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Academic year: 2021

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A ANPEI, entidade constituída por empresas que investem continuamente em tecnologia, ciente da necessidade do setor privado de aumentar substancialmente seus gastos em pesquisas, como forma de aumentar a competitividade e a lucratividade das empresas, preparou o presente trabalho a fim de buscar novas interpretações sobre as razões das empresas investirem tão pouco em P&D&I no Brasil, bem como sugerir medidas adequadas para uma mudança radical dessa realidade.

Uma das razões principais da elaboração deste trabalho foi a constatação de que muito pouco se fez no Brasil, nas últimas décadas, para estimular o processo de aceleração dos investimentos em P&D&I no setor produtivo brasileiro, e de que o pouco que se fez não produziu os resultados esperados. Isso se deu na contramão do que ocorreu na maioria dos países avançados e dos industrialmente emergentes, que conseguiram acelerar ainda mais o processo de aumento da competitividade via inovação tecnológica através de pesados investimentos, públicos e privados, nas áreas de P&D&I.

Aliás, a ANPEI, desde a sua criação, há 20 anos, sempre se preocupou com a defasagem tecnológica do setor produtivo brasileiro e a sua conseqüente baixa competitividade internacional. Já em 1985/1986, antevendo o rápido avanço na aplicação prática dos novos conhecimentos e a aceleração dos investimentos em desenvolvimento tecnológico nos demais países industrializados, a ANPEI lançava um trabalho semelhante a este, que, coincidentemente chamou-se “A Retomada do Desenvolvimento Econômico e Industrial – O Desafio Tecnológico”, no qual demonstrávamos essa nossa preocupação e propúnhamos medidas de estímulo para reverter o quadro brasileiro, nessa importante e estratégica área de geração de riqueza e desenvolvimento econômico e social.

Foram estabelecidas as seguintes premissas para a realização deste trabalho: (I) realização de entrevistas com empresários e dirigentes de empresas, para procurar detectar seu comportamento em relação à tecnologia, isto é, como eles vêem a importância da tecnologia no processo de desenvolvimento das suas empresas; (II) para dar maior solidez à análise dos problemas identificados, novas informações foram capturadas em bases de dados existentes; (III) análise de políticas públicas, aplicadas ao longo dos anos, de incentivo ao desenvolvimento tecnológico nacional, para identificação clara das brechas que ainda precisam ser preenchidas e para correção daquelas que produziram pouco efeito.

Para essa importante tarefa, a ANPEI convidou o economista Mauro Arruda e o Prof. Dr. Roberto Vermulm da Universidade de São Paulo, ambos com larga experiência na área tecnológica, para auxiliar no desenvolvimento deste trabalho, o qual contou ainda com a colaboração inestimável da economista Sandra Hollanda, especialista em indicadores de C,T&I e que muito colaborou com a estruturação da pesquisa PINTEC, realizada pelo IBGE. Em questões pontuais, ainda colaboraram Renato Corona, Gerente do Departamento de Competitividade e Tecnologia da FIESP, e Dr. Denis Barbosa, advogado especialista em direito tributário, com reconhecida

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revisão do trabalho, dado serem eles que vivenciam o dia a dia dos projetos tecnológicos de suas respectivas empresas, tendo, portanto, larga experiência e conhecimento dos problemas e das dificuldades para se fazer inovação tecnológica no Brasil.

A ANPEI, ao comemorar seus vinte anos, espera que este trabalho contribua efetivamente para o debate sobre os novos caminhos que as empresas, nacionais e estrangeiras do setor produtivo brasileiro, devem trilhar para que o País passe a ser identificado e reconhecido como gerador de novas tecnologias e inovações, neste importante momento de grande esforço exportador e de participação crescente do Brasil no mercado mundial de produtos industrializados e de alto valor agregado. Propomos no final do trabalho medidas para o aumento do apoio e estímulo a serem oferecidos para acelerar o processo de aumento da competitividade tecnológica dessas empresas, a nível mundial.

Ronald Martin Dauscha Olivio M. S. Avila Presidente Diretor Executivo

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1

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O presente trabalho tem por objetivo discutir e propor medidas para elevar o nível de inovação tecnológica das empresas, notadamente através de investimentos em pesquisa e desenvolvimento, como forma de superar os baixos níveis de inovação que prevalecem na indústria brasileira desde o início de nossa industrialização.

Sem dúvida, esse quadro tem raízes em problemas estruturais que nunca foram profundamente discutidos e, como conseqüência, nunca sofreram o tratamento correto e necessário. Nas duas últimas décadas, as crises pelas quais passou a economia brasileira e as políticas de natureza macroeconômica desencorajaram projetos de P&D de maior ambição, ao sustentarem elevado nível de incerteza quanto ao sucesso dos investimentos. Contribui também, o grau de acanhamento das políticas públicas, algumas inadequadas à realidade tecnológica nacional. Por fim, mas não menos importante, o comportamento das empresas, mais particularmente dos seus empresários e dirigentes, que, com raras exceções – e os números comprovam isso – ainda não reconhecem e não dão o devido valor à tecnologia e à inovação como ferramentas estratégicas para o desenvolvimento e a competitividade de suas empresas, a médio e longo prazo.

Paralelamente às entrevistas com empresários e dirigentes de empresas, foram utilizadas tabulações especiais da PINTEC, pelas quais a ANPEI agradece ao IBGE. Esta pesquisa, além de ser a primeira realizada com dimensão nacional, é de grande valia porque apresenta uma série de informações extremamente relevantes sobre a realidade do quadro brasileiro em relação à inovação no setor industrial.

O resultado da análise dos dados da PINTEC foi confirmado através das entrevistas, as quais enriqueceram as informações básicas e ajudaram a interpretar os resultados visualizados na pesquisa. Algumas dessas questões merecem destaque.

Primeiramente, as empresas que mais investem em tecnologia têm na conquista, na manutenção e na ampliação de suas posições de mercado o verdadeiro incentivo para fazerem esse investimento. Em segundo lugar, e com base nos dados da PINTEC do IBGE, são as grandes empresas as que mais investem e, entre elas, as empresas de capital estrangeiro investem mais que as nacionais, embora deva ser destacado que no Brasil essas empresas representavam, em 2000, cerca de 3% do número de empresas industriais com

mais de 10 empregados, mas eram responsáveis por aproximadamente 38% da

receita líquida de vendas. Essas e outras informações serão apresentadas em detalhes nos capítulos que se seguem.

Também nas entrevistas com empresários e com especialistas de determinados segmentos da indústria foi possível constatar as verdadeiras causas que impedem as pequenas e médias empresas de investirem em tecnologia. Elas são, antes de tudo, estruturais e se não forem abordadas de forma sistêmica, de nada adiantam soluções pontuais como as empregadas até o presente. Antes de tudo, a principal explicação está em como elas se comportam em relação ao mercado. As explicações tradicionais não tocam nesse problema.

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Um outro aspecto relevante levantado por este trabalho é que o perfil do empresário e do executivo, seja este último oriundo de empresas de capital nacional ou estrangeiro, é determinante na capacitação tecnológica das empresas. Particularmente no caso das empresas de capital estrangeiro, as que investiram em centros de P&D no País, excetuando-se as pertencentes aos segmentos de informática e telecomunicações, foram principalmente as empresas cujos dirigentes se empenharam pessoalmente para isso.

