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Coleção Educação Física

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Academic year: 2021

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Coleção Educação Física

Ijuí 2013

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 2013, Editora Unijuí Rua do Comércio, 1364 98700-000 – Ijuí – RS – Brasil Fone: (0__55) 3332-0217 Fax: (0__55) 3332-0216 E-mail: editora@unijui.edu.br Http://www.editoraunijui.com.br Editor: Gilmar Antonio Bedin Editor-Adjunto: Joel Corso Capa: Alexandre Sadi Dallepiane

Responsabilidade Editorial, Gráfica e Administrativa: Editora Unijuí da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí; Ijuí, RS, Brasil)

Catalogação na Publicação:

Biblioteca Universitária Mario Osorio Marques – Unijuí

E244e Educação física e gênero : desafios educacionais / Org. Priscila Gomes Dornelles, Ileana Wenetz, Maria Simone Vione Schwengber. – Ijuí: Ed. Unijuí, 2013. – 368 p. – (Coleção educação física).

ISBN 978-85-419-0078-2

1. Educação. 2. Educação física. 3. Gêneros. I. Título. II. Título: Desafios educacionais. III. Série.

CDU : 37

37:796

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A coleção Educação Física é um projeto editorial da Editora Unijuí, vinculado a um conselho editorial interinstitucional, que visa dar publicida-de a pesquisas que buscam um constante aprofundamento da compreensão teórica desta área que vem constituindo sua reflexão conceitual, bem como os trabalhos que garantam uma maior aproximação entre a pesquisa aca-dêmica e os profissionais que encontram-se nos espaços de intervenção. Promover este movimento é sem dúvida o maior desafio desta coleção.

Conselho Editorial

Carmen Lucia Soares – Unicamp Mauro Betti – Unesp/Bauru Tarcisio Mauro Vago – UFMG Amauri Bassoli de Oliveira – UEM Giovani De Lorenzi Pires – UFSC Valter Bracht – Ufes

Nelson Carvalho Marcellino – Unicamp Paulo Evaldo Fensterseifer – Unijuí Vicente Molina Neto – UFRGS Elenor Kunz – UFSC

Victor Andrade de Melo – UFRJ Silvana Vilodre Goellner – UFRGS

Comitê de Redação

Paulo Evaldo Fensterseifer Fernando González

Maria Simone Vione Schwengber Leopoldo Schonardie Filho Joel Corso

C

OL E

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SUMÁRIO

Prefácio ...9 Introdução ...13 PARTE 1 – EPISTEMOLOGIA ...21 A contribuição dos estudos de gênero e feministas

para o campo acadêmico-profissional da Educação Física...23 Silvana Vilodre Goellner

Masculinidades como singularidades múltiplas: ...45 uma proposta de análise das masculinidades no desporto ...45

Paula Silva

Paula Botelho Gomes Interseccionalidade:

uma prática-teorização feminista possível na “era pós-gênero”? ...69 Fernando Pocahy

PARTE 2 – DO FAZER PROFISSIONAL ESCOLAR ...89 Corpo e gênero na percepção de educadoras/es ...91

Aline da Silva Nicolino Ana Márcia Silva

Estereótipos de movimento e gênero

na dança no Ensino Médio ...121 Maria do Carmo Saraiva

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Notas sobre gênero e sexualidade

em uma formação de professores/as ...149 Luciene Neves

O discurso docente sobre a relação entre conteúdos

de ensino e identidades de gênero ...169 Michelle Rodrigues Ferraz Ramos

Fabiano Pries Devide

Bonecas e Barbies no contexto escolar:

feminilidades em pauta? ...193 Ileana Wenetz

Gênero e sexualidade na Educação Física escolar:

notas sobre a normalização dos corpos no interior baiano ...215 Priscila Gomes Dornelles

PARTE 3 – DAS PRÁTICAS CORPORAIS,

ESPORTIVAS E/OU LAZER ...239 Mulheres no esporte: feminilidades em jogo ...241

Thaís Rodrigues de Almeida

Relações de gênero e a medida do músculo no esporte ...267 Angelita Alice Jaeger

O doping e a construção de expectativas de feminilidade:

comentários a respeito do caso Rebeca Gusmão ...291 Viviane Teixeira SilveiraAlexandre Fernandez Vaz

