Geraldo Botion.

Conforme leitura a votação foi de 04 vereadores favoráveis e 03 contrários.

O Regimento Interno atesta que a aprovação somente ocorrerá com a aprovação por maioria absoluta dos membros da Casa, desta forma, o requerimento foi REJEITADO.

Não é preciso de muito esforço ou conhecimento em matemática avançada, para calcular que a maioria absoluta dos membros da Casa de Leis de Cordeirópolis corresponde a cinco votos favoráveis.

Desta forma, constata-se que apesar de rejeitado o precedente, a requerida fez constar sua aprovação, conforme se observa a ata da décima nona sessão ordinária da quarta sessão legislativa da décima sétima legislatura, realizada em 23 de junho de 2020, em suposto ato de improbidade administrativa, que deverá ser apurado em momento oportuno, inclusive para garantia da lei e da ordem.

Com a rejeição do precedente seriam desnecessárias melhores considerações, mas observando todo o processamento desta anomalia legislativa instaurada com nítida impessoalidade, aliada ao fato de que o Departamento Jurídico e a Diretora Administrativa do Poder Legislativo são advogados na campanha política dos

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7 requeridos, não impediram, primeiro a sua instauração, eis que de fato contratia tema de repercussão geral do STF me segundo corroboraram a aprovação de um precedente, que na verdade foi rejeitado pelo Plenário.

Importante ainda destacar, que a petição foi protocolada por morador de Araras, mas aliado partidário dos requeridos, de forma anormal, ou seja, ao invés de um simples protocolo digital, seu recebimento foi feito diretamente na sala da Diretora Administrativa e advogada de campanha dos requeridos, sendo que referido autor da petição estava acompanhando de agente político da Prefeitura.

Tais fatos poderiam ser comprovados por imagens, diante de pedido de preservação de imagens, mas a requerida afirmou que não foi possível sua entrega, apesar do notório fato de que, no período estava em pandemia e não havia circulação, documentos anexados.

A petição ofertada é eivada de interpretações equivocadas e sem conhecimento da matéria em discussão.

As contas do Prefeito são aprovadas pelo Poder Legislativo, sendo a jurisprudência pacífica nesse sentido, nos termos do art. 31 da Constituição Federal, cabendo ao Tribunal de Contas apenas a emissão de parecer prévio, como bem decide a Justiça:

“Inelegibilidade. Rejeição de contas. 1. A anulação pela própria Câmara Municipal do decreto legislativo que havia rejeitado as contas do candidato afasta a incidência da inelegibilidade da alínea g do inciso I do art. 1º da Lei Complementar nº 64/90. 2. A jurisprudência desta Corte, reafirmada após o advento da Lei Complementar nº 135/2010, é pacífica no sentido de que a competência para o julgamento das contas de prefeito é da Câmara Municipal, nos termos do art. 31 da Constituição Federal, cabendo ao Tribunal de Contas apenas a emissão de parecer prévio, o que se aplica, inclusive, a eventuais atos de ordenação de despesas. 3. A ressalva final constante da nova redação da alínea g do inciso I do art. 1º da Lei Complementar nº 64/90, introduzida pela Lei Complementar nº 135/2010 - de que se aplica "o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição" -, não alcança os chefes do Poder Executivo. 4. Os Tribunais de Contas só têm competência para julgar as contas de prefeito quando se trata de fiscalizar a aplicação de recursos transferidos mediante convênios (art. 71, VI, da Constituição Federal). Agravo regimental não provido. NE : Trecho do

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8 voto do relator: “A jurisprudência deste Tribunal tem feito distinção entre as hipóteses de revogação e anulação de decisões por parte das próprias Câmaras Municipais. Enquanto não se admite a revogação pura e simples do decreto legislativo por meio do qual a Câmara Municipal rejeita as contas do Chefe do Poder Executivo, a anulação é tida como válida, ainda que por motivos de ordem processual.” (TSE Ac. de 30.10.2012 no AgR-REspe nº 46450, rel. Min. Arnaldo Versiani.)

Com relação ao prazo para apreciação das contas o mesmo se aplica, eis que não cabe aprovação ou reprovação por decurso de prazo, ou seja, as contas devem ser julgadas pela Câmara, sendo nulo qualquer dispositivo que mantenha ou rejeite automaticamente o parecer do TCESP por decurso de prazo.

NE: “Pareceres prévios do tribunal de contas do Estado pela rejeição das contas do agravante relativas aos exercícios de 1999 e 2000, aprovados por meio de decreto legislativo da Câmara Municipal com fundamento em decurso de prazo. Edição de novos decretos legislativos revogando os primeiros e aprovando as contas. "Se a Câmara não se manifestou - e a jurisprudência do Tribunal é tranqüila no sentido de que não cabe reprovação ou aprovação de contas por decurso de prazo, pois deve haver a efetiva análise dessas contas pela Câmara de Vereadores - concluo que, no caso concreto, não se cuida de revogação de decisão tomada, mas de apreciação pela primeira vez” (Ementa não transcrita por não reproduzir a decisão quanto ao tema) (TSE Ac. de 18.12.2008 no AgR-REspe nº 33.835, rel. Min. Eros Grau.)

Não existe aprovação automática de pareceres dos Tribunais de Contas, portanto o feito para análise das contas de 2012 observou o que a jurisprudência determina, sendo que em uma simples análise do pedido apresentado pelo cidadão, a rejeição de plano seria medida de direito, mas o problema é que o Jurídico e a Administração da Casa de Leis é exercida por servidores comissionados e pasme: ADVOGADOS DE CAMPANHA DOS REQUERIDOS.

Nesta peça serão indicados e comprovados uma série de barbáries cometidas, que configuraram forte abuso do poder político, econômico e dos meios sociais, em uma escala inacreditável.

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9 Toda a movimentação ocorrida foi desnecessária, eis que o mínimo do conhecimento do assunto determinaria a anotação de que não ocorreu nulidade alguma, muito pelo contrário, não existe aprovação de parecer por decurso de prazo, sendo que a conduta adotada foi correta.