Todos esses temas serão abordados ao longo deste trabalho que se encontra estruturado em quatro capítulos.

No primeiro, buscou-se explorar as informações da PINTEC, do IBGE. Foram realizadas análises do comportamento das empresas segundo os setores industriais, o porte das empresas e a origem do capital.

No segundo capítulo, são discutidas as causas do baixo volume de investimentos das empresas em tecnologia. Foram recuperadas as análises tradicionais dessas causas, sempre lembradas nos diferentes fóruns em que a questão é debatida. Porém, o importante é que são trazidas à discussão novas interpretações que apontam, sobretudo, para problemas estruturais ainda pouco discutidos.

No terceiro capítulo, são analisados detalhadamente os instrumentos existentes que incentivam o desenvolvimento tecnológico das empresas. Com isso, foi possível ver suas falhas e o que necessita ser corrigido. Ao mesmo tempo, essa revisão auxilia na divulgação de instrumentos e detalhes operacionais que geralmente são pouco utilizados e até mesmo pouco conhecidos pelos dirigentes, executivos e técnicos das empresas e do público em geral.

Por fim, o último capítulo é de recomendações. Nele estão sendo apresentadas para discussão o que precisa realmente ser feito em termos de política pública face ao diagnóstico encontrado nos capítulos precedentes. Vale ressaltar que as idéias aqui apresentadas foram discutidas com diferentes interlocutores, havendo razoável concordância quanto à direção das propostas. Nesse debate também ficou evidente a necessidade de discutir essas idéias com especialistas em direito tributário e com representantes das agências de fomento do governo que detêm grande experiência na operacionalização de programas de incentivo ao desenvolvimento tecnológico nacional.

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As razões da reconhecida debilidade do esforço de pesquisa e

desenvolvimento (P&D)1 da indústria brasileira devem ser analisadas com cuidado,

levando em consideração a natureza particular dessas atividades e o seu significado mais amplo para os processos de mudança tecnológica.

Em primeiro lugar, a P&D deve ser compreendida como o núcleo criativo das atividades científicas e tecnológicas. Sendo “a presença de elemento apreciável de novidade e a resolução da incerteza científica e/ou tecnológica” o critério básico para distinguir a P&D das demais atividades rotineiras, o seu caráter é necessariamente restrito e diferenciado. Isso explica porque a sua ocorrência a torna um fenômeno especial, concentrado em determinadas empresas, setores e países. Na ótica das empresas, a P&D não constitui a única forma de criação de conhecimento, nem está dissociada de outras atividades essenciais rotineiras e não rotineiras da empresa e de suas decisões de caráter estratégico e mercadológico.

Em outros termos, assim como as demais decisões de investimento, as decisões de P&D são orientadas por expectativas de ganhos futuros. Para a empresa, o fator determinante nessa decisão é a perspectiva de melhorar a sua performance competitiva, sob ângulos diversos, e obter aumentos de rentabilidade e de participação no mercado. Evidentemente essa percepção tem forte relação com a trajetória particular da empresa e com a avaliação tanto da sua posição no mercado como das condições atuais e futuras da concorrência. Assim, em setores tecnologicamente mais dinâmicos, as estratégias e os recursos aplicados em P&D tendem a ser altamente críticos, constituindo, em alguns deles, requisito básico para a sobrevivência das empresas. Inversamente, em setores tradicionais, essas estratégias aparecem principalmente como fator de diferenciação competitiva para empresas mais dinâmicas. Em qualquer dos casos, trata-se da empresa identificar reais oportunidades de ganhos com a aquisição de novos conhecimentos e com novas aplicações em seus espaços de atuação.

Um segundo aspecto a ser considerado é que o conhecimento gerado pela P&D das empresas constitui-se num insumo para o processo de inovação

1

As atividades de P&D compreendem o trabalho criativo, realizado em bases sistemáticas, com a finalidade de ampliar o estoque de conhecimento (...) assim como o uso desse estoque de conhecimento na busca de novas aplicações (OECD, 2002).

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tecnológica e produção competitiva de bens e serviços, e não um fim em si. Dessa forma, os efeitos das atividades de P&D sobre a performance competitiva das empresas dependem da combinação desses esforços com vários outros fatores, como a visão empresarial, a competência gerencial, o desenvolvimento de relações de cooperação, a gestão tecnológica e mercadológica da empresa e a disponibilidade, facilidade e custo de captação de recursos para investimentos produtivos. Em outros termos, o grau de difusão dos processos de inovação tecnológica não decorre apenas, ou em maior medida, da realização de atividades de P&D.

Assim, as atividades associadas à implementação das inovações tecnológicas podem ser desenvolvidas tanto no interior da própria empresa, como por meio de aquisição de bens, serviços e conhecimentos externos. No primeiro caso, trata-se da realização das atividades internas de pesquisa e desenvolvimento. Nos demais, as empresas podem ter acesso a novas tecnologias incorporadas em máquinas e equipamentos mais avançados, seja pela aquisição de conhecimentos

externos (NQRZ KRZ, patentes e licenças), pela contratação externa de P&D, ou

ainda pelo treinamento do pessoal empregado.

O reconhecimento das motivações econômicas na busca de novos conhecimentos e de novas aplicações pelas empresas, e da natureza complexa do processo de inovação tecnológica explica, desde a última década, a grande preocupação dos países desenvolvidos com o estímulo às atividades inovativas. Isso não significa que a P&D tenha perdido a dimensão de insumo importante e crítico para a inovação, sobretudo quando se consideram os seus desdobramentos para a capacitação tecnológica e a competitividade das empresas que realizam tais atividades, e as oportunidades de longo prazo de estratégias sustentadas de P&D. Entretanto, através da ênfase à inovação, desloca-se o foco exclusivo na P&D para uma abordagem mais ampla das distintas formas de acesso ao conhecimento e sua aplicação pelas empresas, e buscando identificar os seus resultados no mercado.

Em relação aos países em desenvolvimento, é fato conhecido que as empresas têm acesso a novas tecnologias principalmente através dessas outras atividades que não a de P&D, ou dito de outra forma, os processos de difusão

tecnológica prevalecem no comportamento inovador da industria2. Nesses países, a

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5

atividade de P&D tem sido restrita, no sentido de que tanto a capacidade de realizá-la como seu significado econômico não alcançam grande número de empresas e de setores.

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A Pesquisa Industrial – Inovação Tecnológica (PINTEC), do IBGE, apresenta um conjunto de informações abrangentes sobre a realização das atividades

inovativas pelas empresas brasileiras, no período de 1998 a 20003, permitindo

cruzamentos de resultados entre as atividades de P&D e as demais atividades. A seguir, são analisados os principais resultados da pesquisa do IBGE e extraídas algumas conclusões preliminares sobre as características do processo de inovação no Brasil.

A taxa de inovação para o conjunto das empresas industriais brasileiras é de 31,5%. Do universo de 72.005 empresas industriais consideradas, somente 22.698 implementaram produtos e/ou processos novos ou substancialmente aprimorados para a empresa ou para o mercado, no período considerado. Para se ter uma idéia do significado desse percentual, é útil recorrer à comparação com a Espanha, país

que apresenta indicadores industriais agregados semelhantes ao Brasil4. Para o

mesmo período, a taxa de inovação brasileira está muito próxima da taxa de inovação das empresas espanholas: 34,8%.