A gestão de gênero de jovens a partir do esporte e do lazer:

um estudo do caso Guajuviras – Território de Paz ...309 José Geraldo Soares Damico

Os percursos da educação generificada dos corpos:

relações entre escola e mídia ...337 Maria Simone Vione Schwengber

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PREFÁCIO

“Todo discurso é situado e o coração tem suas razões...” afirma Stuart Hall (1997, p. 51), para sinalizar que, no âmbito acadêmico (e em qualquer outro âmbito), pensamos, falamos e escrevemos a partir de determinados “lugares”; que se delineiam pela tessitura entre referen-ciais teóricos com interesses políticos, exigências acadêmico-científicas e emoções. Tenho me apoiado nesse argumento de Hall sempre que sinto necessidade de evidenciar o peso das emoções e dos interesses políticos em contextos acadêmico-científicos (como os que integram a grande área da saúde e na qual a Educação Física se insere) ainda marcados pelos pressupostos da neutralidade e da objetividade que, supostamente, deveriam caracterizar o conhecimento que qualificamos como Ciência.

Assim, não há como começar este prefácio sem mencionar os profundos laços de afeto, de amizade e de respeito que pautam minhas relações com grande parte das/os autoras/es deste livro. “Razões do coração” construídas a partir de longas, intensas e profícuas relações de orientação, no âmbito das salas de aula do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRGS, em bancas examinadoras e, sobretudo, em parcerias acadêmicas e de vida que adentraram o coração exatamente porque sua potência rasura e extravasa os limites postos pelas institui-ções, pelos espaços geográficos, pelas hierarquias e pela concentração de demandas que caracteriza este nosso tempo.

Ao mesmo tempo, a organização de um livro, qualquer que seja a temática nele privilegiada, coloca as suas organizadoras e também a quem o prefacia, a questão de sua atualidade e de sua relevância social,

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D a g m a r E s t e r m a n n M e y e r

acadêmica, política e ética no contexto em que será publicado. A questão parece justificar-se ainda mais quando se trata de colocar em evidência temas como este – relações possíveis e/ou necessárias entre feminis-mos e Educação Física. Será que colocar em pauta essas relações ainda é atual, relevante e produtivo, nesse campo? As proponentes e as/os autoras(es) reunidas(os) neste livro são convincentes ao sinalizar que sim. Nessa direção, como pesquisadora e professora imersa no campo dos Estudos de Gênero há mais de duas décadas (e que orientou algu-mas das pesquisas aqui apresentadas) sinto-me instada não só a concor-dar com elas/eles, como também a chamar atenção para a importância política que está imbricada nos processos de produção e circulação do conhecimento, sobretudo quando se trata de determinados temas, em determinadas áreas, e quando se assumem determinadas perspectivas teórico-metodológicas.

Como anunciam as organizadoras logo no início de sua introdu-ção, temos aqui um livro que nos convida para “uma conversa [...] colo-cando em relação os estudos feministas (e de gênero) e a Educação Física, enquanto área da produção do conhecimento” e, para alimentar tal conversa, colocam na roda “produções textuais originárias de pesqui-sas acadêmicas, as quais tiveram como foco prioritário a elaboração de contribuições teóricas e políticas feministas para o debate na Educação Física”. Pretendem, com essa conversa, problematizar e delinear possi-bilidades de intervenção em dinâmicas de gênero e de sexualidade que se desenvolvem nos espaços e práticas sociais que a conformam como área privilegiada de educação dos corpos na contemporaneidade.

