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Edição nº2 -Ano I/2018 -Junho/Julhoul
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2018;
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Comentado por:
Prof.Dr.Gustavo Falbo Wandalsen
Mestre e Doutorem Ciências pela Universidade Federalde São Paulo (UNIFESP)
ProfessorAdjunto da Disciplina de Alergia,Imunologia Clínica e Reumatologia da Escola Paulista de Medicina -UNIFESP A sensibilização a animais peludos é comum e a
presença desses animais nos domicílios tem aumentado nas últimas décadas.Vários componentes alergênicos do epitélio do gato são conhecidos. Desses, o Fel d 1, uma secretoglobulina, é reconhecido como sendo o componente principaldo gato e alvo de interesse no desenvolvimento de imunoterapia
imunoterapia específica.Sabe-se que a sensibilização ao Fel d 1 é precoce e, usualmente, antecede o aparecimento de sintomas em pacientes alérgicos ao gato.
Nos últimos anos,após a identificação de diversos componentes menores do gato, foi observado um interesse crescente pelo papel clínico que esses componentes podem ter. Fel d 2 é uma albumina sérica presente no soro, pelo e urina do gato que apresenta reatividade cruzada com albumina sérica de outros animais.Feld 4 e Feld 7 são lipocalinas,maior grupo
grupo de alérgenos inalantes dos animais peludos, também com reatividade cruzada conhecida com lipocalinas de outros animais como cão (Can f 6) e cavalo (Equ c 1).
O objetivo deste estudo foiavaliara prevalência de sensibilização a diversos componentes alergênicos do gato em um grupo grande de asmáticos sensibilizados a animais peludos e estudar sua associação com marcadores de inflamação do tipo 21.
A sensibilização aos componentes recombinantes do gato (Feld 1,Feld 2,Feld 4 e Feld 7;ImmunoCAP) foi estudada em uma coorte de crianças e adultos jovens da Suécia.Foram incluídos no estudo apenas aqueles com sensibilização comprovada para epitélio de gato,cão ou cavalo (ImmunoCAP ≥ 0,35 kUA/L; N=266 de 405).Diversos biomarcadores inflamatórios ou
ou do controle da asma foram mensurados,como o ACT (Asthma ControlTest),a fração exalada de óxido nítrico (FeNO), função pulmonar (espirometria), eosinófilos séricos e hiper-reatividade brônquica à metacolina.
Entre os componentes do gato,Feld 1 foio mais p
prevalente e o encontrado em maiores níveis,enquanto Feld 2 foi o menos prevalente (Figura 1). Do total, 28% dos asmáticos era monossensibilizado para o Feld 1,17% era sensibilizado para Feld 1 + Feld 2 e 23% para Feld 1 + Fel d 2 + Feld 4/Feld 7.Neste estudo foiencontrada,em análise multivariada,associação significante entre os valores de IgE para Feld 2 e FeNO e entre os valores de IgE para Feld 4 e o
o número de eosinófilos. Em outro modelo de análise, os valores de FeNO também foram significativamente associados com os valores de IgE para Feld 2 e para Feld 4 + Feld 7.Em contraste,os valores de IgE para Feld 1 não se associaram com os valores de FeNO, eosinófilos e de IgE total.
Os asmáticos polissensibilizados (Fel d 1 + outro componente) apresentaram significativamente maior frequência de exacerbações recentes de asma (50%-55% vs 35%),alteração de função pulmonar(25% vs 13%)e valores alterados do ACT (33% vs 20%),indicando doença de maior gravidade.
Entre os interessantes e importantes resultados deste estudo, destacam-se a ausência de correlação entre marcadores clínicos e inflamatórios da asma com o alérgeno principal do gato (Fel d 1) e associação presente dessas variáveis com os componentes menores (Feld 2,Feld 4 e Fel d 7).
