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Notas de Aula - Macroeconomia 1

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Academic year: 2019

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Notas de Aula - Macroeconomia 1

Paulo Henrique Vaz

(2)

Sum´

ario

1 A Linguagem do Equil´ıbrio Geral 3

1.1 Descri¸c˜ao do Equil´ıbrio Geral . . . 3

1.2 Propriedades do Equil´ıbrio Geral . . . 6

1.3 Primeiro Teorema do Bem-Estar . . . 6

1.4 Segundo Teorema do Bem-Estar . . . 6

2 Otimiza¸c˜ao Dinˆamica 8 2.1 M´etodo Sequencial com Horizonte Finito (T per´ıodos) . . . 8

2.2 M´etodo Sequencial com Horizonte Infinito . . . 11

2.2.1 No Ponzi games condition . . . 12

2.2.2 Condi¸c˜ao de Transversalidade . . . 15

2.3 Programa¸c˜ao Dinˆamica . . . 16

2.3.1 Teorema do Contraction Mapping . . . 18

2.3.2 Condi¸c˜oes Suficientes de Blackwell . . . 19

2.3.3 Teorema do Envelope de Benevist e Scheinkman . . . 20

2.4 Exerc´ıcios . . . 21

3 Equil´ıbrio Competitivo em Modelos Dinˆamicos 25 3.1 O equil´ıbrio competitivo de Arrow-Debreu . . . 26

3.2 O equil´ıbrio competitivo na forma sequencial . . . 27

3.3 O equil´ıbrio competitivo na forma recursiva . . . 28

(3)

1

A Linguagem do Equil´ıbrio Geral

Em discuss˜ao recente, o economista Olivier Blanchard sintetizou um debate acerca do uso de modelos de equil´ıbrio geral dinˆamico e estoc´asticos, os famosos modelos de DSGE. O economista considerou saud´avel destacar os pontos consensuais e seguir em frente. O primeiro seria que macroeconomia trata-se de equil´ıbrio geral.

Outro exemplo dessa defesa aos modelos de equil´ıbrio geral, um pouco mais recente, pode ser encontrada em artigos sobre o presente e futuro da Macroeconomia publicados no Journal of Economic Perspectives, em 2018, na sess˜ao entitulada ”Syposium: Macroeconomis a decade after the great recession”. Em especial, o artigo ”On DSGE Models”, j´a nas primeiras linhas provoca o leitor a refletir sobre a importˆancia de se entender modelos de equil´ıbrio geral em Macroeconomia:

“Dynamic stochastic general equilibrium (DSGE) models are the leading tool for making such assessments in an open and transparent manner.

To be concrete, suppose we are interested in understanding the effects of a systematic change in policy, like switching from inflation targeting to price-level targeting. The most compelling strategy would be to do randomized control trials on actual economies, but that course of action is not available to us. So what are the alternatives? It is certainly useful to study historical episodes in which such a similar policy switch occurred or to use reduced-form time series methods, but these approaches also have obvious limitations. In the historical approach, the fact that no two episodes are exactly the same always raises questions about the relevance of a past episode for the current situation. In the case of reduced-form methods, it is not always clear which parameters should be changed and which should be kept constant across policy options. Inevitably, assessing the effects of a systematic policychange has to involve the use of a model”

Nesse curso, como descrito na ementa, nosso objetivo ser´a familiarizar o aluno a lin-guagem de equil´ıbrio geral, discutir como s˜ao descritos os principais modelos, seu equil´ıbrio competitivo (sequencial, Arrow-Debreu e Recursivo) e as op¸c˜oes de otimiza¸c˜ao para os pro-blemas dinˆamicos de seus agentes. Uma vez conclu´ıdo essa etapa, o modelo padr˜ao ser´a modificado para introduzir incerteza, heterogeneidade, competi¸c˜ao monopol´ıstica e gera¸c˜ao sobreposta. Aplica¸c˜oes desses modelos para an´alises macroeconˆomicas concluem o curso.

1.1

Descri¸c˜

ao do Equil´ıbrio Geral

(4)

Bens

Tamb´em pode ser descrito como commodity, trata-se de um bem ou servi¸co completa-mente espec´ıfico fisicacompleta-mente, temporalcompleta-mente e espacialcompleta-mente, de acordo com Arrow (1959). Formalmente, nos casos de n´umeros finitosL decommodities, o espa¸co decommodities seria dada por

S =nx∈RL:kxk= x21+. . .+x2L

1 2o

Um elementoxdo espa¸co decommodities´e uma lista de quantidades de todas ascommodities, ous∈S ´e um vetor de commodities. Por sua vez, o vetor de pre¸cos dascommodities ´e dado por p= (p1, . . . , pL)∈RL.

Portanto, o valor de um vetor de commodities ´e dado pela multiplica¸c˜ao dos vetores

< p x >= L

X

h=1

phxh

Agentes

1. Consumidores: A economia ´e composta por um n´umero I de consumidores

(ho-mogˆeneos ou n˜ao). ´E comum a premissa de que h´a um continuum de consumidores, ao inv´es de um n´umero finito. O conjunto de consumo ´e definido por Xi ⊆S, no qual descreve o conjunto tecnicamente vi´avel de vetores de consumo.

2. Firmas: A economia ´e composta por um n´umeroJ de firmas. Desta forma, o conjunto de possibilidade de produ¸c˜ao ´e dado por yj ⊆S, no qual

Y = J

X

j=1

yj

Note que para cada yj, os n´umeros positivos nos vetores se referem ao produto final, enquanto os valores negativos s˜ao referentes aos insumos.

Ex: (carros, moveis, capital, trabalho, madeira) = (100, 0, -100, -50, 0)

3. Governo: Pode-se descrever o governo atrav´es de sua restri¸c˜ao or¸cament´aria

G=T

(5)

Preferˆencias

As preferˆencias podem ser representadas pela fun¸c˜ao de utilidade ui tal que

ui :Xi R

S˜ao desej´aveis algumas propriedades para as preferˆencias, entre elas, continuidade, concavi-dade e dupla diferenciabiliconcavi-dade.

Dota¸c˜oes

Tamb´em pode ser definido comoendowment, as dota¸c˜oes s˜ao representadas pelo seguinte vetor

w= (w1, . . . , wL)∈RL

As dota¸c˜oes pertencem a cada indiv´ıduo wi. Por sua vez, as participa¸c˜oes nos lucros das firmas s˜ao dadas por θi

j, no qual representa a participa¸c˜ao do agente i no lucro da firma j. Dessa forma, ´e necess´ario satisfazer as seguintes condi¸c˜oes

I

X

i=1

wi =w , I

X

i=1

θij = 1,∀j

Portanto, dada a economia (xi, ui), yj, wi, θi

j i,j descrita acima, o equil´ıbrio competitivo ´e uma aloca¸c˜ao (x∗, y) e um vetor de pre¸cos p>>0 tal que

i) Dado p∗,xi∗ maximizaui,i, isto ´e

ui∗ xi∗ ui xi,xi Xi |pxi pwi+ J

X

j=1

θi jp

yj

ii) Dadop∗, yj∗ maximiza o lucro da firma j, isto ´e

p∗yj∗ ≥p∗yj,∀yj ∈Yj

iii) Condi¸c˜ao de Market Clearing

I

X

i=1

xi h =

J

X

j=1

yhj + I

X

i=1

wi

(6)

1.2

Propriedades do Equil´ıbrio Geral

Uma das propriedades mais desej´aveis em modelos de equil´ıbrio geral ´e a de ´otimo de Pareto. Uma aloca¸c˜ao (x, y) = (x1, . . . , xI, y1, . . . , yJ) ´e ´otimo de Pareto se n˜ao existe outra aloca¸c˜ao fact´ıvel (bx,y) tal queb

i. ui(

b

xi)>i ui(xi) para algum i

ii. ui(

b

xi)i ui(xi),i

1.3

Primeiro Teorema do Bem-Estar

Primeiro Teorema do Bem-Estar: Para algum n´umero finito de agentes, se as preferˆencias s˜ao localmente n˜ao-saci´aveis, ent˜ao qualquer equil´ıbrio Walrasiano ´e ´otimo de Pareto.

