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RACISMO AMBIENTAL URBANO: Omissão do poder público na efetivação do direito humano ao saneamento básico na cidade de Porto Velho | Anais do Congresso Acadêmico de Direito Constitucional - ISSN 2594-7710

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Anais do I Congresso Acadêmico de Direito Constitucional Porto Velho/RO 23 de junho de 2017 P. 619 a 644 RACISMO AMBIENTAL URBANO: Omissão do poder público na efetivação do

direito humano ao saneamento básico na cidade de Porto Velho

Ana Carolina Barros Almeida1 Marta Luiza L. Salib2

RESUMO

O saneamento básico é indispensável à sadia qualidade de vida e permite o gozo dos demais direitos fundamentais. Esse direito humano não é efetivado para a maior parcela dos habitantes da cidade de Porto Velho, que possui uma das piores condições de saneamento ambiental do país, onde inexiste o tratamento de esgoto. O saneamento básico, enquanto serviço público, deveria ser acessível a todos de forma igualitária, entretanto somente o é para a classe social mais alta, ao passo que a população economicamente vulnerável recebe os impactos ambientais negativos causados pela destinação inadequada do esgoto e os locais onde habitam não recebem atenção devida do Poder Público, caracterizando-se o racismo ambiental. A pesquisa que compõe o presente artigo foi feita utilizando-se o método comparativo dedutivo, pois há uma comparação entre as regiões em que vive a maioria dos indivíduos que não têm acesso ao saneamento básico e as que possuem esse direito efetivado.

Palavras-chave: Saneamento Básico. Omissão. Poder Público. Racismo Ambiental.

ABSTRACT

The basic sanitation is indispensable to a healthy quality of life and allows the enjoyment of other fundamental rights. This human right is not enforced for most part of the inhabitants of Porto Velho city, which has one of the worst environmental sanitation conditions of the country, where there is no sewage treatment. The basic sanitation, as a public service, should be accessible to everyone, equally, but it is only for the highest social classes, while the economiccally vulnerable population receives the negative environmental impacts caused by the inadequate destination of the sewage. Besides, the areas where they live do not have the due attention from the public authorities, characterizing ambiental racism. The reseach that composes this article was made using deductive comparative method, because there is a comparation between the regions where most of the individuals that do not have

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Acadêmica do Curso de Direito da Faculdade Católica de Rondônia. E-mail:

anacarolina.barrosalmeida@gmail.com. 2

Mestre e Docente da disciplina de Direito Ambiental do Curso de Direito da Faculdade Católica de Rondônia.. E-mail: martaluiza.adv@hotmail.com.

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access to the basic sanitation live and the regions where people who have this right effectived live.

Keywords: Basic Sanitation. Omission. Public Power. Ambiental racism.

INTRODUÇÃO

Nas capitais do Brasil é notória a disparidade em termos de qualidade de vida, entre os indivíduos que vivem nas localidades mais centrais e abastadas dos centros urbanos e aqueles que estão inseridos em espaços geograficamente mais distantes dos centros de consumo das cidades. Essas regiões urbanas destacam-se, principalmente, pelo índice elevado de criminalidade e precariedade ou inexistência de condições mínimas de existência humana.

As condições essenciais para uma vida digna estão garantidas ao longo do texto constitucional, que elenca os direitos fundamentais e socioambientais e, ainda, estabelece como fundamento da República a dignidade da pessoa humana. Dentre essas garantias está o direito à saúde e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, que estão intimamente associados à questão sanitária, tendo em vista que grande parte das doenças no país está ligada à falta de água própria para consumo e tratamento adequado de esgoto.

Na cidade de Porto Velho/Rondônia, essa realidade tende a ser ainda mais crítica, pois são escassos os locais da cidade em que é proporcionado algum acesso a esse serviço indispensável à saúde e à qualidade de vida. Conforme a Lei Nacional de Saneamento nº. 11.445/07, os serviços públicos de saneamento básico devem ser prestados com base, dentre outros, no princípio da universalidade do acesso. Portanto, é preocupante o contraste entre as condições sanitárias de determinados grupos de munícipes inseridos na camada social mais alta e a mais baixa, que vivem em condições precárias ou inexistentes de saneamento, uma vez que todos deveriam viver em condições humanas e indistintas de salubridade ambiental.

Dessa forma, sendo atividade estritamente estatal, o poder público deveria promover o acesso ao saneamento de forma igualitária, porém não tem feito. A omissão do Estado, como principal agente garantidor de efetivação de direitos

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socioambientais, gera segregação e agrava as desigualdades sociais quando não há visibilidade de determinados grupos sociais, que são facilmente identificáveis por viverem nas piores regiões da zona urbana, gerando o racismo ambiental, que não necessariamente parte de uma conduta ativa e intencional.

1. MEIO AMBIENTE URBANO E SUAS PROBLEMÁTICAS SOCIOAMBIENTAIS

Por muitas décadas se discutiu a abrangência conceitual de meio ambiente. Em uma perspectiva restrita, entendia-se por não integrarem no conceito de meio ambiente os meios não naturais e modificados pelo homem, excluindo-se o meio ambiente artificial, do trabalho e cultural. Por outro lado, a doutrina e os tribunais superiores, após a Constituição de 1988, começaram a considerar o conceito “macro” de meio ambiente.

A Lei nº. 6.938/81, em seu artigo 3º, inciso I, definiu o meio ambiente como “o conjunto de condições, leis, influências, alterações e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Para Fiorillo (2013, p.49), a descrição legal de meio ambiente é ampla, pois o legislador optou por trazer um conceito jurídico indeterminado com intuito de criar um espaço maior de incidência da norma. Outrossim, Machado entende (2013, p. 63) que a “definição federal é ampla, pois vai atingir tudo aquilo que permite a vida, que a abriga e rege”.

O Ministro Celso de Mello (STF, 1995), ao proferir voto no Mandado de Segurança n. 22164-SP, definiu o meio ambiente como:

Um típico direito de terceira geração que assiste, de modo subjetivamente indeterminado, a todo o gênero humano, circunstância essa que justifica a especial obrigação - que incumbe ao Estado e à própria coletividade - de defendê-lo e de preservá-lo em benefício das presentes e futuras gerações.

