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Produção Científica da Enfermagem sobre Acidentes com Material Biológico

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Academic year: 2021

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LUANDA PAULINA TEIXEIRA SOUSA, MARIA APARECIDA DA SILVA

Resumo: revisão integrativa que consistiu na análise de 20 artigos

publi-cados no período de 2003 a 2013, cujo objetivo foi sistematizar a produção científica nacional da enfermagem sobre acidentes com material biológico, mostrando avanços de pesquisas com regularidade de publicação, especial-mente nos últimos anos. Mas ainda há que se evoluir, para a redução de aci-dentes com material biológico.

Palavras-chave: Acidentes biológicos. Acidentes de trabalho. Enfermagem.

O

s relatos e as preocupações com acidentes de trabalho são antigos. Desde antes da era cristã, as doenças e mortes no ambiente de tra-balho já existiam entre os escravos e servos. Na Idade Média, se tornaram mais frequentes, dada à expansão dos negócios. Com a Revolução Industrial Burguesa, mediante a exploração do homem no trabalho, a situação piorou, e até hoje o trabalhador de enfermagem atua em condições que preju-dicam seu estado de saúde (SHIMIZU; RIBEIRO, 2002).

Nos dias de hoje, acidente de trabalho é um problema vivenciado pelos profissionais das mais diversas áreas da saúde, especialmente os de enfermagem. Enfermeiros que atuam no ambiente hospitalar, dependendo da sua atividade dentro do local de trabalho, podem estar mais expostos a microrganismos e, consequentemente, às doenças, como em procedimentos invasivos que ofere-cem riscos de acidentes.

A contaminação do enfermeiro numa área hospitalar, pelo acidente de trabalho, é caracterizada pelo contato direto com os fluídos potencialmente contaminados, podendo ocorrer por inoculação percutânea e pelo contato direto com a pele ou mucosa, quando há o comprometimento de suas integridades, por escoriações, cortes ou por dermatites (SILVA; ALMEIDA; PAULA, 2009).

PRODUÇÃO CIENTÍFICA

DA ENFERMAGEM

SOBRE ACIDENTES

COM MATERIAL BIOLÓGICO*

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estudos , Goiânia, v . 41, especial, p . 73-86, out. 2014. 74 74

Como medidas de controle dos acidentes devem ser adotadas as de biossegurança, que se referem ao conjunto de ações voltadas para a prevenção e para a minimização ou eliminação de riscos (TEIXEIRA; VALLE, 1996 apud PEREIRA et al., 2008).

O presente tema foi aprofundado na expectativa de se apreender a produção cientí-fica de enfermagem quanto a alguns aspectos mais importantes que ajudam a colaborar para a redução dos riscos de acidentes de trabalho entre os profissionais da equipe de enfermagem. A motivação para estudar este tema se dá em razão de uma experiência em campo de prática, ao vivenciar o acidente de uma colega que sofreu perfuração no dedo com uma agulha contaminada e não sabia quais os procedimentos adequados a serem adotados logo após o acidente, sendo necessário chamar outro profissional para ajudá-la naquele momento. Aquela situação me levou a algumas reflexões sobre essa problemática. Segundo Pereira et al. (2008), o acidente de trabalho envolvendo qualquer fluído potencialmente contaminado deve ser tratado como caso de emergência, pois, quando acontece, devem ser tomadas condutas adequadas, tais como: lavar bem o local com água corrente ou soro fisiológico, quando for mucosa, e quando for pele lavar com água e sabão, tendo-se cuidado para não provocar mais sangramento e não ampliar a lesão da área afetada; usar antissépticos tópicos; comunicar imediatamente ao profissional responsável; conversar com o paciente e solicitar sua autorização, para se submeter a coleta de exames de sangue e exames sorológicos.

Em seguida, o profissional deve procurar imediatamente o serviço de emergência, para que, se necessário o médico solicite ao paciente fonte os testes (HIV, Anti--HCV e HBsAg1)

Poucos locais de trabalho são tão complexos como um hospital, pois, além de prover cuidado básico de saúde a um grande número de pessoas, concentra os atendimentos de grande risco tanto para o paciente, quanto para o profissional da enfermagem. Independente de sua atividade, a equipe de enfermagem corre riscos potenciais, para os quais pode estar exposta. A enfermagem é uma das áreas em que os profissionais da equipe estão sujeitos às principais exposições a material biológico, e isso se deve ao fato de esses trabalhadores da saúde se encontrarem em contato direto na assistência aos pacientes e também ao tipo e à frequência de procedimentos realizados (NISHIDE; BENATTI; ALEXANDRE, 2004).

Com base nesses aspectos e em nossas observações, foram levantadas algumas reflexões sobre a produção científica da enfermagem nesta temática, para que pudéssemos saber se essa produção tem colaborado para a redução dos acidentes com material biológico.

