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UM OLHAR SOBRE O TRABALHO DOS GESTORES ESCOLARES NO CONTEXTO DA PANDEMIA

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Educação Básica Online, vol.1, is.1, Jan./Apr., 2021, p.125-133 ISSN: 2675-9497

UM OLHAR SOBRE O TRABALHO DOS GESTORES

ESCOLARES NO CONTEXTO DA PANDEMIA

A escola é um espaço de mudanças. À medida que transformações sociais, econômicas, políticas e culturais vão surgindo, as relações humanas dentro da escola também vão sendo transformadas, o que implica de forma direta no processo educativo. Tal processo existe a partir de uma relação socioeducativa, cujos protagonistas são os professores, alunos, pais, demais colaboradores e, como foco central do tema apresentado, gestores escolares. Geralmente, os gestores escolares são representados por coordenadores, orientadores, vice-diretores e diretores. A gestão educacional é aqui compreendida como um mecanismo de tomada de decisões que tem por finalidade atingir os objetivos das instituições de ensino.

Obviamente, os objetivos de cada instituição variam de acordo com o tipo de gestão adotado. No presente estudo, a gestão democrática é eleita como base para a discussão do tema, uma vez que tem como uma de suas características a busca por uma transformação social que não mais compactue com o processo educacional sendo resumido à um “instrumento de alienação e expropriação material do homem” (LIMA, 2013, p. 65). Com o fim do período de ditadura militar, a reabertura democrática do país trouxe novos contextos econômicos, políticos e sociais, o que evidenciou um novo olhar para a educação. Esse novo olhar trouxe a gestão democrática como importante princípio educacional, previsto no art. 206 da Constituição Federal (BRASIL, 1988). Anos mais tarde, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), em seu art. 3º, também corroborou com o mesmo princípio (BRASIL, 1996).

Dada a importância dos preceitos legais, vale ressaltar que o princípio da gestão democrática pressupõe três categorias: descentralização, autonomia e participação. Enquanto a primeira prevê uma relação de horizontalidade entre as funções, buscando o empoderamento de todos os sujeitos envolvidos no processo educacional, a segunda, possibilita que a escola se organize de forma autônoma, considerando as especificidades de seus espaços internos e externos. Por fim, a participação, além de vincular as duas categorias anteriores, “acentua a importância da busca de objetivos comuns assumidos por todos” (LIBÂNEO, 2017).

A partir da revisão bibliográfica das obras de Lima (2013), Libâneo (2017), Lück (2013), Lima (2018) e Gracindo (2009) é possível verificar que, embora seja abordada a importância do princípio da gestão democrática, a sua implementação ainda é um grande desafio, pois requer conscientização de toda a comunidade escolar sobre o que de fato é necessário e significativo para a escola e para todo o processo educativo.

Dessa forma, nos deparamos com o trabalho dos gestores escolares numa perspectiva de constantes enfrentamentos em busca de um processo educacional emancipatório e participativo. Percebemos também que, além desses constantes enfrentamentos acerca da gestão democrática, os gestores escolares passam por outro tipo de enfrentamento ligado à sua identidade profissional. Dessa forma, autores como Paro (1998), Lima e Santos (2007), Clementi (2001), Libâneo, Oliveira e Toschi (2012), Placco e Silva (2008) e Placco, Souza e Almeida (2012), foram utilizados para contextualizar as funções e a organização do trabalho dos gestores escolares.

Por fim, a partir da análise da gestão democrática e das funções dos gestores escolares, entramos na discussão sobre o trabalho desses profissionais em tempos de pandemia, utilizando-se dos trabalhos de Faustino e Silva (2020) e Peres (2020). Sabemos que, se até os dias atuais o trabalho dos gestores escolares pode ser considerado complexo e indispensável dentro de uma perspectiva de gestão democrática, em tempos de pandemia esse trabalho torna ainda mais evidente e necessário para atender às novas demandas educacionais. Diante

Daniele Xavier Ferreira Giordano

Mestranda em Educação pela Universidade Federal de São Carlos – Campus Sorocaba. Bacharel em Direito e Licenciada em Pedagogia. Membro do GEPLAGE – Grupo de Estudos e Pesquisas Estado, Políticas, Planejamento, Avaliação e Gestão da Educação, vinculado ao CNPq. Bolsista CAPES – Programa de Pós-Graduação em Educação – UFSCar Sorocaba.

ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8692-1278

E-mail: dani.xfg@gmail.com

DOI: https://doi.org/10.24115/S2675-949720211115p.125-133 Recebido em:

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Educação Básica Online, vol.1, is.1, Jan./Apr., 2021, p.125-133 ISSN: 2675-9497 o exposto, será abordada uma discussão crítico-reflexiva a respeito de um novo olhar sobre o trabalho dos gestores escolares no contexto da pandemia.

Antes de contextualizar o trabalho dos gestores escolares com a atual situação da pandemia e todas as suas consequências, se faz necessário resgatar a trajetória desses profissionais para compreendermos os desafios diários de sua atuação frente às instituições de ensino. A gestão escolar desenvolve função indispensável dentro das instituições de ensino, uma vez que é responsável por suas atividades-meio. Segundo Paro (1998), tanto as atividades-meio quanto as atividades-fim, precisam ser desenvolvidas tendo a mesma concepção de educação, assim, o caráter mediador que a gestão possui deve estar alinhado aos reais objetivos da instituição.

Se está envolvida a educação, é importante, antes de mais nada, levar em conta os objetivos que se pretende com ela. Então, na escola básica, esse caráter mediador da administração deve dar-se de forma a que tanto as atividades-meio (direção, serviços de secretaria, assistência escolar e atividades complementares, como zeladoria, vigilância, atendimento de alunos e pais), quanto a própria atividade-fim, representada pela relação ensino-aprendizagem que se dá predominantemente (mas não só) em sala de aula, estejam permanentemente impregnadas dos fins da educação. Se isto não se dá, burocratiza-se por inteiro a atividade escolar, fenômeno que consiste na elevação dos meios à categoria de fins e na completa perda dos objetivos visados com a educação escolar (PARO, 1998, p.4).

Apesar de existir a distinção entre as atividades-meio, onde se encontra a gestão escolar, e atividades-fim, marcada pela relação de ensino-aprendizagem, não há consenso quanto às funções dos gestores escolares. Em relação ao papel do diretor, Libâneo (2017) aponta que:

[...] Há uma diversidade de opiniões sobre o papel do diretor, principalmente, sobre se lhe cabem tarefas apenas administrativas ou também tarefas pedagógicas, em sentido mais estrito. Preferimos optar pela seguinte posição: o diretor de escola é o responsável pelo funcionamento administrativo e pedagógico, portanto, necessita de conhecimentos tanto administrativos quanto pedagógicos. Entretanto, na escola, ele desempenha predominantemente a gestão geral da escola e, especificamente, as funções administrativas, delegando a parte pedagógica ao coordenador ou coordenadores pedagógicos (LIBÂNEO, 2017, p. 96).

A partir do apontamento de Libâneo (2017) é possível perceber que, embora os diretores também sejam responsáveis por desenvolverem trabalhos pedagógicos, o que de fato acaba acontecendo é esse profissional atuar mais diretamente com questões burocráticas/administrativas e constante atendimento às legislações educacionais nas esferas municipais, estaduais e federais. Uma situação como essa, “cria uma perspectiva estática, burocratizada e hierarquizada do sistema de ensino e das escolas” (LÜCK, 2013, p. 34). No que tange às funções dos coordenadores pedagógicos, também é possível perceber a diversidade de olhares que são lançados a este profissional. Comumente, o coordenador pedagógico é visto como aquele que “resolve tudo” no cotidiano da escola (LIMA e SANTOS, 2007, p. 79), ou seja, aquele que é responsável não só pelo trabalho pedagógico desenvolvido com os docentes, mas como aquele que também se responsabiliza pelo atendimento aos pais e alunos, além de mediar os eventuais conflitos que surgem diariamente na escola bem como questões de ordem burocrática. Uma das causas dessa falta de clareza referente às funções do coordenador pedagógico pode ser compreendida por não ocorrer um trabalho de formação efetiva para esse profissional (CLEMENTI, 2001, p.53), visto que se trata de uma função relativamente nova dentro do contexto da gestão escolar.

