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Associações de catadores de chapecó: a importância da representação destes atores no fórum de resíduos sólidos de chapecó – FRSC / Associations of chapecó collectors: the importance of representing these actors in the chapecó solid waste forum - FRSC

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Academic year: 2020

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 53572-53580 jul. 2020. ISSN 2525-8761

Associações de catadores de chapecó: a importância da representação destes

atores no fórum de resíduos sólidos de chapecó – FRSC

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Associations of chapecó collectors: the importance of representing these actors

in the chapecó solid waste forum - FRSC

DOI:10.34117/bjdv6n7-848

Recebimento dos originais: 27/06/2020 Aceitação para publicação: 31/07/2020

Graciela Alves De Borba Novakowski

Doutoranda em Desenvolvimento regional pela UNISC de Santa Cruz do SUL RS, Mestre em Políticas Sociais e Dinâmicas Regionais pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó –

Unochapecó, Assistente Social, Docente, município de Chapecó/SC, Brasil Email: gracielan@unochapeco.edu.br.

Rafaela Téo Balsi

Graduanda de Serviço Social na Universidade Comunitária da Região de Chapecó – Unochapecó, Brasil

Email: Rafaela.balsi@unochapeco.edu.br

RESUMO

O objetivo geral deste trabalho foi compreender o processo de participação estabelecida entre os catadores e sua participação no Fórum de Resíduos Sólidos de Chapecó enquanto espaço de representação política. Evidencia-se a forma como as associações de catadores de materiais reciclaveis são organizadas e de como, apesar das conquistas, essa categoria desenvolve um papel de relevância no âmbito social, econômico e ambiental e também para saúde pública, ainda permanece invisível em nossa sociedade, também visa mostrar as condições de trabalho e as trajetórias destes sujeitos e sua representatividade dentro do Fórum de Resíduos Sólidos de Chapecó.

Palavras Chaves: Governança, Catadores, representatividade. ABSTRACT

The general objective of this work was to understand the participation process established among the collectors and their participation in the Chapecó Solid Waste Forum as a space for political representation. It is evident how the associations of recyclable material collectors are organized and how, despite the achievements, this category plays a relevant role in the social, economic and environmental sphere and also for public health, it still remains invisible in our society, it also aims to show the working conditions and trajectories of these subjects and their representativeness within the Chapecó Solid Waste Forum.

Keywords: Governance, Waste pickers, representativeness.

1Artigo realizados a partir de documentações e participação das autoras no Fórum de Resíduos Sólidos de Chapecó

representando a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares- ITCP/UNOCHAPECÓ. Pesquisa financiada com bolsa CNPq.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 53572-53580 jul. 2020. ISSN 2525-8761

1 INTRODUÇÃO

O estudo traz a experiência do Fórum de Resíduos de Chapecó (FRSC) e a participação dos catadores de materiais recicláveis do município enquanto espaço de representação política.

O processo de compreender o trabalho teve como objetivo compreender o processo de participação estabelecida entre os catadores e sua participação no Fórum de Resíduos Sólidos de Chapecó enquanto espaço de representação política. Em relação aos espaços de participação e representação da categoria de catadores percebe-se que ainda há um longo caminho a ser percorrido principalmente no que diz respeito à incorporação efetiva desses sujeitos em debates, discussões e fóruns de deliberação.

A região Oeste do Estado de Santa Catarina, possui uma história de sua constituição ligada principalmente aos movimentos sociais do campo e ações ligadas ao cooperativismo a partir de diferentes vertentes ideológicas.

A atuação dos movimentos ligados a setores urbanos vêm aos poucos ganhado visibilidade, principalmente em relação ao campo da economia solidária, através da atuação dos Fóruns, onde participam diferentes entidades relacionadas a essa temática.

Entretanto, percebe-se a ausência de ações articuladas principalmente entre o poder público municipal e entidades da sociedade civil, o que têm sido denominados por alguns autores como governança.

Em estudo que analisa a governança das políticas públicas em territórios locais/regionais, Rover (2011, p.132) afirma que “a governança é compreendida como a constituição de uma instituição e processos de gestão pública que integram governos com grupos e atores sociais para realizar a gestão de políticas, na qual se darão processos de negociação de interesses”.

A participação da categoria de catadores na região em espaços de representação ainda é tímida e a assiduidade é baixa. Identificamos a somente duas associações de catadores que relataram participar mensalmente das reuniões do FRSC.