Neste trabalho iremos nos ater mais à análise interna e evolutiva do Brasil, ao invés de fazer benchmark com outros paises, forma esta utilizada com freqüência no passado para analisar a situação brasileira, mas que tem dado pouco resultado no sentido de se buscar novos caminhos para a aceleração do processo de desenvolvimento tecnológico do setor produtivo brasileiro.

A taxa de inovação das empresas brasileiras pode ser decomposta da seguinte forma: somente 6,3% das empresas implementaram inovações de produto, 13,9% apenas de processo e 11,3% de produto e processo. Considerando as

3

A referência dos dados da PINTEC para a maior parte das informações qualitativas é o período de três anos, entre 1998 e 2000, seguindo a recomendação da OCDE. Por sua vez, as informações quantitativas referem-se ao ano 2000. O universo da pesquisa corresponde às empresas industriais com mais de 10 pessoas empregadas.

4 As informações sobre a pesquisa de inovação da Espanha foram utilizadas para efeito de comparação com os resultados da pesquisa brasileira pelo IBGE, por ocasião da divulgação da PINTEC 2000.

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empresas que implementaram os dois tipos de inovação, a taxa para produto, do conjunto das empresas brasileiras é de 17,6% e a de processo, 25,2% (ver Tabela 1.1 a seguir).

Há no trabalho um quadro mostrando a taxa de inovação, em produto e processo, para cada setor produtivo.

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Atividades Geral Pro-duto cesso

Pro-Empresas de capital nacional 30,6 16,5 24,5

Empresas de capital estrangeiro 61,8 50,2 47,3

12435 687:95<; =6 > ?A@B ?DC4@E F8B8@F

Indústrias extrativas 17,2 5,3 16,5

Indústria de transformação 31,9 17,9 25,4

Fabricação de produtos alimentícios e bebidas 29,5 16,4 24,9

Fabricação de produtos do fumo 34,8 25,7 15,6

Fabricação de produtos têxteis 31,9 18,9 26,3

Confecção de artigos do vestuário e acessórios 26,2 11,6 21,2

Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos de viagem

e calçados 33,6 17,4 27,8

Fabricação de produtos de madeira 14,3 7,0 13,0

Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 24,8 11,7 22,6

Edição, impressão e reprodução de gravações 33,1 8,9 32,9

Fabricação de coque, refino de petróleo, elaboração de combustíveis

nucleares e produção de álcool 33,6 18,1 30,4

Fabricação de produtos químicos 46,1 37,7 30,8

Fabricação de artigos de borracha e plástico 39,7 22,3 33,1

Fabricação de produtos de minerais não-metálicos 21,0 9,8 18,4

Metalurgia básica 31,4 15,7 22,8

Fabricação de produtos de metal 32,8 13,9 27,5

Fabricação de máquinas e equipamentos 44,4 33,5 28,2

Fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática 68,5 67,7 33,5 Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos 48,2 37,1 35,9 Fabricação de material eletrônico e de aparelhos e equipamentos de

comunicações 62,5 49,8 37,4

Fabricação de equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, instrumentos de precisão e ópticos, equipamentos para automação

industrial, cronômetros e relógios 59,1 40,3 34,3

Fabricação e montagem de veículos automotores, reboques e carrocerias 36,4 21,8 28,7

Fabricação de outros equipamentos de transporte 43,7 38,6 15,5

Fabricação de móveis e indústrias diversas 34,4 19,6 27,7

Reciclagem 13,1 2,4 13,1

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Em termos setoriais, as taxas gerais de inovação5 mais elevadas são

encontradas em alguns dos setores de atividade nos quais é mais acelerado o avanço do conhecimento técnico-científico: fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática (68,5%); fabricação de material eletrônico e de aparelhos e equipamentos de comunicações (62,5%); fabricação de equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, instrumentos de precisão e ópticos, equipamentos para automação industrial, cronômetros e relógios (59,1%); e fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (48,2%). Estes setores estão entre aqueles que apresentam maior intensidade e complexidade tecnológica e que podem ser considerados como geradores e transmissores de progresso técnico para outras atividades econômicas. Para eles a inovação de produto é mais importante do que a inovação de processo, o que se encontra espelhado nas taxas de inovação diferenciadas para produto e processo. Estas características tecnológicas contribuem para a constituição de estruturas de mercado relativamente concentradas. É importante destacar que, do universo de 72.005 empresas, nesses setores encontram-se apenas cerca de 4% delas.

Outra observação interessante é que desses quatro setores com maiores taxas de inovação, os dois primeiros contam com a Lei de Informática que concede benefício fiscal para as empresas que cumprirem com o Processo Produtivo Básico – PPB e, ao mesmo tempo, investirem determinado percentual do faturamento líquido obtido no mercado interno na realização de P&D, interna à empresa e em parceria com instituições de pesquisa.

Cabe notar que as pesquisas de inovação em geral, incluindo a do IBGE, abrangem tanto as inovações para o mercado quanto para a própria empresa (ou seja, nestes casos, o produto ou processo já existiam no mercado, mas a empresa não os possuía ou não os utilizava), o que significa que ambos os tipos de inovação aparecem juntos tanto no esforço próprio de capacitação tecnológica como no esforço de modernização através de outras formas de aquisição de conhecimento já produzido e já difundido no mercado. Quando se consideram apenas as inovações para o mercado, o esforço inovador das empresas brasileiras é ainda mais restrito. Das empresas que implementaram inovação de produto, apenas 23,5% declararam

5 A taxa geral refere-se ao resultado da soma das empresas que realizaram inovação de produto e das que realizaram inovação de processo, subtraindo o subconjunto das que implementaram os dois tipos de inovação.

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que o produto era novo para o mercado.Para as inovações de processo, essa proporção é ainda menor: 11,0% (Tabela 1.2).

Isso equivale a dizer que somente 4% do total das empresas industriais com 10 ou mais pessoas empregadas, lançaram produtos novos no mercado, no período de 1998 a 2000. Raciocínio análogo aplica-se a aproximadamente 3% das empresas quando se trata de processos novos para o mercado. Esses dados confirmam a percepção já mencionada de que, em países como o Brasil, o comportamento inovador da indústria é dominado predominantemente pelos processos de difusão tecnológica.

Mais do que isto, há um número expressivo e preocupante de empresas, formais e informais, sobretudo de menor porte, que não participam desses processos, nem de inovação e nem de difusão tecnológica. Essas empresas encontram-se defasadas em relação às demais, sendo responsáveis por uma excessiva heterogeneidade setorial e intra-setorial. Em decorrência, surgem graves problemas na estruturação das cadeias produtivas e na mortalidade precoce de empresas.

Tomando por base os resultados agregados sob a ótica da origem do capital da empresa, as diferenças são muito expressivas. A taxa geral de inovação para as empresas de capital estrangeiro é mais que o dobro da encontrada para as empresas de capital nacional, respectivamente 61,8% e 30,6% (ver Tabela 1.1). A diferença é praticamente a mesma para as taxas de inovação de processo, mas é significativamente ampliada quando se consideram as taxas de produto: a proporção de empresas de capital estrangeiro que introduzem inovações de produto em relação ao universo das estrangeiras é mais de três vezes superior à mesma proporção de empresas de capital nacional.

