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EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI, DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, M.D. RELATOR DA ADPF 756. BRASÍLIA/DF.

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI, DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, M.D. RELATOR DA ADPF 756. BRASÍLIA/DF.

ADPF 756

PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE – PSOL, partido político já devidamente qualificado vem, por seus advogados, expor e requerer o quanto segue.

O pedidos que ora se formula vem ao encontro da decisão exarada por V.Excia., mas especificamente ao segundo e terceiro itens da ordem judicial, onde foi determinado ao Governo federal que (ii) apresente a esta Suprema Corte, no prazo de 48 (quarenta e oito horas), um plano compreensivo e detalhado acerca das estratégias que esta colocando em pratica ou pretende desenvolver para o enfrentamento da situação de emergência, discriminando ações, programas, projetos e parcerias correspondentes, com a identificação dos respectivos cronogramas e recursos financeiros; e (iii) atualize o plano em questão a cada 48 (quarenta e oito) horas, enquanto perdurar a conjuntura excepcional.

Para o fim de evitar e reparar lesão a preceitos fundamentais relativos ao Princípio Fundamental do Estado de Direito, inscrito no art. 1º da Constituição Federal, ao Princípio Fundamental de que a saúde é direito de todos e dever do Estado, inscrito no art. 196 da Constituição Federal e aos princípios que regem a Administração Pública, insculpidos no art. 37 da

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Constituição Federal, o Autor requer que no plano compreensivo e detalhado acerca das estratégias estejam as determinações (i) de início imediato e com a garantia de campanha contra a hesitação vacinal, da propaganda midiática acerca da vacinação contra a Covid-19 e que (ii) seja determinado aos membros do Governo federal que se abstenham de propagar, receitar, sugerir, indicar, por quaisquer meios oficiais ou oficiosos, o uso de medicamentos para o denominado “tratamento precoce da Covid-19”.

A. DO CABIMENTO DO PEDIDO INCIDENTAL E COMPLEMENTAR A

DECISÃO INTERLOCUTÓRIA DE 15/01/2021

Inicialmente argui-se o cabimento do presente pedido cautelar incidental.

A jurisprudência do STF em casos pretéritos indica caminhos e, não fazendo numerus clausus na admissão e pedidos da ADPF, permitem que a amplitude legislativa de requerimentos liminares da ADPF seja amplamente observada no âmbito do poder geral de cautela, assim lhe dando o devido tratamento dinâmico e inclusivo, certos que a própria lei não restringiu o acesso e eficácia do controle.

Havendo, como há, efeitos concretos e danosos à toda uma Nação e em flagrante descumprimento de preceitos por atos comissivos do Poder Público, um pedido de liminar por fatos novos e supervenientes na ADPF é cabível sob pena de prejudicial menosprezo a interpretação e a aplicação da Lei ao caso concreto, em flagrante recusa ao exercício do poder-dever de julgar com liberdade e solucionar conflitos com os preceitos constitucionais.

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O ato do Poder Público objurgado faz surtir danosos e concretos efeitos jurídicos deletérios de todo o sistema de saúde e que encerram “lesão constitucional qualificada” e de dificílima reversibilidade “porque ausente técnica processual subsidiária capaz de fazer cessar a alegada lesão com igual eficácia” (ADPF 127, Min. Teori Zavaski).

Este Supremo Tribunal Federal tem precedentes de salvaguarda de preceitos fundamentais em ADPF cujo objeto são atos não normativos, ADPF nº 347, 409, 304, 574, 533, 490, e ADPF nº 450, esta última contra um edital de chamamento público da Telebrás.

Por fim, em complemento, o STF já determinou que a ADPF pode ser meio apto a concretizar políticas públicas quando previstas na Constituição, reconhecendo uma importante dimensão política da ação de controle.

Na ADPF 45, o ex-Min. Celso de Mello admite a ação fundado nestas concepções mais amplas e abrangentes da ADPF, firmando que a “eminente atribuição conferida ao Supremo Tribunal Federal põe em evidência, de modo particularmente expressivo, a dimensão política da jurisdição constitucional conferida a esta Corte, que não pode demitir-se do gravíssimo encargo de tornar efetivos os direitos econômicos, sociais e culturais – que se identificam, enquanto direitos de segunda geração, com as liberdades positivas, reais ou concretas (RTJ 164/158-161, Rel. Min. CELSO DE MELLO) -, sob pena de o Poder Público, por violação positiva ou negativa da Constituição, comprometer, de modo inaceitável, a integridade da própria ordem constitucional.”