O Supremo Tribunal Federal determina: Prefeito municipal. Contas rejeitadas pela Câmara municipal.Direito ao contraditório e à ampla defesa. (...) É pacífica a jurisprudência desta nossa Casa de Justiça no sentido de que é de ser assegurado a ex-prefeito o direito de defesa quando da deliberação da Câmara municipal sobre suas contas.” (STF, 2ª Turma, RE nº 414.908, AgR, Rel. Min. AYRES BRITTO, j. 16.8.2011 “JULGAMENTO DAS CONTAS DE EX-PREFEITO MUNICIPAL. PODER DE CONTROLE E DE FISCALIZAÇÃO DA CÂMARA DEVEREADORES (CF, ART. 31). PROCEDIMENTO DE CARÁTERPOLÍTICO-ADMINISTRATIVO. NECESSÁRIA OBSERVÂNCIADA CLÁUSULA DA PLENITUDE DE DEFESA E DO CONTRADITÓRIO (CF,ART.5º,LV). DOUTRINA. PRECEDENTES. TRANSGRESSÃO, NO CASO, PELA CÂMARA DE VEREADORES, DESSAS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS.SITUAÇÃO DE ILICITUDE CARACTERIZADA. CONSEQUENTE INVALIDAÇÃO DA DELIBERAÇÃO PARLAMENTAR CONSUBSTANCIADA EM DECRETO LEGISLATIVO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO E PROVIDO. - O controle externo das contas municipais, especialmente daquelas pertinente são Chefe do Poder Executivo local, representa uma das mais expressivas prerrogativas institucionais da Câmara de Vereadores, que o exercerá com o auxílio do Tribunal de Contas(CF, art. 31). Essa fiscalização institucional não pode ser exercida, de modo abusivo e arbitrário, pela Câmara de Vereadores, eis que devendo efetivar-se no contexto de procedimento revestido de caráter político -administrativo está subordinada à necessária observância, pelo Poder Legislativo local, dos postulados constitucionais que asseguram, ao Prefeito Municipal,a prerrogativa da plenitude de defesa e do contraditório. - A deliberação da Câmara de Vereadores sobre as contas do Chefe do Poder Executivo local há de respeitar o princípio constitucional do devido processo legal, sob pena de a resolução legislativa importar em transgressão ao sistema de garantias consagrado pela Lei Fundamental da República. (RE nº 682.011,Rel. Min. CELSO DE MELLO,decisão monocrática, j. 8.6.2012. Inexistem nulidades na aprovação das contas de 2012, sendo totalmente descabida a alegação de que o parecer prévio do TCESP seria mantido por decurso de prazo, conforme jurisprudência unânime

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10 da matéria, sendo a petição apresentada totalmente desconexa e desatenta à regra básica da ampla defesa e do contraditório, portanto deverá ser rejeitada de plano, inclusive sob pena de eventual responsabilização no caso de instauração de procedimento administrativo, diante da falta de qualquer indício da prática de infração administrativa, nos termos da Lei 13.869, de 05 de setembro de 2019.

O que se destaca e comprova o intuito eleitoreiro da medida, é que a questão foi divulgada pelo portal controlado pelos requeridos, JE 10.

Notícia da “denuncia” de forma privilegiada e antes de qualquer instauração formal, inclusive antes de ciência do candidato Féio, conforme recorte de reportagem.

A proprietária de referido portal é ocupante de cargo comissionado na Câmara de Cordeirópolis, dona do Portal e tem inúmeros pagamentos por dispensa de licitação, da Prefeitura de Cordeirópolis e da respectiva autarquia, fatos que serão apontados no momento da comprovação do abuso dos meios de comunicação.

Diante de tantas anomalias, o candidato Féio requisitou fosse instaurada sindicância para apurar os fatos, conforme consta em sua defesa, no sentido de apurar o motivo do tratamento especial para protocolo da r. petição, questão da ausência de preservação das imagens, conforme pedido feito no protocolo de nº 576/2020, razão de apresentação de protocolo manual e depois autenticado com dados retroativos, esclarecer se o sistema de protocolos não tem controle de data e horário, podendo ser alterado, se algum agente público acompanhou o Sr. João Victor Teixeira no dia do protocolo, bem como porque teriam sido atendidos na sala da Diretora Administrativa e não no protocolo comum, divulgação privilegiada ao Portal JE 10, inclusive antes mesmo de ciência do oficiado, informando ainda se existe alguma vinculação do referido órgão de comunicação ou seus responsáveis com a Casa de Leis e para verificar se servidores públicos foram cedidos ou estão trabalhando em favor da defesa eleitoral de algum pré-candidato, inclusive na defesa privada do Prefeito ou de integrantes desta Casa de Leis.

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11 É evidente que depois de tantas aberrações apontadas o processamento desta anomalia criada em forte abuso de poder político ficou suspensa.

Utilizaram-se do Poder Político para tentar reprovar às contas do candidato Féio, nas vésperas da eleição, mediante criação de precedente regimental contrário ao entendimento consagrado em repercussão geral pelo STF, adulterando resultado de votação, que na verdade reprovou o precedente para querer impedir que o candidato Féio concorresse ao pleito ou, ao menos, causar mais dúvidas ao eleitorado.

E a questão não se encerra, a terceira requerida, em ato de desespero e de forte violação dos princípios administrativos intentou o processamento de novo precedente regimental, agora o de nº 02, conforme documento anexado.

Destaca-se que os atos praticados fogem da normalidade legislativa e configuram-se abusos de poder político, com intuito de desequilibrar o pleito, na busca desesperada de retirar a condição de elegibilidade do candidato Féio ou causar na população a incerteza de sua condição de candidato.

Utilizaram-se do poder político para tentar impedir que o candidato da oposição pudesse concorrer ao pleito, em ato desesperado e de grande afronta a democracia.

Utilizaram-se do fato de ser Prefeito e Presidente da Câmara para tentar criar uma verdadeira anomalia jurídica, sob a alegação de excesso de prazo para análise do parecer do TCESP, apesar da questão ter sido pacificada pelo STF e pela jurisprudência em geral.

2. CONDUTA VEDADA – Utilização de servidores para trabalho em campanha.

Os requeridos se utilizam de servidores comissionados para trabalho em sua campanha.

O advogado pré e de campanha dos requeridos, Dr. Roberto Benetti filho e a advogada pré e de campanha dos requeridos, Dra.

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12 Gleicy, respectivamente Diretor Jurídico e Diretora Administrativa da Câmara Municipal de Cordeirópolis são advogados dos requeridos nesta campanha eleitoral.

Juntam-se cópias de algumas procurações para comprovar, sendo que para tentar mascarar a situação solicitaram férias de um mês, todavia não deixaram suas atividades na Casa de Leis, estando presentes na Câmara e nas sessões, sem contar que não eram detentores de período aquisitivo superior a trinta dias, portanto, impossível o afastamento por todo o período, observa-se em algumas peças a assinatura digital em horário normal de expediente.

