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LARES PARTIDOS: FAMÍLIAS NO COMÉRCIO INTERNO DE ESCRAVOS ( ) 1

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LARES PARTIDOS:

FAMÍLIAS NO COMÉRCIO INTERNO DE ESCRAVOS (1865-1880)

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Rafael da Cunha Scheffer2

O comércio interno de escravos movimentou milhares de trabalhadores entre as regiões brasileiras na segunda metade do século XIX, intensificando tensões políticas e sociais importantes para a compreensão das décadas finais do Império.3 Uma das faces mais relevantes dos efeitos desse comércio foi seu impacto na família cativa, tema da presente comunicação. Pretendo aqui problematizar os efeitos do comércio sobre essas famílias, partindo de diversos registros desse comércio fixado entre o Sul e o Sudeste do Brasil.

Para isso, utilizo as escrituras de compra e venda para verificar a presença da família no mercado nacional de cativos, compreendendo a participação de homens, mulheres e crianças nessas negociações e seus laços de parentesco. Essas informações servem de base para compreender como os vínculos familiares foram mantidos ou rompidos por essas transferências. De forma semelhante, a negociação de crianças também é colocada em foco, verificando-se a separação ou continuação delas junto com um de seus pais.

Nesse contexto discuto também a construção de uma legislação que buscou proteger a família cativa, aprovada em fins da década de 1860 e reforçada pela Lei de 1871. Por meio da referida documentação, busco averiguar a aplicação desses dispositivos legais, bem como as formas de burlá-los. Ainda sobre a aplicação da Lei do Ventre Livre, analiso rapidamente seus

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Texto apresentado no 7º Encontro Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Curitiba (UFPR), de 13 a 16 de maio de 2015. Anais completos do evento disponíveis em http://www.escravidaoeliberdade.com.br/

2 Doutor em História pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); Professor Substituto da Universidade do

Estado do Mato Grosso (UNEMAT). E-mail: rafaelscheffer@yahoo.com.br.

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Robert Slenes calcula que aproximadamente 222.500 escravos foram transferidos entre as regiões brasileiras entre 1850 e 1881. As vendas cessam no início da década de 1880, quando da criação de elevados impostos que tornaram proibitivo esse comércio entre as províncias. SLENES, Robert W. The Brazilian internal slave trade, 1850-1888: Regional economies, slave experience and the politics of a peculiar market. In: JOHNSON, Walter (ed.). The Chattel Principle: internal slave trade in the Americas. New Haven: Yale University Press, 2004, p. 331, 358-359.

Entre as demais mudanças ligadas a esse processo de transferência, destaco as discussões sobre o risco de divisão nacional causado pelo desequilíbrio da posse escrava e a crescente concentração da propriedade de cativos na segunda metade do século XIX. CASTRO, Hebe Maria Mattos de. Das cores do silêncio: os significados da liberdade no sudeste escravista – Brasil, século XIX. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1995, p. 104-106, 121; AZEVEDO, Célia Maria Marinho de. Onda negra, medo branco: o negro no imaginário das elites, século XIX. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987, p. 112-113. Apud: GRAHAM, Richard. “Nos tumbeiros mais uma vez? O comércio interprovincial de escravos no Brasil”. Afro-Ásia, 27 (2002), p. 132-134, 138-141;

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desdobramentos em relação a uma mudança no perfil dos escravos disponíveis no mercado, especialmente em relação às cativas jovens e com potencial de maternidade. Por fim, também são averiguadas as reações às vendas para localidades distantes e a possibilidade de se estabelecer acordos entre cativos e seus senhores para evitar esses deslocamentos e, consequentemente, o rompimento entre os membros de comunidades escravas antigas.

Os milhares de escravos negociados entre as diferentes partes do Brasil compõem um contexto de transformações que ajuda a entender as críticas e a crise do sistema escravista que se desenvolvem na segunda metade do século XIX. Dezenas de milhares de escravos negociados entre as regiões brasileiras sofreram com mudanças que poderiam ser bastante drásticas, que envolveram não só o trauma da separação de familiares, amigos, amantes e de um contexto conhecido, mas também com o desafio de construir novamente suas redes de sociabilidade e solidariedade.

Nas sete localidades estudadas (Alegrete/RS, Campinas/SP, Cruz Alta/RS, Desterro/SC, Pelotas/RS, Porto Alegre/RS e Rio Grande/RS) obtive o registro de compra e venda de 6718 escravos negociados na segunda metade do século XIX.4 A grande maioria desses casos foi verificada em Campinas, importante localidade no interior paulista e centro de uma zona cafeeira em grande expansão no período. Mostrando a chegada de cativos de todo o país, e logo a de partes de famílias rompidas por este comércio, os dados dessa região terão destaque na discussão proposta. Foram 3179 os escravos negociados em Campinas entre 1865 a 1882, contemplando tanto aqueles vindos de outras províncias quando os negociados localmente.