Este conceito já havia sido proclamado pelo Supremo Tribunal Federal - STF, no Recurso Extraordinário n.134297-SP. Dez anos após, o Supremo, ao julgar a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº. 3540, consolida o conceito amplo de meio ambiente, abrangendo inclusive o meio ambiente artificial. O meio ambiente, nas palavras do Ministro Relator Celso de Mello, “traduz o conceito amplo e abrangente

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das noções de meio ambiente natural, de meio ambiente cultural, de meio ambiente artificial (espaço urbano) e meio ambiente laboral” (MELLO, 2005).

O meio ambiente artificial é constituído pelas atividades humanas de construção urbana e modificação do ambiente natural, formado basicamente pelo espaço urbano aberto e espaço urbano fechado. A Constituição de 1988 tutelou o meio ambiente artificial ao instituir a Política Nacional de Desenvolvimento Urbano e atribuir competência à União para instituir diretrizes de desenvolvimento urbano. Nesse sentido, leciona Wellington Pacheco Barros (2008, p. 44):

Meio ambiente artificial é o construído pela ação humana que transforma espaços naturais em espaços urbanos e, consoante exegese do art. 21, inciso XX, 182 ss e art. 225 da Constituição Federal, se constitui pelo conjunto e edificações, equipamentos, rodovias e demais elementos que formam o espaço urbano construído. Por este conceito tem-se que os espaços urbanos podem ser fechados, caracterizados pelo conjunto de edificaç es, e abertos, pelos espaços p blicos. O meio ambiente artificial, em resumo, é o estruturado através da cidade e a possibilidade de nela se viver com qualidade de vida, conte to que é disposto através da lei.

O meio ambiente artificial também foi abordado no preâmbulo da Declaração de Estocolmo na Suécia, ocorrida em 1972, publicada pela Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, ao afirmar que:

1. O homem é ao mesmo tempo obra e construtor do meio ambiente que o cerca, o qual lhe dá sustento material e lhe oferece oportunidade para desenvolver-se intelectual, moral, social e espiritualmente. Em larga e tortuosa evolução da raça humana neste planeta chegou-se a uma etapa em que, graças à rápida aceleração da ciência e da tecnologia, o homem adquiriu o poder de transformar, de inúmeras maneiras e em uma escala sem precedentes, tudo que o cerca. Os dois aspectos do meio ambiente humano, o natural e o artificial, são essenciais para o bem-estar do homem e para o gozo dos direitos humanos fundamentais, inclusive o direito à vida mesma. 2. A proteção e o melhoramento do meio ambiente humano é uma questão fundamental que afeta o bem-estar dos povos e o desenvolvimento econômico do mundo inteiro, um desejo urgente dos povos de todo o mundo e um dever de todos os governos.

O conceito de meio ambiente artificial se relaciona diretamente ao de cidade, porquanto a formação das cidades se deu por atividades humanas que transformaram o meio ambiente natural para atender às necessidades de desenvolvimento humano. Vejamos a definição da urbe dada por Júlio César da Rocha (1999, p.4):

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A cidade pode ser compreendida como centro populacional permanente, altamente organizado, com funções urbanas e políticas próprias; espaço geográfico transformado pelo homem pela realização de um conjunto de construções com caráter de continuidade e contiguidade. Espaço ocupado por uma população relativamente grande, permanente e socialmente heterogênea, no qual existem atividades residencial, de governo, industrial, e comercial, com um grau de equipamento e de serviços que assegure as condições de vida humana.

Nas últimas décadas, o crescimento populacional nas cidades vem ocorrendo de forma desordenada, na medida em que os indivíduos migram da zona rural em direção à urbana, ocorrendo assim, o fenômeno da concentração urbana. Destaque-se que o Brasil nunca se preocupou, em momento anterior à Constituição de 1988, em estabelecer uma política de urbanização e diretrizes para uso e ocupação do solo, por consequência de sua formação histórica, que seguiu o modelo lusitano de ocupação livre do solo.

O crescimento populacional desordenado deságua em uma série de problemas socioambientais, a maioria deles se relaciona às condições de vida precária e subumana em que vive uma parcela da população das grandes cidades. É evidente que tal grupo de indivíduos, reconhecido por habitar nos lugares mais precários da cidade – localidades marginalizadas em que vivem as pessoas mais pobres e, que não veem concretizados os seus direitos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e saúde do meio ambiente -, geralmente possui uma identidade social, racial e cultural antagônica a da classe média e alta.

As desigualdades sociais possuem raízes históricas, portanto a segregação social está intimamente ligada à maneira como foram formados os centros urbanos. Na medida em que as comunidades que não possuem voz política são retiradas dos seus locais de origem, ocorre o surgimento ou crescimento da marginalização.

A formação das favelas, periferias, subúrbios e quaisquer outros tipos de regiões marginalizadas ocorre, principalmente, pela expulsão de grupos sociais de classe baixa e cuja identidade cultural não coincide com a do homem branco, a respeito disso, afirma Tânia Pacheco (2008, p.2):

No caso das grandes cidades, para onde muitos desses refugiados ambientais são sumariamente deslocados, indígenas, ribeirinhos e outros tantos tendem a desaparecer, muitas vezes escondendo suas origens para poderem se candidatar ao emprego e

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serem aceitos, enfim. São os negros e – nas regiões Sudeste e Sul – também os nordestinos os que se mantém “visíveis”. Mas é uma visibilidade indesejável, eivada de preconceitos e, no geral, associada diretamente a um dos problemas centrais das grandes megalópoles: a violência urbana. São precisamente eles que ocupam, na maioria, as favelas, os arredores dos lixões, as periferias marginalizadas, os diferentes locais onde a miséria é a tônica, onde o tráfico impera, onde as milícias e a polícia dão vazão ao seu sadismo, disparando a esmo, humilhando e negando de todas as formas a cidadania.

