UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA MESTRADO EM ODONTOLOGIA
DISCIPLINA: TECNOLOGIA APLICADA À ODONTOLOGIA
PROFESSORAS: PROFªDRªCARMEM DOLORES VILARINHO SOARES DE MOURA PROFªDRªCARMEN MILENA RODRIGUES SIQUEIRA CARVALHO
Luana Carmem Lino Gomes
Priscila Ferreira Torres
Câncer de
boca
Epidemiologia
Fatores de
risco
HPV
Classificação
Mecanismo
de infecção
Mecanismo
de ação
Associação
com CCEO
Características
clínicas
Câncer de Boca
Introdução
CÂNCER DE BOCA
Câncer de lábio
Cavidade bucal
INCA, 2012Assoalho de boca
Língua
Palato duro
Mucosa jugal
Lábio
http://www.larousse.fr/encyclopedie/divers/bouche/17744Câncer de Boca
Introdução
As neoplasias que envolvem a cavidade oral
representam de 2-3% de todas as malignidades.
Câncer de Boca
Fatores de risco: tabagismo, etilismo, radiação,
irritantes crônicos e vírus
Neoplasia maligna mais comum (90%)
Carcinoma oral de células escamosas
Luo et al., 2007
Epidemiologia do câncer de boca
Aumenta com a idade;
Mais comum em homens que mulheres
Epidemiologia do câncer de boca
Segundo o INCA a estimativa de novos casos de câncer de boca
em 2012 é de :
o 14.170 pessoas,
o 9.990 homens
o 4.180 mulheres
O número de mortes em 2009 foi de 6.510, sendo 5.136 homens
e 1.394 mulheres.
Epidemiologia do câncer de boca
Características clínicas do câncer de boca
Fatores de risco
Álcool
Tabagismo
Radiação
Irritantes crônicos
Câncer de Boca
Alguns pacientes desenvolvem esta neoplasia sem exposição a
esses fatores de risco, fato que sugere o envolvimento de outros
fatores etiológicos, tais como agentes virais como o papilomavírus
humano de alto risco.
Características clínicas do câncer de boca
Lesões pré-cancerígenas
Características clínicas do câncer de boca
Lesões pré-cancerígenas
Características clínicas do câncer de boca
O Carcinoma de células escamosas bucal tem uma
apresentação clínica variada
o Exofítica
o Endofítica
o Leucoplásica
o Eritoplásica
o Eritroleucoplásica
Neville, 2008Características clínicas do câncer de boca
Localização
o A língua (lateral e posterior) e os lábios
o 47% e 18% respectivamente
Características clínicas do câncer de boca
Metástases
O carcinoma do lábio inferior e assoalho da boca – nodos
submentonianos
Regiões posteriores da boca – jugular superior e nodos
digastricos
Características clínicas do câncer de boca
Metástases
A metástase não ocorre no estágio inicial do Carcinoma bucal;
21% dos pacientes possuem metástase no momento do
diagnóstico
Características clínicas do câncer de boca
Estadiamento
O tamanho do tumor e a extensão da disseminação
metastática do CCEO são os melhores indicadores do
prognóstico do paciente.
1. T = tamanho do tumor primário, em cm.
2. N = envolvimento de linfonodos locais
3. M = metástase distantes
TNM - Classificação Clínica
As seguintes definições gerais são utilizadas:
T - Tumor Primário
TX O tumor primário não pode ser avaliado. T0 Não há evidência de tumor primário.
Tis Carcinoma in situ
T1, T2, T3, T4 Tamanho crescente e/ou extensão local do tumor primário.
N - Linfonodos Regionais
NX Os linfonodos regionais não podem ser avaliados. N0 Ausência de metástase em linfonodos regionais.
N1, N2, N3 Comprometimento crescente dos linfonodos regionais
Nota: A extensão direta do tumor primário para o linfonodo é classificada como metástase linfonodal. Metástase em qualquer linfonodo que não seja regional é classificada como metástase à distância.