Buscar respostas para a problemática é de suma importância, para conhecer as formas de acidentes de trabalho e divulgá-los na equipe de enfermagem, principalmente naquela em que atuação acontece no âmbito hospitalar, a que mais expõe aos acidentes, seja ele com material biológico ou de qualquer outra natureza. Por isso, todos os profissionais de saúde, especificamente o enfermeiro, necessitam de orientação sobre a necessidade de praticarem corretamente as normas de biossegurança.

OBJETIVO

Sistematizar a produção científica nacional na área da enfermagem sobre as con-tribuições para a redução dos acidentes com material biológico.

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estudos , Goiânia, v . 41, especial, p . 73-86, out. 2014. 75 75 CAMINHO METODOLÓGICO

A revisão integrativa consiste no desenvolvimento das seis etapas do método, a saber: a elaboração da pergunta norteadora; a busca ou amostragem na literatura; a categorização dos estudos; a análise crítica do material incluído; a discussão e inter-pretação dos resultados e, finalmente, a apresentação da revisão integrativa (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).

O presente estudo foi desenvolvido utilizando-se esse embasamento teórico e meto-dológico, que nos possibilitou conhecer, em maior profundidade, a produção científica da enfermagem acerca dos acidentes vivenciados por trabalhadores dessa equipe, cuja questão norteadora foi: O que apresenta a produção científica nacional na área da en-fermagem sobre acidentes com material biológico na equipe?

Para a busca na literatura sobre os estudos/amostragem foram respeitados os critérios de inclusão e de exclusão, que foi ampla e diversificada. Os estudos foram levantados nas bases de dados eletrônicas na Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciência da Saúde (LILACS), Base de Dados de Enfermagem (BDenf) e Scientific Eletronic LLibrary Online (SciELO), correspondente ao período de 2003 a 2013, cujo acesso ocorreu por meio das seguintes palavras chave: enfermagem, acidente de trabalho. Fo-ram incluídos artigos com textos na íntegra, originais, descritivos tanto na abordagem qualitativa, quanto na quantitativa, publicados em Língua Portuguesa em nível nacional. O material bibliográfico que não teve pertinência com a temática, ou que não atendeu às características do método, foi descartado.

Para a definição e o registro das informações extraídas dos estudos selecionados, foi utilizado um instrumento na forma de quadro I, capaz de assegurar a totalidade dos dados e de minimizar os erros de transcrição, de forma a garantir a precisão na che-cagem das informações. Com o aporte destes dados, a análise e a síntese dos mesmos foram descritas e exploradas, oferecendo a possibilidade de observar, contar, descrever, classificar e categorizar os dados selecionados.

A fase de análise e de interpretação consistiu em uma abordagem organizada com rigor, atentando-se para as características de cada autor, para a interpretação dos resul-tados e a síntese dos mesmos, mediante a comparação, de forma a evidenciar lacunas do conhecimento, com vistas a sugerir estudos futuros. Finalmente, ocorreu a síntese do conhecimento, evidenciada por meio de relatório, com a coleta de dados, as análises e discussão, as sínteses e as conclusões do material incluído no estudo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No período de 2003 a 2013 foram encontrados 38 artigos, dos quais 20 foram se-lecionados para compor esta pesquisa, cujo levantamento foi feito nas bases de dados LILACS, onde foram selecionados dois (10%), BDENF 10 (50%) e SciELO oito (40%), para os quais foram usadas as palavras-chave de forma isolada e/ou associada: acidente de trabalho e enfermagem.

Os estudos foram codificados de E1 a E20 para melhor disposição e organização dos dados, conforme são apresentados no quadro I, atentando-se para as principais

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carac-estudos , Goiânia, v . 41, especial, p . 73-86, out. 2014. 76 76

terísticas dos mesmos. No que se refere à abordagem, 17 (85%) dos artigos se inserem na quantitativa, dois (10%) na qualitativa e um (5%) quantiqualitativa. Percebe-se que uma das características com maior destaque tem a ver com o acidente de trabalho pro-priamente. Quanto ao tipo de estudo, predomina o descritivo, com 16 (80%), os demais, quatro (20%) se incluem entre exploratório e/ou transversal.

Em relação aos aspectos abordados nos títulos, prevaleceram os acidentes ocorridos em determinadas áreas hospitalares, com 12 (60%), seguidos dos riscos ao acidente de trabalho, com seis (30%); o restante, dois, (10%) se refere às atitudes dos profissionais após o acidente e o conhecimento do significado do acidente de trabalho.

No que diz respeito à formação dos autores, 100% são da área da saúde, dos quais 23 (34%) enfermeiros; professores, mestres e doutores na área da enfermagem, com 36 (54%); dois médicos (3%), sendo um professor; acadêmicos de enfermagem, cinco (7%); tecnólogo em gestão hospitalar, um (1%), e mestre da área de farmácia e biomedicina um (1%). Pode-se afirmar que a produção científica sobre acidente de trabalho, na área da saúde, tem sido bastante divulgada, especialmente pela categoria de enfermagem, quando comparada às demais áreas analisadas neste estudo.