A formação da cidade de Porto Velho adveio de grandes ciclos de progresso econômico. No início do Século XX, a cidade nasceu do investimento ferroviário da Madeira-Mamoré Railway, que proporcionou o planejamento urbano de parte do centro da cidade, para receber imigrantes estrangeiros que vieram para participar do maior empreendimento da época, a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré.

Naquele período, a localidade em que se estabeleceram os trabalhadores da empresa se dividia ao meio, cujo marco divisório atualmente é a Avenida Presidente Dutra. Do lado em que viviam os funcionários estrangeiros mais importantes se tinha uma cidade planejada e bem estruturada, ao passo que do outro lado não houve priorização da urbanização. Portanto, em um mesmo território, havia duas realidades urbanas totalmente distintas.

Atualmente, essa divisão ainda existe, noutra face, uma vez que não mais consiste em uma rua, tampouco separa os empregados de cargos mais elevados da Madeira-Mamoré Railway dos demais operários que permaneciam do lado brasileiro, mas há uma diferenciação evidente entre a forma como vivem os munícipes que têm seus direitos socioambientais efetivados, através de políticas públicas, e a parcela dos habitantes da cidade que não tem sequer alcance ao mínimo existencial.

O mínimo existencial está umbilicalmente ligado ao princípio da dignidade da pessoa humana e, consiste na garantia de condições mínimas para uma existência humana digna, isto é, relaciona-se aos direitos mais básicos inerentes ao homem, como o saneamento básico, direito relacionado diretamente à saúde e meio ambiente ecologicamente equilibrado. O mínimo e istencial “funciona como uma cláusula de barreira contra qualquer ação ou omissão estatal ou induzida do Estado que impeça a adequada concretização ou efetivação dos direitos fundamentais e de seu conte do mínimo”. (CALIENDO, 2008 apud SARLET, 2012, p.282).

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A efetivação dos direitos socioambientais está diretamente vinculada à atividade do poder público, que tem por finalidade precípua a promoção do bem da coletividade, através de políticas públicas. Entende-se por políticas públicas o conjunto de programas e ações desenvolvidas pelo Estado de forma direta ou indireta, com o fim de promover a concretização de determinado direito socioambiental.

Com a ausência de políticas públicas, relacionadas ao direito sanitário, em todas as regiões, mas principalmente as periféricas da cidade de Porto Velho, o Estado deixa de cumprir o seu papel em promover a equidade social. Conforme Romeu Thomé (2015, p.119):

É inequívoco que as políticas públicas a serem adotadas pelo Estado devem ser sustentáveis, visando conciliar o crescimento econômico com a proteção do meio ambiente e com a equidade social. Indubitavelmente resta consagrada a proteção ambiental como um dos objetivos ou tarefas fundamentais do Estado - Socioambiental- de Direito.

A equidade social relaciona-se aos direitos de segunda dimensão, constituindo um dos principais objetivos do Estado Social. A igualdade é um dos pilares do próprio Estado Democrático e Socioambiental de Direito, onde se faz indispensável o tratamento isonômico que oportuniza a participação política a todos os cidadãos, sem quaisquer preferências por etnia, classe social e espaço geográfico onde determinados tipos de indivíduos se inserem.

2. SANEAMENTO BÁSICO COMO UM DIREITO HUMANO: LEGISLAÇÃO E FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS

A Organização Mundial da Saúde – OMS define o saneamento básico como “o controle dos fatores do meio físico, o qual pode e ercer efeitos nocivos sobre o ser humano, seja sobre seu bem-estar físico, mental ou social”. A definição técnica e legal de saneamento básico está disposta na Lei nº. 11.445/07, em seu artigo 3º que define o saneamento básico como:

O conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, drenagem e manejo

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das águas pluviais urbanas, bem como drenagem e manejo das águas pluviais, limpeza e fiscalização preventiva das respectivas redes urbanas.

A Carta Magna não conferiu ao saneamento básico o status de direito fundamental ou social de forma expressa, mas buscou incorporar esse direito às políticas de urbanização e de saúde pública. A Constituição Federal, além de atribuir à União a competência para instituir diretrizes para os serviços de saneamento conferiu a todos os entes federativos o dever de promover políticas públicas que visem melhoria do serviço público sanitário.

O saneamento básico não tinha a condição de direito fundamental ou humano, reduzida sua importância a um canal para concretude dos direitos à vida, à saúde e à dignidade da pessoa humana. De fato, o direito ao saneamento básico está atrelado a esses outros direitos, entretanto não se restringe a eles, não sendo mero serviço público essencial, tampouco acessório ao direito à saúde.

Em 2010, a Organização das Nações Unidas, em Assembleia Geral de 28 de julho, aprovou a Resolução nº.64/292 reconhecendo o direito à água e ao saneamento básico como direitos humanos fundamentais. Nessa deliberação, considerou-se que o acesso à água potável e ao saneamento são componentes essenciais para que se possa gozar dos demais direitos humanos. Portanto, o direito ao saneamento básico não é mera política pública para que o indivíduo tenha acesso à saúde e o meio ambiente ecologicamente equilibrado, mesmo que correlato aos mencionados direitos, mas reconhecido como um direito humano.

O direito ao saneamento básico é efetivado através de ações do Poder Público que, geralmente por meio de convênio, oferece os serviços básicos de tratamento de esgoto e abastecimento de água a beneficiar todos os habitantes de uma cidade. A esse respeito, a Lei Nacional de Saneamento disp e que “os serviços públicos de saneamento básico serão prestados com base no princípio da universalidade do acesso”.

A aplicação do princípio da universalidade do acesso significa que o serviço público deverá ser prestado a todas as pessoas sem quaisquer formas de distinção, pois que o direito ao saneamento básico é um direito humano. Outro princípio previsto na legislação infraconstitucional, que remete a ideia de igualdade, está expresso no caput e inciso IV do artigo 2º da Lei 11.445/07, ao conferir a disponibilidade do serviço de saneamento a todas as áreas urbanas:

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Os serviços públicos de saneamento básico serão prestados com base nos seguintes princípios fundamentais:

(...) disponibilidade, em todas as áreas urbanas, de serviços de drenagem e manejo das águas pluviais, limpeza e fiscalização preventiva das respectivas redes, adequados à saúde pública e à segurança da vida e do patrimônio público e privado.

