UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG
Instituto de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis - ICEAC
Disciplina: Economia Brasileira Curso: Administração
5 - A crise de 1930 e o avanço da
industrialização
A história tem mostrado que os países capitalistas industrializados são, periodicamente, atingidos por crises econômicas.
Normalmente, essas crises ocorrem com intervalos de sete a dez anos, configurando os chamados ciclos econômicos.
5 - A crise de 1930 e o avanço da
industrialização
As economias iniciam “círculo virtuoso”:
Aumento da produção, do consumo, e do nível de investimento.
Repentinamente, o ciclo sofre uma inflexão, e inicia-se um “círculo vicioso”:
5 - A crise de 1930 e o avanço da
industrialização
As explicações para esse comportamento cíclico são variadas, mas se pode constatar que as economias capitalistas são instáveis.
A depressão de 1873-1896 foi classificada como a primeira das crises globais.
A Grande Depressão de 1929-1933 foi o período histórico de maior redução do nível de atividade em quase todos os países, com exceção da União Soviética.
5 - A crise de 1930 e o avanço da
industrialização
No auge da depressão, o desemprego atingiu 22% da força de trabalho na Inglaterra e na Bélgica, 24% na Suécia, 27% nos Estados Unidos e 44% na Alemanha.
Ocorreu também uma redução de 60% no comércio mundial e de 90% nos empréstimos internacionais.
A Grande Depressão também abalou as convicções arraigadas em termos de política econômica.
5 - A crise de 1930 e o avanço da
industrialização
O mundo pós a Grande Depressão e a II Guerra foi marcado pelas políticas econômicas intervencionistas (keynesiana) e pela busca da construção do Estado de bem-estar social nos países desenvolvidos.
No Brasil, a Revolução de 1930 ocasionou a perda da hegemonia política pela burguesia cafeeira em favor da classe industrial ascendente, intensificando-se o avanço do processo de industrialização no país.
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5 - A crise de 1930 e o avanço da
industrialização
5.2 A política de defesa do café
No final do século XIX, o Brasil já era o principal produtor de café, com 3/4 das exportações mundiais.
O país atuava como um produtor com grandes vantagens comparativas, tais como enormes reservas de terras férteis e de mão-de-obra.
Mas, apesar do aumento do consumo de café em todo o mundo, a demanda pelo produto atingiu seu limite.
A produção de café tendeu sempre a aumentar, resultando periodicamente em crises de superprodução.
Dada a força econômica e política dos cafeicultores, mecanismos de defesa do café foram utilizados, dos quais o mais freqüente era a depreciação da moeda nacional nos momentos de queda dos preços de exportação.
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A partir do Convênio de Taubaté em 1906, o governo passou a comprar os excedentes de produção, financiado por empréstimos externos.
A política de valorização do café deveria desenvolver mecanismos que impedissem o contínuo aumento da produção.
Apesar da defesa do nível de preços, a produção interna aumentou, e concorrentes externos sentiram-se estimulados.
A Grande Depressão só precipitou uma crise que já vinha se arrastando há décadas.
No período de 1925-1929, a produção brasileira crescera quase 100%, com as exportações estáveis de 2/3 de todo o café produzido.
O consumo de café nos Estados Unidos era estável, com a renda per capita crescente nos anos 1920 e com os preços no varejo estáveis.
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Mesmo com o início da Depressão, a produção aumentou, atingindo o seu ponto máximo em 1933, em função do início efetivo da produção plantada em 1927-1928.
Entre 1927-1929, ocorreram aumentos em estoque e também grandes entradas de capital privado estrangeiro no país.
Quando estourou a crise, esses capitais foram retirados rapidamente.
Desta forma, as reservas de ouro do governo, que haviam atingido 31 milhões de libras em setembro de 1919, estavam reduzidas a zero em dezembro de 1930.
Mas o café ainda tinha peso político devido à enorme dependência de nossa economia com relação a esse produto.
Por isso, mais uma vez, lançou-se mão do mecanismo cambial para sua defesa.
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Com isso, o ônus da preservação da renda dos cafeicultores recaía sobre o conjunto da sociedade, por meio da desvalorização cambial e da alta dos preços de importação.