Segundo os anos de publicação dos artigos, nota-se uma diversidade na publicação, havendo mais publicação em 2011, com seis (30%) e 2010 quatro (20%), representando a maior parte de todos os artigos, mostrando que esse foi mais divulgado nesses dois anos. Os anos 2012 e 2004 publicaram, juntos, quatro (20%). Já os anos de 2005, 2006, 2007, 2008 e 2013 correspondem a cinco (25%) e 2009 com um (5%), mostrando que nesse intervalo houve uma queda na publicação científica referente ao tema, porém, somente o ano de 2003 não apresentou nenhuma publicação.

No que se refere ao local de publicação, nove (45%) dos artigos foram publicados no Estado do Rio de Janeiro, seguido do Estado de São Paulo, com seis (30%). Os ou-tros quatro (20%) foram publicados no Estado de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e/ou Paraná e um (5%) em Goiás. Ante essas informações, evidencia-se que a região Sudeste lidera em publicações sobre o tema.

Assim, pode-se afirmar que a produção científica da enfermagem, sobre acidentes com material biológico na equipe, apresenta como principais características o avanço de pesquisas referentes a essa temática, havendo regularidade de publicação, especial-mente nos últimos anos. Contudo, ainda há que se avançar, quando nos reportamos à necessidade da equipe de enfermagem valorizar as questões acerca do conhecimento e da sua aplicação na rotina do trabalho, para que haja redução nos acidentes envolvendo estes trabalhadores da saúde.

Quadro 1: Caracterização dos estudos Cód.

Estudo Título Formação dos autores

Ano de publica-ção

Fonte publicação/

base de dados Abordagem /tipo de estudo

E1

Atendimento e Seguimento Clínico

Especializado de Profissionais de Enfermagem

Acidentados com Material Bio-lógico

PIMENTA et al. 2013

Revista Escola En-fermagem USP/SP/ SciELO Quantitativa/ Corte transver-sal continua...

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estudos , Goiânia, v . 41, especial, p . 73-86, out. 2014. 77 77 E2

Riscos Ocupacionais e Medi-das de Segurança no Contexto de Prática de Estudantes de Graduação em Enfermagem: uma Questão de Saúde do Tra-balhador MARTINS; FRANCO; Z E I T O U -NE 2012 Revista de pesqui-sa: cuidado é funda-mental online UNI-RIO/RJ/ BDENF

Quantitativa/ Descritivo e Exploratório

E3

Acidente Ocupacional e Conta-minação Pelo HIV: Sentimen-tos Vivenciados Pelos Profis-sionais de Enfermagem

A R A Ú J O et al. 2012

Revista de pesqui-sa: cuidado é funda-mental online UNI-RIO/RJ/ BDENF Q u a l i t a t i v a / Descritivo E4 Acidentes Perfurocortantes em Profissionais de Enferma-gem de Serviços de Urgência e Emergência em uma Capital Brasileira

A R A Ú J O et al. 2011

Revista de pesqui-sa: cuidado é funda-mental online UNI-RIO/RJ/ BDENF Quantitativa/ Descritivo E5 O Significado do Acidente de Trabalho com

Material Biológico Para os Profissionais de Enfermagem M A G A G -N I -N I ; R O C H A ; AYRES 2011 Revista Gaúcha de Enfermagem Porto Alegre /RS/ BDENF Quantitativa/ Descritivo E6

Investigação de Acidentes Bio-lógicos Entre

Profissionais da Equipe Multi-disciplinar de um Hospital CÂMARA et al. 2011 Revista Enfer-magem UERJ/RJ/ BDENF Quantitativa/ Mediante Aná-lise Documen-tal/ Descritivo E7

Acidentes com Material Bioló-gico em Trabalhadores

de Enfermagem do Hospital Geral de Palmas (TO)

M A C H A -DO; MA-CHADO 2011 Revista brasileira Saúde Ocupacional São Paulo/SP/ LI-LACS

Q u a n t i t a t i -va/ Descritivo Transversal

E8

Exposição Ocupacional por Material Biológico no Hospital Santa Casa de Pelotas - 2004 a 2008 L I M A ; O L I V E I -RA; RO-DRIGUES 2011

Escola Anna Nery/ RJ/ SciELO Quantitativa/ Tr a n s ve r s a l / Descritivo E9

Avaliação da Exposição Ocu-pacional a Material Biológico em Serviços de Saúde

V A L I M ; MARZIA-LE

2011

Texto Contexto En-fermagem Floria-nópolis/ SC/ SciE-LO Quantitativa/ D e s c r i t i v o / Transversal E10

Acidentes Registrados no Cen-tro de Referência

em Saúde do Trabalhador de Ribeirão Preto, São Paulo

CHIODI et al. 2010 Revista Gaúcha de Enfermagem Porto Alegre /RS/ BDENF Quantitativa/ Descritivo E11