Demonstra¸c˜ao. Considere uma economia de trocas, ou seja, n˜ao existem firmas. As dota¸c˜oes s˜ao definidas por ei, nesse sentido, a dota¸c˜ao total ´e dada porPI

i=1ei.

Suponha que x seja um Equil´ıbrio Walrasiano, por´em x n˜ao ´e um ´otimo de Pareto. Portanto, existe x′ RL tal que PI

i=1x′i =

PI

i=1ei mas x′i ≻i xi,∀i e x′j ≻j xj para algum

indiv´ıduo j. Uma vez que se trata de um equil´ıbrio competitivo, temos que

  

X′i

∼ X

i,iP X′i P Xi

X′j Xj P X′j P Xj

(1)

Temos que a equa¸c˜ao (1) ´e consequˆencia direta da monotonicidade. Ademais, note que

I

X

i=1

P X′i > I

X

i=1

P Xi = I

X

i=1

P ei

Entretanto, comoX′´e ´otimo de Pareto, temos quePI

i=1X′i =

PI

i=1ei, uma contradi¸c˜ao.

1.4

Segundo Teorema do Bem-Estar

Para que o segundo teorema do bem-estar seja v´alido, se faz necess´ario que algumas premissas sejam satisfeitas. Entre elas, temos que

1. Para cada i,Xi ´e convexo

2. A fun¸c˜ao utilidade ui ´e estritamente cˆoncava

(7)

4. O conjunto de possibilidade de produ¸c˜ao agregada Y =PJj=1yj ´e convexo

5. O espa¸co de commodities ´e finito ou y possui um ponto interior, isto ´e, ∃y∗ Y tal

que para algum ǫ >0, V ={y ∈Y :|y−y∗ |< ǫ} ⊆Y

Segundo Teorema do Bem-Estar: Se as premissas descritas acima s˜ao satisfeitas e as

preferˆencias s˜ao localmente n˜ao-saci´aveis1, ent˜ao (X, Y) ´e ´otimo de Pareto, logo,P 6=

0 tal que (X, Y, P) ´e um equil´ıbrio competitivo (Walrsiano).

1Lembre que preferˆencias

i

emXi

s˜ao localmente n˜ao-saci´aveis se∀x∈Xi

e∀ǫ >0,∃X′ ∈Xi

tal que

kX′

−Xk< ǫeX′

>i

(8)

2

Otimiza¸c˜

ao Dinˆ

amica

Existem duas abordagens comuns para modelar indiv´ıduos reais. A primeira ´e assumir que os indiv´ıduos vivem um n´umero finito de per´ıodos, enquanto a segunda assume que os agentes vivem para sempre. A segunda abordagem ´e a mais comum, em contrapartida, a primeira requer um n´ıvel de sofistica¸c˜ao matem´atica menor na decis˜ao dos problemas.

Nesse cap´ıtulo, tamb´em ser´a estudado duas formas alternativas para resolver proble-mas de otimiza¸c˜ao dinˆamica: usando m´etodos sequenciais e utilizando m´etodos recursivos. M´etodos sequenciais envolvem a maximiza¸c˜ao de v´arias sequˆencias. Por outro lado, m´etodos recursivos - tamb´em conhecido como m´etodos de programa¸c˜ao dinˆamica - envolvem equa¸c˜oes funcionais.

2.1

etodo Sequencial com Horizonte Finito (T per´ıodos)

Considerem um consumidor que deve escolher um conjunto de consumo para T per´ıodos. Vamos assumir que as preferˆencias dos consumidores pode ser representada pela seguinte fun¸c˜ao utilidade, em v´arios per´ıodos de tempo

U(c0, c1, . . . , cT) =

T

X

t=0

βtu(ct)

Assume-se queu´e invariante no tempo. Al´em do mais, a fun¸c˜ao utilidade possui a premissa de separabilidade aditiva.

Note que uma suposi¸c˜ao comum na literatura ´e de que β ∈(0,1), o que corresponde ao fato de que indiv´ıduos, em geral, valoram mais o consumo no presente do que o consumo no tempo futuro. Nesse sentido, β representa um fator de desconto da utilidade futura.

Considere agora o seguinte problema de otimiza¸c˜ao dinˆamica em um modelo de cresci-mento neocl´assico com horizonte finito

max

{ct,kt+1}Tt=0

T

X

t=0

βtu(ct)

s.a.ct+kt+1 ≤F(kt, Nt) + (1−δ)kt ≡f(Kt),∀t= 0, . . . , T

ct ≥0,∀t = 0, . . . , T

kt+1 ≥0,∀t = 0, . . . , T

(9)

Note que trata-se de um problema do planejador social benevolente. N˜ao existe um mercado em que os consumidores possam obter uma receita de juros sobre a sua poupan¸ca.

Vamos assumir a premissa de que u seja monotonicamente crescente. Constata-se de tal asser¸c˜ao de que a restri¸c˜ao ct +kt+1 ≤ f(kt) ser´a ativa, uma vez que u ser estritamente

crescente implica que nenhum bem ser´a jogado fora.

Para encontrar a solu¸c˜ao do modelo, ser´a utilizado a teoria de otimiza¸c˜ao para dimens˜oes finitas. Em particular, ser´a utilizado o Teorema de Kuhn-Tucker. Lembre que as condi¸c˜oes de Kuhn-Tucker ser˜ao suficientes se a fun¸c˜ao objetiva for cˆoncava no vetor de escolha e o conjunto restri¸c˜ao for convexo.

Para caracterizar a solu¸c˜ao do problema, tamb´em ´e ´util assumir que lim c→0u

(c) =. Isto

implica quect= 0 n˜ao pode ser ´otimo para qualquert, portanto, n˜ao se faz necess´ario checar as condi¸c˜oes de n˜ao-negatividade.

Logo, podemos escrever a fun¸c˜ao Lagrangiana da seguinte forma

L= T

X

t=0

βtu(ct) T

X

t=0

λt[ct+kt+1−F(kt, Nt)−(1−δ)kt] +

T

X

t=0

µtkt+1 (2)

Uma forma alternativa de se escrever a fun¸c˜ao Lagrangiana pode ser visualizada a seguir

L=X t=0

βt[u(F(kt, Nt) + (1−δ)kt−kt+1) +µtkt+1] (3)

Para resolver o problema, vamos utilizar a formula¸c˜ao descrita pela equa¸c˜ao (3). Por-tanto, as condi¸c˜oes de primeira ordem s˜ao:

∂L ∂kt+1

: −βtu′(ct) +βtµt+βt+1u′(ct+1)f′(kt+1), ∀t = 0, . . . , T −1

∂L ∂kT+1

: −βTu(cT) +βTµT = 0, para t =T

Al´em disso, tamb´em s˜ao inclu´ıdas as condi¸c˜oes de Kuhn-Tucker

µtkt+1 = 0, ∀t= 0, . . . , T

kt+1 ≥0, ∀t = 0, . . . , T

µt≥0, ∀t= 0, . . . , T

Note que, da segunda restri¸c˜ao, temos que βTu(cT) = βTµT. Como β > 0 e u(cT) >

(10)

kT+1 = 0. Esse resultado implica que o consumidor n˜ao vai deixar capital para depois

do ´ultimo per´ıodo, uma vez que n˜ao seria poss´ıvel obter utilidade desse capital e, portanto, prefere utilizar como consumo durante sua vida. Trata-se de um resultado bastante intuitivo, entretanto, em modelos de horizonte infinito esse resultado n˜ao ´e trivial.