Daí se conclui que enquanto as empresas de capital nacional privilegiam as inovações de processo, mantendo a trajetória tecnológica das empresas brasileiras de buscarem a competitividade através da eficiência produtiva, as estrangeiras buscam tanto as inovações de produto quanto de processo. Por outro lado, as empresas de capital estrangeiro contam com a estrutura de suas próprias corporações para o desenvolvimento de novos produtos, a qual desempenha papel fundamental na estratégia de inovações de produto das subsidiárias localizadas no Brasil. O conjunto dos dois fatores acima geram um grande diferencial entre as

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9

empresas de capital nacional e as de capital estrangeiro, no que concerne à capacidade de inovar para o mercado.

Conforme pode ser observado na Tabela 1.2 abaixo, as empresas de capital estrangeiro também inovam mais quando a referência é o mercado nacional. Aqui, as diferenças em relação às nacionais são ainda mais expressivas. Note-se, contudo, que, mesmo tomando como referência o mercado nacional, as inovações não supõem necessariamente um esforço próprio de capacitação tecnológica. Em particular, no caso das empresas de capital estrangeiro, as taxas mais elevadas podem estar refletindo uma estratégia de “internalização” de produtos ou processos novos desenvolvidos no exterior por outras empresas do grupo. Por outro lado, no caso das empresas de capital nacional, o baixo percentual de inovações de processo para o mercado nacional (8,9%) confirma que se trata de processos de modernização das empresas e não inovação propriamente dita.

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Produto Processo

Empresas Nº total de empresas inovadoras (1) Nº empresas Nº empresas que inovaram em produto % Inovações para o mercado Nº empresas que inovaram em processo % Inovações para o mercado Total Brasil 72.005 22.698 12.658 23,5 18.160 11,0 Nacionais 69.788 21.326 11.546 20,4 17.110 8,9 Estrangeiras 2.218 1.372 1.112 56,1 1.050 44,7

(1) O número de empresas inovadoras corresponde á soma das que inovaram em produto e em processo, menos o número de empresas que inovaram em produto e processo.

Fonte: IBGE, PINTEC

Quando se considera o conjunto das inovações, o gráfico 1.1 a seguir mostra que, entre as empresas de capital nacional, as cinco taxas de inovação mais elevadas são encontradas em setores de atividade caracterizados pelo rápido avanço do conhecimento tecno-científico – fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática; fabricação de material eletrônico e de aparelhos e equipamentos de comunicações; e fabricação de equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, instrumentos de precisão e ópticos, equipamentos para automação industrial, cronômetros e relógios – ou em setores de produção de bens de capital, que têm papel de difusores de tecnologia para o conjunto da indústria –

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fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos e fabricação de máquinas e equipamentos.

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P Q RST UV W4X W$Y Z [\ [ ] ^ _ ` V a[b c V ] [d e f gQ^d [d ] ^ U[ g Th [ i ` [ U T V ` [ i 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 j k l m l n o n p q r p s p t l u v o n o q Z[\ [ ]^ _` V a[b cV w xy

Fab. máquinas para escritório e equip. de informática

Fab. de material eletrônico e de aparelhos e equipamentos de comunicações

Fab. de equip. de instr. médico-hosp., instr. de precisão e ópticos, equip. automação ind., cronômetros e relógios Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos

Fabricação de máquinas e equipamentos

(17)

P Q RST UV W4X z Y Z [\ [ ] ^ _ ` V a[b c V ] [d e f gQ^d [d ] ^ U [ g Th [ i ^d h Q[` { ^ T QV 0 20 40 60 80 100 $W LY LG DG HV 6 HO HF LR QD GD V 7D[DGH,QRYDomR 

Fabricação de móveis e indústrias diversas Fab. de máq. escrit. e equipamentos de informática Fab. e montagem de veic. autom., reboques e carrocerias Fabricação de outros equipamentos de transporte Fabricação de produtos de minerais não-metálicos Total Estrangeiras

(18)

Entre as empresas de capital estrangeiro (gráfico 1.2), três das cinco taxas de inovação mais elevadas correspondem a setores de atividade tradicionais (móveis e produtos de minerais não-metálicos) ou maduros (veículos automotores, reboques e carrocerias). Os dados tenderiam a corroborar, portanto, a suposição de que o esforço de inovação das empresas de capital estrangeiro reflete, em muitos casos, estratégias de diferenciação em setores com menor dinamismo tecnológico ou naqueles de mais acirrada

concorrência entre as estrangeiras. 

Há, no entanto, outro ângulo importante a ser considerado na avaliação das diferenças entre as empresas de capital nacional e estrangeiro. As primeiras representam cerca de 97% do universo das 72.005 empresas brasileiras, do qual mais de três quartos correspondem às empresas de capital nacional que empregam até 50 pessoas. O peso das empresas pequenas determina fortemente os resultados agregados relativos às empresas de capital nacional. Nesse sentido, a desagregação por porte das empresas permite, com muito mais nitidez, comparar e qualificar os resultados obtidos por origem de capital.

Na tabela 1.3 apresentada a seguir, observa-se que as taxas de inovação são tanto mais elevadas quanto maior é o porte da empresa, independentemente da origem do capital. Analogamente, as empresas de maior porte também inovam significativamente mais para o mercado do que as empresas de menor porte. Entretanto, a conclusão mais importante que pode ser derivada dos dados abaixo é que as empresas de capital nacional que empregam mais de 500 pessoas exibem taxas de inovação gerais próximas às taxas equivalentes para as empresas de capital estrangeiro do mesmo porte. Embora haja ainda diferenças relevantes para as taxas de inovação de produto e processo, são muito mais significativas as diferenças dentro do próprio subgrupo das nacionais quando se consideram os distintos estratos de tamanho. De forma geral, os resultados da pesquisa de inovação brasileira só podem ser bem compreendidos à luz das diferenças de porte entre as empresas.

(19)

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Empresas de Capital Nacional Empresas de Capital Estrangeiro Nº de

empregados Geral Produto Processo Geral Produto Processo

Total 30,9 16,8 24,7 62,0 50,7 47,3 De 10 a 29 25,6 13,3 20,1 34,2 30,8 22,6 De 30 a 49 33,3 18,2 26,7 52,6 47,3 28,8 De 50 a 99 42,3 23,4 33,2 61,8 51,8 41,0 De 100 a 249 47,4 27,7 40,2 67,8 52,3 54,1 De 250 a 499 54,7 32,3 47,2 69,1 46,5 56,9 De 500 e mais 71,8 53,5 65,2 87,0 76,4 76,8

Fonte: IBGE, PINTEC

Na avaliação das empresas inovadoras brasileiras, sejam de capital nacional ou estrangeiro, o principal responsável pela inovação (ver Tabela 1.4) é a própria empresa, quando se trata de inovação de produto, e outras empresas ou institutos de pesquisa, no caso de inovação de processo. Esses resultados dizem respeito às características distintas dos dois tipos de inovação, em particular devido ao fato de que a tecnologia de produto guarda o diferencial da empresa em relação a seus concorrentes, o que induz à própria empresa realizar esse tipo de atividade inovativa. A maior parte das inovações de processo caracteriza-se pela introdução de modernizações nos processos de fabricação, sinalizando que os responsáveis pelo desenvolvimento dessas inovações seriam outras empresas ou institutos.