Acidentes com Material Bioló-gico Entre Estudantes de Enfermagem CANALLI; M O R I YA ; HAYASHI-DA 2010 Revista Enfer-magem UERJ/RJ/ BDENF Quantitativa/ Descritivo E12

Acidentes de Trabalho com Material Perfurocortante Envolvendo Profissionais de Enfermagem de Unidade de Emergência Hospitalar SIMÃO et al. 2010 Revista Enfer-magem UERJ/RJ/ BDENF Quantitativa/ Descritivo e Exploratório E13

Acidentes com Material Bio-lógico Entre Profissionais de Hospital Universitário em Goi-ânia G U I L A R -DE et al. 2010 Revista de Patolo-gia Tropical/GO/ LILACS Quantitativa/ Descritivo continua... continua...

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Acidentes Ocupacionais com Material Biológico e Equipe de Enfermagem de um Hospital--Escola GOMES et al. 2009 Revista Enfer-magem UERJ/RJ/ BDENF Quantitativa/ Descritivo E15 Biossegurança e Acidentes de Trabalho com Perfurocortantes Entre os Profissionais de En-fermagem de Hospital Univer-sitário de Fortaleza–CE PAULINO; L O P E S ; ROLIM 2008 Cogitare Enferma-gem/PR/ BDENF Quantitativa/ D o c u m e n t a l / Exploratório E16

Acidentes com Material Perfu-rocortante:

Conhecendo os Sentimentos e as Emoções

dos Profissionais de Enferma-gem

LIMA; PI-N H E I RO ; VIEIRA

2007

Escola Anna Nery R Enfermagem/ RJ/ SciELO

Q u a l i t a t i v a / Descritivo

E17

Estudo Sobre os Acidentes de Trabalho com Exposição aos Líquidos

Corporais Humanos em Traba-lhadores da Saúde de um Hos-pital Universitário B A L S A -MO; FELLI 2006 Revista Latino-am Enfermagem USP/ SP/ SciELO Q u a n t i t a t iva / Descritivo e Ex-ploratório E18

Acidentes de Trabalho Envol-vendo os Olhos: Avaliação de Riscos

Ocupacionais com Trabalhado-res de Enfermagem ALMEI-DA; PA-G L I U C A ; LEITE 2005 Revista Latino--am Enfermagem USP/SP/ SciELO Quantitativa/ Descritivo/ Ex-ploratório E19

Riscos de Contaminação Oca-sionados por Acidentes de Trabalho com Material Pérfu-roCortante Entre Trabalhadores de Enfermagem MARZIA-LE; NISHI-M U R A ; FERREIRA 2004 Revista Latino--am Enfermagem USP/SP/ SciELO Q u a n t i t a t iva / Pesquisa de Campo/ Descri-tivo E20

Ocorrência de Acidente do Tra-balho um uma

Unidade de Terapia Intensiva

NISHIDE; BENATTI; ALEXAN-DRE 2004 Revista Latino-am Enfermagem USP/ SP/ SciELO Quantiqualitati-va/Descritivo conclusão

Fonte: Informação extraída dos estudos publicados no período de 2003 a 2013.

Quanto aos objetivos dos estudos analisados, a maioria buscou identificar os pro-fissionais de enfermagem vítimas de acidentes com material biológico e as principais características tanto dos acidentes, quanto dos profissionais envolvidos. Apesar de diversos objetivos contidos nos estudos, o que prevaleceu foi o de investigar se os tra-balhadores procuravam atendimento ao serviço médico especializado após o acidente, o qual mostrou-se convergente/divergente na maioria dos resultados, pois alguns pro-curam pelo serviço e outros não. Outro objetivo relevante, no decorrer dos estudos, foi investigar a frequência, a importância do uso do EPI e o sentimento dos profissionais da área da enfermagem que sofreram acidente. O que se pôde perceber é que, em sua maioria, todos os objetivos foram alcançados, quando se observa a afinidade nos resul-tados e nas conclusões dos mesmos.

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No que se refere aos tipos de acidentes ocorridos na equipe, alguns dos aspectos mais abordados têm a ver com os sentimentos pós-acidente e os aspectos que envolvem material biológico, uma vez que, apesar de existirem medidas pré-exposição, muitas vezes a adesão às medidas preventivas não é incorporada à prática clínica, levando à baixa adesão, no que se refere ao uso de EPI. Os profissionais não reconhecem sua vulnerabilidade em relação à infecção e aos riscos ocupacionais pelo fato de não reco-nhecerem seu significado ou por apresentarem tensão, falta de destreza e nervosismo, quanto aos procedimentos, contribuindo, assim, para um maior risco de acidentes. E, quando sofrem algum tipo de acidente, não procuram atendimento especializado ou interrompem o seguimento clínico. Os estudos E1, E2, E3, E4, E5, E7, E10, E11, E16, E17, E18, E19 e E20 relatam sobre esse aspecto.