Al´em disso, da primeira restri¸c˜ao das condi¸c˜oes de primeira ordem ´e poss´ıvel obter a equa¸c˜ao de Euler do modelo

βtu′(ct) =βt+1u′(ct+1)f′(kt+1)⇒u′(ct) =βu′(ct+1)f′(kt+1)

Para resolver o problema, vamos assumir as seguintes formas funcionais: u(ct) =log(ct) e f(kt) = Rkt. Utilizando esse resultado na equa¸c˜ao acima, pode-se encontrar a forma funcional da equa¸c˜ao de Euler, descrito pela equa¸c˜ao (4)

ct+1 =βRct (4)

Lembre-se que da restri¸c˜ao or¸cament´aria, temosct+kt+1 =f(kt), ou seja,ct+kt+1 =Rkt.

Montando a sequˆencia, obtemos

c0+k1 =Rk0

c1+k2 =Rk1

...

cT−1+kT =RkT−1

cT +kT+1 =RkT

Ora, sabemos pelas condi¸c˜oes de Kuhn-Tucker que kT+1 = 0, sendo assim, temos que

cT =RkT. Substituindo na pen´ultima equa¸c˜ao da sequˆencia, pode-se obter

cT−1+

cT

R =RkT−1 ⇒kT−1 = cT−1

R + cT R2

Por recursividade, obtemos ent˜ao o valor de c0

Rk0 =c0+

c1

R + c2

R2 +. . .+

cT

RT (5)

Da equa¸c˜ao (4), temos que c1 = βRc0, c2 = β2R2c0, . . . , cT = βTRTc0. Substituindo esses

resultados na equa¸c˜ao (5), conseguimos

Rk0 =c0+

βRc0

R +

β2R2c 0

R2 +. . .+

βTRTc

0

(11)

Portanto

c0 =

Rk0

PT t=0βt

Substituindo esse resultado na equa¸c˜ao de Euler, pode-se obter a solu¸c˜ao para o modelo, dado pela equa¸c˜ao (6)

ct= β

tRt+1k 0

PT t=0βt

(6)

Podemos destacar alguns resultados a partir da equa¸c˜ao (6). Note que um aumento no retorno marginal de poupar, R, causa um aumento do consumo em todos os per´ıodos. O efeito desse aumento marginal vai depender da forma funcional da fun¸c˜ao utilidade. Mu-dan¸cas no valor marginal de poupar possui dois componentes. O primeiro ´e uma mudan¸ca nos pre¸cos relativos, isto ´e, uma altera¸c˜ao no consumo em diferentes per´ıodos, enquanto o segundo ´e uma mudan¸ca no valor presente da renda,Rk0.

2.2

etodo Sequencial com Horizonte Infinito

Quando se estuda casos de escolhas de consumo em um horizonte infinito de tempo, o foco principal passa a ser quest˜oes de convergˆencia. Basicamente, existem duas raz˜oes para justificar o seu uso

1. Altru´ısmo: Sabe-se que os agentes n˜ao vivem para sempre, todavia, eles podem se importar com as suas gera¸c˜oes futuras, ou seja, existe um sentimento de dinastia. Por exemplo, seja u(ct) a utilidade relativa a gera¸c˜ao t. Sendo assim, podemos interpretar βtcomo sendo o peso que o indiv´ıduo atribui para a utilidade de seus descendentes em t gera¸c˜oes no futuro. Logo, sua utilidade total vai ser dada por P∞t=0βtu(ct) e o fator de desconto β <1 indica que o agente se preocupa mais com si mesmo do que com as gera¸c˜oes futuras.

2. Simplicidade: Muitos modelos econˆomicos com horizontes longos de tempo apresen-tam resultados similares a modelos macroeconˆomicos com horizonte infinito de tempo, desde que o horizonte seja grande o suficiente. Todavia, modelos de horizonte infinito s˜ao estacion´arios por natureza, portanto, sua caracteriza¸c˜ao pode ser mais facilmente obtida.

Apesar desses pontos, existem certos custos ao se utilizar modelos sequenciais com hori-zonte infinito de tempo, entre eles:

(12)

ii. A existˆencia de uma solu¸c˜ao ´e menos ´obvia, e.g., ´e preciso assumir uma fun¸c˜ao utilidade cont´ınua para ser poss´ıvel utilizar o teorema de Weierstrass.

iii. Continuidade da fun¸c˜ao objetivo exige ”boundedness”.

Um outro problema que surge ao se utilizar esse m´etodo ´e saber se a fun¸c˜ao utilidade ´e limitada, ou seja, U possui limite superior e inferior. Suponha que U n˜ao seja limitado, sendo assim, se duas cestas de consumo apresentam utilidade infinita, n˜ao ´e claro como se pode comparar ambas. Portanto, existem algumas condi¸c˜oes que devem ser satisfeitas afim de garantir que a fun¸c˜ao utilidade seja limitada, entre elas

Preferˆencias: Seja U = P∞t=0βtu(ct), portanto, uma condi¸c˜ao necess´aria ´e de que β (0,1), uma vez que quando t tende ao infinito, temos βt 0 e assim garantimos que U seja limitado2.

Tecnologias: O retorno do capital n˜ao deve ser explosivo, caso contr´ario implicaria em ct → ∞, logo, devemos ter retornos descrescentes na utiliza¸c˜ao de cada insumo

ct+kt+1 =Rkt

kt≥0

Isso implica que o consumo pode crescer no m´aximo a uma taxa R

2.2.1 No Ponzi games condition

Existem certas quest˜oes institucionais que podem fazer a fun¸c˜ao utilidade total, U, se tornar unbounded, uma vez que existem certas regras que devem ser estabelecidas e cum-pridas em uma sociedade organizada. Nesse caso, suponha que um agente anuncie que ele planeja pegar um empr´estimo e nunca pagar, portanto, esse indiv´ıduo nunca ser´a capaz de tomar um empr´estimo. A exigˆencia de que “no Ponzi games seja permitido” representa, portanto, essa suposi¸c˜ao institucional, e `as vezes precisa ser adicionada formalmente `as res-tri¸c˜oes or¸cament´arias de um consumidor. Se tal condi¸c˜ao n˜ao existir, seria poss´ıvel que os agentes pegassem novos empr´estimos a cada per´ıodo e rolassem a d´ıvida do per´ıodo anterior, tornando assim a s´erie de consumo explosiva e, portanto, n˜ao estacion´aria (ct→ ∞).