2 PARTICIPAÇÃO E REPRESENTAÇÃO

Essa forma de representação que tem sua origem em uma escolha entre atores da sociedade civil, decidida frequentemente no interior de associações civis, exercem o papel de criar afinidades intermediárias, isso é, elas agregam solidariedades e interesses parciais.

Ao agregarem estes interesses e afinidades, elas propiciam uma forma de representação por escolha que não é uma representação eleitoral de indivíduos ou pessoas.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 53572-53580 jul. 2020. ISSN 2525-8761 Não basta à sociedade prover a existência de mecanismos tais como o voto, a representatividade, o plebiscito, a associação etc. Urge que a população esteja informada, (...) somente informada pode uma população fazer julgamento claro sobre a validade das oportunidades e dos instrumentos postos à sua disposição, utilizá-los, ou, inclusive, rejeitá-los, se os considera ineficientes ou inadequados (AMMANN, 1978, p.25).

O FRSC tem como objetivo principal articular a diversidade de forças, processos e organizações, trabalhando interestitucionalmente temas acerca dos resíduos sólidos, atento aos aspectos educacionais, ambientais e socioeconômicos.

Se constitui enquanto espaço de experiências de representação e participação da sociedade cível, organizações visando a discussão e deliberações sobre as temáticas dos resíduos sólidos e catadores de materiais recicláveis no município de Chapecó (SC) em 2010, a partir de um grupo de entidades locais que trabalham diretamente com a questão da coleta seletiva, catadores e educação ambiental. Inicialmente, foi constituído por 12 entidades, hoje apresenta um número significativo de 27 entidades locais ativas no processo de articulação, discussão de políticas públicas e sociais direcionadas para a questão dos resíduos sólidos.

O FRSC tem seu calendário definido na primeira reunião ano em que são realizadas reuniões ordinárias mensais. Atualmente, possui uma coordenação composta por quatro entidades locais, coordenação que é alterada anualmente. Tem como suporte institucional a atuação da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP) da Unochapecó, a qual foi responsável pela elaboração do projeto de uma associação de catadores que permitiu levantar esta discussão no município e constituir o FRSC.

Enquanto programa de extensão a ITCP, visa efetivar espaços alternativos de formação profissional e acadêmica aos diferentes cursos que a instituição disponibiliza, através do fomento em atividades de ensino, pesquisa e extensão voltadas à economia solidária.

Constituída no ano de 2003, a ITCP tem atuação junto a grupos sociais excluídos do mercado formal de trabalho e renda do meio urbano e rural e vem se constituindo referência no processo de incubação de Empreendimentos Econômicos Solidários (EES) no estado de Santa Catarina.

Além do processo de incubação, atua no fortalecimento e apoio ao Movimento de Economia Solidária, mais diretamente no Fórum Regional e Estadual de Economia Solidária, na Rede Nacional de Incubadoras e nos processos de desenvolvimento territorial no Estado.

Sua atuação com catadores vem desde 2009, trabalhando diretamente com as associações de catadores de materiais recicláveis de Chapecó e da região, através do processo de incubação seguindo os princípios da economia solidária. Este estudo também se justifica pela participação das autoras no FRSC, a segunda autora desde sua constituição em 2010.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 53572-53580 jul. 2020. ISSN 2525-8761 Nesse sentido, sua atuação direta junto à comunidade permitiu a continuidade destas discussões, pois manteve os contatos e reuniões mensais.

Atualmente, a ITCP assessora cinco empreendimentos econômicos solidários ligados à cadeia do material reciclável. Esses empreendimentos são constituídos legalmente enquanto associações de catadores de materiais recicláveis localizados no município de Chapecó, destas, três fazem parte do FRSC.

Nesse interim, a ITCP, tendo esta atuação junto às associações de catadores de material reciclável, está presente em espaços de discussão, representação e deliberação das questões relacionadas aos resíduos sólidos, tais como o FRSC, fóruns de economia solidária e movimentos sociais.

O FRSC através de suas entidades participantes busca também promover ações de Educação Ambiental junto à comunidade, com orientação e incentivo a mudança de comportamento com relação à adequada separação dos resíduos sólidos.

Em suas ações são abordados aspectos da responsabilidade compartilhada, destacando que todos (poder público, setor privado e comunidade em geral) somos responsáveis para que haja uma gestão adequada dos resíduos sólidos no município.