Legislação sobre o comércio da família escrava

Mas antes de discutirmos os registros encontrados e a maneira como a família cativa foi atingida pelas vendas, cabe uma pausa para observarmos o ambiente legal restritivo que é colocado sobre a negociação dessas famílias. Isso é importante pois essa legislação ajudou a formar o ambiente normativo no qual os registros estudados foram realizados, fator fundamental para a compreensão desses documentos. A separação de famílias era discutida pelos contemporâneos

4 Pesquisa realizada nos acervos de tabelionatos de sete cidades, com os seguintes totais de cativos negociados (nas

escrituras de compra e venda) em cada uma delas: Campinas/SP – 3179; Alegrete/RS – 139; Cruz Alta/RS – 549; Pelotas/RS – 250; Porto Alegre/RS – 1739; Rio Grande/RS – 487; Desterro/SC (atual Florianópolis) – 375.

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como uma face brutal da escravidão – da transformação dos escravos em mercadorias – e que desnudava as contradições de um discurso paternalista, afrontando a acomodação escrava em famílias com a destruição delas visando o lucro. A busca pelo lucro no comércio de escravos, por sua vez, foi frequentemente criticada ao longo do período. Vista como desestabilizadora da ordem social, por incentivar a quebrar dos vínculos entre senhor e escravo, a atividade de muitos negociantes e seus agentes era vista com maus olhos pelos “bons senhores”.5

Assim, somada à pressão exercida pelos cativos, essa condenação da separação de família vai levar a uma proibição legal da mesma em 1869, que será reforçada na Lei de 1871.

No Decreto 1.695, de 15 de setembro de 1869, foi proibida a venda de escravos em pregões públicos, e no seu segundo artigo a questão da família foi tratada: “Art. 2º Em todas as vendas de escravos, ou sejam particulares ou judiciais, é proibido, sob pena de nulidade, separar o marido da mulher, o filho do pai ou mãe, salvo sendo os filhos maiores de 15 anos.”6

É interessante pensar que a chamada ou assunto principal da lei foi a proibição dos pregões de cativos, outro tema bastante criticado por mostrar a reificação dos mesmos. De toda forma, a defesa da família – pelo menos aquela entendida como o núcleo familiar – estaria assegurada. Mas cabe lembrar que a presente regulamentação não estabelecia multas ou punições a essa separação, mas sim a anulação da venda.

Entretanto a discussão sobre a necessidade de proteger a família escrava não terminou por aí. Pouco tempo depois ela voltou a ser tema de debates e ações legislativas, sendo contemplada em artigos da Lei de 1871. Dois parágrafos do Artigo 4º demonstram essa preocupação:

§ 7.º - Em qualquer caso de alienação ou transmissão de escravos, é proibido, sob pena de nulidade, separar os cônjuges e os filhos menores de doze anos do pai ou da mãe.

§ 8.º - Se a divisão de bens entre herdeiros ou sócios não comportar a reunião de uma família, e nenhum deles preferir conservá-lo sob seu domínio, mediante reposição da quota, ou parte dos outros interessados, será a mesma família vendida e o seu produto rateado.7

5 Exemplo dessa discussão pode ser vista no jornal “O Conservador”, de Desterro. Nele encontramos as atas de

discussão da Assembleia Provincial de Santa Catarina, e entre os temas debatidos encontramos uma proposta de proibição da exportação de cativos para outras províncias do Império.160 Apresentada na sessão de 28 de março de 1876 da Assembleia, o deputado Pinheiro defendeu seu projeto de proibição baseado em dois problemas fundamentais: a falta de trabalhadores rurais na província, que estaria causando a “prostração” da agricultura catarinense; e os “distúrbios” que esse comércio estaria causando à ordem pública e disciplinar dos cativos da província.

6

Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-1695-15-setembro-1869-552474-publicacaooriginal-69771-pl.html (acessado em 18/02/2015). A grafia foi modificada pelo autor.

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Pode ser observada claramente, nesses dois parágrafos, a preocupação com a conservação da família cativa. Ao mesmo tempo, percebemos como a idade mínima em que a separação dos filhos era permitida caiu para 12 anos e continuou não havendo outra punição imposta aos senhores que separassem as famílias a não ser a nulidade da operação de venda. Nesse ponto, uma questão relevante que podemos colocar é o cumprimento dessa lei, ou seja, sua efetividade para proteger a família cativa, questão que trato a seguir.