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Responsável Produto Processo

A empresa 71 11

Outra empresa do grupo 4 1

A empresa em cooperação com outras empresas 8 5

Outras empresas ou institutos 17 83

Fonte: IBGE, PINTEC

Tendo em vista as inovações introduzidas na indústria brasileira entre 1998 e 2000, as informações da tabela 1.5, a seguir, indicam o tipo de atividade tecnológica que as empresas mais realizam e qual o grau de importância revelada para cada uma dessas atividades.

Com base na avaliação das próprias empresas inovadoras, a atribuição de importância às distintas atividades inovativas parece confirmar algumas noções bastante conhecidas. Em primeiro lugar, chama a atenção que 67%

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das empresas de capital nacional que introduziram inovações atribuam baixa importância e declarem não ter realizado atividades internas de P&D. Cerca de 92% dão pouca importância à aquisição externa de P&D, representada pela contratação de terceiros para a realização de tais atividades, estejam elas localizadas no Brasil ou no exterior. A busca de outros conhecimentos externos (NQRZ KRZ, licenças e patentes) também não é valorizada por 86% das

empresas de capital nacional (Tabela 1.5). Essas três atividades inovativas se referem à busca e aquisição de conhecimento. Se a grande maioria das empresas de capital nacional considera essas atividades como de baixa importância, significa que os empresários não vêem ainda no conhecimento uma forma importante de competição para estar à frente de seus concorrentes. Há de se levar em conta, entretanto, que o ambiente macroeconômico, historicamente, não tem favorecido ou estimulado suficientemente a atividade de P&D no Brasil, ao contrário do que ocorre na grande maioria dos paises tecnologicamente mais competitivos.

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Baixa importância e não realização

Atividades inovativas Empresas

de capital nacional Empresas Nacionais de grande porte (1) Empresas de capital estrangeiro Empresas Estrangeiras de grande porte (1)

Atividades internas de P&D 67 33 44 28

Aquisição externa de P&D 92 71 83 72

Aquisição de outros conhecimentos externos 86 58 52 51

Aquisição de máquinas e equipamentos 23 15 27 16

Introdução de inovações tecnológicas no mercado 73 52 58 46

Projeto industrial e outras preparações técnicas 57 30 33 22

(1) Empresas que empregam 500 ou mais pessoas

Fonte: IBGE, PINTEC

Por outro lado, deve ser lembrado que esses dados agregados refletem o grande peso das empresas de pequeno porte. Entre as empresas de capital nacional inovadoras, cerca de 55% delas empregam de 10 a 29 pessoas. Na estrutura produtiva local, essas empresas têm como principal fator de concorrência o preço. Conseqüentemente, para elas, é fundamental a modernização de processos para fabricar a custos competitivos. De qualquer forma, elas adquirem um aprendizado na tecnologia de fabricação.

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As demais respostas das empresas de capital nacional também atestam a pouca ênfase de grande parte das empresas com a gestão tecnológica, abrangendo desde a introdução das inovações no mercado até o limitado caráter profissional assumido pelos seus processos de inovação. Nessa direção aponta-se a proporção de 73% das empresas que declararam não dar importância e não ter realizado atividades relativas à introdução de inovações tecnológicas no mercado e a proporção de 57% das que declararam o mesmo para as atividades de projeto industrial e outras preparações técnicas. Muito provavelmente, mesmo as empresas que realizaram inovações de produto não deram importância para essas duas atividades tecnológicas.

Em direção contrária, cerca de 77% das empresas de capital nacional que declararam ser inovadoras deram alta ou média importância à aquisição de máquinas e equipamentos para a introdução de novos produtos e processos, indicando que, em geral, a principal forma de acesso ao conhecimento tecnológico é através da incorporação dessas máquinas e equipamentos.

No caso das empresas de capital estrangeiro inovadoras, são aproximadamente 44% as que não atribuíram importância e não realizaram atividades internas de P&D. Uma vez que em boa parte das empresas de capital estrangeiro, seus produtos e processos são desenvolvidos em outros países, no Brasil haveria a necessidade de atividades de adaptação de produtos e processos às condições locais de produção e ao mercado doméstico/regional. Nesse contexto, o número de empresas de capital estrangeiro que declararam não ter importância ou não ter realizado atividades internas de P&D é relativamente elevado. Ao mesmo tempo, nota-se que cerca de metade das empresas de capital estrangeiro considerou de alta ou média importância a aquisição de outros conhecimentos, provavelmente de outras unidades de seus respectivos grupos econômicos.

No que diz respeito à aquisição externa de P&D, a grande maioria, tanto das empresas de capital nacional quanto estrangeiro, não identifica relevância nessa atividade inovativa. As empresas de capital estrangeiro, de maneira geral, dão mais importância às atividades de introdução de inovações tecnológicas no mercado e às de projeto industrial e outras preparações técnicas do que as inovadoras nacionais, embora para ambas os percentuais

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de alta importância não sejam significativos. Entretanto, a aquisição de máquinas e equipamentos também tem a sua importância destacada como atividade inovativa pela grande maioria das empresas de capital estrangeiro (73%).

Novamente, observa-se maior convergência nos resultados ao desagregar as respostas das empresas inovadoras por tamanho. Para 67% das grandes empresas de capital nacional e 72% das grandes de capital estrangeiro – com 500 ou mais empregados – a realização de atividades internas de P&D é avaliada como de alta ou média importância. De forma geral, cresce a importância relativa de todas as demais atividades inovativas para as empresas grandes, inclusive a aquisição de máquinas e equipamentos. Mais uma vez, comprova-se que o tamanho das empresas é determinante na realização de atividades inovativas e que, portanto, a política de desenvolvimento industrial e tecnológico deve levar isto em consideração.

A importância da P&D também é destacada quando a referência é a inovação para o mercado. Conforme a tabela 1.6 abaixo, cerca de 70% das empresas de capital nacional que introduziram inovações para o mercado interno avaliaram essas atividades como de média e alta importância.

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Baixa importância e não realização Atividades inovativas Empresas de capital

nacional Empresas de capital estrangeiro

Atividades internas de P&D 30 35

Aquisição externa de P&D 84 77

Aquisição de outros conhecimentos externos 78 51

Aquisição de máquinas e equipamentos 31 24

Introdução de inovações tecnológicas no mercado 57 51

Projeto industrial e outras preparações técnicas 41 28

Fonte: IBGE, PINTEC

Essa proporção é um pouco superior ao grupo equivalente das estrangeiras. Os dados sugerem que, dentro dessa categoria de inovadores, o esforço próprio de capacitação tecnológica é mais decisivo para as empresas e aparece associado à maior preocupação com as atividades de introdução das

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inovações tecnológicas no mercado e de projeto industrial e outras preparações técnicas.