E ainda, importante destacar que a Sra. Rosangela, ocupante de cargo comissionado similar a jornalista da Câmara, durante todo o período eleitoral, inclusive em horário normal de expediente utilizava-se de seu portal de notícias para fazer propagandas favoráveis da Administração e ataques ao candidato Féio.

Os três servidores comissionados desempenharam e desempenham trabalhos na campanha eleitoral em gritante violação das condutas vedadas.

Os três requeridos, inclusive a terceira, que é conivente e não cobra o cumprimento de trabalho na Casa de Leis, afinal cargo em comissão está sempre à disposição deverão ser condenados pela prática de conduta vedada, a teor do que diz o seguinte:

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A conduta é vedada e está prevista na Lei das Eleições:

Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais: ... III - ceder servidor público ou empregado da administração direta ou indireta federal, estadual ou municipal do Poder Executivo, ou usar de seus serviços, para comitês de campanha eleitoral de candidato, partido político ou coligação, durante o horário de expediente normal, salvo se o servidor ou empregado estiver licenciado;

Importante destacar que a terceira requerida, também faz uso dos serviços, conforme procuração anexada, lembrando que servidor comissionado está a disposição em tempo integral, sendo que o pedido de férias dos servidores, apesar de trinta dias, não abrange todo o período da

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14 eleição, onde estão desenvolvendo às atividades, que se iniciaram muito antes do registro de candidatura, conforme defesas feitas.

3. CONDUTA VEDADA – Entrega de bens e benefícios em ano eleitoral Os primeiros requeridos promoveram a entrega escrituras públicas, relacionadas a regularização de parcelamento, durante esse ano.

Tal conduta teve o objetivo de induzir o eleitorado, em evidente conduta vedada.

Foram entregues escrituras públicas, o que representam para os moradores de parcelamento, na verdadeira entrega de sua casa.

O objetivo foi eleitoreiro, como de costume do requerido, que promove diversos atos com o nítido objetivo.

A reportagem do Portal JE comprova a prática das condutas vedadas:

A conduta é vedada e está prevista na Lei das Eleições:

Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais: ...

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15 § 10. No ano em que se realizar eleição, fica proibida a

distribuição gratuita de bens, valores ou benefícios por parte da Administração Pública, exceto nos casos de calamidade pública, de estado de emergência ou de programas sociais autorizados em lei e já em execução orçamentária no exercício anterior, casos em que o Ministério Público poderá promover o acompanhamento de sua execução financeira e administrativa. (Incluído pela Lei nº 11.300, de 2006)

4. CONDUTA VEDADA – Sorteio de programa habitacional em ano eleitoral.

Apesar de na prática não existir nada de certo no Programa Habitacional “Meu Pedaço de Chão” em ato de verdadeira ilusão aos eleitores e com nítido caráter de desequilíbrio no pleito, os requeridos promoveram sorteio de contemplados em programa habitacional durante esse ano.

A reportagem do Portal JE comprova a prática das condutas vedadas, mediante publicação de supostos contemplados em programa habitacional:

A conduta é vedada e está prevista na Lei das Eleições:

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16 Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou

não, as seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais: ... § 10. No ano em que se realizar eleição, fica proibida a distribuição gratuita de bens, valores ou benefícios por parte da Administração Pública, exceto nos casos de calamidade pública, de estado de emergência ou de programas sociais autorizados em lei e já em execução orçamentária no exercício anterior, casos em que o Ministério Público poderá promover o acompanhamento de sua execução financeira e administrativa. (Incluído pela Lei nº 11.300, de 2006)

E ainda, o art. 41-A da Lei nº 9.504/97, cuja redação prevê:

Art. 41-A. Ressalvado o disposto no art. 26 e seus incisos, constitui captação de sufrágio, vedada por esta Lei, o candidato doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição, inclusive, sob pena de multa de mil a cinqüenta mil UFIR, e cassação do registro ou do diploma, observado o procedimento previsto no art. 22 da Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990.

Observa-se que os requeridos promoveram o sorteio com promessa de entrega de lotes aos eleitores, mesmo restando claro que a conduta é vedada em ano eleitoral, em tentativa de induzir o eleitorado, recorte do jornal oficial com lista de contemplados anexada.

5. CONDUTA VEDADA – Promessa de entrega de um computador portátil a todos os estudantes no início do próximo ano, mesmo sem dotação orçamentária e licitação em andamento.

Oferece aos eleitores estudantes a entrega de computadores. Observa-se que em publicação em sua rede social, com intuito de angariar votos de seus eleitores com promessa impossível de ser cumprida, afirma que entregará junto com o material escolar, no próximo ano, um chromebook para cada aluno da rede municipal, conforme recorte:

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17 Com a devida vênia, promessas devem e ser feitas, mas a conduta do requerido configura-se tentativa simulada de compra de votos, afinal afirma que DARÁ a cada aluno um microcomputador da rede municipal, mesmo sabendo que não tem processo de licitação em andamento e, muito menos, dotação orçamentária passível de suportar, já no inicio do ano letivo, a entrega de um equipamento tão caro para cada aluno.

Sem dúvidas que ao alunos merecem todos os meios de aperfeiçoamento, mas sua publicação tem o objetivo de “comprar” votos em troca de um computador, que sabidamente tem noção de que, mesmo que em remota hipótese de sucesso eleitoral, não teria meios de atender.

Um processo licitatório demanda tempo, além do que inexiste previsão orçamentária para tanto.

A título de exemplificação, se a rede contar com 5 mil alunos e cada equipamento custar R$ 1.300,00, seriam necessários R$ 6.500.000,00 (seis milhões e quinhentos mil reais) já para janeiro de 2021 para custear a compra, que sequer fora licitada.

O intuito não é outro, senão prometer a entrega de vantagem, se eleitor for.

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18 Não é preciso o pedido expresso de votos, mas no caso, resta configurada a conduta vedada, eis que a mensagem é clara, ou seja: VOTEM EM MIM QUE DAREI UM COMPUTADOR PORTÁTIL PARA VOCÊ OU SEU FILHO.

A conduta é reprovável, não pela entrega do computador, que é algo muito importante para os estudantes, mas sim pela ilusão criada de que seria possível em dias de novo mandato promover a entrega de equipamentos, que representarão um considerável ajuste orçamentário.