Conforme a Lei de Saneamento, a União, na sua política de saneamento ambiental, deve observar diretrizes que consistem, dentre outras, em priorizar ações que promovam a equidade social e territorial, melhoria da qualidade de vida, colaborar para o desenvolvimento urbano e regional, bem como utilizar indicadores epidemiológicos e de desenvolvimento social no planejamento, implementação e avaliação das suas ações de saneamento.

Essa legislação infraconstitucional buscou, além de instituir um serviço universal, que beneficiasse a todos os indivíduos, independente do espaço geográfico em que estejam inseridos, atingir a igualdade material, ao expressar a importância em modificar as condições de vida dos indivíduos de menor poder aquisitivo, ao positivar a intenção de promover políticas que resultem na erradicação da pobreza:

Art. 2º. Os serviços públicos de saneamento básico serão prestados com base nos seguintes princípios fundamentais:

VI - Articulação com as políticas de desenvolvimento urbano e regional, de habitação, de combate à pobreza e de sua erradicação, de proteção ambiental, de promoção da saúde e outras de relevante interesse social voltadas para a melhoria da qualidade de vida, para as quais o saneamento básico seja fator determinante.

A Política Nacional de Saneamento visa o desenvolvimento nacional, reduzir as desigualdades regionais, priorizar planos, programas e projetos que visem à implantação e ampliação dos serviços e ações de saneamento básico nas áreas ocupadas por populações pobres, bem como gerar emprego, renda e inclusão social. Novamente, a intenção legislativa é atender ao princípio constitucional da isonomia, com o fim de promover justiça socioambiental. Nesse sentido, pontifica Alexandre de Moraes (2017, p.36)

O tratamento desigual dos casos desiguais, na medida em que se desigualam, é exigência tradicional do próprio conceito de Justiça, pois o que realmente protege são certas finalidades, somente se tendo por lesado o princípio constitucional quando o

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elemento discriminador não se encontra a serviço de uma finalidade acolhida pelo direito, sem que se esqueça, porém, como ressalvado por Fábio Konder Comparato, que as chamadas liberdades materiais têm por objetivo a igualdade de condições sociais, meta a ser alcançada, não só por meio de leis, mas também pela aplicação de políticas ou programas de ação estatal.

Em âmbito local, o Plano Diretor do Município de Porto Velho, instituído pela Lei Complementar nº. 311, de 30 de junho de 2008, que, por sua política de desenvolvimento urbano objetiva garantir, dentre outros, o direito à cidade sustentável. O diploma mencionado define no parágrafo único de seu artigo 4º cidade sustentável como aquela “que assegure o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços p blicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras geraç es”.

O conceito de urbe sustentável está diretamente ligado à sua função ambiental, inserida na função social da cidade que, por sua vez, cumpre sua finalidade quando a sua população tem seus direitos urbanos efetivados. Já a função ambiental da cidade intenciona a proteção do meio ambiente e da qualidade de vida dos indivíduos. Assim, preleciona Júlio de Sá Rocha (1999, p.37):

A cidade cumpre sua função ambiental quando garante a todos ao meio ambiente urbano ecologicamente equilibrado, v.g., na existência de áreas verdes e equipamentos públicos, espaços de lazer e cultura, transportes públicos, esgotamento sanitário, serviços de água, luz, pavimentação de vias públicas.

É notável o quanto as legislações infraconstitucionais nacional e local destacam a essencialidade do saneamento básico como política pública a proporcionar qualidade de vida e bem-estar do ser humano, ao mesmo tempo que o considera um direito de todos, dado os princípios da isonomia e universalidade do acesso.

2.1 SANEAMENTO BÁSICO E POLÍTICAS PÚBLICAS NA CIDADE DE PORTO VELHO

O direito humano ao saneamento básico está amplamente garantido pelo ordenamento jurídico, entretanto, no mundo real, especificamente na cidade de Porto Velho não está sendo exercido pela maior parte dos habitantes, por ter um dos piores índices de saneamento básico do país. De acordo com o Sistema Nacional de

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Informações Sobre Saneamento – SNIS (2015) do Ministério das Cidades, dentre as cem cidades mais populosas do Brasil, Porto Velho ocupa a 97ª (nonagésima sétima) posição no ranking de saneamento básico. O indicador de atendimento urbano de água em Porto Velho corresponde a apenas 37,30% (trinta e sete inteiros e trinta centésimos por cento), isto significa que menos da metade da população é atendida com abastecimento de água. Além disso, o volume de esgoto tratado é igual a zero.

A Lei nº 2.114/13, que estabelece o Plano Plurianual do Município de Porto Velho para o e ercício financeiro deste quadriênio, criou os programas “cidade limpa”, “Porto Velho limpa” e “urbanizar”, que possuem objetivos como promover a limpeza urbana, pavimentação de vias urbanas, visando à melhoria das condições ambientais e de saúde, coleta e destinação final de resíduos sólidos. Não há programas específicos em âmbito municipal que instituam políticas públicas com o fim específico de promover os serviços abrangidos pelo saneamento básico.

Na esfera estadual, verifica-se que há programas que visam a promoção do saneamento básico de forma específica. Conforme dados disponibilizados pela Secretaria de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão – SEPOG, o programa “gestão do PAC e obras de saneamento” busca melhoria e desenvolvimento de serviços de água tratada e esgotamento sanitário, promoção da saúde pública e qualidade de vida.

Consta da avaliação do plano plurianual estadual, dentre outras, a ação de implantar, melhorar e ampliar os serviços de saúde e saneamento, orçada em R$ 32.848.833,45 (trinta e dois milhões, oitocentos e quarenta e oito mil oitocentos e trinta e três reais e quarenta e cinco centavos), dos quais nada foi realmente utilizado em consequência de restrições administrativas, conforme a justificativa apresentada.