A família cativa nos registros de compra e venda

Nossa primeira tentativa de entender os impactos que o comércio teve sobre a família escrava seria uma aproximação direta ao problema, buscando verificar os casais atingidos pelo comércio como um indício de seu impacto nas famílias. Através de uma leitura geral dos registros sobre a venda, pode ser percebida uma aparente observância dessas leis. Poucos casais ou crianças são mostrados sendo separados pela comercialização. Obviamente isso está relacionado à questão do registro e da não criação de provas contra os senhores. Mas devemos ficar atentos também ao que era ocultado por esses mesmos registros. Entre os escravos negociados em todas as localidades estudadas, por exemplo, o número de cativos reconhecidos (identificados dessa forma) como “casados” foi sempre muito reduzido. Em Campinas, onde ocorreu o maior número e representação proporcional desse grupo, apenas 131 (ou 4,1% do total) foram apontados como “casados” e outros 19 (ou 0,6%) como “viúvos”.8

E para esses o registro legal raramente apontou a quebra dos laços familiares através do descumprimento da lei. Esse pequeno grupo, dentro do universo dos negociados, poderia nos fazer entender que casais cativos (e logo suas famílias) poderiam ter sido protegidos por senhores ou mesmo a lei. Por isso vamos analisar esses documentos e as histórias por eles contadas para verificar as condições em que se deram essas manutenções e separações.

Um fato corriqueiro nos registros desse comércio foi a negociação de famílias nucleares, como o que pode ser visto na venda de oito escravos realizada entre senhores de Campinas.9 Entre os negociados encontramos dois casais de cativos e seus filhos: Domingos (30 anos) e Humbelina

8 Fonte: Livros de notas do 1º e 2º Tabelionatos de Notas de Campinas. Para o período, um total de 54 livros foram

encontrados, mas dois deles continuam sem fazer parte do banco de dados, devido a problemas de digitalização. Em todo caso, esses livros se referiam a um período de tempo já coberto por outros livros da série e futuramente serão incorporados ao banco. Outros livros que extrapolam o período podem ser encontrados nesses tabelionatos, mas foram deixados de lado em minha pesquisa por uma questão de tempo.

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(27), pais de Julião (6); e Hermenegildo (30) e Florência (20), pais de Martinho (7); e para todos os indivíduos transferidos encontramos informações referentes a ambos os pais. Essas indicações parecem apontar para escravos que tiveram um cativeiro mais estável e que, ao serem transferidos localmente, conseguiram manter e tornar reconhecidos os seus laços familiares.

Essa situação foi semelhante a enfrentada pela família de João e Delphina. Ele, um africano de 54 anos de idade; ela natural do “Norte do Império”, com 35 anos, ambos identificados como trabalhadores domésticos e casados. Em 1877, o casal e seus três filhos cativos: José (14 anos), Tito (11) e Frederico (8), esses naturais de Campinas e todos aí matriculados, foram vendidos para uma senhora também de Campinas, por 7 contos de réis.10 E essa família cativa também era acompanhada de uma filha, ingênua, chamada de Dorothea, de 5 anos de idade. Novamente a nível local, podemos inferir que a capacidade da família se manter coesa nesse processo de venda (impedindo, por exemplo, que seu filho de 14 anos fosse negociado separadamente) implica em uma mobilização com esse fim. Possivelmente, mesmo uma interferência nas negociações senhoriais poderia ser tentada, relacionando os futuros ganhos senhoriais com a manutenção da coesão familiar e o respeito às normas legais estabelecidas, havendo outros casos que reforçam essa mesma situação.11

Contudo, cativos de outras paragens parecem também ter conseguido manter seus núcleos familiares mesmo no comércio interregional. O casal Manoel (43 anos) e Helena (31), pernambucanos matriculados em Flores/PE na relação de um senhor com dezenas de cativos, foram negociados juntos em Campinas em 1879.12 De forma semelhante, em 1877, uma família de escravos gaúchos foi negociada em Campinas para um senhor de Mogy Mirim.13 Desidéria, parda, cozinheira, com 34 anos de idade, foi declarada a mãe de outros três cativos negociados nessa ocasião: Marcos (de 14 anos), Brígido (11) e Francisco (9). Além disso, outros três filhos ingênuos teriam acompanhado a mãe e foram transferidos juntamente com ela. O outro escravo vendido nessa ocasião foi José, um lavrador de 32 anos. Todos foram anteriormente matriculados em Cruz Alta/RS e são apontados como naturais do Rio Grande do Sul. No registro José e Desidéria são apontados como solteiros, e a paternidade dos filhos dela não foi indicada. Assim, não temos a

10 1º Tabelionato de Campinas, Livro 71, p. 33-33v. Todas as crianças foram apontadas como filhas do casal.