A partir de uma acurada análise do presente caso, percebe-se que a conduta dos Representados, ora vergastada, além de configurar abuso de poder econômico, nos termos do art. 22, caput e inciso XIV, da Lei Complementar nº 64/90, também consubstancia a captação ilícita de sufrágio descrita no art. 41-A da Lei 9.504/97, a saber:

Art. 41-A. Ressalvado o disposto no art. 26 e seus incisos, constitui captação de sufrágio, vedada por

esta Lei, o candidato doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição, inclusive, sob pena de multa de mil a cinquenta mil Ufir, e cassação do registro ou do diploma, observado o procedimento previsto no art. 22 da Lei

Complementar no 64, de 18 de maio de 1990. (Incluído

pela Lei nº 9.840, de 28.9.1999)

§ 1o Para a caracterização da conduta ilícita, é desnecessário o pedido explícito de votos, bastando a evidência do dolo, consistente no especial fim de agir.

§ 2o As sanções previstas no caput aplicam-se contra

quem praticar atos de violência ou grave ameaça a pessoa, com o fim de obter-lhe o voto.

§ 3o A representação contra as condutas vedadas no caput poderá ser ajuizada até a data da diplomação.

(20)

19 § 4o O prazo de recurso contra decisões proferidas

com base neste artigo será de 3 (três) dias, a contar da data da publicação do julgamento no Diário Oficial..1

No caso sub examine, temos, então, o seguinte panorama jurídico: como o abuso de poder econômico em que incidiram os Representados, conforme já demonstrado, é um abuso de poder qualificado, gerador da inelegibilidade prevista no art. 22, XIV, da Lei das Inelegibilidades, a cassação do registro de candidatura ou diploma dos mesmos é uma decorrência direta também da aplicação do mencionado dispositivo da LC nº 64/90, prejudicando, assim, a incidência ao presente caso da sanção idêntica disposta no caput, in fine, do art. 41-A da Lei 9.504/97, aplicável às hipóteses de abuso de poder econômico simples (embora, ad argumentandum, mesmo se não fosse reconhecido o abuso de poder econômico qualificado no presente feito, ainda assim a prática da captação ilícita de sufrágio em benefício dos candidatos Representados tornaria cabível a incidência da sanção de cassação dos respectivos registros ou diplomas).

6. CONDUTA VEDADA PROPAGANDA IRREGULAR– Indicação de número de campanha em geladeira de escola municipal

Para fins de comprovar, que os requeridos são sem limites nas condutas de desequilíbrio do pleito, observa-se que o requerido mandou envelopar uma geladeira em unidade escolar com seu numero de campanha.

1 BRASIL. Legislação. Lei Federal nº 9.504, de 30 de setembro de 1997 (Lei das Eleições). Publicada

no Diário Oficial da União (DOU) de 30/09/1997. Disponível em <www.planalto.gov.br>. Acesso em 04/10/2012 (negritos inovados).

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20 Referido equipamento está na escola Nazareth, destacando que a esposa do requerido é a Secretária de Educação do Município, portanto, não pode alegar que não conhece o fato ou que não foi cientificado.

A Lei 9.504/97 determina:

Art. 37. Nos bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do poder público, ou que a ele pertençam, e nos bens de uso comum, inclusive postes de iluminação pública, sinalização de tráfego, viadutos, passarelas, pontes, paradas de ônibus e outros equipamentos urbanos, é vedada a veiculação de propaganda de qualquer natureza, inclusive pichação, inscrição a tinta e exposição de placas, estandartes, faixas, cavaletes, bonecos e assemelhados

§ 1o A veiculação de propaganda em desacordo com o

disposto no caput deste artigo sujeita o responsável, após a notificação e comprovação, à restauração do bem e, caso não cumprida no prazo, a multa no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a R$ 8.000,0 (oito mil reais).

7. PROPAGANDAS INSTITUCIONAIS EM PERÍODO VEDADO.

Durante todo o período vedado, a Prefeitura de Cordeirópolis continuou com a prática da realização de propagandas vedadas, conforme se observa em inúmeras propagandas feitas no Portal JE 10, conforme documento anexado.

(22)

21 Referidas propagandas são pagas, afinal consta pagamentos para referido jornal, apesar de ser feito por dispensa de licitação para a jornalista comissionada da Câmara de Vereadores.

Observa-se que não é permitida a propaganda em período eleitoral.

Referido meio de comunicação não poupa os elogios na aos atos da Prefeitura, tudo isso porque é paga, conforme se consulta no portal de fornecedores, consulta no TCESP

A Lei das Eleições é clara: Art. 73 ...

VI - nos três meses que antecedem o pleito:

b) com exceção da propaganda de produtos e serviços que tenham concorrência no mercado, autorizar publicidade institucional dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da administração indireta, salvo em caso de grave e urgente necessidade pública, assim reconhecida pela Justiça Eleitoral;

Segue arquivo anexado com propagandas institucionais durante o período vedado.

7. BENEFÍCIO ISENÇÃO DE MULTAS EM ANO ELEITORAL.

Ressalta-se que o que se discute neste tópico, não está relacionada a AIJE, proposta pelo MPE, onde o primeiro requerido promete cancelar multas de trânsito, em ato de abuso de poder político.

(23)

22 Nas vésperas da eleição, prorrogou o prazo para cumprimento de notificações aplicadas em 2019, sob a justificativa da pandemia, o que não se compreende.

As notificações / multas foram aplicadas em 2019, quando não existia a pandemia, mas utilizando-se de fato novo concedeu benefício em ano eleitoral.

A Lei das eleições é clara:

Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais: ... § 10. No ano em que se realizar eleição, fica proibida a distribuição gratuita de bens, valores ou benefícios por parte da Administração Pública, exceto nos casos de calamidade pública, de estado de emergência ou de programas sociais autorizados em lei e já em execução orçamentária no exercício anterior, casos em que o Ministério Público poderá promover o acompanhamento de sua execução financeira e administrativa. (Incluído pela Lei nº 11.300, de 2006)

9. ABUSO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

A Sra. Rosangela Salete Ruas de Mello Rodrigues ocupa cargo comissionado na Câmara Municipal.

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23 Referida comissionada é proprietária do Jornal Expresso, que trabalha em favor da atual Administração e massacrando todos que se atrevam a fazer oposição ao atual Prefeito ou seus coligados, tem em seu nome uma ME sob o CNPJ 09.230.091/0001-26.

Se isso não fosse o suficiente, em consulta ao portal do TCESP observa-se que a mesma desde 2017 tem pagamentos da Prefeitura de Cordeiropolis e da Autarquia Municipal, conforme simples extrato anexado.

São pagamentos feitos por dispensa de licitação e comprovam que uma comissionada mantém diversos recebimentos com os órgãos públicos municipais, o que demonstra a origem da utilização de seu jornal em favor do atual Prefeito e seus coligados.

