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1. JURISDIÇÃO*. 1. JURISDIÇÃO*.

A análise das funções do Estado moderno está associada à doutrina expendida A análise das funções do Estado moderno está associada à doutrina expendida na clássica obra de Montesquieu

na clássica obra de Montesquieu o Espírito das Leiso Espírito das Leis  sobre a separação de poderes.  sobre a separação de poderes.

Embora esta encontre antecedentes na

Embora esta encontre antecedentes na Politica Politica de Aristóteles e t de Aristóteles e tenha sido teorizada porenha sido teorizada por

Locke em

Locke em Tratado do Governo Civil Tratado do Governo Civil , foi com Montesquieu que a doutrina ganhou a, foi com Montesquieu que a doutrina ganhou a

repercussão que a transformou numa das mais célebres doutrinas políticas de

repercussão que a transformou numa das mais célebres doutrinas políticas de todos ostodos os tempos

tempos11..

A separação de poderes consiste basicamente em distinguir

A separação de poderes consiste basicamente em distinguir as 3 funções básicasas 3 funções básicas do Estado: a legislativa, a

do Estado: a legislativa, a administrativa (ou executiva) e a jurisdicionaladministrativa (ou executiva) e a jurisdicional22..

A análise etimológica do vocábulo jurisdição indica a

A análise etimológica do vocábulo jurisdição indica a presença de duas palavraspresença de duas palavras latinas:

latinas: Juris Juris que significa Direito e que significa Direito e diceredicere que é  que é dição ou dizer. Fazendo a agregaçãodição ou dizer. Fazendo a agregação

das palavras ficamos com a ideia de que jurisdição tem que ver com "dizer o direito. das palavras ficamos com a ideia de que jurisdição tem que ver com "dizer o direito.

 Na senda

 Na senda deste raciocínio, deste raciocínio, e aprofundae aprofundando-o um pndo-o um pouco mais, ouco mais, pode-se dizepode-se dizer quer que  jurisdição

 jurisdição é é uma uma função função do do Estado Estado através através da da qual qual o o direito direito objectivo objectivo intervém intervém nana composição dos conflitos de interesses, com o fim de resguardar a paz social e

composição dos conflitos de interesses, com o fim de resguardar a paz social e o impérioo império da lei

da lei33. Pode-se também entender como uma actividade complementar da legislação,. Pode-se também entender como uma actividade complementar da legislação,

conduzindo esta de simples potência a verdadeiro acto

conduzindo esta de simples potência a verdadeiro acto44, , ou ou ainda, ainda, aa função do Estado, função do Estado, desempenhada pelos tribunais, de compor os litígios, impondo a aceitação dos desempenhada pelos tribunais, de compor os litígios, impondo a aceitação dos respectivos interesses e vencendo para isso todas as resistências

respectivos interesses e vencendo para isso todas as resistências55..

A Constituição da República de Moçambique (CRM) proclama os tribunais A Constituição da República de Moçambique (CRM) proclama os tribunais como ó

como órgão de rgão de soberania soberania (art. 133°(art. 133°). Acresce). Acrescenta ainda nta ainda que os que os órgãos de órgãos de soberaniasoberania assentam nos princípios de separação e interdependência de poderes consagrados na assentam nos princípios de separação e interdependência de poderes consagrados na Constituição (art. 134°).

Constituição (art. 134°).

Em adição, o artigo 212° do

Em adição, o artigo 212° do citado diploma legal que tem como citado diploma legal que tem como epígrafeepígrafe função função  jurisdicional 

 jurisdicional , reza o seguinte:, reza o seguinte:

1

1 J.E. Carreira Alvim, J.E. Carreira Alvim, Teoria Geral do ProcessoTeoria Geral do Processo, 13ª Edição, Revista, ampliada e, 13ª Edição, Revista, ampliada e

atualizada, Editora Forense, Rio de Janeiro, 2010, p. 45. atualizada, Editora Forense, Rio de Janeiro, 2010, p. 45.

2

2 Ibidem, p. 45. Ibidem, p. 45. 3

3 Ibidem, pp. 46 e 47. Ibidem, pp. 46 e 47. 4

4 Cândida da Silva Antunes Pires, Cândida da Silva Antunes Pires, Lições de Processo Civil I Lições de Processo Civil I , Universidade de, Universidade de

Macau, 2005, p. 40. Macau, 2005, p. 40.