De mesmo modo, na presente ADPF, por atos do Executivo federal, têm sido necessária a requisição de novas providências.

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Portanto, presentes todos os pressupostos, não há dúvida sobre o cabimento do pedido complementar da ADPF na hipótese, inclusive com a permissão legal e constitucional de intervenção judicial imediata.

B. REITERAÇÃO, NOVOS E CONEXOS DESCUMPRIMENTOS DE PRECEITOS FUNDAMENTAIS

1. Os fatos de maior relevância

1.2. A adoção, propagação e incentivo a tratamento precoce à COVID-19

O Governo federal, pelo Presidente da República, ministérios, secretarias e órgãos, especialmente o Ministério da Saúde, têm, desde o início da Pandemia, sugerido, propagado e incentivado o uso de medicamentos e substâncias não recomendadas para o tratamento da Covid-19.

Além das reiteradas manifestações do Presidente da República em redes sociais e em entrevistas, ainda em 20 de maio de 2020, o Ministério da Saúde lançou protocolo para aplicação da cloroquina e hidroxicloroquina em pacientes em todos os casos, inclusive os com sintomas leves, para tratar do coronavírus Sars-CoV-2. Naquele mês de maio o Ministério já era comandado interinamente pelo atual ministro, o general Eduardo Pazuello. O protocolo sugere a combinação dos dois medicamentos com azitromicina. Trata-se de uma orientação, desde maio do ano passado, para a rede pública de saúde.

Como dito, o uso dos medicamentos sempre foi defendido pelo presidente Jair Bolsonaro, tendo sido este, inclusive, o principal ponto de divergência com o ex-ministro da Saúde Nelson Teich e um dos motivos de sua saída do comando do Ministério.

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No dia 19 de outubro de 20201, foi amplamente divulgado o uso de um gráfico retirado de um banco de imagens para justificar a eficácia do Nitazoxanida (conhecido como Annita), no tratamento de COVID-19. O remédio, que é um vermífugo utilizado no tratamento de outras doenças, tem sido pesquisado no Brasil desde abril, entretanto até o momento não foram divulgados sequer os dados parciais da pesquisa.

Mais recentemente o presidente publicou uma mensagem no Twitter, em 5 de janeiro de 20212, em que afirma que a baixa taxa de óbitos por coronavírus em países africanos tem relação com a distribuição em massa da ivermectina.

Na mesma publicação, o Presidente da República faz apologia ao uso do antiviral nitazoxanida. Segundo o mandatário, o vermífugo é capaz de reduzir a carga viral de pacientes infectados pelo coronavírus.

Jair M. Bolsonaro @jairbolsonaro

*- TABELA DA OMS DE 04/JAN/2021.* *- Nota-se a baixíssima taxa de óbitos por Covid em países africanos (no Brasil são 923/milhão/hab em 03/jan/21).* *- No Programa, a distribuição em massa da IVERMECTINA pode ser a responsável pela baixa mortalidade da Covid-19 nesses países.*

A rede social Twitter indicou como enganosas duas mensagens sobre o tratamento precoce da covid-19, uma do Presidente da República e outra (pasme!!) do Ministério da Saúde.

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https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/10/governo-usa-grafico-generico-para-dizer-que-vermifugotem-eficacia-contra-covid.shtml

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Além disso, denota-se tratar-se de uma política de governo, como se verifica da grande quantidade de cloroquina adquirida recentemente3, do já mencionado protocolo do Ministério da Saúde e de que o Ministério da Saúde tenha enviado a Manaus, em meio a segunda e devastadora onda da Covid-19 e da falta de oxigênio, equipe de médicos que defendem o

3 https://extra.globo.com/noticias/brasil/exercito-brasileiro-tem-estoque-de-cloroquina-para-18-anos-rv1-1-24500378.html

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“tratamento precoce” da covid-19 para visitarem UBS (Unidades Básicas de Saúde) na Capital amazonense4.

Estas são apenas algumas das demonstrações da reiterada atuação do Governo federal no incentivo de substâncias que não têm comprovada eficácia contra a Convid-19 e da difusão de um tratamento precoce sem eficácia comprovada, que pode piorar as condições de saúde dos cidadãos brasileiros e leva a falsa ideia de que a Covid-19 pode ser contida com o tal tratamento.

