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GRUPO I – CLASSE VII – Representação

TC 020.738/2015-3.

Natureza: Representação.

Entidade: Associação Pró-Gestão das Águas da

Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul.

Interessado: Tribunal de Contas da União.

Representação legal: não há.

SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. ASSOCIAÇÃO

PRÓ-GESTÃO

DAS

ÁGUAS

DA

BACIA

HIDROGRÁFICA DO RIO PARAÍBA DO SUL

(AGEVAP). COLETA DE PREÇOS PARA

ELABORAÇÃO DE PLANOS MUNICIPAIS DE

GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS

(PMGIRS). QUESTIONAMENTOS ACERCA DE

POSSÍVEL RESTRIÇÃO À COMPETITIVIDADE.

CONHECIMENTO. PROCEDÊNCIA PARCIAL.

DETERMINAÇÃO. ARQUIVAMENTO.

RELATÓRIO

Trata-se de representação formulada pela empresa Eco X Ambiental e

Empresarial Ltda., com fulcro no art. 113, § 1º, da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1992,

acerca de possíveis irregularidades ocorridas no âmbito da Associação Pró-Gestão das

Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Agevap) relativamente à condução

da Coleta de Preços nº 22/2015, cujo objeto consistia na contratação de empresa

especializada na elaboração de gestão integrada de resíduos sólidos (PMGIRS), com

valor estimado em R$ 2,68 milhões.

2.

Em face dos elementos constitutivos dos autos, a auditora federal da

Secex/RJ lançou a instrução de mérito à Peça nº 23, com a anuência do titular da

unidade técnica (Peça nº 24), nos seguintes termos:

“Introdução:

Cuidam os autos de representação formulada pela empresa Eco X

Ambiental e Empresarial Ltda. - EPP - CNPJ 202.738.787-00 sobre possíveis

irregularidades ocorridas na Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica

do Rio Paraíba do Sul (Agevap), vinculada ao Ministério do Meio Ambiente (MMA),

relativa à condução da coleta de preços 22/2015.

2. A Coleta de Preços 22/2015 tem como objeto a contratação de empresa

especializada na elaboração de planos municipais de gestão integrada de resíduos

sólidos (PMGIRS), no valor estimado de R$ 2.678.748,14 (peça 6, p. 106), abrangendo

os seguintes municípios: Comendador Levy Gasparian, Pinheiral, Vassouras, Paraíba

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do Sul, Arujá, Resende, Barra Mansa e Pindamonhangaba.

Exame de admissibilidade:

3. Conforme analisado na instrução inicial, registra-se que a representação

preenche os requisitos de admissibilidade constantes no art. 235 do Regimento Interno

do TCU, haja vista a matéria ser de competência do Tribunal, referir-se a responsável

sujeito a sua jurisdição, estar redigida em linguagem clara e objetiva, conter nome

legível, qualificação e endereço do representante, bem como encontrar-se

acompanhada do indício concernente à irregularidade ou ilegalidade.

4. Além disso, a empresa Eco X Ambiental e Empresarial Ltda. - EPP,

possui legitimidade para representar ao Tribunal, consoante dispõe o inciso VII do art.

237 do RI/TCU c/c o art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993.

5. Assim, a representação pôde ser apurada, para fins de comprovar a sua

procedência, nos termos do art. 234, § 2º, segunda parte, do Regimento Interno do

TCU, aplicável às representações de acordo com o parágrafo único do art. 237 do

mesmo RI/TCU.

Histórico:

6. A empresa Eco X Ambiental e Empresarial Ltda. – EPP formulou representação

sobre possíveis irregularidades ocorridas na Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia

Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Agevap), no âmbito da coleta de preços 22/2015, conforme

transcrita abaixo a partir da instrução inicial (peça 9):

Considerações feitas pela representante:

7. Inicialmente a representante menciona que vem participando das licitações

para elaboração dos PMGIRS. No entanto, aponta que a empresa Vallenge, Consultoria,

Projetos e Obras Ltda. tem vencido todos os certames licitatórios elaborados pela Agevap,

tanto para elaboração dos PMGIRS como para os planos de saneamento.

8. Para a contratação de empresa especializada na elaboração de planos

municipais de gestão integrada de resíduos sólidos (PMGIRS), o representante considera

exagerada a exigência de uma equipe multidisciplinar contendo engenheiro especialista na

área de resíduos com quinze anos de experiência, advogado da área de resíduos com cinco

anos de experiência, entre outros profissionais. Questiona também a exigência de que a

empresa tenha registro no Crea, bem como de ter em seus quadros responsável técnico

engenheiro, considerando que a Lei 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos

Sólidos, estabelece, em seu art. 22, somente a exigência de responsável técnico qualificado.

9. Com relação ao município de Pinheiral, o representante informa que pediu

impugnação do edital de licitação que ocorreria na modalidade de Tomada de Preços

001/2015, a ser realizada em abril de 2015, devido às exigências relativas à equipe técnica. No

entanto, o pedido de impugnação foi considerado improcedente. Assim, ingressou com

Mandado de Segurança na Comarca de Pinheiral (Processo 0000830-84.2015.8.19.0082),

obtendo decisão favorável, em medida liminar, que lhe concedeu o direito de participar do

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certame e ainda, que fosse retirado do edital as exigências relativas à equipe técnica (peça 1, p.

25-26). Informa também que o certame licitatório foi cancelado.

10. Na Coleta de Preços 22/2015, para execução dos planos nos municípios, que

inclui o município de Pinheiral, alega que houve ausência de publicidade do instrumento

convocatório, posto que a divulgação do edital ocorreu somente no site da Agevap. Acrescenta

que isso vem correndo desde 2012, quando foi homologado para a empresa Vallenge,

Consultoria, Projetos e Obras Ltda. ato licitatório para elaboração de PMGIRS de quatorze

municípios da zona da mata mineira. Sustenta que, naquele processo administrativo, que

resultou no contrato 008/2012/Agevap, deveria ter havido publicação do instrumento

convocatório em diário oficial. Assim alega que a referida empresa foi beneficiada, sugerindo

um possível direcionamento do certame licitatório, e observa que os planos tiveram sua

execução realizada sempre pela mesma equipe técnica.

11. Outro ponto levantado na representação foi que, no município de Bananal,

constam duas empresas com o mesmo quadro técnico: a empresa Vallenge, Consultoria,

Projetos e Obras Ltda. e a empresa Residec Serviços Industriais Ltda.