5

5 João de Castro Mendes, João de Castro Mendes, Direito Processual Civil Direito Processual Civil , 1° Vol, , 1° Vol, Revisto e actualizado,Revisto e actualizado,

p.119. p.119.

(2)

"1.

"1. Os tribunais têm como objectivo garantir e reforçar a legalidade como factor deOs tribunais têm como objectivo garantir e reforçar a legalidade como factor de estabilidade jurídica, garantir o respeito pelas leis, assegurar os direitos e liberdades dos estabilidade jurídica, garantir o respeito pelas leis, assegurar os direitos e liberdades dos cidadãos, assim como os

cidadãos, assim como os interesses jurídicos dos diferentes órgãos e interesses jurídicos dos diferentes órgãos e entidades com existênciaentidades com existência legal 

legal ..

2.

2.Os tribunais penalizam as violações da legalidade e Os tribunais penalizam as violações da legalidade e decidem pleitos de acordo comdecidem pleitos de acordo com o estabelecido na lei

o estabelecido na lei..

3.

3. Podem se Podem ser definidos por definidos por lei mecr lei mecanismos institucionais anismos institucionais e procese processuais de articusuais de articulaçãolação entre tribunais e demais instâncias de composição de interesses e de

entre tribunais e demais instâncias de composição de interesses e de resolução de conflitos."resolução de conflitos."

Daqui se infere que o meio normal de composição dos litígios na nossa ordem Daqui se infere que o meio normal de composição dos litígios na nossa ordem  jurídica é

 jurídica é concretizado concretizado através através do recurso do recurso a órgãa órgãos de os de soberania soberania para isso para isso vocacionavocacionadosdos que são os tribunais.

que são os tribunais.

Dai se assacam algumas características da função jurisdicional ou Dai se assacam algumas características da função jurisdicional ou  jurisdição:

 jurisdição: ((a) Assegurar o respeito pelas leis e garantir e reforçar a legalidade; (b)a) Assegurar o respeito pelas leis e garantir e reforçar a legalidade; (b) assegurar os direitos e liberdades dos cidadãos e os interesses jurídicos das pessoas assegurar os direitos e liberdades dos cidadãos e os interesses jurídicos das pessoas colectivas e (c) penalizar as violações da legalidade de acordo com o estabelecido na colectivas e (c) penalizar as violações da legalidade de acordo com o estabelecido na lei.

lei.

A Professora Cândida Pires atribui à função jurisdicional uma finalidade A Professora Cândida Pires atribui à função jurisdicional uma finalidade imediata ou directa e outra mediata ou indirecta. Directamente visa a realização dos imediata ou directa e outra mediata ou indirecta. Directamente visa a realização dos interesses dos sujeitos jurídicos que,

interesses dos sujeitos jurídicos que, protegidos por determinado comando legal, estãoprotegidos por determinado comando legal, estão em determinado momento impossibilitados de os satisfazerem pela via extrajudicial. em determinado momento impossibilitados de os satisfazerem pela via extrajudicial. Indirectamente pressupõe a reposição do direito objectivo na sua tr

Indirectamente pressupõe a reposição do direito objectivo na sua trajectória normalajectória normal66..

Por aqui percebe-se que a jurisdição é uma actividade complementar da Por aqui percebe-se que a jurisdição é uma actividade complementar da legislativa, cuja existência seria dispensável se todos os preceitos legais fossem legislativa, cuja existência seria dispensável se todos os preceitos legais fossem voluntáriamente cumpridos

voluntáriamente cumpridos77. Com a jurisdiç. Com a jurisdição o Estado ão o Estado garante garante a sua aua sua autoridade detoridade de

legislador e assegura as consequências práticas enunciada

legislador e assegura as consequências práticas enunciadas pelas normas de s pelas normas de direitodireito88..

Deste modo, para os tribunais a lei não representa um limite, mas o fim das Deste modo, para os tribunais a lei não representa um limite, mas o fim das função jurisdicional, o objecto da sua actividade institucional. Configura o escopo função jurisdicional, o objecto da sua actividade institucional. Configura o escopo visado que é o de assegurar a realização do direito subjectivo e o respeito pelos visado que é o de assegurar a realização do direito subjectivo e o respeito pelos comandos contidos nas r

comandos contidos nas respectivas normasespectivas normas99..