Observa-se que a servidora não pode manter contratos com outros órgãos públicos, eis que é detentora de cargo comissionado, ainda mais pelo excessivo número de dispensas de licitação indicadas.

Referido meio de comunicação trabalha em prol aos requeridos e em forte tendência a imputar fatos negativos ao candidato Féio.

A título de exemplificação, destaca-se o fato da situação do registro de candidatura do candidato Féio foi utilizado como forma de tentar induzir o eleitorado de que o mesmo não poderia ter sucesso em seu registro.

Chegou ao cúmulo da desproporcionalidade, são matérias tendenciosas, inclusive durante o período eleitoral narrou passo a passo o pedido de impugnação de registro do Candidato Féio, com nítida torcida para que fosse indeferido.

Tal comportamento foi promovido durante os últimos anos, onde a referida jornalista exaltava os requeridos e tentava, a qualquer custo, atacar os opositores.

Observa-se que os fatos restam comprovados e a vinculação da jornalista com os requeridos é clara, visto que ocupa cargo comissionado no Poder Legislativo e, mesmo assim, consta ter recebido valores

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24 para propaganda, mediante dispensa de licitação, conforme documentos anexados.

As reportagens estão em anexo, diante do elevado número, mas não demanda muito esforço para perceber que são direcionadas e parciais.

Observa-se que o jornal tem como objetivo fazer propaganda negativa contra o candidato Féio e enaltecer o primeiro requerido. Quando os fatos são negativos do requerido, tenta de toda forma minimizar.

Importante registrar que quando da denúncia recebida contra o atual Prefeito – Adinan, ora requerido, através do processo 0003186-59.2020.8.26.0348 pela prática de crime por fraude em licitações e associação criminosa, como incurso nos artigos 90, combinado com o 84, parágrafo 2º, ambos da Lei n.º 8666/93, por quatro vezes na forma do art. 29, caput, e 71, ambos do Código Penal e 288, caput, do Código Penal, tudo na forma do artigo 69 do Código Penal quase nada mencionou, como se fosse um fato corriqueiro.

Aliás, o mesmo se emprega no que se diz respeito a primeira AIJE contra os requeridos, onde são acusados de abuso de poder político, em virtude de ato ilegal de interferência para cancelamento de multas. Referido jornal, apesar de ter ciência de tudo publicou reportagem no sentido de que a ação seria porque o Prefeito teria ido ao velório, ignorando o áudio onde afirma a suposta prática de abuso de autoridade, áudios acostados.

E, se isso não fosse o suficiente, em grupos de aplicativos, está repassando mensagens, querendo imputar ao Féio atos ilegais, inclusive em ter “armado” a situação para causar prejuízo ao Adinan.

Referido meio de comunicação é utilizado em prol dos requeridos e para fazer propaganda negativa dos opositores.

A prática de abuso é gigantesca e influencia o pleito, afinal pretende repassar uma ideia de homem bom contra o homem mau, que é desenhado e atacado pela proprietária do Jornal.

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25 Apesar da AIJE interposta pelo MPE, a quarta requerida propaga notícia parcialmente correta, tentando induzir o eleitorado que a ação é porque teria o Prefeito participado de um enterro e nada mencionada acerca do áudio com escandaloso abuso de autoridade e promessa de cancelamento de multas de trânsito.

Sem contar, que em grupos de aplicativos de mensagens passou a imputar ao candidato Féio atos que determinaram a provocação do MPE, inclusive com busca de menor para depor, conforme áudios anexados.

A requerida deverá ser punida com os rigores da lei, inclusive porque utiliza-se de seu portal para atacar os opositores, sendo ocupante de cargo em comissão do Poder Legislativo e com diversos pagamentos por dispensa de licitação, desde o ano de 2017, tanto na Prefeitura, quanto na Autarquia Municipal.

DO DIREITO

O artigo 22, caput, da Lei Complementar n.º 64/90 dispõe:

Art. 22: Qualquer partido político, coligação, candidato ou Ministério Público Eleitoral poderá representar à Justiça Eleitoral, diretamente ao Corregedor-Geral ou Regional, relatando fatos e indicando provas, indícios e circunstâncias e pedir abertura de investigação judicial para apurar uso indevido, desvio ou abuso de poder econômico ou do poder de autoridade, ou utilização indevida de veículos ou meios de comunicação social, em benefício de candidato ou de partido político. A ação é tempestiva e deverão figurar no pólo passivo os candidatos beneficiados pela prática do ato irregular.

Desta forma, os representados são inquestionavelmente partes legítimas para figurar no pólo passivo da presente representação.

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26 DA UTILIZAÇÃO INDEVIDA DE MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

O Código Eleitoral é claro:

Art. 237. A interferência do poder econômico e o desvio ou abuso do poder de autoridade, em desfavor da liberdade do voto, serão coibidos e punidos.

Os representados violaram de forma consciente o princípio da igualdade que deve pautar as eleições, a partir do uso indevido dos meios de comunicação e do abuso de poder econômico.

EDSON DE RESENDE CASTRO ensina:

“o abuso de poder interfere diretamente na tomada de decisão pelo eleitor, daí que constitui em contundente afronta ao princípio democrático. Atinge o bem jurídico de maior consideração no Direito Eleitoral, que é a normalidade e legitimidade das eleições. Uma campanha eleitoral marcada pelo abuso de poder e/ou pelo uso indevido dos meios de comunicação social acaba comprometendo os resultados das urnas”2

É claro que o reconhecimento da abusividade deve considerar as normas constitucionais que asseguram a liberdade de imprensa e de expressão, contudo os meios de comunicação indicados são controlados pelos representados e não eram imparciais, mas somente serviram para noticiar fatos contra os adversários dos representados.

Luiz Carlos dos Santos Gonçalves, em sua obra Direito Eleitoral, Editora Atlas, 2.010 afirma:

Mesmo na imprensa escrita, temos entendido que não é possível valer-se da liberdade jornalística para transformar o meio de comunicação num mero panfleto ou meio auxiliar de propaganda para determinado candidato. É o que se observa quando um

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27 jornal local, concentra-se em difundir as realizações de determinado candidato, enaltecido e apontado como “hábil”, “capaz”, “bom administrador”, “confiável”, ao passo que os candidatos adversários são ridicularizados ou menosprezados, com menções que se fazem acompanhar de epítetos depreciativos. Nessas hipóteses se caracteriza o abuso dos meios de comunicação social,...”

Tudo não passou de utilização do jornal, rádio e grupo de internet para beneficiar os representados, já que foi uma forma explicita de publicação de material eleitoral publicitário contrário aos adversários dos representados.