Estudo anterior já documentou que a sensibilização a três ou mais lipocalinas de animais peludos se associou fortemente a presença de asma grave em crianças2. Além
dos animais peludos,sensibilização a certos componentes de fungos e a alérgenos de baratas e pólens também se associam com maiorgravidade da asma3.
Nosso entendimento do papele da relevância clínica da sensibilização aos diversos componentes alergênicos dos animais peludos e de outras fontes alergênicas ainda é muito incipiente. Entretanto, estudos como esse claramente indicam que existem associações e diferenças clínicas entre os diferentes perfis de sensibilização. Estudos posteriores com diferentes populações e com outras doenças alérgicas são
são necessários para a melhor compreensão dessas relações.
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ImmunoCAP™ ALÉRGENOS ImmunoCAP™ COMPONENTES
Implicações
Clínicas • Pacientes positivos para Fel d 1, uma secretoglobulina,
podem seradequados para imunoterapia.
• Fel d 1 + Fel d 2 e/ou Fel d 4 está associado a maior fequência de exacerbações de asma.
• Feld 2 é uma albumina sérica,e o Feld 4 e uma lipocalina, ambos apresentas reatividade cruzada com outros animais.
• Pacientes positivos para Can f 1/f 2/f 5 podem ser adequados para imunoterapia.
• Can f 1/f 2/f 5 estão associados com asma e sintomas graves5,6.
• Can f 3 indica reatividade cruzada e raramente tem importância clínica4.
Gato (e1) Cão (e1)
Feld 1(e94),Feld 2 (e220)e Feld 4 (e228) Can f1(e101),Can f2 (e102),Can f3 (e221)e Can f5 (e221)
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• Sibilância recorrente desde a infância com diagnóstico de asma aos 4 anos de idade.
•
• Piora da asma no último ano – dificuldade de controle dos sintomas mesmo com associação de corticosteroide inalado (alta dose)e bronco dilatador de longa ação.
• Rinite alérgica persistente moderada-grave em uso de corticosteroide tópico nasal.
•
• Teste cutâneo de leitura imediata (prick teste) realizado recentemente e positivo para Dermatophagoides pternonyssinus (6x6mm), cão (7x6mm)e gato (5x4mm).
• Casa com 1 cão e 1 gato.
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Feld 1 negativo,Feld 2 ou Feld 4 positivos:provavelmente trata-se de reatividade cruzada e os componentes do cão deveriam ser investigados como fonte primária de sensibilização. Neste cenário não seria indicada imunoterapia para gato e a exclusão do gato do domicílio teria resultado questionável.
2º
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Fel d 1 positivo (monossensibilização): sensibilização comprovada ao gato.Medidas de controle de exposição e imunoterapia específica poderiam ser consideradas. Relevância clínica da sensibilização ao gato deveria ser ponderada (avaliar nível de IgE específica para Fel d 1), considerando-se a possibilidade de maior relevância da sensibilização/exposição ao ácaro (Dp).
3º
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Fel d 1 positivo associado a um ou mais componentes menores (Fel d 2, Fel d 4, Fel d 7): comprova-se a sensibilização ao gato com grande probabilidade de relevância clínica, especialmente se em altos níveis. Perfil associado com asma de maiorgravidade.Medidas para a redução dos níveis domiciliares devem serconsideradas.
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12854.
Epub
2018
Jan
26.
Alergia ao leite de vaca (ALV) afeta 2% das crianças.A maiorparte desenvolve alergia ao leite em seu primeiro ano de vida. Quando se pensa em diagnóstico de APLV,vale ressaltarque os métodos para avaliação, bem como o prognóstico, variam conforme o tipo de alergia ao leite. Diferentes mecanismos imunológicos podem estarenvolvidos na alergia
alergia ao leite, destacando-se: alergia por hipersensibilidade tipo 1 (mediada por IgE, com sintomas imediatos,e com risco de anafilaxia);alergias pormecanismos mistos,como a esofagite eosinofílica (EoE)e a dermatite atópica (DA);ou ainda as alergias nas quais ocorre resposta celular contra o leite, causando sintomas tardios como a proctocolite, a ente
enterocolite e a enteropatia. Cada uma das apresentações de alergia ao leite de vaca tem particularidades em relação ao diagnóstico e ao tratamento.