11 2º Tabelionato de Campinas, Livro 4A, p. 83v-84v. Em 16 de janeiro de 1878, por exemplo, a família dos escravos

Thiago e Antônia, seus filhos cativos Caetano, Rufina e Francisco, mais dois irmãos menores ingênuos, foi negociada entre senhores de Campinas.

12 1º Tabelionato de Campinas, Livro 75, p. 57v. 13 1º Tabelionato de Campinas, Livro 71, p. 15-16.

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certeza de que José faça parte desse núcleo familiar, mas de qualquer forma ele pode ser entendido como alguém mais próximo, um conhecido no meio de um processo de grande mudança.

E um caso específico chamou a atenção, pois observei em Campinas uma relação comercial unindo um casal de escravos. Em 7 de novembro de 1878, José de Camargo Penteado Filho, comprou de um senhor de Monte Mór/SP o lavrador Possidônio, de 36 anos de idade, que era casado com uma escrava do comprador.14 Como apontado, esse parece ter sido um caso único, e o fato desse casamento ter sido realizado entre escravos que não só pertenciam a senhores diferentes mas que vivam em localidades distantes nos chama a atenção. Teriam esses escravos se conhecido em momento anterior, quando viviam próximos? E como eles foram separados? Enfim, cada um desses indícios aponta uma série de outras questões, que de toda forma marcam a diversidade das experiências e situações dentro do escravismo.15

Entretanto, apesar dos registros nos permitirem verificar a manutenção de diversos laços familiares (pelo menos aqueles legalmente reconhecidos e assim registrados nas escrituras), as notas de compra e venda de cativos também explicitam diversos episódios de separações familiares, como veremos a seguir.

A separação de famílias nos registros

A venda de membros de famílias, especialmente de filhos com idade superior àquela estabelecida pelas restrições legais (ou assim indicado nos documentos), foi uma constante nas décadas finais da escravidão. Exemplo disso foi a venda, em 1876, de quatro irmãos realizada entre senhores de Campinas. André (23), Luís (19), Praxedes (14) e Domingos (12) foram todos indicados como filhos de Juliana, naturais de Santa Catarina e anteriormente matriculados em Itajaí/SC. Fica a impressão de que os quatro foram negociados de Santa Catarina para o interior paulista há pouco tempo, não tendo ainda sido matriculados nessa última localidade antes de serem revendidos pouco tempo depois. Nada sabemos sobre o paradeiro de Juliana, que talvez tenha

14 2ª Tabelionato de Campinas, Livro de Notas nº 5A, p. 135-135v.

15 Esse caso específico poderia ser explorado pelos defensores desse comércio, como temos exemplos nos Estados

Unidos. Acompanhando as discussões pró e contra o comércio de cativos, Walter Johnson afirma que o discurso de promover a unidade de famílias escravas estava entre os tópicos mais fortes do discurso paternalista pró comércio a ser acionado naquele país. JOHNSON, Walter. Soul by soul: life inside the antebellum slave market. Harvard University Press: Cambridge, 1999, p. 108-110.

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ficado em Itajaí. Domingos, seu filho mais novo envolvido nessa transação, tinha a idade limite para a negociação, sendo adquirido juntamento com seus irmãos por 7 contos e 350 mil réis.16

E outros casos também deixam clara a separação de partes de famílias, ocorrendo no espaço permitido pela lei. Em 30 de junho do 1877, o negociante João Mourthé vendeu 9 escravos vindos do Nordeste brasileiro, possuídos por diversos senhores, para um proprietário de Campinas.17 Todos eles eram homens jovens, entre 12 e 26 anos, vendidos por 20 contos e 970 mil réis. Entre eles, podemos verificar a presença de dois irmãos: Benedicto (14 anos) e Antônio (12), filhos da escrava Joanna, matriculados em Parnahyba/PI e naturais daquela província.

Antes da proibição da separação das crianças de suas mães tais ocorrências também foram registradas. Em julho de 1869, o negociante João Mourthé realizou a venda de seu escravo Innocêncio, de 9 anos, sem fazer referência à família do mesmo.18 E no mesmo ano, em 10 de setembro, Manoel Ferraz de Carvalho Penteado, residente em Amparo/SP, vendeu a um senhor de Campinas seu cativo Agostinho, de 10 anos de idade, por 1 conto e 200 mil réis.19 E em 1º de outubro de 1869, portanto em data já posterior a promulgação da lei de 1869 (sancionada em 15 de setembro), encontramos nos registros a venda de Júlia, uma menina de apenas 3 anos de idade, negociada entre proprietários campineiros por 400 mil réis.20 E novamente nenhuma referência foi apresentada sobre os pais da criança.