Geralmente, coordenadores pedagógicos e orientadores educacionais são vistos num mesmo sujeito, não havendo, portanto, pessoas com formações específicas para atuarem nessas funções de forma separada. Entretanto, nas instituições de ensino que existe a figura de ambos, o orientador educacional pode ser visto como aquele que “cuida do atendimento e do acompanhamento escolar dos alunos e do relacionamento escola-pais-comunidade”

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Educação Básica Online, vol.1, is.1, Jan./Apr., 2021, p.125-133 ISSN: 2675-9497 (LIBÂNEO, 2017, p. 109). De acordo com Lima e Santos (2007), ainda hoje, muitos profissionais da área da gestão escolar não possuem clareza da identidade e delimitação de sua competência na vida escolar.

Diante desse contexto, é possível perceber que as práticas relativas às funções dos gestores escolares são vistas de maneira difusa, uma vez que não há consenso sobre definições exatas de funções. Apesar dessa questão de a identidade profissional ainda ser passível de muita discussão, o presente trabalho compreende as funções dos gestores escolares, a partir de uma perspectiva democrática, de forma sintetizada como segue o próximo quadro:

Quadro 1 – Síntese do trabalho dos gestores escolares da Educação Básica a partir de uma perspectiva de gestão democrática

Diretores Pedagógicos

✓ Gerencia e acompanha as atividades pedagógicas e

administrativas da escola, com o apoio dos coordenadores e dos orientadores (quando houver) e demais sujeitos da comunidade escolar.

✓ É o principal responsável pelo acompanhamento e atendimento

das legislações educacionais, sejam elas municipais, estaduais ou federais.

✓ Compromisso de promover uma gestão participativa,

envolvendo todos os sujeitos da comunidade interna e externa da escola.

✓ Lidera a elaboração e funcionamento do Projeto Político

Pedagógico bem como do regimento escolar, garantindo a participação de todos os sujeitos nesse processo.

Coordenadores Pedagógicos

✓ Acompanha e assessora todas as atividades pedagógicas

desenvolvidas pelos e com os docentes.

✓ Responsável pela formação continuada dos docentes.

✓ Compromisso de manter uma gestão participativa, envolvendo

todos os sujeitos da comunidade interna e externa da escola.

Orientadores Educacionais

✓ Responsável pelo atendimento individual dos alunos

✓ Acompanha a trajetória escolar dos alunos dando suporte aos

mesmos quando estes encontram-se em situações de dificuldades pedagógicas ou pessoais.

✓ Atendimento aos pais/ responsáveis legais dos alunos.

✓ Compromisso de manter uma gestão participativa, envolvendo

todos os sujeitos da comunidade interna e externa da escola. Fonte: Elaborado pela autora.

Uma rotina com dificuldades pedagógicas e conflitos pessoais faz parte de qualquer tipo de processo educativo, daí a importância de se ter um profissional que desenvolva um trabalho específico com os alunos. O analfabetismo, a repetência e a evasão escolar são problemas ainda recorrentes no Brasil e investigá-los dentro da escola é uma forma de compreendê-los e buscar alternativas para superá-los. Os conflitos pessoais e questões familiares também fazem parte da vida dos alunos e ter uma orientação para lidar com essas questões favorece aos alunos uma relação de acolhimento.

O orientador educacional “cuida do atendimento e acompanhamento individual dos alunos em suas dificuldades pessoais e escolares, do relacionamento escola-pais e de outras atividades compatíveis com sua formação profissional” (LIBÂNEO, OLIVEIRA e TOSCHI, 2012, p. 467). O trabalho desenvolvido por orientadores educacionais é de grande relevância para o desenvolvimento dos alunos e também para que estes sintam que fazem parte e que são protagonistas daquele espaço escolar.

Entretanto, por muitas vezes, na ausência de orientadores educacionais, esse trabalho acaba sendo desenvolvido pelos coordenadores pedagógicos, o que acarreta numa maior demanda de trabalho para esse profissional e que nem sempre consegue ser atendida. Os coordenadores pedagógicos, apesar de terem várias atribuições definidas, mas que se diferem de acordo com as regiões do país, tem como atribuição prioritária a formação docente (PLACCO, SOUZA e ALMEIDA, 2012; LIBÂNEO, 2017). O processo de formação docente é um processo:

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Educação Básica Online, vol.1, is.1, Jan./Apr., 2021, p.125-133 ISSN: 2675-9497

[...] complexo e multideterminado, que ganha materialidade em múltiplos espaços/atividades, não se restringindo a cursos e/ou treinamentos, e que favorece a apropriação de conhecimentos, estimula a busca de outros saberes e introduz uma fecunda inquietação contínua com o já conhecido, motivando viver a docência em toda a sua imponderabilidade, surpresa, criação e dialética com o novo (PLACCO e SILVA, 2008, p. 26-27).