Este estudo investigou a aplicação do diagnóstico resolvido porcomponentes,através da dosagem de IgE para as proteínas do leite de vaca,em crianças com suspeita de ALV porhipersensibilidade imediata. O estudo avaliou a correlação entre os resultados das dosagens de IgE específica para os componentes alergênicos do leite, com o desfecho do teste de desencadeamento
desencadeamento oral. Além disso, se avaliou também a capacidade de se distinguircrianças com fenótipo de alergia persistente daquelas crianças que desenvolvem tolerância, através dos resultados dos componentes proteicos do leite.
MÉTODOS:
Foram avaliadas 78 crianças, submetidas periodicamente a testes de desencadeamento oral com leite para avaliação de tolerância.O período de seguimento foi de 12 anos. Foram analisados os dados de limiarde sensibilidade,gravidade e foram coletados os resultados de sensibilização (anticorpos IgE para proteína de leite,além das IgEs para caseína, beta-lactoglobulina,
beta-lactoglobulina,alfa-lactoalbumina,e lactoferrina). As crianças que permaneciam alérgicas ao leite foram reavaliadas quanto à sensibilização,tolerância e alergia (porprovocação oral)periodicamente.
RESULTADOS:
Trinta e nove crianças tiveram os primeiros testes
de desencadeamento oral negativos e 39 tiveram provocações positivas.O grupo positivo foi novamente provocado e separado em 3 grupos,dependendo do tempo até a remissão.Na inclusão,as crianças com Alergia ao leite persistente tinham um tamanho significativamente maiorde pápula no teste cutâneo,e níveis mais altos de IgE para o leite e para os componentes do leite em comparação com os out
outros grupos. Além disso, foi encontrada uma correlação entre o nível de IgE para o leite de vaca e caseína e a gravidade da reação alérgica desencadeada na provocação oral.
CONCLUSÃO:
O teste de desencadeamento oral não pode ser substituído pornenhum teste laboratorial,como a IgE para proteína de leite ou componentes do leite, nem pelo teste cutâneo,no diagnóstico da alergia ao leite.No entanto,altos níveis de IgE para o leite e os componentes do leite (caseína, beta-lactoglobulina,alfa-lactoalbumina)aumentam o risco de alergia ao leite prolongada ou persistente.
COMEN
COMENTÁRIOS:
Do ponto de vista clínico, os testes IgE não podem discriminar suficientemente entre crianças tolerantes e alérgicas, e assim o teste de desencadeamento oral permanece necessário para diagnóstico.A IgE para caseína tem valor diagnóstico semelhante a IgE para leite, e no momento nenhum teste laboratorialconfirma o diagnóstico de alergia ao leite de vaca.
Por outro lado, este estudo fornece dados que corroboraram resultados de trabalhos anteriores, e traz dados de aplicabilidade para rotina de avaliação de seguimento de casos de alergia ao leite. A gravidade e chance de maior persistência da ALV poderia ser prevista através da dosagem de IgE para o leite e caseína. É importante notarque,apesardessa correlação,os testes de desencadeamento
desencadeamento são seguros para serem executados, desde que em ambiente apropriado e com equipe treinada. Apesar dos níveis muito altos de IgE, não houveram quaisquerreações graves no estudo apresentado.Portanto, a dosagem de IgE específica para o leite e para seus componentes, fornece informação valiosa quanto à expectativa de gravidade e prognóstico da ALV, e desta forma,
forma,se caracteriza em mais um parâmetro a serlevado em consideração na decisão sobre realizarou até postergaro teste de desencadeamento oral, que mais cedo ou mais tarde necessitará serrealizado.