As restrições administrativas no plano orçamentário significam situações não previstas pela Administração Pública, que impedem que o plano de governo seja concretizado, tais como imprevistos ou irregularidades em licitações, por exemplo. Esse tipo de restrição representa 35% (trinta e cinco por cento) das causas do insucesso do planejamento dos gastos estatais, além de subestimar os valores previstos nos programas. Possivelmente, foi o que ocorreu quando das frustradas tentativas de implantação de um sistema adequado de saneamento básico. Assim,

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persiste a precariedade no que diz respeito à qualidade de vida urbana e salubridade ambiental na cidade de Porto Velho, tendo em vista que a cidade não possui estação de tratamento de esgoto.

Segundo o Tribunal de Contas da União (2010), “o sistema de esgotamento sanitário de Porto Velho” ofereceria serviço de coleta e tratamento de esgoto e abrangeria dois terços da área urbana da cidade, isto é, o projeto contava com duas estações de tratamento de esgoto e oitocentos e cinquenta mil metros de redes coletoras. A obra estava orçada em aproximadamente setecentos e quarenta milhões de reais, dos quais a União disponibilizaria mais da metade dos recursos. O investimento foi paralisado por ter sido apurado irregularidades, dentre elas, direcionamento do certame licitatório e sobrepreço.

3. O RACISMO AMBIENTAL, A OMISSÃO DO PODER PÚBLICO E A INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA RESERVA DO POSSÍVEL

O conceito de Racismo Ambiental surgiu por volta dos anos sessenta nos Estados Unidos da América, que vivia um momento de segregação racial e, concomitante, crescimento de impactos ambientais causados pela atividade industrial. A população negra era intencionalmente apartada da população branca privilegiada. Dessa forma, além da marginalização do negro causada pela segregação, ocorria o direcionamento proposital dos impactos ambientais negativos aos locais onde concentrava-se tal grupo social.

Em todos os lugares do mundo, incluindo o Brasil, há muitos casos de direcionamento intencional de impactos ambientais para as populações de menor ou nenhuma voz política, porque são grupos de pessoas colocadas historicamente à margem da sociedade e que normalmente estão geograficamente inseridas nos espaços mais precários do meio urbano.

Por sua vez o conceito de racismo ambiental urbano abrange o indivíduo enquanto pertencente a determinado grupo racial e social - geralmente composto por pessoas de classe baixa, negros e indígenas urbanos -, mas conjuntamente considera a posição geográfica em que se encontra o grupo excluído e, muitas vezes, criminalizado.

O racismo “sustenta-se refletir a superioridade de certas raças, qualidades, sentimentos, trazendo, como consequência a segregação social” (FIORILLO, 2014).

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Assim, julga-se o valor da vida de um ser humano baseando-se em suas características sociais, como origem, cor, raça, religião e, principalmente, a capacidade econômica. O racismo não somente gera a segregação racial, como é uma de suas causas.

Dado que a segregação social é um produto do racismo, junto a ela surge a injustiça social. Existe uma aproximação conceitual entre racismo ambiental e injustiça ambiental, que é, segundo a professora Selene Herculano (2006, p.02):

O mecanismo pelo qual sociedades desiguais destinam a maior carga dos danos ambientais do desenvolvimento a grupos sociais de trabalhadores, populações de baixa renda, grupos raciais discriminados, populações marginalizadas e mais vulneráveis.

Em contraponto, a justiça social é “a busca do tratamento justo independentemente de sua raça, cor, origem ou renda no que diz respeito à elaboração, desenvolvimento, implementação e reforço de políticas, leis e regulaç es ambientais” (BULLARD, 1993 apud HERCULANO, 2006, p.2).

Outra consequência do racismo ambiental, senão a maior delas, é a não efetivação dos direitos socioambientais, inerentes à sadia qualidade de vida – in

casu, humana -, pois por parte do poder público, em termos de políticas públicas,

não há tratamento igualitário no meio urbano. As localidades mais privilegiadas com urbanização e saneamento básico, são as que concentram a população branca e de classe alta.

O racismo ambiental não parte apenas de condutas ativas e intencionais advindas dos grandes investimentos industriais ou do próprio Estado, mas pode ocorrer quando não há visibilidade de determinados grupos sociais, em razão de suas características raciais, culturais e da sua capacidade econômica.

Nesse diapasão, quando o Poder Público proporciona somente à população com maior poder aquisitivo a efetivação dos mesmos direitos, os quais também são sujeitos os mais pobres, há um efeito segregador, uma vez que garantem qualidade de vida apenas a uns poucos indivíduos, sendo a grande maioria pobre e sem acesso às condições necessárias para viver com dignidade. O racismo ambiental “não se configura apenas por meio de aç es que tenham uma intenção racista, mas igualmente por meio de ações que tenham impacto racial, não obstante a intenção que lhes tenha dado origem” (HERCULANO, 2008, p. 16).

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Destarte, o poder público, quando não garante a todos de forma igualitária os direitos socioambientais mais básicos, pode incorrer em uma prática de racismo, tendo em vista que não há justificativa para disponibilizar um serviço público essencial a parcela restrita da população.

O critério utilizado pelo poder público, em Porto Velho, ao realizar políticas públicas de urbanização que beneficiam grupo seleto de indivíduos, é muito mais econômico e espacial do que puramente racial. Por conseguinte, este tipo de conduta do Estado pode caracterizar racismo ambiental, tendo em vista que seu conceito não se restringe às questões étnicas, mas também abrange, principalmente, as de poder econômico, uma vez que parece atuar com políticas de urbanização de forma menos ativa nas regiões periféricas.