E essa continua sendo, a meu ver, uma proposta política desafia-dora e necessária, especialmente quando isso se faz em um livro que, explicitamente, se organiza a partir de algumas opções: reúne autoras/ es com inserção acadêmica e de investigação temporalmente diversa nesse campo de estudos, de diferentes instituições e regiões do país e de fora dele e que tomam como foco de sua discussão mecanismos e estratégias que fazem da Educação Física desenvolvida na escola e fora

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11 Prefácio

dela um campo que, ao mesmo tempo em que produz e hierarquiza corpos, imprimindo-lhes marcas hegemônicas de gênero e sexualidade, participa ativamente dos processos de sua naturalização. Apesar disso, e com toda a visibilidade que, inegavelmente, as questões de gênero e sexualidade adquiriram no Brasil e, notadamente nas áreas das Ciências Sociais e Humanas, nas duas últimas décadas, elas ainda não aparecem, com muito destaque, nos currículos de formação profissional, na pauta dos grandes eventos e na agenda de revistas importantes da área da Educação Física. E é por isso que continua sendo necessário investir na construção de pontes e travessias que liguem pesquisas desenvolvidas no âmbito dos programas de Pós-Graduação brasileiros entre si, com os currículos dos cursos de Graduação e com os profissionais que atuam na área.

Eu destacaria, então, essa característica de funcionar feito ponte como um mérito e um desafio deste livro. Como ponte, ele tem efeitos tanto no movimento de consolidação acadêmica e política dessa temática no campo da Educação Física quanto institui um espaço de conversa no qual se visibilizam formas criativas e politicamente potentes de teorizar e investigar tais questões. E esse efeito, a meu ver, torna ainda mais atraente o convite para que façamos um tempo nestes tempos sem tempo para usufruir de sua leitura e ocupar-nos com as reflexões que ela pode desencadear.

Dagmar Estermann Meyer Em Porto Alegre, no inverno de 2013.

REFERÊNCIA

HALL, Stuart. Cultural identity and diaspora. In: WOODWARD, K. (Ed.). Identity and difference. London: Sage; Open University, 1997.

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INTRODUÇÃO

É com grande satisfação que apresentamos o livro Educação Física e Gênero: desafios educacionais. Esta publicação é constituída por uma rede de pesquisadoras/es oriunda de diferentes instituições e regiões do Brasil, além de incluir produções do exterior. Fundamentalmente, na trama da organização deste livro, autores e autoras foram desafiados (e nos desafiaram) a debater a relação entre Educação Física e gênero. Este movimento articulador e propulsor desta produção deu-se tanto conside-rando uma dimensão epistemológica e um tratamento dos “caminhos” metodológicos, como incluiu atravessamentos com temas que perpassam o campo de atuação em Educação Física.

Os estudos e as pesquisas voltadas para o trato com o gênero como conceito central para análises do campo de atuação em Educação Física têm ocupado um espaço cada vez mais visível na produção do conhe-cimento nesta área e em áreas afins, como a educação e os estudos de gênero, de sexualidade e da diversidade sexual no Brasil. Certamente estas produções têm potencializado este marcador nas linhas investi-gativas em Educação Física que se dão em articulação com as Ciências Humanas. Comprometido com a visibilidade das hierarquias sociais de gênero, este livro se apresenta (e se alia) a estes movimentos políticos e teóricos postos em Educação Física.

Este desejo lascivo e, em certa medida, político, talvez seja um dos elementos que articula o grupo de pesquisadores/as envolvidos/as na feitura deste livro. Em suas produções, estes/estas autores/as optam por circunscrever o gênero como uma categoria social fundamental para uma análise das práticas corporais, esportivas e de lazer. Em suas tramas,

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é evidente o rigor teórico-metodológico e a qualidade acadêmica de produções oriundas de pesquisas desenvolvidas em programas de Pós-Graduação no Brasil.

Por entre os “fios” da leitura de um texto ao outro se entrecruzam vínculos estreitos com uma agenda investigativa voltada para a proble-matização da produção generificada dos corpos. Um entrelaçamento caracterizado por: reflexões inovadoras sobre o plano epistemológico, pelas e análises aprofundadas da prática pedagógica escolar, e, ainda, a riqueza de olhares problematizadores para os diversos espaços de atua-ção em Educaatua-ção Física – seja no âmbito esportivo e/ou no campo do lazer.