Suponha que{c∗

t}

t=0seja um candidato `a solu¸c˜ao do problema de maximiza¸c˜ao do

consu-midor e fa¸ca com que ct≤c,∀t, isto ´e, o conjunto de consumo ´e limitado para cada per´ıodo

2Vamos supor que o conjunto de consumo seja crescente a uma taxa ´otima

γ, ou seja, {ct}

t=0 = {c0(1 +γ)t}

t=0, portanto uma condi¸c˜ao necess´aria ´e deβ(1 +γ)

t

(13)

t. Agora vamos supor que esse agente receba uma dota¸c˜ao inicial de ativos, a0. Portanto, a

restri¸c˜ao or¸cament´aria ´e dada por:

ct+at+1 =Rat, ∀t≥0

Note que at < 0 representa que o agente est´a tomando um empr´estimo. Em caso de n˜ao existˆencia da condi¸c˜ao de no Ponzi games, o agente pode melhorar sua cesta de consumo,,

{c∗

t}

t=0, ao realizar o seguinte procedimento

{˜c∗t}∞t=0 =

  

˜

c0 =c∗0+ 1 e∀t ≥1,ct˜ =c∗t ˜

a1 =a∗1−1 e∀t≥1,˜at+1 =a∗t+1−Rt

Note que {˜c∗

t}

t=0 atende a condi¸c˜ao de restri¸c˜ao or¸cament´aria descrita anteriormente,

por-tanto, {˜c∗

t}

t=0 ´e prefer´ıvel a {c∗t}

t=0, logo, {c∗t}

t=0 n˜ao ´e uma solu¸c˜ao ´otima. Todavia, note

que podemos repetir esse procedimento para qualquer candidato a solu¸c˜ao ´otima do pro-blema de maximiza¸c˜ao do consumidor, portanto, a utilidade m´axima n˜ao ir´a existir eU n˜ao ser´a limitado superiormente.

Esta situa¸c˜ao em que o agente nunca paga a sua d´ıvida (ou, equivalentemente, adia indefinidamente o pagamento) ´e exclu´ıda pela imposi¸c˜ao da condi¸c˜ao de no Ponzi game (nPg), ao se adicionar explicitamente a seguinte restri¸c˜ao

lim t→∞

at Rt ≥0

Intuitivamente, isso significa que, em termos de valor presente, o agente n˜ao pode se envolver em atividades de empr´estimos de tal forma que sua participa¸c˜ao nos ativos finais seja negativo, uma vez que isso significa que ele pegaria emprestado e nunca pagaria sua d´ıvida.

Por fim, atente ao fato de que podemos utilizar a condi¸c˜ao de no Ponzi games para simplificar a sequˆencia infinita de restri¸c˜oes or¸cament´arias. Vamos supor, inicialmente, que estamos no horizonte finito T, sendo assim, temos que:

c0+a1 =Ra0

c1+a2 =Ra1

...

(14)

Uma vers˜ao consolidada da restri¸c˜ao or¸cament´aria acima seria: T X t=0 ct Rt

+ aT+1

RT =a0R

Expandindo ao horizonte infinito, podemos obter:

lim T→∞ T X t=0 ct Rt

+ aT+1 RT

!

=a0R

Portanto ∞ X t=0 ct Rt + lim T→∞ aT+1

RT =a0R

Se a condi¸c˜ao de no Ponzi games ´e satisfeita, ent˜ao ´e poss´ıvel obter a restri¸c˜ao or¸cament´aria consolidada para o horizonte infinito de tempo, dado pela equa¸c˜ao (7)

∞ X t=0 ct 1 Rt

≤a0R (7)

Exemplo: Considere a seguinte economia

max

{ct,at+1}

∞ t=0

X

t=0

βtlog(ct)

s.a.ct+at+1 =at(1 +r),∀t≥0

a0 >0 dado

nPg condition

Para resolver esse problema, o primeiro passo consistem em transformar a sequˆencia infinita de restri¸c˜oes or¸cament´arias em uma restri¸c˜ao or¸cament´aria consolidada. A restri¸c˜ao or¸cament´aria consolidada ´e dada por

∞ X t=0 ct 1 1 +r

t

=a0(1 +r)

Podemos ent˜ao montar o seguinte Lagrangiano

L=

X

t=0

βtlog(ct)λ

" X t=0 ct 1 1 +r

t

−a0(1 +r)

(15)

As condi¸c˜oes de primeira ordem s˜ao dadas por

∂L ∂ct : β

t1 ct −λ

1

(1 +r)t = 0

∂L ∂c0

: 1 c0

−λ = 0

Das condi¸c˜oes de primeira ordem acima ´e poss´ıvel obter ent˜ao a equa¸c˜ao de Euler, dada por

ct=βt(1 +r)tc

0

Substituindo na restri¸c˜ao or¸cament´aria consolidada, n´os obtemos

X

t=0

βt(1 +r)t

1 1 +r

t

c0 =a0(1 +r)⇒c0

X

t=0

βt=a0(1 +r)

Portanto, temos que

c0 =

a0(1 +r)

P∞

t=0βt

Substituindo novamente na equa¸c˜ao de Euler, podemos finalmente encontrar o consumo ´otimo para t≥0, que ´e dado pela seguinte express˜ao

ct= β

t(1 +r)t+1a 0

P∞

t=0βt

2.2.2 Condi¸c˜ao de Transversalidade

Sequˆencias que satisfazem a equa¸c˜ao de Euler n˜ao necessariamente maximizam a fun¸c˜ao objetivo do problema, todavia, sequˆencias que satisfazem a equa¸c˜ao de Euler e ao mesmo tempo a condi¸c˜ao de transversalidade maximizam a fun¸c˜ao objetivo. Em outras palavras, a condi¸c˜ao de transversalidade ´e uma condi¸c˜ao suficiente (ou necess´aria?) para que a fun¸c˜ao objetivo seja maximizada.

Em geral, a condi¸c˜ao est´a impl´ıcita em dois fatores. O primeiro fator ´e de que a sequˆencia de capital seja convergente, j´a a segunda ´e a suposi¸c˜ao de que β <1.

Exemplo: Relembrando o caso do m´etodo sequencial com horizonte finito, t´ınhamos que

L= T

X

t=0

(16)

As condi¸c˜oes de primeira ordem eram dadas por

∂L ∂kt+1

: −βtu(ct) +βtµt+βt+1u(ct

+1)f′(kt+1), ∀t = 0, . . . , T −1

∂L ∂kT+1

: −βTu(cT) +βTµT = 0, para t =T

Al´em disso, das condi¸c˜oes de Kuhn-Tucker, t´ınhamos

µtkt+1 = 0, ∀t= 0, . . . , T

kt+1 ≥0, ∀t= 0, . . . , T

µt≥0, ∀t= 0, . . . , T

Note que das condi¸c˜oes de Kuhn-Tucker, podemos obter

−βTu(cT)kT

+1 = 0

Ao consideramos o horizonte infinito, fazemos com que T → ∞, sendo assim, da equa¸c˜ao acima, temos3

lim T→∞−β

Tu(cT)kT

+1 = 0

De forma geral, a condi¸c˜ao de transversalidade ´e satisfeita quando a equa¸c˜ao (8) ´e igual a zero, ou seja

lim t→∞β

t ∂u ∂kt+1

kt+1= 0 (8)

2.3

Programa¸c˜

ao Dinˆ

amica

Os modelos com os quais estamos preocupados consistem em problemas de otimiza¸c˜ao dinˆamica que resultam em uma sequˆencia ´otima de consumo que resolvem estes problemas. At´e o presente momento, a abordagem utilizada para encontrar a solu¸c˜ao tem sido encontrar uma sequˆencia de n´umeros reais {kt+1}∞t=0 que gera um plano de consumo ´otimo. Contudo,

em alguns casos, a tarefa de procurar por uma sequˆencia de n´umeros reais ´e pouco pr´atica e nem sempre intuitiva. Nessa perspectiva, uma forma diferente de ver o problema do tomador de decis˜oes ´e chamado de Programa¸c˜ao Dinˆamica. A chave para entender programa¸c˜ao dinˆamica ´e ter em mente que decis˜oes dinˆamicas s˜ao tomadas recursivamente, ou seja, a cada per´ıodo, levando em considera¸c˜ao o ”estado”do per´ıodo atual. As decis˜oes sobre o estoque de capital entre t e t+ 1 s˜ao tomadas em t, n˜ao mais em 0.

