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29º Seminário de Extensão Universitária da Região Sul CONSOLIDAÇÃO DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DO LEITE EM SANT ANA DO LIVRAMENTO E REGIÃO APL DO LEITE

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Tiago Zardin Patias – Mestre em Administração professor da Universidade Federal do Pampa Campus Sant’Ana do Livramento tiagopatias@unipampa.edu.br; Daiana de Marco acadêmica do curso de Administração da Universidade Federal do Pampa Campus Sant’Ana do Livramento.

29º Seminário de Extensão Universitária da Região Sul

CONSOLIDAÇÃO DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DO LEITE EM SANT´ANA DO LIVRAMENTO E REGIÃO – APL DO LEITE

Área Temática: Tecnologia e Produção

Tiago Zardin Patias (Coordenador da Ação de Extensão)

Tiago Zardin Patias; Daiana de Marco

Palavras – chave: Arranjo Produtivo Local; Administração; Rural

Resumo

O Projeto de extensão de Consolidação do APL do Leite tem por objetivo desenvolver ações para a consolidação e o fortalecimento da Bacia Leiteira Local e regional. Em síntese o que se pretende é o desenvolvimento da região, das pessoas e das organizações que estão inseridas neste contexto, em parceria com instituições relacionadas à área. O projeto está em andamento desde o ano de 2008, acompanhando a execução do planejamento que é realizado ao final de cada ano, bem como auxiliando na execução de ações vinculadas a Universidade.

Introdução

Vislumbrou-se a possibilidade de aliar teoria e prática, através de um trabalho transversal e interdisciplinar, que é o que se propõe com a análise de cadeias produtivas. É transversal, pois supera aspectos das organizações, elevando a discussão para aspectos interorganizacionais, institucionais e políticos, em virtude da natureza meso-analítica deste tipo de ação. Interdisciplinar, pois possibilitará ao acadêmico integrar as diversas disciplinas que estão sendo aprendidas no curso e perceber a complexidade do sistema em que está inserido.

A Universidade Federal do Pampa, em sua lei de criação, recebe a missão de atuar como agente de desenvolvimento regional. O campus Sant’Ana do Livramento seguindo esta missão, propõe-se a desenvolver pessoas para a gestão das organizações, trabalhando cooperativamente com os demais atores da sociedade para promover o desenvolvimento regional. Neste sentido, o envolvimento institucional com o desenvolvimento da proposta do grupo parece convergir, com objetivos congruentes, pois em síntese o que se pretende é o desenvolvimento da região, das pessoas e das organizações que estão inseridas neste contexto, em parceria com instituições públicas, privadas e do terceiro setor.

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A proposta se diferencia por trabalhar com uma mudança de paradigma na região. Sabe-se que historicamente a economia da região girou em torno de grandes latifúndios com criação extensiva de gado de corte. No entanto, as dificuldades atuais enfrentadas pelo setor e a inserção do pequeno e médio produtor na economia local vêm demonstrando mudanças para novas oportunidades de renda. Este fato revela a necessidade de organização, desenvolvimento de aptidões para o trabalho coletivo e a consciência da convergência de interesses para possibilitar alternativas de desenvolvimento para a região. Percebeu-se que suprida a necessidade de organização dos pequenos e médios produtores rurais, inclusive assentados (em torno de 1500 famílias na região), poderá se ter um significativo potencial de crescimento para a cadeia produtiva na região. A produção de leite configura-se como alternativa viável, econômica e socialmente, por produzir alimentos, cuja demanda atual é crescente, além de gerar emprego e renda, fixando o homem a terra. No mês de março de 2008, iniciou-se as reuniões do grupo denominado GT Leite em Sant’Ana do Livramento. No início das atividades foram convidadas instituições técnicas, de fomento, cooperativas, associações de produtores, cooperativa de assentados, governo local e outras universidades locais. A primeira reunião contou com mais de 30 pessoas onde foram apresentados dados do setor e conduziu-se o debate em torno da questão: “como a cadeia produtiva do leite de Sant’Ana do Livramento pode crescer e reduzir custos?”; As reuniões foram inicialmente quinzenais visando criar um plano de trabalho para o grupo.

Estabeleceu-se o plano de trabalho no dia 27 de maio de 2008, cujo objetivo maior fora definido como elaborar proposta de Planejamento e Gestão Estratégica para a Cadeia Produtiva do Leite no Município de Sant’Ana do Livramento. Os objetivos específicos do plano de trabalho foram: a) Reunir dados existentes sobre a Cadeia Produtiva do Leite no Município de Sant’Ana do Livramento. b) Reunir informações sobre Programas, públicos e privados, que estão em desenvolvimento no Setor do Leite no Município. c) Levantar quem são os produtores para criar banco de dados. d) Elaboração e validação do instrumento de coleta de dados. e) Pesquisa e analise de dados. f) 1º Workshop: Validação e apresentação do mapeamento da Cadeia Produtiva do Leite; Planejamento coletivo e proposição da formação de organização vertical para o setor. g) 2º Workshop: Resultado do Planejamento e Validação, Criação da organização vertical.