Problemáticas envolvendo a separação inadequada dos resíduos pelos geradores são assuntos recorrentes e demonstram a necessidade permanente de ações de Educação Ambiental formal e informal que atenda todos os públicos geradores de resíduos. Identificamos que o FRSC é um importante espaço de troca de informações entre os catadores de materiais recicláveis, segmentos do terceiro setor que atuam diretamente com os resíduos sólidos do município e especialmente a comunidade local.

O espaço permite a socialização de ideias, anseios e demandas, promovendo melhorias relacionadas às políticas públicas e consequentemente à qualidade ambiental do município.

As entidades e profissionais que compõem o FRSC possuem demandas, olhares e conceitos bastante distintos e isso faz com que as discussões estabelecidas e ações realizadas sejam extremamente ricas e abrangentes. O catador organizado em espaços coletivos vem desmitificando a visão estigmatizada que a sociedade possui dos catadores de materiais recicláveis.

A organização de alguns grupos de catadores no município apresenta resultados positivos, como por exemplo, a difusão da problemática dos resíduos sólidos e a importância do catador para a qualidade de vida no município pela imprensa local e pela própria comunidade.

Esta visibilidade pode ser atribuída à organização dos grupos e também ao apoio das entidades participantes do FRSC, possibilitando que os sujeitos se percebam e sejam percebidos como protagonistas de ações políticas, sociais e educacionais.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 53572-53580 jul. 2020. ISSN 2525-8761

3 METODO

Para desenvolvimento do trabalho inicialmente foi utilizado como método a etapa exploratória que, segundo Gil (2010), tem como propósito proporcionar maior familiaridade com a temática, com vistas a torná-la mais explícita ou a construir hipóteses.

Neste caso, a coleta de dados envolveu levantamento bibliográfico e documental de relatórios de reuniões. Após a etapa exploratória, foi realizada a pesquisa descritiva. Para Gil (2010), a pesquisa descritiva tem como objetivo a descrição das características de determinada população. Podem ser elaboradas também com a finalidade de identificar possíveis relações entre variáveis e estudar as características de um grupo, como idade, sexo, nível de escolaridade etc.

4 RESULTADOS

As associações de catadores se organizam de forma complexa e em diversos aspectos caminham juntos. Apesar da precariedade no trabalho, os catadores desenvolveram ali sua identidade, reconhecimento social e sentimento de pertencimento, além dos vínculos de solidariedade e afeto que foram criados em determinado grupo, auxiliando em seu trabalho coletivo e até evidenciando uma sexta autonomia que parece favorecer a permanência dos catadores nesse modo de trabalho, eles resistem, persistem e lutam por um Brasil sem exploração, miséria e opressão.

Entretanto, ainda é necessário ter uma maior compreensão da natureza desse trabalho, aprofundando as contradições que ele apresenta, especialmente entre as conquistas alcançadas e a precariedade do trabalho, por isso a grande importância do FRSC no município.

Olhando para o lado da organização dos catadores em forma de movimentos sociais, constatou-se que o mesmo é recente na região e que os alcances das ações gestadas pelo Movimento Nacional ainda se apresentam carentes, porém, já constatamos que o Movimento Nacional dos Catadores é um espaço de luta e surgiu para dar força ao catador, como uma forma de empoderamento, para superar os estereótipos dados pela sociedade, para terem mais visibilidade e se verem realmente como ser humano de direitos.

O surgimento dessa categoria é resultado de um modelo de acumulação do capital e uma consequência do processo de industrialização desigual em que as pessoas foram substituídas pelas máquinas, e, como consequência disso, o desemprego.

Quando afirmo que de certa forma eles têm autonomia no trabalho de catador, estou afirmando que, levando em consideração que as associações estão dentro de um modo de produção levada pelas grandes empresas que procedem materiais reciclados e por esse motivo o espaço de autonomia parece estar limitado, de fato, por regras econômicas de valorização.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 53572-53580 jul. 2020. ISSN 2525-8761 4.1 REPRESENTATIVIDADE ENQUANTO CATEGORIA SOCIAL

O caso da representação da sociedade civil significa na atualidade, portanto, uma diversidade de atores, temas, reivindicações que remetem às formas de relação com o representado, às formas de legitimidade da representação e sentidos da representação, segundo reflexões de Avritzer (2007).