3Lembre que

β <1 e a sequˆencia de capital ´e n˜ao explosiva, portanto, quandoT→ ∞, temos queβT

(17)

Um problema ser´a considerado estacion´ario quando a estrutura da tomada de decis˜oes ´e idˆentica entre os per´ıodos, isto ´e, se o problema ´e estacion´ario, ent˜ao para quaisquer dois per´ıodos t 6=s, temos

kt =ks ⇒kt+j =ks+j,∀j >0

Em outras palavras, o agente n˜ao mudaria sua decis˜ao se pudesse escolher novamente no futuro.

Tal fato implica que se o problema ´e estacion´ario, ent˜ao existir´a uma fun¸c˜ao g(·) que representar´a a escolha ´otima de capital no per´ıodo t+ 1 dado um n´ıvel inicial de capital em t, ou seja, podemos representar tal fun¸c˜ao como sendo g(kt) =kt+1. N´os iremos nos referir

a g(·) como sendo uma regra de decis˜ao.

Considere a seguinte fun¸c˜ao utilidade indireta como:

V(kt)≡ max

{ks+1}

∞ t=s

X

t=s

βt−sF(ks, ks

+1)

s.a.:ks+1 ∈Γ(ks), ∀s≥t

No qualV(kt) representa a fun¸c˜ao utilidade indireta e Γ(kt) representa o conjunto de poss´ıveis escolhas de kt+1 dado kt4.

Esse problema de maximiza¸c˜ao pode ser reescrito como

V(kt) = max kt+1∈Γ(kt)

(

F(kt, kt+1) + max

{ks+1}

∞ t=s

X

t=s

βt−sF(ks, ks

+1)(s.a.ks+1 ∈Γ(ks), ∀s≥t+ 1)

)

A equa¸c˜ao acima segue o principio de que max

x,y f(x, y) = maxy

n

max

x f(x, y)

o

, ou seja, ´e poss´ıvel maximizar por partes quando os operadores s˜ao bem definidos.

Multiplicando e dividindo max

{ks+1}

∞ t=s

P∞

t=sβ

t−sF(ks, ks

+1) por β de forma estrat´egica, por

defini¸c˜ao de V, podemos concluir que

V(kt) = max kt+1∈Γ(kt)

{F(kt, kt+1) +βV(kt+1)} (9)

A equa¸c˜ao (9) representa a equa¸c˜ao de Bellman do problema de maximiza¸c˜ao. A for-mula¸c˜ao tamb´em pode ser escrita de uma forma mais geral, como descrito pela equa¸c˜ao abaixo

V(k) = max k′

∈Γ(k){F(k, k

) +βV(k)}

4Um exemplo de fun¸c˜ao Γ(

(18)

No qual V(k) ´e a value function ek ´e a vari´avel de estado5.

Como descrito anteriormente, a fun¸c˜ao g(·) (policy function) pode ser definido como o argumento que maximiza a equa¸c˜ao funcional de Bellman, isto ´e

k′ =g(k) = arg max k′Γ(k)

{F(k, k′) +βV(k′)}

Note que a solu¸c˜ao do problema sequencial ser´a idˆentica a obtida por programa¸c˜ao dinˆamica. Al´em do mais, na solu¸c˜ao do problema de programa¸c˜ao dinˆamica, estamos pro-curando por uma equa¸c˜ao V e n˜ao pelo valor de uma vari´avel.

Exemplo: Stokey, Lucas e Prescott (c´ap. 3), Krueger (c´ap. 4)

SejaV(k) tal que

V(k) = max

c,k′ [U(c) +βV(k ′)]

s.a.c+k′ ≤f(k)

c, k′ ≥0

U(·) e f(·) s˜ao dados. Nos resta apenas provar a existˆencia e unicidade da fun¸c˜ao V que satisfa¸ca o problema acima e ent˜ao deduzir suas propriedades.

Para visualizar melhor nosso problema, considere a seguinte situa¸c˜ao

1. M´etodo de aproxima¸c˜oes sucessivas: Comece com um palpite da fun¸c˜ao V0 que

satisfa¸ca o problema descrito acima e defina uma nova fun¸c˜ao dada por

V1(k) = max

0≤k≤f(k){U(f(k)−k

) +βV

0(k′)}

Se V1(k) = V0(k),∀k > 0, ent˜ao V0 ´e uma solu¸c˜ao do problema. Caso V1(k) 6=V0(k),

significa que V0 n˜ao ´e uma solu¸c˜ao para o problema e deve-se continuar procurando

por outras op¸c˜oes. Tal m´etodo tamb´em ´e conhecido como ”Lucky Guess”.

2.3.1 Teorema do Contraction Mapping

Note que a solu¸c˜ao do problema acima nada mais ´e do que encontrar uma fun¸c˜ao V que seja um ponto fixo, ou seja, V∗ = T V. Podemos definir um contraction mapping da

seguinte forma

5Definimos como vari´avel de estado qualquer vari´avel que possui informa¸c˜ao relevante para a solu¸c˜ao do

(19)

Defini¸c˜ao: Considere (S, ρ) um espa¸co m´etrico e T :S →S uma fun¸c˜ao de S em S. Sendo assim, T ´e umcontraction mapping com m´oduloβ se para β ∈(0,1), temos

ρ(Tx, Ty)≤βρ(x, y)

Exemplo: S = [a, b], ρ(x, y) =| x−y |, T ´e um contraction mapping se para β ∈ (0,1), temos

|Tx−Ty |

|x−y| ≤β ≤1

Teorema do Contraction Mapping: Se (S, ρ) ´e um espa¸co m´etrico completo eT :S →S ´e um contraction mapping com m´odulo β, ent˜ao

1. T tem um ponto fixo V em S

2. Para qualquer V0 ∈ S ⇒ ρ(TnV0, V) ≤ βnρ(V0, V). Como qualquer β ∈ (0,1),

ent˜ao a partir de qualquerV0, quanto mais itera¸c˜ao forem feitas, mais pr´oximos

estaremos do ponto fixo.

2.3.2 Condi¸c˜oes Suficientes de Blackwell

Considere X ⊆ Rl e B(X) um espa¸co de fun¸c˜oes limitados f : X → R com norma do supremo. Se T :B(X)→B(X) ´e um operador que satisfaz

1. Monotonicidade: f, g∈B(X) e f(x)≤g(x),∀x∈X, ent˜ao

(T f)(x)≤(T g)(x), ∀x∈X

2. Desconto: ∃β∈(0,1) tal que

[T(f +a)] (x)≤(T f)(x) +βa, ∀f ∈B(x), a≥0, x∈X

Se as condi¸c˜oes (1) e (2) s˜ao satisfeitas, ent˜ao T ´e umcontraction mapping.