O estudo E1 mostra que de 636 (52,3%) acidentes envolvendo material biológi-co, 182 (28,6%) envolvidos não procuraram atendimento no serviço especializado. Por sua vez, dentre 13 estudantes, apenas dois realizaram a quimioprofilaxia após o acidente. O estudo E5 ressalta o risco às infecções as quais os trabalhadores se expõem, quando mostra que no período de 2001 a 2006 ocorreram 87 acidentes com material biológico, sendo que, destes, oito eram soropositivos para hepatite B, C e Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (HIV) (MAGAGNINI; ROCHA; AYRES, 2011; PIMENTA et al., 2013).

O estudo E3 mostra que, no momento do acidente, os profissionais reagem de ma-neira semelhante, demonstrando vários sentimentos e emoções, como desespero, medo, ansiedade e preocupação. Uma das causas dos acidentes de trabalho com materiais per-furocortantes, abordada no estudo E16, é a ocorrência de acidentes em decorrência de trabalho árduo, exercido de maneira rápida, em mais de um estabelecimento de saúde, e pela desatenção e distração, além de problemas psicológicos, quanto ao nervosismo, ao medo e à ansiedade (LIMA; PINHEIRO; VIEIRA, 2007; ARAÚJO et al., 2012).

O estudo E7 aponta que, entre os profissionais de enfermagem, 178 (45,7%) de-clararam já ter sofrido algum acidente envolvendo material biológico, sendo (55,6%) com perfurocortante e (44,4%) com fluídos corporais. O estudo E10 mostra que dos 1665 AT (acidentes de trabalho) registrados, 480 (28,82%) vitimizaram trabalhadores das unidades de assistência de saúde e, em 53 (31,87%) ocorreu exposição a material biológico (MACHADO; MACHADO, 2011; CHIODI et al., 2010).

Apesar das várias convergências entre os resultados dos estudos, também houve divergência em alguns aspectos, como, por exemplo, o estudo E11, que mostrou re-sultados diferentes dos demais, identificando 55 (15,5%) acidentes, cujo principal tipo foi o acometimento da pele íntegra (70,9%), seguido de acidente percutâneo (25,5%), no qual o sangue foi o material biológico mais presente nas exposições (72,7%), cuja atividade mais envolvida foi a retirada de punção venosa, com cerca de 18,2% (CA-NALLI; MORIYA; HAYASHIDA, 2010).

Os estudos E2, E4 e E17 apresentam resultados semelhantes, apontando que o acidente com perfurocortante foi o mais ocorrido entre a equipe de enfermagem. Destaca-se que os trabalhadores de enfermagem foram os que correram maior risco desses acidentes, cerca de 87,50% (BALSAMO; FELLI, 2006; MARTINS; FRANCO; ZEITOUNE, 2012; ARAÚJO et al., 2011).

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O estudo E18 mostra os tipos de riscos biológicos, especialmente os que acome-tem o aparelho ocular, diferenacome-temente dos demais estudos, cujo resultado se agrupa de acordo com o tipo de material causador do trauma, como substância química (4), medicações (3), trauma mecânico (1), manuseio de escalpe (1) e urina (1) (ALMEIDA; PAGLIUCA; LEITE, 2005).

O estudo E19 mostra vários riscos de contaminação, ocasionados por acidentes de trabalho, e, não muito diferente dos demais estudos, aparece com maior número de acidente aquele com perfurocortantes. Assim como o E20, que se assemelha ao E2, E4, E17 e E19, os resultados apontam que as agulhas são os objetos que causam a maioria das inoculações acidentais, sendo as lâminas de bisturi e os respingos de sangue em mucosas e ferimentos os responsáveis por pequeno número de acidentes; as agulhas são responsáveis por cerca de 40% dos acidentes perfurantes, entre os trabalhadores de enfermagem (MARZIALE; NISHIMURA; FERREIRA, 2004; NISHIDE; BENATTI; ALEXANDRE, 2004).

Portanto, são muitos os profissionais da área da enfermagem que se acidentam, principalmente com material perfurocortante, além de secreções e fluídos corporais. De acordo com esses estudos, vê-se a necessidade de adoção de medidas preventivas e de educação permanente, quanto à adesão e ao seguimento clínico terapêutico, no sentido de se buscarem novas alternativas que possam dar maior segurança aos profissionais de enfermagem, acerca dos acidentes com material biológico.

No que se refere ao manuseio do perfurocortante, categoria mais envolvida no acidente, os locais de ocorrência do acidente, e os procedimentos adotados no ambien-te hospitalar, envolvem exposição dos profissionais de saúde e demais trabalhadores a uma diversidade de riscos, especialmente dos biológicos, porque o profissional da saúde, em sua rotina de trabalho, manuseia materiais potencialmente infectantes que estão contaminados.

O hospital é um local de trabalho complexo e, além de prover cuidados básicos de saúde, mantém atendimento de baixa e alta complexidade para um grande número de pessoas, e, por isso, é necessária a adoção de medidas especiais para a proteção dos trabalhadores da saúde, como evidenciado nos estudos E6, E8, E9, E12, E13, E14 e E15.