Em outros casos, a referência aos pais foi substituída pela alegação da orfandade dos cativos negociados. Os menores Maria Joaquina e Jerônimo, de 10 e 8 anos de idade, foram vendidos na região de Campinas desacompanhados, com suas notas de venda indicando que suas mães já eram falecidas nesse momento.21 O mesmo aconteceu com Adão, de 8 anos, vendido sozinho em Desterro em 1878.22 Essa afirmação de orfandade, contudo, poderia ser usada como uma brecha na lei, que permitiria a venda dessas crianças isoladamente

Além dessas referências diretas à venda de crianças, uma outra questão aparente nas fontes foi a doação dos mesmos para familiares ou conhecidos. Em 9 de dezembro de 1870, por exemplo, Avelino Antero de Oliveira Valente doou sua escrava Januária, de 14 anos, natural de Mogimirim e

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1º Tabelionato de Campinas, Livro 68, p. 18-19.

17 1º Tabelionato de Campinas, Livro 71, p. 17v-18v. 18 2º Tabelionato de Campinas, Livro 5, p. 3-3v. 19 2º Tabelionato de Campinas, Livro 5, p. 34. 20

2º Tabelionato de Campinas, Livro 5, p. 42-42v.

21 Negociações registradas no 1º Tabelionato de Campinas, Livro de Notas nº 67, p. 134-134v; e Livro de Notas nº 71,

p. 67v-68, respectivamente.

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avaliada em 1 conto de réis, para a sua irmã, Dona Leopoldina Amália de Oliveira.23 Um mês antes, a escrava Maria, de 4 anos e avaliada em 400 mil réis foi doada por Dona Maria Luiza Nogueira de Camargo, de Campinas, para Dona Maria Carolina Oliveto.24 E em nenhum dos casos os pais das crianças foram citados, nem foram discutidos motivos para que a cativa Maria não tivesse sua doação sido impedida pela lei de 1869.25 Ao que parece, a família cativa também era ameaçada pela manutenção de laços familiares ou de camaradagem entre as famílias senhoriais!

Famílias entre a liberdade e a escravidão

Em situação ainda mais problemática estavam as famílias com membros divididos entre a liberdade e a escravidão, pois essas parecem não ter sido especialmente protegidas pela legislação. Foram encontrados casos como o de Paulo, escravo de 36 anos, natural do Rio de Janeiro e matriculado em Valença/RJ, negociado por 1 conto e 500 mil réis e que era casado com uma forra (não nomeada na escritura).26 A separação de famílias que uniam indivíduos escravizados e livres ocorreu outras vezes. Em 22 de novembro de 1879, o cativo Francisco, de 24 anos de idade, foi vendido de Campinas para um senhor de São Carlos, sem que saibamos o que aconteceu com sua esposa livre. Cerca de três meses depois, o paranaense Manoel foi adquirido de um senhor de Sorocaba por outro de Campinas, não sendo informado o paradeiro de sua cônjuge indicada como liberta.27 Também de Sorocaba, foi adquirida a escrava Luiza, uma cozinheira de 30 anos, que foi comprada sozinha pois já vivia “separada do marido, que era de outro senhor”.28

O fato da venda ter sido registrada aponta que essa justificativa foi aceita, o que problematiza a forma como a união de cativos de senhores separados era vista por essa sociedade.

Em outra situação o menino Joaquim, de 12 anos (portanto mais uma vez no limite da idade estabelecida pela Lei de 1871), filho da liberta Luiza, matriculado anteriormente em Ingá/PB, foi

23

2º Tabelionato de Campinas, Livro 6, p. 92v.

24

2º Tabelionato de Campinas, Livro 6, p. 85.

25 Seguindo a letra da lei, apenas a separação pala venda dos escravos seria impedida. Mas o imposto sobre a

transferência da propriedade sobre os cativos era cobrado também nos casos de doação, podendo servir de base para uma contestação da permissão de separação nas doações. De qualquer forma, o texto da Lei do Ventre Livre já estabelecia a proibição da separação das famílias em qualquer caso de transmissão dos escravos.

26 1º Tabelionato de Campinas, Livro 68, p. 53-53v.

27 2º Tabelionato de Campinas, Livro de Notas nº 20, p. 28v-29 e p. 94v-95, respectivamente. 28 2º Tabelionato de Campinas, Livro de Notas nº 1A, p. 73-73v.