Comentado por:
Prof.Dra.Ariana Campos Yang
Médica Assistente do Serviço de Alergia e Imunologia da UNICAMP
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ImmunoCAP™ ALÉRGENOS ImmunoCAP™ COMPONENTES Implicações Clínicas Bos d4, Alfa-Lactalbumina (f76) • Risco de reações a leite fresco • Os níveis de IgE caem
caem conforme a tolerância se desenvolve
• Proteína termolábil
Bos d5,
Beta-Lactoglobulina (f77) • Risco de reações a leite fresco • Os níveis de IgE caem conforme a tolerância se desenvolve se desenvolve • Proteína termolábil
Bos d6, Albumina Sérica Bovina (e 204) • Risco de reações a leite fresco
• O principalalérgeno na ca
na carne bovina • Proteína termolábil
Bos d8, Caseína (f78) • Risco de reações a todas as formas de leite • Os altos níveis estão ligados a alergia persistente a leite persistente a leite • Os níveis de IgE caem conforme a tolerância se desenvolve
• Estávelao calor Leite (f2)
Alfa-Lactalbumina (f76) Beta-Lactoglobulina (f77) Albumina Sérica (e204) Caseína (f78)
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• Tem ALV IgE mediada desde os 7 meses de vida. • Antecedente de anafilaxia aos 12 meses de vida. Sem reações desde os 2 anos de idade.
•
• Encaminhada pelo pediatra para avaliação de teste de provocação oralpara checartolerância.
• Realizou a primeira dosagem de IgE específica faz 1 mês: IgE para leite 14,5kU/L; Caseína 12,9kU/L; Beta-lactoglobulina 5,6kU/L; Alfa-latoalbumina 12,1kU/L.
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--Considerarque a evolução naturalda alergia ao leite é boa e tendo em vista que a criança está assintomática há 3 anos seria possível checar a tolerância clínica ao leite.
- Realizar teste de desencadeamento oral com leite, em ambiente preparado para atendimento de emergência, incluindo todos os materiais e medicamentos eventualmente necessários, além de supervisão médica com equipe treinada.
2º
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--Considerarque a evolução naturalda alergia ao leite é boa, porém o antecedente de anafilaxia e os níveis altos de IgE para caseína sugerem prognóstico de maiorpersistência da alergia. O fato da criança estar assintomática há 3 anos poderia se relacionar ao cuidado na restrição eficiente do leite na dieta.
--Reavaliaro caso em 6 meses a 1 ano,com nova dosagem de IgE específica para o leite e componentes do leite.
-- Realizar teste de desencadeamento oral com leite se a criança permanecer sem evidências de reatividade clínica e/ou quando observartendência a queda dos níveis de IgE para leite e componentes, em ambiente preparado para atendimento de emergência,incluindo todos os materiais e medicamentos eventualmente necessários, além de supervisão médica com equipe treinada.
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Tabela 1.Níveis da Triptase na Anafilaxia e Mastocitose Tabela 2.Valores da Triptase Sérica
ANAFILAXIA
NA CRISE FORA DA CRISE SITUAÇÃO
ValorMédio
Limite
Mastocitose sistêmica Interferências Geral 3,8 mcg/L 6,1 mcg/L 6,6 mcg/L < 11,5 mcg/L > 20 mcg/L (critério secundário) Insuficiência Renal,Fator Reumatoide,Infarto Agudo do Miocárdio < 3 meses > 80 anos NÍVEL MASTOCITOSE Triptase (tetramérica) aumentada Triptase (tetramérica e monomérica) aumentada Triptase (monomérica) aumentada Triptase normal
Estudos realizados na última década mostraram um aumento da incidência e mortalidade poranafilaxia, principalmente devido as reções desencadeadas por medicamentos e alimentos.A anafilaxia é uma reação de hipersensibilidade sistêmica grave, aguda e potencialmente fatal,resultante da desgranulação de mastócitos e basófilos, através de mecanismos mediados
mediados porIgE ou não.As causas mais comuns de anafilaxia são medicamentos,alimentos e venenos de Hymenoptera. É uma emergência médica que pode ser fatal e sua abordagem depende do reconhecimento imediato dos sinais e sintomas característicos e do uso de epinefrina.Os pacientes podem apresentar urticária, angioedema, rinoconjuntivite,
rinoconjuntivite, broncoespasmo e, nos casos mais graves,asfixia e hipotensão que podem resultarem parada cardiorrespiratória7.