Mesmo as empresas que realizaram inovações no período de 1998 a 2000 enfrentaram problemas e obstáculos que interferiram no andamento dos seus projetos, basicamente retardando o seu cronograma. Entre as empresas de capital nacional que implementaram inovações, 55% delas enfrentaram problemas; entre as empresas de capital estrangeiro esse percentual foi de 48%. Essa magnitude de empresas que afirmaram ter se defrontado com problemas variou pouco segundo o tamanho das empresas, provavelmente porque as dificuldades eram mais de natureza externa às empresas, que afetavam a todas, indistintamente do seu porte.

Conforme pode ser observado na Tabela 1.7, das empresas inovadoras que relataram enfrentar problemas, mais de 76% delas atribuíram alta ou média importância aos riscos econômicos excessivos, quase 83% destacaram o elevado custo da inovação e cerca de 62% apontaram a escassez de fontes apropriadas de financiamento como obstáculos relevantes à inovação. Todos esses são fatores de natureza econômica, porém com significados diferentes. Os riscos econômicos excessivos podem estar associados à incerteza de sucesso econômico da inovação, seja por determinantes de natureza microeconômica, isto é, relativos às incertezas de um mercado pouco conhecido ou de difícil previsão, seja por determinantes de natureza macroeconômica, ao enfrentarem ambiente desfavorável às inovações, o que também acaba se traduzindo em dificuldades de desempenho nos mercados onde atuam. Portanto, aqui pode ser entendido que o problema se relaciona ao mercado. O segundo problema que mais afeta as empresas inovadoras é o elevado custo da inovação, mas neste ponto, há que se reconhecer que a política tecnológica governamental sempre esteve voltada à redução dos custos do investimento necessário para a inovação. As empresas, com a resposta que deram a esta questão, estão revelando que a política do governo não tem sido eficaz, ou não atingiu massa crítica em um grande número de empresas. O terceiro problema apontado refere-se às condições de financiamento da inovação, o que novamente pode ser remetido à questão do Estado, por não estar oferecendo estruturas de financiamento adequadas para

(24)

a inovação. De qualquer forma, os três problemas apontados podem ser amenizados com políticas mais adequadas de apoio ao desenvolvimento tecnológico empresarial. ‚ƒ„…‚ † ‡°H‰Œ— ’Ž:“!š§™”‚‚ šž“•”ƒ¦¨‹‚’„…‚ ›H„— ’“O„›‚ ›'”Ž‚‹Ž“!‚ ›H‚Ž›HŽƒ›š!£™¦…Ž›H©”Ž‚ ‘Ž± Origem do capital e porte Total de empresas inovadoras Riscos econômicos excessivos (%) Elevados custos da inovação (%) Escassez de fontes apropriadas de financiamento (%) Falta de informação sobre os mercados (%) ²³4´µ ¶4·¸µ<¹º¶ »D¼½¼8¾8¿ ¿8¾4ÀÁ Â8¼4À ¾8¼4À¼ ÃAÁÀÄ Nacional 11.622 76,2 83,2 63,4 34,4 De 10 a 29 6.744 75,6 85,8 66,2 35,2 De 30 a 49 1.619 79,7 79,4 59,6 37,3 De 50 a 99 1.537 76,2 80,3 58,0 30,8 De 100 a 249 965 76,3 80,0 63,3 33,9 De 250 a 499 379 78,9 79,1 62,7 31,6 De 500 e mais 378 70,6 75,9 50,7 25,4 Estrangeiro 645 78,6 76,6 40,7 26,6 De 10 a 29 71 100,0 85,6 49,7 19,2 De 30 a 49 43 100,0 45,2 48,0 17,7 De 50 a 99 132 82,2 86,9 49,7 37,0 De 100 a 249 145 67,2 69,9 32,8 26,6 De 250 a 499 89 72,8 84,7 48,7 23,2 Com 500 e mais 165 74,3 74,1 30,3 25,8

Fonte: IBGE, PINTEC

OBS: * Percentual das empresas que atribuíram alta ou média importância aos fatores apontados. As empresas podem atribuir alta ou média importância a um ou mais fatores.

Vale notar que, no caso dos dois primeiros fatores referidos acima, não há diferenças significativas entre o grupo das nacionais e das estrangeiras, sobretudo quando se observam os respectivos estratos das empresas com 500 ou mais empregados. Entretanto, a escassez de fontes apropriadas de financiamento e o custo deste aparecem como fatores de maior peso relativo para as empresas nacionais do que para as estrangeiras, resultado consistente com o maior acesso das últimas a fontes externas de recursos e financiamento. A seguir, analisam-se os resultados obtidos para as atividades de pesquisa e desenvolvimento realizadas pelas empresas brasileiras, no quadro mais amplo do processo de inovação.

(25)

$V$WLYLGDGHVGH3 '

No ano 2000, os dispêndios nacionais em P&D situavam-se num patamar pouco superior a 1% do PIB, o que representa um esforço equivalente a países como Espanha (0,94%) e Portugal (0,8%), significativamente mais elevado do que a média dos países da América Latina (0,6%), mas ainda distante da média dos países da OCDE (2,2%). Ao contrário da maioria destes últimos, no caso brasileiro o setor governamental responde pela maior parcela desses gastos e cabe às instituições públicas de ensino e de pesquisa papel preponderante na execução dessas atividades.

Enquanto o setor empresarial responde por mais de 63% dos dispêndios dos países membros da OCDE, no Brasil essa participação é de aproximadamente 37%. Como a relação P&D/PIB nos países da OCDE é de 2,2%, os gastos em P&D do setor empresarial, lá, respondem por 1,39% do PIB (2,2% x 0,63), enquanto no Brasil, a participação do setor empresarial é de 0,40% do PIB brasileiro (1,07% x 0,37), ou seja 3,5 vezes menor em termos relativos. Já na participação dos dispêndios governamentais, não há diferença sensível: no Brasil é de 0,67% do PIB enquanto na média nos paises da OCDE é de 0,81%.

Cabe notar que as informações mais completas e passíveis de desagregação para os dispêndios das empresas em P&D foram produzidas pelo IBGE apenas para o ano 2000, com base em pesquisa voltada para o

setor industrial6. Para períodos anteriores, dispunha-se apenas das

informações geradas pela Associação Nacional das Empresas Inovadoras – ANPEI, a partir de levantamentos anuais realizados junto a painéis variáveis de empresas informantes que realizaram P&D, o que dificulta a comparação dos dados ao longo do tempo.

No ano 2000, de acordo com a pesquisa do IBGE, 7.412 empresas industriais brasileiras, com mais de 10 empregados, realizaram dispêndios com atividades internas de P&D, de um total de 72.005 empresas do universo, o que representa pouco mais de 10%, confirmando a noção de que esses gastos têm natureza bastante restrita (ver Tabela 1.8).

6

Trata-se da Pesquisa Industrial – Inovação Tecnológica 2000 (PINTEC 2000), cujo universo corresponde às empresas industriais com mais de 10 pessoas empregadas.