Diante destas linhas de investigação, organizamos este livro em três partes estruturais. A primeira parte trata da epistemologia e reúne as produções de autores/as que indicam as contribuições das aborda-gens feministas para o campo da educação e da Educação Física. Assim, Silvana Goellner inicia provocando-nos a pensar sobre a contribuição dos estudos de feministas e de gênero para o campo acadêmico-profissional da Educação Física. A autora faz uma suscinta abordagem sobre a apro-priação que esta área específica fez do termo gênero, bem como aponta para o potencial político e pedagógico presente nessa inter-relação. Silvana Goellner ainda explora as confusões na utilização das categorias gênero e sexo, a problematização do estudo de estereótipos e papéis sexuais como uma possibilidade de abordar relações de gênero e a dife-renciação entre os estudos sobre mulheres e os estudos de gênero.

No texto seguinte as autoras Paula Silva e Paula Botelho Gomes aprofundam suas análises com relação às masculinidades no esporte. Segundo elas, as análises de gênero as levam a uma busca de instru-mentos conceituais que permitam uma identificação das tensões e das dualidades relacionadas com o gênero, considerando o seu caráter mais global e tradicional. Além disso, este repertório instrumental deve ser capaz de identificar as diversidades e contradições nas produções de

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15 Introdução

gênero. As autoras analisam primordialmente algumas lentes teóricas potenciais que nos permitem estudar, em particular, as masculinidades na arena do desporto.

No terceiro item Fernando Pocahy aborda a interseccionalidade como um elemento importante a ser incorporado na prática-teoria femi-nista. Para isso, apoia-se conceitualmente na problematização das normas de gênero e de sexualidade. Como disparador desta reflexão, Fernando Pocahy faz um breve percurso sobre a emergência do conceito e sua aplicabilidade no campo dos estudos, das pesquisas e das interven-ções sobre corpo, gênero e sexualidade. A partir de provocainterven-ções pós-estruturalistas e pós-modernas, em seu texto destacam-se os desafios e as tensões epistemológicas na produção de processos de subjetivação, considerando-se a articulação de marcadores sociais e culturais de iden-tidade e diferença como dispositivos importantes na gestão da vida na contemporaneidade.

Na organização da estrutura do livro, a segundo parte é destinada a apresentar produções voltadas a problematizar o fazer profissional na Educação Física escolar e/ou as práticas escolares a partir de uma vincu-lação aos estudos feministas e/ou de gênero.

Nessa direção, Aline da Silva Nicolino e Ana Márcia Silva anali-sam a percepção de gestores e docentes, de diferentes campos disci-plinares, sobre as demandas estudantis acerca do corpo e das práticas corporais relacionadas ao gênero e à sexualidade. Além disso, as auto-ras investem na compreensão das estratégias didáticas e das formas de problematização destas questões no cotidiano escolar. Para isso, apre-sentam dados empíricos de uma pesquisa desenvolvida com 32 profis-sionais, na qual utilizaram diferentes instrumentos metodológicos, como questionários, observação participante desenvolvida durante oficinas temáticas de trabalho e a análise dos planos de aula construídos pelos/ as colaboradores/as.

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O quinto tópico aborda algumas discussões sobre como a dança se configura em um espaço-tempo de compartilhamento de experiên-cias entre meninos e meninas nas aulas de Educação Física no Ensino Médio. Maria do Carmo Saraiva e Neusa Dendena Kleinubing apresen-tam os registros de algumas observações realizadas em aulas de Educa-ção Física com o conteúdo dança. Os/as colaboradores/as foram jovens de uma turma do primeiro ano do Ensino Médio e os instrumentos utilizados para a coleta dos dados foram observação participante, diário de campo e o grupo focal. As reflexões transitam pelos cenários nos quais os estereótipos de movimento e de gênero constituíram (e ainda constituem) o fazer dança. Nesse sentido, as autoras discutem como essas questões se dão no trato com a dança, sendo possível visualizar que embora a dança seja fortemente marcada por estereótipos de gênero, algumas transgressões ou “ousadias” relacionadas ao movimento já começam a acontecer.