Neste sentido, o estudo E6 relata que a categoria profissional mais exposta é a dos técnicos de enfermagem (50%), seguida dos auxiliares de enfermagem (25,53%), sendo a principal causa de ocorrência o descarte inadequado de material perfuro-cortante. O E13 aponta que os acidentes ocorreram principalmente entre os técnicos de enfermagem (50%) e, em sua maioria (87%), durante o manuseio de agulhas e o pro-cessamento de materiais (PAULINO; LOPES; ROLIM, 2008; CÂMARA et al., 2011).

O estudo E8 revela que a maioria dos acidentes aconteceu por meio de lesões com perfurocortantes (82,2%), dos quais (24,1%) aconteceram no Centro Cirúrgico, sendo que (84,5%) envolveram sangue na exposição (LIMA; OLIVEIRA; RODRIGUES, 2011). O estudo E9 mostra que o descarte de perfurocortantes em locais impróprios foi responsável por (18,8%) dos acidentes de trabalho; em (80%) houve contato com sangue e em (20%) destes utilizou-se quimioprofilaxia (VALIM; MARZIALE, 2011).

O estudo E12, revela a forma de reencape de agulhas, 44(43,6%) dos profissio-nais envolvidos nesse tipo de acidente, sendo que o que prevaleceu foi a agulha oca

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(68,2%), seguido pelo scalp/jelco (22,7%) e pela lâmina de bisturi (4,5%). Os estudos E13 e E15 apresentam resultados semelhantes, quanto ao reencape de agulhas, com 27,5% dos acidentes notificados. Os ferimentos variaram entre superficial e moderado, com frequência de (48,6%) cada um (SIMÃO et al., 2010; GUILARDE et al., 2010; PAULINO; LOPES; ROLIM, 2008).

O estudo E14 aponta que o maior número de acidentes aconteceu com agulha oca, considerada o objeto causador do maior número de acidentes. Esses, em sua maioria, foi percutâneo (85,7%) e com exposição à agulha oca, 67,8% (GOMES et al., 2009).

Pelo exposto, percebe-se que a produção científica referente à temática, no período de 2003 a 2013, aponta que o manuseio inadequado de material perfurocortante, por falta de prática, nervosismo ou destreza, assim como o descarte inadequado, levando ao contato com secreções, pode ocorrer por causa de um trabalho árduo, exercido de maneira rápida, com desatenção, distração e cansaço. Os resultados mostram, ainda, a necessidade de biossegurança, como forma de intervir na redução dos riscos existen-tes, por meio de ações preventivas, favorecendo a redução da frequência de acidentes profissionais.

Evidencia-se as dificuldades dos trabalhadores de enfermagem reconhecerem os riscos dos acidentes, a adesão às precauções-padrão e o uso de EPI, pois, ao não prati-car a biossegurança, a negligência toma lugar na equipe, no ambiente de saúde, como encontrado nos estudos E2, E4, E5, E6, E8, E9, E11, E12, E13, E14, E17, E18 E E20. Em relação ao uso de EPI, o estudo E2 aponta que os mais utilizados são, em or-dem de frequência: jaleco, sapato fechado, luva, em quase sua totalidade, seguido por máscara, capote e óculos. Quanto ao capote, à máscara e aos óculos, observa-se uma baixa adesão destes equipamentos de proteção individual em sua totalidade nos campos de estágio. O estudo E4 mostra que a maioria dos entrevistados utiliza luvas (96,5%), máscaras (90,8%) e jaleco (75,4%), e menos da metade dos profissionais refere usar gorro (42,3%), propés (27,1%) e óculos (17,0%). O estudo E9 evidenciou que 72,9% dos acidentados estavam utilizando luvas de procedimento e que 68,2% utilizavam o avental. Destaca-se, com relação ao uso do avental, que a baixa adesão dos profissionais a esta precaução-padrão (VALIM; MARZIALE, 2011; MARTINS; FRANCO; ZEITOUNE, 2012; ARAÚJO et al., 2011).

O estudo E6 aponta que os profissionais não têm conhecimento da eficácia das medidas de proteção individual, revelando, ainda, o não cumprimento e o desinteresse quanto ao uso de EPI. Por outro lado, independente do diagnóstico deve-se usar EPI, como é afirmado nos estudos E6 e E8 (CÂMARA et al., 2011; LIMA; OLIVEIRA; RODRIGUES, 2011).

O estudo E11 mostra que em 27(49,1%) acidentes, os profissionais não usavam nenhum tipo de EPI. Em mais de (80%) dos casos, seria recomendado que o profissional utilizasse ao menos as luvas de procedimento, o que ocorreu em apenas 23 (41,8%) acidentes (CANALLI; MORIYA; HAYASHIDA, 2010).