É possível perceber a partir do apontamento de Placco e Silva (2008) que a formação docente não se esgota em cursos de formação, mas numa composição de diversos saberes, fato que implica num trabalho de constante aprendizado para a figura do coordenador pedagógico que é o responsável por essa liderança. Por isso que, quando há a ausência de um orientador educacional, o trabalho do coordenador pedagógico se acumula, gerando aquela visão de que o coordenador precisa “dar conta de todo o trabalho que surge na rotina da escola”.

No que tange ao trabalho dos diretores, por toda a responsabilidade legal que tem pela escola, a estes cabe-lhe também, “ter uma visão de conjunto e uma atuação que apreenda a escola em seus aspectos pedagógicos, administrativos, financeiros e culturais” (LIBÂNEO, OLIVEIRA e TOSCHI, 2012, p. 454-455). Para que a escola tenha a sua tomada de decisões garantida de forma coletiva, é importante que o diretor seja um líder cooperativo e que promova um ambiente de respeito às aspirações de todos os sujeitos envolvidos em busca de um projeto pedagógico comum.

Obviamente, as funções de cada um dos gestores não se esgotam nessa síntese, porém, serve para nortear a presente discussão. Dessa forma, é importante ressaltar a necessidade de se ter clareza acerca das ações no fazer cotidiano dos gestores escolares para não restar dúvidas quanto ao desenvolvimento do trabalho desses profissionais, facilitando assim a relação dos mesmos com os outros sujeitos do processo educativo e identificando alternativas para uma melhor condução das políticas educacionais.

Como já destacado, a escola é um espaço de constantes transformações e atuar na gestão desses espaços não é tarefa fácil. Ao analisarmos o contexto histórico da gestão escolar, vemos que o caráter autoritário e centralizador está em sua raiz e a superação desse tipo de gestão requer conscientização política, econômica e social. Para Lima (2018), a escola é uma organização tradicionalmente resistente à democracia e, em muitas vezes, por conveniência, alguns segmentos acreditam que a gestão democrática tem sempre uma orientação política-ideológica que a impede de ser realmente como se projeta, ainda que expressa em leis. É a partir desse contexto de problemas identitários quanto às funções dos profissionais em questão e de dificuldades de compreensão e implementação da gestão democrática nas instituições de ensino, que destacamos o trabalho dos gestores escolares no atual cenário de pandemia. Apesar de todas essas questões, o trabalho desses profissionais não pode cessar, então podemos afirmar que os desafios são diários na busca pela concretização do processo educativo dentro das escolas.

Em janeiro de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) já alertava a gravidade de contaminação da população mundial causada pelo coronavírus. No início do mês de fevereiro, o governo federal, por meio do Ministério da Saúde, declarou situação de “Emergência em Saúde Pública” através da portaria nº 188, de 3 de fevereiro de 2020 (BRASIL, 2020a). Em 11 de março de 2020 todos os veículos de mídias publicavam a manifestação da Organização Mundial de Saúde (OMS) que decretava a pandemia causada pelo coronavírus no mundo. Em tempos de crise pandêmica mundial, nos deparamos com os mais graves e variados problemas em todo e qualquer setor social. Além de termos que lidar constantemente com a insegurança e o medo causados por tal situação, tivemos também que nos reinventar enquanto seres humanos em nossas novas rotinas. No setor educacional, a exigência abrupta por novos paradigmas se fez necessária e a partir disso todas as instituições de Educação Básica e Ensino Superior fecharam as portas e as aulas presenciais foram suspensas. Desde então, profissionais

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Educação Básica Online, vol.1, is.1, Jan./Apr., 2021, p.125-133 ISSN: 2675-9497 da educação, alunos e famílias vem se reinventando a cada dia em busca de minimizar o problema existente.