6

6 Cândida da Silva Antunes Pires, Cândida da Silva Antunes Pires, Lições de Processo Civil I Lições de Processo Civil I , pp. 40 e 41., pp. 40 e 41. 7

7 J.E. Carreira Alvim, J.E. Carreira Alvim, Teoria Geral do ProcessoTeoria Geral do Processo, p. 14., p. 14. 8

8 Ibidem, p. 14. Ibidem, p. 14. 9

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Assim, para que um litígio possa ser solucionado, em regra carece de ser Assim, para que um litígio possa ser solucionado, em regra carece de ser dirigido a um órgão do

dirigido a um órgão do Estado com função jurisdicional (ou revestido de Estado com função jurisdicional (ou revestido de jurisdição)jurisdição)1010..

A jurisdição não se automovimenta, não actua oficiosamente. Precisa de ser provocada A jurisdição não se automovimenta, não actua oficiosamente. Precisa de ser provocada - só se movimenta por iniciativa do interessado na sua intervenção. Seja, um tribunal - só se movimenta por iniciativa do interessado na sua intervenção. Seja, um tribunal não pode iniciar a composição de um litígio

não pode iniciar a composição de um litígio sponte sua sponte sua, precisa de ser accionado por, precisa de ser accionado por

alguém, através de fórmulas

alguém, através de fórmulas processuaprocessuais próprias.is próprias. 1.1. A jurisdição comum ou ordinária e as

1.1. A jurisdição comum ou ordinária e as jurisdições especiais.jurisdições especiais.

Se a jurisdição está vocacionada garantir a concretização prática das normas do Se a jurisdição está vocacionada garantir a concretização prática das normas do direito e se o direito substantivo divide-se em vários ramos por necessidades de direito e se o direito substantivo divide-se em vários ramos por necessidades de especializaç

especialização, torna-se evidente que a ão, torna-se evidente que a justa composição de litígios justa composição de litígios em cada um dessesem cada um desses ramos de direito substativo pode implicar a intervenção de um sector específico da ramos de direito substativo pode implicar a intervenção de um sector específico da organização jurisdicional

organização jurisdicional1111. Dito de outro modo, a ocorrência de conflitos que carecem. Dito de outro modo, a ocorrência de conflitos que carecem

de ser compostos no contexto de uma àrea especializada do direito ( v.g. Direito do de ser compostos no contexto de uma àrea especializada do direito ( v.g. Direito do Trabalho) pode implicar a intevenção de um

Trabalho) pode implicar a intevenção de um tribunal especializado naquela mesma àreatribunal especializado naquela mesma àrea (v.g. Tribunal do Trabalho).

(v.g. Tribunal do Trabalho).

Cabe então distinguir num primeiro momento jurisidição ordinária ou comum Cabe então distinguir num primeiro momento jurisidição ordinária ou comum da jurisdição especial.

da jurisdição especial.

A jurisdição ordinária ou comum é exercida pelos tribunais judiciais que, de A jurisdição ordinária ou comum é exercida pelos tribunais judiciais que, de acordo com a nossa Constituição,

acordo com a nossa Constituição, são tribunais  são tribunais comuns em comuns em matéria cívil matéria cívil e criminal e criminal ee exercem a jurisdição em todas as àreas não atribuidas a outras ordens jurisdicionais exercem a jurisdição em todas as àreas não atribuidas a outras ordens jurisdicionais

(art. 223°/4 CRM)

(art. 223°/4 CRM)..  O legislador constitucional reservou para os tribunais judiciais,  O legislador constitucional reservou para os tribunais judiciais,

detentores da jurisdição comum ou ordinária, uma função de

detentores da jurisdição comum ou ordinária, uma função de "vala comum" dos litígios,"vala comum" dos litígios, atribuindo-lhes a jurisdição para todos casos que não estiverem especialmente atribuindo-lhes a jurisdição para todos casos que não estiverem especialmente atribuidos a uma jurisdição especial. Outrossim, a jurisdição comum é o

atribuidos a uma jurisdição especial. Outrossim, a jurisdição comum é o repositório dosrepositório dos  preceitos

 preceitos processuais processuais subsidiários subsidiários a qua que se e se recorrerá recorrerá para para completar completar a ca cobertura obertura jurídicajurídica de outros ramos da função jurisdicional

de outros ramos da função jurisdicional1212

Por outro lado,

Por outro lado, as jurisdições eas jurisdições especiais consspeciais consagradas na Cagradas na Constituição são: Osonstituição são: Os tribunais administrativos

tribunais administrativos [art. 223°/1-b) e [art. 223°/1-b) e 2 CRM], os tribuna2 CRM], os tribunais de trabalhois de trabalho, fiscais,, fiscais, aduaneiros,

aduaneiros, arbitrais, maritimos arbitrais, maritimos e comue comunitários. nitários. Há que Há que incluir neste incluir neste leque dleque dasas  jurisdições especiais o

 jurisdições especiais o Conselho Constitucional, órgão Conselho Constitucional, órgão de soberania de soberania ao qual ao qual competecompete