12. No município de Pindamonhangaba, a representante alega que também

ingressou com impugnação contra a mesma exigência relativa à equipe técnica, não tendo

obtido resposta da Comissão de Licitação.

13. O representante salienta ainda que, no município de Argirita, a Tomada de

Preço 001/2015, para elaboração de planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos

(PMGIRS), foi anulada por não haver tido publicação no Diário Oficial do termo de retificação e

termo de errata, publicados somente no hall do Paço Municipal e no site oficial do município

(peça 1, p. 30-31).

14. Relata também que, no município de Campos dos Goytacazes, fez o pedido de

impugnação da Tomada de preços 006/15 para elaboração do PMGIRS e teve seu pedido

julgado por pessoa estranha a administração.

15. Assim, solicita que sejam adotadas as providências cabíveis.

Manifestação da Agevap quanto aos pontos levantados pela empresa

representante:

16. Considerando as delegações de competência aplicáveis e a necessidade

de requisição urgente de informações aos órgãos jurisdicionados por meio eletrônico

quando a celeridade para instrução processual assim recomendar (MMC-Segecex

16/2012), foi solicitada por esta Secretaria, com a máxima urgência, a manifestação da

Agevap quanto aos pontos levantados pelo representante.

17. Em resposta à solicitação desta Secretaria, foi encaminhado o documento

constante da (peça 2), no qual o Diretor Presidente da Agevap se manifesta sobre os pontos.

Além disso, foi encaminhada cópia dos seguintes documentos:

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4

a) Resolução- ANA 552/2011 que estabelece os procedimentos para compras e

contratação de obras e serviços com emprego de recursos públicos, pelas entidades delegatária

de funções de agência de água, nos termos do art. 9º da Lei 10.881/2004 (peça 3);

b) Contrato de gestão nº 014/ANA/2004, celebrado entre a ANA e a Agevap, com

a interveniência do Comitê para Integração da Bacia do Rio Paraíba do Sul (peça 4);

c) Ato Convocatório nº 22/2015 (peça 5);

d) Termo de Referência para elaboração de PMGIRS (peça 6); e

e) Cópia da publicação do Ato Convocatório nº 22/2015 nos jornais Gazeta de

Taubaté, O Dia (peça 7);

18. A Agevap informa que os recursos empregados são repassados pela ANA por

meio do Contrato de Gestão nº 14/2004, sendo que sua origem é a cobrança pelo uso da água.

É informado que o edital foi publicado em 4/8/2014 e está com a abertura prevista para o dia

22/9/2015.

19. No que se refere à manifestação sobre os pontos questionados, o responsável

destaca o item do Edital relativos às exigências para especialista em resíduos sólidos:

‘1 (um) especialista em resíduos sólidos

formação mínima: nível superior em engenharia civil, ambiental ou sanitária;

Tempo mínimo de formação: 15 (quinze) anos;

experiência comprovada em desenvolvimento de atividades correlatas à

limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.’

20. O responsável destaca a importância da contratação para o atingimento das

metas do contrato de gestão e acrescenta que estão programados novos certames licitatórios

para a contratação do PMGIRS para 111 municípios, conforme previsto e deliberado pelo

Comitê de Bacia.

21. Por fim, afirma que o certame está marcado para o dia 22/9/2015 e, caso

necessário, suspenderá o certame.

Análise:

22. A cobrança pelo uso da água é um dos instrumentos de gestão da Política

Nacional de Recursos Hídricos, instituída pela Lei 9.433/97. É baseada nos princípios do

poluidor-pagador e do usuário-pagador, previstos no art. 4º, inciso VII, da Lei 6.938/1981

(Política Nacional do Meio Ambiente), e no Princípio 16 da Declaração do Rio sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento.

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5

23. A Lei 9.433/97 instituiu a Política Nacional de Recurso Hídricos e criou o

Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Em seu art. 22, especifica como

serão utilizados os valores arrecadados com a cobrança pelo uso dos recursos hídricos, que

deverão ser usados prioritariamente na bacia hidrográfica em que foram gerados.

24. O art. 4º, § 1º, da Lei 10.881/2004 estabelece que são asseguradas à entidade

delegatária as transferências da ANA provenientes das receitas da cobrança pelos usos de

recursos hídricos em rios de domínio da União, arrecadadas na respectiva ou respectivas bacias

hidrográficas. Aplica-se às transferências a que se refere o § 1

o

desse artigo o disposto no § 2

o

do art. 9

o

da Lei Complementar 101, de 4 de maio de 2000.

25. De acordo com o Contrato de Gestão (peça 4), a ANA obriga-se a providenciar,

anualmente, a consignação das dotações destinadas à execução do Contrato de Gestão no

Projeto de Lei Orçamentária, assim como estabelecer a sua previsão no planejamento

plurianual da União (Cláusula terceira, inciso II, alínea a). Cabe também à Agência empenhar à

conta do Contrato de Gestão o valor dos recursos financeiros previstos na Lei Orçamentária

Anual, como receita proveniente da cobrança pelo uso de recursos hídricos na Bacia

Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Cláusula terceira, inciso II, alínea b).

26. Conforme informação constante da Deliberação Comitê de Integração da

Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Ceivap), a bacia hidrográfica desse rio contempla sete

unidades estaduais de gestão de recursos hídricos (UGRHs), sendo uma no estado de São

Paulo, CBH-PS Trecho Paulista; duas no estado de Minas Gerais: Preto/Paraibuna e

Pomba/Muriaé e quatro no estado do Rio de Janeiro: Piabanha, Rio Dois Rios, Médio Paraíba

do Sul e Baixo Paraíba do Sul. A referida deliberação instituiu o Plano de Aplicação Plurianual

da Bacia para o período de 2013 a 2016 (peça 8).

27. Com relação à competência para apreciação dos presentes autos, verifica-se

que este Tribunal já se manifestou sobre recursos provenientes da cobrança pelo uso da água,

em solicitação do Congresso Nacional, que foi conhecida como consulta. Nessa consulta, o

Tribunal admitiu o uso de receitas de cobrança pelo uso da água para pagamento de diárias a

policiais em fiscalização e monitoramento de recursos hídricos e do meio ambiente

(Acórdão-TCU-258/2014 – Plenário).