Ainda na linha do fazer educacional, Luciene Neves problematiza a organização das aulas de Educação Física, especificamente a questão da (não) separação de meninos e meninas. Para isso, a autora analisou os relatos de estagiários/as do curso de Educação Física da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) contidos em 57 relatórios de estágio em Ensino Médio em escolas públicas e privadas de Cáceres, municí-pio do interior de Mato Grosso. Além disso, Luciene trabalhou com 12 entrevistas que foram realizadas com os/as egressos/as que produziram tais relatórios, indicando, com isso, modos de analisar como gênero e sexualidade perpassam a formação inicial de professores em Educação Física.

Os saberes dos/das professores/as continuam em pauta no escrito seguinte. Michelle Rodrigues Ferraz Ramos e Fabiano Pries Devide investigam as representações sociais de docentes de Educação Física escolar sobre a relação entre os conteúdos de ensino e as identidades de gênero. Os dados desta pesquisa foram coletados em três etapas: análise documental, entrevistas semiestruturadas e observação

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partici-17 Introdução

pante. O grupo de informantes foi constituído por docentes que atuam no Ensino Fundamental da rede pública de São Gonçalo, Rio de Janeiro. Os autores identificaram que os docentes interpretam a relação entre os conteúdos e as identidades de gênero de forma linear pautada por um discurso biologicista e uma prática pedagógica que favorece a hierar-quia de gênero entre meninos e meninas. Deste modo, contribui para pensarmos como o gênero constitui a definição dos conteúdos escolares tratados nas aulas de Educação Física na escola.

No texto seguinte Ileana Wenetz identifica e problematiza como crianças constroem e atribuem significados com relação as suas brin-cadeiras e aos seus brinquedos. A autora apresenta elementos de um estudo etnográfico com um ano de duração e dos grupos focais com crianças da quarta série de uma escola pública de Porto Alegre/RS. Nos discursos das crianças o brincar de boneca foi polêmico, visto que a boneca tem diferentes significados (os meninos também brincam com as bonecas, mas não com as Barbies, por exemplo) As análises realizadas pela autora permitem mapear como a escola produz a legitimação de uma única identidade de meninos e de meninas: a heterossexual.

Priscila Gomes Dornelles, no texto subsequente, problematiza as práticas pedagógicas da Educação Física escolar no trato com a sexua-lidade. Ao apresentar um recorte de uma pesquisa de Doutoramento, indica que entrevistas e um grupo focal foram realizados com docen-tes que ministravam aulas na Educação Básica em escolas públicas do interior baiano. Deste modo, a partir dos estudos feministas e da teoria queer, a autora investe nos conceitos de norma, gênero e heteronorma-tividade para discutir como as feiras, os seminários interdisciplinares anuais e a avaliação diferenciada por sexo constituem-se em práticas pedagógicas que funcionam nas tramas da heteronormatividade na Educação Física escolar.

Na terceira parte, destinada a concentrar as diversidades de estu-dos sobre as práticas corporais, esportivas e/ou de lazer que apontaram nuances com a produção feminista e de gênero, apresentamos,

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ramente, a temática mulheres e esportes a partir do universo cultural do rugby. Neste texto Thaís Rodrigues Almeida analisa a prática do rugby realizada pelo primeiro time feminino do Rio Grande do Sul, vincu-lado ao Charrua Rugby Clube. A referida autora busca compreender como as mulheres vivenciam esta prática esportiva e as representações envolvendo corpo, gênero e sexualidade que dela emergem, visto que esta modalidade esportiva é apresentada frequentemente relacionada a referenciais masculinos/masculinizadores.