Atualmente o trabalho está dividido em projeto de pesquisa, que ficou com a análise dos dados e projeto de extensão que visa consolidar o APL em Sant´Ana do Livramento e na região, executando e acompanhando o planejamento estratégico. Este é um projeto que está permitindo olhar à bacia leiteira da região com outra perspectiva, de desenvolvimento e qualificação.

Quando se estudam objetos complexos é necessário o uso de metodologias sistêmicas, que permitam apreender a complexidade do objeto. Diante desta compreensão, Cônsoli e Neves (2006) propõe um processo de Planejamento e Gestão Estratégica de Sistemas - GESis, com 5 etapas, visando a implementação de gestão estratégica em sistemas produtivos. O método está resumido na figura 1. O processo de Planejamento e Gestão Estratégica de Sistemas - GESis tem início a partir da iniciativa de alguma organização existente do setor (normalmente organização setorial), em conjunto com Governo, universidades e institutos de pesquisas, desejosa para organizar um processo de planejamento e visão de futuro para o sistema produtivo. A iniciativa também pode vir do Governo, através das chamadas câmaras setoriais. Também nesta etapa se recebem informações das organizações de pesquisa, governo e setor privado sobre tópicos importantes

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relacionados ao sistema produtivo: quem participa do sistema, quem são os principais atores e como ter representatividade neste sistema produtivo.

Fonte: Cônsoli e Neves, 2006.

Figura 1 - Método proposto para Planejamento e Gestão Estratégica de Sistemas Produtivos

Tão importante quanto à análise interna de um negócio é a análise externa, tanto do macro-ambiente (ambiente organizacional, institucional e tecnológico) quanto do ambiente imediato (fornecedores, concorrentes, distribuidores e consumidores). A fase de mapeamento e quantificação pode ser resumida em seis etapas: a) Descrição do Sistema (Cadeia) Agroindustrial em estudo; b) Submissão da descrição para executivos do setor privado e outros especialistas, visando ajustes na estrutura; c) Pesquisa por dados de vendas em associações, instituições e publicações; d) Entrevistas com especialistas e executivos de empresas; e) Quantificação; f) Workshop.

A criação de uma organização vertical pode contribuir para se atingir os seguintes objetivos: a) organização das informações existentes e trocas de informações, b) fórum para discussão das estratégias, c) organização com flexibilidade para captar e usar recursos, d) ter uma voz do sistema produtivo e representação do sistema junto às instituições, e) trabalhar uma agenda positiva ao setor, e, finalmente, construir e implementar a Gestão Estratégica do Sistema.

A proposta do GESis pode ser complementada por dois outros elementos, ao se desenvolver uma metodologia para atender o objetivo desta pesquisa: análise da competitividade do setor e análise de aspectos que possam caracterizar a emergência de um arranjo produtivo local. A fase 2 do GESis pode ser usada para levantar características dos atores, visando qualificar tendências associativas e a fase 4 pode ter como contraponto orientativo das estratégias setoriais a definição dos padrões de competitividade já estabelecidos para este setor.

Se tomados os aspectos da competitividade esta pode ser entendida de diversas formas dentro das ciências sociais aplicadas, podendo tratar desde a análise de mercados específicos, onde várias firmas interagem, até o posicionamento de uma firma perante o mercado onde atua (GUIMARÃES, 1982; FERRAZ, KUPFER e HAGUENAUER, 1997; COUTINHO e FERRAZ, 1997).

Os aspectos qualitativos da organização deste setor produtivo também devem ser considerados, visando observar se o mesmo pode ganhar características de um arranjo produtivo local ou de um distrito industrial, nos moldes do norte da Itália. Para tanto, é necessário considerar que o desenvolvimento de qualquer país ou região ocorre de forma não homogênea, ou seja, ocorre inicialmente em pólos e dos

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pólos ele se propaga. Sendo assim, algumas regiões são preteridas perante outras e os pólos crescem em prejuízo da periferia.

Neste sentido, torna-se importante definir território como sendo o lugar de produção e reprodução, de circulação e de acumulação de valores. O território produtivo é então um conjunto sistêmico articulado, sobre o qual as redes produtivas (materiais e imateriais) acumulam as potencialidades que expressam as formas de vida dos sujeitos que povoam seu espaço (AZAÏS; CORSANI e NICOLAS, 1997).

As dimensões destas concentrações diferenciam-se em clusters e distritos industriais. Cluster é uma concentração geográfica e setorial de empresas, principalmente, de menor porte. Já o Distrito Industrial é um cluster com eficiência coletiva, onde há a soma de estoques de externalidades, mais as ações conjuntas, voluntárias e cooperativas das empresas. De acordo com Becatini (1994), o distrito industrial é uma entidade sócio-territorial caracterizada pela presença ativa de uma comunidade de pessoas e de uma população de empresas, num determinado espaço geográfico e histórico. Neste, tende-se a criar uma osmose perfeita entre a comunidade local e as empresas.