Ao revés das manifestações, ações, propagandas, protocolos e atos administrativos do Governo, muitos estudos e indicações médicas e científicas anotam que as substâncias cujo uso é incentivado pelo Governo, podem, em verdade, trazer malefícios e cormobidades irreversíveis aos usuários5.

Sobre a nitazoxanida – a Annita - de acordo com o sanitarista Gonzalo Vecina Neto6, fundador da ANVISA, "o estudo não está publicado e não temos a opinião abalizada, necessária, do órgão que controla segurança e eficácia de medicamentos no Brasil, que é ANVISA.”. Gonzalo questiona ainda a validade da pesquisa, já que para ele “se fossem validáveis do ponto de vista científico, os estudos teriam sido colocados à disposição da comunidade científica”. Trata-se do segundo medicamento anunciado pelo

4 https://www1.folha.uol.com.br/colunas/painel/2021/01/com-manaus-sem-oxigenio-pazuello-montou-e-financiou-forca-tarefa-para-disseminar-cloroquina-em-ubss.shtml?origin=folha

5 Dentre muitos outros: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2020.04.10.20060558v2

https://pebmed.com.br/covid-19-principais-recomendacoes-do-novo-protocolo-de-tratamento-do-ministerio-da-saude/

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Governo Federal como eficaz para o tratamento da covid-19, sem qualquer embasamento técnico ou científico.

O presidente da AMB - Associação Médica Brasileira, em matéria jornalística de hoje7, 19/01, afirma: “A única prevenção para a COVID-19 é a vacina”. “Não há tratamento precoce”. “Não existe tratamento preventivo”.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA também reforça: “Não há tratamento precoce contra a Covid-19”8. A inexistência de tratamento alternativo, de terapias precoces ou preventivas, inclusive, foi um dos critérios em que a Agência se baseou para a aprovação do uso emergencial dos imunizantes das vacinas Coronavac, desenvolvida pelo Instituto Butantan com o laboratório chinês Sinovac, e a da Fiocruz com Universidade de Oxford e Astrazeneca.

A Sociedade Brasileira de Infectologia SBI no estudo ATUALIZAÇÕES E RECOMENDAÇÕES SOBRE A COVID-19, publicado e 09/12/2020, alertava da inexistência de comprovação de que as substâncias e medicamentos que o Presidente da República e a Ministério da Saúde divulgam – especialmente a hidroxicloroquina e a ivermectina – que cumpriam um tal “tratamento precoce”, não são eficazes ou eficientes contra a Sars-CoV-2.

Em post no Twitter em 14 de janeiro passado próximo, reiterou o que muitos e publicados estudos concluíram, de que: “não existe comprovação científica de que esses medicamentos [cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina e outros] sejam eficazes contra a covid-19”:

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https://www.em.com.br/app/noticia/bem-viver/2021/01/19/interna_bem_viver,1230348/nao-ha-tratamento-precoce-contra-a-covid-19-diz-presidente-da-amb.shtml

8 https://www.ictq.com.br/assuntos-regulatorios/2503-anvisa-reforca-que-nao-ha-tratamento-precoce-contra-covid-19

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As atitudes reiteradas ofendem o quanto dispõe o art. 196 da Constituição Federal, “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.

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Seguindo na garantia de proteção da saúde, a Constituição Federal define no art. 197 regra fundamental de “são de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado”. O modo não científico e baseado em opiniões do Governo, aliado ao grau extremo de gravidade da pandemia de COVID-19, portanto inconsequente e irresponsável, menospreza o caráter de relevância e prioridade dos serviços e ações de saúde. O desiderato dos art. 196 e 197 somente estarão concretizados no combate à Covid-19 se as ações e serviços de saúde vierem calcados na ciência, em conclusões científicas balizadas e consentidas pela comunidade de expertos.

Considerando os efeitos do COVID-19, que já matou mais de 210 mil pessoas no Brasil, é altamente preocupante que o governo agite e propague a eficácia de medicamentos sem que se apresente os resultados da pesquisa, com a devida avaliação da comunidade científica (em especial a partir da publicação em revistas científicas e dos órgãos de regulação).

A garantia do direito à saúde é dever inafastável do Estado – ajudando mesmo a caracterizá-lo em suas destinações -, cumpre à todos, com destaque à cúpula do Executivo federal e, especialmente, ao responsável pela pasta da Saúde, providenciar a tomada das medidas necessárias para sua regulamentação, fiscalização e controle, atuando oficial e publicamente como

Princeps, ou seja, como primeiro representante do Estado (como tem advogado o partido na ADPF/STF 686).