10

10 Tomás Timbane, Tomás Timbane, Lições de Processo Civil I Lições de Processo Civil I , Escolar Editora, Maputo, 2010., Escolar Editora, Maputo, 2010. 11

11Cândida da Silva Antunes Pires,Cândida da Silva Antunes Pires, Lições de Processo Civil I Lições de Processo Civil I , p. 43, p. 43 12

(4)

especialmente administrar justiça em matérias jurídico-constitucionais (art. 241/1 especialmente administrar justiça em matérias jurídico-constitucionais (art. 241/1 CRM). Este órgão, embora não tenha a denominação de tribunal, é um verdadeiro CRM). Este órgão, embora não tenha a denominação de tribunal, é um verdadeiro tribunal, visto que também é um órgão de soberania que exerce função jurisdicional em tribunal, visto que também é um órgão de soberania que exerce função jurisdicional em matéria especializada, a matéria jurídico-constitucional.

matéria especializada, a matéria jurídico-constitucional.

Quando exista um litígio, há que primeiro apurar se o mesmo é atribuível a Quando exista um litígio, há que primeiro apurar se o mesmo é atribuível a alguma juridição especializada. Caso não seja, a solução do litígio é da competência alguma juridição especializada. Caso não seja, a solução do litígio é da competência dos jurisdição ordinária ou comum. Salvo se tiver natureza Civil

dos jurisdição ordinária ou comum. Salvo se tiver natureza Civil ou Criminal que seráou Criminal que será directamente atribuído à jurisdição comum.

directamente atribuído à jurisdição comum. Ainda ao

Ainda ao nível nível das jurisdiçdas jurisdições espeões especiais, podem ciais, podem ser constituidos ser constituidos tribunaistribunais militares para julgar crimes de natureza estritamente militar.

militares para julgar crimes de natureza estritamente militar. apenas durante a vigênciaapenas durante a vigência de estado de guerra (art. 224° CRM).

de estado de guerra (art. 224° CRM). 1.2. O juízo arbitral.

1.2. O juízo arbitral.

A Constituição da República prevê no artigo 212°

A Constituição da República prevê no artigo 212° in finein fine, referente à função, referente à função

 jurisdicional,

 jurisdicional, a a possibilidade possibilidade de de se se existiremexistirem "demais instâncias de composição de"demais instâncias de composição de interesses e de resolução de conflitos" 

interesses e de resolução de conflitos" . O uso do advérbio. O uso do advérbio "demais" "demais"  indicia claramente indicia claramente

que existem ou podem existir outros órgãos, distintos dos tribunais, autorizados a que existem ou podem existir outros órgãos, distintos dos tribunais, autorizados a resolver conflitos.

resolver conflitos.

Inicialmente, a abordagem do tema jurisdição parece sugerir que só os tri

Inicialmente, a abordagem do tema jurisdição parece sugerir que só os tribunaisbunais estaduais devem resolver conflitos de interesses ou reolver litígios. Porém, as partes estaduais devem resolver conflitos de interesses ou reolver litígios. Porém, as partes  podem recorrer a

 podem recorrer a tribunais arbitrais, para os tribunais arbitrais, para os mesmos fins, quandmesmos fins, quando tenham estabeleo tenham estabelecidocido  pactos privativos

 pactos privativos ou atributivos de jurisdiçãou atributivos de jurisdição.o.  No

 No contexto contexto dos dos chamados chamados meios meios alternativos alternativos de de resolução resolução de de conflitos,conflitos, alternativos aos tribunais estaduais, surge a possibilidade das partes em conflitos alternativos aos tribunais estaduais, surge a possibilidade das partes em conflitos  poderem

 poderem submeter submeter a a "" solução  solução de de todos todos ou ou de de alguns alguns dos dos seus seus litígios litígios ao ao regime regime dada arbitragem, mediante convenção expressa de arbitragem

arbitragem, mediante convenção expressa de arbitragem" [art. 4/1 da Lei n° 11/99 de" [art. 4/1 da Lei n° 11/99 de

8 de Julho, vulgo Lei da Arbitragem (LA)]. 8 de Julho, vulgo Lei da Arbitragem (LA)].