Nesse sentido, organizações criadas por atores da sociedade civil tendem a assumir a função de representantes em conselhos ou outros organismos, encarregados da defesa e reivindicação de diferentes temas, como no caso dos Fóruns.

De acordo com Rover (2011, p. 135) se referindo especificamente aos Fóruns de Desenvolvimento Regional, o autor afirma, “(...) espaços de governança que ampliam a esfera pública para além das instituições estatais, ampliando a participação e a representação de segmentos sociais que neles se põem em conflito e cooperação para a defesa de seus interesses e necessidades”.

Essa forma de representação que tem sua origem em uma escolha entre atores da sociedade civil, decidida frequentemente no interior de associações civis, exercem o papel de criar afinidades intermediárias, isso é, elas agregam solidariedades e interesses parciais. Ao agregarem estes interesses e afinidades, elas propiciam uma forma de representação por escolha que não é uma representação eleitoral de indivíduos ou pessoas.

Não basta à sociedade prover a existência de mecanismos tais como o voto, a representatividade, o plebiscito, a associação etc. Urge que a população esteja informada, (...) Somente informada pode uma população fazer julgamento claro sobre a validade das oportunidades e dos instrumentos postos à sua disposição, utilizá-los, ou, inclusive, rejeitá-los, se os considera ineficientes ou inadequados (AMMANN, 1978, p.25).

Apesar de a governança se referir à integração de atores e processos, ela pode se restringir a grupos seletos e, através de uma “ilusão da participação” (CHAUÍ, 1990) envolver atores sociais em formas de governança oligárquica e tutelada/legitimadora. Neste sentido, a “participação” seria compreendida nestes casos apenas como a presença consentida, onde alguns atores efetivamente não expressam suas ideias e opiniões, ou mesmo, suas opiniões e formas de expressão não são consideradas, pelo fato de não “produzirem opiniões razoáveis e bem informadas”.

O ideal esperado, portanto, nos processos deliberativos ocorridos em espaços de esfera pública, a publicização de diferentes valores e opiniões envolve os vários atores da sociedade civil que “manifestam suas posições, reconhecem o conflito e deliberam através de níveis razoáveis de igualdade socioeconômica” (PEREIRA, 2007, p. 440)

Considerando, os depoimentos dos catadores acima mencionados, podemos inferir que vêm ocorrendo uma ampliação dos espaços de participação e governança para essa categoria, entretanto, a baixa participação e mesmo ausência de informações sobre o que esses espaços representam e quais os objetivos a que se propõem, colocam a seguinte questão: em que medida os catadores realmente

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 53572-53580 jul. 2020. ISSN 2525-8761 sentem-se representados nesses espaços e mais do que isso, em que medida as questões abordadas são compreendidas consensualmente como de interesse de todos os participantes?

A dificuldade em “produzir opiniões razoáveis e bem informadas”, como critério para definir a qualidade da participação vêm sendo questionada por algumas correntes teóricas consideradas mais alternativas dentro do próprio campo da democracia deliberativa. Como analisamos no capítulo quatro, a ideia de deliberação dentro de um marco comunicativo e racional vêm sendo questionado, pois nesse modelo o elemento determinante é o “processo de formação de vontades que irá gerar as decisões coletivas”. Nesse processo é necessário “que os cidadãos ofereçam argumentos racionais para os seus pares de forma a justificarem suas decisões” (PEREIRA, 2007, p. 438-439)

O esforço agregado de diferentes atores sociais do município de Chapecó para a constituição e consolidação do FRSC como descrevemos no capítulo quatro, demonstra uma nova configuração institucional que necessita ser ampliada para a região, visando futuramente à constituição de uma rede de atores que possam avançar nas questões relativas aos interesses dos catadores e principalmente nas discussões concernentes a PNRS.

Impressões constatadas pela autora através de sua participação no FRSC sinalizam para o fato de que os catadores participam de eventos e não compreendem o sentido de sua participação. Esta constatação têm provocado mudanças na forma como o FRSC pretende organizar seus eventos, priorizando profissionais catadores ou outros atores que estejam efetivamente ligados ao movimento de catadores, seus princípios e “linguagens”.

Como participante desses espaços de discussões percebe-se que quando há uma interação entre as “falas” dos atores principais, no caso, os catadores, os mesmos demonstram maior interesse em participar, expressar opiniões “da sua forma” e como consequência repassar as deliberações posteriormente para os demais associados, aos quais estão representando.