Que para os ditos meios de comunicação indicados são perfeitos, afinal nem mesmo uma pequena nota das graves acusações criminais que pairam acerca de atos da empresa do representado foi lançada.

Isso demonstra também que referidos meios de comunicação, em especial o Jornal expresso nas duas versões e a emissora de rádio comunitária foram e são utilizadas para beneficiar os representados, denegrindo a imagem dos demais candidatos. O caráter publicitário da essência do Jornal em prol do grupo político dos representados e contrariamente aos interesses da coligação autora é evidente.

A Jurisprudência é firme, tanto é verdade que na eleição de 2012 a candidata CRISTINA FOI CASSADA pelo uso de um outro e antigo jornal.

EMENTA: RECURSO ELEITORAL. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL. PRELIMINAR DE INTEMPESTIVIDADE AFASTADA. PERIÓDICO QUE VEICULA MATÉRIAS JORNALÍSTICAS CONFERINDO MAIOR DESTAQUE À UM DOS CANDIDATOS AO PLEITO MAJORITÁRIO. USO INDEVIDO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL CONFIGURADO. - DIFUSÃO DO APELO IMPLÍCITO DE VOTO, OS QUAIS, POR SUA FREQUÊNCIA, INTENSIDADE E GRAVIDADE EXTREMADA CONFIGURARAM O TIPO ILÍCITO ABUSO DE PODER NA MODALIDADE USO INDEVIDO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL. - A POTENCIALIDADE PARA INFLUIR NO PLEITO NÃO É NECESSÁRIA PARA CONFIGURAR A ABUSIVIDADE DO ATO, BASTA TÃO SOMENTE A GRAVIDADE DAS CIRCUNSTÂNCIAS QUE O CARACTERIZAM. RECURSO PROVIDO, PARA CASSAR OS DIPLOMAS OUTORGADOS AOS RECORRIDOS E DECLARA-LOS INELEGÍVEIS PARA ELEIÇÕES A SE REALIZAREM NOS 8 (OITO) ANOS SUBSEQUENTES À ELEIÇÃO DE 2012. (TSE - AI: 3741720126260243 Cordeirópolis/SP 219752013,

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28 Relator: Min. Luciana Christina Guimarães Lóssio, Data de

Julgamento: 21/03/2014, Data de Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico - 27/03/2014 - Página 53-54)

[Eleição. Distribuição gratuita. Notícias. Fotos e matérias. Favorecimento. Candidato. Uso indevido dos meios de comunicação social. Tiragem expressiva. Abuso do poder econômico. Lei Complementar nº 64/90. 1) Jornal de tiragem expressiva, distribuído gratuitamente, que em suas edições enaltece apenas um candidato, dá-lhe oportunidade para divulgar suas idéias e, principalmente, para exibir o apoio político que detém de outras lideranças estaduais e nacionais, mostra potencial para desequilibrar a disputa eleitoral, caracterizando uso indevido dos meios de comunicação e abuso do poder econômico, nos termos do art. 22 da Lei Complementar nº 64/90" (RO nº 688/SC, Rel. Min. Fernando Neves, DJ de 21.6.2004). 3. A potencialidade da conduta revela-se na ampla tiragem do veículo de comunicação, 1500 (mil e quinhentos) exemplares, distribuídos gratuitamente nos Municípios de Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, Águas Mornas, Rancho Queimado, Angelina e São José. Registra o Acórdão Regional que essa tiragem alcança 98.722 (noventa e oito mil, setecentos e vinte e duas) pessoas. 4. Nos termos da jurisprudência do TSE, não é fator suficiente para desconfigurar o abuso do poder previsto no art. 22 da LC nº 64/90, (...) o fato de o candidato por ele beneficiado não ter sido eleito, pois o que se leva em consideração na caracterização do abuso do poder são suas características e as circunstâncias em que ocorrido" TSE. Respe nº 26.054/AL, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, DJ de 25.8.2006.

A Lei Complementar nº 64/90, sofreu alterações pela Lei Complementar nº 135/2010, notadamente na redação do artigo 22, XIV da primeira, o qual prescreve:

“para configuração do ato abusivo, não será considerada a potencialidade de o fato alterar o resultado da eleição, mas apenas a gravidade das circunstâncias que o caracterizam”.

A potencialidade lesiva da veiculação não é mais condição para o reconhecimento do uso abusivo dos meios de comunicação, mas sim a gravidade do ato que encerra.

(30)

29 Ante a prática reiterada e deliberada dos meios de comunicação e flagrante abuso resta claro a procedência da presente ação para cassar os registros dos representados.

DO ABUSO DE PODER POLÍTICO

O abuso do poder político caracteriza-se quando o agente público, valendo-se de sua condição funcional e em manifesto desvio de finalidade, compromete a igualdade da disputa e a legitimidade do pleito em benefício de sua candidatura ou de terceiros, conforme consolidado em reiterada jurisprudência do Colendo Tribunal Superior Eleitoral.

Os fatos e elementos probatórios apresentados na inicial demonstram claramente os elementos configuradores do abuso de poder político, no caso, a utilização da máquina pública por agentes públicos, em evidente desvio de finalidade, para a obtenção de vantagem eleitoral em benefício próprio e em favor de terceiro.

RECURSO CONTRA EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA. ELEIÇÕES 2006. CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO. ABUSO DE PODER POLÍTICO E ECONÔMICO. USO INDEVIDO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO. 10. O abuso do poder político ocorre quando agentes públicos se valem da condição funcional para beneficiar candidaturas (desvio de finalidade), violando a normalidade e a legitimidade das eleições (Rel. Min. Luiz Carlos Madeira, AgRgRO 718/DF, DJ de 17.6.2005; Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, REspe 25.074/RS, DJ de 60 MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL PROCURADORIA REGIONAL ELEITORAL NO AMAZONAS 28.10.2005). (...) (RECURSO CONTRA EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA nº 698, Acórdão, Relator(a) Min. Felix Fischer, Publicação: RJTSE - Revista de jurisprudência do TSE, Volume 20, Tomo 4, Data 25/06/2009

(31)

30 Nesse sentido, tem-se que essa forma pouco republicana no uso do poder político somente poderá ser reprimida, no âmbito desta Justiça Especializada, quando restar demonstrada a sua "gravidade", assim entendida como a capacidade de trazer importantes dividendos eleitorais para o seu beneficiário, de molde a repercutir, de forma considerável, na igualdade da disputa entre os candidatos que postulam cargos eletivos.