Agora vamos verificar se o operador de Bellman atende as condi¸c˜oes de Blackwell. Por defini¸c˜ao, temos que

(T V)(k) = max

0≤k′

≤f(k){U[f(k)−k

(20)

1. Monotonicidade: Suponha que V(k)≥W(k),∀k, portanto

(T V)(k) = max

k′ {U[f(k)−k

] +βV(k)}

≥max

k′ {U[f(k)−k

] +βW(k)}= (T W)(k)

Logo, podemos concluir que (T V)(k)≥(T W)(k)

2. Desconto:

[(T(V+C)](k) = max

k′ {U[f(k)−k

] +β[V(k) +C]}= max

k′ {U[f(k)−k

] +βV(k) +βC}

Portanto

[T(V +C)](k) = (T V)(k) +βC

Sendo assim, equa¸c˜oes do tipo de Bellman satisfazem as condi¸c˜oes de Blackwell e, por-tanto, possuem um ´unico ponto fixo no espa¸co de fun¸c˜oes cont´ınuas bem definidas e limitadas. Al´em disso, o ponto fixo ´e o limite das itera¸c˜oes Vn =TnV

0 a partir de qualquer fun¸c˜ao V0

em C.

2.3.3 Teorema do Envelope de Benevist e Scheinkman

Seja V(k) = F(k, g(k)) +βV(g(k)), onde k′ = g(k) ´e a policy function. Derivando em

rela¸c˜ao a k, ´e poss´ıvel obter

V′(k) = F1(k, g(k)) +F2(k, g(k))g′(k) +βV′(g(k))g′(k)

Podemos ent˜ao rearrumar de forma que

V′(k) = F

1(k, g(k)) +g′(k) [F2(k, g(k)) +βV′(g(k))]

Note que se k′ maximiza F(k, k) +βV(k), assumindo solu¸c˜ao interior, ent˜ao

∂F(k, k′)

∂k′ +β

∂V(k)

∂k′ = 0⇒F2(k, g(k)) +βV(g(k)) = 0

Utilizando esse resultado, podemos concluir que

(21)

Novamente, utilizando a express˜ao acima emF2(k, k′)+βV(k′) = 0, podemos obter a equa¸c˜ao

de Euler do problema do consumidor, dado pela equa¸c˜ao (10)6.

F2(k, g(k)) +βF1(g(k)), g(g(k))) = 0 (10)

Aten¸c˜ao: Voltamos para a equa¸c˜ao de Euler, por´em sem a condi¸c˜ao de transversali-dade. Todavia, as condi¸c˜oes que servem de base para a aplica¸c˜ao do Teorema de Benveniste e Scheinkman envolvem concavidade, diferenciabilidade, etc, acabam por garantir que a condi¸c˜ao de transversalidade seja garantida.

2.4

Exerc´ıcios

1. Considere o seguinte problema do planejador social benevolente

max

{kt+1}Tt=0

T

X

t=0

βtln[Akα

t −kt+1]

s.a.kt+1 ≥0

Encontre a sequˆencia de equil´ıbrio. Dica: Defina uma nova vari´avelzt =kt/kα

t−1 para

simplicar a equa¸c˜ao de Euler.

2. Considere o seguinte problema de poupan¸ca ´otimo (”Optimal saving and borrowing”). Suponha que o agente representativo receba uma renda todo per´ıodo, yt, que consiste em um componente permanente, y, e um transit´orio, τt. O agente morre no per´ıodo final, T. Al´em disso, considere uma utilidade logaritmica para cada per´ıodo e uma taxa de juros constante, ex´ogena, r. Derive o consumo ´otimo em cada per´ıodo, assumindo que o agente pode comprar t´ıtulos, bt, que rendem r a cada per´ıodo. Mostre que o aumento em uma unidade na renda permanente, no per´ıodo t, tem efeito maior que o mesmo aumento no componente tempor´ario da renda. (Note que o aumento de uma unidade em τt ocorre apenas em um per´ıodo).

3. Considere o problema de um agente representativo que vive para sempre (”Infinitely lived household”) e recebe dota¸c˜oes ωt todo per´ıodo, com possibilidade de poupar ou pegar emprestado, a uma taxa de juros rt. A fun¸c˜ao de utilidade ser´a a de elasti-cidade de substitui¸c˜ao constante (CES), dada por u(ct) = (c1σ

t )/(1σ). Encontre as condi¸c˜oes com rela¸c˜ao aos parˆametros do modelo, referentes a preferˆencias, taxa

de-6A equa¸c˜ao (10) tamb´em pode ser escrita como

(22)

juros e sequˆencia de dota¸c˜oes que garantem que o agente vai suavizar perfeitamente oconsumo ao longo da vida. Encontre a sequˆencia ´otima de consumo sob essa condi¸c˜ao.

4. Considere o seguinte modelo de economia em que o capital se deprecia totalmente ap´os dois per´ıodos, mas n˜ao se deprecia por completo antes desse tempo. As preferˆencias s˜ao dadas por

T

X

t=0

βtln(ct)

A restri¸c˜ao de tecnologia ´e dada por

ct+xt≤xt−1xt−2

No qualxt−1s˜ao os investimentos realizados no per´ıodot−1 ext−2s˜ao os investimentos

realizados no per´ıodo t−2. Portanto, no per´ıodo t+ 1, as m´aquinas acumuladas em t−2 j´a desapareceram do mundo. Utilize o algoritmo D.P. para encontrar a solu¸c˜ao para asvalue functions V0, V1 e V2, e as policy functions αT, αt−1 e αT−2.

5. (Persistˆencia de H´abitos) Considere o seguinte problema dinˆamico com persistˆencia de h´abitos nas preferˆencias

max

X

t=0

βt(ln(ct) +γln(ct

−1))

s.a.ct+kt+1 ≤Akαt

ct, kt+1 ≥0

k0, c1 >0 dados

(a) Formule este problema como sendo um problema de programa¸c˜ao dinˆamica. Des-creva a equa¸c˜ao funcional e especifique claramente quem s˜ao as vari´aveis de estado e as vari´aveis de controle.

(b) Demonstre que o problema de programa¸c˜ao dinˆamica possui uma solu¸c˜ao.

(23)

em cada per´ıodo. O trabalhador escolhe uma estrat´egia que maximize

X

t=0

βt[ln(yt) +αln(lt)]

Ondelt =ω(1−lt) se aceita a oferta e trabalha 1−lt. Caso n˜ao aceite a oferta, temos yt =c.

(a) Defina a equa¸c˜ao de Bellman.

(b) Mostre que a equa¸c˜ao funcional de Bellman define um contraction mapping do espa¸co de fun¸c˜oes cont´ınuas limitadas no espa¸co de fun¸c˜oes cont´ınuas limitadas.

7. Considere um planejador social que se depara com o seguinte problema

max

{ct,lt,kt+1}

∞ t=0

X

t=0

βtu(ct)

s.a. ct+it≤F(kt, lt)

kt+1 = (1−δ)kt+it

ct>0

0< lt≤1

k0 >0 dado

Onde, para θ >0, a fun¸c˜ao utilidade possui a seguinte forma

u(ct) =ct−θc2t

Assuma que cest´a sempre na parte do conjunto em que u′(c) ´e positivo. O produto ´e

linear em rela¸c˜ao ao capital, F(k, l) =AK. Al´em do mais, assuma que δ = 0, ou seja, n˜ao existe deprecia¸c˜ao do capital.