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negociado por 2 contos e 50 mil réis para em senhor de Mogy Mirim/SP.29 Em Pelotas/RS, no dia 30 de novembro de 1876, Dona Josefa Philomena da Silva autorizou José Narciso Ferreira a negociar “neste Império” seu escravo Theodoro, de 10 anos de idade, filho da liberta Joana.30

Caso semelhante, na mesma cidade, ocorreu com Justo, de 15 anos de idade, filho da liberta Izabel. Em 1879, seu senhor Nicomedes Batista de Oliveira, morador em Pelotas, passou autorização para que Justo fosse negociado na província gaúcha ou no Rio de janeiro.31

Em todas essas ocorrências não temos referência de outros familiares acompanhando os negociados, e parece ficar claro que a manutenção dos laços familiares ficaria a cargo da capacidade dessas famílias de mobilizarem esforços e encontrarem seus parentes em outras regiões, acompanhando-os ou abandonando-os à própria sorte. Mesmo que parcialmente fora do cativeiro, a família escrava ou forjada nessa experiência continuava fragilizada enquanto não conseguisse efetivar a libertação dos seus membros restantes, ou mesmo tecer acordos com essa finalidade.

E para Campinas encontramos um caso no qual se indica uma tentativa de acordo de uma escrava com seu comprador, para garantir não só a sua liberdade mas também a de sua filha. Em 1873, o Doutor Joaquim Miguel Ribeiro Lisboa adquiriu de Dona Antônia Umbelina do Nascimento, ambos daquela cidade, a escrava Rita, engomadeira de 29 anos e sua filha Benedita, de 5 anos. Rita foi apontada como casada mas, estranhamente, o status de seu marido Romão, pai de sua filha, não foi declarado nesse documento. A aceitação da venda nos faz acreditar na possibilidade de Romão ser livre ou liberto, o que não causaria transtorno à negociação. O que nos chama a atenção, contudo, é que juntamente com a escritura foi lavrado um de contrato de liberdade e de locação de serviços entre Rita e seu comprador. Pelo valor da compra, 2 contos de réis, Rita se comprometia a prestar sete anos de trabalho ao Doutor Joaquim Lisboa, tendo ele deixado claro no contrato que comprava a filha desta para não separá-las.32 Pelo acordo, Rita ficava liberta sob condição e em companhia de sua filha, devendo ao comprador o trabalho em troca da compra de sua liberdade. Contudo, pelo que entendi do processo, Benedita continuava cativa, e caberia ao trabalho de seus pais a obtenção dos recursos para libertá-la. De toda forma, esse arranjo parece ter sido

29 1º Tabelionato de Campinas, Livro 75, p. 38-38v. Negociado em 2 de julho de 1879. 30

Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul (APERS). Fundo Tabelionatos. 1º Tabelionato de Pelotas. Livro de Procurações 7, p. 104-104v.

31 APERS. Fundo: Tabelionatos. 1º Tabelionato de Pelotas, Livro de Procurações 11, p. 256-256v 32 1º Tabelionato de Campinas, Livro 64, p. 88-90v.

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forjado como uma estratégia familiar visando a liberdade, mesmo que mesclando situações de cativeiro (sem descartar a incerta situação do pai) em princípio limitadoras da liberdade familiar.

Família nos registros de vendas de escravos – perspectiva ampliada

O que vimos até aqui nos registros de vendas de cativos mostram, em geral, a venda de famílias nucleares ou de indivíduos não cobertos pela proteção da lei, como filhos mais velhos ou casais sem uma união reconhecida. O que procuro explorar na sequência é uma perspectiva mais ampla desses registros, buscando ver laços não declarados nas fontes. E um primeiro ponto a ser destacado é o da grande presença de escravos crioulos nas fontes estudadas. Nos dados relacionados para Campinas, os africanos corresponderiam apenas a 6,9% dos cativos negociados.33 Em Porto Alegre essa participação de africanos correspondeu a 11,0% dos escravos transferidos, com outros 21,6% não tendo a sua origem indicada. Em Rio Grande e Pelotas o número de africanos parece ter sido mais elevado, com 25,3% e 37,2% dos negociados sendo apontados como naturais daquele continente, respectivamente. Além disso, temos que contar com a possibilidade de que grande número dos escravos transacionados nas primeiras décadas após 1850 tivessem sua origem ocultada ou alterada para esconder possíveis sinais de tráfico ilegal. De toda forma, o quadro formado para as décadas finais do século XIX aponta para uma predominância de escravos crioulos sendo negociados no território nacional. E nesse sentido, pessoas com laços familiares e de solidariedade formados no contexto escravista brasileiro. O próprio volume das transferências realizadas, de certa forma, já indicaria o impacto que o comércio teve para a vida de milhares de famílias em todo o Brasil.