A convenção de arbitragem pode ter por

A convenção de arbitragem pode ter por objecto qualquer conflito actual, aindaobjecto qualquer conflito actual, ainda que já tenha sido interposta acção no tribunal judicial em qualquer fase do processo, que já tenha sido interposta acção no tribunal judicial em qualquer fase do processo,  passando

 passando a a designar-se designar-se ao ao acordo acordo por por compromisso compromisso arbitral, arbitral, ou ou em em qualquer qualquer litígiolitígio eventual emergente de uma determinada relação jurídica contratual ou extracontratual, eventual emergente de uma determinada relação jurídica contratual ou extracontratual, designando-s

designando-se por cláusula compromissória (art. e por cláusula compromissória (art. 4/2 LA).4/2 LA).

Podem sujeitar-se à arbitragem ou aos tribunais arbitrais conflitos de qualquer Podem sujeitar-se à arbitragem ou aos tribunais arbitrais conflitos de qualquer natureza, salvo:

(5)

 Os que por Os que por lei especial devam ser submetidos com lei especial devam ser submetidos com exclusividade aos tribunaisexclusividade aos tribunais

 judiciais [art. 5/2-a) LA].  judiciais [art. 5/2-a) LA].

 Os que respeitem a direitos indisponíveis [art. 5/2-b) LA].Os que respeitem a direitos indisponíveis [art. 5/2-b) LA].

Por aqui percebe-se que o Estado não tem o monopólio do exercício da função Por aqui percebe-se que o Estado não tem o monopólio do exercício da função  jurisdicional, podendo a

 jurisdicional, podendo a resolução de resolução de conflitos ser conflitos ser dirimida por dirimida por um jum juízo arbitral, uízo arbitral, ouou até mesmo por via de outros meios alternativos como a concliação e a Mediação até mesmo por via de outros meios alternativos como a concliação e a Mediação igualmente reguladas pela Lei n° 11/99, de 8

igualmente reguladas pela Lei n° 11/99, de 8 de Julhode Julho1313..

1.3. A jurisdição contenciosa e a jurisdição

1.3. A jurisdição contenciosa e a jurisdição voluntária: breves considerações.voluntária: breves considerações.  Normalmente,

 Normalmente, uma uma acção acção judicial judicial pressupõe pressupõe um um conflito conflito de de interesse interesse , , um um litígiolitígio entre as respectivas partes. É a necessidade de resolver esse litígio que fundamenta o entre as respectivas partes. É a necessidade de resolver esse litígio que fundamenta o recurso à via judicial.

recurso à via judicial. O autor pede o O autor pede o reconhecimento judicial da sua pretensão, atravésreconhecimento judicial da sua pretensão, através da procedência da acção e o reú, opondo-se, defenderá a sua absolvição. O tribunal da procedência da acção e o reú, opondo-se, defenderá a sua absolvição. O tribunal compõe o conflito de interesses através da sentença respectiva. Os processos que compõe o conflito de interesses através da sentença respectiva. Os processos que seguem este arquétipo são os chamados processos de jurisdição litigiosa ou seguem este arquétipo são os chamados processos de jurisdição litigiosa ou contenciosa

contenciosa1414..

Porém, há determinadas acções que não visam resolver um conflito de Porém, há determinadas acções que não visam resolver um conflito de interesses, mas regular um interesse comum de ambas partes. Apesar do interesse interesses, mas regular um interesse comum de ambas partes. Apesar do interesse comum, o mesmo é perspectivado de modo diverso pelas partes

comum, o mesmo é perspectivado de modo diverso pelas partes1515. É o caso da acção de. É o caso da acção de

regulação do poder paternal em que se define a guarda dos menores, o respectivo regime regulação do poder paternal em que se define a guarda dos menores, o respectivo regime de visitas e as prestações alimentícias. O que está em causa não é um conflito, mas os de visitas e as prestações alimentícias. O que está em causa não é um conflito, mas os melhores interesses do menor que

melhores interesses do menor que ambos progenitores querem ver salvaguardados, masambos progenitores querem ver salvaguardados, mas sobre o qual tem perspectivas e

sobre o qual tem perspectivas e posições distintasposições distintas1616..