28. Os fatos mencionados permitem constatar que se trata de recursos federais.

Dessa forma, entende-se que a presente matéria é de competência do Tribunal, cabendo a

manifestação sobre a presente licitação para elaboração dos PMGIRS.

29. A seguir são analisados os pontos levantados pelo representante.

Ausência de publicidade devida do instrumento convocatório:

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6

Gazeta de Taubaté e O Dia (peça 7). O representante sustenta que deveria haver a publicação

no Diário Oficial da União. Cabe destacar que a Resolução – ANA 552/2011, em seu art. 7º,

estabelece que:

‘I - a convocação dos interessados será efetuada por meio de Ato

Convocatório, cujo extrato deverá ser publicado em jornal com circulação local

(municipal, para valores estimado inferiores a R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), em

jornal de circulação regional (estadual), para os demais valores, e na página

eletrônica da entidade delegatária, para ambos os casos;’

31. A elaboração dos planos possui um caráter regional e a divulgação deve ter

como objetivo ampliar a área de competição do certame licitatório. Assim, entende-se que

houve adequada divulgação do edital, considerando a publicação no jornal estadual O Dia e

em um jornal municipal da região.

Exigência de uma equipe multidisciplinar contendo engenheiro especialista na

área de resíduos com quinze anos de experiência

32. As propostas técnicas serão avaliadas de acordo com os critérios definidos no

anexo II do Termo de Referência (peça 6, p. 113-118). A nota da proposta técnica será dada

pelo somatório dos pontos alcançados em três quesitos: experiência da empresa licitante

(quesito A), experiência e conhecimento específico da equipe técnica permanente relacionada

ao objeto do contrato (quesito B) e plano de trabalho/metodologia de trabalho (quesito C).

33. O termo de referência estabelece, em seu item 15, que para a elaboração dos

planos será necessária a formação de uma equipe técnica permanente e uma equipe de

consultores. São feitas exigência de um tempo mínimo de formação para diversos profissionais

(peça 6, p. 103-105).

34. O representante questiona a exigência de que a empresa licitante tenha em

seus quadros responsável técnico engenheiro, considerando que a Lei 12.305/2010, que

instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, estabelece, em seu art. 22, somente a

exigência de responsável técnico qualificado. Entende-se efetivamente que não está definido

que o responsável técnico precise ter uma formação específica.

35. Além disso, a jurisprudência deste Tribunal indica que a exigência de requisitos

profissionais baseados exclusivamente na formação e no tempo de experiência dos

profissionais, salvo quando tais características revelarem-se imprescindíveis à execução do

objeto, configura medida de caráter restritivo, devendo os motivos das exigências serem

tecnicamente justificados de forma expressa no processo licitatório, assegurando-se de que os

parâmetros fixados são necessários, suficientes e pertinentes ao objeto licitado (Acórdão

653/2007 - TCU – Plenário).

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7

36. Dessa forma, entende-se que cabe a oitiva prévia da Agevap para que se

manifeste sobre as exigências, constantes do item 15 do Termo de Referência, relativas à

formação e ao tempo de experiência dos profissionais, considerando que podem configurar

medida de caráter restritivo e que os motivos das exigências devem ser tecnicamente

justificados de forma expressa no processo licitatório, assegurando-se de que os parâmetros

fixados são necessários, suficientes e pertinentes ao objeto licitado.

37. Em consonância com a proposta elaborada pela Unidade Técnica, o Relator,

Min.-Subst. André Luís de Carvalho, determinou a restituição dos autos à Secex/RJ para a

efetivação das medidas sugeridas no item 43 da instrução inicial (peça 11). Em sequência, foi

enviado o ofício 2830/2015-TCU/Secex-RJ, de 8/9/2015, determinando a oitiva prévia da

entidade promotora do referido certame (peça 14), tendo a mesma apresentado resposta

(peça 15).

Situação atual do procedimento licitatório:

38. Segundo informações obtidas junto ao site da Associação Pró-Gestão das

Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul - Agevap (www.agevap.org.br), a licitação

encontra-se adiada sine die do Ato Convocatório 22/2015 (peça 20).

Exame técnico:

Análise da resposta à oitiva prévia enviada pela Agevap – Associação Pró-Gestão

das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul:

39. Conforme consta do Termo de Referência (peça 6, p. 41), a Agevap foi criada

em 20 de junho de 2002, e foi constituída, inicialmente, para o exercício das funções de

Secretaria Executiva do Ceivap, desenvolvendo funções definidas no Artigo 44 da Lei Federal n°

9.433/1997, que trata das competências das chamadas Agências de Água, ou Agências de

Bacia, como são mais conhecidas.

40. A partir da edição da Medida Provisória n. 165/2004, posteriormente

convertida na Lei Federal nº 10.881/2004, a Agevap pôde, por meio do estabelecimento de

Contrato de Gestão com a Agência Nacional de Águas – ANA, assumir as funções de uma

Agência de Bacia, que são, essencialmente, receber os recursos oriundos da cobrança pelo uso

da água bruta na bacia e investi-los segundo o plano de investimentos aprovado pelo Comitê

da Bacia.

41. A Agevap inicia suas argumentações versando a respeito do procedimento de

contratação dos Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos –PMGIRS. Após

fornecer explicações sobre o objetivo dos Planos e operacionalização dos mesmos juntos aos

municípios envolvidos, ressalta que, dos 112 municípios contemplados no edital, 86 não

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8

haviam conseguido cumprir os prazos contratuais junto à Caixa Econômica Federal (agente

financeiro) – peça 17, p. 3.

42. Por esse motivo, a Ceivap, juntamente com a Agevap, decidiu trazer a

responsabilidade da licitação e contratação da empresa executora do PMGIRS para a Agevap,

razão pela qual foi lançado o Ato Convocatório 22/2015 (peça 17, p. 3). Pela explicação

fornecida, a responsabilidade pelo processo licitatório seria, originalmente, de competência dos

municípios, não havendo interferência na comissão de julgamento municipal e suas decisões,

nem por parte da Agevap nem da Caixa Econômica Federal (peça 17, p. 2 e p. 11, itens j e k)

43. Lembra, ainda, que a elaboração dos Planos deve seguir o que depreende o

art. 19 da Lei 12.305/2010, as Leis 11.445/2007, 9.974/00, 9.966/2000 e ainda as normas

estabelecidas pelos órgãos do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), do Sistema

Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade

Agropecuária (Suasa) e do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade

Industrial (Sinmetro). Evidencia que o PMGIRS, conforme previsto na Lei Federal 12.305/2010,

deve ter vigência por prazo indeterminado e horizonte de 20 (vinte) anos, com atualização

prevista a cada 4 (quatro) anos (peça 17, p. 4).