(26)

‚ƒ„…‚'†‡Å‰¥Æ‚›š$Ž›„ ”š„›”‹‚‹„„—Ç¡ÈÆÉʒŽ“›„ š$Ž“‹„‚ š•””‹‚‹„ Atividades empresas Nº de Receita líquida de vendas (R$ mil) Nº de empresas com gastos em P&D Gastos em P&D (R$ mil) Intensi-dade de P&D (1) (%) Empresas de capital nacional 69.788 362.819.342 6.655 2.019.779 0,56 Empresas de capital estrangeiro 2.218 219.515.818 757 1.721.793 0,78

² ³´µ ¶4·¸µ<¹º¶ ¿<¼½Ä8Ä4Ë Ë<Â8¼4½Ã8Ã4Ë4½»D¾8Ä ¿4½Á»D¼ Ã4½¿<Á»<½Ë<¿8¼ Ä4À¾<Á

Indústrias extrativas 1.729 12.805.026 69 29.094 0,23

Indústria de transformação 70.276 569.530.134 7.343 3.712.478 0,65

Fabricação de produtos alimentícios e bebidas 10.253 105.373.068 898 227.680 0,22

Fabricação de produtos do fumo 52 3.690.646 6 23.474 0,64

Fabricação de produtos têxteis 2.824 16.711.272 319 45.223 0,27 Confecção de artigos do vestuário e acessórios 8.902 10.374.266 236 16.926 0,16 Preparação de couros e fabricação de artefatos de

couro, artigos de viagem e calçados 3.306 11.724.568 400 33.976 0,29 Fabricação de produtos de madeira 4.652 6.260.960 105 11.974 0,19 Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 1.349 20.874.482 148 73.591 0,35 Edição, impressão e reprodução de gravações 3.351 15.773.806 79 10.362 0,07 Fabricação de coque, refino de petróleo, elaboração

de combustíveis nucleares e produção de álcool 193 50.676.445 14 444.011 0,88 Fabricação de produtos químicos 3.021 81.452.825 864 527.072 0,65 Fabricação de artigos de borracha e plástico 4.224 22.019.874 545 91.227 0,41 Fabricação de produtos de minerais não-metálicos 6.009 17.134.684 290 51.411 0,30

Metalurgia básica 1.257 35.365.366 126 144.842 0,41

Fabricação de produtos de metal 5.767 17.192.271 503 60.585 0,35

Fabricação de máquinas e equipamentos 3.924 29.844.762 914 341.960 1,15 Fabricação de máquinas para escritório e

equipamentos de informática 159 8.356.485 96 109.060 1,31

Fabricação de máq., aparelhos e materiais elétricos 1.451 14.727.768 384 260.631 1,77 Fabricação de material eletrônico e de aparelhos e

equipamentos de comunicações 541 23.956.051 211 387.155 1,62

Fabricação de equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, instrumentos de precisão e ópticos, equipamentos para automação

industrial, cronômetros e relógios 704 3.941.009 204 70.292 1,78 Fabricação e montagem de veículos automotores,

reboques e carrocerias 1.752 51.466.197 254 472.237 0,92

Fabricação de outros equipamentos de transporte 400 9.554.027 114 260.270 2,72 Fabricação de móveis e indústrias diversas 6.064 12.892.998 632 41.329 0,32

Reciclagem 126 166.304 0 0 0,00

(1) Relação entre os gastos de P&D e a receita líquida de vendas

Fonte: IBGE, PINTEC

Por sua vez, os dispêndios dessas empresas somaram R$ 3,7 bilhões, para um valor de receita líquida de vendas de R$ 582,4 bilhões, indicando uma intensidade do esforço de P&D de 0,64%. A exemplo do que ocorre com a taxa de inovação, a intensidade do esforço de P&D - dada pela relação entre os

(27)

dispêndios com essas atividades e a receita líquida de vendas - entre as empresas brasileiras é bastante próximo do percentual encontrado para as empresas espanholas: 0,57%.

A observação dos resultados setoriais da PINTEC reforça o caráter concentrado das atividades de P&D realizadas pelas empresas. Cinco atividades respondem juntas por mais de 57% dos dispêndios de P&D da indústria brasileira: fabricação de produtos químicos (14%); fabricação e montagem de veículos automotores, reboques e carrocerias (12,6%); fabricação de coque e refino de petróleo (11,9%); fabricação de aparelhos e equipamentos de comunicação (9,7%); e fabricação de máquinas e equipamentos (9,1%).

Esse nível de concentração e os respectivos setores não são muito distintos daqueles encontrados em outros países, inclusive entre os mais desenvolvidos, o que mostra que há um padrão setorial internacional de investimentos em P&D. Essas indústrias, com exceção da automotiva, compõem a maioria dos setores geradores e transmissores do progresso técnico. Apesar desse determinante estrutural, as taxas de inovação no Brasil são relativamente baixas quando se leva em conta a referência do mercado (nacional), o que equivale dizer que, apesar de serem os setores que mais investem em P&D intramuros, eles não se constituem nos principais geradores de inovações para os demais setores industriais do País. Mesmo no caso da indústria de bens de capital, fornecedora de parte das máquinas e equipamentos, considerados como a principal atividade inovativa do conjunto das empresas industriais, trata-se mais de dispor de capacidade de produção do que capacidade de inovação. Isto sem considerar que parcela da aquisição de máquinas e equipamentos para a realização de inovações de processo é realizada através de importações.

Quando se considera a intensidade do esforço em P&D em termos mais desagregados, é possível construir um quadro mais claro dos grupos de atividades que se destacam. O grupo de atividades que compreende, em grande medida, a produção de bens de capital, exibe algumas das maiores taxas entre os grupos de atividades considerados: fabricação de máquinas e equipamentos (1,2%); fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos

(28)

(1,8%); e fabricação de outros equipamentos de transporte (2,7%). Note-se, contudo, que outras atividades relevantes em termos da intensidade do esforço de P&D pertencem ao grupo caracterizado como de rápido avanço tecno-científico, a saber: fabricação de material eletrônico e de aparelhos e equipamentos de comunicações (1,6%); e fabricação de equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, instrumentos de precisão e óticos, equipamentos para automação industrial, cronômetros e relógios (1,8%).

Todos os demais setores apresentam intensidade de P&D menor que 1%. Dos 24 setores considerados na análise, 15 apresentam intensidade de P&D abaixo da média (0,64%).

Observa-se que os setores de atividade que apresentam os valores mais elevados para a relação gastos de P&D e receita líquida de vendas são os mesmos que exibem as mais altas taxas de inovação. Além disso, apresentam taxas de inovação maiores em produto do que em processo. Esses resultados sugerem que, nos setores tecnologicamente mais dinâmicos, as empresas são mais estimuladas a realizar atividades de P&D e percebem as vantagens do seu esforço na capacidade de inovar.

Essa observação é reforçada pela análise das respostas das empresas quanto à importância das atividades internas de P&D. Tanto para o conjunto de empresas com elevada participação de P&D nos gastos totais, como para aquelas que apresentam maior intensidade do esforço inovador, a maioria delas atribuiu importância alta ou média às atividades internas de P&D. À exceção dessas empresas, nas demais a importância das fontes de informação não é tão expressiva para os departamentos de pesquisa e desenvolvimento, sugestiva do caráter pouco formalizado da P&D.

Mais uma vez, os resultados agregados favorecem as empresas de capital estrangeiro. A Tabela 1.8 mostra uma intensidade do esforço de P&D para esse grupo de empresas de 0,78%, em contraste com o percentual de 0,56% das empresas de capital nacional. Entretanto, quando se toma por base o critério de tamanho, apresentado na Tabela 1.9 a seguir, nota-se que as grandes empresas de capital nacional – com 500 ou mais empregados – exibem um percentual de esforço mais próximo do relativo ao segmento de empresas estrangeiras do mesmo porte.