M - Metástase à Distância
MX A presença de metástase à distância não pode ser avaliada. M0 Ausência de metástase à distância
M1 Metástase à distância
Características clínicas do câncer de boca
Tratamento
Carcinomas do vermelhão do lábio – excisão cirúrgica
Carcinomas intra orais são guiados pelo estágio clínico da
lesão – radioterapia e cirurgia
Características clínicas do câncer de boca
ESTÁGIO
CLASSIFICAÇÃO
TNM
TAXA DE
SOBREVIVÊNCIA DE
5 ANOS
ESTÁGIO I
T1 N0 M0
85%
ESTÁGIO II
T2 N0 M0
66%
ESTÁGIO III
T3 N0 M0 ou T1, T2
ou T3, N1 M0
41%
ESTÁGIO IV
Qualquer lesão T4,
ou qualquer lesão
N2 ou N3, qualquer
lesão M1
Características clínicas do câncer de boca
Prognóstico
Perfil do portador
Metástase
Pacientes portadores de tumores HPV positivos
Características clínicas do câncer de boca
Prognóstico
HPV 16
• Causa menos alterações na
proteína p53
• Integridade do genoma
celular
• Células mais sensíveis aos
tratamentos
Características clínicas do câncer de boca
Diagnóstico
correto
Diagnóstico
precoce
Prognóstico
favorável
HPV- morfologia
• Família papoviridae
• 55 nm de diâmetro
• Não possui envelope lipoproteico
• Icosaédrico
• Epiteliotrópico
• Infecta as céls. da camada basal composta por
epitélio escamoso
Histórico do HPV
Celsius, 1961 já indicava a eliminação de verrugas
palmares, plantares e genitais com a aplicação
de cinzas de borras de vinho
Em 1933 Richard E. Shope, do instituto
Rockefeller ,em Princepton, Nova Jersey, descobriu a transmissão
dos papilomas
J. W. Beard em 1935 observaram que os tumores nos coelhos
causados por vírus, podiam progredir para carcinomas escamosos.
Histórico do HPV
Walboomers, na década de 90 confirmou as descobertas de Harald Zur Hausen O virologista alemão Harald Zur Hausen nadécada de 70 sugeriu que o fator etiológico
do câncer de colo uterino seria o HPV
Syrjanen em 1983 associaram alterações celulares encontradas no câncer de cérvice uterina às mesmas encontradas em lesões malignas e pré malignas orais, sugerindo
o envolvimento do HPV ao câncer bucal.
HPV – subtipos virais
IARC, 1997
CARCINOGÊNICOS
• 16
• 18
PROVAVELMENTE
CARCINOGÊNICOS
• 31
• 33
HPV – Classificação
Baixo
Alto
6 e 11
16 e 18
Syrjanen, 2003
HPV – Classificação
o Observação:
o HPV 16 é o mais encontrado em lesões
de carcinoma epidermóide oral
HPV – subtipos virais
Kumaraswamy KL, Vidhya M. Human papilloma virus and oral infections: an update. J Cancer. Res Ther. 2011 Apr-Jun;7(2):120-7.
O objetivo deste estudo foi determinar a nível mundial prevalência e
distribuição do tipo de HPV em biópsias de CCECP por uso de uma
revisão sistemática de estudos publicados.
Resultados
Kreimer AR, Clifford GM, Boyle Peter, et. a. Human papillomavirus types in head and neck squamous cell carcinomas worldwide: a systematic review. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev 2005; 14: 467-475
Resultados
Kreimer AR, Clifford GM, Boyle Peter, et. a. Human papillomavirus types in head and neck squamous cell carcinomas worldwide: a systematic review. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev 2005; 14: 467-475
• Além de HPV16 e HPV18, outros HPVs oncogênicos
são raramente detectados em CECP.
• Pequeno tamanho da amostra e viés de publicação
interfere na avaliação da prevalência do HPV.
Conclusão
Kreimer AR, Clifford GM, Boyle Peter, et. a. Human papillomavirus types in head and neck squamous cell carcinomas worldwide: a systematic review. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev 2005; 14: 467-475
Detecção do HPV
• Citologia
• Biopsia
• Métodos de detecção do DNA do HPV nas
lesões
Especificidade
Sensibilidade
Métodos de detecção do DNA do HPV
PCR
Hibridização southern blot, dot
blot e hibridização dot reversa
Imunohistoquímica e
hibridização in situ
SE
N
SI
BI
LI
D
AD
E
> 10 cópias de
DNA viral
/célula
1 a 10 cópias
DNA viral
/célula
< 1 cópia de
DNA viral
/célula
Castro e Filho, 2006Infecção do HPV
Infecção
Replicação do
DNA viral
Expressão de
proteínas
precoce
Penetra nas
células
superficiais
Céls basais e
parabasais
Os vírus são
replicados no
núcleo de cels
infectadas
Infecção do HPV
Um vírus de alto risco tornar-se integrado ao
genoma do hospedeiro onde participa da
oncogênese.
Após integração, dois genes virais E6 e E7, são
expressos.