Havendo gravidade suficiente para afetar a normalidade e legitimidade do pleito, tal conduta pode inclusive cominar na cassação do candidato beneficiado pela conduta.

DA INCIDÊNCIA DO DISPOSTO NO ART. 22, CAPUT E INCISO XIV, DA LEI COMPLEMENTAR Nº 64/90- SANÇÕES DE INELEGIBILIDADE E DE CASSAÇÃO DO REGISTRO OU DIPLOMA.

Dispõe o art. 22, caput, e inciso XIV, da LC nº 64/90, in verbis:

Art. 22. Qualquer partido político, coligação, candidato ou Ministério Público Eleitoral poderá representar à Justiça Eleitoral, diretamente ao Corregedor-Geral ou Regional, relatando fatos e indicando provas, indícios e circunstâncias e pedir abertura de investigação judicial para apurar uso indevido, desvio ou abuso do poder econômico ou do poder de autoridade, ou utilização indevida de veículos ou meios de comunicação social, em benefício de candidato ou de partido político, obedecido o seguinte rito:

[...]

XIV – julgada procedente a representação, ainda que após a proclamação dos eleitos, o Tribunal declarará a inelegibilidade do representado e de quantos hajam contribuído para a prática do ato, cominando-lhes sanção de inelegibilidade para as eleições a se realizarem nos 8 (oito) anos subsequentes à eleição em que se verificou, além da cassação do registro ou diploma do candidato diretamente beneficiado pela interferência do poder econômico ou pelo desvio ou abuso do poder de autoridade ou dos meios de comunicação, determinando a remessa dos autos ao Ministério Público Eleitoral, para instauração de processo disciplinar, se for o caso, e de ação penal, ordenando quaisquer outras providências que a espécie comportar;

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31 Pode-se conceituar o abuso de poder econômico gerador da incidência do dispositivo legal acima transcrito como a transmutação do voto em instrumento de comércio; ou seja, é a compra, direta ou indiretamente, da liberdade de escolha dos eleitores, violando-se, desta forma, a normalidade e a legitimidade do processo eleitoral. Ocorre quando o candidato resolve utilizar-se do poder econômico como principal via de “convencimento” dos eleitores, transbordando da viabilização normal de uma campanha eleitoral e cooptando o eleitorado com vantagens (ou promessas de vantagens) econômicas de ocasião (como uma cesta básica, uma certa quantia em dinheiro, a promessa de um emprego etc.), com isso caracterizando o abuso. Agindo assim, o candidato menospreza o papel e o poder do voto como instrumento de cidadania em sua plenitude, levando o eleitor necessitado a alienar a sua liberdade de escolha e o seu poder de influir na formação de seu Governo.

Não existe dúvida de que tais atitudes do candidato compromete a legitimidade e a normalidade do pleito, dado que os eleitores que recebem a benesse ilícita perdem a condição de decidir o seu voto baseado nos valores verdadeiramente democráticos. Em um município com grande quantidade de pessoas carentes, o eleitor sente-se grato por aquele que lhe “socorreu” em um momento de necessidade. A partir daí, a alienação de seu voto, bem como de seus familiares, é um corolário natural desse círculo vicioso que somente pode ser quebrado com políticas públicas sérias e uma severa repressão a esse tipo de conduta corruptora.

Tal abuso de poder econômico, que se consubstancia no uso ilegítimo do poderio do capital em prol de candidatura própria ou de terceiros, é conduta grave que atinge a normalidade e a legitimidade do processo eleitoral e, quando apurado em sede de Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) julgada deferida pela Justiça Eleitoral, após trânsito em julgado ou com decisão proferida por órgão colegiado, implica na inelegibilidade do agente, nos termos do art. 1º, I, alínea “d”, da LC nº 64/90, com redação dada pela LC nº 135/2010, além da cassação do registro

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32 ou do diploma do candidato diretamente beneficiado pela interferência do abuso de poder (art. 22, XIV, também da LC nº 64/90).

Ora, a excessiva gravidade de tal fato é manifesta, dado que cerceia a liberdade do eleitor (notadamente daquele mais necessitado), menosprezando o seu poder/direito de escolha livre de seus representantes e, com isso, corrompendo a legitimidade e a normalidade do próprio processo eleitoral.

Para reforçar o raciocínio acima expendido, mais uma vez, socorremo-nos das lições de EDSON DE RESENDE CASTRO, nos seguintes termos:

Podemos dizer que temos, assim, um ABUSO DE PODER SIMPLES (que leva à desconstituição do mandato tão somente- art. 14, § 10, da CF) e um ABUSO DE PODER QUALIFICADO (que gera inelegibilidade para o agente- art. 14, § 9º, da CF, c/c o art. 1º, I, “d”, da LC 64/90- e, por consequência dessa inelegibilidade, a cassação do registro ou do diploma e a desconstituição do mandato).

(...)

Resumidamente, pode-se dizer que uma Investigação Judicial Eleitoral –AIJE, cujo objeto é a apuração de abuso de poder para fixação de inelegibilidade, só poderá ser julgada procedente se houver prova da gravidade do abuso de poder para afetar a normalidade e legitimidade das eleições (“abuso de poder qualificado”). E uma AIME, cujo objeto é a desconstituição do mandato eletivo em razão do abuso do poder, da corrupção ou da fraude, poderá ser julgada procedente a partir da prova do abuso, independentemente de ter havido potencial de afetação da lisura da disputa (“abuso do poder simples”). Mas se nesta AIME aparecer prova de que o abuso do poder qualificou-se pelo potencial de afetação, a decisão de procedência, além de desconstituir o mandato eletivo, também declarará a inelegibilidade do agente.3

Vale ressaltar que a sanção de inelegibilidade, no presente caso, deve ser aplicada não apenas em virtude da extrema gravidade da conduta do Representado, capaz de comprometer a própria normalidade e legitimidade do processo eleitoral, mas também porque aqueles não somente

3 CASTRO, Edson de Resende. Curso de Direito Eleitoral. 6ª ed., rev., atual. Belo Horizonte: Del Rey,

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33 tinham prévio conhecimento do ato ilícito praticado, como participaram efetivamente do cometimento do abuso de poder econômico.

Conforme nos ensina novamente o mestre EDSON DE RESENDE CASTRO, a saber:

Já comentamos que o abuso de poder tem verificação objetiva quando se busca a cassação do registro ou do diploma, ou a desconstituição do mandato (na AIME), o que equivale dizer que não é importante tenha o candidato participado dos atos abusivos, ou mesmo que deles tenha tido conhecimento. Basta tenha havido abuso, e que esse abuso tenha sido de proporções graves a comprometer a lisura do processo eleitoral, para que se chegue à cassação/desconstituição. Com ou sem participação ou conhecimento do candidato, o certo é que o processo terá sido viciado e a sua eleição ilegítima, o que é suficiente para a cassação.