Estes processos de jurisdição voluntária caracterizam-se pela ausência de Estes processos de jurisdição voluntária caracterizam-se pela ausência de conflito ou litígio

conflito ou litígio1717, em contraposição à jursidição contenciosa, que implica , em contraposição à jursidição contenciosa, que implica a existênciaa existência

de um conflito de

de um conflito de interesses entre as partesinteresses entre as partes1818..

13

13 Tomás Timbane, Tomás Timbane, Lições de Processo Civil I Lições de Processo Civil I , p. 48., p. 48. 14

14 António Montalvão Machado e Paulo Pimenta, António Montalvão Machado e Paulo Pimenta, O Novo Processo Civil,O Novo Processo Civil, 12ª12ª

Edição, Almedina, Coimbra, 2010, p. 65. Edição, Almedina, Coimbra, 2010, p. 65.

15

15António Montalvão Machado e Paulo Pimenta,António Montalvão Machado e Paulo Pimenta, O Novo Processo Civil,O Novo Processo Civil, p. 65. p. 65. 16

16 Ibidem, p. 65. Ibidem, p. 65. 17

17 Ibidem, p. 65. Ibidem, p. 65. 18

(6)

Os processos de jurisdição voluntária, devido às suas especiais características, Os processos de jurisdição voluntária, devido às suas especiais características, são agrupados num capítulo próprio do Código do Processo Civil (Capítulo XVII), e são agrupados num capítulo próprio do Código do Processo Civil (Capítulo XVII), e são sempre, quanto à forma, processos especiais - v.g. Conversão da Separação em são sempre, quanto à forma, processos especiais - v.g. Conversão da Separação em Divórcio ( art.

Divórcio ( art. 1.417° CPC), Reconciliação dos Conjuges Separados (art. 1.418° CPC),1.417° CPC), Reconciliação dos Conjuges Separados (art. 1.418° CPC), Verificação Judicial de Gravidez (art. 1.446° CPC),

Verificação Judicial de Gravidez (art. 1.446° CPC), etc.etc.  Nos processos de jurisdiçã

 Nos processos de jurisdição voluntária o tribunal não está sujeito a critérios deo voluntária o tribunal não está sujeito a critérios de legalidade estrita, devendo antes adoptar em cada caso a solução que julgue mais legalidade estrita, devendo antes adoptar em cada caso a solução que julgue mais conveniente e oportuna (art. 1.410° CPC). O

conveniente e oportuna (art. 1.410° CPC). O juiz pode recorrer à juiz pode recorrer à equidade para tomarequidade para tomar a decisão.

a decisão.

 Neste domínio

 Neste domínio opera com opera com vigor o vigor o princípio da princípio da livre actividade inquisitória livre actividade inquisitória dodo  juiz,

 juiz, na na medida medida em em que que este este pode pode investigar investigar livremente livremente os os factos, factos, coligir coligir as as provas,provas, ordenar inquéritos e recolher informações que considerar convenientes (art. 1.409°/1 ordenar inquéritos e recolher informações que considerar convenientes (art. 1.409°/1 CPC).

CPC).

 Neste

 Neste tipo tipo de de processos, processos, a a resolução resolução não não tem tem força força de de caso caso julgado, julgado, pois pois oo interessado po

interessado poderá a todo o tempderá a todo o tempo solicitar o solicitar a alteraçãa alteração da decisãoo da decisão, sem prejuízo, sem prejuízo evidentemente dos efeitos já produzidos (art. 1.411°/1 CPC). Estas decisões não evidentemente dos efeitos já produzidos (art. 1.411°/1 CPC). Estas decisões não  possum o carácter de

 possum o carácter de de inalterabilidade ou irrevogabilidade como nas sentenças dosde inalterabilidade ou irrevogabilidade como nas sentenças dos  processos

 processos de jurisdição contencde jurisdição contenciosa.iosa.

Outrossim, da resolução proferida não há recurso (art.

Outrossim, da resolução proferida não há recurso (art. 1.411°/2 CPC).1.411°/2 CPC).

** Apontamentos compilados porApontamentos compilados por Admiro CumbeAdmiro Cumbe  (docente da disciplina de  (docente da disciplina de Processo Civil ).

Referências

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