Não se pode minimizar o conceito de racismo ambiental somente a questões raciais, porque é um instituto de muitas faces, portanto, pode ser prontamente caracterizado quando há segregação de indivíduos inseridos em determinado espaço geográfico que suportam, em detrimento de outros, impactos ambientais negativos. Nesse sentido, entende Tânia Pacheco (2008, p.14)

A concepção de Racismo Ambiental nos permite denunciar: as múltiplas facetas e nuances com que o preconceito se traveste e, mais que isso, suas verdadeiras origens. Em lugar, pois, de minimizar o racismo, transformando-o em algo restrito e menor, a concepção amplia-a, ao revelá-la na sua face mais profunda. Uma face em que a mesma “descendência” – seja ela qual for – abriga, inclusive e invariavelmente, tanto os oprimidos quanto o eventual opressor.

As desigualdades regionais não podem justificar o baixo índice de saneamento em Porto Velho, tampouco retirar a responsabilidade estatal de proporcionar a efetivação desse direito básico, embora as políticas para tanto demandem uma estrutura bastante onerosa para o Estado. Não parece adequada, portanto, a consideração do princípio da reserva do possível, visto que o saneamento básico é um direito humano e uma política pública essencial para a qualidade de vida e dignidade do ser humano.

O princípio da reserva do possível consiste em uma limitação a determinados direitos, submetendo a sua efetivação à disponibilidade de recursos públicos do Estado. Sarlet (2012, p.256) compreende que

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A reserva do possível constitui, em verdade (considerada toda a sua complexidade), espécie de limite jurídico e fático dos direitos fundamentais, mas também poderá atuar, em determinadas circunstâncias, como garantia dos direitos fundamentais, por exemplo, na hipótese de conflitos de direitos, quando se cuidar da invocação – observados sempre os critérios da proporcionalidade e da garantia do mínimo existencial em relação a todos os direitos – da indisponibilidade de recursos com o intuito de salvaguardar o núcleo essencial de outro direito fundamental.

O princípio da reserva do possível, para Sarlet (2012, p.255), apresenta uma dimensão tríplice, cujo elemento primeiro é a disponibilidade fática dos recursos para a efetivação dos direitos fundamentais. Por outro lado, na perspectiva do eventual titular de um direito a prestações sociais, a reserva do possível envolve o problema da proporcionalidade da prestação, em especial, no que diz respeito a sua exigibilidade e também a sua razoabilidade.

Em razão disso, afasta-se a aplicação do princípio quanto à prestação dos serviços públicos de esgotamento sanitário, posto que o Estado proporciona a uns poucos o direito ao saneamento básico, porque se o serviço é prestado para uns indivíduos, pode ser prestado para outros também, uma vez demonstrada a disponibilidade fática de recursos. No que concerne à exigibilidade, tem-se que as políticas públicas de saneamento são exigíveis, sendo direito imprescindível à qualidade de vida e essencial ao pleno gozo de direitos fundamentais. Ademais, é plenamente possível que o Estado proporcione a todos o acesso ao saneamento básico, quando dispõe de recursos financeiros a garantir esse direito.

3.1 O RACISMO AMBIENTAL NA CIDADE DE PORTO VELHO

No espaço urbano da capital do Estado de Rondônia, o direito humano ao saneamento básico não é acessado de forma plena pelos seus habitantes, tendo em vista a deficiência deste serviço em todas as regiões urbanas. São prestados alguns dos serviços que compõem o saneamento básico, como o abastecimento de água, que não é acessível a todas as pessoas. Há uma discrepância no que diz respeito à urbanização nos diferentes espaços da cidade e à qualidade de vida dos munícipes que os habitam.

Os efeitos prejudiciais da deficiência sanitária em Porto Velho afetam os habitantes, dependendo de onde se estabelecem, de forma desproporcional. O

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grupo de indivíduos que detém maiores recursos financeiros consegue estabelecer-se em locais melhores, pois possui poder econômico suficiente para minimizar o contato com resíduos sólidos e esgoto a céu aberto, por exemplo.

Em contrapartida, um outro grupo de pessoas é composto pela maior parte dos habitantes da cidade, que vive em condições precárias de salubridade ambiental e, por vezes, desumanas, sem acesso à água própria para consumo e vivem constantemente exposto a esgotos a céu aberto.

Nos interessa, portanto, cotejar as características do indivíduo que alcança algum acesso ao saneamento básico, e lhe é oportunizada a vida em condições humanas e dignas; comparando com aquele que possui pouco ou nenhum acesso aos serviços que integram o saneamento básico. Verifica-se que todos os serviços públicos correlatos à urbanização estão muito mais presentes em determinados localidades urbanas, dependendo de sua posição geográfica e, principalmente, quem são as pessoas que as frequentam e nelas se estabelecem.

Os espaços geográficos da urbe frequentados cotidianamente por grupos de indivíduos que possuem uma identidade específica, qual seja, a classe média e alta, geralmente composta por brancos e pardos, parecem ser mais visados pelo poder público, motivo pelo qual somente nesses espaços há algum resquício de salubridade ambiental.

Os locais que apresentam condições mais dignas para se viver se concentram, de maneira geral, em determinados locais da região central e norte da zona urbana, nesses lugares a atuação estatal se faz mais presente, no que diz respeito à urbanização, incluído o saneamento básico.

Embora nem todos os locais da zona norte e central da cidade contem com condições urbanas propícias para que as pessoas tenham uma vida digna, por razão da forma desordenada e desproporcional com que se deu a formação da cidade, verifica-se uma discrepância significativa no que diz respeito à qualidade de vida e ao acesso aos serviços públicos de urbanização básicos das demais regiões urbanas.

Com isso, mesmo nas zonas mais bem favorecidas é possível encontrar discrepâncias quanto a serviços públicos, pois que a cidade de Porto Velho foi se formando de forma desordenada e irregular. Por conseguinte, em um mesmo bairro e zona é possível verificar realidades muito próximas geograficamente, porém muito

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distantes no que afeta a qualidade de vida e direitos efetivados. Isto é, em Porto Velho é possível que haja, em um mesmo bairro ou em bairros próximos, duas realidades muito distintas quanto ao acesso ao saneamento básico e a outros serviços públicos afetos à urbanização.