Quando esse mesmo abuso é analisado para efeito de aplicação da multa e da inelegibilidade, é necessário, entretanto, identificar a conduta do candidato, para aplicar-se-lhe, ou não, aquelas sanções. Essas, como se vê, são de natureza pessoal e dependem no mínimo do conhecimento prévio do beneficiário do abuso.

Já enfocamos a questão relativa ao prévio conhecimento quando enfrentamos a “propaganda extemporânea” e comentamos que é possível presumi-lo em algumas situações, quando as circunstâncias em que se envolve a propaganda permitem assim concluir. No que se refere à conduta abusiva do poder econômico ou político ou do uso indevido dos meios de comunicação social, pode-se valer do mesmo raciocínio. Há hipóteses em que não há prova direta da participação ou do conhecimento do candidato beneficiado pelo abuso, mas as circunstâncias em que este se dá levam à conclusão de que a prática contou, no mínimo, com seu conhecimento. Tudo isso porque, repita-se, o TSE cancelou a Súmula 17, que não permitia a presunção.4

Assim, forçoso é concluir-se pela aplicação aos Representados da decretação da inelegibilidade prevista no art. 22, XIV, da LC nº 64/90, bem como pela cassação do registro de suas candidaturas (ou de seus diplomas, se for o caso), também nos termos do supracitado art. 22, XIV, in fine, da LC nº 64/90.

4 CASTRO, Edson de Resende. Curso de Direito Eleitoral. 6ª ed., rev., atual. Belo Horizonte: Del Rey,

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34 DA INCIDÊNCIA DO DISPOSTO NO ART. 41-A, CAPUT E §§ 1º E 3º, DA LEI

A partir de uma acurada análise do presente caso, percebe-se que a conduta dos Representados, ora vergastada, além de configurar abuso de poder econômico, nos termos do art. 22, caput e inciso XIV, da Lei Complementar nº 64/90, também consubstancia a captação ilícita de sufrágio descrita no art. 41-A da Lei 9.504/97, a saber:

Art. 41-A. Ressalvado o disposto no art. 26 e seus incisos, constitui captação de sufrágio, vedada por esta Lei, o candidato doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição, inclusive, sob pena de multa de mil a cinquenta mil Ufir, e cassação do registro ou do diploma, observado o procedimento previsto no art. 22 da Lei Complementar no 64, de 18 de maio de

1990. (Incluído pela Lei nº 9.840, de 28.9.1999)

§ 1o Para a caracterização da conduta ilícita, é desnecessário o pedido explícito de votos, bastando a evidência do dolo, consistente no especial fim de agir.

§ 2o As sanções previstas no caput aplicam-se contra quem praticar atos de violência ou grave ameaça a pessoa, com o fim de obter-lhe o voto. § 3o A representação contra as condutas vedadas no caput poderá ser ajuizada até a data da diplomação.

§ 4o O prazo de recurso contra decisões proferidas com base neste artigo será de 3 (três) dias, a contar da data da publicação do julgamento no Diário Oficial..5

5 BRASIL. Legislação. Lei Federal nº 9.504, de 30 de setembro de 1997 (Lei das Eleições). Publicada

no Diário Oficial da União (DOU) de 30/09/1997. Disponível em <www.planalto.gov.br>. Acesso em 04/10/2012 (negritos inovados).

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35 No caso sub examine, temos, então, o seguinte panorama jurídico: como o abuso de poder econômico em que incidira o Representado, conforme já demonstrado, é um abuso de poder qualificado, gerador da inelegibilidade prevista no art. 22, XIV, da Lei das Inelegibilidades, a cassação do registro de candidatura ou diploma do mesmo é uma decorrência direta também da aplicação do mencionado dispositivo da LC nº 64/90, prejudicando, assim, a incidência ao presente caso da sanção idêntica disposta no caput, in fine, do art. 41-A da Lei 9.504/97, aplicável às hipóteses de abuso de poder econômico simples (embora, ad argumentandum, mesmo se não fosse reconhecido o abuso de poder econômico qualificado no presente feito, ainda assim a prática da captação ilícita de sufrágio em benefício dos candidato Representado tornaria cabível a incidência da sanção de cassação dos respectivos registros ou diplomas).

Representação. Captação ilícita de sufrágio. 1. A atual jurisprudência deste Tribunal não exige, para a configuração da captação ilícita de sufrágio, o pedido expresso de votos, bastando a evidência, o fim especial de agir, quando as circunstâncias do caso concreto indicam a prática de compra de votos. 2. O pagamento de inscrição em concurso público e de contas de água e luz em troca de votos, com o envolvimento direto do próprio candidato, em face das provas constantes dos autos, caracteriza a captação ilícita de sufrágio prevista no art. 41-A da Lei nº 9.504/97. Recurso ordinário provido. Decisão: O Tribunal, por maioria, proveu o recurso, nos termos do voto do Ministro Arnaldo Versiani, que redigirá o acórdão. Vencidos os Ministros Gilson Dipp e Henrique Neves (negritos inovados) TSE- 1510-12.2010.603.0000. RO - Recurso Ordinário nº 151012 - Macapá/AP. Acórdão de 12/06/2012. Relator(a) Min. GILSON LANGARO DIPP. Relator(a) designado(a) Min. ARNALDO VERSIANI LEITE SOARES. Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 162, Data 23/08/2012, Página 38

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. ELEIÇÕES 2008. PREFEITO. REPRESENTAÇÃO. CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO. ART. 41-A DA LEI 9.504/97. CONFIGURAÇÃO. CONHECIMENTO PRÉVIO. DEMONSTRAÇÃO. MULTA PECUNIÁRIA. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. NÃO PROVIMENTO. 1. A decretação de nulidade de ato processual sob a alegação de cerceamento de defesa - inobservância do art. 22, I, a, da LC 64/90 - pressupõe a efetiva demonstração de prejuízo, nos termos do art. 219 do CE, o que não ocorreu no caso concreto. Precedentes. 2. A caracterização da captação ilícita de sufrágio pressupõe a ocorrência simultânea dos seguintes requisitos: a) prática de uma das condutas previstas no art. 41-A da Lei 9.504/97; b) fim específico de obter o voto do eleitor; c) participação ou anuência do candidato beneficiário na prática do ato. 3. Na espécie, o TRE/MG reconheceu a

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