Itens questionados pela representante:

a) Vitória da empresa Vallenge em certames licitatórios sequenciais:

44. Conforme se verifica na resposta enviada pela Agevap, constante da peça 2, o

Diretor-Presidente do referido órgão destaca que a empresa Vallenge Consultoria, Projetos e

Obras Ltda. não tem se sagrado vencedora de certames licitatórios, desde setembro de 2013.

Em consulta ao sítio eletrônico da Agevap, podemos constatar que a empresa Vallenge se

sagrou vencedora, nos anos mais recentes, nos seguintes certames:

Processo 058/12:

Prazo de vigência: 10 meses.

Objeto: Elaboração de Planos de Saneamento Municipais Fluminense da Bacia do

Paraíba do Sul – RH – Médio Paraíba.

Valor: R$ 3.600.000,00

Processo 061/11:

Prazo de vigência: 5 meses

Objeto: Consultoria para elaboração de Relatórios Técnicos com conteúdos para

subsidiar ações de melhoria da gestão na Bacia do Rio Paraíba do Sul

(9)

9

Valor: R$ 219.668,32

45. A título informativo, cabe ressaltar que nos anos de 2013, conforme consta do

sítio eletrônico da Agevap (www.agevap.org.br), constatou-se que os dois contratos celebrados

para fins de elaboração de Planos Municipais de Saneamento Básico em Municípios foram

efetuados com as empresas Conen Consultoria e Engenharia Ltda. (Processo 063/13) e com a

empresa DRZ Geotecnologia e Consultoria S/S Ltda. (Processo 11/2013).

b) Exigência de uma equipe multidisciplinar para a condução do projeto, com

exigência quanto à formação e tempo profissional

46. Diante da obrigatoriedade de se atender à legislação cabível, a Agevap

justifica a necessidade da contratação, além de outros profissionais, de um específico da área

de Direito, um engenheiro pleno e um especialista em resíduos sólidos capazes de avaliar,

compatibilizar e projetar ações a curto, médio e longo prazos para a elaboração do Plano

Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Municipal (peça 17, p. 4).

47. Em que pese a alegação apresentada pela empresa representante, quanto ao

previsto no art. 22, da Lei 12.305/2010, no que concerne à designação de tão somente

‘responsável técnico devidamente habilitado’ para a elaboração, implementação,

operacionalização e monitoramento de todas as etapas do plano de gerenciamento dos

resíduos sólidos, insurge ressaltar que, diante das peculiaridades e extensão do trabalho a ser

desenvolvido, considera-se plausível a contratação de equipe qualificada e experiente que,

efetivamente, venha a atender aos objetivos traçados.

48. Nesse contexto, convém transcrever trecho extraído da resposta apresentada

pela Agevap, no que concerne à qualificação técnica exigida (peça 17, p. 4-5):

‘(...) O Decreto Regulamentador n° 7.404/2010 estabeleceu a obrigatoriedade de

elaboração de uma versão preliminar do Plano a ser colocada em discussão com a sociedade

civil. Sendo assim, o processo de elaboração do PMGIRS contará de ampla discussão com a

sociedade através de oficinas e audiência pública municipais.

E, simultaneamente à audiência pública, ocorrerá o processo de consulta pública

pela internet por um período mínimo de 30 (trinta) dias. Trata-se, portanto, de um exaustivo

processo de mobilização e participação social, justificada assim a necessidade de um

profissional da área de comunicação.

Para apoio administrativo a todo o trabalho que deve ser realizado, justifica-se a

exigência de um profissional da área administrativa. Como estão envolvidos muitos

profissionais, e devido à complexidade dos temas abordados a figura de um coordenador

torna-se essencial.

(10)

10

Tendo em vista os fatos apresentados, fica evidente que devido ao alto grau de

abrangência e aprofundamento técnico do PMGRIS, este, necessariamente, deve ser elaborado

por uma equipe multidisciplinar experiente, com a finalidade de obtenção de um produto de

qualidade para a população beneficiada.

Cumpre esclarecer, inicialmente, que a AGEVAP, ao elaborar seus termos de

referência e orçamento, norteia-se pelo disposto nas Portarias n° 179 de 25/07/201 e n° 228,

de 02/12/14 da Agência Nacional de Águas - ANA (anexo IV).

Já no que tange ao item 15 do edital é importante esclarecer que jamais houve

exigência de tempo de experiência dos profissionais, a exigência estava relacionada ao tempo

de formação e experiência em resíduos sólidos. Esta exigência foi baseada na qualificação

exigida para equipe constante da tabela de preços de consultoria do DNIT (anexo III -

ressalta-se que conforme Acórdão 1.787/2011 - TCU - Plenário a Tabela de Preços de Consultoria DNIT

constitui reconhecida referência de mercado).

Quanto à área de formação exigida para o engenheiro pleno, coordenador e

especialista em resíduos sólidos, levou-se em consideração o disposto no art. 1º da Resolução

do CONFEA n° 218 de 29/06/73 que designa, dentre muitas as atividades dos profissionais de

Engenharia, Arquitetura e Agronomia, a atividade de estudo, planejamento, projeto e

especificação, na qual se enquadra o PMGIRS e, ainda, a formação já exigida no termo de

referência para elaboração de Planos Municipais de Saneamento Básico elaborado pela

FUNASA em 2012.

No termo de referência da FUNASA, são recomendadas as formações em

engenharia civil, sanitária ou ambiental, entretanto a AGEVAP, visando o amplo acesso de

todos os profissionais tecnicamente habilitados à elaboração do PMGIRS, permitiu a

participação dos profissionais de áreas correlatas, publicando Errata I do Edital 22/2015.”

49. Acerca do tema, como já abordado na instrução inicial, a jurisprudência deste

Tribunal indica que a exigência de requisitos profissionais baseados exclusivamente na

formação e no tempo de experiência dos profissionais, salvo quando tais características

revelarem-se imprescindíveis à execução do objeto, configura medida de caráter restritivo,

devendo os motivos das exigências serem tecnicamente justificados de forma expressa no

processo licitatório, assegurando-se de que os parâmetros fixados são necessários, suficientes e

pertinentes ao objeto licitado (Acórdão 653/2007 - TCU – Plenário) – grifo nosso.