A título de exemplo, porquanto a maioria dos bairros que compõe o espaço urbano de Porto Velho apresenta a mesma discrepância no que concerne à qualidade de vida e à realização de serviços públicos básicos, o bairro Lagoinha, próximo à Avenida Rio de Janeiro e o Conjunto Jamari, em Porto Velho, localizados na zona leste de Porto Velho, apesar de estarem geograficamente próximos, se diferenciam em razão das realidades distintas, o que permite a visualização de contrastes no que diz respeito à qualidade de vida.

O Bairro Lagoinha é um dos lugares onde os efeitos da falta de saneamento básico são muito alarmantes, uma vez que os moradores estão há anos sujeitos à exposição de esgoto a céu aberto, suportando uma condição indigna de saúde ambiental. Já no Conjunto Jamari, há canal contaminado com esgoto, mas os moradores sofrem menor impacto, pois não habitam defronte ao esgoto.

O saneamento básico, além de direito humano, é um serviço público essencial que compõe as políticas de urbanização estabelecidas pela Constituição Federal, que deve ser garantido a todas as pessoas de forma indistinta, tendo em vista os princípios da isonomia e universalidade do acesso. No entanto, o processo de urbanização nunca se deu de maneira uniforme em todas as localidades urbanas de Porto Velho. As políticas públicas nunca se realizaram de maneira igual em todos os lugares da cidade e para todos os cidadãos.

As ações públicas, de urbanização ou não, sempre atenderam precipuamente aos interesses dos mais economicamente influentes, acerca disso, leciona Rocha (1999, p.16):

As atividades urbanísticas não foram refletidas uniformemente na totalidade dos espaços da urbe. Isso leva a pensar criticamente que o sistema jurídico, durante muito tempo, dispôs timidamente sobre a ordenação e o planejamento urbano, e quando o fez, atendeu uma dinâmica de privilégio às camadas média e alta da sociedade. A periferia nunca assimilou de verdade o efetivo direito à cidade.

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O simples fato da qualidade de vida urbana entre os múltiplos indivíduos de classes altas e baixas ser díspar, por si só, não configura racismo ambiental, é necessário que haja uma diferenciação de tratamento estatal entre esses dois grupos e que a mira estatal, no que afeta à urbanização e à promoção de políticas que promovam serviços de saneamento básico sejam desiguais.

Em Porto Velho, há dois tipos de condutas estatais que podem caracterizar o racismo ambiental. A primeira delas é a diferenciação de políticas de urbanização realizadas no centro da cidade e áreas “nobres”, leia-se parte da zona norte e centro, e regiões periféricas ou distantes do centro, sul e leste. Serviços públicos, como iluminação pública, água potável, recolhimento de esgoto não são realidades muito acessíveis nas regiões mais descentralizadas, que concentra o maior número de indivíduos de menor poder econômico, onde a urbanização é muito deficiente.

Outra conduta que pode caracterizar o racismo ambiental em Porto Velho, consiste no despejo inadequado de esgoto em córregos bem próximos às habitações de pessoas que não pertencem ao grupo social mais economicamente privilegiado, pois este pode morar longe da exposição aos impactos ambientais negativos, originados pela destinação inadequada de esgoto.

A destinação inadequada do esgoto e resíduos sólidos ocorre em razão de inexistir estações de tratamento de esgoto na cidade de Porto Velho, portanto o volume de esgoto não tratado deságua em lugares impróprios, geralmente em córrego próximo às habitações de pessoas economicamente vulneráveis. Isso ocorre em bairros periféricos de Porto Velho, onde há contaminação de córregos, esgoto exposto em ruas onde há circulação de pessoas, como exemplo, pode-se considerar parte do Bairro Lagoinha - semelhante aos demais bairros da Zona Leste de Porto Velho -, em que os moradores estão ilhados por um canal contaminado, cuja única via de saída de casa, para realizar atividades corriqueiras, como trabalhar e ir à escola, está condicionada a passagem por uma ponte inapropriada construída pelos próprios moradores.

Com isso, observa-se que a maioria das ruas localizadas em bairros das regiões urbanas sul e leste possuem esgotos a céu aberto, enquanto locais próximos aos imóveis mais valiosos da cidade e prédios de órgãos públicos, como a Avenida Presidente Dutra, são limpos constantemente.

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A ausência dos serviços públicos que integram o saneamento básico agrava a situação de pobreza e vida subjugada. Portanto, a omissão do Estado quanto a não garantia de direitos inerentes a todos de ter uma vida digna pelo acesso aos serviços públicos essenciais gera a injustiça ambiental, que é uma consequência do racismo ambiental, tendo em vista que o poder público parece estimar por invisível uma parcela de pessoas, embora esta seja tão sujeita de direitos socioambientais quanto à classe média e alta, contudo não representam a mesma força política e econômica.

Assim, o grupo de indivíduos que detém menor poder aquisitivo está sempre sujeito a viver nos piores lugares da cidade, pois não tem condições de estabelecer-se nas localidades em que a poluição ambiental é mais amena, portanto vivem sempre expostos ou muito próximo de locais nocivos à saúde humana, tendo que lidar com situações de insalubridade ambiental causadas pela destinação inadequada de esgoto.

Por fim, o Estado quando deixa de garantir os serviços públicos de saneamento básico a todos ou deixa de realizar políticas imediatas que minimizem os efeitos da falta total de tratamento de esgoto, deixa de observar o princípio da isonomia, incorre em omissão.

As regiões sul e leste de Porto Velho simplesmente têm menor visibilidade, justamente por concentrarem um grupo de pessoas menos interessante para os interesses da camada social mais alta. Mesmo que não haja intenção direta de desfavorecer essas regiões, permanece o efeito segregador, que basta para caracterizar essa forma de racismo.

Por outro lado, considera-se caracterizado o racismo ambiental por meio de uma conduta estatal ativa, o ato de direcionar, ou permitir que o seja, a diversos locais impróprios o despejo de esgoto em locais próximos às habitações de pessoas mais vulneráveis economicamente. Isso ocorre em diversas partes do espaço urbano, não só em determinadas zonas, mas nunca ocorre próximo às habitações dos que detêm maior influência política e econômica.

