Efeitos do Tratamento com LASSBio 596 na
Mecânica e Histologia Pulmonares de
Camundongos Injetados com Microcistina-LR
Walter Zin
Laboratório de Fisiologia da Respiração
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho
Introdução
Cianobactérias
Microrganismos procariontes, fotossintetizantes, com organização bioquímica e celular semelhante às bactérias.
Distribuição geográfica ampla,
Habitats com maior ocorrência são os ecossistemas de água doce, mares e águas salobras. Nesses ambientes, quando surgem condições favoráveis, pode-se verificar a intensa floração de cianobactérias.
A eutrofização favorece o crescimento e muitas vezes apresenta-se como espessa camada de células na superfície do corpo d`água (fenômeno observado em vários países)
Introdução
Lagoa de Jacarepaguá (RJ) O Globo – 13/08/01
Matilda Bay, Swan-Canning Estuary, Austrália.
Preocupação quanto ao surgimento de florações → cianobactérias são produtoras de toxinas e a sua liberação na água representa um risco para a saúde pública.
No Brasil, grande parte das cepas de cianobactérias isoladas de corpos d` água mostro-se produtora de toxinas.
Introdução
Sant` Anna, 2000; Carmichael, 1997; Chorus & Bartram, 1999
Toxinas dermatotoxinas neurotoxinas hepatotoxinas microcistinas nodularina alcalóide cilindrospermopsina
Microcistinas (MCYST)
Cianotoxinas mais freqüentemente encontradas nos ambientes aquáticos.
Apresentam mais de 70 variedades diferindo na natureza dos seus dois L -aminoácidos.
No fígado, inibem as proteínas fosfatases 1 e 2A dos hepatócitos, podendo levar a morte ou intoxicação crônica, inclusive promovendo tumores hepáticos.
Estimulam macrófagos peritoneais a produzir TNF-α e IL-1, sugerindo que macrófagos hepáticos respondam às MCYST produzindo mediadores inflamatórios.
A DL50 para camundongos injetados i.p. varia de 50 a 1200 μg/kg
e a DL50 oral apresenta valores de 50 a 170 vezes mais altos que a
DL50 i.p.
Introdução
Introdução
A exposição às toxinas pode ocorrer pelas vias oral e intravenosa,
além da inalatória. Fitzgeorge et al. (1994) observaram necrose extensiva dos epitélios olfatório e respiratório de camundongos que receberam MCYST-LR intranasal.
Desenho esquemático da
molécula de microcistina-LR. Os dois L-aminoácidos variáveis estão destacados
Introdução
Essa toxina pode alcançar o pulmão, e sua distribuição após administração oral e intratraqueal já foi descrita.
O primeiro caso confirmado de morte humana por intoxicação por MCYST ocorreu em Caruaru (1996).
No entanto, existem poucos trabalhos analisando os efeitos terapêuticos contra a MCYST no pulmão.
LASSBio 596
Híbrido da talidomida modificada e do sildenafil, que inibe as PDE4, PDE5 e o TNF-α: tem um perfil antiinflamatório e imunomodulador.
Objetivo
9
Avaliar o potencial terapêutico de LASSBio 596
sobre o processo inflamatório pulmonar agudo
causado pela exposição à
MCYST-LR, em
Materiais e Métodos
27 camundongos Swiss, machos,
normais, adultos, pesando entre
23 a 34 g
Grupo C (n= 10) 300 μL de solução salina (0,9% NaCl), i.p. Grupo T (n= 9) 40 μg/kg de MCYST-LR, i.p (dose subletal) Grupo L (n= 8) 40 μg/kg de MCYST-LR, i.p (dose subletal) LASSBio 596 10 mg/kg, i.p. 6h 6h 6hsalina
salina
Materiais e Métodos
Após 8 horas os animais serão sedados (diazepam, 1 mg i.p.), anestesiados (pentobarbital sódico, 20 mg/kg i.p.), paralisados (brometo de pancurônio, 0,4 mg/kg, i.v.), e ventilados mecanicamente (FR = 100 irpm, VT = 0,2 mL e V’ = 1 mL/s )
O tórax será aberto e será aplicada uma pressão positiva ao final da expiração de 2 cmH2O
O fluxo aéreo e a pressão transpulmonar serão medidos e o volume calculado por integração do sinal de fluxo.