Mesmo assim, essas medidas não foram suficientes para manter estáveis os preços do café diante da dimensão da crise, pois o aumento da oferta só poderia pressionar a queda do preço pago aos produtores.
Desta forma, o governo tomou a decisão de utilizar uma solução econômica lógica, embora aparentemente absurda: queimar o café, para diminuir os excedentes.
A compra desses excedentes foi financiada por impostos sobre a exportação de café e pela pura e simples expansão do crédito.
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Segundo Furtado, por causa desse mecanismo, a queda na renda nacional foi da ordem de 25% a 30%, considerada razoável diante de estimativas de queda de 50% na renda nacional norte-americana.
Para ele, o financiamento público da compra dos excedentes e sua destruição anteciparam outras intervenções estatais, com o objetivo de manutenção do nível de emprego e da demanda agregada.
5.3 O crescimento industrial durante a
Grande Depressão
↑ dos preços dos produtos importados.
↓ das importações.
A crise do café afugentava os capitais investidos na cafeicultura.
Os capitais do café foram absorvidos pela produção de algodão.
Existia capacidade ociosa.
Como resultado, a renda nacional aumentou 20% no período, enquanto a renda per capita subiu 7%.
5.4 Celso Furtado: modelo de industrialização
por substituição de importação
Como resultado da crise e desvalorizações cambiais, estabeleceu-se um novo nível de preços, e desenvolveram-se as indústrias destinadas a substituir as importações.
Ruptura com o modelo primário-exportador em favor de um modelo de desenvolvimento voltado para o mercado interno.
Mesmo a economia brasileira tendo passado a ser determinada internamente, tratava-se de um processo de industrialização ainda incompleto, uma vez que os setores produtores de bens de capital e de bens intermediários eram muito pouco desenvolvidos no país.
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5.4 Celso Furtado: modelo de industrialização
por substituição de importação
5.5 O Estado Novo e a Segunda Guerra
Mundial
Em novembro de 1937 ocorreu um golpe militar liderado pelo presidente Vargas, eleito indiretamente, em 1934, pela Assembléia Nacional Constituinte, e cujo mandato terminaria em 1938.
Instaurou-se o período ditatorial conhecido como Estado Novo, estendendo-se até 1945, concentrando no governo federal a maior soma de poderes desde a Independência.
5.6 O pós-guerra e o crescimento industrial
Com o fim da Segunda Guerra, o país redemocratizou-se e Dutra foi eleito, iniciando redemocratizou-seu governo dentro dos princípios liberais de Bretton Woods.
Acreditava-se que uma política liberal de câmbio seria capaz de atrair investimentos diretos estrangeiros, equilibrando estruturalmente o balanço de pagamentos brasileiro.
Política Econômica ortodoxa até 1949.
Em julho de 1947.
Volta os controles cambiais.
Escassez de moedas fortes.
Taxa de câmbio sobre valorizada:
Subsídio às importações de bens de capital e bens intermediários.
Protecionismo contra a importação de bens competitivo.
Aumento da rentabilidade da produção para o mercado
6 - Anos 1950: Getúlio Vargas e o desafio
da indústria pesada
Os estrangulamentos cambiais dificultavam a importação dos bens de produção.
Anos 1950 Guerra Fria EUA X URSS.
No contexto da Guerra Fria, países como o Brasil foram deixados à própria sorte, dependendo estritamente do mercado e dos movimentos privados de capitais para o financiamento de seus déficits em transações correntes e de seus projetos desenvolvimentistas.
Os estrangulamentos cambiais dificultavam a importação dos bens de produção.
No contexto da Guerra Fria, países como o Brasil foram deixados à própria sorte, dependendo estritamente do mercado e dos movimentos privados de capitais para o financiamento de seus déficits em transações correntes e de seus projetos desenvolvimentistas.
6 - Anos 1950: Getúlio Vargas e o desafio
da indústria pesada
Anos 1950 Guerra Fria EUA X União Soviética.
Movimentos anticolonialistas e de afirmação nacional.
Vargas superação nacionalistas dos estrangulamentos do PSI.
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6 - Anos 1950: Getúlio Vargas e o desafio
da indústria pesada
6.1 O projeto nacionalista de Vargas
Os setores ou departamentos seriam dois:
O departamento I, produtor de bens de capital e de bens intermediários; e o departamento II, produtor de bens de consumo.