O racismo ambiental se caracteriza quando o Estado direciona ou permite que impactos ambientais prejudiciais sejam suportados mais por determinados grupos de indivíduos do que por outros, identificáveis por questões étnicas, econômicas e culturais. Em Porto Velho, o principal fator que determina isso são questões

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econômicas, mas, de forma secundária, também podem ser raciais pois ainda assim é possível verificar que o público da periferia em Porto Velho é constituído de pessoas na maioria negra, parda e indígena.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As desigualdades regionais são latentes, no que concerne à eficiência e à disponibilidade de todos os serviços públicos, qualidade de vida, educação e saúde. A região norte, apesar de sua extensão geográfica e riquezas em recursos naturais, está sempre entre as piores posições nos índices relacionados ao desenvolvimento humano, não sendo diferente quanto à efetivação do direito básico ao saneamento.

Concluiu-se que as deficiências na questão do saneamento básico afetam a todos os habitantes da cidade de Porto Velho de modo geral, mas os efeitos negativos dessas são sofridos com maior impacto pelas populações pobres e, o poder público não tem, de fato, garantido a redução desse tipo de desigualdade.

Essas desigualdades são consequência do processo histórico que deu origem ao nosso país, onde sempre houve maior preocupação com a conquista de espaço geográfico e a exploração de uma região, sem a intenção de urbanizá-la de forma sustentável. Nada obstante, não é possível justificar as condições precárias de saúde ambiental com esse fato.

A carência de saneamento básico está relacionada a má gestão, esta é a maior causa da falta do serviço público para a maior parte dos habitantes de Porto Velho. Nesse quesito, o gestor público não atende à finalidade primária da Administração Pública, que é o interesse da coletividade.

Nota-se que por mais precárias e escassas que sejam as condições de saneamento básico, há um grupo de poucos indivíduos que têm algum acesso a esse direito humano. Observa-se que, tais indivíduos estão inseridos geograficamente nas regiões centrais e pertencem à classe alta e média. Noutro passo, são negligenciados pelo poder público aqueles indivíduos que habitam nas regiões descentralizadas, marginalizadas e que vivem indivíduos vulneráveis economicamente.

Observa-se que, em Porto Velho, não há grandes distâncias e divisões territoriais entre grupos que possuem acesso a abastecimento de água e destinação

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do esgoto e aqueles que não possuem, há realidades urbanas muito distintas em locais próximos, pela falta do serviço ser generalizada, mas é inegável o privilégio de um grupo em detrimento do outro. Certamente, o fator determinante, para que haja esse contraste entre a qualidade de vida de uns indivíduos para outros, é a capacidade econômica.

Desigualdades sociais e regionais sempre existiram e, provavelmente persistirão, mas é incumbência do poder público promover políticas públicas que visem atenuá-las ou, de uma perspectiva mais otimista, dirimi-las. O problema ocorre quando, de forma indireta ou não intencional, o Estado considera a capacidade econômica como critério para garantir determinados direitos a apenas alguns indivíduos, ou quando direciona intencionalmente aos mais vulneráveis impactos negativos.

Há programas e projetos, no mundo do dever ser, que visam à implantação de saneamento básico em todas as regiões urbanas de Porto Velho. No mundo real, o Poder Público não tem garantido a todos esse direito de forma igualitária.

Não há omissão no que diz respeito à inclusão de projetos e políticas públicas no planejamento orçamentário do Estado de Rondônia, a garantir que se concretizem todos os serviços os quais o saneamento básico abrange. Igualmente, o Município de Porto Velho conta com programas de urbanização. Contudo, quando não há realização concreta de ações públicas que proporcionem a indivíduos de classes sociais mais baixas os mesmos serviços os quais tem acesso a população de classes mais altas, como o abastecimento de água potável constata-se então uma conduta estatal omissiva.

O Estado, ao não promover políticas públicas que efetivem os direitos de terceira geração de forma igualitária é agente propiciador da injustiça ambiental e incorre em uma conduta segregadora, mesmo que sem qualquer intenção direta provoca o racismo ambiental. Esta forma de racismo ultrapassa a esfera do indivíduo e atinge o espaço geográfico onde ele se insere. A mira do Poder Público, quanto às questões de meio ambiente, permanece focada apenas nos interesses das classes sociais mais altas, que certamente vivem nas melhores regiões da cidade, geralmente centralizadas, ao passo que a vida humana nas regiões periféricas parece valer menos.

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O racismo ambiental se concretiza, de forma ativa, na cidade de Porto Velho pela destinação de impactos ambientais causados pela ausência de destinação adequada de esgoto, que por vezes é destinado a córregos contaminados, aos quais as populações mais economicamente vulneráveis da cidade acabam expostas.

Além de sofrerem essa exposição as mais diversas situações insalubres, por não terem alcance aos serviços essenciais de saneamento básico, que compreende o acesso a água própria para utilização e destinação adequada de esgoto e resíduos, o direito dessas pessoas de simplesmente ser igual é transgredido, apenas em razão de sua capacidade econômica.

Por óbvio, o indivíduo que detém maior poder aquisitivo terá melhores condições de vida e de consumo do que o indivíduo menos influente economicamente, porém a efetivação de direitos humanos básicos não deveria estar condicionada ou dependente de qualquer fator, como é o caso do saneamento básico. De fato, o serviço de abastecimento de água é pago pelo indivíduo, mas o Poder Público tem o dever de fazer com que todos, de forma igual, tenham acesso, por ser um direito inerente a toda pessoa.

Portanto, cabe ao poder público tratar de modo igualitário todos os habitantes de uma cidade, uma vez que a atividade urbanística é estatal, tendo em vista a incumbência dada ao Município de execução da política de desenvolvimento pela Carta Maior. Dentro dessa política está a necessidade de promover programas de saneamento, que é de responsabilidade de todos os entes federativos.

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