(a) Escreva a equa¸c˜ao de Bellman para esse problema. Seja claro sobre quais s˜ao as vari´aveis de controle e as vari´aveis de estado.

(b) Derive a equa¸c˜ao de Euler, relacionando ct e as expectativas em rela¸c˜ao act+1, da

equa¸c˜ao de Bellman utilizando o Teorema de Benveniste e Scheinkman.

(24)
(25)

3

Equil´ıbrio Competitivo em Modelos Dinˆ

amicos

Em modelos dinˆamicos, existem trˆes formas de se formular o equil´ıbrio competitivo.

1. Equil´ıbrio competitivo de Arrow-Debreu

2. Equil´ıbrio competitivo sequencial

3. Equil´ıbrio competitivo recursivo

Todas as trˆes formas possuem os mesmos resultados, todavia, s˜ao maneiras distintas de se representar o equil´ıbrio competitivo. Em geral, tamb´em s˜ao introduzidos da mesma forma. Imagine que existe um grande n´umero de fam´ılias (idˆenticas em um primeiro momento) que s˜ao detentores dos fatores de produ¸c˜ao (capital e trabalho) e que a tecnologia respons´avel por transformar esses fatores de produ¸c˜ao em bens de consumo ´e operado pelas firmas. Nesse sentido, a decis˜ao dos consumidores consistiria em uma quantidade de fatores de produ¸c˜ao a ser provido para as firmas e a quantidade de bens de consumo que seria comprado delas, enquanto as firmas devem escolher seu volume de produ¸c˜ao e sua demanda por fatores.

O meio em que os vendedores e compradores de bens de consumo e fatores de produ¸c˜ao realizam suas trocas ´e chamado de mercado, que est´a associado diretamente ao conceito de pre¸cos. Dizer que o mercado est´a em equil´ıbrio significa que existe uma situa¸c˜ao em que, dado os pre¸cos, as decis˜oes das fam´ılias e das firmas apresentam consistˆencia agregada, isto ´e, a quantidade de fatores de produ¸c˜ao que as fam´ılias est˜ao dispostas as ofertar iguala a quantidade de fatores de produ¸c˜ao que a firma est´a disposta a demandar. Analogamente, temos a mesma situa¸c˜ao para os bens de consumo. Quando tal situa¸c˜ao ocorre, dizemos que o mercado est´a em equil´ıbrio7. A palavra ”competitivo”indica que estamos trabalhando

em situa¸c˜oes em que os mercados s˜ao perfeitamente competitivos, ou seja, as firmas n˜ao possuem poder de mercado.

Mais formalmente, um equil´ıbrio competitivo consiste de um vetor de pre¸cos e quantida-des que satisfazem certas propriedaquantida-des de consistˆencia agregada mencionadas acima. Sendo assim, devem satisfazer

i. Dado o vetor de pre¸cos, as fam´ılias escolhem quantidades que maximizam seu n´ıvel de utilidade sujeito as suas restri¸c˜oes or¸cament´arias.

ii. Dado o vetor de pre¸cos, as firmas escolhem o volume de produ¸c˜ao que maximizam seus lucros.

(26)

iii. As quantidades escolhidas, tanto pelas fam´ılias, como tamb´em pelas firmas, s˜ao fact´ıveis. Isso significa que a quantidade total de commodities que os tomadores de decis˜ao escolhem demandar podem ser produzidas com a tecnologia dispon´ıvel, utilizando a quantidade de fatores de produ¸c˜ao ofertados pelas fam´ılias. Al´em disso, uma segunda condi¸c˜ao ´e um requerimento para que os mercados estejam em equil´ıbrio.

3.1

O equil´ıbrio competitivo de Arrow-Debreu

Trata-se de uma extens˜ao do equil´ıbrio competitivo est´atico, sendo que definindo as commodities como um par ordenado (bens, tempo). Um detalhe importante nesse tipo de formula¸c˜ao ´e especificar, em uma economia com capital, quem ´e o detentor do capital. At´e agora, assumimos que as fam´ılia s˜ao detentoras do capital e alugam o capital para as firmas. Podemos definir o equil´ıbrio competitivo de Arrow-Debreu em um modelo de crescimento da seguinte maneira.

Defini¸c˜ao: O equil´ıbrio competitivo ´e uma sequˆencia de aloca¸c˜oesch

t, hht, kth

t=0das fam´ılias,

n

ytf, h f t, k

f t

o∞

t=0 das firmas e pre¸cos{pt, wt, rt}

t=0 tais que

i. Dado os pre¸cos, ch

t, hht, kht

t=0 ´e a solu¸c˜ao do problema dos consumidores

max

{ch t,hht,kht}

t=0

X

t=0

βtu(ch t, hht)

s.a.

X

t=0

pt(cht +k h

t+1−(1−δ)k

h t)≤

X

t=0

(rtkth+wth h t)

cht ≥0, h h

t ∈[0,1], k h

t+1 ≥0, k

h

0 =k0

ii. Dado os pre¸cos, a sequˆencia nytf, h f t, k

f t

o∞

t=0 resolve o problema das firmas

max

{kft,hft}∞

t=0

X

t=0

(ptF(kft, h f

t)−wth f t −rtk

f t)

s.a.ktf ≥0, h f t ≥0

iii. Condi¸c˜oes de equil´ıbrio de mercado

(a) kh t =k

f t, ∀t

(b) hh t =h

f t, ∀t

(c) ch+kh (1δ)kh =F(kf

(27)

Podemos destacar algumas caracter´ısticas do equil´ıbrio competitivo de Arrow-Debreu. A primeira ´e de que existe apenas uma ´unica restri¸c˜ao or¸cament´aria para a fam´ılia. A segunda ´e de que os pre¸cos realizam descontos implicitamente. Por fim, talvez a mais importante caracter´ıstica, ´e de que todas as decis˜oes sobre consumo futuro s˜ao tomadas em t= 0.

3.2

O equil´ıbrio competitivo na forma sequencial

Em contraste com o a caracteriza¸c˜ao de Arrow-Debreu, aqui as decis˜oes n˜ao s˜ao tomadas todas emt= 0. Ao contr´ario, agora as decis˜oes ser˜ao representadas a cada per´ıodo de tempo. Entre as mudan¸cas pr´aticas, agora temos que

i. Para cada per´ıodo, o bem de consumo ser´a o numer´ario, isto ´e pt= 1, ∀t

ii. E intuitivo incluir nessa formula¸c˜ao a possibilidade de se comprar e vender ativos como´ forma alternativa de transferir recursos entre os per´ıodos.