Mas para entendermos melhor ainda esse impacto vamos ver em seguida os perfis de cativos negociados. Em primeiro lugar, como já era apontado pela historiografia, o comércio interno observa o predomínio da compra de homens, mostrando um desequilíbrio sexual nas transferências. Ele aparece principalmente quando observamos o comércio interprovincial de cativos, e varia conforme a região como observei em pesquisa anterior.34 A questão é que os grandes deslocamentos (e a entrada de escravos em Campinas foi muito ligada a esse movimento) privilegiaram sem dúvida

33 Fonte: Livros de notas do 1º e 2º Tabelionatos de Notas de Campinas.

34 SCHEFFER, Rafael da Cunha. Comércio de escravos do Sul para o Sudeste, 1850-1888: economias microregionais,

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os homens cativos, rompendo os laços desses com suas mães, esposas e filhos. Mas nem sempre o comércio seguiu essa determinação. Em Desterro, por exemplo, nas trocas locais houve o predomínio da negociação de mulheres. Elas apareceram acompanhadas de seus filhos quando foi o caso, mas nenhuma delas foi indicada como casada.35 Isso nos permite questionar, mais uma vez, as relações registradas por essa fonte, mas não temos como avançar na crítica sem o auxílio de outra documentação.

Um ponto a ser destacado, quando falamos na separação de famílias, é a venda de crianças e adolescentes. No total das vendas realizadas em Campinas, 619 dos escravos vendidos tinham até 14 anos, representando 19,6% dos negociados naquela localidade. Houve uma concentração (58% dos negociados) entre os cativos adultos de até 29 anos, sendo que os adultos mais experientes, de até 44 anos, somaram 13,7%. Os trabalhadores de maior idade, com mais de 45 anos, representaram 6,7%. O ponto de interesse na venda desses jovens é apontar as famílias desarticuladas com a venda de seus descendentes. Como mostramos anteriormente, com a venda de irmãos catarinenses ou maranhenses sem a companhia de seus pais, o comércio interno rompeu com famílias de todo o país.

A relação entre os sexos e as faixas etárias dos negociados, em todo o período selecionado, mostra uma constante relação entre os negociados dos sexos masculino e feminino. As mulheres representando sempre cerca de 1/3 dos escravos transacionados, independente da faixa etária. Com isso, podemos descartar a procura por um perfil etário das escravas que fosse muito divergente daquele buscado para os homens. Podemos tomar isso como uma constatação de que não havia uma preferência por escravas jovens, aptas a dar a luz a novos cativos. Em muitas das localidades estudadas a falta de referências específicas a escravas da faixa etária de 15 a 29 anos, que permitissem a comparação entre diferentes períodos, impediu-nos de observar com maior clareza o impacto da maternidade e da possibilidade de reprodução na valorização das mesmas. Dessa forma, não conseguimos verificar as indicações de Robert Slenes, de que com a Lei do Ventre Livre as mulheres perderam, em parte, seu valor de mercado ao deixarem de proporcionar o nascimento de novos escravos aos seus senhores.36

35 Livros de Notas dos Cartórios Kotzias, da Freguesia da Lagoa, Ribeirão e Santo Antônio. A partir da década de 1870,

a indicação de que não tinham filhos, quando era o caso, passou a aparecer constantemente.

36 SLENES, R. Brazilian Internal Slave Trade, 1850-1888: Regional economies, slave experience and the politics of a

peculiar market. In: JOHNSON, Walter (ed.). The Chattel Principle: internal slave trade in the Americas. New Haven: Yale University Press, 2004, p. 357.

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A resistência as vendas

Encaminhando a conclusão dessa breve discussão, cabe citar rapidamente a resistência às vendas sempre encontradas quando falamos do comércio interno. Em diversas ocasiões, motivados pelo temor da separação ou das má afamadas condições de seus novos cativeiros, os cativos reagiram às transferências. Esse tema já foi discutido por Sidney Chalhoub em Visões da

Liberdade,37 e surgiu claramente em minhas pesquisas anteriores em uma situação em Desterro. Foi

assim noticiado no jornal O Conservador, de Desterro, em 20 de dezembro de 1873:

Tentativa de Suicídio – Pretendera suicidar-se ontem na ocasião de embarcar para o Rio de Janeiro, um crioulo do negociante Jorge de Souza Conceição.

Motivou este ato de loucura, segundo consta, o engano de que se serviram para ele embarcar, persuadindo-lhe que ia para Canasvieiras, o que dando logo por isso se lançou ao mar, sendo salvo pela tripulação do bote com muita dificuldade.

A lei de emancipação devia ser mais benigna, em favor desses infelizes; ás vezes o amor a ganância de obter-se na corte um alto preço, faz desprezar e entorpecer os sentidos de humanidade, obrigando-se assim a esta classe desfavorecida a abandonar afeições caras; e até o amor do torrão em que nasceram que pode nela ser um sentimento muito natural.