(29)

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Origem do capital e porte Intensidade de P&D (1) (%) Gastos em P&D por empresa (R$ mil)

² ³´µ ¶ Ä4À¾8Ä Ë<Ä8¾ Nacional 0,56 302 De 10 a 29 0,51 45 De 30 a 49 0,33 49 De 50 a 99 0,41 106 De 100 a 249 0,40 203 De 250 a 499 0,33 415 Com 500 e mais 0,69 2.727 Estrangeira 0,78 2.280 De 10 a 29 0,12 48 De 30 a 49 0,15 60 De 50 a 99 0,44 223 De 100 a 249 0,56 614 De 250 a 499 0,57 1.387 Com 500 e mais 0,87 5.643

(1) Relação entre os gastos de P&D e a receita líquida de vendas

Fonte: IBGE, PINTEC

A Tabela 1.9 também revela expressivas diferenças entre os gastos por empresas, por faixas de tamanho. Os valores médios de dispêndio em P&D interna são significativamente mais elevados entre as grandes empresas, nacionais e estrangeiras, respectivamente R$ 2,7 milhões e R$ 5,6 milhões. Cabe mencionar, no entanto, que a diferença entre esses dois valores deve ser qualificada, uma vez que o faturamento líquido médio das empresas de capital estrangeiro de maior porte é cerca de duas vezes o de suas equivalentes nacionais.

Os comentários dos próximos 10 parágrafos se referem aos dados contidos nas tabelas do Anexo I.

É no grupo das nacionais que se encontram as taxas de esforço setoriais mais elevadas: fabricação de outros equipamentos de transporte (4,1%); fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática (2,7%) e fabricação de equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, instrumentos de precisão e ópticos, equipamentos para automação industrial, cronômetros e relógios (2,5%).

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Quando se analisa o valor dos gastos por empresa, as diferenças setoriais também são muito expressivas, variando de R$ 65 mil no setor de fabricação de móveis até R$ 31,5 milhões no de fabricação de coque, refino de petróleo, elaboração de combustíveis nucleares e produção de álcool. A média brasileira é inferior a R$ 505 mil, que pode ser considerada relativamente baixa, tendo como parâmetro o custo dos projetos de P&D. No caso das empresas de capital nacional a média é inferior devido ao peso das empresas de menor porte, enquanto nas estrangeiras predominam grandes grupos que se colocam como subsidiárias das maiores empresas do mundo.

Embora menos da metade das 7.412 empresas com gastos em P&D declarem realizar tais atividades de forma contínua, essas são responsáveis por mais de 90% dos dispêndios totais. Observa-se na tabela seguinte (1.10) que, quanto maior o porte da empresa, maior é a tendência de que as atividades internas de P&D sejam realizadas continuamente. Se por um lado esses resultados atestam a natureza concentrada e circunscrita da P&D, por outro sugerem que a sua realização não está associada a fatores conjunturais, mas a decisões de caráter mais estrutural, estando, portanto, menos sujeita às oscilações de curto prazo dos mercados.

Em várias das atividades consideradas, o número de empresas que realiza P&D continuamente supera o daquelas que realizam P&D ocasionalmente. São os casos, entre outros, da fabricação de outros equipamentos de transporte, fabricação de material eletrônico e de aparelhos e equipamentos de comunicações, fabricação de equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, instrumentos de precisão e óticos, equipamentos para automação industrial, cronômetros e relógios e fabricação de produtos químicos.

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Ï Ð Ñ Ò Ó Ð ÔÕ ÔÖ × Ø Ð Ù Ú Û ÙÜ Û ÝÐ ÚÞ ß Þà Ð à Ò ÙÜ Û á Úâ áã Ð Ù à Ò ä åæ çÛè çÛè Ú Ò à Ð ÙÒ Ýè çÒ ÙÐ Ù

Empresas de capital nacional Empresas de capital estrangeiro Tamanho Nº de empresas com atividades contínuas % do total de empresas Gastos com atividades contínuas de P&D % do total dos gastos Nº de empresas com atividades contínuas % do total de empresas Gastos com atividades contínuas de P&D % do total dos gastos é ê ë ì í î4ï ð îñ òó4ô ó õ ï ö÷ø ï ð öõ ñ ö ô ð ø õñ ðñ4ô ð õ ï ø ó ÷ ï ÷ ðõ ó î ô ö De 10 a 29 779 27,2 41.086 31,6 15 93,9 691 88,7 De 30 a 49 300 31,7 24.738 53,2 24 38,2 2.400 65,2 De 50 a 99 453 43,5 69.934 63,0 76 56,8 22.327 74,3 De 100 a 249 440 53,1 133.951 79,6 118 65,1 84.831 76,5 De 250 a 499 264 64,4 149.715 88,0 76 70,1 129.586 85,8 Com 500 e mais 392 78,3 1.326.247 97,1 208 82,5 1.354.625 95,1 Fonte: IBGE, PINTEC

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Outra manifestação da tendência à concentração na realização das atividades de pesquisa e desenvolvimento refere-se ao resultado pouco expressivo obtido para a aquisição externa de P&D, referente à contratação de serviços de empresas ou instituições tecnológicas para a realização de tais atividades. Esse valor corresponde a cerca de 17% dos dispêndios com a realização das atividades internas de P&D e é bastante inferior ao valor

despendido com outros conhecimentos externos7. Os limitados dispêndios com

aquisição externa de P&D confirmam a noção bastante difundida de que as atividades de P&D das empresas são principalmente desenvolvidas intramuros, mas também refletem a reconhecida falta de tradição cooperativa entre as empresas brasileiras e entre estas e as instituições de pesquisa.

Chama a atenção o comportamento setorial dos gastos com aquisição externa de P&D. A atividade de fabricação de material eletrônico e de aparelhos e equipamentos de comunicações responde sozinha por mais de 24% dos gastos registrados pelo universo das empresas industriais consideradas, despendendo com esses contratos de serviços cerca de 40% dos seus gastos com atividades internas de P&D. Esses resultados são particularmente expressivos uma vez que se trata de atividade com participação relevante nos gastos totais e com destacada intensidade do esforço em P&D, e ainda levando em conta o ritmo da mudança tecnológica a que está sujeita.

Um significativo resultado geral da pesquisa do IBGE refere-se ao financiamento das atividades de P&D das empresas. Os recursos próprios constituem a fonte preponderante de financiamento dessas atividades (88%), Dos 12% de recursos de terceiros que financiam as atividades de P&D das empresas brasileiras, cerca de 8% correspondem à parcela dos recursos públicos. Esses dados podem estar refletindo tanto uma estratégia de autofinanciamento das empresas que fazem P&D internamente quanto pode estar atestando a inadequada estrutura de financiamento para a P&D existente no Brasil, incluindo taxa de juros, correção monetária, lentidão no processo de aprovação dos projetos, burocracia, confiabilidade no recebimento dos

7 Aquisição externa de tecnologia na forma de acordos de transferência originados da compra de licença de direitos de

exploração de patentes e uso de marcas, ùDú4ûüýþ4û4ü , ÿAûü e outros tipos de conhecimentos tecno-científicos de

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