Mastocitose é um grupo de doenças associadas à proliferação e acúmulo de mastócitos em diferentes órgãos, principalmente pele, trato gastrointestinal e medula óssea.A maioria dos casos é representada por doenças clonais associadas a mutações somáticas do gene do receptorKIT,que levam a ganho de atividade. A mastocitose pode serclassificada em cutânea (MC),
(MC), na qual apenas a pele está envolvida, ou sistêmica (MS),com o envolvimento de pelo menos um órgão extracutâneo. A MC é típica de lactentes e crianças,com um risco estimado de anafilaxia inferiora 10% e tende a remissão na puberdade.A incidência da
MS é maior nos adultos e apresentando um risco de anafilaxia de aproximadamente 50%. As principais complicações da mastocitose sistêmica incluem: 1) Anafilaxia (espontânea ou induzida);2)Hipersensibilidade ao veneno de Hymenoptera; 3) Doença óssea, incluindo osteopenia, osteoporose e fraturas ósseas patológicas; 4) Manifestações gastrointestinais, como refluxo, dispepsia, náusea,
náusea,vômito e diarreia.As formas graves de MS são raras e representam menos de 20% dos casos de mastocitose total, sendo a expectativa de vida dos pacientes com as formas cutânea ou indolente da MS semelhante à da população geral.Entenderos desencadeadores específicos das crises nos pacientes com MS e preveni-los é fundamentalpara a prevenção da anafilaxia8.
Apesarda triptase sero biomarcadormais indicado para avaliara quantidade e ativação dos mastócitos,ele ainda é extremamente subutilizado e pouco conhecido pordiversos profissionais da área da saúde. A triptase é uma proteína neutra da família das serina-proteases tipo tripsina e é a mais abundante dos grânulos dos mastócitos. Há diversos subtipos de triptase (α, β, γ, δ)e ela pode sersecretada na forma
forma monomérica ou tetramérica. Existe uma secreção basalda forma monomérica (α e β)que indica a quantidade de mastócitos presentes no organismo. Na Mastocitose Sistêmica,o nívelde triptase basal(forma monomérica)pode estaraumentado.Durante a Anafilaxia,com a desgranulação dos mastócitos, há liberação da triptase beta na forma tetramérica que está armazenada nos grânulos da célula (
(Tabelas 1 e 2)9.
Elaborado por:
Prof.Dr.Pedro Giavina Bianchi
Médico Assistente Supervisordo Ambulatório do Serviço de Imunologia Clínica e Alergia do HC da FMUSP ProfessorAssociado da Disciplina de Imunologia Clínica e Alergia da FMUSP.
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• Apresentou anafilaxia recorrente, relatando cinco reações graves nos últimos sete anos.
•
• As primeiras três reações anafiláticas foram induzidas pela picada de insetos (não identificados pela paciente)caracterizadas porrubor,tontura,visão turva e perda de consciência.
•
• Em duas destas reações, houve vômitos e convulsões tônico-clônicas generalizadas, com incontinência de urina e fezes.Na terceira reação,ela referia dispneia.
• Os outros dois eventos foram associados a reações ao ciprofloxacino usado no tratamento da infecção do trato urinário.
•
• Ela relatou terdiabetes,hipotireoidismo,litíase renal e infecções recorrentes do trato urinário.Utilizava 75 mcg de levotiroxina sódica diariamente e 500 mg de metformina duas vezes ao dia.