50. Conforme abordado pela Agevap em sua resposta, devido ao alto grau de

abrangência e aprofundamento técnico do PMGRIS, este, necessariamente, deve ser elaborado

por uma equipe multidisciplinar experiente, com a finalidade de obtenção de um produto de

qualidade para a população beneficiada. Desse modo, presume-se que a execução do objeto

(11)

11

exige a determinação de requisitos profissionais baseados no tempo mínimo de formação

acadêmica e na experiência profissional dos contratados (peça 17, p. 5).

51. Assinala, em sua resposta, que quanto à área de formação exigida para o

engenheiro pleno, coordenador e especialista de resíduos sólidos, levou-se em consideração o

disposto no art. 1º da Resolução do Confea n. 218/73, que designa, dentre as diversas

atividades dos profissionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, a atividade de estudo,

planejamento, projeto e especificação, na qual, efetivamente, se enquadra o PMGIRS. Por esse

motivo, caberia a exigência dessas áreas profissionais para o desenvolvimento do referido

projeto (peça 17, p. 5).

‘Resolução nº 218, de 29 de Junho de 1973:

Discrimina atividades das diferentes modalidades profissionais da Engenharia,

Arquitetura e Agronomia.

(...) Art 1º - Para efeito de fiscalização do exercício profissional correspondente às

diferentes modalidades da Engenharia, Arquitetura e Agronomia em nível superior e em nível

médio, ficam designadas as seguintes atividades:

Atividade 01 – Supervisão, coordenação e orientação técnica;

Atividade 02 - Estudo, planejamento, projeto e especificação;’

52. Ademais, reforça esse entendimento com base no termo de referência adotado

pela Funasa, em 2012, para fins de elaboração de Planos Municipais de Saneamento Básico, no

qual se recomendou formação em áreas específicas da Engenharia, como Civil, Sanitária ou

Ambiental (peça 17, p. 6). Entretanto, a Agevap, visando ampliar o acesso aos profissionais

tecnicamente habilitados, permitiu a participação de áreas correlatas, tanto para a equipe

permanente como para a equipe de consultores, conforme Errata I do Edital (peça 21). Dessa

forma, presume-se não ter havido cerceamento à participação dos licitantes interessados no

certame.

53. Cabe ressaltar, ainda, que consta comunicado publicado no sítio eletrônico da

Agevap (peça 22), por meio dos quais foram dirimidas dúvidas acerca do processo licitatório,

em que se observa a consideração de profissionais de outras formações que sejam correlatas à

necessidade do respectivo cargo, desde que cumpra os demais requisitos quanto à experiência

e tempo mínimo de formação.

54. No que tange ao item 15 do termo de referência, a respeito da composição da

equipe técnica (peça 6, p. 104-105) encontra-se previsto que:

(12)

12

‘15.1. Equipe técnica permanente:

A equipe técnica permanente mínima deverá ser composta pelos seguintes

profissionais:

1 (um) coordenador de projeto

- Formação mínima: nível superior em engenharia civil, engenharia ambiental ou

engenharia sanitária (Errata I, tendo incluído áreas correlatas);

- Tempo mínimo de formação: 10 (dez) anos;

- Experiência comprovada em coordenação de projetos.

1 (um) engenheiro pleno

- Formação mínima: nível superior em engenharia civil, engenharia ambiental ou

engenharia sanitária (Errata I, tendo incluído áreas correlatas);

- Tempo mínimo de formação: 5 (cinco) anos;

- Experiência comprovada em resíduos sólidos.

1 (um) auxiliar administrativo

- Formação mínima: nível superior em economia ou administração (Errata I, tendo

incluído áreas correlatas);

- Tempo mínimo de formação: 3 (três) anos;

- Experiência comprovada em atividades de secretária.

1 (um) profissional da área de comunicação

- Formação mínima: nível superior em comunicação social, sociologia ou serviço

social (Errata I, tendo incluído áreas correlatas);

- Experiência comprovada em atividades de mobilização social.

- Tempo mínimo de formação: 3 (três) anos;

15.2 Equipe técnica de consultores

A equipe técnica de consultores mínima será composta pelos seguintes

profissionais:

(13)

13

- Formação mínima: nível superior em engenharia civil, ambiental ou sanitária

(Errata I, tendo incluído áreas correlatas);

- Tempo mínimo de formação: 15 (quinze) anos;

- Experiência comprovada em desenvolvimento de atividades correlatas à limpeza

urbana e manejo de resíduos sólidos.

1 (um) advogado

- Formação mínima: nível superior em direito;

- Tempo mínimo de formação: 3 (três) anos.

A equipe técnica permanente e de consultores deverá possuir capacitação

adequada à realização das atividades propostas. A responsabilidade pela execução dos

trabalhos deverá ser de profissionais com registro no respectivo conselho de classe e com

reconhecida experiência na execução de trabalhos similares aos propostos neste termo de

referência.’

55. A respeito do questionamento trazido pela representante no que concerne ao

tempo de formação acadêmica e experiência profissional, como já ressaltado no item 19 desta

instrução, a jurisprudência deste Tribunal indica que a exigência de requisitos profissionais

baseados exclusivamente na formação e no tempo de experiência dos profissionais, salvo

quando tais características revelarem-se imprescindíveis à execução do objeto, configura

medida de caráter restritivo, devendo os motivos das exigências serem tecnicamente

justificados de forma expressa no processo licitatório, assegurando-se de que os parâmetros

fixados são necessários, suficientes e pertinentes ao objeto licitado.

56. Em contrapartida, como informado pela Agevap, não há evidências, no termo

de referência, de exigência quanto ao tempo de experiência dos profissionais, uma vez que a

mesma está relacionada ao tempo de formação acadêmica e experiência em resíduos sólidos.

Ressalta, ainda, que a exigência foi baseada na qualificação exigida para equipe constante da

tabela de preços de consultoria do Dnit e que a mesma constitui referência de mercado

conforme Acórdão 1.787/2011-TCU-Plenário (peça 17, p. 18).