Note que uma suposi¸c˜ao impl´ıcita aqui, mas n˜ao t˜ao clara, ´e de que agora temos hh t = hft = ht. Portanto, nessa persepctiva descrita anteriormente, podemos definir o equil´ıbrio competitivo na forma sequencial da seguinte maneira

Defini¸c˜ao: O equil´ıbrio competitivo na forma sequencial consiste de uma sequˆencia de aloca¸c˜oes {ct, ht, kt, at}∞t=0 e pre¸cos{wt, Rt, rt}∞t=0 tais que

i. Para cada per´ıodo, dados os pre¸cos{wt, Rt, rt}∞t=0, a sequˆencia de aloca¸c˜oes{ct, ht, kt, at}∞t=0

resolve o problema dos consumidores

max

{ct,ht,kt,at} ∞ t=0

X

t=0

βtu(ct, ht)

s.a.ct+kt+1−(1−δ)kt+at+1 ≤Rtkt+wtht+ (1 +rt)at, ∀t

ct≥0, ht∈[0,1], kt+1 ≥0, k0 =k0, a0 = 0, ∀t

lim T→∞

ΠTt=0

1 1 +rt

aT+1 ≥0

ii. Dados os pre¸cos {wt, Rt, rt}∞t=0, kt e ht resolvem o problema da firma

max kt,ht

F(kt, ht)−wtht−Rtkt,∀t

(28)

iii. Condi¸c˜oes de equil´ıbrio de mercado

(a) ct+kt+1−(1−δ)kt=F(kt, ht), ∀t

(b) a∗

t = 0, ∀t

Note que a inclus˜ao de um mercado de t´ıtulos ´e fict´ıcio, pois temos, por enquanto, apenas agentes homogˆeneos. Para que algu´em compre t´ıtulos, se faz necess´ario que algu´em venda esses t´ıtulos. Como todos os agentes s˜ao iguais, n˜ao haver´a existˆencia de compra e venda de t´ıtulos, portanto, temosa∗

t = 0,∀t no equil´ıbro.

Nas economias de Arrow-Debreu, pt ´e o pre¸co do consumo no per´ıodo t em termos do consumo na datat = 0 (p0 = 1). Na forma sequencial, existe a taxa de juros, rt, que fornece

o pre¸co de uma unidade do consumo hoje em termos do consumo nos pr´oximos per´ıodos. Sendo assim, ´e poss´ıvel mostrar a equivalˆencia entre os pre¸cos em ambas as formula¸c˜oes e, portanto, mostrar a equivalˆencia das restri¸c˜oes or¸cament´arias (exerc´ıcio).

pt+1

pt = 1 1 +rt+1

⇒pt= Πts=0

1 1 +rt

3.3

O equil´ıbrio competitivo na forma recursiva

Em geral, se utiliza-se a formula¸c˜ao recursiva para modelos em que o equil´ıbrio competi-tivo n˜ao ´e um ´otimo de parte e/ou a solu¸c˜ao do problema de otimiza¸c˜ao na forma sequencial ou de Arrow-Debreu n˜ao ´e trivial. Nesse sentido, se usa programa¸c˜ao dinˆamica para definir o problema do consumidor e das firmas. A defini¸c˜ao do equil´ıbrio competitivo nesses casos deve se adequar ao problema.

Por simplifica¸c˜ao, assuma que h = 1 no modelo neocl´assico de crescimento. Diferente das formula¸c˜oes anteriores, aqui ser´a necess´ario deixar expl´ıcito que os pre¸cos dependem das vari´aveis agregadas. Portanto, teremos duas vari´aveis de estado, o capital agregado K e o capital individual k. A equa¸c˜ao de Bellman que caracteriza o problema do agente representativo ´e

V(k, K) = max

c,k′ {U(c) +V(k ′, K)}

s.a.k′ +c=w(K) + (1−r(K)−δ)k

K′ =H(K)

Onde K′ =H(K) ´e a regra de ajuste do capital agregado8.

(29)

O problema da firma cont´ınua sequencial e fornece

w(K) =Fh(k,1)≡Produtividade Marginal do Trabalho

r(K) =Fk(k,1)≡Produtividade Marginal do Capital

O equil´ıbrio competitivo ´e uma fun¸c˜ao valorV :R2+ →Repolicy functions G, C :R2+ →

R+para o consumidor representativo, fun¸c˜ao de pre¸co w, r:R+→R+ e uma regra de ajuste

do capital agregado H :R+→R+ tais que

i. Dados as fun¸c˜oesw, reH,V resolve o problema do consumidor representativo atrav´es da equa¸c˜ao de Bellman e C, Gs˜ao as policy functions associadas a solu¸c˜ao do problema.

ii. As fun¸c˜oes pre¸cos satisfazem o problema da firma, ou seja, igualam a produtividade marginal do trabalho e capital aos sal´arios e taxa de juros, respectivamente.

iii. Consistˆencia9: H(K) =G(K, K)

iv. Equil´ıbrio de mercado: C(K, K) +G(K, K) = F(K,1) + (1−δ)K, ∀k∈R+

3.4

Exerc´ıcios

1. Considere a seguinte economia de trocas puras com dois per´ıodos. Existe um ´unico bem de consumo a cada per´ıodo. Existem dois consumidores com preferˆencias idˆenticas sobre o consumo, dado por

u(c1, c2) =ln(c1) +βln(c2)

O consumidor 1 tem dota¸c˜ao inicial dada por (ω1,0), enquanto o consumidor 2 tem

dota¸c˜ao incial (0, ω2).

(a) Defina o equil´ıbrio competitivo de Arrow-Debreu para esta economia.

(b) Suponha que os consumidores possuem incentivo para suavizar o seu consumo entre os per´ıodos atrav´es de empr´estimos. Defina o equil´ıbrio competitivo na forma sequencial para esta economia. Mostre que ambas as defini¸c˜oes de equil´ıbrio competitivo resultam na mesma aloca¸c˜ao.

(c) Suponha que ω1 =ω2 = 1 eβ = 1, calcule o equil´ıbrio competitivo.

9

(30)

(d) Suponha que os consumidores n˜ao podem nem emprestar nem pegar emprestado um dos outros. Tente definir um equil´ıbrio competitivo para este caso. Mostre que a pol´ıtica que transfere bens do rico para o pobre em cada per´ıodo ´e uma melhoria de Pareto.

2. Considere uma economia de Robinson-Cruso´e. Cruso´e, como ´unico consumidor na ilha, possui uma fun¸c˜ao utilidade sobre o consumo de peixe, ct, e lazer, (1−lt), como dado a seguir

T

X

t=0

βt[ln(ct) +γln(1lt)]

Onde β ∈ (0,1) e γ > 0. Cruso´e tem uma tecnologia que transforma trabalho em peixe, de acordo com a seguinte express˜ao

yt =Atlαt

Ondeα∈(0,1),{At}Tt=0 ´e uma sequˆencia de n´umeros que mensura a produtividade de Cruso´e. O peixe apenas pode ser usado para consumo (Robinson Cruso´e n˜ao possui geladeira).

(a) Monte o problema do planejador social para esta economia.

(b) Uma interpreta¸c˜ao alternativa para a tecnologia de produ¸c˜ao ´e de que existe uma oferta fixa de um barco (denotado pork) de forma que a tecnologia seja dada por

yt =Atkt1−αltα

Assuma que o barco pertence a Cruso´e e que a tecnologia ´e operado pela firma (Dole Fishing Co.) que aluga capital, kt, e trabalho, lt, em um mercado compe-titivo com pre¸cos rt para o capital e wt para o trabalho. Defina pt como o pre¸co de Arrow-Debreu de uma unidade de consumo no per´ıodot.

i. Monte o problema de decis˜ao de Cruso´e como sendo um problema do consu-midor.

ii. Monte o problema da firma.

iii. Qual ´e a restri¸c˜ao or¸cament´aria?

iv. Defina o equil´ıbrio competitivo.

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vi. Encontre as aloca¸c˜oes do equil´ıbrio competitivo. Como o equil´ıbrio competi-tivo se altera quando A0 aumenta? Quando A1 aumenta?

Referências

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