A lei de 28 de Setembro ainda não preveniu todas as eventualidades desta ordem, mas a sabedoria do governo imperial em que tanto confiamos há de dar a seu tempo remédio a estes males.38

Segundo o autor, o cativo em questão, desesperado com a situação, procurou interferir no curso que tomava a sua vida através do suicídio, forma mais extrema de tentar definir o futuro de sua existência. Não sabemos se o caso foi mesmo uma tentativa de suicídio ou fuga desesperada e mal sucedida, mas essa ocorrência e sua narrativa apontam para algumas questões importantes. Ela reafirma a possibilidade de resistência por parte do escravo a uma transferência para longe, pois a ocultação do verdadeiro destino (com o subterfúgio de informar ao cativo que o seu destino seria uma freguesia ao norte da Ilha de Santa Catarina) mostra a precaução dos vendedores envolvidos em evitar problemas. Por outro lado, essa mentira é reveladora por si, ao mostrar que o cativo estaria disposto a manter-se disciplinado e aceitar a sua transferência dentro de certos limites.

Casos de reação à separação dos familiares aparecem também na bibliografia norte americana sobre o comércio de escravos. Em um caso específico, de venda de escravos em um

37

CHALHOUB, Sidney. Visões da liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na corte. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

38 Universidade Federal de Santa Catarina/ Biblioteca Universitária (UFSC/BU). O Conservador, n. 91, 20 de dezembro

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leilão, Walter Johnson relata a tentativa do escravo em garantir que sua transferência fosse acompanhada da de sua esposa, propagandeando não apenas as suas habilidades, mas também as de sua família, destacando a complementaridade de suas capacidades e a vantagem que seria adquirir todos juntos e manter unida sua família.39

Conclusões

O que os registros de todas as localidades estudadas nos mostram, contudo, é que as transferências de cativos, tanto locais como interprovinciais, foram uma constante na segunda metade do século XIX. E, seguindo a lei ou burlando suas limitações, a família escrava foi duramente atingida por milhares de deslocamentos. O que vemos, quando analisamos as notas de compra e venda, são as múltiplas situações nas quais se desenvolviam as famílias escravas sendo afetadas pela comercialização de seres humanos. O mercado de trabalhadores separou famílias, pais e filhos, irmãos e demais membros de grandes grupos humanos, que, sempre que possível, tentaram manter ou reconstruir esses laços.

Fontes

Livros de Notas e Procurações. 1º e 2º Tabelionato de Notas de Campinas.

Livros de Notas e Procurações. Tabelionatos de Alegrete, Cruz Alta, Pelotas, Porto Alegre e Rio Grande. Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul (APERS). Fundo: Tabelionatos.

Livros de Notas e Procurações. Tabelionatos de Desterro/Florianópolis.

Bibliografia

AZEVEDO, Célia Maria Marinho de. Onda negra, medo branco: o negro no imaginário das elites – século XIX. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

39 JOHNSON, Walter. Soul by soul: life inside the antebellum slave market. Harvard University Press: Cambridge,

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CASTRO, Hebe Maria Mattos de. Das cores do silêncio: os significados da liberdade no sudeste escravista – Brasil, século XIX. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1995

CONRAD, Robert. Os últimos anos da escravatura no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.

CHALHOUB, Sidney. Visões da liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na corte. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

GRAHAM, Richard. Nos tumbeiros mais uma vez? O comércio interprovincial de escravos no Brasil. Afro-Ásia, 27 (2002), p. 121-160.

JOHNSON, Walter. Soul by soul: life inside the antebellum slave market. Harvard University Press: Cambridge, 1999.

MOTTA, José Flávio. Escravos daqui, dali e de mais além: o tráfico interno de cativos na expansão cafeeira paulista (Areias, Guaratinguetá, Constituição/Piracicaba e Casa Branca, 1961-1887). São Paulo: Alameda, 2012.

SLENES, Robert W. Na Senzala, Uma Flor: Esperanças e Recordações Na Formação da Família Escrava (Brasil Sudeste, Século XIX). Rio de Janeiro - RJ: Nova Fronteira, 1999.

SLENES, Robert W. “The demography and economics of Brazilian slavery: 1850-1888”. Tese de doutorado em História, Stanford, Sanford University, 1976.

SLENES, Robert W. The Brazilian internal slave trade, 1850-1888: Regional economies, slave experience and the politics of a peculiar market. In: JOHNSON, Walter (ed.). The Chattel Principle: internal slave trade in the Americas. New Haven: Yale University Press, 2004, 325-370.

Referências

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