57. Desse modo, presume-se cabível a exigência de tempo de formação e

experiência na área de resíduos sólidos, já que as características requeridas revelam-se

imprescindíveis à execução do objeto, uma vez que se trata de projeto complexo,

compreendendo períodos de consecução de curtos a longos prazos, para o qual exige-se

conhecimento técnico especializado na área. Portanto, nesse caso, a Administração não estaria

impedida de resguardar seus interesses, exigindo das licitantes experiência profissional

(14)

14

comprovada na área específica e tempo de formação profissional, evidenciando-se que tais

exigências são apropriadas na fase de pontuação, como se verifica no presente processo. Desse

modo, não estaria configurada medida de caráter restritivo, devendo, no entanto, os motivos

das exigências serem tecnicamente justificados de forma expressa no processo licitatório.

58. No termo de referência, consta a menção de que a equipe técnica permanente

e de consultores deverá possuir capacitação adequada à realização das atividades propostas e

que a responsabilidade pela execução dos trabalhos deverá ser de profissionais com registro no

respectivo conselho de classe e com reconhecida experiência na execução de trabalhos

similares aos propostos (peça 6, p. 105). Desse modo, muito embora seja justificável a

exigência de contratação de equipe qualificada e experiente, que venha a atender,

efetivamente, aos objetivos traçados, não foram observados, no âmbito do Edital e/ou Termo

de Referência, os motivos tecnicamente justificados de forma expressa no processo licitatório.

Assim, julga-se pertinente propor ciência à Agevap para que em próximos certames, observe a

jurisprudência do TCU nesse sentido, conforme evidenciado no item 19 desta instrução.

59. Cabe ressaltar, ainda, que de acordo com o termo de referência da referida

coleta de preços 22/2015, somente serão pontuados, para fins de avaliação do conhecimento

específico da equipe técnica permanente, o coordenador e o engenheiro pleno (peça 6, p. 115).

Dessa forma, o termo de referência prevê que a indicação, pela licitante, do quantitativo dos

profissionais e respectivas qualificações, é um quesito para pontuação da proposta técnica, não

havendo a exigência de que seja comprovado que os profissionais apontados pertençam ao

quadro permanente da licitante ou que já lhe prestem serviço quando da apresentação da

proposta. Por ocasião da execução dos trabalhos, é que a licitante deverá utilizar os

profissionais ali indicados (v. Acórdão 4614/2008-2ª Câmara). Dessa forma, tal exigência não

estaria em confronto com a Súmula 272, pois os licitantes não estariam incorrendo,

anteriormente à celebração do contrato, em custos não necessários à sua celebração.

Inclusive, esse assunto foi fruto de dúvida dirimida no âmbito do comunicado constante da

peça 22, item 7.

Registro no Crea:

60. Quanto à exigência de registro ou inscrição na entidade profissional

competente, para fins de comprovação de experiência da qualificação técnica da empresa

licitante (art 30, inciso I, da Lei 8.666/93), a mesma deve se limitar ao conselho que fiscalize a

atividade básica ou o serviço preponderante a ser contratado (v. Acórdãos 597/2007,

1.034/2012 e 109/2014, todos do Plenário). No caso presente, a atividade básica consiste em

serviços de engenharia, conforme consta do termo de referência, à peça 6, p. 53 e p. 114,

transcrita abaixo:

(15)

15

8. Objeto:

Este termo de referência tem como objeto a contratação de empresa

especializada em elaboração de Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos,

cujo processo de Ato Convocatório seguirá às Resoluções ANA e INEA.

Só poderá participar deste certame empresas especializadas de engenharia, e que

não estejam prestando serviços à AGEVAP, pertinente ao objeto deste.

Peça 6, p. 114:

A comprovação da experiência da instituição proponente, para fins de pontuação

da proposta técnica, dar-se-á através da apresentação de Atestados de Capacidade Técnica,

devidamente autenticados, expedidos por órgão ou entidade da Administração Pública Federal,

Estadual ou Municipal, ou por empresa particular, registrados no respectivo Conselho de

Classe, que comprovem ter, a proponente, prestado serviços de acordo com o objeto deste Ato

Convocatório.’

61. Como já abordado no relatório do Acórdão 5942/2014-2ª Câmara acerca do

assunto, a Lei 6.839/80, estabelece que:

‘1º O registro de empresas e a anotação dos profissionais legalmente habilitados,

delas encarregados, serão obrigatórios nas entidades competentes para a fiscalização do

exercício das diversas profissões, em razão da atividade básica ou em relação àquela pela qual

prestem serviços a terceiros.’

20. Nessa linha, o posicionamento do Tribunal exarado no Acórdão

109/2014-Plenário, no qual foi determinado à Selog que informasse ao Ministério do Turismo que a

exigência de registro da empresa licitante, dos seus responsáveis técnicos e dos atestados de

capacidade técnica no CREA e no CRA contraria o entendimento do STJ (REsp 652.032/AL) e do

TCU (597/2007 e 1034/2012-Plenário e 2521/2003-1ª Câmara), no sentido de que o registro

somente é obrigatório no conselho de fiscalização responsável pela atividade básica ou

preponderante da empresa.

21. Desse modo, verifica-se que a atividade básica do objeto do certame é o fator

determinante para a obrigatoriedade do registro da licitante no respectivo conselho de

fiscalização profissional.’

62. Assim, a despeito das alegações da representante, quanto à exigência do

registro no CREA, cumpre considerar a abrangência dos serviços ora contratados, que se

(16)

16

revestem de caráter complexo, técnico e de extrema importância para a efetiva prestação dos

serviços objetos da licitação sob análise. Por essa razão, a exigência do registro no Crea

deve-se à extrema importância que os aspectos relativos à elaboração de Planos Municipais de

Gestão Integrada de Resíduos Sólidos têm em relação ao êxito da contratação, sobretudo, na

área de Engenharia, como definido no objeto (item 30 desta instrução).

63. Consoante o art. 276 do Regimento Interno/TCU, o Relator poderá, em caso de

urgência, de fundado receio de grave lesão ao Erário, ao interesse público, ou de risco de

ineficácia da decisão de mérito, de ofício ou mediante provocação, adotar medida cautelar,

determinando a suspensão do procedimento impugnado, até que o Tribunal julgue o mérito da

questão. Tal providência deverá ser adotada quando presentes os pressupostos do fumus boni

iuris e do periculum in mora.