Codificam oncoproteínas
Transmissão do HPV
Contato direto com órgãos sexuais
Relações anais
Sexo oral
Transmissão vertical
Mecanismo de Ação
GENOMA VIRAL
O genoma, o HPV, pode ser dividido em três partes: uma região longa de
controle (LCR), a região que se expressa precocemente (E - early) e a região
que se expressa tardiamente (L - late).
Kumaraswamy e Vidhya, 2011Mecanismo de Ação
GENOMA VIRAL
A região E é expressa logo após
a infecção
Replicação do DNA viral
Controle da transcrição
Maturação do vírus
Alteração da matriz intracelular
Proliferação celular
Transformação celular
Mecanismo de Ação
GENOMA VIRAL
A região L codifica proteínas
do capsídeo viral e é expressa
em estágios posteriores e é
dividida em L1 e L2
Mecanismo de Ação
GENOMA VIRAL
A sequência localizada entre o
fim de L1 e o começo de E6 é
denominada região longa de
controle (LCR)
Região não codante (NCR)
Responsável pela transcrição e
replicação viral
Mecanismo de Ação
HPV
E6 e E7
TP53 e PRb
Carcinogênese
• Alteraram os ceratinócitos primários humanos
• Deterioração do ciclo celular regulador
• Crescimento excessivo das células
Mecanismo de Ação
Perfil do Portador do HPV
A infecção pelo vírus não é suficiente para causar
transformações malignas;
Estudos realizados comprovam uma maior infecção pelo HPV
em mulheres soropositivas,
Sistema imunológico seria um fator permissivo para a infecção.
Perfil do Portador do HPV
Alguns estudos apontam como fatores de risco para aquisição do
vírus:
O número de parceiros sexuais,
Idade que ocorre a primeira relação sexual
O comportamento dos parceiros
Idade do parceiro
Perfil do Portador do HPV
Idade do início da atividade sexual
Atividade sexual
HPV
Tinoco et al, 2004; Baseman et al, 2005
> Idade
Menor
Mudança no perfil de portadores de carcinoma
epidermóide oral
Mudança no perfil de portadores de carcinoma
epidermóide oral.
Câncer de boca e HPV
HPV
Colo uterino
Anogenital
HPV
Carcinoma oral de
células escamosas
Câncer de boca e HPV
Carcinomas
orais
Alterações
citopáticas do
HPV
Lesões
pré-cancerígenas e
carcinomas de
cérvice uterina
Xavier et al., 2005Câncer de boca e HPV
o Semelhanças na morfologia e suscetibilidade a
exposição ao HPV entre os tecidos envolvidos no câncer
de boca e câncer de colo do útero.
HPV
Carcinoma oral
de células
escamosas
Diversos tipos virais de HPV em
mucosa oral
normal
, em uma incidência , oscilando entre 0% e
80%.
Câncer de boca e HPV-controvérsias
Outro importante ponto seria a coexistência de outros dois
fatores comprovadamente carcinogênicos:
o álcool e o fumo;
o que dificulta o estabelecimento da relação entre HPV e
carcinogênese oral.
Oliveira et al., 2003
Câncer de boca e HPV
Porém as lesões causadas pelo álcool e pelo tabaco são geneticamente e
histologicamente diferentes das causadas pelo vírus, o que corrobora com
A comprovação de que os vírus alteram os
ceratinócitos orais in vitro e a elucidação do papel das
proteínas E6 e E 7 dos HPVs de alto risco, levam cada
dia a crer que vírus associam-se ao processo
carcinogênico oral, já que induzem à transformação
celular.
Baseman et al., 2005
O principal objetivo desta revisão sistemática foi calcular as
estimativas combinadas da razão de chances (OR) para a associação
de HPV com CEB e DOPM (casos), quando comparado com mucosa
oral saudável (controles).
Resultados
Florest Plot da prevalência do papilomavírus humano (HPV) em carcinoma oral de
células escamosas (CEB).
Resultados
Conclusão
• Os resultados desta meta-análise mostraram uma forte associação
entre o HPV e CEB.
• Existe a carência de estudos de coorte prospectivos que possam
estabelecer uma relação temporal entre infecção por HPV e
malignidades orais.
Considerações Finais
Cânceres da cavidade oral constituem importantes
problemas de saúde pública em todo o mundo.
Os estudos apontam o HPV como um dos fatores de risco
para o desenvolvimento do câncer de boca.
Considerações Finais
O subtipo HPV 16 foi o mais associado ao carcinoma na
cavidade oral,
Pacientes jovens são o grupo de risco para a infecção
que acomete principalmente a língua, sendo melhor o
prognóstico para casos de pacientes com carcinoma
oral HPV positivos.