Coment
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O caso relata uma paciente que levou 7 anos para ser diagnosticada com mastocitose sistêmica (MS), uma doença rara e pouco reconhecida. Como observado em nosso caso,20% dos pacientes com MS não apresentam manifestação cutânea (urticária pigmentosa), o que dificulta o diagnóstico. A mastocitose deve ser investigada em todos os pacientes
pacientes com alergia a veneno Hymenoptera (AVH), devido à conhecida associação entre essas doenças. Além disso, as quinolonas são uma causa desconhecida de anafilaxia na mastocitose e os pacientes atualmente não são orientados a evitaressa classe de antibióticos.
O risco de anafilaxia na mastocitose aumenta com níveis mais altos de triptase. Além disso, as reações mais graves pelo veneno de Hymenoptera também estão associadas à maior triptase sérica basal em pacientes sem mastocitose sistêmica. A paciente relatada tinha um nívelanormalde triptase sérica (17,7 mcg/L).Os níveis séricos de triptase acima de 20 mcg/L são
são um critério menorpara o diagnóstico de MS (Tabela 1),mas em 50% dos casos,a triptase sérica basalé menorque 20 mcg/L10.
O paciente típico com mastocitose e AVH é um homem de meia-idade,sem acometimento cutâneo da MS, apresentando anafilaxia com hipotensão/pré-síncope/síncope, mas sem urticária/angioedema.A paciente relatada é uma mulher de 46 anos que tem mastocitose sistêmica sem envolvimento da pele.Sua história clínica se encaixa no perfil
perfil dos pacientes com mastocitose e AVH, com exceção de sermulhere terrubordurante as reações anafiláticas10.
Em conclusão, a triptase é um biomarcador extremamente útilno diagnóstico das anafilaxias e da mastocitose.É imperativo a divulgação e utilização do teste da dosagem de triptase, o qual deve passar a fazerparte do roldos exames fornecidos pelo sistema de saúde público e privado.
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Mastocitose sistêmica sem envolvimento cutâneo foi diagnosticada.Cetotifeno,ranitidina e auto-administração de adrenalina foram prescritos.
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exames:
• Exame físico:normal,exceto pelo excesso de peso. • Triptase basal: 17,7 mcg/L (a triptase não foi medida durante as reações).
•
• Endoscopia digestiva alta: aumento do número de mastócitos CD25+ anômalos nas mucosas gástrica e duodenal.
• Biópsia da medula óssea:revelou agregados de 15 ou + mastócitos e mastócitos fusiformes expressando CD2 e CD25.
•
• ImmunoCAP: para abelha, vespa, formiga de fogo e fosfolipase negativos.
• Testes cutâneos: para os venenos de Hymenoptera e ciprofloxacina foram negativos.
Referências:1.Tsolakis N,MalinovschiA,NordvallL,Mattson L,Lidholm J,PedrolettiC,etal.Sensitization to minorcatallergen components is associated with type-2 biomarkers in young asthmatics.Clin Exp Allergy 2018; in press.2. Konradsen J,Nordlund B,OnellA,Borres MP,Grönlund H,Hedlin G.Severe childhood asthma and allergy to furry animals:Refined assessmentusing molecular-based allergy diagnostics.PediatrAllergy Immunol 2014;25:187-92.3. Cocco R,Chong Neto H,Aun M,Pastorino A,Wandalsen G,Moraes L,etal.Aplicações práticas de uma plataforma multiplex para detecção de IgE específica porcomponentes alergênicos em doenças
doenças alérgicas.Arq Asma Alerg Immunol2018;2:83-94.4.Konradsen W,etal.J Allergy Clin Immunol.2015;135:616-25.5.Konradsen JR,etal.PediatrAllergy Immunol.2014;25:187-92.6.Bjerg A,etal.PediatrAllergy Immunol.2015;26(6):557-63.7.Giavina-BianchiP,Aun MV,KalilJ.Drug-induced anaphylaxis:is itan epidemic? CurrOpin Allergy Clin Immunol.2018;18(1):59-65.8. Picard M,Giavina-BianchiP,Mezzano V,Castells M. Expanding spectrum ofmastcellactivation disorders:monoclonaland idiopathic mastcellactivation syndromes.Clin Ther.2013;35(5):548-62.9. Vitte J.Human mastcelltryptase in biology and medicine.MolImmunol. 2015;63(1):18-24.10.