O Presidente da República, o Ministro da Saúde e o Ministério ao qual ele comanda, assim como outros ocupantes dos altos cargos e posições na República, ao espalharem fake news e desinformação pelas redes,

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bem como em suas manifestações públicas e em peças publicitárias oficiais, por meios oficiais ou oficiosos, propalando o “tratamento precoce da Covid-19”, contrariam princípios constitucionais que regem a administração pública, em especial o dever da moralidade pública (art. 37 da Constituição Federal; arts. 4º, 10 e 11 da lei de improbidade administrativa9). Militam, flagrantemente, contra o dever fundamental insculpido nos artigos 196 e 197 referidos e, deste modo, ofendem os preceitos fundamentais que regem a Administração Pública do art. 37.

Essencial que haja a imediata ordem de abstenção, de proibição de que o Governo Federal continue a propagar e incentivar à população sobre o propalado “tratamento precoce” da Covid-19.

Em complemento a decisão interlocutória, que seja proibida, também liminarmente, qualquer difusão, por parte do Ministério da Saúde ou de qualquer outro dos ministérios e dos órgãos do Governo Federal, pelos meios oficiais ou oficiosos, de qualquer informação por mensagem ou qualquer outro meio, que induza o consumo de medicamentos sem comprovação científica contra a Covid-19 (cloroquina e outras substâncias).

9 A propagação de “tratamento precoce”, atos administrativos comissivos, configurariam ato de

improbidade, conforme previsto nos artigos 10, inc. I e 11, inc. I e II da Lei nº 8.429, de 02 de junho de 1992, a Lei de Improbidade Administrativa.

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:

I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência;

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1.3 A ausência no Plano Nacional de estratégia e projeto de comunicação detalhada e que contenha o combate a “hesitação vacinal” e o incentivo à vacinação

Apesar de no propalado Plano Nacional (doc. 64 da ação, juntado os autos em 12/12/2020) constar mal definida e genérica estratégia de comunicação, é fato que o Governo federal ainda não iniciou a campanha de comunicação (item 10, fl. 45 do Plano) a que se comprometeu realizar em duas fases - uma prévia e outra depois de definida a vacina a ser utilizada - ou qualquer outra campanha de informação ou de conscientização da população.

Imunidade comunitária ou de grupo é o ideal de campanhas de vacinação, especialmente em face de uma Pandemia mundial. A vacinação de grande parte da população é fator primordial que fixará a proteção de todos: os vacinados e os que não foram vacinados. Há alguma controvérsia dos especialistas acerca do percentual de pessoas para se alcançar o nível de imunização coletiva em razão do ineditismo do Sars-CoV-2, da ausência de parâmetros e das características únicas da Pandemia mundial vivida. Certo, sem dúvidas, contudo, é o consenso dos expertos de que ao se proteger, rapidamente, pela vacina, uma grande proporção de pessoas, o nível de transmissão diminui , menos pessoas são expostas e quando são expostas as reações tendem a ser menores e a vacina cada vez mais eficiente. Ou seja: quanto mais pessoas forem imunizadas, mais e maiores chances de que os malefícios cessem, que o números de contaminados diminua – mesmo os não vacinados -, que cesse a mortandade e que o alto grau de contaminação diminua ou cesse. A cobertura vacinal, para ser eficiente, deve ser o quanto mais abrangente.

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Porquanto a imunidade ideal da cobertura somente pode ser alcançada através de um percentual grande de vacinações e de vacinados, e como são devastadores números de mortos e contaminados e todas as gravíssimas consequências sociais, políticas, econômicas para os países e para as pessoas da Covid-19, vacinar-se deixa de ser uma opção cidadã, e passa a ser uma compromisso ou obrigação, eis que o absenteísmo afeta negativamente a todos (pessoas, empresas, governos, países e continentes), indistintamente, e pode frustrar os esforços, iniciativas e gastos, postergando as mazelas da Pandemia. Sem imiscuir-se na seara da obrigatoriedade ou facultatividade da vacina, o fato é que o Governo, ciente de que o principal elemento para se alcançar a eficácia vacinal é a maior cobertura ou vacinação possível, deve, imediatamente, permitir que a população conheça a vacina e tenha a consciência da importância essencial da vacinação.

Proporção grande e maior possível da população deve, portanto, ter consciência dos benefícios e da importância da vacina, o que se obtém através de uma massiva e reiterada campanha de informação e conscientização por todos os meios. Aí reside a importância de que uma campanha midiática massiva seja iniciada imediatamente.