Essas observações remetem a necessidade de se pensar outra forma de participação deliberativa que questione a ideia de participação como diálogo e tomada de decisões de forma racional é relativa, na medida em que o processo participativo nunca vai ser igualitário se formos considerar variáveis étnicas, de gênero ou classe social. Outra questão importante é a consideração dos conflitos e heterogeneidade de opiniões, percepções e interesses, que devem ser compreendidos como parte dos processos considerados deliberativos e não um “entrave” ou problema para a produção de consensos ou de ideais comuns.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Identificamos que o FRSC permite essa troca de informações com os catadores, que atuam diretamente com os resíduos sólidos do município. O espaço permite que eles expressem suas ideias,

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 53572-53580 jul. 2020. ISSN 2525-8761 anseios e necessidades. Uma luta coletiva que vem permitindo melhorias constantes na separação e triagem, acondicionamento, identificação, coleta, tratamento, transporte e destinação final dos resíduos sólidos no município de Chapecó.

O FRSC também provoca, junto à comunidade, a sensibilização quanto a esta separação dos resíduos sólidos, e vem na reinvindicação para que se estabeleça no município uma coleta seletiva que realmente atenda os padrões desse serviço. Segundo Castilhos Junior (2003), o gerenciamento de resíduos sólidos urbanos deve ser integrado, englobando etapas articuladas entre si, desde ações que visem a não geração de resíduos até a disposição final, compatíveis com os demais sistemas do saneamento ambiental, sendo essencial a participação do governo, iniciativa privada e sociedade civil organizada.

Identificamos no espaço do FRSC forças sociais opostas, profissionais com conceitos diferentes, o que em muitas situações torna o processo de decisões e deliberações mais lento, porém, mais rico em termos de aprofundamento nos debates.

Também observamos que a presença do Poder Público é importante nas discussões, mas muitas vezes as decisões e posicionamentos tendem para siglas partidárias, dificultando determinados encaminhamentos que deveriam ser de interesse público e coletivo.

Essa forma de representação que tem sua origem em uma escolha entre atores da sociedade civil, decidida frequentemente no interior de associações civis, exercem o papel de criar afinidades intermediárias, isso é, elas agregam solidariedades e interesses parciais.

Ao agregarem estes interesses e afinidades, elas propiciam uma forma de representação por escolha que não é uma representação eleitoral de indivíduos ou pessoas. Em relação aos movimentos sociais na região oeste de Santa Catarina, identificou-se que a mesma apresenta uma trajetória de lutas e garantia de direitos, principalmente no âmbito dos movimentos sociais do campo.

Neste contexto, a organização dos catadores em forma de movimentos sociais, contatou-se que o mesmo é recente na região e que os alcances das ações gestadas pelo Movimento Nacional ainda se apresentam tímidas.

Por outro lado, as ações e políticas públicas, direcionadas a essa categoria necessita ser fortalecidas no estado de Santa Catarina e na região. Os relatos dos catadores evidenciam, por exemplo, que apesar das dificuldades enfrentadas por essa categoria, os mesmos reconhecem-se de uma maneira diferente em termos subjetivos, principalmente após a inserção nas associações.

O catador organizado em espaços coletivos vem desmitificando aos poucos a visão estigmatizada que a sociedade tem dos catadores de rua, como indivíduos que “apenas cata para suprir seus vícios”. Esses aspectos apontam também positivamente para a construção de uma identidade e reconhecimento como categoria profissional.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 53572-53580 jul. 2020. ISSN 2525-8761 Por exemplo, a organização de alguns grupos de catadores na cidade de Chapecó já apresenta alguns resultados positivos. Um deles é a difusão da problemática do lixo e da importância do catador pela imprensa, na medida em que nos últimos dois anos o tema foi exposto, várias vezes, ao público nos jornais locais.

Essa visibilidade deve ser atribuída à organização dos grupos e ao apoio de diversas entidades que participam do FRSC de Chapecó, possibilitando que esses sujeitos se percebam e sejam percebidos como protagonistas de ações políticas e sociais que até há pouco tempo eram invisíveis.

As associações de catadores têm se apresentado, dentro dos seus limites, como uma forma de organização principalmente para a sobrevivência, entretanto, precisa-se avançar na expansão de seus direitos sociais e para o exercício mais efetivo da participação. Palavras-chave: Fóruns. Catadores. Participação.

REFERENCIAS

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Referências

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