Dando continuidade à temática das mulheres e sua prática espor-tiva, Angelita Alice Jaeger aborda os discursos e as representações produ-zidos no interior do fisiculturismo, tomando como foco as relações de gênero e a produção dos corpos femininos nesse contexto esportivo. As fontes de pesquisa foram textos e imagens colhidos em revistas, DVDs, sites e livros que abordam o tema. As análises apresentadas pela autora destacam que há séculos mulheres e homens inventavam modos de exibir força muscular, cujos efeitos produziram a esportivização da expo-sição das arquiteturas corporais potencializadas, sobre as quais o próprio esporte investe o seu controle. Esses recortes históricos indicam que o fisiculturismo feminino tensiona representações de gênero convencio-nais e sugere que a generificação dos corpos no esporte aponta para a educação de feminilidades múltiplas e plurais.

Ainda nos rastros da prática esportiva por mulheres, contudo com foco nas relações entre o doping e as incertezas sobre as feminilidades contemporâneas, Viviane Teixeira Silveira e Alexandre Fernandez Vaz analisam o caso da nadadora Rebeca Gusmão, atualmente banida do esporte. Os autores problematizam o caso a partir de material jornalístico e também daquele oriundo de órgãos oficiais do esporte, principalmente o Painel Antidoping. Para eles, o doping embaralha as expectativas de feminilidade, abrindo novas possibilidades de superação do mito de um corpo natural. Tecnologia sobre o corpo, o doping suscita interpretações que demonstram a intolerância com qualquer forma de desvio corporal em relação às normas de gênero.

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19 Introdução

Na linha das relações de gênero no âmbito do lazer, José Geraldo Soares Damico discute determinadas formas de governamento da juven-tude por meio de políticas de segurança pública no bairro Guajuviras, periferia da cidade de Canoas-RS. O autor se desloca na interface dos estudos de gênero e da antropologia política considerando as abordagens que propõem uma aproximação crítica com a teorização foucaultiana. As fontes de pesquisa adotadas foram os documentos de imprensa, as anotações de campo e as entrevistas, os quais foram estudados na pers-pectiva da análise cultural. Para o autor, as políticas de prevenção dirigi-das à juventude pobre prescrevem ou enfatizam normas, significados ou representações de condutas juvenis consideradas adequadas para cada gênero.

Para finalizar, Maria Simone Vione Schwengber problematiza a emergência de uma sofisticada maquinaria pedagógica na contempora-neidade, o que amplia as formas e os percursos da educação e da gene-rificação dos corpos em diferentes registros de produção e de consumo, circulando na cultura e tendo efeitos no contexto escolar. Toma como fonte a campanha publicitária (do Natal de 2012) da luxuosa loja de departamentos Barney’s, que veste a personagem Minnie e sua turma, a fim de discutir inicialmente a seguintes questões: Como essa campa-nha publicitária tematiza e/ou fortalece as formações corporais de femi-nilidade e de masculinidade? O que a escola e as aulas de Educação Física podem fazer por isso? A partir do resultado das análises, Simone focalizou um movimento que atrela fortemente as mulheres (meninas) a questões relativas à aparência – como magreza, beleza e erotização – e uma campanha identitária que investe nos meninos um ar moderno, potente, viril e malandro. Deste modo, a autora aponta para a importân-cia da educação e da Educação Física afinarem o senso crítico sobre os percursos da educação e generificação dos corpos.

Considerando o espaço conquistado pelas produções em Educa-ção Física que se articulam aos estudos de gênero e feministas, busca-mos, com esta obra, contribuir com este movimento articulador e

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dialó-20

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gico. Deste modo, desejamos que este livro contribua com os interes-ses profissionais, políticos e teóricos de leitores/as engajados/as com a visibilidade da produção generificada dos corpos no âmbito das práticas corporais escolares, esportivas e de lazer. Especialmente, esperamos que a experiência com este livro seja positiva na identificação de alternati-vas temáticas, de perspectialternati-vas teóricas distintas, de diversos percursos metodológicos e, também, na visibilização de alguns modos de analisar os materiais empíricos.

Neste ensejo, buscamos contribuir com a demarcação de um “quadro” atual do debate produzido na articulação entre o conceito de gênero e a Educação Física na condição de área do conhecimento.

Por fim, desejamos uma boa leitura a todos e todas!

Referências

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