A interação entre as empresas dentro de um distrito industrial provoca ganhos de vantagens competitivas. Camagni apud Rabellotti (1997), explica as vantagens competitivas pela geração dos seguintes efeitos econômicos: economias externas estáticas: redução de custos para as firmas locais em comparação às isoladas; economias externas dinâmicas: processos educacionais e de treinamento, acúmulo de conhecimento e de know-how, presentes de forma natural e socializada; economias de proximidade: redução de custos de transação e os custos de usar o mercado, através da facilidade da circulação de informações e contatos dentro do distrito; sinergia: elementos que fortalecem a capacidade de inovação local através de processos de imitação, interações entre agentes locais, parcerias público-privadas envolvendo infraestrutura, centros de serviços e agentes potencialmente receptores de inovações, além da cooperação fornecedor cliente.

Já os Arranjos Produtivos Locais, segundo Villaschi Filho e Campos (2002), são caracterizados por atores (não necessariamente e exclusivamente empresariais e/ou concentrados em espaços contíguos) que, mesmo obedecendo a lógicas distintas e

não necessariamente convergentes (pública/privada/

empresarial/governamental/terceiro setor), estabelecem (ou estão em condições de estabelecer) relações de cooperação no aprendizado voltado para inovações que resultem em maior competitividade empresarial e capacitação social.

Metodologia

O projeto está estruturado em quatro fases:

Fase 1: (Sensibilização): Processo iniciado e concluído em 2008.

Fase 2: (Preparação): Elaboração de questionário que foi aplicado a uma amostra de produtores rurais de leite do município, constituindo o diagnóstico. Logo em seguida, elaboração do Planejamento Estratégico do APL do Leite.

Fase 3: (Implementação): Desenvolvimentos dos projetos e respectivas ações com vistas a execução do que foi planejado.

Fase 4: Avaliação e revisão do Planejamento Estratégico. Tabela 1 - Cronograma (2008-12) FASES 2008 2009 1º SEM 2010 2º SEM 2010 1º SEM 2011 2º SEM 2011 1º SEM 2012 2º SEM 2012

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[Digite texto] Fase 1 x Fase 2 x Fase 3 x x x x x x Fase 4 x Conclusões

O projeto de consolidação do APL do leite é um projeto de acompanhamento voltado ao segmento, com vistas a potencializar a eficiência coletiva e construir novos patamares de competitividade, que resultarão em desenvolvimento regional, um fim da Universidade Federal do Pampa. Os objetivos que o projeto se propôs desde o seu início em 2008 estão sendo alcançados, graças a colaboração de todas as entidades, que eram nove e agora já são 14, mostrando o fortalecimento do APL. Os desafios imediatos são formalizar o APL do Leite, através de um acordo entre todas as entidades, para que possa ser reconhecido pelos governos estadual e federal que ainda não participam ativamente da iniciativa através das secretarias (Secretaria de Agricultura do RS) e dos ministérios (Ministério do Desenvolvimento Agrário e Ministério da Agricultura). Para a Unipampa, campus Santana do Livramento um dos desafios e tornar este projeto um programa de extensão, fortalecendo com ações dos demais campi, como Dom Pedrito (que já participou de ações) e Uruguaiana e Itaqui que possuem em suas estruturas expertises para colaborar.

Importante destacar que para os produtores rurais, este projeto tem trazido oportunidade de novos aprendizados e técnicas de produção de leite, além do fortalecimento do setor junto ao mercado. Para a comunidade o retorno diretamente dos ganhos dos produtores, que reinvestem na localidade os ganhos. Para os acadêmicos de administração, gestão pública e ciências econômicas tem despertado interesse pela gestão de propriedades rurais, estratégias e aspectos mercadológicos de produção.

Referências

AZAÏS, C.; CORSANI, A.; NICOLAS, P. Indústria e território: o que a economia industrial e a economia espacial têm a nos oferecer?. Revista ANPEC, n. 2, 1997, p. 91 - 113.

BECATTINI, Giacomo. O distrito marshalliano. In: BENKO, Geoges; LIPIETZ, Alain. As regiões ganhadoras. Oeiras: Celta Editora, 1994, p. 19 - 31.

CÔNSOLI, M. A.; NEVES, M. F. (coords). Estratégias para o leite no Brasil. São Paulo: Atlas, 2006.

COUTINHO, L; FERRAZ, J. C. Estudo da competitividade da indústria brasileira. 3. ed. São Paulo: Papirus, 1997.

FERRAZ, J.C.; KUPFER, D; HAGUENAUER, L. Made in Brazil: desafios competitivos para a indústria. Rio de Janeiro: Campus, 1997.

GUIMARÃES, E. A. Acumulação e crescimento da firma. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.

RABELLOTTI, Roberta. Existe um modelo de distrito industrial? Distritos de calzado en Itália y México comparados. Informe de Conyuntura, n.67-68, junio/julio 1997, p. 89-110.

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VILLASCHI FILHO, A.; CAMPOS, R. R. Sistemas/arranjos produtivos localizados: conceitos históricos para novas abordagens. In: CASTILHOS, C.C. Programa de apoio aos sistemas de produção e construção de uma política pública no RS. Porto Alegre: FEE/ Sedai, 2002.

Referências

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