De forma rápida e totalmente improvisada, as instituições de ensino adotaram o ensino remoto através das mais variadas plataformas digitais como forma de dar continuidade ao ano letivo. O grande problema foi que essa estratégia não atingiu a todos os sujeitos do processo educativo, uma vez que boa parte de alunos e professores não possuíam condições necessárias para o acesso remoto, seja pela falta de aparelhos compatíveis como também por falta de acesso à internet. A verdade é que a pandemia desvelou, mais uma vez, porém de forma mais escancarada, as desigualdades sociais, econômicas e culturais em que vivemos. No mês de abril, as escolas tiveram que se reorganizar diante algumas decisões emitidas pelos órgãos competentes. A Medida Provisória nº 934/2020 (BRASIL, 2020b) estabeleceu que

Art. 1º O estabelecimento de ensino de educação básica fica dispensado, em caráter excepcional, da obrigatoriedade de observância ao mínimo de dias de efetivo trabalho escolar, nos termos do disposto no inciso I do caput e no § 1º do art. 24 e no inciso II do caput do art. 31 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, desde que cumprida a carga horária mínima anual estabelecida nos referidos dispositivos, observadas as normas a serem editadas pelos respectivos sistemas de ensino (BRASIL, 2020b).

Seguindo tal determinação legal, o Conselho Nacional de Educação (CNE) emitiu o Parecer nº 5/2020 (BRASIL, 2020c) sobre a reorganização do calendário escolar e da possibilidade de cômputo de atividades não presenciais para fins de cumprimento da carga horária mínima anual, destacando que:

A reorganização do calendário escolar visa a garantia da realização de atividades escolares para fins de atendimento dos objetivos de aprendizagem previstos nos currículos da educação básica e do ensino superior, atendendo o disposto na legislação e normas correlatas sobre o cumprimento da carga horária (BRASIL, 2020c).

O CNE pontua também algumas possibilidades para o cumprimento da carga horária mínima estabelecida pela LDBEN, sendo elas:

• reposição da carga horária de forma presencial ao fim do período de emergência;

• a realização de atividades pedagógicas não presenciais (mediadas ou não por tecnologias digitais de informação e comunicação) enquanto persistirem restrições sanitárias para presença de estudantes nos ambientes escolares, garantindo ainda os demais dias letivos mínimos anuais/semestrais previstos no decurso; e

• ampliação da carga horária diária com a realização de atividades pedagógicas não presenciais (mediadas ou não por tecnologias digitais de informação e comunicação) concomitante ao período das aulas presenciais, quando do retorno às atividades (BRASIL, 2020c).

A partir desses documentos legais e com a parceria entre as secretarias estaduais e municipais de educação, junto com seus respectivos conselhos municipais de educação, as instituições de ensino optaram por se reorganizar da forma que fosse mais compatível com as suas realidades. Como os prazos de isolamento social foram sendo prorrogados e as determinações governamentais mudavam de acordo com a situação dos casos confirmados de infectados e suas consequências, os gestores escolares enfrentavam certas limitações em suas decisões, pois o futuro era acompanhado de incertezas.

Como já mencionado, o trabalho dos gestores escolares sempre demandou das mais complexas e variadas tarefas e sempre enfrentou os mais diversos desafios dentro e fora das instituições de ensino. A partir do início desse ano, com a atual situação de crise pandêmica mundial, podemos dizer que esses profissionais passaram a enfrentar ainda mais dificuldades.

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Educação Básica Online, vol.1, is.1, Jan./Apr., 2021, p.125-133 ISSN: 2675-9497 O principal problema não foi lidar apenas com a reorganização das atividades e do calendário escolar, mas além disso, lidar com situações de alunos, pais, funcionários e até mesmo seus próprios familiares que ficaram doentes, desempregados, desamparados ou na pior situação, que faleceram.

As incertezas da pandemia, a falta de consenso nas próprias informações governamentais e os diversos decretos e normas legais de paralisação total das aulas presenciais bem como orientações de isolamento social, geraram ainda mais dúvidas sobre como organizar o trabalho desenvolvido na escola. Os processos educativos foram indubitavelmente afetados ao longo desse ano, pois “as medidas de paralisação anunciadas à educação vieram sem aparente planejamento e orientação, sendo aos poucos construídas pelo MEC, mas de imediato impostas às escolas, deixando gestores, coordenadores e professores em conflitos” (FAUSTINO e SILVA, 2020, p.59).