64. Diante dos elementos apresentados pelo representante, conclui-se pela

ausência dos pressupostos acima mencionados, já que nenhum dos itens questionados se

configura como irregularidade capaz de inviabilizar a referida coleta de preços. Desse modo,

presume-se que não estão presentes, nos autos, os pressupostos para a concessão da medida

cautelar, ainda que não expressa.

Conclusão:

65. O documento constante da peça 1 deve ser conhecido como Representação,

por preencher os requisitos previstos nos arts. 235 e 237 do Regimento Interno do TCU c/c o

art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993 (itens 3-5 desta instrução).

66. Em que pesem as alegações apresentadas pela representante, evidencia-se

que nenhum dos itens questionados se configura como irregularidade capaz de inviabilizar o

certame licitatório. No que tange à eventual adoção de medida cautelar, entende-se que não

deve ser acolhido, por não estar presente nos autos o requisito do fumus boni iuris, bem como

não restar caracterizado o fundado receio de grave lesão ao erário ou ao interesse público

(itens 33-34 desta instrução).

67. Quanto ao mérito, da análise dos documentos e informações constantes dos

autos, conclui-se pela procedência parcial desta representação e pelo arquivamento do

processo, sem prejuízo de que seja dada ciência à Agevap de que os motivos das exigências de

tempo de formação acadêmica e experiência profissional, que se revelem imprescindíveis à

execução do objeto, devem ser tecnicamente justificados de forma expressa no processo

licitatório, assegurando-se de que os parâmetros fixados são necessários, suficientes e

pertinentes ao objeto licitado, pois, do contrário, configura-se medida de caráter restritivo,

conforme verificado no Acórdão 653/2007 - TCU – Plenário (item 19 desta instrução).

(17)

17

68. Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior,

propondo:

a) conhecer da presente representação, uma vez satisfeitos os requisitos de

admissibilidade previstos nos arts. 235 e 237 do Regimento Interno deste Tribunal c/c o art.

113 § 1º, da Lei 8.666/1993;

b) indeferir, preliminarmente, o requerimento de medida cautelar, mesmo que não

expresso, formulado pela representante, tendo em vista a inexistência dos pressupostos

necessários para a adoção da referida medida;

c) considerar a presente representação, no mérito, parcialmente procedente;

d) dar ciência à Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio

Paraíba do Sul (Agevap) de que os motivos das exigências de tempo de formação acadêmica e

experiência profissional, que se revelem imprescindíveis à execução do objeto, devem ser

tecnicamente justificados de forma expressa no processo licitatório, assegurando-se de que os

parâmetros fixados são necessários, suficientes e pertinentes ao objeto licitado, pois, do

contrário, configura-se medida de caráter restritivo;

e) encaminhar à Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio

Paraíba do Sul (Agevap) e à representante cópia da decisão que vier a ser adotada;

f) arquivar os presentes autos, nos termos do art. 169, V, do RI/TCU.”

É o Relatório.

PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO

Como visto, trata-se de representação formulada pela empresa Eco X

Ambiental e Empresarial Ltda., com fulcro no art. 113, § 1º, da Lei nº 8.666, de 21 de

junho de 1992, acerca de possíveis irregularidades ocorridas no âmbito da Associação

Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Agevap)

relativamente à condução da Coleta de Preços nº 22/2015, cujo objeto consistia na

contratação de empresa especializada na elaboração de gestão integrada de resíduos

sólidos (PMGIRS), com valor estimado em R$ 2,68 milhões.

2.

Preliminarmente, entendo que a presente representação merece ser

conhecida por este Tribunal, vez que preenchidos os requisitos legais e regimentais de

admissibilidade.

3.

No mérito, alinho-me às conclusões alcançadas pela SecexAmbiental, que

propôs a procedência parcial da representação, pelas razões que passo a expor.

(18)

18

4.

Em linhas gerais, os principais pontos suscitados pela empresa representante

em sua peça inicial (Peça nº 1) podem ser assim resumidos:

a)

os resultados das licitações da Agevap para a elaboração de PMGIRS e para

a elaboração de planos de saneamento têm sempre apresentado, como vencedora, a

empresa Vallenge, Consultoria, Projetos e Obras Ltda.;

b)

haveria restrição à competitividade em decorrência da exigência de equipe

multidisciplinar, contando com a participação, entre outros profissionais, de engenheiro

especialista na área de resíduos com quinze anos de experiência e de advogado na área

de resíduos com cinco anos de experiência;

c)

em licitação anterior (Tomada de Preços nº 1/2015), a representante teria

obtido medida liminar em sede de mandado de segurança na Comarca de Pinheiral

(Processo 0000830-84.2015.8.19.0082), com determinação à Agevap para a exclusão no

aludido edital das exigências relativas à equipe técnica, concedendo à interessada o

direito de participar do certame, que, todavia, veio a ser cancelado;

d)

teria havido inobservância do princípio da publicidade, visto que na Coleta

de Preços nº 22/2015, bem como em outras licitações promovidas pela Agevap, desde

2012, o instrumento convocatório teria sido divulgado somente no site da associação;

e)

no Município de Bananal, a empresa Vallenge, Consultoria, Projetos e

Obras Ltda. e a empresa Residec Serviços Industriais Ltda. contariam, simultaneamente,

com os mesmos profissionais, integrando os seus quadros técnicos;

f)

no Município de Pindamonhangaba, a representante teria apresentado

impugnação contra a mesma exigência relativa à equipe técnica, mas não teria obtido

resposta da Comissão de Licitação:

g)

no Município de Argirita, a Tomada de Preços nº 1/2015 teria sido anulada

por falta de publicação no diário oficial do termo de retificação e do termo de errata,

divulgados somente no hall do Paço Municipal e no site oficial do referido município; e

h)

no Município de Campos dos Goytacazes, a ora representante teria

apresentado pedido de impugnação da Tomada de Preços nº 6/2015, que foi julgado por

pessoa estranha à administração da Agevap.

5.

Sobre os resultados recentes das licitações promovidas pela Agevap, a

SecexAmbiental identificou que a alegação da representante não procede, pois a

empresa Vallenge Consultoria, Projetos e Obras Ltda. não se sagrava vencedora de

certames licitatórios desde setembro de 2013, destacando que os últimos contratos

celebrados por ela remontam a 2011 e 2012, bem assim que duas outras licitações

promovidas pela Agevap foram vencidas por duas outras empresas;

6.