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MICRO-ORGANISMOS/FUNGOS
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PÓLENS DE GRAMÍNEAS
ÁCAROS E PÓ DOMÉSTICO
EPITÉLIO DE ANIMAIS
OUTROS ALIMENTOS Abacate Abacaxi Abóbora Alho Ameixa Amêndoa Amendoim Amendoim Arroz Atum Aveia Avelã Banana Batata Cabra,leite Cabra,leite Cacau Camarão Caranguejo Castanha de Cajú Castanha do Pará Cebola Cenoura Cenoura Cereja Cevada Côco
Corante vermelho carmim Ervilha
Espinafre Feijão Branco Feijão Branco Galinha,carne Gergelim Glúten Kiwi Lagosta Laranja Leite Leite Limão Lula Maçã Mamão Manga Mel Melão Melão Mexilhão Azul Milho Morango Nozes Ovo Ovo,clara Ovo,gema Ovo,gema Peixe Pêra Pêssego Pimenta preta Pimenta vermelha Pimenta verde Pimentão Pimentão Polvo Porco,carne
Queijo (tipo Cam,Brie,Roqf) Queijo (tipo Cheddar) Soja Salmão Sa Sardinha Uva Trigo Trigo negro Vaca,carne f259 f4 f11 f27 Clorexidina Folcodina Insulina bovina Insulina humana Insulina suína Morfina Penicilina G Penicilina G Penicilina V
Derp 1 (D.pteronyssiues)
Derp 2 (D.pteronyssiues)
Derp 10,Tropomiosina (D.pteronyssiues)
Alfa lactalbumina (Leite) Beta-lactoglobulina (Leite) Caseína (Leite)
Conalbumina (Ovo) Ovalbumina (Ovo) Ovomucóide (Ovo) Gliadina ( Gliadina (Trigo)
Ômega-5 Gliadina,Tria 19 (Trigo) Tria 14,LTP (Trigo)
Beta-conglicinina (Soja) Glicinina (Soja) PR-10 (Soja) Ara h 1 (Amendoim) Ara h 2 (Amendoim) Ara h 2 (Amendoim) Ara h 3 (Amendoim) Ara h 8,PR-10 (Amendoim) Ana o 3 (Castanha de Caju) Bere 1 (Castanha do Pará) Cora 1 (Avelã) Cora 14 (Avelã) Cora 8, Cora 8,LTP (Avelã) Cora 9 (Avelã) Jug r1 (Nozes) Jug r3,LTP (Nozes) Parvalbumina da Carpa Parvalbumina do Bacalhau Tropomiosina do Camarão Pru p 1,PR-10 (Pêssego) Pru p 1,PR-10 (Pêssego) Pru p 3,LTP (Pêssego) Pru p 4,Profilina (Pêssego) Albumina Sérica Bovina Albumina Sérica do porco Can f1 (Cão) Can f2 (Cão)
Can f3 (Albumina Sérica do Cão) Can f5 (Cão)
Feld 1 (Gato) Feld 1 (Gato)
Feld 2 (Albumina Sérica do Gato) Feld 4 (Gato) Equ c1 (Cavalo) e204 e222 e101 e102 e221 e226 e94 e94 e220 e228 e227 m218 m219 m220 m221 m222 m229 Asp f1 (Aspergillus fumigatus)
Asp f2 (Aspergillus fumigatus)
Asp f3 (Aspergillus fumigatus)
Asp f4 (Aspergillus fumigatus)
Asp f6 (Aspergillus fumigatus)
Alta 1 (Alternaria alternata)
Apim 1 -Fosfolipase A2 (Abelha) Pold 5 (Marimbondo)
Ves v 1 -Fosfolipase A1 (Vespa) Ves v 5 (Vespa)
Hev b 5 (Látex) Lisozima (Ovo) Alfa-Gal
CCD (MUXF3,Bromelina)