Considerações Finais
Apesar de vários indícios levarem a crer a associação
positiva entre carcinogênese oral e HPV, mais estudos
que comprovem essa associação ainda são necessários,
pois a elucidação da etiologia e do desenvolvimento
desses tumores permitirá um diagnóstico precoce,
com tratamento adequado e a sua prevenção.
Referências
• Lee SY, Cho NH, Choi EC, Baek SJ, Kim WS, et al. (2010) Relevance of human papilloma virus (HPV) infection to carcinogenesis of oral tongue cancer. Int J Oral Maxillofac Surg 39: 678–683.
• Luo J, Ye W, Zendehdel K, Adami J, Adami HO, Boffetta P, Nyrén O. Oral use of Swedish moist snuff (snus) and risk for cancer of the mouth, lung, and pancreas in male construction workers: a retrospective cohort study. Lancet. 2007; 369(9578): 2015-2020.
• Rosenquist K, Wennerberg J, Annertz K, Schildt EB, Hansson BG, Bladström A et al. Recurrence in patients with oral and oropharyngeal squamous cell carcinoma: human papillomavirus and other risk factors. Acta Otolaryngol. 2007;127:980-7.
• Herrero R. Capítulo 7: Papilomavírus humano e câncer do trato aerodigestivo superior. J Natl Cancer Inst Monogra 2003 , ( 31 ): 47 -51.
• Hunter KD, Thurlow JK, Fleming J, Drake PJH, et. a. Divergent Routes to Oral Cancer. Cancer Research 66, 7405-7413, August 1, 2006.
• Tinoco JA, Silva AF, Oliveira CAB, Rapoport A, Fava AS, Souza RP. Correlação da infecção viral pelo papilomavirus humano com as lesões papilomatosas e o carcinoma epidermóide na boca e orofaringe. Rev Assoc Med Bras. 2004;50:252-6.
• Neville BW, et. al. Patologia oral e maxilofacial. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
• Venturi BRM, Pamploma ACF, Cardoso AS. Carcinoma de células escamosas da cavidade oral em pacientes jovens e sua crescente incidência: revisão de literatura. Rev. Bras. Otorrinolaringol. vol.70 no.5 São Paulo Sept./Oct. 2004.
• Machado JRP, Zhang T, Simpson C, Xu w, Perez-Ordonez B, et. al. Low prevalence of human papillomavirus in oral cavity carcinomas. Head & Neck Oncology 2010.
Referências
• Saini R, Khim TP, Rahman SA, et al. High-risk human papillomavirus in the oral cavity of women with cervical cancer, and their children. Virol J. 2010;7:131.
• Luo, CW, CH Roan, e CJ Liu. 2.007 . Papilomavírus humano em carcinoma espinocelular de boca e lesões pré-cancerígenas detectadas pela PCR baseada gene-chip array. Int. J. Oral Maxillofac. Surg. 36 : 153 -158.
• Camara G, Cerqueira D, Oliveira, A, E Silva, Carvalho L, Martins C de 2003. Prevalência dos tipos de papilomavírus humano em mulheres com lesões cervicais pré-neoplásicas e neoplásicas no Distrito Federal do Brasil.Mem Inst Oswaldo Cruz 98: 879-883.
• Syrjänen S. Human papillomavirus infections and oral tumors. Med Microbiol Immunol 2003; 192: 123-8. • Kumaraswamy KL, Vidhya M. Human papilloma virus and oral infections: an update. J Cancer. Res
Ther. 2011 Apr-Jun;7(2):120-7.
• Castro, t. P. P. G.; Bussoloti Filho, i. Prevalence of human papillomavirus (HPV) in oral cavity and oropharynx. Brazilian journal of otorhinolaryngology, são paulo, v. 72, n. 2, p. 272-282, 2006.
• Rosa MI, Medeiros LR, Rosa DD, et al. Papilomavírus humano e neoplasia cervical. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro 2009; 25(5): 953-964.
• Gillison ML, Koch WM, Capone RB, Spafford M, et. a. Evidência de uma associação causal entre o papilomavírus humano e um subconjunto de cabeça e pescoço. JNCI J Nati Cancer Inst (2000) 92 (9): 709-720. • Baseman JG, Koutsky LA. The epidemiology of human papillomavirus infections. J Clin Virol. 2005;32(suppl
1):S16-24.
• Syrjanen S, Lodi G, Von Bultzingslowen I, Aliko A, Arduino P, Campisi G, Challacombe S, et. al. Human papillomaviruses in oral carcinoma and oral potentially malignant disordes: a systematic review. Oral Dis. 2011.