No que se refere à exigência de equipe multidisciplinar, com profissionais

especializados e com longo tempo de experiência, a unidade técnica assinalou que: “a

jurisprudência deste Tribunal indica que a exigência de requisitos profissionais

baseados exclusivamente na formação e no tempo de experiência dos profissionais,

salvo quando tais características revelarem-se imprescindíveis à execução do objeto,

configura medida de caráter restritivo, devendo os motivos das exigências serem

tecnicamente justificados de forma expressa no processo licitatório, assegurando-se de

que os parâmetros fixados são necessários, suficientes e pertinentes ao objeto licitado.”

7.

Ocorre, todavia, que não foram encontradas evidências, no termo de

referência, quanto ao tempo de experiência dos aludidos profissionais, destacando que

(19)

19

tal exigência foi baseada na qualificação exigida para equipe constante da tabela de

preços de consultoria do Dnit, que constitui referência de mercado reconhecida pelo

Acórdão 1.787/2011-Plenário.

8.

De mais a mais, mostram-se igualmente pertinentes outras conclusões da

SecexAmbiental quanto à exigência de equipe técnica qualificada, ao esclarecer que:

a)

presume-se cabível a exigência de tempo de formação e experiência na área

de resíduos sólidos, já que as características requeridas revelam-se imprescindíveis à

execução do objeto, uma vez que se trata de projeto complexo, compreendendo períodos

de consecução de curto a longo prazo, para o qual exige-se conhecimento técnico

especializado na área;

b)

o termo de referência prevê que a indicação, pela licitante, do quantitativo

dos profissionais e respectivas qualificações, constitui quesito para a pontuação da

proposta técnica, não havendo a exigência de que seja comprovado que os profissionais

apontados pertençam ao quadro permanente da licitante ou que já lhe prestem serviço

quando da apresentação da proposta; e

c)

a exigência do registro no Crea deve-se à extrema importância que os

aspectos relativos à elaboração de Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos

Sólidos têm em relação ao êxito da contratação, sobretudo, na área de engenharia, como

definido no objeto.

10.

Assiste razão à unidade técnica, contudo, no que diz respeito à necessidade

de a Agevap fazer constar, em futuros editais de licitação, os motivos tecnicamente

justificados para a contratação de equipe qualificada e experiente, que venha a atender

efetivamente aos objetivos traçados, fato que não se observou no âmbito da Coleta de

Preços nº 22/2014.

11.

De todo modo, entendo que a melhor forma de prevenir a ocorrência futura

de falhas dessa natureza é por meio de determinação à Agevap, e não de mera ciência à

associação, como sugeriu a SecexAmbiental.

12.

Enfim, quanto à inobservância do princípio da publicidade, a unidade

técnica identificou que o Ato Convocatório nº 22/2015 foi publicado nos jornais Gazeta

de Taubaté e O Dia (Peça nº 7), o que está de acordo com o art. 7º, I, da Resolução da

Agência Nacional de Águas nº 552, de 8 de agosto de 2011, quando estabelece que:

“Art. 7º - omissis. (...) I - a convocação dos interessados será efetuada por

meio de Ato Convocatório, cujo extrato deverá ser publicado em jornal com circulação

local (municipal, para valores estimado inferiores a R$ 80.000,00 (oitenta mil reais),

em jornal de circulação regional (estadual), para os demais valores, e na página

eletrônica da entidade delegatária, para ambos os casos;’

13.

Por tudo isso, acolho a proposta da SecexAmbiental, no sentido de que a presente

representação seja conhecida para, no mérito, ser considerada parcialmente procedente,

expedindo-se a determinação referente à falha no Edital da Coleta de Preços nº 22/2014,

conforme apontado nos autos.

Pelo exposto, proponho que seja prolatado o Acórdão que ora submeto a

este Colegiado.

(20)

20

TCU, Sala das Sessões, em 9 de Dezembro de 2015.

ANDRÉ LUÍS DE CARVALHO

Relator

ACÓRDÃO Nº 3356/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 020.738/2015-3.

2. Grupo I – Classe VII – Assunto: Representação.

3. Interessado: Tribunal de Contas da União.

4. Entidade: Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul

(Agevap).

5. Relator: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (Secex/RJ).

8. Representação legal : não há

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de representação formulada pela

empresa Eco X Ambiental e Empresarial Ltda., com fulcro no art. 113, § 1º, da Lei nº 8.666, de

21 de junho de 1992, acerca de possíveis irregularidades ocorridas no âmbito da Associação

Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Agevap) relativamente à

condução da Coleta de Preços nº 22/2015, cujo objeto consistia na contratação de empresa

especializada na elaboração de gestão integrada de resíduos sólidos (PMGIRS), com valor

estimado em R$ 2,68 milhões;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,

ante as razões expostas pelo Relator, em:

(21)

21

9.1. conhecer da presente representação, uma vez preenchidos os requisitos legais e

regimentais de admissibilidade, para , no mérito, considera-la parcialmente procedente;

9.2. dar por prejudicado o requerimento de cautelar formulado pela representante,

diante do presente julgamento de mérito;

9.3. determinar à Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio

Paraíba do Sul (Agevap) que, nas próximas licitações, ao especificar os requisitos de

habilitação da equipe técnica das licitantes, justifique, de forma expressa, no

instrumento convocatório, os motivos das exigências de tempo de formação acadêmica

e experiência profissional, desde que tais condições se revelem imprescindíveis à

execução do objeto, assegurando-se de que os parâmetros fixados são necessários,

suficientes e pertinentes ao objeto licitado;

9.4. encaminhar cópia deste Acórdão, acompanhado do Relatório e do Voto que a

fundamenta, ao Ministério do Meio Ambiente e à Associação Pró-Gestão das Águas da

Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Agevap); e

9.5. arquivar os presentes autos, nos termos do art. 169, V, do RI/TCU.

10. Ata n° 51/2015 – Plenário.

11. Data da Sessão: 9/12/2015 – Extraordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-3356-51/15-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues,

Benjamin Zymler, Augusto Nardes, José Múcio Monteiro, Ana Arraes, Bruno Dantas e Vital do

Rêgo.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho (Relator) e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)

RAIMUNDO CARREIRO

(Assinado Eletronicamente)

ANDRÉ LUÍS DE CARVALHO

na Presidência

Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)

PAULO SOARES BUGARIN

Referências

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