i208 i210 i211 i209 k218 k208 o215 o214 f76 f77 f78 f323 f232 f233 f98 f98 f416 f433 f431 f432 f353 f422 f423 f423 f424 f352 f443 f354 f428 f439 f425 f425 f440 f441 f442 f355 f426 f351 f419 f419 f420 f421
Espécie -Específico Espécie -Específico Espécie -Específico Espécie -Específico Espécie -Específico Espécie -Específico Espécie -Específico Espécie -Específico Espécie -Específico Espécie -Específico Espécie -Específico Espécie -Específico Reatividade Cruzada Espécie -Específico Espécie -Específico Espécie -Específico Espécie -Específico Reatividade Cruzada Espécie -Específico Espécie -Específico Espécie -Específico Espécie -Específico Reatividade Cruzada Reatividade Cruzada Espécie -Específico Espécie -Específico Reatividade Cruzada Reatividade Cruzada Reatividade Cruzada Reatividade Cruzada Reatividade Cruzada Reatividade Cruzada Reatividade Cruzada Reatividade Cruzada Reatividade Cruzada Reatividade Cruzada Espécie -Específico Espécie -Específico Reatividade Cruzada Espécie -Específico Reatividade Cruzada Reatividade Cruzada Reatividade Cruzada Espécie -Específico Espécie -Específico Espécie -Específico Reatividade Cruzada Reatividade Cruzada Reatividade Cruzada Reatividade Cruzada Espécie -Específico Espécie -Específico Espécie -Específico Espécie -Específico Espécie -Específico Reatividade Cruzada Espécie -Específico Reatividade Cruzada Reatividade Cruzada d202
d203 d205
Reatividade Cruzada Reatividade Cruzada Reatividade ‘’ Cruzada
Alternaria alternata Aspergillus fumigatus Aspergillus niger Candida albicans Cladosporium herbarum Penicillium notatum Penicillium glabrum Penicillium glabrum S.enterotoxin A S.enterotoxin B S.enterotoxin C S.enterotoxin TSST Barata do Esgoto Barata Doméstica Formiga Lava-pé Mutuca Pernilongo
Veneno Abelha (Apis melifera)
V
Veneno Vespa/Marimbondo
Cynodon dactylon Lolium perenne Phleum pratense Poa pratensis Sorhum halepense Paspalum notatum Acarus siro Blomia tropicalis D.farinae D.microceras D.pteronyssinus Glycyphagos domestiucs Pó caseiro Pó caseiro m6 m3 m207 m5 m2 m1 m209 m209 m80 m81 m223 m226 g2 g5 g6 g8 g10 g17 d70 d201 d2 d3 d1 d73 h2 h2 i206 i6 i70 i204 i71 i1 i4 i4 c8 c261 c71 c73 c70 c260 c1 c1 c2 Cão Cavalo Cobaia Galinha Gato Hamster V Vaca Algodão Látex Folha de Tábaco e5 e3 e6 e85 e1 e84 e4 e4 o1 k82 o201 f96 f210 f225 f47 f255 f20 f13 f13 f9 f40 f7 f17 f92 f35 f300 f300 f93 f24 f23 f202 f18 f48 f31 f31 f242 f6 f36 f340 f12 f214 f15 f15 f83 f10 f79 f84 f80 f33 f2 f2 f208 f58 f49 f293 f91 f247 f87 f87 f37 f8 f44 f256 f245 f1 f75 f75 f3 f94 f95 f220 f279 f263 f218 f218 f59 f26 f82 f81 f14 f41 f61 f61