Por outro lado, o estudo E12 divergiu dos demais em alguns aspectos, mostrando a necessidade de agilidade na execução das atividades rotineiras (57,7%), seguido pelo cansaço físico e mental (23,1%), pela ausência de EPI (11,5%) e pela pouca experiência profissional (7,7%) (SIMÃO et al., 2010).

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O estudo E13 aponta que a utilização de EPI deve estar de acordo com o tipo de contato estabelecido com o paciente. Os estudos E13 e E14 mostram baixa adesão dos profissionais às medidas de precauções padrão, resistência em utilizar os equipamentos de proteção individual e desconhecimento dos riscos de exposição, pois, no momento da ocorrência da exposição a material biológico, 34 (60,8%) dos profissionais usavam EPI durante o procedimento, 16 (28,5%) não faziam o uso e em 6 (10,7%) prontuários não constavam essa informação (GUILARDE et al., 2010; GOMES et al., 2009).

Os estudos E17, E18 e E20 assemelham-se aos resultados em relação à utilização dos EPI, no momento do acidente, mostrando que 40% dos trabalhadores faziam uso e que 60% não o utilizavam. Observou-se, então, que os trabalhadores avaliam o pro-cedimento e julgam a necessidade de uso do EPI, não valorizando a real importância do seu uso para a prevenção dos acidentes ocupacionais (BALSAMO; FELLI, 2006; ALMEIDA; PAGLIUCA; LEITE, 2005; NISHIDE; BENATTI; ALEXANDRE, 2004). Com estes resultados, podem ser percebidas as dificuldades dos profissionais quan-to ao uso de EPI, pois, ao considerarem o procedimenquan-to isenquan-to de risco, e que pode manuseá-lo sem as devidas precauções, acreditam que não sofrerão o acidente. Muitos profissionais, pela pressa, por nervosismo e pela falta de atenção deixam de usar os equipamentos corretos, sem pensar na consequência que isso trará, pois muitos não entendem que todos estão sujeitos a se acidentarem. Com isso, percebe-se a importância da prevenção quanto aos procedimentos, que deve ser feito com calma, sem pressa; o profissional deve usar todos os equipamentos de proteção individual, e ter a consciência de que isso trará benefícios para o profissional.

Outro ponto importante, apesar de ter sido abordado apenas em dois E4 e E19, se refere à vacinação do profissional, considerada como um meio de proteção contra algumas doenças. Todavia, nem todos os profissionais possuem o esquema de vacina completo, o que aumenta os riscos de contaminação para alguns microrganismos.

O estudo E4 ressalta que, dos profissionais estudados, quatro (51%) referiu ter o esquema vacinal completo contra hepatite B, enquanto 33% apresentaram esquema incom-pleto e 7% não receberam nenhuma dose da vacina. Resultado semelhante foi encontrado no estudo E19, segundo o qual, em relação à Hepatite, apenas um paciente-fonte (3,33%) possuía sorologia para a doença e nenhum trabalhador possuía resultado sorológico positivo para a presença da doença; 27 (90,01%) trabalhadores apresentavam esquema completo de imunização, quando da ocorrência do acidente; dois (6,66%) trabalhado-res necessitaram receber uma dose da vacina como reforço e um (3,33%) trabalhador iniciou o esquema após o acidente (ARAÚJO et al., 2011; MARZIALE; NISHIMURA; FERREIRA, 2004).

Os resultados esclarecem, ainda, que são poucos os profissionais com o cartão de vacina incompleto, mesmo sendo a prática vacinal essencial para os trabalhadores da área da saúde, pois, com isso, há menor risco de se contaminarem. Portanto, os profissionais da área da saúde devem ter a consciência de manterem o cartão de vacina atualizado. Isso trará benefícios ao profissional e, além disso, estas vacinas são de fácil acesso e estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS).

Outro aspecto abordado nos estudos E6, E7, E8, E13 e E16 tem a ver com a educa-ção continuada, na qual os profissionais devem buscar medidas preventivas e um modo

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de passarem o seu conhecimento para outros profissionais, dentro do espaço hospitalar. Práticas como a educação continuada, sobre as recomendações de biossegurança, a valorização das ações preventivas e os programas de educação permanente poderão consolidar a percepção do risco de acidentes e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida do trabalhador, podendo, inclusive, reduzir o número de acidentes. A educação continuada deve abranger precauções-padrão para os profissionais tomarem medidas preventivas quanto ao descarte de matérias perfurocortantes em lugares adequados, assim como quanto ao manuseio correto (MACHADO; MACHADO, 2011; LIMA; OLIVEIRA; RODRIGUES, 2011; GUILARDE et al., 2010; CÂMARA et al., 2011; LIMA; PINHEIRO; VIEIRA, 2007).