Aliado ao fato de que o Governo previu genericamente uma campanha, mas ainda não a iniciou, há um fator negativo presente na sociedade brasileira, que é o absenteísmo advindo da “hesitação vacinal”.

Hesitação vacinal é definida como “o atraso em aceitar ou a recusa das vacinas recomendadas, apesar de sua disponibilidade nos serviços de saúde ”, segundo a Professora Doutora do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo – para citar apenas uma das referências. Ainda segundo ela, o comportamento “hesitante” se dá pela quando as pessoas não possuem confiança, complacência e conveniência.

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“A confiança é sobre a eficácia e segurança das vacinas, o sistema de saúde que as fornece e as motivações dos gestores para recomendá-las. A complacência resulta da baixa percepção de risco de contrair a doença de forma que a vacinação não seria considerada necessária. Por fim, a conveniência considera a disponibilidade física, disposição para pagar, acessibilidade geográfica, capacidade de compreensão e acesso à informação em saúde.” Realça a “importância da comunicação e do vínculo da população com as ações de vacinação”.

Estes elementos das vacinas contra a Sars-Cov-2 - confiança, complacência e conveniência - devem ser realçados pelo trabalho midiático em favor da vacinação. Sob pena de frustração da própria campanha e da continuidade dos imensuráveis danos e mortes causados pela Pandemia.

Requer-se seja determinada, liminarmente, que o Governo Federal, pelos ministérios e órgãos responsáveis, inicie, imediatamente, a campanha de divulgação dos benefícios da vacinação contra a Covid-19, com a garantia e o detalhamento na campanha midiática de abordagem contra a hesitação vacinal, conscientizando-se os benefícios da vacinação e posicionando-se contra o absenteísmo, deste modo complementando o já fixado no Plano Nacional juntado aos autos e conforme a decisão de S.Excia, relator do caso.

C. OS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, demonstrada a reiteração de descumprimento de preceitos fundamentais, e o cometimento de novos e conexos atos de descumprimento dos preceitos elencados na petição inicial,

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requer-se que, em complemento a decisão interlocutória de 15/01/2021, determine V.Excia que:

1. Seja determinada, liminarmente, a vedação de qualquer difusão ou manifestação, por parte do Ministério da Saúde ou de qualquer outro dos ministérios e dos órgãos do Governo Federal, pelos meios oficiais ou oficiosos, de qualquer informação por mensagem, nota, comunicado, protocolo ou qualquer outra forma, em qualquer meio de comunicação (rádio, TV, internet, redes sociais e outros), que propague, induza, incentive ou sugira ou de algum modo refira-se ao uso ou consumo da população, como tipo de tratamento precoce, de medicamentos sem comprovação científica contra a Covid-19, especialmente as referidas Cloroquina, Nitazoxanida, Hidroxicloriquina e Ivermectina.

2. Seja determinada, liminarmente, que o Governo Federal, pelos ministérios e órgãos responsáveis, inicie, imediatamente, a campanha de divulgação dos benefícios da vacinação contra a Covid-19 com elementos de comunicação contra a hesitação vacinal, e que no Plano Nacional à ser detalhado e exposto à esse E. STF, conste a garantia do Governo e o detalhamento da campanha midiática e onde se detalhe, expressamente, (i) a abordagem publicitária contra a hesitação vacinal, (ii) itens de conscientização dos benefícios da vacinação e (iii) abordagem publicitária contra o absenteísmo, deste modo complementando o já fixado no Plano Nacional juntado aos autos e conforme a decisão de S.Excia, relator do caso.

3. Seja determinado, liminarmente, a vedação da distribuição pelo Governo federal pelo SUS ou outro meio qualquer, por qualquer de seus órgãos, secretarias e/ou Ministérios, das substâncias e medicamentos Cloroquina,

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Nitazoxanida, Hidroxicloriquina e Ivermectina para a finalidade de tratamento precoce da Covid-19.

Nestes termos, pede o deferimento.

Brasília-DF, 19 de Janeiro de 2021. ANDRÉ MAIMONI OAB/DF 29.498 ALBERTO MAIMONI OAB/DF 21.144

ANDRE BRANDAO

HENRIQUES

MAIMONI

Assinado de forma digital por ANDRE BRANDAO HENRIQUES MAIMONI Dados: 2021.01.19 14:58:54 -03'00'

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