Em face à nova demanda, cujas aulas presenciais foram substituídas por aulas remotas e, em casos excepcionais, por atividades entregues aos responsáveis dos alunos para que estes os auxiliassem em casa, os gestores escolares tiveram que traçar novas estratégias de trabalho. O primeiro desafio se deu pela desigualdade de conhecimentos tecnológicos, uma vez que as mais variadas plataformas digitais tomaram lugar importante para o desenvolvimento das aulas remotas. Ao mesmo tempo, os gestores também se viram numa situação delicada pelo fato do impacto financeiro que esse novo modelo de aula remota causou, afinal, muitos gestores e professores tiveram que arcar com os custos da infraestrutura tecnológica para trabalharem de suas próprias casas.

Para as crianças da educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental, os gestores tiveram ainda mais dificuldades, já que aula remota para esses segmentos não surtem o mesmo efeito esperado para os alunos dos anos finais do ensino fundamental e médio. Ressalta-se também a dificuldade de pensar em possibilidades de atividades para as crianças uma vez que a grande maioria dos pais e responsáveis não dispunham de tempo, meios e até mesmo conhecimento para acompanhar tais atividades. Com o tempo, outros desafios foram surgindo: formas de conseguir comunicação com todos os funcionários, alunos, pais e responsáveis; refazer o calendário escolar; dar suporte emocional e pedagógico aos alunos e suas respectivas famílias, aos professores e demais funcionários; repensar as atividades e aulas propostas junto com a equipe e corpo docente; pensar em formas de avaliações internas e refletir sobre os impactos das avaliações externas, entre tantos outros. Finalizando o ano letivo e na expectativa da chegada da vacina para toda a população, o planejamento agora é para o retorno escolar em 2021. Para Peres (2020) as propostas de retorno escolar

[...] envolvem diretamente a ação do gestor escolar por considerarem a: readequação do calendário escolar; possibilidade de retorno gradual e de trabalhar com uma porcentagem reduzida de alunos em sala de aula, quer seja em sistema de rodízio ou não; ausência de profissionais do grupo de risco; necessidade da organização de regras de distanciamento social; intensificação das ações dos protocolos de higiene e saúde exigidos pelos órgãos sanitários, visando minimizar possíveis riscos de contaminação e detecção precoce de sintomas da covid 19, dentre outras questões (PERES, 2020, p.25).

O planejamento de retomada das aulas em 2021 requer muita atenção e cuidado por parte dos gestores escolares, dada a gravidade da situação. Planejamento pedagógico e administrativo são indispensáveis, porém, talvez o mais importante a se pensar inicialmente é na questão do acolhimento dos alunos e suas respectivas famílias. A partir disso, voltamos a destacar a importância da prática da gestão democrática, da ideia da participação de todos no processo educativo, do planejamento para objetivos comuns entre os sujeitos.

A pandemia, com certeza, provocou a possibilidade de se repensarem os modelos atuais de ensino, os modelos estruturais das escolas, as práticas de gestão, o processo de ensino e aprendizagem e, nesse bojo, a maneira com que as famílias interagiam com o processo de ensino e aprendizagem de seus filhos. Temos que considerar que ao retornarmos as atividades, nos

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oportunidades surgirão e novas necessidades conviverão com os antigos desafios (PERES, 2020, p.29).

O posicionamento de Peres (2020) faz todo sentido diante a atual situação, pois a pandemia passou a exigir novas e rápidas mudanças no processo educativo. Apesar de todas as dificuldades, incertezas e angústias geradas pelo atual contexto, uma nova oportunidade de pensar coletivamente, com todos e para todos, pode ser o início de uma nova gestão, de um novo trabalho pedagógico dentro da escola. Como afirma Gracindo (2009), quando se opta por uma gestão democrática a partir do “sentido da solidariedade, inclusão e emancipação sociais, como fins da educação, a gestão escolar se conforma como instrumento de transformação social” (GRACINDO, 2009, p.144). Ter um novo olhar para a educação e, consequentemente, para o projeto político pedagógico de cada instituição de ensino, a partir de uma gestão democrática, pode ser o ponto de partida para os gestores escolares a partir de agora.

Embora a trajetória da gestão escolar no Brasil tenha em seu bojo uma marca burocratizada, hierárquica e até mesmo autoritária, destacamos o período de redemocratização do país como sendo um período que trouxe mudanças significativas para a educação, por meio da expressão legal do princípio da gestão democrática nas instituições de ensino. Ainda que exista uma grande dificuldade de implementação, justamente por se diferenciar dos padrões já existentes, a gestão democrática é o caminho para uma educação de qualidade socialmente referenciada “como uma prática inovadora que identifica a centralidade da construção do conhecimento e da cidadania, como parte de seu compromisso com a transformação social” (GRACINDO, 2009, p.140).