Ainda conforme o estudo E16, o papel das instituições, na prevenção de acidentes de trabalho, é desempenhar a educação continuada, assim como dispor da construção de infraestrutura adequada ao desempenho das atividades laborais, provendo as unidades e os setores de materiais e equipamentos de qualidade, na quantidade apropriada. Para este fim, devem ser disponibilizados recipientes resistentes e impermeáveis em locais de fácil acesso para a deposição dos materiais perfurocortantes, como seringas sem agulhas e/ou com agulhas retráteis (LIMA; PINHEIRO; VIEIRA, 2007).

De acordo com esses resultados, observa-se déficit na educação continuada ofere-cida pelos hospitais, onde os profissionais assumem condutas inadequadas. Portanto, devem-se buscar meios de sensibilizar os profissionais da área da saúde, para que adotem posturas e atitudes corretas ante ao perigo que os rondam o todo tempo.

Diante do exposto, confirma-se que a produção científica, referente ao presente tema, no período de 2003 a 2013, mostra que, além de os profissionais de enfermagem serem os mais vulneráveis, quando se trata de acidentes com material biológico, ainda não se conseguiu uma estratégia eficaz que elimine, de fato, esses riscos na equipe, apesar de ser um assunto muito discutido pelo volume de publicações encontrada na área. CONSIDERAÇÕES

Este estudo consistiu na sistematização da produção científica da área de enferma-gem sobre os acidentes com material biológico na equipe por meio da identificação das diversas características, entre as quais estão os riscos e as várias situações em que os profissionais dessa área estão expostos em seu cotidiano de trabalho. Observa-se que esses profissionais estão expostos continuamente, a materiais biológicos potencialmente contaminados no decorrer do trabalho, e, por isso, se torna indispensável o aprendizado sobre as condutas corretas para serem aplicadas na realização dos procedimentos, cuja intenção é minimizar os riscos de contaminação frente ao acidente.

Ante a tais características, considera-se que os achados deste estudo podem contribuir com os profissionais da área, ao explicitar a realidade discutida nos vários estudos analisados nesta revisão, sobre acidentes com material biológico envolvendo a equipe de enfermagem. Sabe-se que os acidentes continuam acontecendo, apesar das reflexões, das recomendações e do estabelecimento de normas e orientações sobre a importância das condutas corretas para a prevenção de acidentes, no decorrer dos procedimentos hospitalares.

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Registra-se também que, ao realizar este estudo, encontrou-se um volume grande de publicações bibliográficas relacionadas aos acidentes de trabalho, sendo necessário melhor direcionamento, no que se refere à delimitação do assunto – a ocorrência de acidentes exclusivamente com material biológico, na equipe de enfermagem. No entanto isso não se configurou como uma dificuldade que impedisse a realização do estudo, muito pelo contrário, a partir desse recorte foi possível a realização deste. Espera-se, assim, que esses resultados propiciem reflexões conscientes sobre as práticas de prevenção de acidentes com materiais biológicos na equipe de enfermagem.

Os estudos revelaram que o número de acidentes com material biológico, envolven-do a equipe de enfermagem, não tem diminuíenvolven-do ao longo envolven-dos anos, apesar de diversos estudos publicados alertando sobre tal problema. Então, qual a melhor estratégia para o profissional perceber que ele é co-participante do acidente e que o ônus é maior para ele? Ao finalizar este estudo, ressalta-se que as lacunas identificadas no decorrer deste levam à reflexão sobre a importância da prevenção dos acidentes. Para este fim, deve-se buscar meios para a implementação de programas de orientação e de atualização dos funcionários. Destaca-se que, sem orientação, os profissionais con-tinuarão agindo de forma errônea, e não será reduzido o número de acidentes entre os profissionais da equipe de enfermagem.

SCIENTIFIC PRODUCTION IN NURSING ABOUT ACCIDENTS WITH BIOLOGIC MATERIAL

Abstract: Integrative review that constituted the analise of 20 archives published in

the time of 200 till 2013, in which the objective was sistematize the national scientific production of nursing about accidents with biologic material on the team, which showed advances on the researches, with regularity in the publish, specially in the last years.

But there is still much to evolve for the reduction of accidents with biologic material.

Keywords: Bioloc accidents. Work accidents. Nursing.

Nota

1 Anticorpo contra HIV - Anti-Human Immunodeficiency Virus – Anti-HIV; Anticorpo contra o Vírus da Hepatite C – Anti-HCV; Antígeno de superfície do Vírus da Hepatite B - HBSAg (PEREIRA, V. J. et al. Manual de Biossegurança, Universidade Federal do Amazonas-UFAM Faculdade de Odontologia-FAO Comissão de Biossegurança, p. 32, 2008).

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* Recebido em: 13.10.2014 Aprovado em: 18.10.2014 LUANDA PAULINA TEIXEIRA SOUSA2

Acadêmica Graduanda em Enfermagem pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás). E-mail: luandapaulina_16@hotmail.com.

MARIA APARECIDA DA SILVA

Enfermeira. Mestre pela Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Docente do Curso de Graduação em Enfermagem da PUC Goiás. Orientadora do estudo.

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