Todas as variáveis serão acondicionadas, amplificadas e os sinais de fluxo e pressão traqueal serão passados por filtros com freqüência de corte em 100 Hz, convertidos análago-digitalmente e armazenados em um computador. Todos os dados serão coletados usando o software LABDAT.
Os parâmetros da mecânica pulmonar serão avaliados pelo “Método de Oclusão ao Final da Inspiração”.
Materiais e Métodos
ΔP1 = Pmax – Pi ΔP2 = Pi – Pel ΔPtot = ΔP1 + ΔP2 Est = Pel / VT Edyn = Pi / VT ΔE = Edyn – EstMétodo de oclusão ao final da inspiração. De cima para baixo: Fluxo, Volume e Pressão Transpulmonar (PL). Oclusões da via aérea ao final da inspiração foram realizadas. Após 5 s, a via aérea foi liberada. V, volume; PL, pressão transpulmonar.
ΔP1,L ΔP2,L 1,25 0 -1,25 0,25 0,0 P L ( cm H 2 O ) Pel,L Pmax,L Pi,L ΔP1 ΔP2 1,25 0 -1,25 0,25 0,0 PL (cmH 2 O) Pel Pmax Pi
Ao final do experimento o pulmão esquerdo será removido na CRF, rapidamente congelado em nitrogênio líquido e fixado com solução Carnoy a -70°C por 24 h
As lâminas contendo os cortes pulmonares serão coradas com HE
Em seguida a porcentagem de colapso alveolar, células polimorfo, mononucleares e tecido pulmonar será contada e determinada pela técnica de contagem de pontos
Análise de MCYST será feita por ELISA (detectar somente MCYST livre).
Materiais e Métodos
Análise Estatística
Os parâmetros serão comparados utilizando one-way ANOVA seguido do teste Tukey
Os parâmetros de celularidade e morfometria serão submetidos à transformada arcoseno, sendo, então, analisados por análise de variância one-way ANOVA, seguida de teste de Tukey.
Nível de significância → p < 0,05
A análise estatística será feita com o SigmaStat 3.1 statistical software package (Jandel Corporation, San Rafael, CA)
Resultados
Elastância estática (Est) e componente elástico da viscoelasticidade (ΔE) do pulmão nos grupos controle (C), injetado com MCYST-LR (T) e injetado com MCYST-LR e tratado com LASBio596 (L). Valores são médias+SEM. *Significativamente diferente dos grupos C e L (p<0.05). Est cmH 2O/mL 0 10 20 30 40 50 C T L ΔE
*
Resultados
Pressão resistiva (ΔP1), viscoelática/inomogênea (ΔP2) e total (ΔPtot) do pulmão nos grupos controle (C), injetado com MCYST-LR (T) e injetado com MCYST-LR e tratado com LASBio596 (L). Valores são média +SEM. *Significativamente diferente dos grupos C e L (p<0,05). cmH 2O 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 C T L ΔP2 ΔPTot ΔP1
*
*
*
Resultados
Celularidade
49,7 ± 2,5 33,6 ± 2,5 16,0 ± 3,0* L 51,0 ± 2,7 26,6 ± 3,7* 24,4 ± 5,8* T 47,5 ± 1,5 42,7 ± 1,2 4,7± 0,6 C CEL TOT (%) MN (%) PMN (%)Porcentagem de células polimorfonucleares (PMN), mononucleares (MN) e totais em relação ao total de pontos de tecido, dos grupos controle (C), injetado com MCYST-LR (T) e injetado com MCYST-LR e tratado com LASBio596 (L). Valores são média ±SEM de 10 campos/animal (7-11 animais/ grupo). *Significativamente diferente do grupo C (p<0.05).
32.6 ± 2.2 67.4 ± 2.2 * L 61.4 ± 1.2 *,# 38.6 ± 1.2 *,# T 27.3 ± 1.3 72.7 ± 1.3 C Áreas Colapsadas (%) Áreas Normais (%)
Resultados
Morfometria
Fração de áreas normais e colapsadas no parênquima pulmonar dos grupos controle (C), injetado com MCYST-LR (T) e injetado com MCYST-LR e tratado com LASBio596 (L). Valores são média ±SEM de 10 campos/animal (7-11 animais/ grupo).
*Significativamente diferente do grupo C; # significativamente diferente de L (p<0.05).
Conclusão
A administração intraperitoneal de cianobactéria contendo MCYST-LR provoca resposta inflamatória aguda, com conseqüente prejuízo da mecânica e histologia pulmonares, que foram parcialmente revertidas pelo tratamento com LASSBio 596.