Ainda que os gestores escolares encontrem dificuldades quanto ao desenvolvimento de suas funções, é inegável que sejam os responsáveis por articular as ações na escola, buscando garantir a participação de todos no processo educativo dentro de uma perspectiva democrática e assim transformar as condições de ensino e de aprendizagem. A importância do trabalho desenvolvido pelos gestores escolares fica ainda mais acentuada no contexto da pandemia, de onde se esperam decisões e novos planejamentos.

Apesar do momento de grandes desafios e incertezas, aos gestores escolares há a oportunidade de repensar modelos de gestão diante aos novos tempos. O planejamento de retomada das aulas pode ser pensado em conjunto, uma nova prática de acolhimento dos alunos se faz necessária, um novo olhar para atender às novas exigências desse “novo normal” pode ser o início de novas relações socioeducativas, pautadas na solidariedade, na inclusão, no coletivo. Quem sabe assim estaremos mais perto de atingir um processo educativo mais ativo, justo e igualitário.

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proposição de políticas públicas. São Paulo: Loyola, 2012.

O objetivo desse trabalho, de natureza crítico-reflexiva, é contextualizar o trabalho dos gestores escolares, a partir da perspectiva de gestão democrática e no contexto da pandemia. Por meio das contribuições bibliográficas de Lima (2013), Libâneo (2017), Lück (2013), Lima (2018), Gracindo (2009), Paro (1998), Lima e Santos (2007), Clementi (2001), Libâneo, Oliveira e Toschi (2012), Placco e Silva (2008) e Placco, Souza e Almeida (2012), Faustino e Silva (2020) e Peres (2020), o trabalho desenvolveu-se em três partes, a saber: a) O trabalho dos gestores escolares e os desafios da gestão democrática; b) A pandemia e as consequências no setor educacional; e c) O trabalho dos gestores escolares no contexto da pandemia. Destacou-se que embora existam dificuldades quanto à implementação da gestão democrática e quanto à identidade das funções dos gestores escolares, é inegável a importância do trabalho desenvolvido por esses profissionais, principalmente em tempos atuais de crise pandêmica.

The objective of this work, of a critical-reflexive nature, is to contextualize the work of school administrators, from the perspective of democratic management and in the context of the pandemic. Through the bibliographic contributions of Lima (2013), Libâneo (2017), Lück (2013), Lima (2018), Gracindo (2009), Paro (1998), Lima and Santos (2007), Clementi (2001), Libâneo, Oliveira and Toschi (2012), Placco e Silva (2008) and Placco, Souza and Almeida (2012), Faustino e Silva (2020) and Peres (2020), the work was developed in three parts, namely: a) The school managers' work and the challenges of democratic management; b) The pandemic and the consequences in the educational sector; and c) The work of school managers in the context of the pandemic. It was highlighted that although there are difficulties regarding the

implementation of democratic management and the identity of the functions of school administrators, the importance of the work developed by these professionals is undeniable, especially in the current times of pandemic crisis.

El objetivo de este trabajo, de carácter crítico-reflexivo, es contextualizar el trabajo de los administradores escolares, desde la perspectiva de la gestión

democrática y en el contexto de la pandemia. A través de los aportes bibliográficos de Lima (2013), Libâneo (2017), Lück (2013), Lima (2018), Gracindo (2009), Paro (1998), Lima y Santos (2007), Clementi (2001), Libâneo, Oliveira y Toschi (2012), Placco e Silva (2008) y Placco, Souza y Almeida (2012), Faustino e Silva (2020) y Peres (2020), el trabajo se desarrolló en tres partes, a saber: a) El el trabajo de los administradores escolares y los desafíos de la gestión democrática; b) La pandemia y las consecuencias en el sector educativo; yc) El trabajo de los administradores escolares en el contexto de la pandemia. Se resaltó que si bien existen dificultades en cuanto a la implementación de la gestión democrática y la identidad de las funciones de los administradores escolares, la importancia del trabajo que desarrollan estos profesionales es innegable, especialmente en los tiempos actuales de crisis

pandémica.

Palavras-chave: Gestão democrática.

Gestores escolares. Pandemia. Keywords: management. School managers. Democratic Pandemic.

Palabras-clave: Gestión

democrática. Directores escolares. Pandemia.

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