O departamento II pode ser ainda subdividido em dois: um departamento produtor de bens de consumo de luxo ou de bens duráveis, e um departamento de bens de consumo simples ou não-duráveis.
O crescimento das economias foi impulsionado pelo maior crescimento do Departamento I.
Nesse departamento temos a indústria pesada ou de base, incluindo a indústria química, de aço, de cimento etc.
O Departamento I foi responsável pela produção dos insumos indispensáveis ao desenvolvimento do setor produtor de bens de consumo.
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Vargas restringiu as possibilidades de financiamentos estrangeiros na forma de investimentos diretos
Em 1952, foi criado o BNDE, financiado por intermédio de um adicional sobre o IR, que foi fundamental para o financiamento de projetos de infra-estrutura de transporte e energia e, posteriormente, de projetos de implantação industrial.
Em 1953, a Instrução 70 da Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC) condicionava as importações aos interesses industriais, mediante o leilão de divisas com câmbio diferenciado conforme a essencialidade da importação.
A principal fonte de arrecadação para o Estado foram os leilões, além de manter a política cambial de favorecimento das indústrias substitutivas de importação.
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Vargas enfrentou dificuldades políticas típicas de um projeto nacionalista.
O desfecho da crise política foi o suicídio de Vargas e a morte de um projeto nacional que não chegou a ser implementado.
Mesmo assim, essas transformações, seriam fundamentais para o futuro processo de industrialização, ainda que já não mais nacionalista: o capital privado estrangeiro seria o carro-chefe dessa
Assume o vice-presidente Café Filho (1954-1955).
Em apenas um ano duas políticas econômicas distintas foram executadas em dois ministros:
da Fazenda: Eugênio Gudin (economista ultraliberal), e o
banqueiro José Maria Whitaker.
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Eugênio Gudin era antítese do governo Vargas:
Anti propostas desenvolvimentistas e defensor de uma política econômica ortodoxa, com prioridades antiinflacionárias baseadas no controle da emissão monetária e do crédito.
Tinha prestígio na comunidade financeira internacional.
6.2 O suicídio de Vargas:
Café Filho e Eugênio Gudin - FMI
A principal ação de Gudin foi a Instrução 113 da Sumoc de 27/01/1995 que permitia às empresas estrangeiras instaladas no país importar máquinas e equipamentos sem cobertura cambial e classificados nas três primeiras categorias de importação.
O resultado foi a falta de liquidez que provocou uma crise bancária.
A política do café não atendia às expectativas.
Quando Whitaker assumiu defrontou-se com uma nova e mais séria crise bancária, ainda decorrente da política contracionista de Gudin. Através do Banco do Brasil a crise de liquidez foi resolvida.
Sugeriu uma reforma cambial, que se fosse implementada, significaria a derrota de uma política desenvolvimentista impulsionadora do PSI.
6.2 O suicídio de Vargas:
Tal proposta não contou com o apoio político dos principais candidatos à presidência.
Além do mais, chocava-se com as propostas de JK, que propunha intensificar o PSI.
Sem sustentação política para suas propostas, Whitaker foi exonerado, sem conseguir implementar sua reforma cambial nem defender os interesses da cafeicultura.
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6.2 O suicídio de Vargas:
Em 1944, na Conferência Internacional de Bretton
Woods (EUA), foi criado o Fundo Monetário
Internacional – FMI.
Organização financeira internacional, é uma agência da ONU, com sede em Washington, e faz parte do sistema financeiro internacional, ao lado do Bird e do BIS.
6.2 O suicídio de Vargas:
A finalidade do FMI era promover a cooperação monetária dos países capitalistas, coordenar as paridades cambiais e levantar fundos entre os países-membros para auxiliar os que encontram dificuldades nos pagamentos internacionais.
Mesmo com associação voluntária, se impõe à maioria dos países, já que o sistema financeiro internacional utiliza as avaliações e as recomendações para a concessão de créditos.
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6.2 O suicídio de Vargas:
Suas orientações técnicas têm sido cada vez mais questionadas, já que suas propostas de políticas econômicas, geralmente monetaristas, provocam recessões e conflitos sociais nos países sob sua assistência.
Atualmente, quase todos os países fazem parte do FMI, o qual é controlado pelos países mais ricos (os que